MOBILIDADE, DENSIDADE E QUALIDADE AMBIENTAL COMO DIRETRIZES DE UM PROJETO URBANO
Gláucya de S. Brigatto(1); Denise H. Duarte(2) (1) - Laboratório de Conforto Ambiental e Eficiência Energética — Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo — Universidade de São Paulo, ([email protected])
((2) – Laboratório de Conforto Ambiental e Eficiência Energética — Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo — Universidade de São Paulo ([email protected])
RESUMO
Proposta: Aplicar os conceitos de mobilidade, densidade e qualidade ambiental em um projeto urbano
de um conjunto residencial com uso misto conectado com os principais meios de transporte urbano,
próximos, por meio de uma ciclovia. A intervenção se constitui em um conjunto de edificações e um
projeto paisagístico baseado no desenho universal. Método de pesquisa/Abordagens: Após uma
revisão bibliográfica, foi feito um estudo de caracterização física e urbana da área (uso do solo,
acessibilidade, densidade, etc.), além de um estudo dos lançamentos imobiliários, possibilitando traçar
as principais diretrizes de intervenção no local. Da análise do contexto ambiental foram levantadas e
discutidas as questões ambientais pertinentes, como a insolação, a ventilação, o ruído, entre outras.
Resultados: foram propostas quatro tipologias habitacionais que variam de 15 a 45m², distribuídas em
8 blocos de apartamentos. Além disso, foram reservadas áreas para uso comum dos moradores assim
como unidades não territoriais de trabalho em cada andar das edificações. A proposta resultou em uma
densidade de 420 habitantes/ha, ampliou a conexão com os meios de transporte locais, contribuindo
para a melhoria no padrão de vida urbano, mostrando-se viável para o contexto local.
Palavras-chave: mobilidade, densidade, qualidade ambiental, habitação, desenho universal e ciclovia.
ABSTRACT
Purpose: the idea was to apply the concepts of mobility, density and environmental quality in a urban
project of a residential block with mixed use, connected with the main modes of urban transportation
using a cycle path. The housing block is formed by a group of buildings and a landscape design that
guarantees the accessibility through abased on the universal design. Method and research: After a
bibliographic resarch, studies of the physical and urban context of the area was carried out (mixed use,
accessibility, density, etc), besides a study of the real state market, aiming to guide the mains targets
for the intervention area. Starting from this analysis, some environmental issues have been discussed,
such as solar access, ventilation, urban noise, among others. Results: four housing typologies were
proposed, varying from 15m² to 45m², distributed in 8 buildings. Besides, some areas for the common
use of the dwellers have been planned, like non-territorial workspaces in each floor. The proposal
resulted in a density of 420 habitants/ha in an increase the urban connections with the local
transportation, aiming to contribute to the quality of the urban life, and it seems to be viable for the
local context.
Keywords: mobility, density, environmental quality, housing, universal design and cycle path.
1 INTRODUÇÃO
O crescimento urbano e econômico está intimamente ligado com os impactos no planeta que
aumentaram drasticamente nas últimas décadas. Se comparado com regiões mais rurais, pode-se notar
que nos centros urbanos os níveis de consumo de recursos como combustíveis fósseis, metais,
madeiras e produtos manufaturados são muito maiores.
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Girardet (1999) afirma que as cidades ocupam 2% da superfície do planeta, usam em torno de 75%
dos recursos naturais mundiais e descartam quantidades similares de lixo. Isso acontece porque as
cidades são como máquinas de poder econômico cujo poder comercial depende da exploração e
conversão dos recursos naturais em produtos de consumo.
Atualmente, a maior parte da população mundial vive em cidades, portanto, para que haja
sustentabilidade no mundo é necessário também haver sustentabilidade nas cidades.
A demanda por energia define as cidades modernas mais do que qualquer outro fator. Todas as
atividades locais como transporte, fornecimento de energia para as edificações, indústrias e setor de
serviços dependem das fontes de energia e, principalmente, dos combustíveis fósseis. E o preço que se
paga por isso é alto: emissão de gases tóxicos, contaminando a atmosfera e prejudicando a saúde
humana, chuvas ácidas destruindo plantações, mudanças climáticas, aquecimento global e o buraco na
camada de ozônio.
