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MosaicoTeológicoRodrigoBibodeAquino-AlexanderStahlhoefer-MaurícioMachado-

AlexandreMilhoranza

BTBOOKS2014Copyright©2014RodrigoLuisdeAquino2a.EdiçãocorrigidaDireçãoEditorial:RODRIGOBIBODEAQUINORevisãoOrtográfica:CARLALANZAEJOAQUIMAVELINOJÚNIORDiagramação:JUNIORPERESArtedaCapa:MURILOPRUNERM894Mosaicoteológico:esboçodedoutrinascristãs/RodrigoBibodeAquino(Org.)–Joinville:BTBooks,2013.144p.ISBN:978-85-62174-15-51.Doutrinacristã.2.Ortodoxia.3.Teologiasistemática. I.RodrigoBibodeAquino. II.AlexanderStahlhoefer. III.MaurícioMachado. IV.AlexandreMilhoranza.V.Título.CDD:230TodasascitaçõesbíblicasforamextraídasdaNovaVersãoInternacional(2012-Vida).Salvoindicaçãocontrária.Acessebibotalk.com.breleiaose-booksdoseloBTBooks

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Agradecimentos

ADeus,Pai,FilhoeEspíritoSanto,pelaluz,inspiração,ânimoegraça.Àsnossasfamílias,quesuportaramashorasdetrabalhocomamorecarinho.Aosamigos,quederamideias,toques,críticaseapoioaoprojeto.AosouvintesdoBTCasteleitoresdoBibotalk,quedepuraramnossoconhecimento,criticaramnossos

erros,questionaramnossascertezaseapoiaramnossoministério.AosdoadoresdoCrowdfunding,quetornaramesteprojetoumarealidade.

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Àsnossasigrejas,olariasondeDeusnosmoldou,oficinasondenosconsertou.AoJuniorPeres,quecontribuiucomumexcelente trabalhodediagramação, transformandopalavras

emarte.AoMarlonGirardelo,peloHotsitedoMosaico,ferramentafundamentalparaqueolivrochegasseaté

você.AopastorAugustusNicodemuspelaleituraatentaecomentáriosvaliosos.

PrefácioOuço,commuitafrequência,queteologiaprejudica,atrapalhaedivide,equeomelhorparaaigreja

cristãseriasimplesmenteleraBíbliacomoelaéeseguirJesus.Estetipodepensamentopartedeumacompreensãoequivocadadoquesejaocristianismoecriaumabifurcaçãoentreteologiaeprática,quetrazresultadosdanososparaosquenelaacreditam.TeologiaéfalarsobreDeuseascoisaspertinentesaEle.Ninguém precisa de uma formação técnica em teologia para fazer teologia.Nomomento em quealguémdizque “a teologia éumaconstruçãohumanaenósdeveríamos apenasnos contentar em ler aBíblia e seguir Jesus Cristo”, esta pessoa acabou de fazer um profundo pronunciamento teológico. Ateologiaéinevitável,eébomquesejaassim.Oquenospreocupanãoéateologiaemsi,masaquelaqueémalfeita,quenãorespeitaehonraafonteprimáriadateologia,quesãoasEscriturasdoAntigoedoNovoTestamentos.

A teologia, além de inevitável, é necessária para nos ajudar a viver a vida cristã de maneiraconsistenteecoerente.SeeuconseguirentendercorretamentequeméDeuseoqueElerequerdemim,assimcomoaquiloqueEle,graciosamente,meprometeeconcede,podereiorarmelhor,servirmelhorelouvarmelhor. Tereimelhores condições de analisar e aceitar, ou rejeitar, aquilo que outras pessoasdizemsobreDeusesobreJesusCristo.Emoutraspalavras,seateologiaéummal,devemosadmitirqueaomenoséummalnecessário.

Olivroqueoleitortememmãoséumlivrodeteologia.Apesardesedenominarum“mosaico”,quedáaideiadealgofragmentadoeparcial,énaverdadeumaabordagemteológicabastanteabrangentedosprincipaistemasquevêmocupandoaimaginaçãoedesafiandoacompreensãodacristandadehámaisde2.000anos.

Contudo, essa “teologia” é diferente, em alguns pontos, de outras disponíveis no mercadoevangélico nacional. Ela nasceu de baixo, como fruto de entrevistas e discussões, apuradas porcomentáriosecríticas,entrevistasestasrealizadaspeloministérioBiboTalkdepodcastscristãos.Seusautores,AlexanderStahlhoefer,AlexandreMilhoranza,MaurícioMachadoeRodrigoBibodeAquino,desejaram,com isto,apresentardemaneiramais informaledescontraída–comoseuspodcasts–umavisãosintéticaeampladetemascentraisparaocristianismo.

Apesardadiversidadedastradiçõesevangélicasdosautores,háumconsensoteológicoentreelesquedáumaespinhadorsalaolivro.Certamente,nãoéumaobraguiadapeloliberalismoteológico,pelopentecostalismo exacerbado ou pelo fundamentalismo bitolado, mas por uma visão evangélicacomprometidacomaautoridadedaPalavradeDeus.

Ofatodeseremjovensteólogoscontribuiparaapercepçãodasnecessidadesdograndenúmerodejovensquecompõeoevangelicalismobrasileiroeaformacorretadeatendê-las.Époristoquemesintomuitohonradoemescreverestaapresentação.

AugustusNicodemusLopesSãoPaulo,janeirode2014

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IntroduçãoPorquatroanos,emmaisde60episódios,estivemosoferecendoumolharcríticosobre temasda

teologiacristãemnossopodcast,o#BTCast.Esserecursoemáudioabençooueaindaabençoamuitaspessoas.Centenasdee-mailsetestemunhosconfirmamisso.Lemossobreirmãoseirmãsquevoltarampara Cristo, outros que descobriram a importância da teologia, o valor da comunidade e o alívio dagraça.Deuséglorificadoemtudoisso.

AgoralançamosesselivrocomopropósitodeapresentarumesboçodedoutrinasdocristianismoefornecerembasamentoteológicoparaafédaquelesqueamamoSenhorJesus,massentemdificuldadesemexplicarasuacrença.ABíbliajánosalerta“AntessantifiquemCristocomoSenhoremseucoração.Estejamsemprepreparadospararesponderaqualquerpessoaquelhespedirarazãodaesperançaqueháemvós”(1Pe3.15–grifonosso).

UmdoselementosqueDeusutilizouparapreservaçãodocristianismofoiainteligênciadepessoasquedefendiamafécristãcombonsargumentostantodaquelesqueestavamnopoderefaziamacusaçõescontraoscristãoscomodaquelesqueprocuravamadicionarelementosestranhosàdoutrinacristã.1Porisso,émuitoimportantequeentendamosaomenosobásicodasprincipaisdoutrinasbíblicas.

Esse livro não busca originalidade, não quer inventar nada, nenhuma nova doutrina, afinal, quenovidade pode ser dita perante tantos séculos de estudos teológicos? Acreditamos que nenhuma.Geralmente, quando um expoente das Escrituras vem com coisa nova, é bom ficarmos alertas, pois achancede serumaheresiaé forte.Por isso,nossapropostaépermanecernosombrosdosgigantesdanossahistóriaeexporumesboçodasdoutrinascristãsdemaneiraclaraesemrodeios,ouseja,fielaoconteúdodaortodoxiacristã2nalinguagemquevocêconhece,sóqueemvezdeestarnosouvindo,estaránoslendo.

Destacamosaindaqueessemosaicoestálongedesercompleto,porisso,algunspontosficarãodefora,outrosreceberãomaisatençãoe,quemsabe,aprópriaordemdasideiasnãosejaamaiscorretaaosolhosdealguns.Todavia,enquantoesboço,esselivrocumpreseupapeldeexporalgunspontoscentraisda fé bíblica numa linguagem clara e acessível, além de proporcionar ao leitor a chance de, juntoconosco,tornaressespontosmaiscompreensíveisaosnossosirmãoseirmãsnafé.

Porfim,oreferencialteóricoquemontaessaspáginasédevertenteluteranacomfortesinfluênciaspentecostaisereformadas.Talvezalgunspentecostaispossamdizer:issonãosoapentecostal,aopassoque alguns reformados ou luteranos poderão pensar: isso não é teologia reformada/luterana. Vamosfazeroquê?Somos,naverdade,umpoucodetudoisso,nósmesmossomosummosaicoteológico.

Semdelongas,vamosaoqueinteressa!

Capítulo1BrevehistóriadeumcredoporRodrigoBibodeAquino“Atradiçãoéosangueda teologia.Separadada tradição,a teologiaécomoumaflorcortadasemsuas raízes e semo solo, logomurchanamão.Umasã teologianuncanascedenovo.Aohonrarasãtradição,seasseguraacontinuidadeteológicacomopassado.Aomesmotempo,atradiçãocriaapossibilidadedeabrirnovasportasparaofuturo.Comodizoprovérbio:‘Atradiçãoéoprólogodo

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futuro’.”—GordonJ.Spykman

Comoditona introdução,estamosorganizandonossomosaicoapartirdasafirmaçõesdeumcredo

antigodaigrejacristã,elaboradonoséculoIV,porumconcílioqueprocuravafirmaralgunspontosdafécristã.ApresentamosavocêsoCredoNiceno-Constantinopolitano:

“CremosemumDeus,Paitodopoderoso,criadordocéuedaterra,detodasascoisasvisíveiseinvisíveis;eemumSenhorJesusCristo,ounigênitoFilhodeDeus,geradopeloPaiantesde todososséculos,LuzdeLuz,verdadeiroDeusdeverdadeiroDeus,geradonãofeito,deumasósubstânciacomoPai,peloqualtodasascoisasforamfeitas;oqual,pornóssereshumanosepornossasalvação,desceudoscéus,foifeitocarnedoEspíritoSantoedavirgemMaria,etornou-sehumano,efoicrucificadopornóssobopoderdePôncioPilatos,epadeceuefoisepultadoeressuscitouaoterceirodiaconformeasEscrituras,esubiuaoscéuseassentou-seàdireitadoPai,edenovohádevircomglóriaparajulgarosvivoseosmortos,eseureinonãoterá fim; e no Espírito Santo, Senhor e Vivificador, que procede do Pai, que com o Pai e o Filhoconjuntamente é adorado e glorificado, que falou através dos profetas; e na Igreja una, santa, católica eapostólica;confessamosumsóbatismopararemissãodospecados.Esperamosaressurreiçãodosmortose

avidadoséculovindouro.”3

O Credo Niceno-Constantinopolitano foi elaborado em 381 d.C. no Concílio ecumênico deConstantinopla.Eletemessenome,poisosteólogospresentesnessareuniãodecidirampreservaroquejátinhasidofirmadonoConcíliodeNicéiaem325d.C.Adiferençaéqueocredonicenoparanafrase“enoEspíritoSanto”,seguidoporumaseçãocondenatóriadasideiasdeÁrio,umheregequenegavaaeternidade de Cristo entre outras coisas.4 Como depois de 325 a pessoa do Espírito Santo tambémocupoulugarnascontrovérsias teológicas,oConcíliodeConstantinoplaprecisouampliarassentençassobreaterceirapessoadaTrindade.

A preocupação com a formulação de doutrinas que pudessem guiar a crença da igreja, já éencontradanoNovoTestamento.Seusescritossão,emsuagrandemaioria,explicaçõeseampliaçõesdaspalavras de Jesus. Vemos no apóstolo Paulo o cuidado em guiar seus leitores pelo caminho doEvangelho.Suascartasnascemnointuitoderesponderasdúvidasdasigrejas locaisemostrarcomoocristianismopercebeavida.

Manter a fé apostólica continuou sendo a tarefa da igreja, aindamais depois que o cristianismoatravessou fronteiras. O contato com o mundo exterior gerou novas perguntas que pediam novasrespostas.Asconfissõesdefédaigrejaprimitivativeramquesermaisclaraseprecisas.ComoafirmaohistoriadorMartinDreher5:“Oscristãos foram,emsuma, forçadosa fazer teologia.Tiveramquefazerformulações dogmáticas”. E já por volta de 150 d.C., encontramos o credo batismal. Esse credo foiamplamente aceito pelas igrejas cristãs nos primeiros séculos, tanto que os credos posteriores seembasavamnele.6

CreioemDeus,oPai,onipotente,eemJesusCristo,seuúnicofilho,nossoSenhor,nascidodoEspíritoSantoedavirgemMaria,quefoicrucificadosobPôncioPilatosesepultado,ressuscitounoterceirodiadeentreosmortos, subiu aos céus, está assentado à direita doPai, de ondevirá para julgar os vivos emortos;EnoEspíritoSanto,asantaIgreja,aremissãodospecados,aressurreiçãodacarne.

Éimportanteresgatarmosessahistória,porquemuitasvezesnóstemosamaniadeignorarahistóriadaigrejaantiga,achandoque“essascoisaspertencemàIgrejaCatólica”.Eissoéumerro,pertencemàIgrejadoSenhorJesusCristo.Nenhumadenominaçãotemosdireitosautoraisdessescredos.Aceitandoounão,herdamosessatradiçãoedevemospreservá-la.Lembro-medafrasequemeuprofessordeNovoTestamentoumdiafalouemsaladeaula:“Atradiçãoéafévivadosquemorreram”.7

Entreosanosde325e451aigrejaformulouosseusprincipaisdogmas,frutodequatroconcílios

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universais.8Sehojeemdiaafirmamos,semmuitadordecabeça,queumsóDeuséaomesmotempotrêsPessoas,queJesusCristoé100%homeme100%Deus,devemosissoaolaborteológicodesseslíderesreunidosemconcílio.Ouseja,moeramacanaparatomarmosocaldo!

Sóparateremumaideia,vouescreverempoucaslinhasahistóriapor trásdocredoqueestamosusandocomobaseparamontarnossomosaico:oCredoNiceno-Constantinopolitano.Porém,parafalardoconcíliode381,precisamosvoltarumpouconotempo.

No concílio que houve em 325, em Nicéia, presidido pelo próprio imperador Constantino, aortodoxia“venceu”oarianismo,conjuntodedoutrinasoriundasdasideiasdeÁrio,aquelemesmoquejámencionei acima. Ele negava a verdadeira divindade de Cristo, dizia que Ele não existiu desde aeternidade,queeraumacriaturadeDeuscriadaantesdotempo,nãoFilhodamesmasubstânciaqueoPai.CristosetornoudivinopelasuaobediênciaàvontadedoPai.ParaÁrio,Cristoeradivino,masnãocomooPai.Todoesse rebaixamentodapessoadeCristoeraparaevitarumaconcepçãopoliteístadeDeus.9ÁriotevedificuldadescomadoutrinadaTrindade.Nofundo,nãopodemosculpá-lo,poisaindahojemuitosseperdemaoexplicá-la.10

AIgrejarespondeàsideiasdeÁrio,asquaisganhavammuitosadeptos,comoCredodeNicéia,quenãoreproduzoaqui,poisépraticamente idênticoaocredoqueabreessecapítulo.11Mesmoassim,pormaisquealgumasquestõesteológicasfossemelucidadas,sempresurgiamoutras,comoporexemplo,asideiasdeApolinário,quenoafãdeexaltaradivindadedeJesus,minimizousuaverdadeirahumanidade.ElepropunhaqueCristoatétinhaumcorpoeumaalmareais,maseranoSeuespíritoqueresidiaaSuadivindade,ouseja,“segundoApolinário,JesusCristoeradivinonessesentido:oLogoseterno–oFilhode Deus – assumiu o lugar da alma racional [espírito] de Jesus”. Trocando emmiúdos, ele entendiaCristocomoDeusemumcorpo.Senessemomentovocêpensou:“Nãoconseguiidentificaroerro,nãopercebo o que tem de grave nessa ideia”, fique tranquilo, continue a leitura, pois no capítulo sobreCristo,vamosexplicarpassoapassocomoentenderasnaturezasdeCristoeoqueissotemavercomnossasalvação.

Outro exemplo de discussão que rolava naquela época, agora envolvendooEspíritoSanto, tinhacomoprotagonistaumbispochamadoMacedônio.EleensinavaqueoEspíritoSantonãoeracomoDeus,mascomoosanjos,um“ministroeservo”.Sendoassim,EleerasubordinadoaoPaieaoFilho.

Essaseoutrasquestõeslevantarammuitasdiscussõesnascomunidades,levandoaIgrejaasereunirmaisumavezemconcílio,sóqueagoraemConstantinopla,noanode381.DessesínodonasceoCredoNiceno-Constantinopolitano,expressandoolaborteológicodemuitoshomensdedicadosapreservaracorretadoutrinacristã.

DepoisdeConstantinopla,houveaindaosínododeÉfesoem431,quenãoproduziunenhumcredo,mas barrou heresias em torno da pessoa de Cristo, e em 451 ocorreu o concílio ecumênico deCalcedônia,oqualmaisumavezratificouoCredoNiceno-Constantinopolitano.Houveoutrosconcílios,massomenteessesquatrosãoaceitoscomouniversaisebalizadoresdafécristã.12

Escolhemos o credo de 381, pois ele sintetiza bem o núcleo doutrinário da igreja primitiva.Obviamenteelenãoécompletoedeixamuitospontosdefora,masésuficienteparaserabasedonossomosaicoteológico.

OsconcíliosecumênicosdaIgreja13

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Capítulo2DeusporRodrigoBibodeAquinoCremosemumDeus,Paitodopoderoso,criadordocéuedaterra,detodasascoisasvisíveiseinvisíveis

Comosateussaindodoarmárioeoagnosticismo–queéumaposturaneutradiantedaexistênciade

Deus–atraindonovosadeptos,éfundamentalconfessarquecremosemDeus.MasemqualDeus,nós,cristãos,cremos?NaquelequeserevelounasEscrituras,ocriadordetodasascoisas.NoPaideJesusCristo. Porém, por que vocês creem? Podem perguntar. Não sei quais são as suas respostas, masgeralmente respondo:CreioporqueElequisqueeucresse.PorqueEle transformouaminhavida. Arespostaésubjetivaenãoapresentaprovaexterna,eusei,masaprópriaBíblianãoprocuraoferecerumaprova racional quanto à Sua existência, pelo contrário, ela já começa tomando como pressuposiçãobásica(Gn1.1),queDeusexiste.Eleéopontodepartida.

Admiro o trabalho dos apologistas modernos, como William Lane Craig, os quais defendem ocristianismodosataquesconstantesdeateuscomoRichardDawkins.Fazemdebatespúblicosemostramque o cristianismo também produz intelectuais. Contudo, em última análise, a defesa do cristianismoparte,emgrandemedida,daBíblia,livroquenãopossuicréditoparaquemnãoacreditaemDeus,porisso,odebatenuncatemfim.Sóacaba,quandooateuéagraciadocomapercepçãodapresençadeDeus.Citamos como exemplo a conversão de C.S. Lewis. Com isso, não quero dizer que o empenho dosapologistaséemvão,comodisseacima,admirootrabalhodeles.Oqueestoudizendo,équenofundo,todaargumentaçãológicasótemefeitoseoDeusdaBíbliafizersentidoparaosateus,casocontrário,Deusnãopassarádeumaideiaquesediscute,eDeusnãoéumaideia,eleéumaPessoas.14

DeusserevelouSó conseguimos falar sobre Deus porque Ele se apresentou a nós. Sem Sua revelação,

continuaríamos a falar sobre deuses. E aqui já me adianto a dizer que falar sobre Deus e Suaautorrevelação é falar sobre Seu amor. Dito isto, que espaço preenchemos em Sua agenda? QualnecessidadeDeustemquepossamossupri-la?Nenhuma!Pelocontrário,sóOincomodamos.Elenãotemnenhumanecessidade, inclusivedecomunhão,poisDeuséTrindade–Pai,FilhoeEspíritovivememharmoniaunscomosoutros.Porisso,falardeautorrevelaçãodeDeusésinônimodeamordeDeus.Aautorrevelaçãomostra inclusivequeDeusnãonoscriouedepois foi seaventuraremoutraspartesdoUniverso,comosenósfôssemossomentemaisumapartedeseuimensoquebra-cabeça.

Todavia,porquaismeiosDeussefezeaindasefazconhecer?Atradiçãoevangélicafalaemdoistiposderevelação:ageraleaespecial.Vamosentenderumpoucocadaumadelas.

NarevelaçãogeralDeussefazconhecerpormeiodaSuacriação,comoPauloafirmaemRomanos1.20:“PoisdesdeacriaçãodomundoosatributosinvisíveisdeDeus,seueternopoderesuanaturezadivina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas (...)”. EssarevelaçãoexteriormostraaglóriadeDeus,vistoqueacriação“éumespelhoquerefleteSuasabedoriaebondade.SuabelezaefuncionamentoprecisomostramaperfeiçãodoseuCriador”.15Oquefalamosaté

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agorapodeserclassificadocomorevelaçãogeralexterior.Vamosfalaragorasobrearevelaçãogeralinterior.

ComocriaçãodeDeus,opróprioserhumanotemanoçãodaexistênciadeumsersuperior.ParaLutero,umdosreformadoresdaIgrejanoséculoXVI,arevelaçãogeralsemanifestavapormeiodeumconhecimentoinatodaexistênciadeDeus.DiziaaindaquealeimoraldeDeusestáescritanocoraçãodascriaturas,deformaquetodostêmumanoçãodoqueécertoeerrado.JoãoCalvino,outroreformador,domesmoperíodo,disse:“queexistenamentehumana,enaverdadepordisposiçãonatural,certosensodadivindade,consideramoscomoalémdequalquerdúvida”.16

Porém, só com a revelação geral, o ser humano tem uma visão distorcida de Deus, incompleta,devido ao pecado que permeia a criação.O pecado impede o conhecimento deDeus só pormeio darevelação geral; isso ajuda a explicar a idolatria e o paganismo. Por isso, precisamos da revelaçãoespecial.

NarevelaçãoespecialDeussefazconhecermedianteasEscrituras.Comobemdizumaconfissãodeféreformada:

“FoiDeusquemsefezconheceraoshomens.Primeiramente,porsuasobras,tantopelacriaçãocomopelaconservação e maneira como Ele a conduz. Também, e mais claramente ainda, pela Palavra, a qual foi

primeiramentereveladaverbalmenteeemseguidaescritanoslivrosquenóschamamos:SantaEscritura.”17

Nofundo,oquesabemosdoverdadeiroDeusestá restritoàquiloqueEleescolheu revelardeSimesmonaBíblia,18poisénelaqueCristoéapresentadoeoserhumanodescobrequeécaídoecarentedesalvação.Sendoassim,arevelaçãoespecial,aindaquesejaparatodoomundo,nãoestáaoalcancedetodos,porissoestamosemmissão,levandoamensagemdoevangelho(revelaçãoespecial)paraqueossereshumanostenhamciênciadasuacondiçãoedasalvaçãoqueDeusofereceemJesusCristo.

Fica evidente assim, que nós conhecemos a Deus por causa de Deus; porque Sua vontade estávoltadapararelacionamentos.19

Nãopossoterminaressapartesemmencionarumfatointrigante.DeuspermaneceocultomesmoemSuaautorrevelação.Comoassim?Simples,estamosfalandodeumsereterno,independente,supremoeradicalmentediferentedenós.Eumdetalhe,nãoconhecemosnemanósmesmosprofundamente, logo,seriaarrogânciadizerqueconhecemosotododeDeus.SóconhecemosoqueElerevelou,eissoéoqueprecisamosparaestarcomElenaeternidade.Comodiziamos teólogosmedievais:“o finitonãopodeconteroinfinito”.

DeusseapresentouNaculturabíblica,nomearalguémeraummomentodeconsiderável relevância,vistoonomeser

“expressãodocaráter,naturezaoufuturodoindivíduo(oupelomenos,umadeclaraçãodoqueseesperadequemorecebeu)”.Ouseja,onomecontémumaexpressãodanaturezadoseuportadorou,pelomenos,dealgodoseupotencialinerente.EissoficamuitoclaronoAntigoTestamento,poisencontramosváriosnomesparaDeus,eéinteressantequeemcadanomeque“Eleusaeaceita,DeusrevelaalgumafacetadoSeucaráter,natureza,vontadeouautoridade”.20

Nohebraico,doistermossãotraduzidosporDeus:21

El – a divindade, é um nome genérico para Deus. Significa força e poder e refere-se a Ele nasingularidadedaSuanaturezadivina.OnomeEl éusadoparacomporoutrosnomesdivinos,comoElOlam,oDeusEterno(Gn21.33),etambémparaformarnomeshebraicoscomunscomoDanieleEliel.OtermoElohiméaformaplural,noentanto,nãosignificadeuses,masindicaaqueleúnicoquepossuidemodocompletotodososatributosdivinos.

AdonouAdonai–descreveDeuscomosoberanoouSenhor,destacandoaSuaautoridadedivinae

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Seupoderefetivo.Sócomessesdoisnomeseseusderivados,muitas linhaspoderiamserescritas,mascomonosso

espaçoécurto,queroinvesti-lononomepessoaldeDeus,Iahweh(YHWH),ouJavéemportuguês.Nomequenãofoidadoporhomens,masfoiopróprioDeusqueseapresentoucomele.Eissoéinteressanteporqueas religiõesvizinhasde Israel tentavamcontrolarseusdeusesdando-lhesnomes.Darumnomeeraterpodersobreadeidade.ComnossoDeusédiferente,poisEletemnomeecomessenomenãosebrinca(Ex20.7).22

OnomedeDeus,IahwehouJavé,assemelha-seàexpressãoEuSou,emhebraico(Ex3.14),ouseja,relaciona-seaoverbohebraico“ser”,verboquenãosignificasimplesmente“existir”,masantes“estarativamente presente”; dessa forma, tem o sentido de uma presença relacional e atuante. Deus dá aconhecer o Seu nome ao povo, pretendendo lhes revelar seu caráter mais íntimo. Javé é o Deusativamente presente entre o Seu povo, nome revelado emmeio à crise, escravidão e incertezas (Ex3;33.19).23

Então,atraduçãomaispróximadosentidodonomedeDeusnãoseriaEUSOUOQUESOU,mas,EU ESTAREI PRESENTE QUANDO VOCÊS PRECISAREM, isto é, transformar-me-ei naquilo queprecisam! Isso, porque “ser”, no AT, não significa um ser em si absoluto, mas antes, um “estaraí/presente/atuante”ouatéum“revelar-secomoauxiliador”.“Resumindo,ainterpretaçãomaissimplesé[...]deacordocomÊxodo3.14:ele‘é/semostra/atua’”.24

EqualéonomedeDeusnoNovoTestamento?NoNTEleéchamadosimplesmentedeDeus(Theósgr.).Porquê?Naféisraelitaprimitivanãose

negavaaexistênciadeoutrosdeuses.Vejaqueoprimeiromandamentonãonega,masapenasconclamaparaaadoraçãoexclusivaaJavé.Logo,aceitandoaideiadeoutrosdeuses,énecessáriodiferenciaredistinguiroDeus(Elheb.)deIsrael:Javé.

NodecorrerdasuacompreensãoacercadeDeus,Israelaniquilouaexistênciadeoutrosdeuses(Is45etc.).Certo teólogodissequenomonoteísmojudaicodotempodeJesus“onomeprópriodeDeus,Javé, perdeu-se, pois ele só fazia sentido enquanto Deus aparecia como sujeito entre outros, sendonecessáriodiferenciá-lodosdemaispormeiodeumnomedeterminado”.25

Na tradução grega do AT, a Septuaginta (LXX), o tetragrama YHVH (Iahweh) é traduzido porKyrios(Senhor),porisso,JoãoFerreiradeAlmeida,pastorquefeztraduçãodaBíbliaparaoportuguês,traduztantootetragramadoATcomoKyrios,quantoodoNTcomoSENHOR.

EnoNovoTestamento, quem recebe o título deKyrios?Ele é atribuído a JesusCristo. Logo, onomedeDeusnaantigaaliançaéocupadopelonomedeCristonanova:“OJesusexaltadoocupaopapeldopróprioDeusnogovernodomundo”.26NoNT,Deus tambéméchamadodePai, comodizPacker:“PaiéonomecristãoparaDeus”.

AorevelarSeunome,Deusconvidaopovoparaumarelaçãoíntima,eissofazmuitosentidoparanóshoje,poisJesusse identificacomonomeemJoão8.58.EleéopróprioEuSouencarnado!Nele,Deusvemaoencontrodahumanidade,revelando-seemostrando-seatuantecomonuncaantesnahistóriadasalvação.Aleluia!

DeuscriouAoafirmarqueDeuscriouomundo,todasascoisasvisíveiseinvisíveis,acomunidadecristãalega

umarelaçãoentreDeuseomundo.OmundoéopalcodaatuaçãodeDeus.Todoonossodiscursosobrepecado,evangelhoeredençãosófazsentidonocontextodacriaçãodivina,poiselaexpressaarelaçãoentreaTrindadeeomundo.ODeusquecriaéomesmoquesalva.

Outraimplicaçãocontidanessaafirmaçãoéadequenãoestamosjogadosaoacaso,omundonãoé

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umbarcoàderiva,masfoicriadoeplanejadocompropósitos.NaspalavrasdeRonaldHepburn:Adoutrinacristãénotavelmentericaemimplicaçõesavaliatóriaseevocativas,característicasdedoutrinasreligiosas. Se Deus, como o cristianismo o concebe, é o autor e mantenedor do mundo, o mundo é,consequentemente,umempreendimentoplanejadoecompropósito.Nãoseráadequadofalardavidacomo“absurda”,assimcomoofazemosexistencialistasateus.Farásentidoperguntar:“Porqueestouaqui?QuepropósitoDeustemparaminhavida?”.Asperguntaspodemnãoserprontamentepassíveisderesposta,mas

serãonomínimosignificativaseapropriadas.27

Assim,diferentedonaturalismofilosófico,queadmitenãosaberarazãodosurgimentodoUniverso,aIgrejaconfessapelaféquetudofoicriadoporEleeparaElesãotodasascoisas(Cl1.16).TudoveioàexistênciaparaglorificaraDeus!

ABíbliadizque“oUniversofoiformadopelaPalavradeDeus,demodoqueaquiloquesevê,nãofoifeitodoqueévisível”(Hb11.3).Esseversículo,juntoaGênesis1.1“NoprincípioDeuscriouoscéuseaterra”,indicaqueoUniversonãoveiodequalquermatériapreexistente,foifeitoapartirdonadapelapalavradivina.Antesdessapalavracriadora,sóexistiaDeus.

Dizerquetudofoifeitoapartirdonada(creatioexnihilo)eliminaqualquerideiadequeamatériaéeterna“ouquepodehaverqualquerespéciededualismonoUniverso”.28Ouseja,seafirmássemosqueDeuscriouapartirdealgumacoisajáexistente,estaríamosdizendoque“algumacoisa”tambéméeterna,atributoesteexclusivodeDeus;estaríamosfalandodeumaexistênciaàpartedeDeusequeoutraforçaatua(daíodualismo)desdeaeternidade,aoladod’Ele.Porisso,afirmamosacriaçãoapartirdonada,poisparanós,sóDeusécriadoreeterno!

Esseconceitodacreatioexnihilonãoseaplicaaoserhumano,oqualfoifeitodopódaterra(Gn2.7)eaosanimaisdocampoeàsavesdocéu,formadosdaterra(Gn2.19).Segundoumestudioso,issotemsidochamadodecriaçãosecundária,umaatividadecriativaquepartedemateriaisjácriados.Assim,notestemunhobíblico,temosacriaçãoprimária,aquelafeitaapartirdonada,easecundária,criaçãoapartirdematériaexistente.29

ImportanteaindaéfrisarqueGênesisdeclaraquetudooqueDeuscriouébom.OmundovisíveléboacriaçãodeDeus,queficounaresponsabilidadedoserhumano,coroadessacriação.QuandoaBíbliadiz que o homem deveria dominar a criação (1.26;28), o sentido da palavra deve ser entendidopositivamente,enãosubjugaraterraexplorando-aedestruindo-a.Afinal,nocapítulo2.15Deuscolocaohomemnojardimparaqueelecuideecultive,nãoocontrário.Vamosfalarumpoucomaissobreissonocapítulosobreoserhumano.

Talvez você esteja se perguntando: “Quando é que esse autor vai falar sobre as discussões quegiram em torno da origem da vida? Evolução versus criação?”. Bem, existem livros e mais livrosescritossobreoassunto,sitesquefrequentementesãoalimentadoscomnovas informações.30Não teriacomo,nesseúnicocapítulo,discutirtudoisso.MaspossodizerqueoimportanteéaigrejaconfessarqueDeuscrioutodasascoisas.ComoElecriouéoqueaciênciatemtentadoresponder.Comisso,nãoquerodizer que devemos sustentar todas as teorias científicas acerca da criação, mas não podemossimplesmentedispensá-las.

Quandosefalasobreaorigemdavida,nemoprópriocriacionismoéunânime.Existemdiferentesteoriasdentrodessalinha,porexemplo,algunscriacionistascreemnacriaçãoantigadaTerra,outrosnarecente,tendoatéumbispoquechegouadataraorigem.OarcebispoJamesUssher,interpretandoosdiasdeGênesis como sendo de 24 horas, e analisando as genealogias doAntigoTestamento, afirmou queDeuscriouoscéuseaterraem4004a.C.31LuteroafirmouqueaTerrafoicriadahá6.000anos,eoutrosjáafirmaramumadataemtornode20milanosatrás.Comopodemver,ahistóriadocristianismonãoéunânimeemrelaçãoaisso.

Obviamente,asdiscussõesemtornodaduraçãodosdiasdacriação(diasde24horasouperíodo

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indeterminado)easlacunasnasgenealogiastornamdifícilainterpretaçãodeGênesisemaisdifícilaindadataraidadedoUniversoedaTerra.

Emboraotextonãodêaberturaparaateoriadaevoluçãobiológica,eletambémnãoresolveaquestãodequantotempoDeuslevouparatrazeracriaçãoàconclusão.Parecequeessenãoeraopropósitodotexto.

Dequalquermaneira,devemosevitardogmatismoeespeculaçãosobreesteponto.32

Sendoassim,devemossercautelososenãoveremGênesisumrelatocientíficodacriação,esimumrelatodefé,visandoapresentarocaráterdoCriadoreopropósitodaSuacriação.GênesisdizqueDeuscriou,porémaciênciaespeculacomoElefezisso.Porexemplo,osalmistadiz:“...metecestenoventredeminhamãe”(Sl139.13).Nessefragmento,seupropósitoéexaltaroDeuscriador,nãoexplicaroprocessodedesenvolvimentodofeto.Isso,agenéticafaz!

Pensoquenãopreciso jogar foraas teoriascientíficasparaqueGênesiseoutros relatosbíblicostenhamvalidade.Porexemplo,ateoriadoBigBang,aindaaceitacomoumateoriasobreaorigem,nãoéinimigadafé.ComoafirmaCollinsemseulivro:

“Tenhodeconcordar.OBigBanggritaporumaexplicaçãodivina.Obrigaàconclusãodequeanaturezateve um princípio definido. Não consigo ver como a natureza pôde ter-se criado. Apenas uma força

sobrenatural,foradotempoedoespaço,poderiatê-laoriginado.”33

Emminha opinião, o importante disso tudo é a sustentação da crença em Deus como criador emantenedordoUniverso.Ademais,teoriascientíficaseatéteológicasvêmevão.Sabendoquemcrioueporquecriouésuficienteparavivermoscompropósitoecomoimagemesemelhançadocriador!

DeuséTrinoÉnadoutrinadaTrindadequemuitoscristãosseperdem,eàsvezesdefendemposiçõesheréticas

sem saber.Mas isso não é um problema só do nosso tempo. Entender umDeus que subsiste em trêsPessoasnãoémuitosimplese,porisso,sempregeroudiscussãoaolongodahistóriadaigreja.Oerromais comumnesse sentido é afirmar a existência somente de uma pessoa divina,Deus, o Pai, que aolongo da história se manifestou de diferentes formas, ora como Pai, ora como Filho e agora comoEspíritoSanto,ouseja,comoseDeussótrocassedenome,ouderosto.34Outraheresiaqueinfluencioumuitoaigrejaprimitivafoioarianismo,jáexplicadobrevementenoprimeirocapítulo.Eassim,sempreapareceram na história da teologia pensadores que questionaram a doutrina da Trindade, por isso arelevânciadessetema.Masafinal,comoaIgrejadeCristoconfessaessadoutrina?

OCredoNiceno-Constantinopolitanoque estamos utilizando como base do nossomosaico, já éumaamostradecomoaIgrejacrênaTrindade,poisnele,CristoéigualaoPaieoEspíritoSantoprocededo Pai e do Filho. Porém, é noCredo de Atanásio que encontramos um tesouro na exposição dessadoutrina.Nele,aeternidadedoFilhoedoEspíritosãoafirmadasenãosomenteisso,osatributosdoPaisãotambémosdoFilhoedoEspírito,assim:

“UmaéapessoadoPai,outraadoFilho,outraadoEspíritoSanto;masumasóéadivindadedoPaiedoFilhoedoEspíritoSanto,igualàglória,coeternaamajestade;qualoPai, taloFilho,taltambémoEspíritoSanto;(...)EternooPai,eternooFilho,eternooEspíritoSanto;contudo,nãosãotrêseternos,masumúnicoeterno; (...)Assim,oPaiéDeus,oFilhoéDeus,oEspíritoSantoéDeus;e todavianãohá trêsDeuses,

porémumúnicoDeus.”35

TemosaquitrêsPessoaseumasódivindade.AdistinçãoqueexisteéqueoPaigeraoFilhoe(Jo3.16)oPai eoFilhoespiramoEspíritoSanto (Jo15.26), issonaeternidade.Nãohádiferençasnemsubordinações, todasas trêsPessoas sãocoeternase iguais entreSi.O fluxograma36 podeajudá-lonacompreensão:

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Geralmente,rebaixam-seoFilhoeoEspíritoSantopelofatodesomenteoPainãoseroriginado.