Girardet (1999) relata que o metabolismo das cidades modernas, ao contrário da natureza, é linear com
recursos sendo absorvidos pelos sistemas urbanos e resultando no descarte de grande quantidade de
lixo que são incompatíveis com o sistema natural. No meio urbano, a entrada e a saída dos recursos
são muito desconectadas.
As cidades podem reduzir seu consumo de recursos e energia por meio da reciclagem do lixo,
utilizando novos materiais construtivos, melhorando o desempenho ambiental dos edifícios, bem como
adotando métodos mais eficientes no planejamento de transportes e no uso do espaço urbano.
(Edwards, 1996).
Outro grande problema é o espalhamento das cidades, resultado do uso massivo dos automóveis que
possibilitou a expansão ao longo do sistema viário. Esse problema afeta, principalmente, as médias e
grandes cidades.
Segundo Girardet, “nós não vivemos realmente em uma civilização, mas em uma mobilização de
recursos naturais, pessoas e produtos” (Girardet, 1999, pg. 11). As cidades são pontos de onde a
mobilidade emana através de rodovias, linhas de trem, rede aérea e linhas telefônicas. Elas
espalharam-se ao longo do sistema viário, do sistema de transportes, e nos centros urbanos fora do
horário comercial, praticamente não existe vida. As cidades tornaram-se centros de mobilidade e não
mais centros de civilidade.
Cidades caracterizadas por esse espalhamento urbano tendem a ser altamente ineficientes
energeticamente. Para que elas sejam mais eficientes é necessário aumentar a densidade e o potencial
construtivo algumas vezes por meio da verticalização, além de criar um sistema de transportes
eficiente e integrado. O adensamento urbano por meio de cidades mais compactas reduzirá a
necessidade do automóvel e da locomoção. Mas uma cidade densa deve ter qualidade urbana como
vitalidade, diversidade, opções de atividades de todos os tipos, condições sociais adequadas e
atividades culturais. Rogers enfatiza: “a criação da cidade moderna compacta requer a superação de
um urbanismo em função unicamente do predomínio do automóvel. (...) A cidade compacta forma uma
rede de bairros com seus próprios parques e espaços públicos onde se integram uma variedade de
atividades públicas e privadas. (Rogers, 2000,pg. 38).
Segundo o Datafolha (Revista Morar, 2006), entre as motivações na hora da escolha do imóvel em São
Paulo, a questão da facilidade de transporte tem mais importância do que o preço e a qualidade do
imóvel, o que evidencia a insatisfação do paulistano com o trânsito enfrentado diariamente.
Outra questão que precisa ser analisada é a concepção dos espaços urbanos é a sua nova dinâmica
social. Desde a década de 70, houve uma diminuição no tamanho da família; hoje a média de pessoas
por habitação, segundo o IBGE, é 3,5. O modelo de família tradicional está dando espaço para novos
perfis de moradores, que apresentam novas demandas na compra de imóveis.
2 OBJETIVO
Esta proposta, desenvolvida como trabalho final de graduação, aborda os conceitos de mobilidade,
densidade e qualidade ambiental aplicadas em um projeto urbano, visando o desenho universal, o
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conforto ambiental, a eficiência energética, a acessibilidade e a melhoria da qualidade de vida em
áreas urbanas. Sendo assim, objetivo é propor uma forma de ocupação urbana, na escala da quadra e
não do lote, alternativo aos padrões atuais existentes no mercado imobiliário, e explorando
possibilidades de mobilidade com as opções de transporte, na cidade de São Paulo.
3 MATERIAL E METÓDO
Inicialmente foi realizado um levantamento bibliográfico de temas relacionados à sustentabilidade: nos
centros urbanos, nas edificações e nos meios de transporte. Bem como o estudo das tipologias
oferecidas pelo mercado imobiliário atual, principalmente na cidade de São Paulo;
Após a escolha do tema, iniciou-se a definição da área de intervenção do projeto na cidade de São
Paulo, sempre buscando uma região que oferecesse mais de uma opção de meio de transporte, mas que
estivesse a menos de 5 km de um desses meios. A questão da proximidade de áreas verdes também
influenciou na escolha da área de intervenção.
Outros atrativos na busca pelo local de trabalho foram a densidade construtiva e populacional baixas, a
fim de evidenciar que é possível maximizar esses dois fatores e ainda sim, oferecer qualidade de vida
aos moradores. Utilizando para isso, alguns parâmetros estipulados por Rogers: “a acessibilidade, a
existência de bons espaços públicos, a presença da paisagem natural (...)”. (Rogers, 2000,pg. 40).
Posteriormente à escolha da área de intervenção foram realizados alguns estudos: do histórico, da
economia, dos dados sociais, dados culturais, do uso do solo, das áreas de lazer, da rede de transportes,
das condições climáticas e ambientais, e da acessibilidade na área de intervenção do projeto.
A etapa seguinte de trabalho foi desenvolver o programa do projeto e suas tipologias habitacionais,
comerciais, de serviço e de uso comum. Para isso, foram estudados modelos de conjuntos
habitacionais como o Bedzed (Bill Dunster Arquitects), Greenwich Millennium Village (Ralph
Erskine), Bairro Solar (Rolf Disch), entre outros.
Paralelamente à etapa anterior, realizaram-se estudos de insolação, ventilação que influenciaram na
determinação da densidade do projeto que inicialmente propunha 1000 habitantes/ha, mas em função
destes estudos esta meta foi se reduzindo, garantido o máximo de tempo de insolação possível às
unidades no período do inverno, com o limite mínimo de 2 h e eliminando os pontos com grande
deficiência de insolação (ver Figura 3). Devido à necessidade de ventilação as edificações foram
dispostas de maneira a deixá-las permeáveis, na direção dos ventos predominantes, além de influenciar
na criação dos espaços comuns, no melhor aproveitamento dos vazios nas edificações, permitindo a
ventilação entre os edifícios.
Uma das premissas do trabalho foi sempre retornar ao projeto, à medida que esses estudos mostravam
problemas que precisavam ser revistos.
O desenvolvimento de uma proposta de integração da área de intervenção do projeto com a rede de
transportes públicos e o projeto de uma ciclovia interligando os meio de transportes e a quadra foi
essencial para garantir uma maior sustentabilidade e a eficiência da proposta.
4 CARACTERÍSTICAS DO PROJETO
4.1 A Área de intervenção
O local escolhido está situado no Alto de Pinheiros, em frente ao Parque Villa-Lobos. A escolha da
área de atuação baseou-se na procura de uma região que oferecesse o maior potencial para um
aumento na qualidade de vida nos centros urbanos, mostrando que é possível ser sustentável mesmo
não estando tão próximo de um meio de transporte de massa, como trem e metrô. O público previsto
para esse projeto é composto por estudantes (devido à proximidade da USP), por pessoas da terceira
idade (representa 20% da população local) e por famílias com até quatro integrantes.
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4.2 Mobilidade
A mobilidade, como um princípio norteador, teve grande importância no desenvolvimento do projeto
na sua relação com o entorno e dentro da própria quadra.
A área de intervenção possui a estação de trem mais próxima a 1000m (Estação Jaguaré) e as demais
estão entre os raios de 2000m a 4000m. Pensando na escala do pedestre, são distâncias consideráveis,
principalmente para pessoas portadoras de necessidades especiais.
Figura 1 - Foto área da região e distâncias até as estações de transporte mais próximas. (fonte: Google Earth e desenho G. Brigatto)
Sendo assim, um dos objetivos foi desenvolver uma proposta que integrasse os meios de transporte
existentes na região, sem a necessidade do automóvel e com o uso de uma ciclovia, para atender
diferentes possibilidades de locomoção. Para viabilizar a proposta foram propostos estacionamentos
para as bicicletas e pontos de táxi-bicicleta nas estações Jaguaré, Cidade Universitária, Pinheiros e
Faria Lima, além de um ponto de táxi-bicicleta na área de intervenção, seguindo modelos bem
sucedidos implantados na Holanda e na França. Dentro da quadra, o desnível máximo é de 13m.
Mantendo-se o mesmo princípio de mobilidade foi proposto um sistema de passarelas, elevadores e
escadas interligados, possibilitando o acesso sem restrições.
4.3 Densidade
A busca pela alta densidade tem o objetivo de utilizar ao máximo a infra-estrutura urbana existente,
evitando o espalhamento urbano que tende a ser altamente ineficiente energeticamente e diminuir o
impacto ambiental, evitando que novas áreas sejam urbanizadas, adotando as premissas utilizadas por
Rogers, 2000.