Contudo,atradiçãocristãentendequepelofatodessageraçãoteracontecidonaeternidade(oPaigeraroFilho e juntos espirarem o Espírito Santo), tem-se aqui somente uma divindade, uma natureza divinasubsistindoemtrêsPessoas.

Aindaque apalavraTrindadenão apareçanaBíblia, ela foi utilizadaporTertulianono segundoséculoparadescreveradoutrina37,masseuconceitoencontra-seemambosostestamentos.

NoAntigoTestamento, jánoprimeirocapítulodo livrodeGênesisédito:“FaçamosohomemàNossa imagem, conforme a Nossa semelhança”. Deus não poderia estar conversando com anjos ououtros seres celestiais, pois o versículo 27 diz queDeus criou o homem à Sua imagem. “O contextoindicaumacomunicaçãointerpessoaldivina,querequerumaunidadedePessoasnadeidade”.38

OutroargumentoqueapontaparaadiversidadenoserdeDeussãoostextosquefalamdo“anjodeJavé”39 (Gn 16; 22; etc.), pois em alguns textos ele é identificado com Javé, como extensão da suapersonalidade.Àsvezes não fala emnomede Javé,mas comoopróprio Javé (Gn22.11). Seria esse“anjodeJavé”umamanifestaçãodeCristonoAT?

InteressantetambémépercebermosqueaprofeciadonascimentodoMessiasemIsaías9.6-7expõeváriosdeSeusnomes:MaravilhosoConselheiro,DeusForte,PaidaEternidade,PríncipedaPaz.

“DeusForte” (Elgibbor) pode ser traduzida literalmente como “poderosoDeus-homem”, já quegibborsignifica umhomempoderoso.Essa expressão junto com “Pai daEternidade” é uma indicação de que a

pessoaprevistanãoéapenasumhomem.EletemnomesprópriosdeDeus.40

ÉnoNovoTestamentoqueadoutrinadaTrindadeficamais“evidente”.Jánoprimeirocapítulodoseuevangelho,JoãonosdizqueaquelequeéaPalavra(Logos)estavacomDeusdesdeoprincípio,eeraDeus. Joãoestá falandodaquelequeseencarnou (v.14),ouseja, JesusCristo.Nessecapítulo tambémficaevidentequetudoquefoicriadofoifeitopormeiodoVerbo.

Nobatismode Jesus, as trêsPessoasdaTrindade sãomanifestas:OEspíritoSantodesceucomopomba e o Pai falou dos céus acerca do Filho. Fica evidente nesse acontecimento a diversidade depessoasnoserdivino.

Durante seu ministério Jesus reconheceu Seu Pai como Deus, testificou também a divindade doEspíritoSanto,poisdisseaosSeusdiscípulosqueDeusenviariaoutroConsolador,ouseja,umapessoadistintad’Ele,mascomqualidadesdivinas.EafirmouaSuaprópriadivindade,poisexistiacomoPaiantes da criação do mundo (Jo 17.5) e empregou a expressão “Eu Sou” ao falar de Si (Jo 8.24).41

Conformejávimosacima,EuSoué,digamosassim,onomedeDeusreveladoaMoisés.

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NãorestamdúvidasdaigualdadeentreoFilhoeoEspíritocomoPainoNT.VejacomoosantigosestudiososdaBíbliafalavamsobreisso:

Aexegesebíblicadosantigospaisda igrejaclassificavaoensinobíblicosobreas trêspessoasdivinasemquatrocategorias.EssascategoriassãoagrupadassegundotemasquepodemcomprovarquecadaumadaspessoaséDeus:1)cadaumadastrêspessoaséchamadapelosnomesdivinos,2)cadaumadelastemos

atributosdeDeus,3)cadaumafazobrasquesomenteDeuspodefazere4)cadaumaédignadelouvor.42

ParaosautoresdoNovoTestamento,oensinamentodequesóexisteumúnicoDeuséclaro.Juntoaisso, afirmam a existência de três pessoas diferentes que são igualmente divinas e vivem em perfeitacomunhão.Otermogregopericorese (dança)éutilizadocomometáforaparadescreveressacomunhãoentreaspessoasdaTrindade.Apontaparaaideiademovimentosperfeitamentecoordenados,emque,àsvezes, torna-se difícil distinguir umdançarino do outro,mas aomesmo tempo cada ummantém a suaidentidade.Sobreapericoresefoidito:“Afirmaqueosmodosdivinosdeexistênciasecondicionamesepermeiammutuamentecomtamanhaperfeiçãoqueumseencontrainvariavelmentenosoutrosdois,eosoutrosdois,neste”.43

Para encerrar, devo dizer que alguns exemplos utilizados por nós, muitas vezes apresentam oconceitoerradodeTrindade.ComcertezavocêjáouviualguémusarafiguradoSol–eumesmojáusei.Nesse exemplo, oPai é o astro, Jesus os raios solares e oEspíritoSanto o calor.OproblemadessaanalogiaéqueocalornãoéoSolemsi,masumefeitodoSol,eissojáfereoconceitotrinitário,poisoEspíritoSantoéDeus(Sol),nãoumaconsequênciadeDeus,umderivado.Amesmacoisapodeserditadosraiossolares,elestambémnãosãooSolemsi.Inclusive,eraumheregedenomeSabélioqueusavaessaanalogia.Sefôssemosusaresseexemplo,teríamosquefalaremtrêssóis,focalizadosdetalmaneiraque formassemum raio só: o raio éDeus.Entenderam?Toda açãodivina na criação é açãodoDeusTrino,podecomeçarcomoPai,estápresentenoFilhoeéaperfeiçoada/atualizadapormeiodoEspíritoSanto,mastodaessaação,dizemosqueéaçãodeDeus.44

GosteimuitodoexemploqueofísicoAdautoLourençousouemumadesuaspalestras,utilizandootempoparatentarexplicaraTrindade.Eledisse:

Penseno tempo.Passadoé tempo?É.Presenteé tempo?É.Futuroé tempo?É.O futuroéopassado?Não.Opassadoéopresente?Não.Opresenteéofuturo?Não.Masotempoétempo,sótemumtempo.

(...)éumexemplolimitado,nãodáparaexpressaratotalidadedapessoad’Ele.45

LivrosinteirossãoescritossobreomistériodaTrindade,eaconclusãodessasmuitaspáginasnãoédiferentedessaspoucasdedicadasnesselivro.DeusnosdeixoupistasnasEscriturasenacriaçãoparaentendermosumpoucoaSuaexistênciaTrina,contudo,essadoutrinapermaneceummistério,queumdiapoderáserreveladoanós,quemsabe,naeternidade.

Vamosagoraparaoterceirocapítulo,noqualoFilhoeSuaobraterãodestaque.

Capítulo3JesusCristoporRodrigoBibodeAquinoeemumSenhorJesusCristo,ounigênitoFilhodeDeus,geradopeloPaiantesdetodososséculos,LuzdeLuz,verdadeiroDeusdeverdadeiroDeus,geradonãofeito,deumasósubstânciacomoPai,peloqual todasascoisas foramfeitas;oqual,pornóssereshumanosepornossasalvação,desceudoscéus,foifeitocarnedoEspíritoSantoedavirgemMaria,etornou-sehumano,efoicrucificado

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por nós sob o poder de Pôncio Pilatos, e padeceu e foi sepultado e ressuscitou ao terceiro diaconformeasEscrituras,esubiuaoscéuseassentou-seàdireitadoPai,edenovohádevircomglóriaparajulgarosvivoseosmortos,eseureinonãoteráfim;

FalardeJesusCristoéfalardocentrodasEscrituras.Éfalardeencarnação,morteeressurreição.É

trazer àmente o que possibilitou vida, e vida plena.A centralidade da fé evangélica está na cruz deCristo!

Diantedoscristosgenéricosqueaparecememnossosdias(esempreapareceram),aigrejaprecisaestabeleceremqualCristoelacrê.PregadoresmodernostêmretiradoacruzdeCristo,empelomenosdoissentidos.Noprimeirogrupo,háaquelesqueremovemacruzedizemqueelanãoéparaocristão,poisElesofreuparaquenãosofrêssemosmais.Agoraésóvitória,semcruz!OutrosremovemacruzdeCristoeajogamnosombrosdosfiéis,dizendoquesenãoacarregaremnãoserãosalvos;senãopagaremopreço,irãoparaoinferno.Comisso,tambémanulamosacrifíciodeCristo,tornando-oincompletoeinsuficiente.

Porisso,precisamosresgataroCristodasEscrituraseacentralidadedacruz.Urgeredescobrirmosagraçaea reconciliaçãoquebrotamdaféemJesus,quenãofoisomenteumhomemeloquenteecombonsensinamentos,masfoiopróprioDeusencarnado,queaindaviveeensinaSeupovo.

OFilhodeDeusQuandocomeçaafalarsobreJesusCristo,oCredoNiceno-ConstantinopolitanoprincipiapelaSua

filiação.DeixaclaroqueoFilhoéigualaoPai,poisfoigerado,nãofeito.Ouseja,euevocê,etudooquenosrodeia,fomosfeitosporDeus,nãogeradosporDeus.AcriaçãoédiferentedoCriador.JáCristofoigeradoeporissoéigualaoPai.Dessaforma,sóJesusCristoéoFilhounigênitodeDeus.EcomojádissemosnotópicosobreaTrindade,oFilhotemosmesmosatributosdoPai.

Oque lemosno credonadamais é doque a preservaçãodoque já temosnasEscrituras.Nelas,JesusCristo é reconhecido comoFilho deDeus pelos homens, pelos demônios/Diabo e pelo próprioDeus(Mt16.16;Mc5.7;9.7).

ÉdefundamentalimportânciaentendermosqueJesusCristonãosetornaFilhodeDeusporocasiãodobatismo,comoalegamalguns;ElesemprefoioFilho,desdeaeternidade!NoSeubatismo,avozqueéouvidadocéuconfirmaisso:

Avoz do céu confirma a consciência filial já existente, a qual semanifesta no âmago da experiência datentação (Mt 4:3,6) e, com base nessa relação filial, confirma a dedicação de Jesus para sua missãomessiânicaemtermosdoservo.Afrase“TuésomeuFilhoamado”descreveacondiçãopermanentede

Jesus.ElenãosetornouoFilho;EleéoFilho.46

No momento do batismo, o relacionamento entre Pai e Filho é evidenciado. Jesus começa seuministérionacertezadaíntimacomunhãocomoAbbá:47Entãoumavozdoscéusdisse:“EsteéomeuFilhoamado,emquemmeagrado”(Mt3.17),ou“EsteémeuúnicoFilho;aquemeuescolhi”.48NistoestáoamordeDeus,porenviarSeuFilhoamadoepelamissãodoFilho:tornar-nostambémescolhidosdoPai.

FoijustamenteessacertezadefiliaçãoqueSatanásquiscolocaremxequenatentaçãododeserto.Jesus não foi questionado se era oMessias,mas se eramesmooFilho deDeus.A investida começajustamentequerendofazerJesusduvidardavozouvidadocéu.NaspalavrasdeRicardoBarbosa:

OesforçodeSatanáseraparaquebrarovínculo,aamizade,asubmissão,acomunhão.Desdeoprincípio

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esta temsidosua tarefa.Elenãoestá tãopreocupadocomamissãoquantocoma relação.Essaéasuaestratégia.Umavezquebrada a relaçãodo amor e da dependência, o resto fica fácil.Vemos aqui que oprincípiodatentaçãonodesertonãoestáemduvidardopoderdetransformarpedrasempãesoudedarvoz

decomandoparaanjos,masemlançardúvidassobreolugardoPainavidadoFilho.49

CasoCristotivesseduvidadodavozdoPai,todaSuamissãofalharia,Suamorteseriaemvãoenãohaveriamotivosparacelebraroterceirodia.MasElenãosucumbiueabriuocaminhoparanós.

Sehojeemdia,emnossasoraçõesecanções,chamamosDeusdepapai,éporcausadeJesus.AosedirigiraDeusutilizandoapalavraaramaicapapai,Abbá,Elequebraosprotocolosdaépoca,poiserainadmissívelalguémreferir-seDeusutilizandolinguagemtãoinformal,empregadasomenteemcontextofamiliar.

JesusabreocaminhoparaaintimidadecomoPai,vistoninguémantesnahistóriabíblicateressainiciativadefalaraDeus:

“como uma criança fala a seu pai, com simplicidade, intimidade e sem temor. Portanto, não há dúvidaalgumadequeapalavraAbbá,utilizadaporJesusparadirigir-seaDeus, revelaopróprio fundamentodesuacomunhãocomele. [...]AspalavrasdeJesusexpressamsimplesmenteumaexperiênciacotidiana:só

umpaieumfilhoéqueseconhecemmutuamente”50

EmGálatas4.6,PauloafirmaqueoEspíritofoienviadoaosnossoscorações,eEleclamaAbbáPai!Portanto, somos autorizados a chamar Deus de papai, pois também somos filhos. Emais, segundo opensadorcristãoJ.I.Packer,“sequiserjulgaratéquepontoumapessoaentendeuoqueécristianismo,descubraquevaloreladáaofatodeserfilhodeDeus,eteraDeuscomoseuPai.Seestepensamentonãodominarecontrolar[...] todaasuaatitudeperanteavida, issoquerdizerquenãoentendeubemocristianismo”.51

OFilhoencarnadoÉmuitocomumnósouvirmosmaissobreacruzdoqueaencarnação,poiséumaênfasefeitapela

própriaBíblia,afinal,amensagempregadaporPauloéamensagemdaCruz.Contudo,paraosautoresbíblicos,estavamuitoclaroquemeraocrucificado.Logo,senãoentendermosquemmorreunacruz,ocalvário perde o sentido e o crucificado não passará de um homem que falou coisas profundas. E ocristianismonãoseamparanamortedeumhomemsábio,antes,estáfirmadonamorteeressurreiçãodeumhomemqueeratambémDeus.EmJesusdeNazarétemosoVerboencarnado,oDeusconosco.52

Aindaqueapalavraencarnação/encarnadonãoseencontrenaBíblia,oNovoTestamentoéenfáticoaofalardaquelequefoimanifestadonocorpo(1Tm3.16).João,noverso14doprimeirocapítulodoseuevangelho,diz:“AquelequeéaPalavratornou-secarneeviveuentrenós”,eemsuacartaafirmaquenãoreconhecerqueJesusveioemcarneéseranticristo(1Jo4).Aqui,éimportantefrisarquequandooapóstolo fala “se fez carne” ele está dizendo: “assumiu a natureza humana”.53 Obviamente, outrostextosapontamparaessarealidade,masessestrês,somadosaohinocristológicodeFilipenses2,quenoversículo8diz:“E,sendoencontradoemformahumana,humilhou-seasimesmoefoiobedienteatéamorte,emortedecruz!”,sãomaisquesuficientesparavermosqueaencarnaçãodoFilhoéumadoutrinabíblica.

Afirmar que o Verbo, a segunda pessoa da Trindade, se fez carne, significa dizer que Jesus foitotalmentehumanoe totalmentedivino,verdadeirohomemeverdadeiroDeus,masnão50%humanoe50%divino,esim,100%decadanatureza.Atualmente,issopodepareceróbvioparanós,massaibaquenahistóriadaIgreja issogeroumuitosdebates,comopodemosvernoprimeirocapítulo.Porexemplo,devidoàinfluênciadaculturagregaedeumafilosofiachamadagnosticismo,algunspensadoresantigostinhamdificuldades em conceber a ideia deDeus se tornandomatéria, já que ela representa omundo

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caído/mal.Então,entendiamCristocomohomemquepossuíaqualidadesdivinas,ouumhomemquefoipossuído pelo Filho deDeus.Ainda hoje,muitos pensam queCristo entrou em Jesus nomomento dobatismoesaiunomomentodacrucificação.

AteologiacristãafirmaqueMariadeuàluzoFilhodeDeus.Geralmente,nós,evangélicos,temosreceiodefalarqueMariafoiamãedeDeus,temendoaidolatria.MasnãopodemosnegaroqueaBíbliadiz.Maria foi, sim, escolhida porDeus para dar à luz o SeuFilho (que se é igual ao Pai, também édivino),nãoporserumapessoaespecialousempecado,masporqueerahumildeedispostaafazeravontadedoSenhor(Lc1.26ss).MariaémãedeDeus(portadoradeDeus)quantoàsuahumanidade,jádiziaocredodeCalcedônia(451).

Concordo comStott quando ele diz que a expressão “nascimento virginal” não é adequada, poissugerequenomomentodopartohouvealgoextraordinário.Eissonãoéverdade,onascimentodeJesusfoi normal como qualquer outro de sua época. Foi na concepção deCristo que o sobrenatural estevepresente,poisElefoiconcebidosemaparticipaçãodepaihumano,esimporobradoEspíritoSanto.54

Lucas 1.35 narra: “O anjo respondeu: ‘O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo acobrirá com a sua sombra. Assim, aquele que há de nascer será chamado Santo, Filho deDeus’”.Assim,oquefoianunciadoàvirgemMariaéqueahumanidadeeomessianismodeseufilhoviriampormeiodela,enquantoqueaSuaincorruptibilidadeesuadivindadeviriampormeiodoEspíritoSanto”55

istoé,naencarnaçãoCristofoiaomesmotempo,integralmente,filhodeMaria,umserhumanoemtodososaspectose,integralmente,FilhodeDeus,divinoemtodososaspectos.

MasporqueétãoimportantereconhecerqueJesusCristoveioemcarne?TantoPauloquantoPedroescrevem em suas cartas sobre a importância da corporeidade de Jesus no processo de salvação (Cl1.22;Rm8.3;1Pe3.18).Essestextos,entreoutros,“salientam,dediferentesângulos,amesmaverdade:quefoiprecisamentevindoemorrendo‘nacarne’56queCristogarantiuanossasalvação”.57EmRomanos8.3,Paulodiz:“Porque,aquiloqueaLeiforaincapazdefazerporestarenfraquecidapelacarneDeusofez,enviandoseupróprioFilho,àsemelhançadohomempecador,comoofertapelopecadoEassimcondenouopecadonacarne...”.Nesse texto,vemosqueoFilhoassumiuanaturezahumanadecaída,sempecarobviamente,afinal,ElenãodeixoudeserDeusestandoencarnado58,enelaDeuscondenouopecadodetodahumanidade.Emoutraspalavras,oinocenteseidentificacomospecadoresesuportanolugardelesacondenaçãomerecida.59

OprimeiroeosegundoAdãoPodemos sintetizaroque foidito acimausandoa explicaçãodeumpensadordo segundo século.

Gosto dela, porque responde a pergunta: Por que Deus teve de se tornar humano? Não poderia Eleresolveroproblemadopecadohumanoládoalto?IrineudeLiãodefendeuoqueacreditavaseroensinoapostólico sobre a obra de Cristo com a “teoria da recapitulação”60, que era na verdade umainterpretação de Romanos 5. Nela, defendia que Cristo estava reencabeçando a humanidade, sendo onovorepresentante.Eparaserplenamente“onovocabeça”,Cristoprecisariaserintegralmentehumano,nessesentido,paraele,aprópriaencarnaçãoéredentora,poiséomomentoemqueoVerboseidentificatotalmentecomoscarentesdesalvação.

Para Irineu, Jesus Cristo proveu a redenção passando pelo escopo inteiro da vida humana e, em cadaconjuntura, invertendo a desobediência deAdão. Enquanto o primeiroAdão desobedeceu aDeus e caiu,introduzindo na existência humana a corrupção e amorte, o segundoAdão obedeceu aDeus e elevou a

humanidadeaumestadomaissublime[...].61

Istoé:comoprimeiroAdãoahumanidadesevoltacontraDeusefazumadívidaquenãoconseguepagarcomasprópriasforças.Essadívida,aqualdeveriaserpagapelahumanidade,sóopróprioDeus

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poderiapagar.Porisso,oVerbosefazhomem,tornando-seosegundoAdão,reencabeçaahumanidadeequitaanossadívida.Sónafusãodahumanidadecomadivindade,emCristo,quefoipossívelpagaropreçodasalvaçãodahumanidade.

ÉissoquecomemoramosnoNatal,asalvaçãomaterializadanomeninoJesus.C.S.Lewisdiz:Deacordocomahistóriacristã,Deusdesceparavoltarasubir.Eledescedasalturasdaexistênciaabsolutano tempo e espaço à humanidade. [...] Ele desce para subir de novo, trazendo consigo todo o mundoarruinado.Issonosfazpensaremumhomemforteabaixando-secadavezmaisparacolocar-sedebaixodeumgrandeecomplexofardo.Eledeveabaixar-separaolevantar,quasedesaparecendosobacarga,antesde endireitar incrivelmente as costas e seguir avante com toda a imensa massa balançando em seus

ombros.”62

SemaencarnaçãodoFilho,nadadoquevivemoshojeseriapossível,assim,essadescidadeDeustambémépurademonstraçãodoSeuamor!

UmaúnicapessoaParaentendermosbemaencarnação,precisamosfalarumpoucosobreauniãodasduasnaturezasde

Cristo,conhecidana teologiacomouniãohipostática.63Otermogregohypostasis significa pessoa e otermogregoousiasignificanatureza.Uniãohipostáticaéauniãodasnaturezas(ousia)emumasópessoa(hypostasis).Aencarnaçãoéauniãodasduasnaturezas,divinaehumana,presentesemumasópessoa.JesusCristotinhaduasnaturezas,ahumanaeadivina(Jo1.1-18;Rm1.3-4,Fp2.6-11,etc.).Ecomojáexplicamosacima,ElenãoeraDeushabitandoumcorpo(lembrem-sedoheregeApolináriodocapítulo1), ou um homem com uma alma divina,mas integralmenteDeus e integralmente humano. É de sumaimportânciaafirmarqueJesusassumiuaplenitudedetodasasfaculdadeshumanas,quesuahumanidadefoiplena,porquesenãofosse,aredençãonãoseriaplena.

Somente um Redentor com natureza divina poderia ser poderoso; somente um Redentor com naturezahumanapoderiamorrerpelosnossospecados;somenteumRedentorcomnaturezadivinaehumanapoderiaressuscitardentreosmortos.PorcausadaSuahumanidade,Elemorreu;porcausadasuadivindade,Ele

ressuscitou.64

É importante frisar ainda, que essa união não aconteceu na eternidade,mas no tempo, dentro dahistóriadahumanidade,nomomentodaencarnação.Noinstantedaconcepçãoimaculada,houveauniãohipostática.Logo,antesdesseevento,nãoexistiaumanaturezahumananasegundaPessoadaTrindade.Contudo,essauniãoéperene,Cristoficoucomasduasnaturezasmesmodepoisdaressurreição,comopodemospercebernos textosdeRomanos9.5;Hebreus13.8eAtos17.31. JesusCristo sempre teráanaturezahumana, juntoàdivina.SempreseráoDeus-homem.Aindaficaapergunta:comoissoafetaarelaçãonaTrindade?Nãoafeta,tudopermanececomoeraantesdaencarnação.AdiferençaéqueagoraasegundaPessoapossuiumanaturezaadicional.65

Diante de tudo isso, espero que você tenha entendido um pouco mais sobre a importância dedeclararque JesusCristo era totalmentehomeme totalmenteDeus e as implicaçõesdessaverdadenanossa salvação. Obviamente que os temas da encarnação e da união das duas naturezas são temascomplexos, e por mais que eu tenha dado explicações bíblico-teológicas, é somente por fé queacreditamosnessasquestões.

Vamostrataragoradacrucificação,outrademonstraçãoincontestedoamordivino.OFilhocrucificadoA cruz é, sem dúvida, o maior símbolo do cristianismo! Foi ela que os primeiros cristãos

escolherampara representar a fé cristã. Eles poderiam ter escolhido amanjedoura, na qual omeninoJesusfoicolocado;ouaindatermantidoafiguradopeixe,quefoiporumtempoutilizada.Quemsabe

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poderiamescolherasferramentasqueJesusutilizouenquantocarpinteiro,ouatoalhaqueEleusouparaensinaraquelagrandeliçãoaosdiscípulos.Outrasopçõesseriampossíveis:otúmulovazio,apomba,umtrono, enfim, todos esses elementos apontam para o ministério de Jesus Cristo e poderiam servir desímboloaocristianismo.Todavia,aigrejaescolheuperpetuarainsígniadasuafécomacruz.Aescolhasedáporque:

desejavamcomemorar,comocentrodacompreensãoquetinhamdeJesus,nãooSeunascimentonemaSuajuventude,nemoSeuensinonemoSeuserviço,nemaSuaressurreiçãonemoSeureino,nemaSuadádiva

doEspírito,masaSuamorteeaSuacrucificação.66

AimagemdacruzremeteatodosofrimentoqueasegundaPessoadaTrindadepassouparacumprirSuamissão.Nela,oFilhoérejeitadopeloPaiparaquenóspudéssemosseraceitos.

AcrucificaçãoA crucificação foi prática de tortura de fenícios e persas, sendo posteriormente usada pelos

romanos.Somenteescravos,anarquistaseostiposmaisbaixosdecriminososeramcrucificados.Depoisdecondenadoeaçoitado,oindivíduocarregavaatravessadacruzatéolocaldatorturae

morte. Esse local era sempre fora da cidade, pois o condenado ficava vários dias na cruz. Foi essatravessa(patibulum)queJesuscarregou,nãoacruzinteira.

Oindivíduoerapostosobreaterra,totalmentedespido,comatravessasobosombros.Suasmãoseramamarradasoucravadasàmesma.Depoiseraelevadoaumposteretofincadonochão,ondeseuspéstambémeramfixados,ficandoapoucoscentímetrosdosolo.Nãoeratãoaltocomoalgumasimagenssugerem.

Adoreraintensa,vistoocorpointeiroficarsujeitoatensões.Depoisdealgumtempoasartériasdacabeça e do estômago ficavam cheias de sangue, causando uma dor de cabeça absurda, sem contar apossibilidadedesemanifestaremfebretraumáticaetétano.Seporalgumarazão,quisessemabreviarosofrimentodavítima,suaspernaseramquebradas,levandoocrucificadoasegurartodoopesocomosbraços esticados, dificultando a respiração. Tal golpe de misericórdia era dado com uma espada oulança, usualmente no lado da vítima.67 Nas palavras de Helmut Thielicke: “Morreu um inocente emGólgota,nolugardosuplício,foradosmurosdeJerusalém,mortelenta,dolorosaehorrível,amorteporasfixia–umamaneirahorríveldemorrer.”68

OevangelhodeLucasfaladacrucificaçãocomoumespetáculo(Lc23.48-ARA69),eoevangelistaregistraoefeito imediatodoscuriososaoouviremJesusseentregandoaoPai:“E todoopovoquesehavia juntado para presenciar o que estava acontecendo, ao ver isso, começou a bater no peito e aafastar-se”. Shedd acredita que o peso na consciência sobreveio sobre esses, e que isso preparoumilharesparaoarrependimentonodiadePentecostes(At2.37ss).70

Paulonãoseenvergonhadedizer:“Nós,porém,pregamosaCristocrucificado,oqual,defato,éescândalo para os judeus e loucura para os gentios” (1Co 1.23). Para os judeus, era inaceitável oMessiaspenduradonummadeiro, feitomaldição; jáparaosgregos,era irracionala ideiadeumDeusfracassado e vulnerável aos homens, sujeito a tanta humilhação. Na primeira carta aos Coríntios, oapóstolodeixaclaroque“amensagemdacruzéloucuraparaosqueestãoperecendo,masparanós,queestamossendosalvos,éopoderdeDeus”.Paraoserhumanosegurodesi,falardaredençãoqueemanadeumcrucificadoéloucura,masparaquemsabequeéescravodopecado,apalavradacruzésalvação.

EscravosdopecadoTodaaobradeCristosófazsentidoparaumapessoaquandoelasabequeméeemquesituação

vive.OquefoiditoacimajáapontaparanossarealidadesemCristo.EmAdãotodospecarameestão

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destituídosdaglóriadeDeus(Rm3.23).Adãoépersonalidadecoletiva,opecadodeleafetoutodaaraçahumana(Rm5.12).DesdeasaídadoÉden(Gn3)atéhoje,todoserhumanonasceescravodopecado,ouseja,escravodassuasvontades!Jánascemoscaídos.

Emoutrostermos,oserhumanoencontra-senumcativeiro.Opecado,umavezafloradonahistória,tomoupoder e tolhe a liberdade dos indivíduos. Ninguém está em condições de reiniciar da estaca zero. Ahumanidade traz emsi amarcadopecado,da corrupção,dosdesejosperniciosos, enfimde tudooqueo

caracteriza.71

A verdade bíblica é que o gênero humano está envolto no pecado.Nós não somente cometemospecados,nóssomospecadores,ouseja,nãosomospecadoresporquepecamos;pecamosporquesomospecadores!Nãotemosaopçãodenãopecar!JánosalertouPaulo“Seiquenadadebomhabitaemmim,istoé,emminhacarne.Porquetenhoodesejodefazeroqueébom,masnãoconsigorealizá-lo”Rm7.18.

AnegaçãodavontadedeDeusealutapelaindependênciadoprimeirocasalestãovivashojeemnossoser.Luteroentendiaopecadocomoegocentrismo,quebuscasomenteseusinteressesetiradeDeusedopróximooquelheédevido.Opecadosemanifestacomoindependênciaregidapelaingratidão,nãoreconhecendoavidacomodomdeDeus.Pelocontrário,opecadorseutilizadessebemrecebidoeousacontraopróprioDeuseopróximo,vivendoapartirdesimesmo,fazendodessedomumfimemsi.Emsíntese,tudoqueoserhumanofazoudeixadefazer,éparabenefíciopróprio,ouseja,viveparasi.72

Percebemos, assim, que nossa condição de pecadores nos faz constantemente errar o alvo. Opecado,comoforçainternaeexterna,éoGPSquenosdirecionaparaocaminhoerrado.ÉoquePaulochamadecarne,essamaneiradeviverdeformahostilaDeuseàSuavontade.Vivernacarne“denotasimplesmenteavidavividanoníveldamaterialidade,emdecomposição,emqueasatisfaçãodoapetiteedodesejohumanoéoobjetivosupremo:‘cujodeuséoventre’(Fp3.19)”.73

Críticosdareligiãodiziam,eaindadizem,queoconceitodopecadoéinvençãodesacerdotesquequeremsubjugaropovo.Issoéumabsurdo,poisbastaligarmosaTVousairmosnaruaparavermosasmarcas do pecado estampadas na boa criação deDeus. ParafraseandoNiebuhr: a doutrina do pecadooriginal é empiricamente provável.74 Os fatos comprovam nossa maldade inata! E com a Bíblia,aprendemosquenãoénegandoopecadoquevamosnoslivrardele,ésomentenaentregaaCristoqueosefeitosdopecadosãodestruídos.

Oobjetivodesefalardopecadonãoépelopecadoemsi,masressaltaracondiçãodedevedoresdiantedoCriador.Porisso,vamosvoltarafalardoFilhocrucificadoeSeuresgateemfavordemuitos.75

Libertosdaescravidãodopecado(redenção,expiação,propiciaçãoejustificação)QuandolemosnaBíbliaem1Pedro1.18-19:“Poisvocêssabemquenãofoipormeiodecoisas

perecíveiscomoprataououroquevocêsforamredimidosdasuamaneiravaziadeviver,transmitidaporseusantepassados,maspelopreciososanguedeCristo,comodeumcordeirosemmanchaesemdefeito”,temosdeentenderqueredençãoaquiémaisdoquesimpleslivramento.Elasignificaliberdadeconcedidamediantepagamento.Vendidoscomoescravosdopecado,umsenhorcruel,nossodestinonãoseriaoutro,alémdamorte(Rm7.14;6.23).Porisso,falarderedençãoéolharparaacruz,everquesemelacontinuaríamosvivendodemaneiravaziaesempropósito.Éperceberqueocustodanossaliberdadefoicarodemaisparadesperdiçarmosavidaemtornodenósmesmos.76

ExisteummotivomuitoclaropeloqualJoãoBatistaexclama:“Vejam!ÉoCordeirodeDeus,quetiraopecadodomundo!” (Jo1.29).Cordeirosou cabritos eramanimaisutilizados em sacrifíciosnoAntigoTestamento,eremetemàPáscoa(Ex12).Essesanimaiseramsubstitutossacrificiais,vistoDeusnãoaprovaramortedeumserhumanocomoexpiaçãodepecado.NoNovoTestamento,PauloidentificaCristocomoa“nossaPáscoa”(1Co5.7)eemmuitosoutrostextosoNTdeixaclaroanaturezasacrificial

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damortedeCristonacruz.77

Eparailustrarosconceitosdeexpiação,propiciaçãoejustificação,vamosolharbrevementeparaavidadograndereformadorMartinhoLutero.78Eleviveuemumcontextoemqueimperavaa“teologiadocagaço”,ouseja,aspessoasserviamaDeuspormedodeiremparaoinferno.Aprópriaigrejafomentavaesse discurso opressor, ensinando o fiel a pagar com piedade e dinheiro a suamorada no céu. Isso,obviamente,geravacrisessoteriológicas,despertandonaspessoasdúvidasquantoàsuasalvação:seráqueestouagradandoaDeus?Seráquesereisalvo?Oquemaisprecisofazeroucomprarparanãoirparaoinferno?Nessaépoca(etambémnanossa),asalvaçãoestavanosméritosdoindivíduoeeraaigrejaqueforneciaexpiaçãodospecados.Emresumo:

EmboraDeusfossemisericordiosoeCristotivessemorridopelospecadosdomundo,[...]aresponsabilidadedo pecador [era] agir em favor da sua própria alma com rigorosa autoanálise, boas obras e abnegação,oração e práticas piedosas. Deus está a perdoar o pecador, mas existem condições que precisam seratendidasequesóopecadorpoderealizar.Acimade tudo,opecadordeveestargenuinamentecontritoe

devefazerumaconfissãosinceraecompleta.79

EssareligiosidadedeixavaLuterosemprecomsentimentodeculpa,poistodososseusesforçosnãopareciam suficientes para aplacar a ira de Deus. Mais tarde ele disse: “Eu não amava, na verdadeodiava,aqueleDeusquepuniaospecadores”.80

FoisomentedepoisdesetornarprofessordeBíblia,queLuterofoientenderajustiçadeDeus.ParaeleoamoreairadeDeussemanifestamnocrucificado.Deusnãotoleraopecado,porissoEleocastigaemsuaira.Mascomooobjetivod’Elenãoéocastigo,masavidadopecador,EleentregaSeuFilho,oqualassumesobreSiessecastigo/iraemfavordenós.LuteroenfatizaqueoobjetivofinaldeDeuséoamor.81 Em outras palavras: na obra expiatória deCristo na cruz, não somente temos nossos pecadoscobertos, purificados e perdoados (expiação), mas também a ira de Deus é aplacada (propiciação).Nesse sentido, podemos citar Romanos 3.25: “Deus O ofereceu [Jesus] como sacrifício parapropiciaçãomedianteafé,peloSeusangue,demonstrandoaSuajustiça[...]”,sobreessapassagemocomentaristabíblicoCranfielddestacaque:

TomamosadeclaraçãodePaulonosentidodequeDeusquisoCristocomoumsacrifíciopropiciatório,nosentido de que Deus, já que na sua misericórdia resolveu perdoar os homens pecadores e, sendoverdadeiramentemisericordioso,queriaperdoá-losdemodojusto,istoé,semdeformaalgumatoleraroseupecado,propôs-sedirigircontraseupróprioEu,napessoadoSeuFilho, todoopesodaquela ira justaque

elesmereciam.82

Lutero ao entender isso entra emum caminho de redescoberta do evangelho da graça. Justiça deDeus, dizia ele, não é uma justiça que julga e faz exigências,mas é justiça dada porDeus emgraça:“PorquenoevangelhoéreveladaajustiçadeDeus,umajustiçaquedoprincípioaofimépelafécomoestáescrito: ‘O justoviveráSOMENTEpela fé’”.E fé édomdeDeus.Começaa ficar claroparaoreformadorque“essajustiçaéadquiridapelosofrimentoemortedeCristo,eéatribuídaaohomempelafé,independentementedequalquerméritooudignidadehumana.DeusdeclaraopecadorjustoporcausadeCristo”.83Ejustificaçãovaialémdoconceitosertornadojustodopontodevistajurídico.Maisdoqueserabsolvidodeumapunição,serjustificado,tantonoATcomonoNT,éencontrarofavordeDeus,seralvodasuamisericórdia.84ÉterorelacionamentocomDeusreligado.

Sendoassim,podemosentender justificaçãodessa forma: serdeclarado justopelopróprioCristocomomanifestaçãodo amordeDeus.Tal atoocorre quandoo ser humano sehumilhaperanteDeus ereconhecequeépecadorequenãoexistenadaqueele,porcontaprópria,possafazerparasersalvo,porisso clama pela misericórdia e graça de Deus.85 Nesse sentido, Lutero disse: “Portanto [...] aprendaCristoeOaprendacrucificado;aprendaaoraraEle,perdendotodaesperançaemsimesmo,ediga:‘Tu,

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SenhorJesus,ésaminhajustiça,eeusouoTeupecado;tomasteemTimesmooquenãoerasedeste-meoquenãosou’”.86

Amarradoaoconceitodejustificaçãoestáoconceitodegraçaefé.Easpalavrasabaixo,reforçamoquejátemosdito:

Épor issoquesomos justificadossomentepelagraça,poisépela justiçadeoutroquesomos feitos justosdiantedeDeus.Issonãoénossaobraprópria,masodomdeDeus,oresultadodetudooqueeletemfeito.Isso é imerecido, umaobradabondade emisericórdiadeDeus. [...] tambémsomos justificados somentepelafé,poisafésalvadoraéoabandonodaconfiançaemnósmesmoseaassunçãodeumcompromissocom Jesus Cristo. Ao nos entregarmos a Ele, estamos confessando tanto nossa pecaminosidade quanto

apenasajustiçadeCristo,aqualésuficienteparacapacitar-nosavivercomDeus.87

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Imagino que começa a ficar claro que a nossa salvação não depende de nós, ela está ancoradatotalmentenaobradeCristo(Rm3;Ef2).JesuséoespelhodocoraçãopaternodeDeus,n’Elepodemosafirmarsemtitubear:Deusépornós,quernossalvar!Esseamorqueabsolvedegraçaopecadorquecrê,quedeclara justo aquelequeé injusto, transcendenossa compreensãohumana,nosso sensode justiça.Contudo é assim que Deus revela Sua misericórdia à humanidade. Se procurarmos entender asmotivaçõesdeDeus,nãoacharemosmuitasexplicações,esóumasedestacará:Deusnosamaepontofinal.