A proposta inicial partiu de uma densidade de 1000 habitantes/há; tendo em vista os estudos de
qualidade ambiental, tais como insolação, ventilação e manutenção de áreas verdes para uso comum
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dos moradores, além das condições topográficas do terreno, que se auto-sombreia no período de
inverno, a densidade final foi de 420 habitantes/ha, bem superior à média da região que atualmente é de 58hab/ha.
Figura 2 - Detalhe da área de intervenção, mostrando alguns fatores que influenciaram no norteamento do projeto como a orientação solar e os ventos predominantes, bem como, as principais vias, fontes de ruído e linhas de ônibus oferecidas. (fonte: Google Earth e desenho G. Brigatto)
4.4 Qualidade Ambiental
O projeto buscou a racionalização da gestão dos recursos naturais no uso de matérias-primas, energias
renováveis e a redução da quantidade de materiais, água e energia utilizados. Para isso, foram
realizados estudos de insolação, ventilação e acústica urbana nos espaços abertos e no interior dos
edifícios.
Os estudos de insolação foram feitos moldando-se os edifícios e fazendo alterações diretamente no
modelo físico, a fim de se obter os melhores resultados possíveis de insolação (ver Figura 3).
5 O PROJETO
5.1 A implantação
A implantação foi resultado de um estudo da orientação solar, da ventilação, das fontes de ruído, das
visuais, do menor movimento de terra possível no terreno, da localização das atividades comerciais, de
serviço e da habitação.
A preocupação com a qualidade ambiental incluiu o cuidado com a orientação solar, a ventilação
cruzada, o uso de placas de aquecimento solar e de células fotovoltaicas, o reaproveitamento de águas
pluviais e cinzas, e o uso de tetos verdes. Elementos fundamentais a fim de se obter uma arquitetura
mais sustentável como podem ser visto nos trabalhos de Roaf (2001) e Edwards & Hyett (2001) que
estudaram a fundo cada um destes itens.
O projeto tentou ser o mais flexível possível prevendo a desmontagem da edificação ou possíveis
modificações futuras, prolongando assim, a vida útil da edificação, evitando a utilização de novos
recursos. Estendendo ao máximo a vida útil do edifício.
Ficha técnica da área de intervenção: Dimensões: 250m, 90m,170m e 180m Área do terreno: 1900m² Área construída: 26900m²
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Figura 3 - Estudo de insolação no modelo físico para solstícios e equinócios, juntamente com a análise da densidade construtiva.
5.2 As tipologias habitacionais
As tipologias das residências buscaram atender a diferentes demandas da população, diversificando a
unidade habitacional, de 15 m² a 45m², oferecendo alternativas às tipologias presentes na região, que
em sua maioria apresentam área muito superior às que foram propostas, facilitando o acesso à
população com poder aquisitivo mais reduzido e atendendo aos novos padrões familiares que estão
surgindo.
O número de moradores previsto para a quadra será em torno de 800 pessoas. As áreas foram
dimensionadas, baseadas inicialmente no valor de 15m² por pessoa, e mantendo-se os valores
máximos para HIS, HMP1 e HMP2, conforme o Plano Diretor da cidade de São Paulo, e os resultados
finais são:
• 100 apartamentos com 1dormitório de 15 m² para uma pessoa;
• 344 apartamentos com 1 dormitórios de 20 m² para até duas pessoas;
• 144 apartamentos com 2 dormitórios de 30 m² para até três pessoas;
• 216 apartamentos com 3 dormitórios de 45m² para até quatro pessoas.
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Figura 4 - Implantação do projeto - quadra permeável a ventilação e aos pedestres internos e externos à quadra. Os edifícios foram dispostos em função da ventilação e insolação. A ciclovia no canteiro central interliga a quadra as duas principais estações de trem (Jaguaré e Cidade Universitária) e uma de metrô (Pinheiros) da região.
Figura 5 - Planta do Pavimento Térreo – Predomínio de áreas comuns, de serviço, comercias e verdes, seguindo as características da cidade compacta de Rogers, 2000.
Os andares térreos dos edifícios habitacionais foram ocupados por atividades comuns aos moradores e
por atividades comerciais. Em todos os edifícios foram projetados espaços reservados em cada andar,
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criando unidades de trabalho não territorial para os moradores dos edifícios. Esses espaços terão toda a
estrutura necessária como internet wireless, telefone, salas de reunião que poderão ser reservadas.