Mesmoque a salvação não dependa de nós, isso não quer dizer que devemos viver de qualquermaneira,abandonandoospreceitoscristãos.Nãosomossalvospelasobras,massalvosparaboasobras,“porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deuspreparouantesparanósaspraticarmos”(Ef2.10).SegundoLutero,ofrutodajustificaçãoéaféativanoamor.AmornãodirigidoprimeiramenteaDeus,comoformadeconseguiralgumméritosalvífico,masaopróximo,porqueocristãovivenãoemsimesmo,masemCristoeemseupróximo,diziaLutero.

A justificaçãopela fé somente liberta-mepara amar omeupróximodesinteressadamente, por causa delemesmo,comomeuirmãoouirmã,nãocomomeiocalculadoparameusprópriosobjetosdesejados.Vistoquenãomaiscarregamosoinsuportávelpesodaautojustificação,estamoslivres“paraserdeCristounsparaosoutros”, para nos consumirmos em favor dos outros, mesmo como Cristo também nos amou e deu a si

mesmopornós.88

Esse conceito de Lutero encaixa-se, de certa forma, com o que Paulo disse a Tito (2.11-14):“PorqueagraçadeDeussemanifestousalvadoraa todososhomens.Elanosensinaarenunciaràimpiedade eàspaixõesmundanas ea viverdemaneira sensata, justa epiedosanesta erapresenteenquantoaguardamosabenditaesperança:agloriosamanifestaçãodenossograndeDeuseSalvador,JesusCristo.Eleseentregoupornósafimdenosremirdetodaamaldadeepurificarparasimesmoumpovoparticularmenteseu,dedicadoàpráticadeboasobras”.Otextovaialémdapráticadeboasobras, fala de vida piedosa, mas isso será discutido no tópico “santificação”, quando falarmos doEspíritoSanto.Porora, é importante frisarque ser salvoporCristonãonos isentadaobediênciaaosmandamentos,pelocontrário,reforçanossocompromissocomeles.

AcentralidadedaCruzNenhumoutroteólogofaloudacentralidadedacruzcomoLutero.Suateologiadacruzensinaqueé

nafraquezaexpostanocalvárioqueDeusdesejaserconhecido(teologiadacruz),enãopormeiodassuasobras(teologiadaglória).

VistoqueaspessoasusarammaloconhecimentodeDeuspelasobras[Rm1],Deusdesejasernovamentereconhecido, agora, nos seus sofrimentos [...] Assim, não é suficiente nem proveitoso para ninguémreconhecer a Deus em sua glória e majestade se não o reconhecer em sua humilhação e vergonha da

cruz.89

Assim,ateologiadaglóriareconheceaDeustãosomentepelassuasobras,eaquiLuterotememmente tanto as obras de Deus na criação como as obras da própria pessoa. Também quando fala desofrimento,refere-setantoaosofrimentodeCristo,quantoaosofrimentodofiel.Semessacentralidadedacruznaconstruçãodafé,oserhumanosustenta-senasobras,sejamasdeDeusouassuasprópriase,assim, cria uma falsa piedade, pois Deus quer ser conhecido e compreendido não na força oudemonstraçãodepoder,masnafraqueza,nademonstraçãodagraçaquesesujeitaàcruz,afimdesalvarohomemdopecadoedamorte.90Luteroafirma:

Istoéevidente,poisenquantoignoraCristo,eleignoraoDeusocultonossofrimentos.Porisso,prefereasobrasaossofrimentos,aglóriaàcruz,opoderàdebilidade,asabedoriaàtolicee,deummodogeral,obemaomal.EssessãoosqueoapóstolochamadeinimigosdacruzdeCristo,certamenteporqueodeiamacruz

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e os sofrimentos, ao passo que amam as obras e a um bem. Já dissemos, no entanto, que Deus não éencontradosenãonossofrimentosenacruz.Osamigosdacruzafirmamqueacruzéboaequeasobrassão más, porque, pela cruz, são destruídas as obras e é crucificado o Adão; pelas obras, este é, antes,edificado.Portanto,éimpossívelquenãoseenvaideçacomsuasobrasapessoaquenãoforprimeiramenteexinanidaedestruídapelossofrimentosemales,atéquesaibaqueelamesmanadaéequeasobrasnãosão

suas,masdeDeus.91

As implicações dessas duas teologias afetam diretamente o relacionamento entre o humano e odivino,trazemàtonanovamenteadiscussãosobresalvaçãoporgraçaouporobras,jádiscutidaacima.Nateologiadacruznãoexisteespaçoparaoméritoeaautoconfiança.FoipelacruzqueDeusescolheusalvar,eépelacruzqueresolveuserevelar.Porisso,nossameditaçãonosofrimentodeCristonasexta-feiradaPaixãoétãoimportante,poisElemostraocaminhoasertrilhadonoconhecimentodeDeus.

Devemos reconheceracentralidadedacruznaobradeDeusemCristo,contudo,apesardeserocentro,nãoéatotalidadedessaobra.VamostrataragoradoeventoquechanceloutodaavidaeobradeCristoemestadodehumilhação:aressurreição.

OFilhoressurretoQuandofalamosdaencarnaçãoecrucificaçãodeJesusCristo,estamosfalandod’Elenoestadode

humilhação,poisoFilhodeDeusdeixa,temporariamente,oconfortodaSuamoradaaoladodoPaiparacumpriraSuamissãoaquientrenós(Fp2.6-11).Obviamente,amortenãoestancariaoplanodeDeus,ese ela éopontomaisbaixonoestadodehumilhaçãodeCristo, a ressurreiçãoéoprimeiropassoderetornonoprocessodeSuaexaltação.92OCristoquefoicrucificadoéomesmoquefoiressuscitado!EquemressuscitouJesusCristo?TodaaTrindadeesteveenvolvidanesseprocesso.AlgunstextosapontamparaopoderdeCristocomofontedaressurreição(Jo11.25;10.18),outrosparaopoderdeDeus(At.2.24),especificamenteoPai(Rm6.4;1Pe1.3)eaindatextosquefalamdoEspíritoSantocomoagentedaressurreição.Diantedisso,oautorHermistenMaiaafirma:“ATrindadeéresponsávelpelaressurreiçãodeJesusCristo[...]oNovoTestamentocommaisfrequênciaatribuiaressurreiçãoaopoderdivino,semmencionarapessoadeDeus”.93

O sepulcro vazio surpreendeu os seguidores de Jesus, “Pedro, todavia, levantou-se e correu aosepulcro.Abaixando-se,viuasfaixasdelinhoemaisnada;afastou-se,evoltouadmiradocomoqueacontecera”(Lc24.12).MariaMadalenatambémseespanta,echora,poispensaqueroubaramocorpodoMestre(Jo20.13);nempassapelasuacabeçaapossibilidadedaressurreição.Nofundo,parecequeelesnãoesperavamporisso,tantoquevoltaramàssuasantigasfunções.94Porém,asapariçõesdoCristoressurretoabriramosolhosdosdiscípuloseestespassaramaentendereacreremtudoaquiloqueJesushaviaensinado.Foiaressurreiçãooestopimdamissãodaigrejaprimitiva.

Alémdeseramolapropulsoradamissãodaigreja,aressurreiçãodeCristoéumfatoimportante,pois, dentre muitos motivos, destaco três: primeiro, Ele não voltou simplesmente dos mortos, comooutros antes d’Ele. Lázaro foi trazido dosmortos,mas envelheceu emorreu.Cristo ressuscitou e nãomorreumais,vivesentadoàdestradeDeus;segundo,Suamorteseguidadaressurreiçãofoiaderrotadopoder da morte, ela não dá mais a palavra final; e, terceiro, Sua ressurreição livra da morte eternaaquelesquen’Elecreem,ouseja,osfiéisviverãoparasemprenapresençamanifestadeDeus.

AressurreiçãocomofatohistóricoParaaortodoxiacristã,aressurreiçãofoiumfatohistórico,ocorridonotempoenoespaço.Esse

dadoétãoimportante,quelogoapósomilagredaressurreição,játentaramdesmerecê-lo,dizendoqueocorpodeJesustinhasidoroubadopelosdiscípulos(Mt28.11-15).Obviamente,umacontecimentocomoesse,dariaumadimensãoenormeaomovimentoqueestavacomeçandoaseformaremtornodapessoadeJesusCristo.

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Comodissemos acima, aBíblia nãonegaqueos próprios seguidores deCristo foramcéticos aoouviremanotíciadasprimeiras testemunhas,que,porsinal,erammulheres.Eaqui jáencontramosumponto interessante.Seosautoresbíblicos tivessema intençãodeforjarumfatohistórico, jamais iriamcolocarcomoprimeirastestemunhas,mulheres,poisestasnãotinhammuitacredibilidadenasociedadedaépoca.Masdepois,elesmesmosforamconferir,eoSenhorapareceuaeles.

Provavelmente,muitaspessoasacompanharamosepultamentodeJesus.MariaMadalenaeaoutraMaria ficaram sentadas em frente ao sepulcro (Mt 27.61) e no dia seguinte, isto é, no sábado95, oschefes dos sacerdotes e os fariseus dirigiram-se a Pilatos e disseram: “Senhor, lembramos que,enquantoaindaestavavivo,aqueleimpostordisse:‘Depoisdetrêsdiasressuscitarei’.Ordena,pois,queosepulcrodelesejaguardadoatéoterceirodia,paraquenãovenhamseusdiscípulose,roubandoocorpo,digamaopovoqueeleressuscitoudentreosmortos.Esteúltimoenganoserápiordoqueoprimeiro”. “Levem um destacamento” respondeu Pilatos. “Podem ir, e mantenham o sepulcro emsegurançacomoacharemmelhor”.Eles foramearmaramumesquemadesegurançanosepulcro;ealémdedeixaremumdestacamentomontandoguarda,lacraramapedra.(Mt27.62-66).Dessaforma,seria um risco muito grande para os discípulos saírem divulgando que Cristo ressuscitou, não tendocerteza do fato, pois as autoridades judaicas poderiam simplesmentemostrar o corpo e acabar comapregaçãodosapóstolos.

WilliamL.CraigapresentamaisargumentosemseulivroEmGuarda(VidaNova,2011),mascomonossopropósitonãoétantoapologético,esimdoutrinário,pensoqueessesargumentossãosuficientes.Eos coloco aqui, pois é fundamental afirmar a historicidade da ressurreição, afinal, Paulo afirma queCristo é as primícias dos que dormem, isto é, sua ressurreição garante a nossa, se a d’Ele não forverdadeira,nossafééinútil.Vamos,então,entendermelhorasconsequênciasdaressurreiçãodeCristo,lendocomatençãoocapítulo15daprimeiracartadePauloaosCoríntioseoutrosversículosquefazemalusãoaessetema.

RegeneraçãoejustificaçãoasseguradaspelaressurreiçãoAinda iremos tratar da regeneração no capítulo sobre o Espírito Santo mais à frente, porém, é

importantetratá-lodentrodocontextodaressurreição,poisonascerdenovosóépossívelporcausadaressurreição.Pedroafirma:“BenditosejaoDeusePaidenossoSenhorJesusCristo!Conformeasuagrandemisericórdia,elenosregenerouparaumaesperançaviva,pormeiodaressurreiçãodeJesusCristo dentre osmortos.” (1Pe 1.3).Ao aniquilar o poder damorte, a vida eterna se torna possívelàquelesquerenascerememCristo.Aesperançavivahabitanocrenteregenerado,elesabequetodosossofrimentoseperseguiçõesqueatualmenteoassolam,nãoserãoapalavrafinalemsuavida,poisJesustrilhouomesmocaminho,sofreuatéamorte,masressuscitou,egarantiuassim,paraosSeus,omesmodestino.Aregeneraçãojáéavidadoporvir,invadindoocrenteaquieagora.96

Quanto à justificação, em Romanos 4.25 Paulo afirma: “Ele foi entregue à morte por nossospecadoseressuscitadoparanossajustificação”.PodemosdizerquearessurreiçãodeCristofoioselodeaprovaçãodoPaiatodaobraqueoFilhofez;foi“oresplandecentesimeAmémdeDeusatodaobrajá consumadanacruz”.97O texto também reflete a ideiadeque aPáscoa apontapara algo amais, nosentidodeque“Cristofoienaltecido,afimdesalvartambémosreconciliadosparatodoofuturo‘pelasuavida’(Rm5.10)”.98Dunn,aocomentarRomanos4.24-25,declara:

Adistinçãoentre“entreguepelasnossas faltas”e“ressuscitadoparanossa justificação”é retórica.Paulodificilmente quis dizer que foram feitos dois julgamentos distintos e independentes com base nos doiseventos.Masdeve-senotarqueelenãoconsideravaoefeitodamortesacrificialdeCristocomocompletoemsimesmo.Aprimeirapartenecessitavadaratificaçãodasegunda.AjustificaçãodeCristotambémera

ajustificaçãodosqueelerepresentou.99

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Grossomodo,podemosdizerqueDeus,aoressuscitarJesus,nãoOconsideravamaisculpadopelospecadosdomundo;consequentemente,seCristomorreupornósefoijustificado,eestamosunidosaEle,recebemostambémostatusdejustosaosolhosdeDeus.100

Sínteseexegéticadealgunsversículosde1Coríntios15101

Nessecapítulo,Pauloapresentaumasíntesedoevangelhoque recebeuedifundiunas igrejasquefundou. Aqui, a importância da ressurreição de Cristo é ressaltada a tal ponto que “se Cristo nãoressuscitou,éinútilanossapregação,comotambéméinútilaféquevocêstêm.[...]E,seCristonãoressuscitou, inútil é a fé que vocês têm, e ainda estão em seus pecados” (1Co 15.14;17). Ou seja, oevangelho não é completo sem a ressurreição, como já dito acima. “Amorte deCristo sozinha não éevangelho.”102 Somente ela não garantiria a salvação dos que creem. Ilustro isso com a figura de umescravoquefoiresgatadodasmãosdeumsenhorperversoejogadoaorelento,semproteçãoedestino,semesperança,semumnovosenhor.SemaressurreiçãodeCristo,esseserianossodestino.Mascomaressurreição,oresgateiniciadonacruznosconduzaumnovoSenhor.Senhordavidaedamorte,tantoqueosquejá“adormeceram”emCristoestãoseguros(v.15).

A lógica disso tudo é simples: se a ressurreição deCristo não é verdadeira, todos que vivem apartirdoevangelhodacruzeacreditamnessaPalavraestãovivendoumatremendaenganação,omaiortelefonesemfiodahistóriadahumanidade.Doqueadiantariavivercarregandoacruzeterumavidaderenúnciassenofimdascontasiríamosparaomesmolugardaquelesquedesprezamavidadefé?Senofim,morreríamosemnossospecados(v.17)eviveríamosnoreinodosmortos?Paulorespondeaissonosversículos19e20:“SeésomenteparaestavidaquetemosesperançaemCristo,somos,detodososhomens,osmaisdignosdecompaixão.MasdefatoCristoressuscitoudentreosmortos,sendoeleasprimíciasdentreaquelesquedormiram”.Aressurreiçãonãoéumahistóriainventadaparamotivarosfiéis a viverem demaneira pura e santificada, mas uma realidade que determina a nossa eternidade.QuandoPauloafirmaqueCristoéasprimíciasdosquedormemtememmenteque:

...asprimeirasespigasdograndecampoasercolhido,queassinalamocomeçodaprópriacolheitaeporissoprecisamterporconsequênciaaabundânciadasespigasrestantes.ComissoPaulosevoltademaneiraespecialcontraaideiadoscoríntios,quenãonegavamaressurreiçãodeJesusemsi,masaconsideravamumaexceçãosingular,semrelaçãocomonossoprópriofuturonamorte[...]Paulo,porém,mostraqueas“primícias”sãoapenasocomeçodeumasériequeforçosamentelhesegueeque,porisso,aressurreição

deJesuscomeçaummovimentoqueseexpandecadavezmais.103

O acontecimento da manhã da Páscoa atinge diretamente todos os seguidores de Jesus. Fé naressurreiçãoéesperançaviva.Luterousaa figuradopartoao falarsobrea ressurreição.Cristocomocabeçafoioprimeiro;nós,ocorpo,inevitavelmenteviremosatrás.Todaanossavidaaqui,derenúnciasesofrimentos,tambémserábrindadapelaressurreição;oterceirodiatambémchegaráparanós.

AascensãoEmmuitosmomentosJesuspredissequeretornariaparajuntodoPai(Jo6.62;14.2;20.17;etc.).Vir

àTerrademaneiracorpóreaerasomenteumapartedoplanodeDeusparaCristo.Comoditoacima,aressurreiçãofoioprimeiropassonocaminhodeexaltaçãodeCristo.Aascensãofoiosegundo,“Jesuspassoupelorestantedametamorfosequehaviacomeçadonaressurreiçãodeseucorpo”.104

Jesusprecisouascenderpor,pelomenos,duasrazões:aprimeiraéqueSeulugaréaoladodoPai,governandoacriação,porisso,estarassentadoàdestradeDeusnãosignificadescanso,pelocontrário,estar ao ladodireito significa terpoder, ena ética ensinadapelopróprioCristo,quem tempoder temresponsabilidade(At1.8).Jesusascendeuparagovernareintercederpornós(Hb7.25).

AsegundaéqueEleprecisavapreparar anossamorada (Jo14),pois seEle foiparaoPai,nóstambémiremos;essaéumadasgarantiasdaressurreição.Elefoi,masnãonosdeixousozinhos.Enviouo

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EspíritoSantoe,porisso,pôdedizerqueestariaconoscoatéaconsumaçãodosséculos(Mt28.20).SobreasegundavindadeJesusCristoeSeureino,quesãocontempladosnessapartesobreJesusno

credoemanálise, leiaoúltimocapítulo,noqualfalamossobreaesperançacristã.AgoravamostratarsobreaterceiraPessoadaTrindade,oEspíritoSanto,onossoConsoladoredinamizador.

Capítulo4OEspíritoSantoporRodrigoBibodeAquino...enoEspíritoSanto,SenhoreVivificador,queprocededoPai,quecomoPaieoFilhoconjuntamenteéadoradoeglorificado,quefalouatravésdosprofetas;

AortodoxiacristãmantémaolongodosséculosacrençanadivindadedoEspíritoSanto.Porém,Ele

nãoégerado,comooFilho,masprocededoPaiedoFilho.Eleéo“EspíritodeCristo(Rm8.9),nomesmosentidoemqueEleéoEspíritodaquelequeressuscitouaJesusdentreosmortos(Rm8.11).”105

Com o conceito de processão, o qual não deixa de ser um conceitomisterioso, não se quer falar desubordinação,afinal,oEspíritoSantotambéméDeus,masapenasentenderemquesentidoElesediferedasdemaisPessoasdaTrindade.Assim,oEspíritoéAquelequemantémestreitasrelaçõescomoPaiecomoFilho,ouseja,éolaçodeuniãoentreEles.EtambéméAquelequecriaolaçoentreacriaçãoeoCriador.

Já disse acima que o Espírito Santo é Deus, e que, junto ao Pai e ao Filho, age no mundo.Sistematicamente,podemospercebermaisoPainasobrasdacriação,oFilhonaobradaredençãoeoEspíritoSantoaplicandoessaobraredentoranacriaçãodeDeus.Essadistinçãoéapenasdidática,poistodasasPessoasagememconformidadecomaoutra.

É o Espírito Santo que está presente com a Igreja após a ascensão de Cristo, como Erickson eNicodemusafirmam:

OEspíritoSantoéopontoemqueaTrindadetorna-sepessoalparaoquecrê.Emgeral,pensamosnoPaicomo alguém transcendente e bem longe, no céu; de forma semelhante, oFilho parecemuito distante nahistóriae,portanto,relativamenteincognoscível.MasoEspíritoSantoéativodentrodavidadosquecreem;ele reside dentro de nós. O Espírito Santo é a pessoa específica da Trindade pormeio de quem toda a

DivindadeTriúnaatuaemnós.106

Paulodizque,porsuavez,DeusvemhabitarnaIgrejapeloseuEspírito.AIgrejaéolocaldahabitaçãode

DeusemEspírito.ATrindadebendita,peloEspírito,estáalipresente.107

Dessa forma, é muito importante entendermos essa ação do Espírito Santo em nós. Com osurgimentodosgrandesavivamentosnaEuropaenosEUA,principalmentedopentecostalismo,apessoadoEspíritoSantoganhoudestaquenocenárioevangélicoprotestante.Essaredescobertatrouxevidaparaa Igreja e suamissão,mas também trouxe confusão e excessos. Por isso, o estudo dapneumatologiarequercuidadoecautela,vistoquenãopodemossimplesmentenegaraaçãocarismáticadoEspíritonosdiasdehojeouaceitar tudocomosendomanifestaçãodomesmo.OcompromissocomasEscrituraséfundamentalparaodiscernimentodessasexperiênciaseseulugarnocorpodeCristo.

No livrodeAtos, ficaevidentequeoEspíritoSantoéoagenteatualizadordaobradeCristonahumanidade.Assim,nãoestamosfalandodeobrasdistintas,mascomplementareseinseparáveis,“Cristo

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eoEspíritorealizamumasóobradoreino.OEspíritoéacontinuaçãoterrenadaproclamaçãodoreinoproferida por Jesus”.108 Desse modo, a salvação acontece quando o nome de Cristo é anunciado eproclamado pormeio daPalavra.E a efetividade desse anúncio é obra doEspírito.Com isso, queroreforçaraaçãoconjuntadoTrinoDeusnacriação.AindaquealgumasatividadesnaBíbliaestejammaisligadasaoEspírito,issonãoquerdizerqueéumaobraindependente.NãopossodizerqueajustificaçãoéumaobraexclusivadoFilhoeasantificaçãoumaobrasomentedoEspírito,poisambassãoobrasdaTrindade.AdiferençaéquenajustificaçãoapessoadoFilhosedestaca,enquantoqueosversículosquefalamdasantificação,geralmente,ressaltamapessoadoEspírito.Masissoéquestãodeênfase,nãodeexclusividade.

VejaoqueaBíbliadizemJoão16.7-8:“Maseulhesafirmoqueéparaobemdevocêsqueeuvou.Seeunãofor,oConselheironãoviráparavocês;masseeufor,euoenviarei.Quandoelevier,convenceráomundodopecado,dajustiçaedojuízo.”.

Dessaforma, todooagirdeDeusemCristonomundoésempredenovorevigoradoeatualizadopeloEspíritoSanto.

OEspíritoqueadota

NateologiadoapóstoloPaulo,sersalvosignificaantesdequalquercoisa,receberoEspírito.Esse

recebimentonosdistinguedosímpios,vistoquenóstemosoEspírito,eEletestificaemnossointeriorque somos filhos de Deus (Rm 8.16). Sem a atuação do Espírito, uma pessoa não tem condições deentender o que Deus fez por intermédio de Cristo mediante a cruz. Na adoção, temos nossorelacionamentocomDeusrestauradoesaímosdoestadodealienaçãonoqualnosencontrávamos.

Pormeiodessadoutrina,tambémentendemosqueDeusnãopretendiaapenasinocentarosquen’Elecreem,livrando-osdacondenaçãodopecado(justificação),masconstituircomelesumrelacionamentoíntimo, como o familiar. Nas palavras de Packer: “Adoção sugere a ideia de família, concebida emtermosdeamor;evendoaDeuscomopai.NaadoçãoDeusnosrecebeemsuafamíliaecomunhãoenosestabelece como filhos e herdeiros. Intimidade, afeição e generosidade são os pontos altos desserelacionamento.”109

AadoçãonãoéumaaçãoexclusivadoEspírito,maséElequemfazbrotaremnossoscoraçõesoclamor peloAbbá(Gl 4.6) e sedimenta nossa esperança no amor de Deus (Rm 5.5). É por meio doEspíritoque temoscertezadequesomosfilhosdeDeus;ElenosmostracomoéoPaienosfazvivercomo filhos. Assim, não obedecemos aDeus pormedo de queimar no inferno ou porque precisamoscumprir diversas leis; obedecemos-Lhe por amá-Lo como Pai. E como filhos obedientes, aceitamostambémaSuadisciplinapaternal(Hb12.7)quandotropeçamosemnossasfalhas.Masvamosdeixaralgobem claro,Deus não pune nossos pecados, pois Jesus já foi punido em nosso lugar.Dessemodo, “adisciplinavemparanoscorrigireedificarnossocaráter,paraquesejamoscadavezmaisparecidoscomCristo”.110

OEspíritoqueregenera111A regeneração é uma ação do Espírito no interior do indivíduo que acreditou em Cristo. Se a

justificação é uma mudança de status perante o juízo de Deus, a regeneração é o novo nascimento.Berkhofdefine regeneraçãocomoaobra criadoradeDeusqueproduzvidanova, pela qual o homemvivificadocomCristopodeserchamadodenovacriatura.112

Diferentes termos são empregados na Bíblia para o conceito de regeneração: novo nascimento,

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ressurreiçãoouvivificação,novacriação,coraçãonovoementenova.Apassividadedoserhumanoéoqueessesvocábulosdeixambemclaro:Deuséoautordaregeneração!

Esteéumeventoemqueohomemépassivo,e issoseevidenciapelaprópria linguagemdaregeneração:nascemosnãopornossavontade,maspordecisãodivina(Jo1.12);denovo(oudoalto)(Jo3.3);doEspírito,

nãodacarne(Jo3.5-6).113

NoNT,o termoquetransmitefielmenteessaideiaderegeneraçãoépalingenesia (renascimento).ApareceemMateus19.28,falandodaregeneraçãodomundoquandooFilhodoHomemseassentaremSeutrono;etambémemTito3.5:“nãoporcausadeatosdejustiçapornóspraticados,masdevidoàsuamisericórdia,elenossalvoupelolavarregeneradorerenovadordoEspíritoSanto.”(grifonosso).Ericksonfrisaquenessetextotemosaideiabíblicadonovonascimento.114

NodiálogoentreJesuseNicodemos,emJoão3,temosaexposiçãomaisconhecidadaBíbliasobreoconceitoderegeneração/novonascimento.Nov.3,Jesusafirmaquesealguémnãonascerdenovo,nãopode ver o reino de Deus. No decorrer da conversa Jesus ainda faz afirmações como: “Não sesurpreenda pelo fato de eu ter dito: É necessário que vocês nasçam de novo” (v.7) e no v.8 usa aexpressão “nascido doEspírito”.O teor dessa fala de Jesus é a ação sobrenatural transformadora nointeriordoserhumano,semaqualelenãoconheceráoreinodeDeus.115

AindanessaconversaentreJesuseNicodemos,percebemosqueosignificadoderegeneraçãonãoétãosimplesquantoparece,tantoqueJesusprecisarepetiroconceitocompalavrasdiferentes.Contudo,épossívelfazermosalgumasafirmaçõessobreoconceitoderegeneração.

Como já dito, a regeneração é uma ação de Deus, que, por meio do Seu Espírito, vivifica umcoraçãomortoecrianelenovasfaculdadesecapacidades.Antesdaregeneraçãosomosdescritoscomo:

espiritualmentemortos,cegos,ignorantes,decoraçãoduro(Ef2.1;4.18)sobopoderdastrevas(Cl1.13)incapazesdeentenderascoisasespirituais(1Co2.14)incapazesdemudarmosanósmesmos(Jr13.23)

impuros(Tt1.15).116

Porém, depois da regeneração, somos renovados e nos tornamos o contrário dessa descrição.O

EspíritoSantorenovanossasmentesepassamosapensarcomamentedeCristo.ComofrisouOwen:Ser renovado no espírito de nossa mente significa que as nossas mentes possuem agora uma nova esalvadoraluzsobrenaturalqueascapacitaapensaremeagiremespiritualmente(Ef4.23;Rm12.2)ocrente

érenovadoem“conhecimentoàimagemdaquelequeocriou(Cl3.10).117

Assim, regeneraçãopode ser entendidacomoa revitalizaçãodo interiordo serhumano,oqualoEspíritoSantorenovaàimagemdeDeusnele,antesmaculadapelopecado.Dessaforma,aregeneraçãoimplicaem:

iluminaçãoespiritual,pelaqualoreinodeDeuspassaaservisívelparaoindivíduo,ouseja,elereconheceossinaisespalhadospelacriação;libertaçãodavontade,desuaescravidãoaopecado;purificação, pois a vida regenerada atenta para aPalavra deDeus. Por isso, a regeneração é uma reversãoda

depravaçãonoindivíduo.118

Depoisda regeneraçãosofremosasaçõesdoEspíritodeDeus,criandoassim,emnós,umanova

maneiradeviver.Eaquié importantefrisarmos,queserregeneradonãosignificaqueDeusacrescentaumanovanaturezaemnós.Nãotemosduasnaturezas,umaboaeumamá,temosapenasuma,queapósaregeneração passa a ter uma disposição paraDeus, e não émais determinada pelo pecado,mas pelo

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Espírito.

Quandoacontecearegeneração?Aregeneraçãonãoéumprocesso.ABíbliadáaentenderpormeiodasanalogiasusadas,queéalgo

instantâneo, pois ela afirmaque os crentes “nasceramde novo”, foram“vivificados”, etc., isto é, nãoestamossemprenascendodenovoousendovivificados.119

SabemosqueépormeiodapregaçãodaPalavraqueDeussalvaopecador.Logo,soboefeitodaPalavra anunciada (o chamado externo), o pecador recebe a ação regenerativa do Espírito Santo (ochamadointerno).QuandooEspíritoagepormeiodaPalavra,aféemJesusCristobrotaeoindivíduorecebeumanovavidaespiritualpassandoaserchamadofilhodeDeus.Dessaforma,aquelequeanteseraincapazderesponderaochamadosalvíficodeDeusétransformadopeloEspíritoparaquepossacrerna Palavra anunciada. Se entendido assim, não restam dúvidas de que a regeneração vem antes da fésalvífica.120

Emsíntese,nãosepodepontuarcomexatidãoomomentodaregeneração,mascomcertezapode-seafirmarquenãodependedavontadedoserhumanoesóaconteceondeaPalavradeDeusépregadaeoEspíritoSantoage(Tg1.18).121

Porqueprecisamosdaregeneração?Diante de tudo que já foi exposto, a resposta a essa questão é simples: precisamos dessa ação

regenerativa para nos voltar paraDeus, pois semela não encontraríamoso caminhoda salvação.Pormais que a sociedade secularizada defenda uma evolução do caráter humano, por meio doautoconhecimento,das reformassociaisoudamoralidade, sabemosoqueaPalavradizacercadoserhumanosemDeus:alguémpecadorecarente(Rm3.23;1Co2.14),logo,impotentediantedoseuprópriovazio.

Por isso, a únicamaneira dele viver conforme a vontade deDeus, é sofrendo umamudança quealteretodaadisposiçãodesuaalma,ouseja,precisaserregenerado.122

Aobradaregeneraçãoproduz,consequentemente,asantificação,umaaçãodoEspíritoquedinamizaoserhumanoaviveressanovanaturezanoseudiaadia.Ésobreelaquevoumeocuparnopróximoponto.

OEspíritoquesantificaAvidacristã tem iníciona justificaçãoena regeneração,masnãoparaaí.Elaéumacaminhada,

umaperegrinação,emqueacadapassonostornamosmaisparecidoscomCristo.O teólogo A. H. Strong define santificação como “aquela operação contínua do Espírito Santo,

medianteaqualasantadisposiçãooutorgadanaregeneraçãoémantidaefortalecida”.123IssoquerdizerqueoEspíritoSanto,pormeiodasantificação,desenvolveanovavidageradanocrentenomomentodaregeneração.OunaspalavrasdeErickson:“éacontinuaçãodoquefoiiniciadonaregeneração[...];éoEspíritoSantoaplicandonavidadocristãoaobrarealizadaporJesusCristo”.124

NoAntigoTestamentoOverbohebraicoqadash descreve a separaçãodeobjetos epessoasparao serviço aDeus.No

capítulo 29 de Êxodo temos o emprego de qadash para a consagração dos sacerdotes ao ministériodivino.Tambéméusadanocontextodepurezamoral(Is65.5).Eparaaqueleouaquiloquepertenceaosagradoéusadooadjetivoqadosh(santo).

OverboeoadjetivoseencontramemLevítico21.8,mostrandoariquezadotermo[...]Osacerdotedeveriaserconsagrado(qadash).JáqueelerepresentavaopovodiantedeDeus,eleeraqadosh,ouseparadodo

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povo[...]Podemosentenderapalavra(santo)emambosossentidos:santo,comoseparado,esanto,como

moralmenteperfeito.125

NoAToconceitodesantidadeestádecertaformaligadoàvocaçãodopovodeIsrael,poisfoiaestepovoqueDeusrevelouSuasantidadeeosantificou.EmIsrael,Deusmostrariacomoomundoestavaemtrevaseimpuro.Porisso,tudoaquiloquetivessecontatocomDeus,tinhadesersanto.126

TodasasleisentreguesparaIsraelvisavammostrarasantidadedeDeuseocuidadod’Eleparacomo povo escolhido. Viver sob os mandamentos de Deus era viver como povo escolhido. Por isso, asantificaçãonoATestáatreladaaopadrãodejustiçaquesemanifestanocaráterdeDeus,reveladonosmandamentos.

E é na radicalidade do primeiromandamento que temos o início da santificação (Ex 20.3), poisenquantooserhumanonãocolocaasuafénoúnicoDeus,nãoexisteverdadeiraespiritualidade.

AovivernesserelacionamentoexclusivocomoDeusdaaliança,Israelnãoencaraosmandamentoscomofardo,mascomobênção,comoalgopositivo.Tantoqueoconjuntode leisdopovodeIsraelsechamaTorah,quesignificainstrução.NaspalavrasdomongeAnselmGrünn:“Torahsignificainstrução,éoguiadeumDeusbondosoquenãoquerqueaspessoassepercamnosmeandrosdavida.”127

AsexigênciasdeDeusnãoexistem,então,paratiraraalegriadavida.AleimostraoamorqueDeustemparacomseupovoenosensinaaamaronossopróximo.Aexperiênciadavidaespiritualnestecontextonãoé questão de guardar as regras, mas, sim, de crescer em intimidade com o Senhor, experimentando averdadeira liberdade. O padrão é: conhecer e amar o Senhor, sendo que a obediência flui desse

relacionamento.128

Nesse sentido, é interessante perceber que já noAT oEspírito Santo gera “qualidadesmorais eespirituaisdesantidadeebondadenapessoaaquemseachegaouhabita”.129

NoNovoTestamentoÉnoNTqueaterceirapessoadaTrindadesedestacacomoosantificador.Berkhof,inclusive,chega

adizerqueraramenteseatribuisantidadeaDeusnaspáginasdoNovoTestamento,poisestaseprojetacomocaracterísticaespecialdoEspíritoSanto,“porquemoscrentessãosantificados,sãoqualificadosparaoserviçoesãoconduzidosaoseudestinoeterno”.Colaboracomessateoriaofatodequeapalavrahagios(santo)éempregadaemligaçãoaoEspíritodeDeuscercade100vezes.130

Comodisseacima,asantificaçãoéresultadodiretodaregeneração,logo,somossantos(1Co6.11).NacartaaosEfésios,Paulochamaaquelescristãosdesantos–hagios–masissonãoquerdizerqueelesjá tivessem chegado à perfeição moral. Aqui, hagios aponta simplesmente para o fato de que osdestinatários da carta são separados como povo de Deus. Nesse sentido, todos os cristãos, aquelesregeneradospeloEspírito,sãosantos.131ComoafirmaErickson:

A santificação, nesse sentido, é algo que ocorre bemno início da vida cristã, nomomento da conversão,juntamente com a regeneração e a justificação. É nesse sentido que oNovo Testamento se refere comtantafrequênciaaoscristãoscomo“santos”,mesmoquandoestãolongedaperfeição.Paulo,porexemplo,dirige-se dessa forma às pessoas da igreja de Corinto (1Co 1.2), embora, provavelmente fosse a mais

imperfeitadasigrejasaquetivesseministrado.132

Mesmo assim, é importante entendermos que santidade ou ser santo também tem a conotação dequalidademoral.Nessesentido,sersantonãosignificaapenasserseparadoporDeuseparaDeus,masagircomoalguémquepertenceaCristoeobedeceaosseusmandamentos.

Quandocomeçaasantificação?Começa na regeneração. A partir da regeneração o Espírito Santo começa a refrear a natureza

pecaminosa do ser humano. Assim, não nos sentimos confortáveis com o pecado e as práticas

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pecaminosas.Pauloorientaaosromanos:“Damesmaforma,considerem-semortosparaopecado,masvivosparaDeusemCristoJesus.Portanto,nãopermitamqueopecadocontinuedominandoosseuscorposmortais,fazendoquevocêsobedeçamaosseusdesejos.Nãoofereçamosmembrosdocorpodevocês ao pecado, como instrumentos de injustiça; antes ofereçam-se aDeus como quem voltou damorteparaavida;eofereçamosmembrosdocorpodevocêsaele,comoinstrumentosde justiça”.(Rm6.11-13)

Estarmortoparaopecadoquerdizer,aqui,teracapacidadedesuperaratitudestorpes,rompercomcomportamentos pecaminosos. Os regenerados são dinamizados pelo Espírito e recebem virtude paravencerem as tentações e não terem mais o pecado como seu senhor. Contudo, isso não quer dizerimunidadeaopecado,poiscomoveremos,nossasantificaçãonuncaserácompletaaqui.