Figura 6 - Planta da Cota 738m – esta cota ressalta uma característica fundamental do projeto que é a acessibilidade universal, mostrando as conexões entre as edificações e com ao redor da quadra, por meio de rampas, elevadores e escadas, ajudando a vencer o desnível externo e tornando a quadra o mais permeável possível, oferecendo várias opções de conexão.
As tipologias propostas visaram à modulação, à concentração das prumadas hidráulicas e à diminuição
da área necessária à circulação.
As passarelas de circulação são de estrutura metálica, e guarda-corpo de cabos de aço, materiais com
grande durabilidade e que favorecem o processo de desmontagem da edificação.
Após estudos mais detalhados chegou-se à conclusão que a tipologia de 15m² não pode garantir o
acesso universal; portanto, recomendam-se apenas as tipologias com área acima de 20m².
Figura 7 - Elevação da Quadra – Vista da Av. Prof. Fonseca Rodrigues, os vazios criados em cada pavimento das edificações se unem criando espaços comuns amplos que juntamente com a diferença de altura das edificações favorecem a ventilação cruzada da quadra.
Figura 8 – Perspectiva da quadra 02 – Caixas de escadas destacadas da fachada, corredores com guarda-corpos de aço, estrutura metálica e vazios dão leveza ao conjunto de alta densidade.
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Figura 9 - Tipologias de 20m²: Cotas da unidade e detalhamento de caixilhos e portas (a); layout tipologia acessível em (b), para até dois moradores seguindo os padrões estabelecidos pela NBR 9050, permite o acesso a portadores de necessidades especiais; tipologia convencional, para um morador, não permite o acesso a portadores de necessidades especiais em (c)
Figura 10 - Tipologias de 30m²: Cotas da unidade e detalhamento de caixilhos e portas (a); layout tipologia acessível em (b), para até três moradores seguindo os padrões estabelecidos pela NBR 9050, permite o acesso a portadores de necessidades especiais; tipologia convencional em (c); perspectiva 01 evidenciando a área de varanda na fachada Norte em (d); perspectiva 02 mostrando o detalhamento da fachada Sul que possui um painel deslizante que tem a função de um quebra sol em (e)
(a) (b) (c)
(a) (b) (c)
(d) (e)
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Figura 11 - Tipologia de 45m²: cotas da unidade e detalhamento de caixilhos e portas (a); layout tipologia acessível em (b), para até quatro moradores, permite o acesso a portadores de necessidades especiais; perspectiva 01 evidenciando a área de varanda na fachada Norte em (c); tipologia convencional em (d)
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho não propôs apenas um projeto, mas uma maneira de pensar a cidade de forma mais
sustentável, envolvendo todas as atividades urbanas. Ele faz um questionamento sobre o modo de vida
e os padrões que a sociedade adota hoje, e sugere a revisão de alguns parâmetros culturais dos grandes
centros urbanos.
O conceito de sustentabilidade é amplo e muitas vezes utilizado equivocadamente, a proposta tentou
esclarecer que este conceito está relacionado a todas as atividades urbanas, por isso temos que pensar
de maneira ampla e evitar rótulos que muitos empreendimentos utilizam como “verdes” ou
“ecológicos”, baseando-se apenas na adoção alguma medida sustentável ou pela quantidade de
vegetação existente. Não se importando com a conexão com meios de transporte de massa e com o
espaço público, isolando-se do meio urbano e negando a existência da própria cidade.
Este trabalho, por meio de sua proposta, apresenta-se como uma crítica às cidades que têm suas
atividades urbanas segregadas como morar, deslocar-se, trabalhar e negam o espaço público como um
local de convivência e que não pensam a cidade como um metabolismo circular de recursos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
EDWARDS, Brian. Sustainable Architecture. European directives e building design. Oxford:
Architectural Press, 1996
EDWARDS, Brian, HYETT, Paul. Rough Guide to Sustainability. London: RIBA, 2001
GIRARDET,Hebert. Creating Sustainable Cities.Bristol: Green Books, 1999
ROAF,Susan. Ecohouse . A Design Guide. New Delhi: Architectural Press, 2001
ROGERS,Richard, GUMUCHDJIAN, Philip. Ciudades para um pequeño planeta .Barcelona:
Gustavo Gili, 2000
MORAR. São Paulo. Folha de S. Paulo, out.2006
(a)
(b)
(c) (d)
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