SantificaçãocomoprocessoJá somos santos, mas ainda não. E é por não entender esse conceito que muitas pessoas não

compreendem a santificação. Somos santos porque somos separados por Deus, para ser seu povo.Contudo, o pecado ainda nos incomoda.ONT deixa claro que o pecado não é extirpado da vida docrente.PoraindaagirnoserhumanoéqueaBíbliaexortaanãoodeixarmosreinaremnossavida(Rm7;1Jo.8ss).Oversículo19docapítulo6deRomanosafirma:“Assimcomovocêsofereceramosmembrosdo seu corpo em escravidão à impureza e à maldade que leva à maldade, ofereçam-nos agora emescravidãoà justiçaque levaà santidade.”Gradualmente é que vamos nos tornandomais parecidoscomCristo.Tambémem2Coríntios3.18:“E todosnós,quecoma facedescobertacontemplamosaglóriadoSenhor,segundoasuaimagemestamossendotransformadoscomglóriacadavezmaior,aqualvemdoSenhor,queéoEspírito”.IssodeixaclaroqueDeuspormeiodoSeuEspíritosantificaSeupovopaulatinamente.Grudemafirma:

TodasasexortaçõesemandamentosdenaturezamoraldasepístolasdoNovoTestamentoseaplicamaqui,poisexortamcrentesaobservarumououtroaspecto,visandomaiorsantificaçãonavida.Aexperiênciade

todososautoresdoNovoTestamentoéquenossasantificaçãoaumentenocursodenossavidacristã.133

Logo, fica evidente que a santificação não será plena enquanto estivermos por aqui. Paulo, emFilipenses 1.6, afirma: “Estou convencido de que aquele que começou a boa obra em vocês, vaicompletá-laatéodiadeCristoJesus”.

A Bíblia também é clara ao dizer que se dissermos que não temos pecado, a nós mesmos nosenganamos(1Jo1.8ss).Averdadebíblicaéquepermanecemospecadoresmesmodepoisdaconversão,equesónoslivraremosdeleporcompleto,nodiadeCristoJesus,ouseja,odiaemqueElevoltarenoslevarparaocéu.ValelembrartambémaoraçãodoPaiNosso,queéumaespéciedemodelodeoraçãoaserrepetidatodososdias,pormeiodaqualJesusnosensinaapedirmosperdãopelosnossospecados(Mt6.11-12).

Aqui, cabe explicar a palavraperfeição encontrada emMateus 5.48 “Portanto, sejam perfeitoscomoperfeitoéoPaicelestialdevocês”.NaspalavrasdeErickson:

A palavra grega teleioi (“perfeito”), encontrada em Mateus 5.48, não significa “sem falha” ou “semmácula”.Antessignifica“completo”.Ébempossível,portanto,ser“perfeito”semserinteiramentelivredopecado.Ouseja,podemospossuiraplenitudedeJesusCristo(Ef4.13)etodoofrutodoEspírito(Gl5.22-

23)sempossuí-losporcompleto.134

O fato de não alcançarmos a perfeição moral nesta vida não deve ser motivo de desânimo esinônimodevidadesregrada,poisquemfoiregeneradoesantificadodevevivercomotal.Partindodessaideia,Hulmefrisou:

Em ambas as alianças, a antiga e a nova, Deus inicia a aliança, e o povo de Deus se compromete emlealdade para com ela. Tal compromisso influencia o comportamento. O relacionamento pactual implica

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obrigação.Aos“eleitos”temsidodadotudo–e,portanto,espera-sedelesquedeemtudo.135

PormaisqueasantificaçãosejaumaobradeDeusemnós(oindicativodequejásomossantosRm8.15-17),aBíblia tambémestácheiade imperativos(devemosfazeralgumacoisa,poisesseprocessonãoestáconcluído–Rm6emuitosoutrostextosbíblicos).OsimperativosnaBíbliadesafiamavontade,apelamaoesforçohumano.

Porisso,desempenhamosumpapelimportantenesseprocesso.NaforçadoEspírito,mortificamososfeitosdacarne(Rm8.13).Ecomofazemosisso?Nãoexistematalhosparaumavidasanta,eafórmulabíblicadavidaconsagradaéa leituradasEscrituraseameditaçãosobreelas(Sl1.2;Mt4.4;17.17);oração (Ef 6.18); adoração (Ef 5.18-20); testemunho (Mt 28-19ss); comunhão cristã (Hb 10.24-25) edomíniopróprio (Gl5.23).Dito isso, é sempre importante lembrarmosqueo focoda santificaçãoéaaçãodeDeusenãooesforçodaquelequeestásendosantificado.136

Enesseponto,devemos tomar todocuidadopossívelparanãocairmosno legalismo.Asalvaçãonãoépelasobras, já tratamosdissonocapítulo3.Nãotrocamospiedadeporumlugarnocéu.Muitospensam assim e, erroneamente, utilizamHebreus 12.14 como alicerce. Vamos dar uma rápida olhadanesseversículoeentendê-lomelhor.

Semsantidade,ninguémveráoSenhorOtextodeHebreus12.14diz:“Esforcem-separaviverempazcomtodoseparaseremsantos;sem

santidadeninguémveráoSenhor”.Constantementevejoesseversículosendousadocomobaseparaa“teologiadocagaço”.Pregadoresovociferamnatentativadeconvencerosouvintesasesepararemdomundo e fazerem tudo certinho para não irem para o inferno. Isso gera muitos crentes que só sepreocupamconsigomesmos,possuemumaespiritualidadeensimesmadaeumavidacristãmovidapelomedo.

Elesnãoentendemquesantificaçãonãoéumprocessoparasalvação,masparatestemunho.Ouemoutraspalavras,eunãomesantificoparasersalvo,masparasersal.OobjetivodaminhasantificaçãoéamanifestaçãodavontadedeDeusaomundo.Oprópriocontextodotextofaladecooperaçãoentreosirmãos,decoletividade,portanto,aminhasantificaçãonãoéparaqueeuvejaaDeus,masparaquemeupróximoOveja.Decertaforma,omeutestemunhoevidadefésãoauxíliosparaosqueestãotrôpegosnacaminhadacristã(v.12;15),apresentamagraçaparaoperdido(2Co5.18ss).

Nosversículosanterioresao14,oautorfalatambémdacorreçãodeDeussobreSeusfilhos,atoquetransformanossavidaparaqueelasejamaisparecidacomavidadeJesus.EserdiscípulodeCristosignifica estardebaixodaSuadisciplina.137Noversículo11, lemos: “Nenhumadisciplina parece sermotivodealegrianomomento,massimdetristeza.Maistarde,porém,produzfrutodejustiçaepazparaaquelesqueporela foramexercitados.”OvelhoAdãoemnósesperneiadiantedacorreçãodeDeus, exatamente como aquela criança quando corrigida pelos pais. Mas essa correção nos leva aoamadurecimento da vida de fé e, assim, produzimosfrutos de justiça. “Faz parte das afirmaçõesfundamentaisdaEscrituraSagradaqueDeusesperafrutosdavidadeSeusfilhos(cf.Sl1.3;Jr17.8;Jo15.1-8).FrutonadamaiséquepassaradianteavidarecebidadeDeus.”138

Assim,entendemosquesantificaçãoé terumavidacomoadeCristo,e isso implica,entreoutrascoisas,seguirempazcomtodoseobedeceraoPai,testemunhandodoSeuamorejustiça.

JustificaçãoesantificaçãoTanto a justificação como a santificação são obras de Deus em nós. Como afirma Jensen: “O

evangelho,o‘apenaspelagraça’,nãodeixaespaçoparaoorgulhohumano”.139Sepodemosfalaremumadiferença,équenasantificaçãoparticipamosdoprocesso.Porém,deveficarmuitoclaroquenãoéumprocessogeradodentrodemim,maséalgoexternoquemeinunda.OEspíritovemdefora.Ésemprede

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foraparadentro;quandoinvertooprocesso,nãoéevangelho.Aseguir,exponhoumquadronoqualFranklinFerreiraeAlanMyattapresentamessasdistinçõesde

maneirabemdidática.140

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OEspíritoquedápoder

SercheiodopoderdoEspíritosegundoaBíbliaé“manifestarapresençaativadeDeusnomundoe

em especial na igreja”.141 NoAntigo Testamento o Espírito Santo é apresentado como força ativa deDeus,agindocompodersobreacriaçãoesobreopovodeIsrael.142

Porém,noATsuaaçãonãoeraplena.Porcontadisso,algunstextosjáapontamparaumtempoemqueoEspíritoSanto seriaderramado semmedidaedemaneiramais abundante.Amaioriados textosassinalaparaaaçãodoEspíritosobreoMessias.JesusinclusivecitaIsaías61referindo-seaSimesmo.Já o texto de Joel 2.28 fala sobre umderramamento generalizado, não somente sobre oMessias,massobretodacarne.EmAtos2,temosocumprimentodessapromessa.

NoministérioterrenodeJesuspercebe-seopoderdoEspíritoSanto.OevangelistaLucaséoquemais evidencia isso em seu escrito. Ao folhear as páginas desse evangelho, constantemente leremosexpressõescomo“Jesus,nopoderdoEspírito”ou“Jesus,cheiodoEspíritoSanto”eissodenotaaaçãoconjunta dessas Pessoas da Trindade. Todos os feitos e milagres realizados por Jesus no poder doEspíritoforamparatestificaroanúnciodoreinodeDeusentreopovo.Damesmaforma,essepoderéconferidoàigreja.LucastambémregistraqueaatividadedosapóstoloseraguiadapeloEspíritoSanto(At 13, por exemplo) e em Atos 1.8 podemos ler: “Mas receberão poder quando o Espírito Santodescersobrevocês,eserãominhastestemunhasemJerusalém,emtodaaJudéiaeSamaria,eatéosconfinsdaterra”.AigrejaécheiadopoderdoEspíritoparaapromoçãodoreino,nãodeministériosouindivíduos.

Lucas empresta o termo testemunhas do linguajar jurídico. Durante um processo judicial astestemunhassãointerrogadasenãosãoseuspensamentosouopiniõesquedevemexternar,massimoquevirameouviram.Astestemunhasestabelecemoqueaconteceunarealidade.Assimsãoosapóstolos(At4.20).EmseucomentáriosobreAtosdosApóstolos,Boorafirma:

Noentanto,comosetrataderealidadesinvisíveis,divinas,nãobastamtodosostestemunhoshumanosparaconvenceropróximodosfatos.SomenteopoderdoEspíritoSantopodeatestarotestemunhodeJesusdeformaque atinja a consciênciadapessoa e ela creia ou se rebele contra a verdade, que já nãopode ser

negada.143

Dessamaneira, foipelopoderdoEspíritoqueosdiscípulos se tornaram testemunhaseficazesdamensagemdeCristo,enós,pelomesmopoder,nos tornamos testemunhashoje. Issoépossívelporqueherdamosumlivroquepreservaabasedapregaçãoapostólicaeassimfundamentaanossapregaçãoetestemunho.Aindaquenãotenhamosvivenciadooseventosquealisãonarrados,acreditamosnoAutordolivroeconfiamosnahistóriaquenosantecede,por isso,naatualidade, testemunhamosdosmesmosacontecimentoseensinamentosdopassado,tendoacertezadequeomesmoEspíritoSantoqueconvencianopassado,convencenopresente(Jo16.8).Aleluia!

OEspíritoqueencheSer cheiodoEspíritoSanto, paramuitos cristãos, significa falar em línguas, ter uma experiência

extática,pregarfalandoalto,mover-secomoseestivesseforadesiecontroladoporDeus,profetizaretc.Pensoque umapessoa cheia doEspírito pode, sim, fazer essas coisas; não estou julgando a validadedessasmanifestações.Porém,sercheiodoEspíritovaimuitoalémdessasexperiências.Nãopodemoscondicionar o enchimento do Espírito a episódios dessa natureza. Stott distingue pelo menos trêsmodalidades de enchimento pelo Espírito Santo ao analisar os textos do NT144. Em primeiro, está

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implícitaaideiadequesercheioeraumacondiçãonormaldetodososcrentes,comoossetehomensqueforamdesignadosparacuidardasviúvasdaigrejadeJerusalém,entreoutrosrequisitos,precisavamsercheiosdoEspírito(At6.3);Barnabéédescritocomo“umhomembom,cheiodoEspíritoSantoedefé”(At11.24)eosrecém-convertidosdeAntioquiadaPisídia,mesmodepoisdapartidadePauloeBarnabé,“continuavam cheios de alegria e do Espírito Santo”. Percebe-se que nessas passagens, nada desobrenaturalédescrito.

Em segundo, a expressão também indica uma capacitação para umministério ou cargo especial(JoãoBatistaLc1.15ss;PauloAt9.17)e, em terceiro lugar,Stott faladoscasosemqueapessoa foicheiadoEspíritoparaarealizaçãodeumatarefaimediata,comoZacariaseIsabel(Lc1);Pedroantesdefalar ao Sinédrio; Pedro e João orando com um grupo de irmãos foram cheios do Espírito Santo epregaramcomintrepidezaPalavradeDeus(Lc4);Estevãoantesdesermartirizado(At7.55)ePauloantesderepreenderomágicoElimas(At13.9).

EmJesusCristotemosessastrêsmodalidades,poisElevoltoudoJordãocheiodoEspíritoSanto,indicandoSeuestadonormal.IssoocorreulogodepoisdoSeubatismo,momentonoqualfoiungidoparaoSeuministério e, imediatamente, foi guiadopelomesmoEspírito à tentaçãonodeserto, voltandodaprovaçãonaforçadoEspírito(Lc4.14).“ParecequeoSenhorfoifortalecidodemaneiraespecialpeloEspíritoparaessaemergência.”145

Porcontadisso,entendemosquenemsempreaexperiênciadesercheiopeloEspíritoestáatreladaaalgo fantásticoou incomum.Mesmoquenos relatosdeAtosháeventosnosquaispessoas falaramemlínguas após o enchimento do Espírito (2; 10; 19) há também relatos, já citados acima, em que aglossolalianãoémencionada.Eaquitocamosnumpontoimportante,poisestamosafirmandoqueofalaremlínguasnãoécondiçãoeevidênciainicialdorecebimentodoEspíritoSanto,eleésómaisumdosdonsdistribuídospeloEspírito(esseassuntoseráabordadoposteriormente).Masoqueevidenciaentãoesserecebimento?

Como já ficou subentendido, o recebimento do Espírito Santo, às vezes, é acompanhado demanifestaçõesextraordináriase,àsvezes,não.NaspalavrasdoteólogopentecostalGordonFee:“Todosnós que confiamos em Cristo recebemos o Espírito, mesmo que a vinda do dom seja maistranquila”.146Feeentendequeo recebimentodoEspíritoacontecenaconversão,semEle,elanãoseriapossível. E assim, a evidência do recebimento do Espírito é uma vida de convertido a Cristo, desantificaçãoe,consequentemente,umavidafrutífera!

DosmuitostextosdoNTquefalamsobreumavidanoEspíritoSanto,vamosnosdeter,pelomenos,no texto deEfésios 5.18.Não temos espaço para analisar todas as ocorrências,mas esse versículo éemblemático:“Não se embriaguem com vinho, que leva à libertinagem,mas deixem-se encher peloEspírito”.ANVIcaptamelhorosentidoteológicodotextooriginalaocolocaroimperativomasenchei-vos do Espírito. Já a ARA coloca na voz passivamas deixem-se encher pelo Espírito. Nicodemusexplicaque:

Omodoimperativo[nogrego]podeocorrernavozativa,médiaoupassiva.Aexpressãogregausada[...]podeestarnavozpassivaoumédia.Omaisprováveléquesejapassiva.Nessecaso,atraduçãoseria“sedeenchidos pelo Espírito”. Quero sugerir que talvez essa seja a melhor tradução, e não “enchei-vos doEspírito”,comoemnossaversãodeAlmeida.Estaúltimaenfatizaoaspectoreflexivocaracterísticodavozmédia,aopassoque“sedeenchidos”(passivo)enfatizaaaçãodoEspíritoemnóseseharmonizamelhor

comoensinodorestantedoNovoTestamentosobreaatividadedoEspíritonavidadocrente.147

Essaexplicaçãonãoquernos isentardessaordemdoapóstoloPauloaosseguidoresdeJesus;deoutromodo,elanosdeixaclaroqueoEspíritoSantoéumaPessoaquetemagendaprópria,nãopodendosermanipuladopelaigreja.

Em nossos dias, muitas esquisitices têm acontecido. Pregadores tratam o Espírito como algoimpessoal,comoumacoisaqueelespodempegarelançarsobreopúblico,sejaumgásouumlíquido

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divino. Alguns sopram sobre as pessoas, outros movimentam o paletó, enfim, vai da criatividade dopregador.O problema é que se esquecem de que estão lidando com umaPessoa, não com uma coisamanipulávelecontrolável.AverdadebíblicaéquesóCristopodeconcederesopraroEspíritoSanto(Jo20.22).OqueencontramosnaBíbliasãopassagensemqueosapóstolosimpuseramasmãosnosfiéise esses receberam o Espírito Santo (At 8; 19). Segundo Stott, “imposição de mãos é um gestosignificativo que acompanha a oração em favor de alguém, seja para bênção, consolo, cura ouordenação”.148

Esse imperativodeEfésios5.18quer tornar-nossensíveisaodomíniodoEspírito,abertosaessapossibilidade. Assim como creio que pessoas possam estar num estadomais avançado de santidade,creio que é assim também com o enchimento do Espírito. Alguns crentes se entregam mais a essedomínio.

Paulo contrasta a embriaguez do vinho com a sobriedade doEspírito. Ser cheio doEspírito nãosignifica estar em êxtase espiritual. Ainda que possam acontecer experiências extáticas emmomentosespecíficosdacaminhadacristã,como jáafirmeiacima,nãoé issoquecaracterizaumavidacheiadoEspírito,atéporqueestamosfalandodeumavida,nãodemomentosesporádicos.Ocontextodov.18falade vida em comunidade e afirma que uma vida preenchida e dominada pelo Espírito émarcada pelasensatez, louvor e ação de graça. “Assim o preenchimento com o Espírito Santo chega à expressãovisívelemumavidapessoalecomunitáriaqueobtémdavontadedeDeusumparâmetrocompromissivo,queserveaoSenhorcomalegriaeemtudohonraaDeuscomoPai.”149

Outro ponto emque o estudo da gramática grega nos ajuda na compreensão desse texto, é que oimperativogregonotempopresenteindicacontinuidade,ouseja,nãoquerdizerqueumavezcheiodoEspírito,cheioparasempre.Foulkesesclarece:

AexperiênciadereceberoEspíritoSantodeformaacadapartedavidaserpermeadaecontroladaporElenãoéumaexperiênciaqueocorrede“umavezportodas”.NosprimeiroscapítulosdeAtosdosApóstolosrepete-seinúmerasvezesemqueosmesmosapóstolosficaram“cheioscomoEspíritoSanto”.Aimplicaçãoprática é que o cristão deve deixar sua vida aberta para ser constantemente e repetidamente cheia pelo

EspíritoSanto.150

Assim,sercheiodoEspíritoremetetambémaoquejáescrevemossobresantificaçãoeregeneração,poisaéticadoEspíritosóépossívelnumamenterenovadaenumavidaemprocessodesantificação.IssotambémcoadunacomaorientaçãodePauloaosgálatas:“Porissodigo:VivampeloEspírito,edemodonenhumsatisfarãoosdesejosdacarne”(Gl5.16).Énessacarta,inclusive,quePaulofalamuitodessavidanoEspíritoeseusfrutos.

OfrutodoEspíritoSetemumacoisaquepodeevidenciaraconversãodealguém,sãoosfrutosqueessapessoapassaa

produzir durante a sua vida.A verdadeira vida cristã émarcada por ações que refletem o caráter deDeus,assim,frutodoEspíritosão“metáforasquePaulousaparadescrevervirtudesquemanifestamasrealidadesdavidaemCristo”.151

Paulo resumeo frutodoEspíritoemGálatas5.22-23:“Maso frutodoEspíritoéamor,alegria,paz,paciência,amabilidade,bondade, fidelidade,mansidãoedomíniopróprio.Contraessas coisasnãohálei”.Dentrodocontextodessacarta,osfrutossãoaantítesedeumavidanacarne.Pauloquerexplicaraosgálatasque,pormaisqueoscristãosnãoestejammaisdebaixodaLei,issonãoosisentadaéticacristã,queparaoapóstolonãonascedaconstruçãohumana,masdadádivadoEspírito.“OpovodoEspíritonãosomentedesejaagradaraDeus,masécapacitado[espiritualmente]afazê-lo.”152

Comoosdons, estes“fruto”153 também sãopara a vida emcomunidade. Isso reflete o caráter doevangelho,pormeiodoqualavidaésempredirecionadaaopróximo.Somos livresdaescravidãodo

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pecadoparasermosescravosdeDeus(Rm6).EnoserviçoaDeus,éaonossopróximoqueservimos,porisso,essasvirtudessãotãoimportantesnacaminhadacristã,econtraelas,nãohálei!

OsdonsdoEspíritoComodissenoiníciodessecapítulo,oEspíritoSantoéaPessoadaTrindadequeestápresentecom

aIgreja.Suapresençatambémésentidanadistribuiçãodosdonsqueacapacitamnocumprimentodoseudever nomundo.Epor ter umadiversidade de frentes de atuação, tambémexiste umadiversidade dedons.

NãotemosespaçoparaabordartodasaslistasdedonsencontradasnoNovoTestamento(Rm12.6-8;1Co12-14;Ef4.11e1Pe4.10-11),masparanossopropósitonesse livro,podemosdarumarápidaolhadaparaocapítulo12de1Coríntios,emquePauloexplicaafunçãodosdonsnocorpodeCristo.Jensenargumenta:

Todaaargumentaçãopaulinaquantoadonsespirituaisvainosentidodequehávariedade.“Paraobemdetodos, Deus dá a cada um alguma prova da presença do Espírito Santo” (1Co 12.7). O Espírito “... dádiferentesdonsacadaum,conformequer”(1Co12.11).Ocorpotemmuitaspartes.Cadaparteparticipadocorpo.Cadapartedocorpoécarismática.Cadaqualtemseu(s)próprio(s)dom(ns).Éassim,porquecadapartedocorpofoibatizadaerecebeudebeberdomesmoEspírito(1Co12.13).OmesmoEspíritocapacitaa

todosafuncionarnocorpodeCristo:aigreja.154

Afiguradocorpoémuitoapropriada,poistodosnóssabemosdaimportânciadecadaumdenossosmembros.Assim,osdons sãodistribuídospara todoocorpo,paraedificaçãode todososmembrosenuncaumdomserveparaedificaçãodosindivíduosqueomanifestam(salvoodelínguas).Outropontoimportante que a figura do corpo nos ajuda a compreender é que, embora nem todos os dons sejamigualmentenotáveis,todososdonssãoimportantes(1Co12.22-26)equenenhummembroterátodososdons,alémdequeelessãodistribuídospeloEspírito(12.11).155

Aindaquepossamexistiralgunsdonsdedestaque“buscaiosmelhoresdons”issonãovisadestacarapessoaqueomanifesta,pelocontrário,aumentaaresponsabilidadedoportadordiantedacomunidade.No corpo humano, o cérebro é “mais importante” que o “dedo mindinho do pé”156, porém, isso nãodesqualificaessededocomopartedocorpo.Logo,todomembroéimportantenasfunçõesdocorpoeporisso,dinamizadopeloEspíritocomdonsconformeaSuavontade.157

OdomdelínguaseobatismocomoEspíritoSantoDelonge,esseéumdosdonsmaiscomentadoseestudadosaolongodahistóriarecentedaigreja,

principalmentedepoisdoMovimentoPentecostal.Tragicamente,éodomquemaistemdivididoocorpodeCristo,poisalgumasconfissõesnãoacreditamnasuaatualidade,enquantooutrasoenfatizam.

Maisumavezoespaçonãomepermitetraçarumperfildacompreensãodessedomnasdiferentesconfissões, issonaverdade renderia alguns livros, poisdentrodasmuitasdenominaçõeshádiferentesopiniões a respeito do falar em línguas, por isso, limito-me aqui a esboçar a compreensão que tenhoacercadessedom.158

O Novo Testamento não coloca esse dom atrelado necessariamente ao batismo com o EspíritoSanto.AindaquetenhaacontecidoemalgumasocorrênciasnolivrodeAtos,issonãoéaregrabíblica.159

Porexemplo,paraoapóstoloPaulo,serbatizadonoEspíritoSantoeraserinseridonocorpodeCristo,como lemos em 1 Coríntios 12.13 “Pois em um só corpo todos nós fomos batizados em um únicoEspírito: quer judeus, quergregos, quer escravos, quer livres.Ea todosnós foi dadobeberdeumúnico Espírito.” Grudem, em sua sistemática, afirma que os discípulos experimentaram de fato umbatismonoEspíritoSantodepoisdaconversãonodiadePentecostes,“masissoocorreuporqueestavamvivendonummomentoúnicodahistória [a transiçãoentreavelhaenovaalianças] e,portanto, esse

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eventonavidadelesnãoéumpadrãoquedevemosprocurarimitar”.160

Com isso, nãoqueronegarque após a conversãoumcristãonãopossa ter experiências extáticas(êxtase) advindas de uma busca sincera por Deus. O dom de línguas, por exemplo, geralmente semanifesta no crente nessesmomentos. Porém, a essas experiências, penso eu, não encontramos basessólidasnasEscriturasparadenominarmosdebatismocomoEspíritoSanto.

Falar em línguas, enquanto dom, tem como objetivo a edificação do próprio indivíduo. Sobre 1Coríntios14.4Welkerafirma:“Emlínguasoraoespíritodaspessoas,abendiçãoéfaladaemEspírito”(cf.14.14,16).161Fazbemoraremlínguas.Paulodesejavaquetodososcoríntiosfalassememlínguas,porém“prefiroqueprofetizem.Quemprofetizaémaiordoqueaquelequefalaemlínguas,anãoserqueasinterprete,paraqueaigrejasejaedificada”.Concluoapartirdessetextoe,principalmente,de1Coríntios12.30algumascoisasquejulgoimportantes.Primeira:falaremlínguasfazbemaoindivíduo,porisso,podeserbuscado,porém,elepertenceaumalistaqueédistribuídapeloEspírito,assim,talvezmesmo que você busque, não receba.162 Segunda: ao dizer que queria que todos falassem em línguas,Paulo dá a entender que nem todos na comunidade falavam e a resposta à pergunta de Paulo em 1Coríntios12.30evocaumnãocomoresposta,“Têmtodosodomdecurar?Falamtodosemlínguas?Todosinterpretam?”.Terceiro:essedomestálongedeseromaisimportantedalistadePaulo,poisosdonsdevemserviràcomunidade.Falaremlínguasnocultopúblicodeveserseguidodeinterpretação,para que toda a comunidade seja servida e edificada, caso contrário “vocês estarão simplesmentefalandoaoar”(1Co14.9).

Provavelmente, o que levou Paulo a escrever 1 Coríntios 14 era a supervalorização, por algumgrupodaigrejadeCorinto,dooraremlínguas.Paulorefutaissoe“acensuramaisforteestánorecursoaIsaías28.11ss(14.22),emqueseafirmaqueofalaremlínguaséum‘sinalparaosincrédulos’,dizendocomissoqueofalaremlínguasprovocanaquelesquenãocreemquepermaneçamemsuafaltadefé”.163

Diantede tudo isso, reforçamosoque já foiditoacima:avidadacomunidadevememprimeirolugar.Obviamente,paraumavidaemcomunidadesaudável,sãonecessários indivíduossaudáveis,porisso, todosdevembuscarosdons, inclusiveode línguas,paraque todoocorposejadinamizadopeloEspíritoecumpraseupapelnaobraredentoradeDeus.

OpecadoimperdoávelAindahoje,muitoscristãosnãoentendemoqueéopecadoimperdoáveldescritoemMateus12.32

“TodoaquelequedisserumapalavracontraoFilhodohomemseráperdoado,masquemfalarcontraoEspíritoSantonãoseráperdoado,nemnestaeranemnaquehádevir”.164MasoqueéblasfemarcontraoEspíritoSanto?Ocontextodapassagemsugereumarespostasimples.OsmestresdaleiestavamdizendoqueasobrasdeJesusCristoeramresultadodoespíritodoBelzebupresenten’Ele(v.24),istoé,Cristoparaelesestavaendemoninhado.Os fariseusnãoentendiamomessiado165de Jesus, afinal, elesesperavamoutrotipodeMessias.Pecadosassim,advindosdeumamáinterpretaçãoedepreconceitos,Jesusperdoa.Oproblemacomeçaquandoaverdadeérejeitadanãoporcausadeummal-entendido,maspor causa de ódio contra o divino. Quando conscientemente rejeitamos a verdade estamos contra oEspíritoSanto,oresponsávelpornosconvencerdopecado,dajustiçaedojuízo(Jo16.8).

BlasfêmiacontraoEspíritoSantoénegarasuaação,érejeitarapregaçãoapostólica(foioqueosjudeus fizeram), é problema doutrinário, é apostasia. Como afirma Stott: “Este pecado leva quem ocomete inexoravelmente a um estado de incorrigível embotamento moral e espiritual, porque pecouvoluntariamentecontraaprópriaconsciência.”166Épecadoimperdoávelporquevoluntariamenterejeitaoperdão!

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Capítulo5AIgrejaCristãPorAlexanderStahlhoeferCreionaIgreja.Una,santa,católicaeapostólica.Confessoumsóbatismopararemissãodospecados.

Comoaolongodetodonossolivro,começomeucapítulocomessaformulaçãoclássicapararefletira

respeitodaIgreja.Cadatópicocontarácomaspassagensbíblicasrelevantessobreoassunto.Claro,nãoposso deixar de lado a história da Igreja e as definições reformatórias clássicas; além disso, osproblemasatuaisdaIgrejaserãoapresentadoseabordados.

CreionaIgrejaAafirmação“creionaIgreja”éparaalgunsaprovadequeainstituiçãocristãéemsimesmadigna

de confiança, e ao mesmo tempo para outros a prova de que desde o período conciliar a Igreja éidolatradacomoumaconcorrentedeDeus.Atensãoentreinstituiçãoemovimentoestápresentedesdeoinício.

A instituição de umclero, amudança de uma incipiente igreja caseira emuma instituiçãoque sereúne em templos levou, no século II,Antão (ouAntônio) a viver sua espiritualidade cristã de formaisolada das demais pessoas. Segundo ele, “os monges que saem de suas celas, ou [que] buscam acompanhia do povo, perdem a paz, comoo peixe perde a vida fora d’água”.167Omonasticismo foi aprimeira formadeoposição à institucionalizaçãodavida cristã.Posteriormente, tambémomovimentomonásticoseinstitucionalizou.

Crisesmotivadaspordiscordânciasteológicasigualmenterepresentaramum“perigo”àmanutençãodainstituiçãoeclesiástica.Dentreasameaças,contamosodiversoedifusognosticismo,passandopelomarcionismo e arianismo.Não é possível simplesmente agrupá-los comomovimentos anti-igreja, poisforam, na verdade, rechaçados como heresia devido às diferentes compreensões teológicas daquelapresentenacorrentedominantedaIgreja.Talvezoarianismosejaomovimentoquemaisperdurou,tendosidolevadoadiantepormissionáriosatéaIrlanda,ÍndiaeChina.Sucumbiu,todavia,peranteoavançodaIgrejamedieval,eosurgimentodoIslã.

De tempos em tempos, novosmovimentos criticaram doutrinas ou práticas da Igreja cristã. Estemovimentopodeserdescrito,comopropôsThomasKuhn,comomudançasdeparadigma.168 Isto é,umnovoparadigmadeteologiaeIgrejasurge,baseadonoanterior,mascomnovasideiasenovofôlego.Elecresce, estrutura-se e, em certa medida, suplanta o anterior. Porém, com o tempo, também ele seinstitucionalizaenãotemmaisforçaparamudanças internas,porestarazãoésuplantadoporumnovoparadigmaemergente.EstadinâmicaprópriadeummovimentosocialdescreveadinâmicadahistóriadaIgreja como instituição humana; porém, como corpo ou Igreja invisível, não consegue abarcar asdimensões espirituais daquilo queCristo descreveu como Seu corpo. São estas dimensões espirituaiscom consequências sociais que oCredo apresenta em uma fórmula com quatro elementos: una, santa,católicaeapostólica.

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AIgrejaéunaAIgrejaéúnica.Suaunidadeéfato,poiselaéocorpodeCristo(1Co12.12-13),alémdeterumsó

pastor(Jo10.16).Háumsócorpo,umsóEspírito,umsóSenhor,umasófé,umsóbatismo,umsóDeus(Ef4.3-6).ComoháapenasumSenhoreumasófé,háapenasumaIgrejanotempoenoespaço.AIgrejanuncaacabaráenemexistirámaisdeumaIgrejadeJesus.Porestarazão,aunidadedaIgrejaresidenaunidadedeCristoenopertencimentodecadacristão,individualmente,aoseuSenhor(Ef2.19,1Co8.6).ÉasoberaniadeCristosobreaIgrejaquegaranteaunidade,nãooesforçohumanoparaserigualumaooutro.

Em contrapartida, a unidade visível da Igreja tem sido prejudicada pelas divisões e brigasdoutrinárias,masaPalavranoschamaaatençãoparamantermosaunidade(Ef4.3)naquiloquesãoasdoutrinasfundamentaisdafécristã,especialmentesomoschamadosàunidadenamensagemdoevangelhodeJesusCristo,comoEledisse:“paraqueelessejamum,assimcomonóssomosum”afimdeque“omundocreiaquetumeenviaste”(Jo17.21-23).HádivisõesquandohádiscórdiasobreapessoaeasobrasdeCristo.

AunidadedaIgrejanãoéumaunidadeformal,istoé,aBíblianãodefendeumaúnicaorganizaçãoeclesiástica,muitomenosumaúnica formadedoutrina formuladapara todoo sempre, nemumaúnicacompreensãodeministérioprontoeterminado,emuitomenosummesmojeitodeviver(costumes).169Aunidade fundamental está em torno da pessoa e obra de Cristo; quanto aos demais assuntos, temosliberdadeparaumadiversidade(cf.amultiplicidadededonsqueDeusconcede–1Pd4.10).

AIgrejaésantaAIgrejaésantaporquenãoéIgrejadesereshumanos,maséaIgrejadeJesusCristo.AIgrejanãoé

santaporqueseusmembrospossuemumasantidadeexterna,umpadrãodemoralelevado.Nemésantaporque seus órgãos e instituições são perfeitos. Se olharmos para as pessoas que estão na Igreja nãoconseguiremos ver santidade, apenas o pecado. Daí a conclusão de que a Igreja não seria santa. Sóconseguimos ver a santidade da Igreja quando olhamos para Aquele que na cruz possibilitou suaexistência,oqualatuaaindahojeeéoseuSenhor:JesusCristo,osantodeDeus.(Jo6.69).

PorqueosmembrosdaIgrejasãojustos(justificadosporCristo)epecadores(aindapermanecemnacarne),aIgrejatambémésantaepecadora.AprópriasantidadedaIgrejanãoindicaqueelasejaperfeita.ElaésantaporqueJesusésanto,eelaépecadoraporquenóssomospecadores.

AIgrejaécatólicaouecumênicaA Igreja é católica (ou ecumênica ou universal) porque Jesus reconciliou omundo na cruz (2Co

5.19).AatividadedoEspíritodeDeuspormeiodoEvangelhopregadopelaIgrejanãoestálimitadopelotempo, nem pelo espaço ou cultura, pois para Deus não há brasileiros, argentinos, árabes, judeus,europeus,negros,asiáticos,poisCristoé tudoemtodos(Cl3.11).SeaIgrejaéúnica,setemosumsómestre e somos todos irmãos e irmãs (Mt 23.8), e se temos todos acesso aoPai pormeio domesmoEspírito(Ef2.18),entãoaIgrejaéuniversal.OsseuslimitesvãoatéondeaatividadedoPai,doCristoedoEspírito,pormeiodoEvangelho,podemir.

TodososquecreemfazempartedaIgrejadeJesus.ObatismoéosinalvisíveldeentradanaIgrejadeCristo, comoconfissãopúblicadesta féou comoconfiançanapromessa salvíficadeDeus emSeuFilho.170Entretanto,aIgrejanãoéosomatóriodoscrentes,nemdosbatizados.AIgrejaéodomíniodeJesusCristona terraeacomunhãocriadapeloEspírito.Domínio,aqui,nãosignificaqueJesusestejaconfinadoàIgrejaemSuaação,nemqueaIgrejasejaopróprioreinoemododeaçãodeCristo.AIgrejanãoéoreinodeDeus,maséfrutodoreino.PorestarazãoaIgreja,assimcomooCorpodeCristo,é

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dirigida tão somente por Cristo e é formada tão somente por aqueles chamados e congregados peloEspírito.

AIgrejaéapostólica

AIgrejaéapostólicaporcausadaconfiançanaorigemapostólicadasua fé.171Os “apóstolos”172

foramosprimeirosmensageirosautorizadoseenviadosporCristoparalevaramensagemdoevangelho(Mt28.19-20).AmensagemfieldeDeusfoitransmitidaàIgrejapelosapóstolos.AIgrejatememCristosuapedra angular, e foi construída sobreo fundamentodosprofetas173 e dos apóstolos (Ef2.20).174 AIgrejaprecisacontinuarlevandoamensagemdeCristopormeiodepessoasquesigamaspegadasdosapóstolos. Ser Igreja apostólica é continuar levando a mensagem do Evangelho por meio de novosmensageiros,eétambémestarconectada,semfim,àvidadaIgreja,ouseja,nãoabandonarsuahistória.

Excurso:denominações,ecumenismoeadesinstitucionalizaçãodaigrejaNesteexcurso,querotratarsobreasprincipaisdúvidasquantoàsestruturaseformasdeorganização

eclesiástica da atualidade. Não se trata de apresentar as formas de governo próprias de cadadenominação,masaslógicasdepoderqueperpassamdenominaçõesesistemasdegovernança.

Para entender o surgimento do cristianismo denominacional é preciso remontar à história datransformaçãodaseitareligiosacristã,consideradapelosromanoscomouma“superstição”.AdiscussãosobreasrazõesdeConstantinotertrazidooscristãosparapertodoimpériosãocontroversas.ImportanteéqueapartirdeConstantinoe,posteriormente,comobanimentodopaganismo,ocristianismopassadereligião perseguida para perseguidora, de um grupo minoritário para majoritário, de religião quaseproibidaparaoficial.Asfunçõeseclesiásticassetornamsímbolosdepoder,eoslimitesgeográficosdasigrejas se confundemcomosdasprovíncias romanas.A Igreja cristã se torna subserviente aoEstado,mastambémotransforma.

ComadissoluçãodoimpérioapósainvasãodeRomaporAlarico,eatransferênciadacapitalparaConstantinopla,formam-sedoiscentrosdepodernaIgreja:Roma,atéentãosededoImpério,cujobispoassumiuas funçõesdoSumoPontifex pagão; e a nova capitalConstantinopla, cujo bispo era talvez oremanescenteda Igrejade falagrega,que remetediretamenteaosapóstoloseà reflexão teológicadosprimeirosséculos.

AlutadepoderentreRomaeConstantinoplanoplanoeclesiásticoculminaráem1054comamútuaexcomunhão de ambos os bispos. A razão teológica foi a inclusão, por parte de Roma, da cláusulafilioque175noCredoNiceno-Constantinopolitano.Asdiferençasteológicasentreocristianismoromanoeogregojáeramgrandesantesdaruptura.Destepontoemdiante,oscaminhosseparadoslevarãoaumafixação de tradições de formas independentes, resultando na formação de duas Igrejas distintas nateologia,prática,ecostumes.

Areformatrouxeumsegundoedefinitivoimpulsoàformaçãodasdenominações.Foiapartirdaschamadas “ortodoxias protestantes” que os movimentos reformatórios se consolidaram emconfessionalidades. Trocando emmiúdos: aquilo que Lutero, Calvino, Zwinglio, Simons, entre outrosdefenderamnosprincípiosdareformanãoéexatamenteaquiloquepregaasigrejasLuterana,Reformada(Calvinistae/ouZwingliana)ouMenonita,porexemplo.Asteses,práticaseescritosdosreformadores,foramcomplementadas,sistematizadaseformuladasemformasdeconfissões:ConfissãodeAugsburgo(Luterana,1530),asduasconfissõesHelvéticas(prior,deorientaçãoreformadacominclinaçãoLuterana,1536;posterior,deorientaçãoreformada,1561)ConfissãoEscocesa(Reformada,1560),CatecismodeHeidelberg (1563), e a Confissão de Fé de Westminster (Reformada, 1643). O objetivo destes

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documentos era apresentar a forma de fé pregada, a teologia defendida por um determinado grupoeclesiástico, seja para ter legitimidade perante o Estado, seja para conferir unidade confessional aogrupo.

Ateologiasubsequenteàformulaçãodestasconfissõesfoiextremamenteformalista.Tratavaapenasderepetiroconteúdodoscredosantigos,ampliarcomasconfissõesdefendidasporseugrupo,alémdeadicionartextosbíblicosdeprova.Aexegese(interpretaçãobíblica)eratotalmenterefémdadogmática.PoressarazãoéquesedizqueLuteronãoeraluterano,eCalvinonãoeracalvinista,poisaexegeseeainterpretação bíblica dos reformadores, bem como as ferramentas que estes disponibilizaram foramenclausuradas em confissões fechadas. Qualquer interpretação bíblica que não coadunasse com aconfissãoeradefinidacomoherética.Oqueaortodoxiaprotestantefezcomadoutrinareformatóriafoiomesmoque a escolásticamedieval fez com a reflexão cristã anterior a ela: enclausurou a teologia nafilosofiadeAristóteles,tornandoodogmaemprincípioformal,eaEscrituraemprincípiomaterial.Estefechamentolevouaformaçãodeblocoseclesiásticos(igrejasoudenominações)cadavezmaisfechadasemsimesmas.176

Umnovo impulso surgeapartir dosmovimentosde retornoàs raízes reformatórias.Philip JacobSpeneréoprecursordomovimentonaAlemanha,aodefenderoretornoaoestudopessoaldaBíblia,osacerdócio de todos os crentes e a fé viva que produz obras. Tal movimento ficou conhecido comoPietismo,doqualposteriormentefezparteFrancke(reformadordaUniversidadedeHalle),eZinzendorf(fundador da Comunidade dos Irmãos de Herrnhut). Estemovimento de “avivamento” também estevepresentenaInglaterracomJohnWesley,naHolandaepaísesbaixos,enosEstadosUnidoscomWilliamTennet,porexemplo.177

DerivadodestemovimentoderenovaçãonaIgrejasurgiramassociedadesbíblicaseassociedadesmissionárias178 na Europa e nos Estados Unidos. A primeira sociedade missionária foi fundada porZinzendorfeenvioumissionáriosparaomundotodo.Foiapartirdassociedadesmissionáriasebíblicasque surgiu a necessidade de buscar apoiomútuo e reflexão teológica.No princípio, essas sociedadesandavamdemãosdadascomosgovernosdeseuspaíses,assim,elasserviamaoimperialismodesuasnações,onde,porexemplo,nascolôniasalemãs,associedadeluteranasereformadastinhampreferência,enquantoquenainglesas,associedadesanglicanastinhamapreferênciaeassimpordiante.Foiapartirda reflexão conjunta e atuaçãomais coordenada entre as sociedades que esta visão foi superada e amissãocristãganhounovaforçaeimpulsos.

Aprimeiragrandereuniãocristãdelíderesdemissão,teólogoselídereseclesiásticosaconteceuemEdinburgh, Reino Unido, em 1910, e foi chamada Conferência Mundial de Missões. Depois desta,formaram-se grupos e comissões que levaram a reflexão adiante. O encontro foi o nascedouro domovimentoecumênico.InteressantequeaténoConcílioVaticanoII,aIgrejaCatólicaApostólicaRomananãotomoupartenestemovimento,sendoqueatéosdiasdehojeelaparticipadecomissõescáelá,masnãoémembrooficialdenenhumórgãoecumênico.Portanto,apesardadoutrinacatólicadizerquesóelespossuemostatusdeIgrejadeCristo,enquantoasdemaisdenominaçõesseriamapenas“congregaçõesdecristãos”,nãohádapartedomovimentoecumênicouma tendênciaparauniãoformalde igrejas,muitomenoscomaIgrejaCatólica.

Cadavezmaisosorganismosecumênicostendemautilizarpalavrascomo“comunhãodeIgrejas”,parasedefiniremcomoespaçodeintercâmbio,comunhãoeaprendizado,enãocomoórgãodetomadadedecisões.Ograndemedoqueexisteemrelaçãoaoecumenismoéqueporelereunirumespectromuitograndedeteologias,orelativismoestariaalipresente.Emcertamedidaotemoréjustificável,umavezqueénecessáriobuscaroqueécomumentretodos,enãoseperdernodebatesobreoqueésecundário,sobreoquenosdivide.

Entretanto,naminhaexperiênciacomoecumenismo,percebimuitomaisespaçoparaqueeudigao

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queeupensoecomopensoeporquepensoassim,doqueumaobrigaçãoparamudarminhaposição.Além disso, o próprio #BTCast é ecumênico em certa medida, pois somos de quatro denominaçõesdiferentes e, pelo menos, duas tradições teológicas se confrontam. Se eu passar a considerar opentecostalismoheréticoporpensardiferente,ousemeuscolegaspentecostaismejulgaremheréticoporpensardeoutra forma,esteministériodoqualvocêestácolhendofrutoscomo leitore/ououvintenemsequerpoderiaexistir.

Um mínimo de comunhão é necessário e importante (Jo 17)179 para aprendizado mútuo, paraconsiderar que minha denominação e a ortodoxia denominacional180 não têm a última palavra. Valeressaltarqueomovimentoecumênicopromovedebatescomoutrasreligiões,entretanto,seutilizaotermodiálogointer-religioso,enãoecumênico.DefinimosecumenismocomoodiálogoexistenteentreigrejascristãsasquaisafirmamCristoJesuscomoSenhoreSalvadorequeaceitamasEscriturasSagradasdoAntigo e Novo Testamentos como norma fundamental de vida e fé cristãs. Este diálogo tem comoobjetivosoaprendizadomútuoemquestõesdavidaprática,acomunhãocristãeotestemunhocristãonomundo.Ecumenismoésomenteentreigrejascristãs;quandoconversamoscomnão-cristãos,oconceito,alógicaeofundamentosãooutros!

Naatualidade,vemosumaprofusãodedenominações,formasdeculto,teologiasemodosdepensar.Talvezainternetestejadandoumnovoimpulsoaestadiversidade,umaespéciedeglobalizaçãodafé.Em lugares onde antes apenas ummissionário chegava commuito esforço pessoal e recursos de umaigrejaouentidade,agora,gratuitamente,(ouabaixocusto)ainformaçãochegapormeiodainternet,comusodeumvídeopostadonoYouTube,umpodcast,ouumblog,porexemplo.181Adiversidadeéboaedom deDeus (1Pe 4.10), porém traz desafios.O diferente assusta, choca, e pode até escandalizar. Épreciso ser crítico,mas não tão crítico a ponto de não aceitarmudanças de tradições e costumes naigreja.Aseguir,analisoalgunsmodelosatuaisde igreja,verificandosuas fraquezasepotencialidades,comasquaispodemosaprender.

ModelotecnocrataÉfocadopara realizaçãodemetas.A igrejapossuiumavisão,missão institucional evalores, tal

comooesquemadeplanejamentoempresarial.ABíblia e a teologia se tornam refénsdométodoque,apesardaaparênciaeconteúdocristãos,éapenasumformatoconsagradodemetodologiadenegócios.O“sucesso” do empreendimento eclesiástico é medido em números: convertidos, ofertas e dízimos,edificações,ministrosempregados,congregaçõesfiliaisfundadas.Agarantiadosucessoestánométodo.Ora o “espírito da igreja” é o planejamento estratégico, ora ele é o “propósito da igreja”. EugenePetersonconstata:

Quandomepreparavaparacomeçaradesenvolverumanovaigreja,observeiqueospastoresnãopregavammais sermões fantasiosos sobre comoa igrejadeveria ser. [...]Podiamusar técnicasdepublicidadeparacriar uma imagemda igreja comoum lugar onde os cristãos e seus amigos podiam se reunir comoutraspessoasbem-sucedidaseglamorosas.[...]ComadespersonalizaçãodeDeus,esuaapresentaçãoemnovaembalagem,comoprincípiooufórmula,aspessoaspoderiamcomprardeacordocomoque,aparentemente,tornaria a vida mais interessante e gratificante para elas. [...] Era a americanização da igreja. Queriamtransformar as igrejas em mercado para consumidores de religião, um empreendimento eclesiásticoadministradodeacordocomosprincípiosdapublicidade,fluxogramasempresariaiseimpulsionadoporuma

retóricamotivacionalimpressionante.182

Modelo“AtosdosApóstolos”É o modelo empregado por todo aquele que afirma fundamentar a sua igreja sob o ensino dos

apóstolos.Éummétododecópiaoutransplante.Idealiza-seacomunidadedeJerusalémcomosendoacomunidade cristã perfeita que deve ser imitada. Os apóstolos e cristãos retratados, bem como asexperiênciasindividuaisdeles,devemserimitadossoboriscodenãosermosigrejabíblica.Demodo

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geral,omodeloaparecetantonopentecostalismoquantonocongregacionalismo.Desdeosreformadoresradicais, como Thomas Müntzer, este modelo é apregoado. Eugene Peterson, tendo crescido em umambientepentecostaledepoisabraçadoaféreformada,propõeumareinterpretaçãodomodelo:

Atosnãoéummanualcomdiagramaseumconjuntodeinstruçõessobrecomoserigreja.Atosnãoéumafantasiautópicaquemostracomoseriaa igrejaperfeita.Atoséumahistóriadetalhadadasvárias formaspelas quais a primeira igreja se tornou igreja.Uma história não é um script a ser copiado.Uma históriadesenvolve uma percepção narrativa em nós, de modo que nós, atentos à história de Jesus, sejamospresentes, obedientes e crentes à medida que participamos dos modos pelos quais o Espírito Santo estáformandoavidadeJesusemnós.Atrama(Jesus)éamesma.Contudo,oslugares,ascircunstânciaseosnomesreaisserãodiferentes,formandoumanarrativaexclusivaparaanossaépoca,lugar,circunstânciase

pessoas.Igrejasnãosãofranquias[...]cujaúnicaalteraçãoéatraduçãodomenu.183

Modelosorientadosparao“self”É a igreja de nicho. Doutrinariamente, não se difere muito dos demais modelos, se não pela

importância dada à relação positiva com a cultura. Aqui o modelo tende a uma aproximação com ateologia liberal.184Nestemodelo, a igreja adota a linguagem, a forma, eos costumesda cultura.Tudoaquilo que a Bíblia não proíbe explicitamente pode ser apropriado de forma cristã dentro da igreja.Elementoslitúrgicostradicionaissãosubstituídosporelementosdacultura:púlpitoporpranchadesurf,vestimentaslitúrgicasporroupadespojada,ambientede“templo”porambientede“saladeestar”.Tudoaquiloqueserelacionaàvelhaculturadeigrejaésubstituídopelonovo.

Ocultopode separecer comum show paraosda culturapop.Ou então comoum sarau para osalternativosdaculturahippie.Semproblemas,oambientedobaroupubsetornaomotivodecorativodaigreja.Asnovasformaspodemtrazerumnovoimpulsoàevangelização,mascomotodoflerteemqueacultura exerce umpapel preponderante, facilmente elementos cristãos serão deixados de lado. Junto àrelativização da forma, elementos de conteúdo correm o risco de serem relativizados. Foi o queaconteceucomognosticismoearealidadedateologialiberal,queesvaziouigrejasnaEuropa;eéissooquepodeacontecernestemodelo.185Entretanto,nãopodemossimplesmentecondenarumaigrejadenichopor ela ser diferente domodelo convencional e tradicional já conhecido, afinal, pessoas conhecem aCristo,seguem-nOesereúnemcomocomunidadeemobediência,porémcomformasdeculto,ensinoeapresentaçãodiferentes.186

OsdesigrejadosÉ um grupo de cristãos que assumem não ter vínculo de membresia com uma igreja

institucionalizada. É um grupo diverso, portanto, difícil de definir. Corremos o risco de sermospreconceituosos ao, logo de cara, definirmos o grupo de forma negativa. Há tanto ummovimento deigrejas em casa, que pelo seu caráter não institucional é fortemente criticado pelos cristãos“institucionais”,quantoháosquedefatoabandonaramqualquertentativadeorganizaçãocomunitária.

Nãoédifícilentenderaaversãoàigreja:abusodepoderdospastoreselíderes,emqueumavisãopatriarcal ou feudal da congregação impera; controle social e intelectual, no qual a liberdade demanifestação e opinião é vedada por uma pretensa ordem doutrinária. Há ainda o grupo dos que sedecepcionamcoma teologia da denominação e preferem trilhar caminhosdiferentes.Outros deixamaigrejaporquestõesparticulares:brigas,dissensões,preconceitosofrido,agressões,ousimplesmentepor“gosto”.FatoéqueasinstituiçõeseclesiásticasdaatualidaderepetemmodeloshierárquicosherdadosdoImpérioRomanocomoosmodelosepiscopal,congregacionaloucomunitarista.Emtodoselesháfigurasdepoderqueditamregraseimpedemaparticipaçãoativadaspessoasnasdecisões.

Nãosetratadeconstruirumaigrejademocrática,trata-sedeobservarqueosmodelosnãosãoemsimesmos bíblicos, mas apenas em partes derivados da Bíblia, sendo muito mais culturais do queescriturísticos.187 Não podemos condenar nem o movimento de igrejas em casas, nem os irmãos

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solitários.Nahistóriadocristianismojávimosestesmodelosdeespiritualidade,sejanaigrejaprimitiva,iniciadaemreuniõesfamiliares,sejanomonasticismodesantoAntão,queseisolavadomundoparaseafastar do pecado.A radicalidade destesmovimentos é que chama a atenção, alémda falta de algunselementosdos,assimchamados,“sinaisdaigreja”.Acomunhãocristãnãopodesernegligenciada,poisocarátersocialdavidacristãéumelementoessencialdaexperiênciacristã.188Porém,acríticafeitaporessesgruposaosabusosedistorçõesdasinstituiçõeseclesiásticasprecisaserlevadaasério.

OssinaisdaIgrejaA partir do que tratamos até agora podemos sintetizar os principais conceitos sobre a Igreja no

gráfico189abaixo:

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O gráfico pode nos auxiliar a entender as diversas figuras e distinções usadas na teologia para

entender o conceito de Igreja. No entanto, sempre aparecem para nós as perguntas: como podemosreconhecer que uma Igreja é verdadeiramente cristã? Como diferenciar uma Igreja falsa de umaverdadeira?

Na história da Igreja se fala em “sinais” concretos que demonstram o quanto uma igreja está

alicerçadanoqueéfundamental.Ossinaisservemparadiferenciaroqueéprimáriodoqueésecundário.Istoé,oqueprecisaexistirnumaIgrejaparaqueelasejacristãeoquepodeexistir(ounão)nela.Comoédeseimaginar,nuncasechegouaumconsensosobrequaisseriamossinaisdaIgreja,masvamosnosatentarparatrêsposiçõesvindasdaReformaProtestanteeentendernoqueelasconcordam.

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ParaLutero,aIgrejapodeserreconhecidaatémesmoporumacriancinha,poiséolugaronde“asovelhasouvemavozdo seuPastor eO seguem”.AeclesiologiadeLutero ia contra todaa ênfasenainstituição e na hierarquia como era próprio do pensamento católico-romano. Para ele, a Igreja erasimplesmenteacomunhãodetodososquecreememJesusCristo.FoinaConfissãodeAugsburgoqueaIgrejafoidefinida,pelogrupoluterano,comosendoolugaronde“oEvangelhoéretamentepregadoeossacramentos retamenteadministrados”.Navisão luterana,a Igrejacristãé simplesmentea reuniãodosquecreememJesus,ondeoEvangelhoépregadodeformacorreta(ondeCristoéocentro,únicoSenhoreSalvador)eossacramentosrealizadosdemaneiracorreta.

Calvino enfatizou o ensino como uma das principais tarefas da Igreja. Seu entendimento daimportância pedagógica da Lei para o cristão fez com que a eclesiologia reformada adicionasse umterceiro ponto aos já acima citados. Para os reformados, além da reta pregação e administração dossacramentos, a verdadeira Igreja pode ser reconhecida como local onde “uma disciplina eclesiásticaseveraeprescritapelaPalavradeDeuséobservada,pelasquaisosvícios[são]reprimidoseasvirtudesincentivadas”.190

O terceiro grupo advindo da Reforma é o Anglicanismo. Por um lado, eles mantiveram firmesalgumas tradições católicas, especialmente nos “costumes”, isto é, na liturgia. Sua teologia dependebastantedateologiareformada.Entretanto,suaeclesiologiamanteveosdoisprincípiosbásicosluteranose adicionou um terceiro: o episcopado com sucessão apostólica. Ao lado das questões bíblicasfundamentais,umaquestãohistóricaélevantadacomosinaldaIgreja.Asucessãoapostólicanadamaiséquealinhadesucessãodebisposconsagradosaolongodahistória,podendo,dealgumamaneira,seremligadosnumalinhahistóricaaosbisposconsagradosnaIgrejaantigapelos12apóstolos.

Percebemos a concordância de todos nos dois pontos básicos apontados pelaReformaLuterana,porém, encontramos em diversas Igrejas no Brasil tanto o terceiro ponto Calvinista, como também oterceiro pontoAnglicano.Nem toda Igreja que possui episcopado (bispos) é uma Igreja em sucessãoapostólica,poisserianecessárioqueumbispomaisvelhotenhaconsagradoessemaisnovoe,essalinhade consagrações sucessivas pudesse ser comprovada documentalmente como indo até um dos 12apóstolos.

Secundariamente,háoutrossinaisdaIgrejaqueosreformadoresapontaram.LuteroaindafalouqueossinaisvisíveisdaverdadeiraIgrejaeram:oOfíciodasChaves(confissãoeabsolviçãodepecados),aordenação ministerial, a oração, o sofrimento pelo Evangelho e o cumprimento da segunda tábua dodecálogo (ética). Na Igreja reformada é comum se falar dos seguintes sinais: disciplina eclesiástica(quandonãoestácontidajánossinaisessenciais),assumirriscoemfavordaverdade,obediênciaàleieaoEvangelho,eoamorcristão.191

Hásempreatendênciaemsefazerumaseparaçãoentrequeméverdadeiramentecristãoequemnãoé.DiferenciarIgrejacristãdeumafalsaigrejaéessencial.Masseriatambémessencialreconhecermosquemécristãoequeméumirmãodissimulado?

Dentro da Igreja, há pessoas verdadeiramente crentes e santas, mas também falsos cristãos edissimulados(ConfissãodeAugsburgo8).Poresta razão,creioqueénecessáriodistinguirentre Igrejavisível e Igreja invisível. Igreja visível é aquela congregação de todos aqueles que externamenteprofessamaféemJesusCristoealisealimentamespiritualmentepormeiodapregaçãoedaceia,porém,averdadeira Igrejaéa invisívelcomposta somentepelos santoscrentes,eleitosechamadosporDeusparafazerempartedoseucorpo.Nãocabeanósojuízosobrequeméverdadeirocristãoequemnãoé.NãopodemosdistinguircomcritérioshumanosquemfazpartedaIgrejainvisível.Deussepararájustoseinjustosnofim(Mt13.24-30).

OministérioeafunçãosacerdotaldecadacristãoTodos os cristãos, desde omomento que creem em Jesus são tornados sacerdotes. Sendo assim,

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podemintercederdiretamenteaDeus,testemunhardaPalavrapublicamenteeagiremamoremfavordoseupróximo(1Pe2.9).Porém,nemtodososcristãossãopastores.

Luterofoioprimeiroadesafiarahierarquiaromanadizendoquequalquercristãoeranobatismoordenado padre, bispo e papa.192 Para ele, não havia qualquer diferença entre os cristãos, sendo oministériosomenteumaquestãodefunçãonaIgreja.

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Calvinonãodesenvolveuessateologiadosacerdóciouniversal,poisparaeleapenasCristocarregasozinho a função de sacerdote (mediador), enquanto que os cristãos servem aoSenhor.Calvino entãodividiu oministério (serviço) cristão emquatro funções: pastores emestres, queministram aPalavradiretamentenapregaçãoeensino;epresbíterosediáconos,quecuidamdadisciplinaeclesiásticaedapráticadamisericórdia,respectivamente.193

Na Confissão Helvética Superior, os quatro ministérios são: bispo, presbítero, pastor e mestre.Contudo,nestaconfissãooscrentessãoconsideradosmembrosdosacerdóciouniversal.OutraposiçãoreformadaéadoCatecismodeHeidelberg.Adiferençaestánasconexõesentreopoderpolítico,queparticipanosórgãosdiretivosdacomunidadepormeiodedelegadosepormeiodoqualexerceopoderdedisciplinaeclesiástica.194Nasconfissõesreformadasosacerdóciodoscrenteséapontado,geralmente,comoapossibilidadeindividualdorelacionamentocomDeuspelaoração,adoraçãoeserviço.195

Jáparaocatolicismo-romano,oatodaordenaçãomudaoserdapessoa,ouseja,osacerdóciopassaaserindissociáveldavidadosacerdoteromano.Umapessoaépadreporforçadaordenação,nãoporcausadafunçãoqueexerce.

A diferença entre o sacerdócio de todos os crentes e o ministério ordenado na Igreja é que oprimeironasceassimpelafé,osegundoéfeitoassimpelochamadoparaumcargo.Oministroordenadoédetentordeumcargo,umafunçãodentrodaIgrejaparaaqualelefoichamado,preparado,examinadoeordenado.Por isso,aConfissãodeAugsburgoafirmaqueninguémdeveexercerafunçãopastoralsemque tenha sido antes escolhido pela Igreja para tal função.196 Primeiro por uma questão de ordem;segundo,porumaquestãodezelopelapregaçãofielàsEscrituras.

Da mesma maneira, as confissões reformadas, claramente a Helvética Superior, assim apontam.Entretanto,afunçãopastoraldapregaçãonãoquerdizerqueosdemaiscristãosnãopossampregar,ounãopossamfazertrabalhosnascomunidades.CabeaoministroordenadoaadministraçãoeorganizaçãodotrabalhodaIgreja.Eleéoresponsável,quepodetambémdelegar,convidar,chamaroutraspessoaspara colaborarem nas atividades sob sua supervisão. Essa supervisão, dependendo do modelo degovernoadotado,édivididacomoconselhodaIgreja(presbitério)ouéexercidaporumbispo.Opastorque deixa sua Igreja largada nasmãos das ovelhas é negligente para com seu chamado, como sendoaquelequeensina,anima,corrigeeexorta(2Tm2.2,24-26).

AmissãoeotestemunhoA base para toda e qualquer fala a partir do Novo Testamento deve ser Jesus Cristo, que

inequivocamente é o centro do Novo Testamento. Quando Jesus fala de Si próprio Ele usa algumasdesignaçõescomo“enviado”(Mt15.24,Lc4.43),“Euvimpara”(Jo9.39,10.10,12.46,18.37),“oPai(que)Meenviou”(Jo5.36s,6.44,57,8.18).Jesusnãodeumuitasexplicações,nemparaSeusdiscípulos,nemparaSuafamília,sobrequemEleerapessoalmente.SuamissãoenvolveeocupatodooSeuser,nãosendoapenasumatarefaoufunção.197

Overbo“ser”ésubstituídonateologiajoaninapeloverbo“vir”(Ap1.4,8,4.8).Háumdinamismodivino.“Ovirenvolveatotalidadedoministériocristão.”198Esteenvio,porsuavez,éobradivina.Oatodeserenviadoparapregarboas-novasémissãodadapelopróprioDeus,éElemesmoquemfaz.199

A continuação da missão de Jesus Cristo aparece novamente em todos os livros do NovoTestamento.Osdiscípulos são revestidos de poder (At 2), são chamadosde apóstolos (Mt10.2), sãoenviadosàs“ovelhasperdidasdeIsrael”(Mt10.6s),devemira todasasnaçõesparafazerdiscípulos(Mt28.19-20),são,portanto,enviadosdeJesusCristo,assimcomoJesusCristoéoenviadodoPai(Jo20.21).Masos enviadosnão sãoenviados sempoder e autoridade,mas sãoenviadosnopoder epormeio do Espírito Santo (At 1.8, 2.1ss, 17, 23). Percebe-se aqui em Lucas que o Espírito Santo é oprotagonista damissão.OEspíritomobilizouEstevão eFelipe para o anúncio doEvangelho, o guiou

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PauloeBarnabé,tambémfoiquemcrioucomunidades.200

Percebe-se no NT que a missão não está nas mãos do ser humano, do cristão, pois este é umenviado,umrepresentantedeDeusnestemundo(2Co5.20),umatestemunha(At1.8)pormeiodaqualoEvangelhoépregadoparaquepossa sercrido (Rm10.13ss).HáumadinâmicadeenvioporpartedeDeus,umirdoserhumanocomoobediênciaàcomissãorecebida,eumvirsalvíficodeDeus(1Jo4.9,Gl4.4,Ap1.7,22.7,12,20)emfavordoserhumano.201

MissãoéobradeDeusnestemundo(MissioDei).PartindodoenviotrinitáriodaIgrejaparadentrodomundo, suas tarefas são: proclamar a fé em JesusCristo (Mt 28.19-20) como a única fé salvífica(evangelização–Mc16.15-16);promoveravivênciadafécristãemcomunidades(comunhão-At2.42);possibilitar que os marginalizados e excluídos sejam alcançados pelo Evangelho em todas as suasnecessidades(diaconia–At6.2);celebraroamordeDeuscomoIgreja(liturgia–culto–At2.46-47).202

EvangelizaçãoÉoanúncioconcretodaPalavradeDeus.JesusCristo,sendooconteúdodestaproclamação,éa

“realidadedequeDeusamaeaceitaoserhumanodeformaincondicionaledesejarelacionar-secomeleintensamente,transformando-ointegralmente”.203Aevangelizaçãopartedacomunidadelocaledevesercondizentecomofatodequenãoéapessoaquemseconverte,maséDeusquemvemaoencontrodapessoa humana pormeio da Sua Palavra. Por isso, as chantagens (ou como diz oBibo: “teologia docagaço”)nãopodemserutilizadascomomeiosdeconstrangimentoparaumaconversão.APalavrafazseutrabalhoporsisó.

Importante é que no contexto pós-moderno, marcado por individualismo, o fim da era dacristandade, a morte do cristianismo por herança tradicional e o advento da religiosidade pós-moderna204,aIgrejapodeserumespaçodeacolhimento,amizadeerelacionamentose,comisso,abrirespaço para a proclamação do Evangelho. O antigo método, por meio do qual as pessoas ouviam apregação,chegavamàféedepoisseintegravamàcomunidade,jánãoémaisumarealidadetãopresente.Cadavezmaispessoaschegamàfépormeiodosrelacionamentos,sejanumpequenogrupo,pormeiodeamizades, ou até mesmo pelas redes sociais, buscando apenas depois a Igreja como espaço paracomunhãoevivênciaconjuntadafé.

Osespaçosnosquaisaevangelizaçãoirádesempenharseupapelestãoemmutação,assimcomoosmétodos.Nãoqueasformastradicionaisnãotenhammaisseuvalor,todaviaéprecisosublinhartantoatarefadecadacristãoemsertestemunha,assimcomoamudançadeparadigmas.Entreumdesconhecidoquelhepedeatençãoeumamigo,quemvocêouve?Oindividualismotendeaoisolamentodaspessoasemsimesmasecomistoaevangelizaçãoprecisaencontrarnovoscaminhos.

ComunhãoATrindadeévistacomoacélulabásicadecomunhão.Ostrêstrinitáriosnãosãoapenasdamesma

substância,mas subsistemunspara os outros, emcomunhãode amorperfeito.Este fato semostra nascomunidades cristãs primitivas, nas quais a comunhão era uma realidade bem presente (At 2.42).TambémaIgrejaemcasasfoiumfatordeterminanteparaacomunhão.“Comunhão,portanto,nãoéumideal espiritualizado de uma convivência sem conflitos.É vivência concreta do sacerdócio cristão noqual,mutuamente,nostornamosservosunsdosoutros,especialmentedosmaisnecessitados”.205

Nacomunhãoseincluemoestilodeliderançadacomunidade,oclimacomunitárioedevalorizaçãodas pessoas e o envolvimento no sacerdócio universal. O ser humano sente a necessidade de serelacionar. Não é por menos que nas redes sociais vemos sempre pessoas se manifestando ao estilo“foreveralone”206, pedindo por amizades, ou reclamando a falta delas. A comunhão não é só umanecessidadedocristão,masumaimportanteformadetestemunhoemummundoondeoindividualismoe

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o secularismo ganham terreno. Se o individualismo tende ao isolamento em simesmo, o secularismotendeaisolarafécomoassuntoprivadoepessoal.Logo,estasduastendênciasconduzemafécristãaseralgo que não diz respeito algum à vida social, apenas à vida privada, e por isso a comunhão, otestemunhopúblicoeaevangelizaçãoperdemsentidonostemposatuais.

A excessiva institucionalização das igrejas e a imperialização delas, assim como afirmouComblin207, são igualmente problemáticas e contrárias ao ideal da comunhão. A institucionalizaçãoexcessivatransformafunçõesem“entes”,ouseja,afunçãopastoraltransforma-seno“serdopastor”,apessoa incumbida de uma tarefa se torna a própria tarefa! Ela perde o seu nome, sua personalidadeindividuale se tornaem“opastor”,“o reverendo”ou“obispo”.Os títulosse tornamhierarquiasquedividemaIgrejaempessoascommaisoumenospoder,maisoumenosdignidade.

Aimperializaçãoéomovimentoemqueaigrejalocalobjetivaconstruirparasiumreinopróprio,sejapormeiodegrandestorresdeBabel(templos)paraquetodaasociedadevejaopoderiodaigreja,sejapelosmeiosdecomunicaçãoparaimporumaculturaprópria,ouaindapelaimposiçãodoutrinárianos púlpitos e escolas dominicais. Quem pensa diferente, quem fala sobre diversidade, não serve aopropósitoimperialistaeacabasendoexcluídodaigreja.Estasarmadilhasqueseescondemsobonomede“autoridadepastoral”e“missão”sãoverdadeirasarapucasparaacabarcomacomunhãodeigualparaigualemfavordaobradoreino.

DiaconiaÉoserviçoemamoràIgrejacomorespostadeféaoserviçoqueDeusfezemnossofavorpormeio

de JesusCristo.A Igreja é diacônica quando está aberta para ser comunidade terapêutica, que vai aoencontro e está aberta às necessidades físicas,materiais, emocionais, psicológicas de cada pessoa. ÉumaIgrejaquedenunciaainjustiça,aopressãosocial,aexclusãoesecolocaaoladodosquesofrem.Oconsoloeoamparoaosenlutadospodemserumdosexemplosdepráticadiaconal.ReconhecereiraoencontrodasnecessidadesmateriaisdaspessoascarentestambémétarefadiaconaldaIgreja.

A teologia daprosperidade é umabusoda tarefa diaconal da Igreja.Enquantoque Jesus exigeocuidadocomospobres,ateologiadaprosperidadequerresolveroproblemadapobrezacriandoafalsaesperançadequeocristãonãoadoeceenãopermanecepobre.EmrespostaaestatendênciaheréticaeaochamadodeCristo,as Igrejas têmsepreocupadoemaliaro testemunhopúblicocomdesenvolvimentoeconômico, social e educacional, por meio de programas que promovam mudanças fundamentais nasociedade.

Diaconianãoédarcestabásicaeroupavelha,éantesbuscarresolveromalquecausaapobreza,aindaquesaibamosquetodapobrezaemaldadesóserãoextintasnoreinovindouro.AIgrejamissionáriaé tambémIgrejadiaconal.208Porémesta frasenãopodeserentendidanosentidodeadiaconia serum“chamariz”paraatrairpobresenecessitadosqueserãoconvertidosemmembros.

Essa lógica imperialista não é a lógica de Jesus. Quando o mestre ensinou a parábola do BomSamaritano209,nuncadissequeosamaritanovoltouàestalagemparapregarparaomoribundoqueforaporelesalvo.Antes,osamaritanovoltouparapagaracontadasdespesasdehospedagemecuidadoparacomoseupróximo.Logo,éfalaciosodizerquediaconiaéumaportadeentradaparaamissão.Cristonosensinouafazerobem(amar)sempedirnadaemtroca,seminclusivepedirconversãoemtroca!

Ocristãodiaconalnãoprecisaentregarfolhetojuntoàcestabásica;bastaeleestarprontoparairàcasa do faminto ajudar-lhe nas necessidades e, quando questionado ou no momento em que houveroportunidade, testemunhar Cristo. Sem obrigação, sem constrangimento, sem pressão, livre eespontaneamentecomodoisamigosqueconversameseajudam.

OcultoaDeusOcultoéde fatoumencontrocomoDeusvivo,Pai,FilhoeEspíritoSanto.Tudonocultodeve

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conduziraoDeusTriúno.OshinosemúsicasexpressamgratidãoaDeus,expressamnossolouvoresãomomentosdealegria.ApregaçãoéoensinopúblicodaPalavradeDeusquesuscitaemantémvivaaféemCristo.NossacramentosouordenançasaPalavradeDeusvemaoencontrodoserhumanodeformavisívelepalpável,oferecendoperdãoesalvação.Oespaçodecultodeveseraconcheganteepropícioparaacomunhão.Asdiferentesformasdecultoeocasiõesfestivasdevempromoveravivênciadaféedacomunhão.

Ocultoestáaserviçodaevangelização,dadiaconiaedacomunhão.TambémédocultoquecadacristãorecebeimpulsopelaPalavraparaviverafédiariamente.CultoélocalparaoanúncioconcretodaPalavraqueacusaopecadoemostraasalvação,daleiedoevangelho,dojuízoedagraça.210

Ocultonãoéespaçoparashowdegruposdacongregação.Nãoécaça-talentosparaverquemtocamelhor um instrumento ou quem tem a melhor voz ou desenvoltura no palco. Também não é stand-upcomedy211, emqueopregadorofereceentretenimentoaoscrentesatéqueCristovolte.Ocultopodeabraçaroquehádemelhornaculturapopularparaserviraospropósitosdaadoraçãoedoensino.Istoé,pode fazer uso de variados ritmosmusicais, demanifestações da poesia, das artes plásticas, e até dacontrovertidadança.Tudooqueforfeitodeformadecente,coerentecomaPalavraecomoobjetivodecomunicaroEvangelhoeadoraraDeuséválido.

OssacramentosouasordenançasPossivelmenteesteéumdaquelesassuntosquegeramaiscalordoqueluz,comosempredizoMac.

Todavia, a dificuldade de conciliar as posições evangélicas clássicas quanto ao assunto não tira seumérito,nemsuaimportância.

Tantoateologialuteranaquantoacalvinistatratamesteassuntosobotítulodemeiosdagraça,istoé, uma mediação utilizada por Deus para comunicar sua Palavra salvadora ao ser humano. SãocompreendidoscomomeiosdagraçaoanúnciodaPalavradeDeuseossacramentosouordenanças.

Jánomeiopentecostal, o conceitodemeiosdagraçanãoé amplamente aceito. Isto sedeve, empartes,pelofatodequeaoconsiderarmosqueoEspíritoSantonecessitadeummeioconcretopeloqualelefale,ficariaassimsuaaçãorestrita,easrevelaçõeseprofecias,estariamprejudicadas.Talvezestanegaçãoda teologiapentecostaldeve-semaisaumacompreensãodistintadamediaçãodoEspíritodoquepropriamenteaoconteúdodossacramentos.

Assim também, quando as tradições da Reforma negam a liberdade do Espírito por meio daproclamaçãoprofética, tendemaum racionalismo teológico.Aquestãonão temde ser resolvidaaqui,porémficaclaroqueépossívelbuscarmútuacompreensãoeaprendizadoentreastradiçõesteológicas,semnoentantoterdeabandonarasuaprópriaconfessionalidade.

Sacramentovemdolatimsacramentumquenalínguagregaémysterion.Em1Coríntios2.1CristoéomysteriondeDeus,porissoCristoéosacramentodeDeus.Oqueentendemosporsacramentospodeserdefinidocomo termocunhadoporAgostinho“Palavravisível”.ÉaPalavradapromessadeDeusligadaaosinalvisível.Poristo,elaéumsímboloeficaz,queconcedeaquiloqueprometepormeiodafé(Mc16.16,Mt26.22-28).Énestesentidoqueluteranosereformadosfalamde“meiodegraça”,poisosacramentoenquantouma formavisíveldeanúnciodaPalavraé tambémumapregaçãodoEvangelho,porém,utilizandoumasimbologiadefinidapelopróprioSenhor.Nãoéumamágica,emqueosimplesparticiparfazdapessoaalgodiferente.Éoparticiparcomféquefazadiferença,masnãoporcausadoritoemsi,somenteporcausadaPalavrapregada,dapromessafeitanainstituiçãodosacramento.DesdeaReformaProtestante,afirma-sequesóhádoissacramentosnaIgrejacristã:batismoesantaceia.Istosedeve à dependência da posição dos reformadores à definição de Agostinho: sacramento é promessacontidanaPalavraeosinalvisívelunidoaela.Sóháumsacramentoquandoháumaordemdivinaparase fazê-lo, uma Palavra de Deus que claramente instrui a respeito do conteúdo e significado dosacramento,bemcomoumsinalvisívelexternoprescritonaordemdivina,ouseja,notextobíblico.

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BatismoONovoTestamentoempregaparaoatodobatismootermobaptismós,istoé,literalmenteoatode

imersão.212Porsuavez,báptismaéutilizadoparadesignara instituiçãodobatismo.Esteúltimo termodesignaemdiversostextosobatismodeJoão(Mt3.7,Mc11.30,Lc7.29,At1.22),contudo,tambéméutilizadoparaobatismocristãoemRomanos6.4,1Pedro3.21eEfésios4.5.AprópriamortedeCristoédescritacomosendoumbatismo(Mc10.38s,Lc12.50).213

ObatismodeJoãoera“umbatismodearrependimentoparaoperdãodospecados”(Mc1.4).Podeservistocomoalgosemelhanteaosbatismosdeprosélitosdo judaísmo,porémseusignificadoéodeprepararocaminhoparaachegada“daquelequehádevir”(Mc1.7).214ObatismodeJoãoéumbanhoúnicoesediferenciadosbanhosrituaisdepurificação,poisnãoéfeitopeloprópriobatizando,masoutrapessoaobatiza.Marcos1.5afirmaqueaoconfessaremospecadosaspessoaserambatizadasnoJordãoporJoão,ouseja,aspessoasvinhamcomdisposiçãoparamudaremdevida.Porém,obatismonãoeraumatosimbólicodeconfissão,masdemonstravaacondescendênciadeDeusemofereceroperdãodospecados.215

O fim da perícope sobre o batismo de João emMarcos (Mc 1.8) fala sobre a conexão entre obatismonaágua(deJoão)eobatismonoEspíritoSanto(batismocristão).EstafaladeJoãoestáligadaàprofecia de Ezequiel 36.25ss, na qual se afirma queDeus aspergirá água sobre o povo e este ficarálimpo,umnovocoraçãoserádadoetambémumnovoespírito,opróprioEspíritodeDeus,quelevaráohomemaandardeacordocomosSeusdecretos.ObatismodeJoãoofereceapenasaprimeirapartedaprofecia,umaaspersãoouimersãoemáguaparaperdãodospecados.Onovocoração,novoespíritoserádadosomentepeloquehádevir,JesusCristo.216

Paulo,emRomanos6,explicaaoscristãosromanosqueelesforambatizadosnamortedeCristo,ouseja,assimcomocadapessoafoiimersanaáguadobatismo,seuserpecadorfoisepultado,enterrado,namorte de Jesus Cristo. Este primeiro passo do batismo declara amorte do velho homem pecador. Aanalogiasegueafirmandoquequandoforamlevantadosdaágua,damesmaformacadaumressurgiucomCristo.Istoé,olevantardaáguadobatismoéolevantarparaviverumavidaapartirdeCristo,umavidanova,quenãoémaisescravadopecado(v.4,6).AnovavidadocristãoéfundamentadanaressurreiçãodeCristo.217

Porisso,obatismonãopodeserseparadodapessoadeJesusCristosoboriscodetornar-seapenasumbanho.Alémdisso,aprópriasalvaçãoestáligadaaobatismo.EmMarcos16.16lemosqueaquelesquecrerameforambatizadosserãosalvos,eosquenãocreramcondenados.Obatismoétantoum“selo”que declara externamente a salvação ocorrida internamente, quanto uma promessa de Deus: os queinternamente creram, e exteriormente confessaram, serão salvos (cf. tambémRomanos 10.9). Há umapromessadesalvaçãounidaàinstituiçãodobatismo.

NaIgrejacristãobatismoécompreendidobasicamentedetrêsformasdistintas:Católicos: limpa automaticamente o pecado original da criança, infunde a graça e

possibilitaoiníciodocaminhodasalvação.Oritofazporsimesmooqueéprometido.Evangélicos pedobatistas (que batizam crianças): o ato do batismo, por conter um

anúnciodoEvangelhoeumapromessabíblica,éumapromessadesalvação,umaofertade graça. Esta oferta deverá ser confirmada pela fé posterior, só a partir de então apromessadeDeusserácumprida.

Evangélicoscredobatistas(batizamsóadultos):obatismoéumaconfissãopúblicaeexternadeumarealidadequeaconteceuinternamente,asaber,aconversãoeanovavidaemCristo.

Como Igreja cristã, batizamos porque o batismo é instituição e mandamento de Deus, não algo

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criadoporhomens.SedesobedecermosaomandamentodeDeus,fazemospoucocasodaordemdadaporElepróprio.218

SantaCeiaASantaCeia, assim como o batismo, foi instituída pelo próprioCristo.NaCeia, JesusCristo é

anunciadocomosacrifíciovicáriopornós;nela,nãohánovosacrifíciodeCristo,tãoapenasoanúnciodosacrifíciorealizadonopassadodeumavezportodas.MasigualmentenaCeia,JesusCristoéquemnosconvidaa fazerpartedaSuamesa,acomungarcomEle,eénestaSuamesaqueElenosconcedeperdãodospecados.ACeia,portanto,temtambémadimensãocomunitária,poisosirmãoseirmãsemCristopartilhamdadádivadeJesusCristonamesadaCeiaeapartirdestacomunhãoentreirmãosecomCristosomostodosalimentadospeloverdadeirocorpoesangueque“nutreefortaleceonovohomem”(CatecismoMaior,DoSacramentodoAltar,23).ACeia tambéméumapequenaantecipaçãodofuturobanquetenoreinovindourodeDeus(Mt26.29).

SegundoMateus26.28,obeberdocáliceeocomerdopãonosdáremissãodospecados,eistodefatoaconteceporqueéPalavradeDeus“derramadoemfavordemuitos/vós”(Mt26.28,Lc22.20)queconcedeoperdão.ÉimportanteatentarparaoalertadoapóstoloPaulodequeaquelequecomesemterfénoqueéprometidonosignificadodaCeiaouquemcomedesprezandoaIgreja(eos irmãos)queé(são)ocorpo,comeparasuaprópriacondenação(1Co11.26-29).

AgrandecontrovérsiasobreosignificadodaCeiapodesersintetizadaporquatroposições:Católica:pãoevinhosetransformamemcorpoesanguedeCristo.Ofundamentodestacrençaestá

ligadoàdoutrinadasduasnaturezasdeCristo. Istoé,seCristoé totalmentehumanoedivinoeseElemesmo afirmou que aqueles elementos são Seu corpo e Seu sangue, logo eles devem ser realmente eefetivamente corpo e sangue, pois se Cristo está ali presente, então efetivamente O está corpórea efisicamentepresente.Há,portanto,uma transformaçãoda substânciapãoemcarneevinhoemsangue,contudo,esta transformaçãoéapenasnaessênciaenãona formaexternadacoisa.Ouseja,ogosto,aforma,ocheirodoelementopermanecemintactos,noentanto,suaessência,porassimdizerfilosófica,éalterada.Paracompreenderestadiferençaénecessárioentenderadistinçãoaristotélicaentreacidenteesubstância.Acidenteéaformaexterna,substânciaéomaterialinternodacoisa.

Luterana:pãoevinhosãocorpoesanguedeCristosemhavermudançanaessência.Igualmente,ofundamentoéadoutrinadasduasnaturezas,porémcomumacompreensãodiferente.ParaLutero,asduasnaturezasdeCristocomunicamsuaspropriedadesumaàoutra.Então,seDeuséonipresenteeCristoéDeus,logoapropriedadeonipresençaécomunicadaànaturezahumanadeCristodemodoqueestepossasertambémonipresente,apesardaaparentelimitaçãofísica.Porexemplo,Cristotemcorpofísico,masatravessouparedesemJoão20.26.Apartirdestacompreensão,Luteroentendeuquepãoevinhonãosetransformamemoutrasubstância,masCristo“seesconde”dentroedebaixodopãoedovinhoe,assim,estáalipresentedefatoedeverdade.Nãohánenhumamudança“filosófica”doselementos;oquehá,éapenasapresençadeCristopormeiodoselementos.

Zwinglio: pão evinho são símbolosque representamo corpo eo sanguedeCristo.Aqui nãoháqualquertransformação,muitomenospresençarealdeCristo.Fala-sedaCeiacomoumarememoração,umalembrançadamortedeCristo.Porisso,éumaCeiaemmemóriadeCristo,umsímbolo,portanto.

Calvino:DeusestápresenteemEspíritonaCeia.Cristo,apósaascensão,permaneceatéaSuavoltasentadoàdireitadeDeus.Quem“representa”oPaieoFilhonomundoéoEspíritoSanto(queforaporambosenviadoaomundo).Portanto,seriainjustificáveldizerqueCristoestápresenteemqualquerlugarnestemundoseEleseencontratãoapenasàdestradeDeus.Logo,quemestápresenteéoEspíritoSantoe,portanto,devemosfalardeumapresençaespiritualnaCeia.

LuteroelogiouaposiçãodeCalvinoeafirmouqueelapoderiaservirdebaseparaumateologiadaCeia que reconciliasse luteranos e zwinglianos. Entretanto, tal proposição de Lutero não foi tão bem

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recebidaoupraticada, de formaque as ortodoxias aprofundaramaindamais as diferenças, emvezdebuscar um caminho de unidade consensual na Escritura, como o fezCalvino, e com o que concordouLutero.

Odiscipulado cristão [a dimensãodo seguir aCristo em comunhão: naoração, na comunhão

espiritual,noaconselhamento,noencorajamento,nosofrimento,nadisciplina]NemtodosnaReformaProtestanteacataramaideiadeumterceirosinaldaIgreja,comojávimos

anteriormente.A ideiadeumterceirosinalsedeveàconclusão lógicadequea IgrejasópodeexistirondeaPalavraépregadaeondeelaérecebidacomfé!Éumaconsequêncialógica,poissemaféquerecebeaPalavra,simplesmentenãohaveriaumareuniãodepessoascrentesquepudesseserchamadadeIgreja. O terceiro sinal seria, portanto, necessário para comprovar, na prática, a existência dos doisanteriores.

DietrichBonhoeffer afirmouque a Igreja éCristo existindo comocomunidade.Deque forma elepoderiasubsistircomocomunidade,senãochamandopessoasparasegui-lO,tendocomunhãocomelas,orando junto a elas, aconselhando-as, ensinando-as, sofrendo, encorajando e disciplinando? J. M.Lochmann afirma que “a verdadeira Igreja não existe apenas na ortodoxia de seu ensino, mas naortopraxisdeseudiscipulado”.Claroquedevemosnosprecaverdeumsilogismoprático.Istoé,olharparaapráticadaIgrejae tentar intuirseelapregacorretamenteounão.AIgrejapermanecepecadora,porcausadopecadodoserhumano,epormaisqueoensinosejareto,elacometeráfalhas.Entretanto,emumtempodeabsurdoseabusosdasigrejasa“ortopraxis”ou“práticacorreta”deveserumcritériodeavaliaçãoparaaIgreja.Masquepráticascorretasseriamestas?Que“atividades”seesperadaIgreja?

DisciplinaespiritualA oração, a comunhão espiritual no entorno da Palavra são fundamentos essenciais da vida da

igreja.NenhumapessoaouigrejapodesubsistirforadaPalavradoseuSenhor.Umaigrejafundadaemativismofazmuitobarulho,produzmuitomovimento,masnãocomunicaaprofundidadedoEvangelho.Acomunhãoemoraçãonaedaigrejasãofundamentaisparaoaprofundamentodoslaçosdeirmandade,desentimentodecorpoedeamorentreaspessoas.

AconselhamentoO fundamento do aconselhamento está em uma relação de confiança. Se não houver confiança, o

aconselhamentosetornainviável.OconteúdodoaconselhamentoestánasEscrituras,ouseja,umcristãobusca apoio junto a outro cristão para encontrar saídas e caminhos para sua vida. O instrumento dediscernimento é a Escritura. Não fazemos previsão do futuro, nem damos palpites na vida alheia.OlhamosaEscrituraebuscamospormeiodeladiscerniromelhorcaminho.Nemsempreéclaroefácilestediscernimento.Porém,cremosqueoEspíritoSantodirigeospassosdocristãoenoaconselhamentotemosoespaçoprivilegiadoparaodiálogoarespeitodavontadedeDeus.

EncorajamentoAs Bíblias de Almeida traduzem o termo grego para encorajar como “exortar”. Em si, nenhum

problema. A grande dificuldade está em que nas igrejas evangélicas brasileiras “exortar” tornou-sesinônimo de “disciplinar”, quando na verdade significa “encorajar”. Uma disciplina rigorista foiimplantada sob o pretexto de ser bíblica. Cristãos que passaram por tais denominações rigoristas elegalistastêmgrandedificuldadedesesentir“emcasa”emoutrasIgrejas.Aumentandoassimonúmerode“desigrejados”oudedecepcionadoscoma igreja.OqueaEscrituranosensinaéoencorajamento.Istoé,oapoioeamotivaçãoqueaigrejadevedaraoscrentesparaqueestesdesempenhemsuasfunçõesesirvamconformeseusdonscomalegria.Muitoscristãossimplesmentenãosabemoquefazercomseudom (ou têm dúvidas sobre se realmente possuem algum dom!) por causa da clericalização e

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institucionalização.Afaltadeumaliderançaqueencoraje,motiveedespertepessoasparaavivênciadosdonsna igrejase traduznumacomunidadecadavezmaiscentradanopastorefocadaemestruturasdepoder.

DisciplinaeclesiásticaNãoéverdadequeaBíblianão tratadoassunto.Cristo,emMateus18.15-20,nosensinaa lidar

comopecadodoirmão.Trata-seaquinãodequalquertipodepecadoquedevaser“punido”pelaigreja.Não é o tamanho do escândalo que justifica uma disciplina! Trata-se de um tipo de pecado que écometido contra outro irmão. Poderíamos exemplificar: roubo, trapaça nos negócios, adultério,violênciafísica.Quandoalgoassimécometidocontraoutrapessoadacomunidade,ferindo,dessemodo,aboaconvivêncianocorpo,devehaverdisciplina.

Oobjetivodadisciplinaéconvencerapessoadequeestáerradaeprecisamudarseuprocedimento.Porisso,primeiroapessoaferida(contraquemopecadofoicometido)devetratardoassuntocomseuagressor. Se houver reconciliação, o assunto está encerrado.Caso contrário, que algumas testemunhassejam chamadas para intermediar o diálogo. Havendo consenso, assunto encerrado. Não havendoconciliação, o assunto deve ser levado ao conhecimento dopúblico, isto é, da igreja toda.Semesmoassimnãoseretratar,deveserexpulsodacongregação.Aquelatípicadisciplinadesetirardopúlpitoopregadorpor tempodeterminado,oususpenderalgumaliderançapor tercometidodeterminadopecadonãoébíblica, é apenasumcódigodeconduta instituídoporpessoas.Epior,uma formadecastigaropecador, como se ele fosse “pior” que os demais irmãos da igreja. A Bíblia não preceitua castigos,somentereconciliaçãoeperdão.Oúnicocasojustificávelparatiraralguémdopúlpitooudaliderançaéapregaçãodaheresia.Aindaassim,devemostermuitacautelaparanãopromovermos“caçaàsbruxas”.

SofrimentoÉosofrimentocausadoporserseguidordeCristo.Nãosetrataaquidedoenças,acidentes,males

congênitosouqualqueroutrotipodesofrimentoqueafligetambémodescrente.Trata-sedeumtipodesofrimento que só atinge o cristão:o sofrer por causa da sua fé em Cristo. A parte final das “BemAventuranças” no Sermão do Monte (Mt 5.10-12) retrata os que sofrem perseguição, e os que sãocaluniadosporcausadonomedeCristo.AestesoSenhorprometebênçãosnoscéus.

OtemadaperseguiçãoperpassaahistóriadaIgrejacristã.DesdeaspáginasdoNovoTestamentoatéaatualidade,aperseguiçãoaoscristãoséumfato.Paulochegaaafirmarem2Timóteo3.12quetodoaquele que viver uma vida cristã de acordo com os padrões da Palavra sofrerá perseguição. EstaconstataçãosedeveaofatodequeacruzdeCristocontinuasendoescandalosaparaestemundo.Pauloatesta que as perseguições a ele já deveriam ter cessado caso ele tivesse abandonado o verdadeiroEvangelhoeseguidoatrásdasdoutrinasjudaizantes(Gl5.11).

UmaIgrejaquehojenãocontacomqualquerquestionamentoporpartedasociedadenaquiloqueéaverdade que toca na ferida do pecado, é uma Igreja que, provavelmente, já está muito longe doverdadeiro Evangelho. Onde o discurso do politicamente correto impera, onde os padrõesmorais dasociedadesãoaceitos,ondeaBíblianãotemmaisautoridadeemmatériadesalvaçãoepadrãodevida,nãohaverárazõesparaperseguição.ÉumaIgrejaquejásesubmeteuaosditamesdaculturaenãotemmaisforças,enemdesejo,pormudaroquehádeerradonacultura.

NãoqueaIgrejadevasercontratudoquehánacultura,eladevesercríticaàluzdaPalavra.Oqueestácorretonasociedade,oqueébom,oqueéjusto,deveserelogiadoeapoiadopelaIgreja.Porém,onde há o erro, onde há a injustiça e o pecado, deve ser apontado e sua solução apresentada.219 Alipoderásurgir tantoperseguiçãoporpartedosquenãocreem,quantoconversãodosqueforamtocadospelaPalavra.Édifícilequiparara“perseguição”quesofremosnoocidente,ondeháliberdadereligiosa,daquelasofridaempaísesondenãoháliberdade,ouondeháumaliberdademaquiada.

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A perseguição no ocidente se dá pela via da ridicularização da fé cristã como anticientífica,atrasada, moralizadora, dogmática. Na Europa, frequentemente, lemos notícias que retratam ahostilizaçãodafécristãcomosendouma“crítica”válida,enquantoquequalquermençãominimamentecríticaaoIslãéretratadacomopreconceitoreligioso.Poroutrolado,háqueselembrarqueoscristãospromoveramintensaperseguiçãoemassacraramospagãosnoImpérioRomano;promoveramascruzadascontra os muçulmanos; expulsaram, mataram ou obrigaram judeus à conversão durante toda a IdadeMédiaatéosdiasdeHitler, inclusivecomapoiodosReformadoresProtestantes;promoveramcaçaàsbruxas, tanto àquelas que realmente eram ocultistas, quanto àquelas outras que apenas professavamalguma outra variação da doutrina cristã; perseguiram cientistas e pesquisadores, além de teremhostilizado qualquer nova descoberta da ciência. A lista ainda poderia continuar com outras tantasbarbáries promovidas por cristãos. Algumas vezes as críticas recebidas pelos cristãos sãofundamentadasnesteserrosdopassado.Devemosnosenvergonhardeles,pedirperdãoaoSenhorpelosnossos“antepassados”comofezNeemias,eafirmarposiçõesbíblicascoerenteseamorosas.

AIgreja:CristoeSuasovelhasobedientesAIgrejacristã,aomesmotempoemqueéocorpodeCristo,aIgrejainvisível,acomunhãomística

detodososquecreemverdadeiramenteemJesus,étambémumaassociaçãocivildepessoascomumafinalidadereligiosa.Osaspectosexternos,administrativos,associativos,culturaisseconfundemcomosteológicos, de adoração, de discipulado, de serviço em amor. Nesta confluência de duas dimensões,discussõessobreocaráterdaIgrejaeoseupapelpartemdasEscrituras,porémsempreasextrapolam.

Poresta razão,énecessário terhumildadepara reconhecermosquedevemosnossubmeteràquiloqueaBíbliadeixaclaroeéexplícita.Jáaquiloemquenãoháclareza,ouéimplícito,temosliberdadepara escolhermodelos culturais que nos possam ser úteis.Nenhum tipo de organização eclesiástica édefinitiva e última.AHistória da Igreja retrata claramente asmudanças nas estruturas eclesiásticas ecomoostextosbíblicosforamreinterpretadosaolongodostempos.Assim,nãodevemostemermudançasnogovernodaIgreja,devemostemermudançasnocernedoensinoarespeitodaIgrejadeCristo.

Bonhoeffer afirmouquea formadeexistênciada igreja sechamadiscipulado (seguimento)enãoreuniãosocial,muitomenosreuniãopopular.220AprendemoscomaEscrituraqueaIgrejadeCristoéorebanho do Senhor Jesus (Jo 11.11-16), e por rebanho compreendemos que a igreja tem um carátercomunitário,emqueasovelhasvivemjuntasseguindoseupastor.Luterodiziaqueaigrejaéolugarondeasovelhasouvemavozdoseupastoreoseguem.

FundamentalparareconheceraIgrejaverdadeiraéasuafidelidadeparacomoseumestre,oSenhorJesusCristo.Destemodo,Bonhoefferidentificavaaeclesiologiacomacristologia.Paraele,CristoeraapresençadeDeusnomundo,enquantoqueaIgrejaéhojeapresençadeCristonaterra.221Nãodevemosentender isso ontologicamente, mas como força de representação e atualidade. “A igreja só é igreja,quandoelaestáaí(disponível)paraosoutros.”222

Este é o caráter de Deus, desde o Antigo Testamento, no qual o nome de Deus Javé pode sertraduzidocomo“Aquelequeestáaí”,“oqueageemfavordoSeupovo”.TambémemCristovemosoDeusqueépresente,atual,quesedoaemamor,quesedisponibilizaparaoserhumano.ODeusEspíritoSantoquecontinuamenterecriavidaereapresentaoamordeDeusparanóshoje.AIgrejadeveespelharo caráter deDeus, esta é sua tarefa, isto é seguimento, isto é discipulado. Igreja verdadeira segue omestre,mostrandoseucaráterpormeiodesuavidaparaomundodehoje.

Igrejanãoestáondeodogmaépregadocorretamente,poisistonãogarantequehaveráseguimento.Igrejanãoestáondeosistemadegovernoé“maisbíblico”,poisosistemapodenãopregarCristo.Igrejanão está onde pessoas agem como se fossem o próprio “Cristo”, pois elas não foram chamadas parasubstituí-lO, nem repetir Sua obra, mas para segui-lO, apenas. Igreja está onde Sua voz é ouvida na

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doutrinacorreta,obedecidaeseguidanodiscipulado;ondeasdecisõeseosmétodossãosubmetidosaoconteúdobíblicoeondeaaçãosefundamentanoamorenavontadedeDeus.

Capítulo6AEsperançaCristãPorAlexanderStahlhoefereMaurícioMachadoEsperamosaressurreiçãodosmortoseavidadoséculovindouro.

OCredo Niceno-Constantinopolitano termina confessando duas proposições escatológicas

fundamentaisparaafécristã223,asaber:aressurreiçãodosmortoseavidaemumacriaçãotransformada,inauguradaapósosegundoadventodeCristo.224

Anecessidade de se ter tais esperanças começa pelo fato de que o pecadomaculou o propósitoinicial da criaçãodeDeus, que era fazer comque ela existisse em toda a sua plenitude e para aSuaGlória. Como ponto alto, e fazendo parte dessamesma criação, a partir da queda, o ser humano foimortalmenteatingidopelopecado,apontode terasuaexistênciamaterialseparadada imaterial.Pelohomem ter sido, originalmente, pensado e criado para existir integralmente, Deus providenciou aressurreiçãodosmortoscomomeiodereuniroquefoiseparadopelamorte.

Intimamente ligadaaoensinoda ressurreiçãoestá averdadedequeo céununca foipensadoporDeus para ser amorada últimado homem,mas apenas um lugar provisório e de descanso para a suaalma.Emresumo,faz-senecessárioumcosmosressurretoparaabrigaroserhumanoressurreto.Assim,temos a totalidade da criação, glorificada e incorruptível, melhor em seu último estado do que noprimeiro,comoquandoeranoÉden.

Comesses dois ensinos expostos nesta breve introdução, a partir de agora, podemos tratar,maisdetalhadamente, sobre as particularidades e implicações que cada um deles possui. Por fim, antes devivermostaisacontecimentosqueaindaseencontramnofuturo,podeserdegrandevaliadebruçarmo-noscom atenção nesses assuntos concernentes à segunda vinda de Cristo, se isso fizer com que nossapercepçãodaeternidadetomeoutradimensão.NaspalavrasdeMartynLloyd-Jones:

“Oh,benditodia!QueDeusnosconcedaagraçadevermosessas coisas tãoclaramente,queviveremosparasempreemsualuze,portanto,quejamaisvivamoslevianaelicenciosamentenestemundopassageiroecondenado,oqualestáparaserdestruído.Quevivamoscomofilhosda luzefilhosdodia,comofilhosde

Deus,comoosqueirãovê-lO,irãoestarcomEleeparticiparãocomEledeSuaeternaglória.Amém.”225

Aesperançadaressurreiçãodosmortos226Nocapítulo3,a respeitodeJesusCristo, jáabordamosa ressurreiçãodoSenhor,as testemunhas

bíblicaseosignificadodestefatoparaafécristã.Nossaintenção,nestemomento,éanalisaroqueasEscriturasnosfalamarespeitodaesperançadeumaressurreiçãogeral,istoé,queincluirátodapessoahumana.

AressurreiçãonotestemunhobíblicodoAntigoTestamentoO salmista diz: “Por isso o meu coração se alegra e no íntimo exulto; mesmo o meu corpo

repousarátranquilo,porquetunãomeabandonarásnosepulcronempermitirásqueoteusantosofra

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decomposição.Tumefarásconheceraveredadavida,aalegriaplenadatuapresença,eternoprazeràtuadireita.”(Sl16.9-11).

AtemáticadaressurreiçãodosmortosnemdelongeéumaesperançacentralnateologiadoAntigoTestamento.Poucassãoaspassagensbíblicasquealudemaestaverdadecentralparaafécristã.Antes,oAntigoTestamentofalaemvida.Umapessoaabençoadaéalguémqueviveubemelongamentesobreaterra(Gn25.8).AcomunhãocomDeusédescritaemmuitostextoscomopossívelapenasnestavida(Sl115.17)227,porisso,omomentodoaquieagora,davidalongasobreaterra,edovivercomDeusaquieram tão importantesnoAntigoTestamento (Ex20.12, Is65.20).O“sheol”,omundodosmortos, éolugardesilêncio,aterrado“esquecimento”.228Lánãohávidaativa,éolugardedescansoparatodos,indistintamentedoquefizeramemvida(Sl115.17;88.6).229

Apesar do enfoque na vida presente, há também uma esperança de vida eterna manifestada notestemunhodoAntigoTestamento.OSalmo73.26afirma: “Deusé a rochadomeucoraçãoe aminhaporção para sempre”.230 O autor de Eclesiastes também diz que há uma vontade do ser humanodirecionada para a vida eterna (Ec 3.11). Essa esperança está claramente fundamentada no poder deDeus, que não conhece limites, e domina sobre tudo e todos, além de proclamar a Sua vitória e SeubanquetecomemorativonomonteSião(Is25.6-8;cf.tb.Dt32.29).231

A esperança de uma ressurreição individual, porém, aparece apenas em poucos textos, como emDaniel12.2-3, emqueosbonseosmaus ressuscitarãopara receberovereditodeDeus.TambémemIsaías26.19,emqueaterradevolvedopóosmortosparaumanovavida.AvisãodeEzequielarespeitodovaledosossossecostambémapresentaaperspectivadeumaressurreiçãogeralepessoal(Ez37.1-14). Já emOséias6.1-3,o tipode ressurreiçãodescritapode ser relacionadaà ressurreiçãode JesusCristoe,portanto,épossívelcompreenderotextocomoumaprofeciadaressurreiçãodoMessias.232

O que a maioria destes textos aponta, no entanto, é que a figura da ressurreição é ligada a umfenômenonatural:opóeoorvalhoformamobarro,matéria-primadocorpoemGênesis;aosossossecoscrescemnovamentejuntas,ligadurase,porfim,carne;achuvaregae,apartirdela,avidaressurge.Aliteratura rabínica ao ler esses textos associou a ressurreição, figurativamente, ao grão de trigo, queprecisamorrer (serenterrado)paranascer (dar luzànovaplanta).233ARosadeSharon é tambémumsímbolodaressurreiçãoretiradodociclodanatureza;a terra,apósoInverno(morte), fazbrotarnovavida em plena beleza e formosura (a rosa). Por esta razão, os judeus utilizam as rosas/rosetas comoelementosdecorativosnostúmulos,aludindoàesperançadaressurreição.234

AressurreiçãonotestemunhobíblicodoNovoTestamentoA primeira passagem do Novo Testamento que alude à ressurreição se encontra em 1

Tessalonicenses 4.13-18.235 Trata-se de uma resposta às perguntas dos primeiros cristãos: “QuandovoltaráoSenhorJesus?AlgunsirmãosfalecerameJesusaindanãovoltou.Oqueaconteceucomestesirmãos?Acabouanossaesperança?”.PauloesclarecequeosqueantecederamavoltadeCristonamorteserãoressuscitadosporDeuse, igualmente,estarãoreunidosaosdemaiscrentesqueexperimentaramaparusiaaindaemvida.Esse texto,porém, se limitaaafirmara respeitoda ressurreiçãodoscrentes,eaindanãotratadotemadaressurreiçãogeral.236

Anóséclaroquehavianacomunidadecristãprimitivaumensinoa respeitoda ressurreiçãodosmortos o qual vinha sendo criticado por membros da comunidade. Paulo aponta isto em 1 Coríntios15.12ssaonomearosseusoponentesquenegavamaexistênciadaressurreiçãodosmortos.Esseensinoestá sumarizado nos v.3-8: “Pois o que primeiramente lhes transmiti foi o que recebi: que Cristomorreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou no terceiro dia,segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos Doze. Depois disso apareceu a mais de

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quinhentos irmãos de uma só vez, a maioria dos quais ainda vive, embora alguns já tenhamadormecido.DepoisapareceuaTiagoe,então,atodososapóstolos;depoisdestesapareceutambémamim,comoaumquenasceuforadetempo.”(1Co15.3-8)

Em2Coríntios5.1-10Paulotrataaressurreiçãoutilizandoimagensantitéticas:tabernáculoterrenovs.edifícioeterno;nusvs.vestidos;omortalvs.avida;nocorpovs.comoSenhor.Asimagensservempara clarear a diferença entre a vida no presente século e a vida no século vindouro, isto é, quandoestivermoscomCristo,apósaressurreiçãoeojuízodetodos(v.10).

Já no Evangelho de João, a ressurreição aparece em sua perspectiva presente e futura. Ou seja,aquelesquecreememCristojáagoratêmanovavida(Jo3.5,3.17s,24).Ojuízofinaléantecipadoearessurreição começa emvida.Não se trata de eliminar a ressurreiçãono fimdos tempos.Trata-se deinterpretar quando a vida eterna efetivamente começa. Começaria ela apenas após a ressurreição docorponofimdostempos?Oucomeçariaefetivamentejápormeiodafé?ArespostadeJoãoéqueavidaeternacomeçajá,agora,(Jo2.25),masaindanãoconsumadaeefetivadapelaressurreiçãodocorpo(Jo11.24s).SeporumladoJoãoafirmaaressurreiçãoemvida,eletambémdeixamuitoclaroqueháumaressurreiçãofinaldetodosparaojulgamento(Jo5.28s).237

TalvezLucastenhasidooevangelistaqueapresentouaressurreiçãodosjustoseinjustos,ouseja,de todos, de forma mais clara. Em Atos 4.2, a prisão de Pedro e João deveu-se à oposição dossacerdotesàpregaçãodeJesuseàoposiçãodossaduceusaoensinodaressurreiçãodentreosmortos.AodescreverapregaçãodePauloeasrazõesdaoposiçãodosepicureuseestoicos,LucasapontaaféemCristoeoanúnciodaressurreiçãocomopontoscentraisdaproclamaçãoemAtenas(At17.18).Oqueparececlaroéqueoscristãosnãotinhamqualquerproblemaemseidentificarcomosfariseusnotocanteà doutrina da ressurreição dosmortos, tanto quePaulo utilizou este argumento diante doSinédrio (At23.6).OpróprioSenhorJesuscriticouossaduceuspelafaltadefénaressurreição,apontandoqueDeuséDeusdevivosenãodemortos(Lc20.38).É,definitivamente,claroqueLucasensinaaexistênciadeumaressurreiçãodetodosparaojuízonofimdostempos(At24.15).

A ressurreição também aparece nas demais literaturas do Novo Testamento. Em 1 Pedro 4.5, aimagem do juízo, da prestação de contas no fim dos tempos é clara. Em Hebreus, o ensino daressurreição e o do juízo final aparecem lado a lado (Hb 6.2). O texto mais claro, porém, é o doApocalipse20,noqual,efetivamente,ocorrearessurreiçãouniversal.AprimeiraressurreiçãoserefereàquelesquecreramemCristoeforamressuscitadosantesdomilênio.AssumimosaquiainterpretaçãodoApocalipsedeJoãonamesmalinhadoEvangelhodeJoão,istoé,dequeaprimeiraressurreiçãodevaserlidafigurativamente,comosereferindoaonovonascimento,assim,todoaquelequecrêemCristoétrazidodamorteparaavida(ressurreto)epermanecejáagoracomCristo,mesmoantesdaSuavoltaedaconsumaçãofinal.238Asegundaressurreiçãoserefereatodososmortos239queaguardamojuízofinal.Para estes, apóso juízodasobras, está reservada avida eterna junto aoSenhor (descrita no capítuloseguinte) ou a segundamorte, ou seja, a condenação eterna (v. 14). Defendemos, assim, que há umaressurreiçãofinaldetodosparaojuízoeumduplodesfechodahistória:condenaçãodosmausdeacordocomsuasmásobraseredençãodosjustosporcausadaféemCristo.240

AressurreiçãodeCristoeanossaressurreição241

Nocapítulo3,arespeitodeJesus,oBibojátratoudoassuntodaressurreiçãodeCristo.Abordouahistoricidade do fato, as relações entre ressurreição e salvação e o Espírito Santo. Além disso,apresentouumasíntesede1Coríntios15,otextocentraldoNovoTestamentoarespeitodesseassunto.Cabe-nos,agora,apenasretomaralgunsassuntosquetêmligaçãodiretacomaescatologia.

A ressurreição deCristo é a prova irrefutável e a garantia da nossa própria ressurreição. Só hápossibilidadedeumnovonascimento,deumavidaeterna(ressurreiçãopresente/figurada),poisCristo

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venceuamortenaSuaprópriaressurreição.Em1Tessalonicenses5.10eFilipenses1.23PauloatestaoseudesejodeviveremuniãocomCristo242,talpossibilidadesóérealporqueCristovive(ressuscitou),deformaquejáagoranóssomosvivificadosnocorpo,enofuturoressuscitadosefetivamente.

Corruptívelparaincorruptível(anaturezadocorporessurreto)Agrandeperguntaquesempresurge,noentanto,éarespeitodocorpodaressurreição.Secrermos

na ressurreiçãodocorpo,econsiderandoquenossocorpomaterialapodrecerá logoapósnossamortefísica,dequetipodecorpoestamosfalando?Cremosemumaressurreiçãoimaterial,emumaespéciedevidadesencarnada?Cremosemumnovocorpototalmentediferentedoquetínhamosatéagora?Dequeformaseconectamasrealidadesdasnossasexistênciaspresenteefutura?

Osdoistextosfundamentaisparaessacompreensãosão1Coríntios15e2Coríntios5.Oprimeirotratadaressurreiçãoemumasériedeaspectos,desdearessurreiçãodeJesusatéasimplicaçõesdessapara nossa fé e pregação. Essencial neste texto é a distinção entre o “corpo natural” e o “corpoespiritual”.Paulousaumasériedeanalogias,comoadasementequeprecisaperdersuaformanaturalparadarlugaràplantaquenascerá.Apósnasceraplanta,todosdirãoqueestaúltimaémuitomaisbelaeesplendorosadoqueaprimeira.Assimtambémécomoscorposcelesteseterrenos.Hádiversosdeles,equalquerpessoaécapazde reconhecerqualéoquemaisbrilha, sejaosolentreosastros, sejaoserhumanoentreosserescriados.

A imagemda semente é então retomadaporPaulo, explicandoque o corpo físico ematerial quepossuímosprecisasersepultado,poiséperecível,enquantoqueonovocorposeráimperecível,dadaasuanaturezaespiritual,enãomaisnatural.OargumentodePauloéconstruído,então,apartirdenossadescendência adâmica, logo, se o primeiro ser humano foi um “ser vivente”, então todos os que deledescendem portam sua imagem, ou seja, são também, e tão apenas, “seres viventes”. Agora o quepertenceàexistêncianestemundo,osque sãonaturaisdestaera,nãopodementrarno reinodoscéus,poisneste,aexistêncianaturalnãocabe.Éprecisoumaoutra“natureza”,estaprovidenciadaporCristo.Jesus é “espírito vivificante”, isto é, Ele concede vida. Paulo, então, conecta as duas realidades,aparentementeirreconciliáveis,àimagemdovestir-se:ocorruptível,ocorpoatual,precisaserrevestidodoqueéincorruptível;omortal,doqueéimortal.

Em2Coríntios5,oargumentodePauloésemelhante.Oargumentoéodeumahabitação,umatenda.Atualmente, habitamos em uma tenda temporária e terrena. Na ressurreição, receberemos um edifícioconstruídonãocommatéria-primaterrena,nemfeitopormãoshumanas;naturalmente,nosencontramosnus, o que após a queda denotou vergonha e foi justamente esta vergonha que Deus apontou como oconhecimentodasituaçãodepecadoemqueseencontravaoprimeirocasal.Comocristãos,ansiamosporserrevestidos,masnãodespidos.Aideiapresenteéadeque jáagoraoEspíritoSantonosveste,deformaquenãonosencontramosmaisemestadodevergonha,masenquantoestamosnestecorponatural,não estamos plenamente com Cristo. Desejamos, assim, ser revestidos da habitação celestial, quesignificaonovocorpo,aoqualopecadoeamortenãoaderemenãotêmmaisinfluência.

Utilizandoostermosdaantropologiateológica,temososeguintequadro:

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Quando a Escritura fala de uma ressurreição do corpo, ela está falando não da permanência da

existênciafísicatalqualatemosnomomento,masdacontinuidadedenossavida,denosso“eu”enquantopessoas,denossahistória,lembranças,vivências,porémnãomaisatreladoàquiloqueconcerneàcarne:atemporalidadeeopecado.Onovocorpo,gloriosoeesplendoroso,poderáseparecercomocorpodeJesus Cristo, que carregava as marcas da crucificação (Jo 20.27)243, mas cujo semblante não foireconhecidopelosdiscípulos(Lc24.15-16;Jo21.4);quesealimentoujuntodeles(Jo21.13),masquepôdeatravessarparedesparasereuniraosSeusqueseencontravamemsecreto(Jo20.19;Lc24.42-43).

OséculovindouroouoconceitodereinodeDeusA ideia de reino de Deus é clara quando lemos os evangelhos, especialmenteMateus, pois nos

deparamoscomtermoscomo“reinodoscéus”ou,simplesmente,“reinodeDeus”.ArealidadedoreinodeDeusé apresentadaorapormeiodeumaparábola,orapormeiodamanifestaçãodopoderdivinomedianteCristo,orapeloensinocomautoridadedeJesus.

OAntigoTestamentojáconheciaumconceitodereinodeDeus.OsSalmosatestamamajestadeeoreinadoeternodoSenhorsobretodaterraecéu(Sl47,145.11-13).OSenhortemumtrononocéu,deondereinasobretudoetodos(Sl103.19).OreinadodeIsraelpertenceaoSenhorqueconcedeàdinastiadavídicaalicençaparareinarsobreoreinoquepertenceaDeus(1Cr17.14).Porém,nofimdostempos,opróprioDeus reinaránovamenteepessoalmenteemSião (Is24.23;Zc14.9).No livrodeDaniel,oconceitodoreinoescatológicodeDeusvemnovamenteàtona.NabucodonosorreconhecequeoreinadopertenceunicamenteeeternamenteaDeus(Dn4.34).AoFilhodoHomeméconcedidooreinoeternoeduradouro(Dn7.13s),eoreinosobreaterraseráexercidopelossantosdeDeus(Dn7.27).244

EmMarcos,JesusanunciaoevangelhodeDeus,dizendoqueotempoestácumpridoeoreinodeDeusestápróximo.“Arrependei-vosecredenoevangelho”éSuamensagemcentral.EntrarnoreinodeDeuspodesersinônimodeentrarnavida,ounocaminhoquelevaàvida,ouaindaherdaravida.QuandoJesusanunciaavindadoreinodeDeus,querdizerquedefatoEleagoravem.245Oreinonãoéalcançadoporpoderouporrevolução;elesópodeserrecebidoporquemécomoumacriança(Mc10.15).Aúnicacoisaqueseesperaativamenteéaoraçãopelavindadoreino(Lc11.2);maisdoqueestapreparação

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nadaéesperado(Lc12.31).Oarrependimentoéosinaldapreparaçãoadequadaparaavindadoreino(Mt5.20).Asalvaçãoéoresultadoimediatodavindadoreinoparaaquelesqueoreceberamdeformaapropriada(Mt7.21).246

Comopodemosperceber, pormeiodessesversos citados, o reinodeDeuspossuiumadimensãopresente.Dessa forma, na escatologia alguns enfoques falam de uma escatologia realizada, como emCharlesDodd.AscuraseosmilagresdeJesussãoatestadoscomosinaisdoreino(Lc10.9;11.20;Jo3.2).Oreinojáévividoagoraepossuisuaéticaprópria(1Ts2.10-12;Mt5-7).Háatendênciaentreosque enfocam na dimensão presente do reino, incluindo aqui os pós-milenistas, como a Teologia daLibertação, dedesconsiderar a dimensão futura e compreendero reinodeDeus tão apenas comoumanovaética.

Umasegundaperspectivatrazumequilíbrioefazjusaostextosbíblicosquetêmumadimensãodeanúncio futuro.O reino deDeus ainda virá em sua plenitude. Enquanto Jesus vivia na expectativa davindado reino, a igrejavivena expectativada consumaçãodeste reino.247O reino futuro é o alvodahistóriadeDeus(Mc14.25;1Co6.9;Gl5.21).

Muitos confundiram reinodeDeus com igreja. InclusivePaulAlthaus criticou esta concepção aodizerqueJesusesperavaoreino,masoqueveiofoiaigreja.Porém,oreinotemumaspectointerpessoale social, a saber, o reino está entre nós ou nomeio de nós (Lc 17.21).Alémdisso, há uma gama dereflexõeséticasarespeitodoreinocomimplicaçõessociaisoucoletivascomocasamento,sexualidadeefamília,alémdeeconomia,propriedadeetrabalho.

Mas tambémo reino possui uma realidade interna.Trata-se da relação individual do crente comDeus.OcristãoémoradadoEspíritoSanto(1Co3.16)eoprópriotextocitadonoparágrafoanterior(Lc17.21)podeserinterpretadoduplamente,comoARAindica:“oreinodeDeusestádentrodevós”.Estadimensão espiritual não pode ser perdida, mas também não pode ser supervalorizada como foi comOrígenes, a ponto de interpretarmos todas as coisas emum contexto “espiritual” e desconectarmos asrealidadespresenteefutura,individualecoletivadoreino.

Nossaabordagemsegueumacompreensãoamilenistadoreinovindouro,istoé,compreendemosqueomilênio(Ap20.1-4)jáestáemcursodesdeaprimeiravindadoSenhor,equeoreinoeternoaconteceráquandodavindad’Esteemglória:asegundavinda.Paracompreenderasdiversasposições,incluímosaquiumexcursosobreatemáticadomilênio.

Excurso:asinterpretaçõesteológicasarespeitodomilênio(Ap20,1-6)248Como costuma dizer oMac, este é um tema que produzmais calor do que luz, isso porque uma

interpretaçãoconsensualdotemaestálongedeseralcançada.Oquetemossãocorrentesdepensamentotãodiversasqueumaconciliaçãoémuitodifícil.Aquestãoprimordialéaseguinte:comointerpretaroreinadomilenardeCristoemApocalipse20.1-6?249Serialiteralouumaalegoria?

Basicamente,existemquatrocorrentesdeinterpretação:1.Pré-milenismohistóricoCristovoltaráantesdomilênioparaestabelecerumreinosobretodosospovos.Estereinoteráa

duraçãode1.000anoseoscristãos,queparticiparãodaprimeiraressurreição,reinarãojuntoaCristo.Seráumreinoteocrático,istoé,opróprioCristoreinarásobreospovosdaterra.

2.Pré-milenismodispensacionalistaTal interpretação parte dos pressupostos pré-milenistas, porém possui um esquema fechado de

interpretação do curso dos acontecimentos escatológicos. A história é subdividida em uma série de

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“blocos”chamadosdedispensações.Emcadaumadessasdispensações,DeusrevelaSuavontadeaoserhumano que, sempre, de novo, fala e é julgado conforme uma aliança própria de cada uma dessasdispensações.Sãoensinadassetedispensações.Atualmente,nosencontramosnadispensaçãodagraça,queculminarácomadispensaçãodoreinoquandoCristovoltar invisivelmenteearrebatara igreja.Oarrebatamento ao estilo “DeixadosparaTrás”250,marca o fimda dispensaçãoda graça e o início dosacontecimentosdofimdostempos.Entreosdefensoresdessacorrenteháaindacompreensõesdistintasdequandooarrebatamento251acontecerá:

Pré-tribulacionista:oarrebatamentoseráantesdatribulação,logo,antesda70ªsemanadeDaniel9.27;Mid-tribulacionista: será no meio da tribulação, exatamente no meio da 70asemana;Pós-tribulacionista: será depois da tribulação, logo antes ou junto à 1aressurreição,cf.Apocalipse20.4s;Arrebatamento parcial: apenas os cristãos espirituais serão arrebatados, oscarnaispermanecerãonatribulação,momentonoqualserãoprovadosquantoàsuafé.

3.Pós-milenismoOmilênioaconteceráno fimdos temposeCristovoltarásomenteno fimdesteperíodo,portanto,

apósomilênio,paraaconsumaçãodahistória.Omilênioseráumtempodepazeprosperidadegeral,noqualaigrejateráumpapelfundamentaleosobjetivosevangelísticosdestaserãoplenamentealcançados.

4.Amilenismo252

Não haverá ummilênio literal. Ou seja, não haverá um período áureo da igreja, nem um reinosecular como antecipação do reinado escatológico de Cristo. Jesus já reina sobre a igreja e sobre omundo,porémSeureinadoéespiritualenãopolítico.Apenasnofimdostempos,quandoCristovoltarpararessuscitaratodosparaojuízofinaléqueseráinstauradooreinoeterno.

BreveavaliaçãoAo avaliar essas posições, precisamos nos questionar se o modo de interpretação é aberto ou

fechado, isto é, se o modelo propõe uma ordem de acontecimentos, de tal forma que as passagensbíblicassãoforçadasacaberdentrodoesquemapropostoouseos textosbíblicos têma liberdadedequestionaronossomodeloescatológico.Ograndeproblemaéquenãotemoscondiçõesdeafirmarcomoas passagens bíblicas que retratam os temas escatológicos se relacionam entre si. Temas como oarrebatamento se encontram em literaturas muito diversas como Daniel e 1-2 Tessalonicenses.Estaríamossendojustosaotestemunhobíblicoseestabelecêssemosumarelaçãodecausa-efeito,emvezde,porexemplo,umarelaçãoadversativaentreostextos?

Além disso, as interpretações especulativas falham ao tentarmontar um quebra-cabeças que nãoveiocommapa!Nãotemosavisãodotodo,apenasdaspartese,porisso,temosdedizerquequalquersistema escatológico é uma tentativa, uma possibilidade, e não uma certeza ou verdade. Que haveráressurreição,arrebatamento,reinadodeCristo,juízofinal,nãohádúvidas.Oquenãosabemosédequeformaelesserelacionamentresi,comoequandoacontecerãoexatamente.

OsdiversosretratosdoreinodeDeusaolongodaEscrituraAseguir,apresentaremosalgumasimagensqueaBíbliautilizaparadescreverarealidadedoreino

deDeus.Não será uma análise exaustiva, todavia, apresentará termos da escatologia futura, alguns já

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comimplicaçõespresentes,quepodemnosajudaramontarumquadrodaquiloqueDeustempreparadoparanósnaconsumaçãodostempos.253

AnovaouacelestialJerusalém(Ap21.10-27)Aimagemnosremeteaumasociedade,aumfuturoemqueháinteraçãosocialentreaspessoas.Há

aliummuroaparentementedesnecessário,masquepodeserentendidocomoumaanalogiaàJerusalémdaépoca,querecentementehaviasidodestruídapelosromanos,naqualomurotinhaumaimportânciadedefesamuitogrande.AssimcomooquerubimguardavaaentradadoÉden,tambémaquianjosguardamaentradadosmuros.Masprovavelmente, essas referências aosmuros, aos anjos e aosnomes seja umapalavradecumprimentodeEzequiel48.30-35,eosmurosentãoadquiremumafunçãodemostraraglóriaeagrandezadacidade,poisparaproteção,jánãoseriammaisnecessários.

Anovacidadenãotemtemplo,estaéagrandediferençadanovasociedade.Nãohánecessidadedeseparaçãoentresociedadesreligiosaecivil,simplesmenteporqueestaseparaçãoéfrutodopecado,quenanovaJerusalémnãoterámaispoder.Nãohánecessidadedesol,nemlua,nemseparaçãoentrediasenoites.AideiadeDeus iluminara todoso tempointeiroéadequeoscontrastesentre justoe injusto,escondidoe revelado,puroe impuro, jánão fazemmaisqualquer sentido.Tantoqueosportões estãoabertoseosgentiospodementrar,porém,aentradaépermitidasomenteàquelesquetêmonomeinscritonolivrodavida,ouseja,anovaJerusaléméacessívelsomenteàquelesque,emvida,creramnofilhodeDeus.254

Apazentreosanimais(Is11.6-9)Naturalmente, este texto não pode ser visto como uma possível conquista dos esforços humanos.

Ninguémconsegue,nemmesmocommuitotreino,mudaroinstintonaturaldeumleão.AimagemdotextonosremeteaostemposdoÉden,demodoqueoretornoaoparaísoidílicosetornaummotivoclaronestaprofecia.Umainterpretaçãosimbólica,comcumprimentoimediato,nãofazjusàclararelaçãoqueestetextotemcomotemadopecado,dainimizadeedadesordementreacriação,frutosdaradicalidadedaqueda.Achavedeleituraseencontranov.9,emqueamaldadenãoadentraránosantomonte,Sião,poisoconhecimentodeDeusestarápresenteemtodoolugar.Logo,pensamosnovamentenanovaJerusalém,enaimagemdaterraredimidaedanovacriaçãodeDeus.

Há uma conexão clara entre o que é velho, ou seja, os animais, o comer, a criança brincando, acidadedeJerusalém,masháumelementoqualitativonovo:nãoháinstintodecaçaedesobrevivência;carnívorossetornamherbívoros;animaisferozes,pacíficos.255Háumaexpectativadapresentecriaçãodequeestapazeacompletarestauração logovenham(Rm8.19).Afiguraretrata,portanto,apazquereinaráemtodaaordemnaturalnanovacriação.256

Oparaíso(Lc23.43;Ap2.7)AimagemdeumparaísoapareceapenastrêsvezesnoNovoTestamento.257Elasretomamaimagem

do paraíso do Éden com uma esperança renovada de que algo semelhante lhes aguarda no futuro. AimageméespecialmenteforteemsignificadoparaoshabitantesdaPalestina,queviviamrodeadospordesertoseestepes,eondeapenasnoentornoderiosefontesd’águahaviapossibilidadedefloresceralgofrutíferoebelo.Essa imagemescatológicaremeteaumacontinuidadeentreacriaçãoeaconsumação;nela,aprimeiranãoseráaniquiladaemfunçãodaúltima.FicaclarotambémqueapenasDeus,ocriador,équemtemopodereapossibilidadedesertambémoconsumador.Alémdisso,arealidadefuturanãoseráumarealidadesupranatural.258

Umanovaterraeumnovocéu(Ap21.1)Todas as imagens apresentadas até agora descrevem a consumação escatológica deste mundo.

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Entretanto,ovocábulonalínguaportuguesadenotatantoaconsumaçãopelaviadaaniquilação,quantopelaviadaplenitude.Asimagensdescrevemclaramenteumaplenitude:apazsemfronteira,oparaísoaserusufruídosemmedidas,acidadequeresplandeceeirradiaDeus.Acontinuidadeentreacriaçãoesuaconsumaçãoficouclarapelostextosbíblicos.Mastambémestábemnítidaadiferençaqualitativaentreomundonoqualvivemosesuaformanofuturo;háumadescontinuidadedemonstradapelasuaqualidade:ele énovo!Porém,não é “novo”no sentidodequeo “velho” foi destruído,masno sentidodequeovelhofoisuperadopelonovo.Anovaterranãoénemaquinestaterra,nemlánocéu,poiscomodisseoBibo,haveráumempaçocamento da “terra” como“céu”,de formaqueháumacontinuidadeda atualcriação,masqualitativamenteumadescontinuidade.259

Nãonosépossívelexplicaremquemedidaoucomoseráonovoemcomparaçãoaovelhoemsuaformamaterial;oquepodemosverificarpelo testemunhobíblicoeas figurasescolhidaséqueanovaterra e o novo céu serão uma realidade inexprimível, pois as palavras que possuímos em nossovocabulárionãosãosuficientesparadescrevê-la,porissodizemoscomPaulo(2Co12.4),queéumlugarindescritível.260

Avideiraescatológica(Mq4.4;Zc3.10)Muitos já compreenderam a realidade descrita por Miquéias como produto de uma utopia

revolucionária.Pormeiodajustiçasocialedatolerância,alémdaconversãodasarmaseminstrumentosdetrabalho,apazseráalcançada.Sociologicamente,issopodeserverdadeiro,entretanto,aexpectativadoprofetaébemrealista:apazseráalcançadaquandoomonteSiãoestiveracimadetodososmontes,epara lá fluírem todos os povos. É uma imagem do futuro reinado de Deus sobre tudo e todos. Nãopodemos entender o texto apenas na sua dimensãopolítica, por isso rejeitamos a opção comunitaristatantoquantoateonomista.261

Oreinonãoéfrutodoesforçohumanopelajustiçasocial,nemdoesforçohumanopelaconversãodas pessoas/sociedades à fé cristã.Alémdisso, há a imagemda videira,muito presente e clara nestetexto.EssemesmotextoreapareceemIsaías2.2-5eomotivodesentar-sedebaixodavideira/figueiranovamenteemZacarias3.10.Numaregiãoseca,quenteefortementecastigadapelosol,asombradensada videira providenciava um local fresco e gostoso para se passar a parte mais quente da tarde.ExperimenteiissonaparreiraquemeuavôcultivavanointeriordoParaná,quandonosdiasquentesdeVerãonossentávamosembaixodelaparacomerseusfrutosenosafastardocalordosol.Alémdeserumlugar mais fresco, o fruto da videira, na Bíblia, inúmeras vezes descrito como o vinho, é tanto umsímbolo de comunhão e festa, quanto de cura e salvação. Jesus se identificou com a videira (Jo 15),sendoosquecreemn’Eleosramosquedãofrutos.

Dessemodo, a comunhão comCristo produz uma vida frutífera.NaCeia, Jesus escolhe o vinhocomo imagem para o Seu sangue derramado: o cálice da Nova Aliança (1Co 11.25). O sangue eracompreendidonoAntigoTestamentocomooportadordavida(Gn9.4,cf.Lv17.11).AgoraavidadeCristoédadaederramadaemnossofavor.Eaquelequebebedosangue,istoé,aquelequetemcomunhãocomCristo(1Co10.16),queparticipadasuamesa;este temavida,ésalvo,curadoerestaurado(Mc10.45,cf.1Jo1.7,Mc14.24).262

EstarcomoSenhor(1Ts4.17)Oarrebatamentodescrito naprimeira carta dePaulo aosTessalonicenses é umdos eventosmais

comentados da escatologia do Novo Testamento. Seguramente, a figura do arrebatamento já estavapresente na escatologia do Antigo Testamento (Gn 5.24 – Enoque; 2Rs 2.11 – Elias) e também nopensamentojudaico.263ApromessadavoltadeCristofoilogoidentificadacomtaiseventosrelatadosnoAntigoTestamento,demodoquePaulorelataumavoltavisíveldeCristo,assimcomoSuaascensãofora

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visível.264Oalvodoacontecimentoé“estarcomoSenhorparasempre”eistoincluirátambémosquejáestavammortoseforamrecém-ressuscitados(1Ts4.16).

Porém,aimagemdoencontronosaresénaturalquandopercebemosqueJesusseidentificoucomooFilhodoHomem (Mc13.26), um título já presente no livro deDaniel, noqual lemosqueoFilhodoHomem “vinha com as nuvens do céu” (Dn 7.13). Se a ascensão foi logicamente para o alto e para“dentro”dasnuvens(At1.9),aSuavoltadeveriaobedeceràmesmalógica,i.e.,virdasnuvensparaoencontroconosco.Provavelmente,Pauloquis,comessaimagem,apontarparaofatodequenãodevemosbuscarlocalizaro“céu”ouoreinodeDeusemalgumlugargeográfico.Elenãoénemexatamenteaqui(Terra),masnãodeixadeterconexãocom“oaqui”,etambémnãoéexatamentenocéu:énoentremeio,nosares.A“geografia”doreinodeDeus,asdatas,omomentoeaordememquetudoaconteceránãoestãonofocodotexto.Omaisimportante,porém,équeestaremosparasemprecomoSenhor.265

Acomunhãomística–theosis(Rm8.14;At17.28s;2Pe1.4)Muitocomumnopensamentooriental,a theosissignificaqueoserhumano,porsuaadoçãocomo

filho de Deus, se torna participante da comunhão interna da Trindade. Omomento de verdade dessacompreensãoéoque,defato,efetivamentetemos,enquantofilhosdeDeus,ouseja,acomunhãocomoDeusquefazpartedaTrindade.Entretanto,precisamosleressestextoslevandoemcontaRomanos8.14quedemonstraqueoserfilhodeDeusnãoalteraanaturezadapessoahumana,masmudaaqualidadedasuarelaçãocomDeuse,comisso,avontadedoserhumano.PassamosaserguiadospeloEspíritoSantoehabitadosporEle,todaviaissonãosignificaquenóspossamosfazerpartedanaturezadivinaousermosabsorvidosporela.Devemosterocuidadodedizerque,enquantogeraçãodeDeusecoparticipantesdanatureza divina, somos apenas filhos e, por isso, nossa relação com a Trindade é tão somente decomunhão.266

VerDeusfaceaface(1Co13.12)Na teologiadeMartinhoLuteroas realidadesescatológicas sãoexplicadaspormeiodoexemplo

dastrêsluzes:aluznatural,aluzdagraçaealuzdaglória.Sobaluznaturaltodasaspessoasenxergamaquilo que os olhos podem ver, receber como impulso. Por ela, qualquer pessoa pode perceber aexistênciadeumadivindade,umpoder superior.TodospossuemalgumconhecimentoacercadeDeus,umagraça comumou revelaçãogeral.No entanto, esse conhecimento é insuficiente para a salvação eparaoreconhecimentodoqueviránofuturo.

Asegundaluzéadagraça.Sobessaluz,apartirdoconhecimentodeDeusnarevelaçãodeCristo,compreendemos e enxergamos algo mais além. A fé enxerga o que os olhos comuns não veem:aesperança,oamor,apaz,aliberdade,operdão,ouseja,DeusemSuaaçãoparaconosco.Sobaluzdagraça,vemoslampejos,silhuetas,sombrasdoqueseráofuturo.Vemosistomanifestadonacomunhãodossantos, na qual o perdão, a reconciliação, a paz e o amor estão presentes como dádivas da vida noEspírito.Entretanto, a vida, aqui e agora, sob a graça deDeus, ainda não é tudo. Sob a luz da graçavemossomenteoquenosfoireveladopelaEscritura,nadaalémdisso.

Falta-nos, então, a última luz: a luz da glória deDeus. Sob essa luz vemos toda a realidade dahistóriadocosmosetodaaplenitudedeDeusfaceaface,frenteafrente,semmáscaras,semsegundasintenções,semquaisquerempecilhos.Sobaluzdaglória,tudosetornaevidenteelímpido.Passamosacompreender,conhecerenosrelacionarmoscomDeusecomtodosànossavolta,comojáagoraDeusnosconheceprofundamente.AessênciadeDeus,queéoamor, torna-searealidadesupremaaregeravidasobaluzdeSuaglória.267

Deusétudoemtodos(1Co15.28)Facilmente,alguémpoderiaentenderestafrasecomoumpanteísmo,noqualtudoéDeusounoqual

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Deusdividesuanaturezacomtudoetodos.Comoafirmamos,anteriormente,emrelaçãoatheosis,nãoépossível entender a coparticipação na natureza divina como se o ser humano pudesse adentrar nacomunhãointernadaTrindade.Oserhumanolimitadonãopodepossuiraeternidade,comoveremosnotópicoaseguir.

Apassagemde1Coríntios15.28fechaumblocodesentidoemquePauloretrataasujeiçãodetodasascoisasaCristo,porDeus.AssimcomoCristosesujeitouatudoeatodosnoSeuestadodehumilhação(Fp2.5-8),tambémDeustudosujeitouaEleporocasiãodaSuaressurreiçãoeexaltação.OfimdissoéqueoCristoexaltadosejaportudoeportodosadoradoeglorificado(cf.Fp2.9-11).Nãosetratadeumendeusamentodascoisasedaspessoas,masdofimdasbarreirasedainimizade(Rm5.10;Cl1.21)entreDeuseaSuacriação.DeusestaránomeiodaSuacriaçãoque, finalmente,OhonrarácomocriadoreDeus.

Avidaeterna(Mt25.46;Mc10.30;Jo3.16;Rm6.22)Boécio,emumadefiniçãoclássica,afirmouque“aeternidadeéatotaleaomesmotempocompleta

possedavida ilimitada”.268 Para alguns, pensar emumavida sem limitaçãode tempoé angustiante, ecausamedo,provavelmenteporimaginaravidatalcomoatemosaqui,apenascomaimpossibilidadedamortefísica.Paraoutros,elaparececomosonhodeumajuventudeeterna,deumaalegriaedeumafaltadelimites.Porém,avidaeternanosentidobíbliconãotemavercomapossibilidadedenãomorrerouaimpossibilidadedemorrer,nemcomumajuventudeeternaevitalidadesemfim,essaimagemnãoestáalipresente.

Osentidoclaroéumavidacompletaecheia.Oconceitoapontaparaumavidaalémdamorte.Amorteéumafronteiradavidabiológica,aqualaesperançadavidaeternatransgride.Entretanto,avidaeterna não se trata apenas de uma vida em espírito, como se apenas este fosse usufruir destacompletitude,mastambémocorpoexperimentaráoeterno,conformejátratamosanteriormentearespeitodatransformaçãodocorpofísicoemcorpoespiritualquandodaressurreição.269

Omedodiantedaeternidadesedápelanossalimitadacompreensão,essaqueérefémdoconceitodetempo.Paranós,existeopresente,omomentoemquevivemos;opassado,aquiloqueficouparatrásequenãotemosmaiscomomudar;eofuturo,otempodaexpectativa.Deus,porém,nãoselimitaaestascategorias de tempo, poisEle é de eternidade a eternidade, o começo e o fim.Deusnão se limita aotempo, Ele está além do tempo.Karl Barth disse queDeus é a negação do tempo, pois Ele possui aeternidade.Deusnão temumaduração, algocomopassado,presentee futuro,poisEleéocomeço,omeioeofim(Ap22.13),Eleéalémdequalquercategoriadetempo.270Cristo,porém,éairrupçãodaeternidadenotempo,poisoeternosefaztemporal;oqueestáalémdotempo,vemnotempo;oquenãotevecomeço,ogeradonaeternidade,nascecomdiaehoramarcados.271

ComCristo,oserhumano,limitadonasuacompreensãoelimitadopeloprópriotempo,passaateracessoàeternidade.QuandotempoeeternidadesecruzamemCristoJesus(Gl4.4),oqueé temporaltemapossibilidadedeparticipardoqueéeterno,poisoeternoseautolimitanotempo(Fp2.5-11).AeternidadeestáacessívelaoserhumanosomentenoanúnciodeCristo,nomomentooportuno,nokairós272

deDeus(2Co6.2).EmCristoenoEspíritovivemos jáagoraaeternidade,poiscomofilhosdeDeuspassamosatervidaemplenitude(Jo10.10),porém,aindalimitadospelotempoepelopecado,deformaque dizemos que tal plenitude alcançaremos somente na eternidade. Lutero dizia que somos“simultaneamentejustosepecadores,pecadoresdefato,justosnaesperança”.

Por essas razões, dizemos que a vida eterna já começa agora, no tempo, apesar de todas aslimitações.Éumavidadequalidade,poisexperimentamosperdãodospecados,alegriaepazcomDeus.Pelo Espírito Santo, almejamos de coração a comunhão com os irmãos e irmãs e por ela buscamospraticar o perdão, a reconciliação, o amor e a partilha. A partir da comunidade cristã, desejamos

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compartilharcomomundoaesperançaemCristo,oamordoPaie,assim,espalharpequenassementesdoreinodeDeusparaqueoutrospossamseralcançadospeladádivadasalvação.Acomunidadecristã,acomunhãodoEspíritonocorpodeCristoqueadoraoPai,éporta-vozeembaixadoradapátriacelestial,do reinodeDeus, e antevendoa eternidade (Ap4.1) apresentaos sinaisdebênçãosnahistóriadestemundo.

Essasmigalhasdevida,comaqualidadequeaquiexperimentamosequeaquirepartimoscomtodaequalquerpessoa,demonstramoquãogloriosoemaravilhoso seráquandoos filhosdeDeusestiveremjuntosnanovacriação,vivendoempazeterna,glorificandoaDeusparasempreevivendoemcomunhãoperfeita, numa vida completa, plena e realizada. A eternidade não é viver eternamente em um ócioangelical,mas, sim,viverpara sempre realizadoeplenocomopessoahumanadiantedeDeus.E issocomcertezanãoseráumócioentediante!Apêndice:OmosaicodeDeusPorAlexandreMilhoranzaTodaaEscrituraéinspiradaporDeuseútilparaoensino,paraarepreensão,paraacorreçãoeparaainstruçãonajustiça.

Nãohácomoconceberaideiadefazer,pensaroufalaremteologiasempartirdasEscrituras.Embora

sejacontestada,aproduçãoteológicadaIgrejatemcomopontodepartidaaBíblia.AprópriadeclaraçãodefédoCredoNiceno-ConstantinopolitanoestáalicerçadanotestemunhodasEscrituras.

ApartirdoséculoXVIIIaBíbliapassoupelocrivodoIluminismo,noqualtodaexperiênciahumanapassouaserinterpretadasobopontodevistaracionalistaecientífico.Comanegaçãodosmilagres,que,navisãodoscientistas, eraaquebrade todoprocessonatural, e, ainda, como surgimentodas teoriasliterárias, a Bíblia já não era mais encarada como a revelação infalível e inerrante de Deus ao serhumano.Entretanto,aBíblianãodeveserlidasobopontodevistacientíficoemrazãodeumaposturaanacrônica, uma vez que as vivências dos autores e destinatários dos documentos que compõem asEscrituraseramcompletamentediferentesdacosmovisãoiluminista.

BaseadosnosautoresdoNovoTestamento(Mt19.7;Mc.12.26;Jo5.46;At15.21;Rm10.5),queadmitiamaautoriamosaicadoPentateuco273,podemosafirmarqueaformaçãodaBíbliafoiumprocessoquedurou aproximadamente 1.500 anos, contando também todoprocessoque envolve a tradiçãooral,cujotemacentraléareconciliaçãoqueoDeuscriadordoscéusedaterraquerrealizarcomsuacriação.Seriaimpossívelquealguémtramasseumplanoparaescreverumlivrodestanatureza,poisseriacomoseváriosautoresescrevessemumcapítulodeumanovela,semaomenossaberoenredotodo,enofimoscapítulosescritosportodosessesautoresfizessemalgumsentidonamesmahistória!Portanto,podemosdizerqueDeusserevelouaohomempormeiodehomens.Contudo,ofatodaBíbliatersidoescritaporhomensnãoinvalidaaautoridadedivinaeainspiraçãoaelaatribuída,pois,paraocristão,aBíbliaéafontedesuafénaexistênciaeprovidênciadeDeus.

EmJoão17.3,JesusdizqueavidaeternaéoconhecimentodoDeusúnicoeverdadeiroedeJesusCristo,oSeuenviado.OprofetaOséias(Os4.6),muitotempoantes(século8a.C.),dissequeopovohebreu estava à beira da destruição por falta de conhecimento. Este conhecimento tinha como fonte arevelaçãodeDeus,pormeiodosprofetas, que foiposteriormente registradae compiladaaos escritosmaisantigos,originando,dessamaneira,oqueconhecemoscomooAntigoTestamento.

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OsautoresdoNovoTestamentoconsideravamesteconjuntodedocumentoscomoumaúnicaobra,que,emúltimainstância,tinhacomoautoropróprioDeus,obraestaintitulada“aLeieosProfetas”.274

EssaéacoleçãoquePaulodizaTimóteoserinspirada(2Tm3.16),vistoqueoNovoTestamentoaindanãoexistia comoumaobraúnica e completa.Todavia, os textosdoNTcertificamqueosdocumentosapostólicoseramlidospublicamentetalcomooslivrosdoAntigoTestamento(Cl4.16;1Ts5.27;1Tm4.13; 2Pe 3.15 eAp 1.3; 2.7, 11, 17, 29; 3.6, 13, 22; 22.18).O próprio apóstolo Pedro comparou aautoridadedosescritosdePauloàsdemaisescrituras(2Pe3.15-16).275

Porém,ogolpemaisrecentequeaBíbliatemrecebidovemdopós-modernismo.Aquestãogiraemtornodaexistênciadeumaverdadeabsoluta.Estaénegadanomundopós-moderno,pois,deacordocomessepensamentofilosófico,cadaumpodeterseupróprioconjuntodeverdades276,sendoaBíbliaapenasmais um conjunto destes. Essas verdades do século 21 podemmudar e variar conforme a época e oespaço chocando-se com as afirmações bíblicas imutáveis. Portanto, passaremos a tratar sobre adeclaraçãoqueaBíbliafazdesimesmacomoPalavradeDeus,fontedaverdade.

ABíbliareveladaConforme afirmado anteriormente, a Bíblia trata sobre a restauração do relacionamento deDeus

com sua criação, que se perdeu noÉden (cf.Gn3).ABíblia afirma que parte da criaçãomanifesta aglóriadeDeus(cf.Salmo19),entretanto,essacaracterísticadacriaçãoerainsuficienteparamostraraohomemasuaverdadeiracondiçãomoraleespiritualdiantedeDeus.Logo,eranecessáriaumarevelaçãomais precisa e profunda para que o homem entendesse, em sua própria linguagem, o seu estado deseparaçãodeDeusafimdequeoseurelacionamentocomoCriadorpudesseserrestaurado.277

Para entendermos a necessidade da restauração do relacionamento entre Deus e sua criação énecessárioadmitirmosdeantemãoarealidadedeDeus.EmvirtudedainfinidadedarealidadedeDeussó podemos conhecê-lo a partir domomento que ele mesmo se dá a conhecer.278 Portanto, não seriapossívelaoserhumanooentendimento,mesmoparcial,arespeitodeDeusseelemesmonãotivessesereveladodeumamaneiracompreensível,baseadaemfatoshistóricoseesclarecidosàluzdafé.

Essa revelação inteligível de Deus começa antes mesmo do registro escrito das palavras dosprofetas. Moisés havia ordenado que as palavras que ele dizia ao povo de Israel deveriam serconservadas no coração e ensinadas às gerações futuras (Dt 6.6-7). Dessa passagem pressupõe-se acompreensibilidadedessaspalavraseatradiçãooraldessesensinamentos.ÉexatamenteporestarazãoqueaBíbliafoireconhecidacomoPalavradeDeus,poisreconhece-senaBíbliasuaorigemdivinaemvirtudedaorigemdivinadaspalavrasdosprofetasantesmesmodapalavraescrita.Portanto,arevelaçãode Deus não pode ser condensada apenas na palavra escrita, antes a palavra escrita está contida narevelaçãodeDeusàhumanidade.

ABíbliainspiradaOscristãos, ao longodos séculos, têm sidodesafiados aprovar e apresentar as razõesde suafé.

(1Pe3.15).VamosentãoestudarasevidênciasdainspiraçãodaBíbliaeoapoioàdoutrinabíblicadainspiração.AdoutrinadainspiraçãodivinadaBíblianosgarantequeDeusdissetudoqueElenosteriaditopessoalmente.279

NãodevemosconfundirainspiraçãodaBíbliacomainspiraçãopoética.AinspiraçãodaBíbliadizrespeito à autoridade dada porDeus para a Bíblia.A palavra que usamos para descrever inspiraçãosignifica“sopradoporDeus”.ÉoprocessonoqualasEscriturasforamrevestidascomaautoridadede

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Deus (2Tm 3.16-17). Isso significa que, embora os autores humanos tenham interpretado os eventoshistóricosdeacordocoma revelaçãodeDeusaté aquelemomento,o insightprimáriooriginou-senopróprioDeus.

Ainspiração,comoprodutofinal,éofenômenosobrenatural,noqualhomensmovidospeloEspíritoSanto registraram as mensagens sopradas por Deus. Nesse processo, podemos distinguir uma causadivina, na qual Deus teve o desejo de se comunicar com o homem. A partir dessa intenção, homensmovidospeloEspíritoSantopassaramaregistraressamensagem,que,porfim,foirevestidadaprópriaautoridadedeDeus,quandoosprofetascomeçavamosoráculoscom“AssimdizoSenhor”.

Aprimeiracaracterísticadainspiração,porelaserescrita,éumainspiraçãoverbal,quenãodeveser confundida comuma espécie de ditado realizado palavra por palavra, pois os profetas não foramsimplesrobôsusadosporDeus,mascadaum,noseuestiloliterárioeemsuacosmovisão,registrouaspalavrasdirigidospeloEspíritoSanto.280

Outracaracterísticadainspiraçãoéatotalidadedestainspiração,ouseja,ainspiraçãoéplenária,nenhum trecho foge à inspiração divina. Podemos afirmar que o conceito da inspiração divina estárestrito apenas aosoriginais, isto é, ospapiros como registrodos seus autores.Portanto, as cópias emanuscritosposterioresnãoestãosobasupervisãodivinanosentidomaisestritodotermo.Damesmaforma,nenhumaversãooutraduçãopodeserconsideradadivinamenteinspirada,conquantocreiamosnocuidadodeDeusnocorrerdahistóriada transmissãodos textos sagrados.Alémdisso,a inspiraçãoéinerrante, tudoquantoDeusdisseéverdadeiroe isentodeerros.Trataremossobrea inerrânciamaisàfrente.

AreivindicaçãodaBíbliaquantoàsuainspiraçãoNãosãooscristãosqueatribuemàBíbliainspiraçãodivina,massimaprópriaBíbliaatribuiasi

mesmaessainspiração.281PercebemosissotantonoAntigoquantonoNovoTestamento,poisaexpressão“AssimdizoSenhor”noAntigoTestamentoenchesuaspáginas.JesuseosautoresdoNovoTestamentoatestaramcom todaa forçaeconvicçãoacertezada inspiraçãodivinadoAntigoTestamento.Por suavez,osescritosapostólicosforamcitados,damesmaformaqueoAntigoTestamento,sendoconsideradosdivinamenteinspirados.CadalivrodoNovoTestamentoreivindicainspiraçãodivina.CadaescritordoNovoTestamentofazreferênciaaosescritosdeoutrosautorescomosendoinspirados.

Aigrejaprimitivacopiavaeguardavaessesescritosapostólicos juntosaoAntigoTestamento.Ospais da igreja primitiva atestaram a inspiração divina desses escritos. Logo, podemos verificar que,desdeosurgimentodaigreja,aBíbliatemsidoreconhecidacomoamensagemdeDeusparaoshomens.

Alémdaevidênciainternadainspiraçãobíblicaedaevidênciahistórica,temosaindaaevidênciaexternaqueopróprioDeusdáaocristãopormeiodaaçãodoEspíritoSanto.Elegarantequeoleitorentenderáseusignificado,poisEleiluminaráseuentendimentoparaaaceitaçãodasverdadescontidasnaBíblia.282

Portanto,ovaloreeficáciadaBíbliaparaocristãonãoestáfundamentadonaquiloqueseconhecesobreseusescritores,nemsobreoprocessodesuacomposiçãoaolongodosséculos,masnopoderdeDeusqueagenoserhumanopormeiodeSuaPalavra.283

ABíbliainerranteTendocomopressupostoaorigemdivinadasEscrituras,infere-sequeseuconteúdoéinerrante,uma

vezqueDeusnãopodesecontradizereSeupensamentopossuiordemeconsistêncialógica.284

Sobreainerrância,aDeclaraçãodeChicago285afirma:AfirmamosqueasEscrituras, tendosidodadasporinspiraçãodivina,sãoinfalíveis,demodoque, longede

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nosdesorientar,sãoverdadeiraseconfiáveisemtodasasquestõesdequetratam.Afirmamosque,emsua

totalidade,asEscriturassãoinerrantes,estandoisentasdetodafalsidade,fraudeouengano.286

Entretanto,o termo inerrânciaédesapropriado,pois se levaaoequívocoentrea formanaqualaBíbliafoiescritaeseuconteúdo.Porestarazão,têm-sehavidodebatesacaloradosentreoscristãosdelinhaortodoxaeosmenosconservadores.Ocernedacontrovérsiaresidenaflexibilidadequesedáaostermos empregados para a definição de inerrância. Eu concordo com Erickson, quando afirma quedevemosespecificarbemoquequeremosdizercomotermoinerrância,docontrárioabarcaremostodosossignificadospossíveiseoresultadoserásignificadonenhum.287

Emprimeirolugar,ainerrânciabíblicanãopressupõeainerrânciadosescritores.Afirmamosqueoprodutofinaléinerranteeissonãoquerdizerqueosescritoresfossemisentosdeerros.Outradistinçãoimportanteéqueainerrânciaestárestritaaoseuconteúdoenãonecessariamenteàsuaforma.Istoé,aformagramatical, literáriaoumesmooconhecimentohistórico-científicodosescritoresnãodevemsersubmetidosaopadrãocultural,socialoucientíficodonossotempo288,pois,noqueconcerneàsuaforma,a Bíblia contém certos erros. Brakemeier aponta algumas dessas incongruências quando afirma, porexemplo,queemMarcos1:2aatribuiçãoaoprofetaIsaíasnaverdadeédeMalaquias(3.1).EmMarcos2.26 lemos que Abiatar deu os pães sagrados a Davi, quando o livro de Samuel (1Sm 21.1-7) nosinformaquefoiosacerdoteAimeleque.289Ainerrância,portanto,abarcaosfatoshistóricosdemaneirageral e seu conteúdo didático e querigmático. Não devemos esperar uma exatidão precisa dosacontecimentoshistóricosnemumalinguagemcientíficaformal,umavezqueosescritoresnãotinhamàsuadisposiçãoomesmoconhecimentoobtidoatéosdiasdehoje.Logo,seJesusnãoressuscitou,senãoacalmou a tempestade no mar, se os muros de Jericó não caíram, se as Escrituras não apontam ajustificação pela fé, o arrependimento dos pecados ou a vida eterna, a Bíblia estaria errada e seriafalível.

DissoconcluímosqueDeus supervisionoucadaumdosescritores, emboranão tenhaditadocadaumadaspalavrasescritas,excetoemalgunspoucoscasos,comoporexemplo,osDezMandamentos(Ex20.1),algunsdosoráculosdeJeremias(Jr30.2),algunstrechosdoApocalipse(Ap2.1;2.8;2.18;3.1;3.7;3.14;14.13;19.9),dentreoutros.

Outro aspecto que corrobora esta posição é que os atributos literários dos escritores forampreservados,istoé,cadaumregistrouaspalavrasdivinasdeumaformadistinta.UmbomexemplopodeserobtidonoslivrosdosprofetasIsaías,Miquéias,OséiaseAmós.Nãoobstanteteremvividonomesmoperíodohistórico(século8a.C.),cadaumdelesescreveuapartirdesuaprópriavivência,muitoemboratenhampresenciadoosmesmosproblemassociaisedificuldadesreligiosas.

Assim,podemosafirmarqueaBíbliaéumlivrodivino,emrazãodarevelaçãodadaporDeusaosseusprofetas;mastambémumlivrohumano,emvirtudedascaracterísticassócio-literáriasdoshomensqueaescreveram.

AimportânciadaBíbliaparaocristãoEsta época está, conforme dito acima, caracterizada pela negação de toda verdade absoluta. E é

justamente neste ponto que aBíblia também se tornamuito importante para o cristão.No fundo,todosbuscamumporto seguro,um referencial.OcristãoencontranaBíblia esteporto seguro,pois, emboratenha uma históriamilenar de compilação e produção, suas palavras permanecem como um farol queapontaadireçãodechegadaetambémosperigosduranteotrajeto.

DiantedetantasverdadesquesecontradizemaBíbliadáaocristãoaoportunidadedeselivrardascorrentesdorelativismoeteresperançaemmeioaummundoqueperdeuosentidoequenãotemumarazãoparaviver.

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Emvirtude do padrão objetivo de verdade e justiça encontrado naBíblia o cristão pode fazer adiferençaemsuasociedadeexigindodospolíticos,governantesepoderososquesejamtambémjustos,honestoseverdadeiros.290

ABíblia, por ser a Palavra deDeus para nossa vida, deve ser aplicada a todas as áreas desta.Nosso trabalho, casamento, família, negócios, ética pessoal, trato social devem ser conformados aosensinosbíblicosporseremosensinosdopróprioDeus.

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ApoiadoresCulturais*AbnaldoGomesMorenoJuniorAbnerMelaniasValdevinoAdrianaEmiBuchlerOtakaraAgnesCarolineTrindadeKochhannAlanBrescianiColleBettinideAlbuquerqueLins

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AlexSilvaAlexfábioCustódiodaSilvaAlinedeSouzaCruzAltamirUelingtonVianaPaesAmandaSallesVilhagraAmauriBaldineAnaCristinaMachadoAnaPaulaPasqualinTokunagaAndréZacariasdeAleluiaAnnaLouiseVoigtAntenorHenriqueTrianondeSouzaArmandoAndreFonsecadeOliveiraArthurdeCamargoBrunoDutraBrunoMartinellidosSantosBrunoToledoRibeiroCaioSilvadosSantosCamiladoNascimentoFreitasCamillaFukunagaCarlaMaradaCunhaGomesClébersonLopesMacielCleristonAraujoChiuchiDanielFonsecaAlvesDanielMartinsdaSilvsDaviAndredaSilvaDiegoBeloRodriguesDiegodeAzevedoSouzaDiegoRochaChagasEdimarJoseEduardoP.SantosEduardoPaglioniSalamaEliasAdamNascimentoEmersonDaviEscobarVieiraErickSantinErikdeOliveiraErlanPereiraFradeTostesEvandroS.CastroEvilásioTenóriodaSilvaJuniorFabianoAlvesdeAndradeFelipeMartinsPiresFelipeMoreiraDoNascimentoFelipeRodriguesLeitãoFernandoMoraesOliveiraFlavioGabrielDuarteFlavioMacielLinsFredericoMottinhadeFigueiredoGedersonPereiradeOliveiraGleidistoneAntoniodaSilvaGuilhermeAlmeidadaSilvaGuilhermeCaixetaMotaGuilhermeGranzottoLemosGustavoBorgesLugoboniHeberttyVieiraDantasHélcioVitorPandiniSiqueiraHendyTisserantRodriguesHenriqueFerreiraIuryPatrickAlfaiadeMagalhãesJaquelineLimaVieiraJefersonMirandaJeffersonHenriqueFernandesRodriguesJoãoAntônioAraújoCruzJoãoHenriquedeSousaJoãoPauloAnicetoCamurçaJoãoPauloGomesAlledo

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JoaquimAvelinoJúniorJonasGustavoRadünzJoseCarlosdaSilvaJourdanLinderJulianaMendesGomesJulianoCastilhoPedroLeandroVaufranEstevesLeandroVieiraLeilaneLoubetCesarLeocadioL.G.DantasLeonardodeMelloFagundesLeonardoMatthisFischerLeopoldoTeixeiraLucasOliveiraMariaSantosLucianoGuimarãesLucienePintoPimentelLuizCarlosdeRangelPaesBarretoLuizFernandodosSantosNunesLuizRenatodeOliveiraPéricoLuizSérgiodeAssumpçãoMendonçaMarceloDutraMárciaPereiradeLimaMarcioCesarBastosGuimarãesMarcosPauloMoraleTeixeiraMariaAmeliadoRosarioIralaMariadeFátimadosSantosSilvaMoreiraMarianaRosaRibeiroMarianaSteffensMarianaTarkanyOliveiraMatheusBorçariSantanaMichaelDavidNoardoNazaroMenezesdeBritoNortonLuísIorisOlavoCortezCezárioPalomaDaSilvaOliveiraPauloHenriquedeOliveiraSaPauloHenriquedosSantosGulartePauloPimenteldeMoraisPedroAngellaNetoPedroCalixtoAlvesdeLimaPedroHenriqueDiasdeOliveiraRaphaelPortoRenanYoshimaRenatoAraujodosSantosRicardoV.C.M.LealRodrigoAraujodaSilvaRodrigoS.GalvãoRodrigoTamasiroBaptistadePaulaRogerioSouzadaSilvaRoneyGledsondaSilvaSamueldeOliveiraJuniorSamuelRosaRibeiroSaritaSalvadordeAssisdosSantosSaverioBrunoJuniorSeverinoJosédeBritoNetoSoellynCristinadeOliveiraFranciscoThiagoHenriquePiresPastoriZambondeMendonçaThiagoIbrahimdeSouzaPazTiagoAlvesTobiasSchroederTomásBatistaSilveiraVanessaIlseMariaVictorSivlaMendes

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WagnerMarinhoWagnerMartinsdosSantosWashingtonLimaWeinneWillanMoreiraSantosWellingtonSilvadeOliveiraWillianRochadelYaneWanderley

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Notas

[←1]Numlivrodehistóriadaigrejaprocurelersobreospolemistaseapologistas;fiqueatentoaessasnotasderodapé,poisaolongodoscapítulossãomencionadasboasreferências.

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[←2]Grossomodo,ortodoxiapodeserdefinidacomoascrençasqueestãoemconformidadecomadoutrinahistóricaestabelecidapelaIgreja,nosconcíliosecumênicoseoconsensobásicodaReformaProtestante.

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[←3]DREHERMartinN.ColeçãohistóriadaIgreja:aigrejanoImpérioRomano.SãoLeopoldo:Sinodal,2004.v.1.p.68.

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[←4]CAIRNS,E.E.Cristianismoatravésdosséculos:umahistóriadaigrejacristã.SãoPaulo:VidaNova,1995.p.108.

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[←5]Confiraaentrevistaquefizcomelenoblogwww.bibotalk.com.br.ÁudioPost#04–AImportânciadaHistóriaparaoCristão.

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[←6]DREHER,2004.v.1.p.63.

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[←7]…eotradicionalismoéafémortadosquevivem.

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[←8]Para conhecermais sobreos concíliosuniversais, indicocomoobra introdutória àhistóriadocristianismoo livrodeEarleE.CAIRNS,Cristianismoatravés dosséculos:umahistóriadaigrejacristã.SãoPaulo:VidaNova,1995.

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[←9]CAIRNS,1995.p.107-08.

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[←10]Oarianismoestávivoatéhoje,decertaforma,nacristologiadasTestemunhasdeJeová.

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[←11]OLSON,R.Históriadateologiacristã:2.000anosdetradiçãoereformas.SãoPaulo:Vida,2001.p.193.

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[←12]OLSON,2001.p.162-63.MencionotambémoCredodeAtanásio,“elaborado”poressedefensordafé,apósoconcíliodeNicéia.Nele,Atanásiodiscorresobregrandesmistériosdadivindade,daTrindadedepessoasemumsóDeusedadualidadedenaturezasdeumúnicoCristocommuitapropriedade.Sequiserconferir,acesse<http://www.monergismo.com/textos/credos/credoatanasio.htm>.ParasaberumpoucomaissobreAtanásioeoConcíliodeNicéia,ouçao#BTCast007–AtanásiocontraoMundo<http://bibotalk.com.br/site/podcast/atanasio-contra-o-mundo>.

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[←13]AdaptadodeWALTON,R.C.Históriadaigrejaemquadros.SãoPaulo:Vida,2000.Quadro18.

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[←14]Aquicolocodepropósitoumpluraldepoisdeumartigoindefinidosingular,poisestoufazendoumareferênciaàTrindade.

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[←15]FERREIRA,F.;MYATT,A.Teologiasistemática:umaanálisehistórica,bíblicaeapologéticaparaocontextoatual.SãoPaulo:VidaNova,2007.p.61-62.

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[←16]CalvinocitadoporFERREIRA,2007.p.61-62.

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[←17]ConfissãodeFédeLaRochelle.Disponívelem:<http://www.monergismo.com/textos/credos/Confissao_Franca_Rochelle.pdf>Acessoem:31Dez2012.

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[←18]BARTH,Karl.Credo:comentárioaocredoapostólico.SãoPaulo:NovoSéculo,2003.p.32.

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[←19]SPONHEIM,PaulR.In:BRAATEN,C.E.;JENSON,R.W.Dogmáticacristã.2.ed.SãoLeopoldo:Sinodal,2002.v.1.p.210.

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[←20]JOYNER,R.E.ODeusverdadeiroIn:HORTON,S.(Edi)Teologiasistemática:umaperspectivapentecostal.RiodeJaneiro:CPAD,1996.p.141.

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[←21]MOTYER,J.A.OsnomesdeDeusIn:ALEXANDER,D.P. (org.)OmundodaBíblia.2.ed.SãoPaulo:Paulinas,1985.p.157-58.E tambémSAYÃO,L.OssignificadosdosnomesdeDeus.Disponívelem<http://www.prazerdapalavra.com.br/colunistas/luiz-sayao/3889--o-significado-dos-nomes-de-deus-luiz-sayao.html>Acessodia1°deJande2013.

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[←22]JOYNER, 1996. p. 141.O primeiro podcast que lancei na internet trata da revelação do nome deDeus e do abuso domesmo.BTCast 001 disponível no blogwww.bibotalk.com.br<http://bibotalk.com.br/site/?p=247>.

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[←23]MOTYER,1985.p.157-58.

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[←24]SCHMIDT,WernerH.AfédoAntigoTestamento.SãoLeopoldo:Sinodal,2004.p.104.

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[←25]BULTMANN,R.Jesus.SãoPaulo:Teológica,2005.p.144.

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[←26]LADD,G.E.TeologiadoNovoTestamento.SãoPaulo:Hagnos,2003.p.575.

Page 107: Mosaico Teológico - livosonline.files.wordpress.com · encontrada no Novo Testamento. Seus escritos são, em sua grande maioria, explicações e ampliações das Seus escritos são,

[←27]HEFNER,P.L.In:BRAATEN,2002.v.1.p.278.

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[←28]WISEMAN,D.J.criaçãoIn:DOUGLAS,J.D.OnovodicionáriodaBíblia.2ed.SãoPaulo:VidaNova,1995.p.344.

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[←29]WISEMAN,D.J.CriaçãoIn:DOUGLAS,1995.p.344.

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[←30]IndicoolivroCriaçãoeEvolução,dosorganizadoresJ.P.MorelandeJohnMarkReynolds,editoraVidaetambémositewww.criacionismo.com.br.SemcontarquenoYouTubevocêencontrapalestrasinteressantesacercadessadiscussão.Procurepordarwinismohoje.BusquetambémoprogramaAcademiaemDebate,quetratouváriasvezesoassunto.IndicooprogramacomoquímicoMarcosEberlin(https://www.youtube.com/watch?v=IKolQksHT6U),oupalestrasdoAdautoLourenço,quesempretratadosassuntosrelacionadosàciênciaeàfé.

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[←31]COLLINS,F.S.AlinguagemdeDeus:umcientistaapresentaevidênciasdequeEleexiste.4.ed.SãoPaulo:Gente,2007.p.158-59.

Page 112: Mosaico Teológico - livosonline.files.wordpress.com · encontrada no Novo Testamento. Seus escritos são, em sua grande maioria, explicações e ampliações das Seus escritos são,

[←32]FERREIRA,2007.p.272.

Page 113: Mosaico Teológico - livosonline.files.wordpress.com · encontrada no Novo Testamento. Seus escritos são, em sua grande maioria, explicações e ampliações das Seus escritos são,

[←33]COLLINS,2007.p.75.

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[←34]HÄGGLUND,Bengt.HistóriadaTeologia.7.ed.PortoAlegre:Concórdia,2003.p.57ss.

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[←35]OcredolevaonomedeAtanásio,grandearticulistadoConcíliodeNicéia,porquenaverdadeexpressasuasideias,masnãofoiescritototalmenteporele.Paralernaíntegra,acesse<http://www.monergismo.com/textos/credos/credoatanasio.htm>.

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[←36]RetiradodeBRAATEN,C.E.;JENSON,R.W.Dogmáticacristã.2.ed.SãoLeopoldo:Sinodal,2002.v.1.p.162.

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[←37]CAIRNS,1995.p.92.

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[←38]McROBERTS,KerryD.In:HORTON,StanleyM.Teologiasistemática:umaperspectivapentecostal.RiodeJaneiro:CPAD,1996.p.159.

Page 119: Mosaico Teológico - livosonline.files.wordpress.com · encontrada no Novo Testamento. Seus escritos são, em sua grande maioria, explicações e ampliações das Seus escritos são,

[←39]IahwehouSENHOR.

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[←40]FERREIRA,2007.p.175.

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[←41]FERREIRA,2007.p.176.

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[←42]ThomasOdenIn:FERREIRA,2007.p.177.

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[←43]BarthIn:PETERSON,EugeneAmaldiçãodoCristogenérico:abanalizaçãodeJesusnaespiritualidadeatual.SãoPaulo:MundoCristão,2007.p.59.

Page 124: Mosaico Teológico - livosonline.files.wordpress.com · encontrada no Novo Testamento. Seus escritos são, em sua grande maioria, explicações e ampliações das Seus escritos são,

[←44]BRAATEN,2002.v.1.p.155.

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[←45]LOURENÇO,Adalto.ConhecendoDeusparaadorá-lO.Disponívelem:<https://www.youtube.com/watch?v=m3zcOLbyQc4>Acessoem:10Jan2013.

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[←46]LADD,G.E.TeologiadoNovoTestamento.SãoPaulo:Hagnos,2003.p.217.

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[←47]Palavracarinhosaparapaiemaramaico.

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[←48]SegundoLaddotextopodesertraduzidodessaforma.p.217.

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[←49]BARBOSA,R.Ocaminhodocoração:ensaiossobreaTrindadeeaespiritualidadecristã.5.Ed.Curitiba:Encontro,2004.p.145.

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[←50]JEREMIAS,J.AmensagemcentraldoNovoTestamento.SãoPaulo:AcademiaCristã,2005.p.27;31.

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[←51]PACKERcitadoporBARBOSA,2004.p.149.

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[←52]Parafixaçãodessetópicoindicoo#BTCast041–Encarnação,disponívelnoblogbibotalk.com.br.

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[←53]CAMPOS,HeberC.de,ApessoadeCristo:asduasnaturezasdoRedentor.SãoPaulo:CulturaCristã,2004.p.102.ColeçãoFéEvangélica.

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[←54]STOTT,J.ABíbliatodaoanotodo:meditaçõesdiáriasdeGênesisaApocalipse.Viçosa:Ultimato,2007.p.144.

Page 135: Mosaico Teológico - livosonline.files.wordpress.com · encontrada no Novo Testamento. Seus escritos são, em sua grande maioria, explicações e ampliações das Seus escritos são,

[←55]STOTT,2007.p.144.

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[←56]Nessestextoscarnerepresentaoserhumano,matériasólida.

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[←57]PACKER,J.I.encarnaçãoIn:DOUGLAS,1995.p.499.

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[←58]Explicoaqui,inclusive,queJesussópôdesertentadodevidoàSuanaturezahumana.Foitentado,masnãopecouenempecaria,poistambéméDeus.

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[←59]CRANFIELD,C.E.B.ComentáriodeRomanos.SãoPaulo:VidaNova,2005.p.135;169-70.

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[←60]TeoriadaRecapitulaçãoéonomequeoshistoriadoresdateologiaderamàexposiçãodeIrineu.Eleusavaotermogregoanekephalaiosis,queprovémdaraizkephalé–cabeça.Anekephalaiosiserecapulatiosignificam,literalmente,reencabeçar.OLSON,2001.p.72.

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[←61]OLSON,2001.p.74-75.

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[←62]LEWIS,C.S.UmanocomC.S.Lewis.Viçosa:Ultimato,2005.p.398.

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[←63]Dogregohypostasisquesignificanatureza.

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[←64]CAMPOS,HeberC.de.AuniãodasnaturezasdeCristo.SãoPaulo:CulturaCristã,2004.18-19.ColeçãoFéEvangélica.

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[←65]CAMPOS,2004.P.111-113.

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[←66]STOTT,J.AcruzdeCristo.SãoPaulo:Vida,1991.p.14-15.

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[←67]WHEATON,D.H.crucificaçãoIn:DOUGLAS,J.D.OnovodicionáriodaBíblia.2ed.SãoPaulo:VidaNova,1995.378-379.LembrandoqueJesusnãoteveaspernasquebradas,poisjáestavamortoquandoossoldadosfizeramissocomospresos;Elesofreuapenasogolpedemisericórdia(Jo19.36).

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[←68]THIELICKE,H.(Coord.)Crer:informaçõessobreafé.SãoLeopoldo:Sinodal,2007.p.78.

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[←69]Almeidarevistaeatualizada.

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[←70]BíbliaShedd.SãoPaulo:VidaNova.1997.p.1478.

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[←71]BRAKEMEIER,G.Oserhumanoembuscadeidentidade:contribuiçõesparaumaantropologiateológica.SãoLeopoldo:Sinodal:SãoPaulo:Paulus.2002.p.58.

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[←72]ALTHAUS,Paul.TeologiadeMartinhoLutero.Canoas:ULBRA,2008.p.161-63.

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[←73]DUNN,J.AteologiadoapóstoloPaulo.SãoPaulo:Paulus,2003.p.99.

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[←74]MILLER,ED.L.;GRENZ,S.J.Teologiascontemporâneas.SãoPaulo:VidaNova,2001.p.37-39.

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[←75]OBTCast#059tratasobreadoutrinadopecado.Procurenoblog,nomenuBTCast,asérieAntropos,quesepropõeaanalisaroserhumanonaperspectivabíblica.

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[←76]MORRIS,L.L.RedentorIn:DOUGLAS,1995.p.1372-73.

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[←77]PECOTA,D.B.AobrasalvíficadeCristo.In:HORTON,1996.p.352.

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[←78]Sequiserconhecermelhoressereformador,escuteoBTCast#015.Disponívelem:<http://bibotalk.com.br/site/podcast/btcast-015-lutero>.

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[←79]STEINMETZcitadoporOLSON,2001.p.386.

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[←80]LUTEROcitadoporGEORGE,T.Teologiadosreformadores.SãoPaulo:VidaNova,1993.p.64.

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[←81]DREHER,M.SomenteCristo.In:DREHER,M.;RIETH,E.W.;WACHHOLZ,W.SomenteDeus:quartoprincípiosparaavida.SãoLeopoldo:Sinodal,2009.p.14.

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[←82]CRANFIELD,2005.p.84.

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[←83]HÄGGLUND,B.Históriadateologia.7.Ed.PortoAlegre:Concórdia,2003.p.192.

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[←84]JEREMIAS,J.AmensagemcentraldoNovoTestamento.SãoPaulo:AcademiaCristã,2005.p.67-72.

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[←85]HÄGGLUND,2003.p.192.

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[←86]LUTEROcitadoporGEORGE,1993.p.71.

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[←87]LETHAM,R.AobradeCristo.Sérieteologiacristã.SãoPaulo:CulturaCristã,2007.p.178.

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[←88]GEORGE,1993.p.74.

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[←89]LUTEROcitadoporALTHAUS,2008.p.42.

Page 170: Mosaico Teológico - livosonline.files.wordpress.com · encontrada no Novo Testamento. Seus escritos são, em sua grande maioria, explicações e ampliações das Seus escritos são,

[←90]FERREIRA,2007.p.612.

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[←91]LUTERO,Martinho.MartinhoLutero:obrasselecionadas,v.1,osprimórdios–escritosde1517a1519.2.SãoLeopoldo:Sinodal,2004.p.50.

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[←92]ERICKSON,MillardJ.Introduçãoàteologiasistemática.SãoPaulo:VidaNova,1997.p.314.

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[←93]HermistenMaiaIn:FERREIRA,2007.p.642.

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[←94]Mateus como ex-publicano não tinha muitas opções, não poderia voltar à sua antiga vida. Entenda melhor lendo meu textoO Publicano que virou Discípulo.Disponívelem<http://bibotalk.com.br/site/reflexoes/o-publicano-que-virou-discipulo-2>Acessoem12set2013.

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[←95]Ounodiaseguinteaodapreparação.

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[←96]HOLMER,Uwe.In:GRÜNZWEIG,F;HOLMER,U;DEBOOR,W.CartadeTiago,Pedro,JoãoeJudas:comentárioesperança.Curitiba:Esperança,1999.p.142-43.

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[←97]POHL,Adolf.CartaaosRomanos:comentárioesperança.Curitiba:Esperança,1999.p.88-89.

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[←98]POHL,1999,P.88-89.

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[←99]DUNN,2003.p.282.

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[←100]GRUDEM,Wayne.Teologiasistemática:atualeexaustiva.SãoPaulo:VidaNova,1999.p.515.

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[←101]Sevocênãosabeoqueéexegese,leiaotextodoAlex:Exegese,oquê?Disponívelem:<http://bibotalk.com.br/site/reflexoes/exegese-o-que>Acesso28Out2013.

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[←102]DUNN,2003.p.283.

Page 183: Mosaico Teológico - livosonline.files.wordpress.com · encontrada no Novo Testamento. Seus escritos são, em sua grande maioria, explicações e ampliações das Seus escritos são,

[←103]BOOR,Wernerde.CartaaosCoríntios:comentárioesperança.Curitiba:Esperança,1999.p.247.

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[←104]ERICKSON,1997.p.315.

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[←105]FERREIRA,2007.p.686.

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[←106]ERICKSON,1997.p.344.

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[←107]NICODEMUS,Augustus.CheiosdoEspírito.SãoPaulo:Vida,2007.p.17.

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[←108]JENSEN,RichardA.OtoquedoEspírito.SãoLeopoldo:Sinodal,1985.p.93.

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[←109]PACKERIn:FERREIRA,2007.p.817.

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[←110]FERREIRA,2007.p.818.

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[←111]PartedessetópicoedotópicosobresantificaçãojáforamanteriormentepublicadosnolivrodaEPOS,umcursoparaobreirosoferecidopelaFaculdadeRefidim.

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[←112]BERKHOF,L.Teologiasistemática.SãoPaulo:CulturaCristã:SãoPaulo,2007.p.429.

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[←113]FERREIRA,2007.p.807.

Page 194: Mosaico Teológico - livosonline.files.wordpress.com · encontrada no Novo Testamento. Seus escritos são, em sua grande maioria, explicações e ampliações das Seus escritos são,

[←114]ERICKSON,1997.p.399.

Page 195: Mosaico Teológico - livosonline.files.wordpress.com · encontrada no Novo Testamento. Seus escritos são, em sua grande maioria, explicações e ampliações das Seus escritos são,

[←115]ERICKSON,1997.p.399.

Page 196: Mosaico Teológico - livosonline.files.wordpress.com · encontrada no Novo Testamento. Seus escritos são, em sua grande maioria, explicações e ampliações das Seus escritos são,

[←116]FERREIRA,2007.p.808.

Page 197: Mosaico Teológico - livosonline.files.wordpress.com · encontrada no Novo Testamento. Seus escritos são, em sua grande maioria, explicações e ampliações das Seus escritos são,

[←117]OWEN,John.In:FERREIRA,2007.p.808.

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[←118]FERREIRA,2007.p.808-809.

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[←119]ERICKSON,1997,p.400.

Page 200: Mosaico Teológico - livosonline.files.wordpress.com · encontrada no Novo Testamento. Seus escritos são, em sua grande maioria, explicações e ampliações das Seus escritos são,

[←120]GRUDEM,1999.p.587.

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[←121]FERREIRA,2007.p.808-809.Cf.TambémGRUDEM,1999.p.584-85.

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[←122]BERKHOF,2007.p.435.

Page 203: Mosaico Teológico - livosonline.files.wordpress.com · encontrada no Novo Testamento. Seus escritos são, em sua grande maioria, explicações e ampliações das Seus escritos são,

[←123]STRONGIn:HORTON,1996.p.407.

Page 204: Mosaico Teológico - livosonline.files.wordpress.com · encontrada no Novo Testamento. Seus escritos são, em sua grande maioria, explicações e ampliações das Seus escritos são,

[←124]ERICKSON,1997.p.418.

Page 205: Mosaico Teológico - livosonline.files.wordpress.com · encontrada no Novo Testamento. Seus escritos são, em sua grande maioria, explicações e ampliações das Seus escritos são,

[←125]FERREIRA,2007.p.858.(grifonosso)

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[←126]BERKHOF,2007.p.488-89.

Page 207: Mosaico Teológico - livosonline.files.wordpress.com · encontrada no Novo Testamento. Seus escritos são, em sua grande maioria, explicações e ampliações das Seus escritos são,

[←127]GRÜN,Anselm.Osdezmandamentos:orientaçõesparaumavidafeliz.RiodeJaneiro:Vozes,2007.p.13.

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[←128]FERREIRA,2007.p.860.

Page 209: Mosaico Teológico - livosonline.files.wordpress.com · encontrada no Novo Testamento. Seus escritos são, em sua grande maioria, explicações e ampliações das Seus escritos são,

[←129]ERICKSON,1997.p.353.

Page 210: Mosaico Teológico - livosonline.files.wordpress.com · encontrada no Novo Testamento. Seus escritos são, em sua grande maioria, explicações e ampliações das Seus escritos são,

[←130]BERKHOF,2007.p.489.

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[←131]FERREIRA,2007,p.862.

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[←132]ERICKSON,1997.p.418.

Page 213: Mosaico Teológico - livosonline.files.wordpress.com · encontrada no Novo Testamento. Seus escritos são, em sua grande maioria, explicações e ampliações das Seus escritos são,

[←133]GRUDEM,1999.p.624.

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[←134]ERICKSON,1997.p.421.

Page 215: Mosaico Teológico - livosonline.files.wordpress.com · encontrada no Novo Testamento. Seus escritos são, em sua grande maioria, explicações e ampliações das Seus escritos são,

[←135]HULME,WilliamE.Dinâmicadasantificação.2.Ed.SãoLeopoldo:Sinodal,1981.p.107.

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[←136]HULME,1981.p.114

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[←137]STOTT,John.Odiscípuloradical.Viçosa:Ultimato,2011.p.10.

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[←138]LAUBACH,Fritz.CartaaosHebreus:comentárioesperança.Curitiba:Esperança,2000.p.210.

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[←139]JENSEN,1985.p.92.

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[←140]FERREIRA,2007.p.874.

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[←141]GRUDEM,1999.p.530.

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[←142]HARBIN,Byron.OEspíritoSanto-naBíblia,nahistória,naigreja.RiodeJaneiro:JUERP,1995.p.18.

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[←143]BOOR,Werner.Atosdosapóstolos:comentárioesperança.Curitiba:Esperança,2000.p.26.

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[←144]STOTT,J.BatismoeplenitudedoEspíritoSanto.SãoPaulo:VidaNova,1986.p.36-37.

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[←145]STOTT,1986.p.36-37.

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[←146]FEE,G.Paulo,oEspíritoeopovodeDeus.SãoPaulo:UnitedPress,1997.p.102.

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[←147]NICODEMUS,2007.p.41-42.Cf.tambémSTOTT,1986.p.44-45.

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[←148]STOTT,J.AmensagemdeAtos:atéosconfinsdaterra.SãoPaulo:ABU,2003.p.172.

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[←149]HAHN,E.CartaaosEfésios,FilipenseseColossenses:comentárioesperança.Curitiba:Esperança,2006.p.119.

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[←150]FOULKES,F.Efésios:introduçãoecomentário.SãoPaulo:VidaNova,1963.p.125-26.(sérieculturabíblica)

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[←151]DOCKERY,D.S.FrutodoEspíritoIn:HAWTHORNE,G.F.;MARTIN,R.P.;REID,D.G.(orgs.)DicionáriodePauloesuascartas.SãoPaulo:VidaNova:Paulus:Loyola,2008.p.573.

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[←152]FEE,1997.p.114.

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[←153]Apalavragregakarposfuncionacomoumcoletivosingular,istoé,osingularexpressandoaideiadeplural.FEE,1997.p.125.

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[←154]JENSEN,1985.p.19.

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[←155]ERICKSON,1997.p.358.

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[←156]Quintopododáctilo.

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[←157]ParaumadiscussãomaisaprofundadasobreaatualidadedosdonsespirituaisrecomendoaColeçãoDebatesTeológicos:cessaramosdonsespirituais?Quatropontosdevista,organizadoporWayneGrudem,editoraVida,2003.

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[←158]Paraumadefesahermenêutica pentecostal do falar em línguas recomendoo livroNopoderdoEspírito: fundamentos da experiência pentecostal: um chamado aodiálogo,deWilliamW.MenzieseRobertP.Menzies,Vida,2002.

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[←159]ParaopentecostalismobatismonoEspíritoSantotemcomoevidênciainicialofalaremlínguas.“Ofalaremlínguasestranhas,sejacomosinal,sejacomodom,éumaoperaçãodivinaencontradasomenteapartirdeAtos2.OfalaremlínguascomosinaldobatismocomoEspíritoSantoteveseuinícionodiadePentecostes(At2.4)”Cf.CABRAL,E.Liçõesbíblicas:oqueéobatismocomoEspíritoSanto.RiodeJaneiro:CPAD.p.21.2.tride2011.Esseconceitoéfirmeatéhojenomovimento.

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[←160]GRUDEM,1999.p.642.

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[←161]WELKER,Michael.OEspíritodeDeus:teologiadoEspíritoSanto.SãoLeopoldo:Sinodal,2010.p.222.

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[←162]ValeàpenaassistiraentrevistadeJohnPiperfalandosobreotema.Disponívelem<https://www.youtube.com/watch?v=LePVc-w1KRI>Acessodia21Dez2013.

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[←163]WELKER,2010.p.223.

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[←164]SentençatambémregistradaemMarcos3.29eLucas12.10.

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[←165]AtividadedeJesusenquantoMessias.Falamossobreissono#BTCast065–OMessias.Disponívelem<http://bibotalk.com.br/site/podcast/btcast-065-o-messias>Acesso24Dez2013.

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[←166]STOTTapudNICODEMUS,A.OpecadoparaamorteeablasfêmiacontraoEspíritoSanto.Disponívelem<http://tempora-mores.blogspot.com.br/2013/08/o-pecado-para-morte-e-blasfemia-contra.html>Acesso:24Dez2013.

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[←167]VALE, Inácio J.MonasticismoOrientaleOcidental.Disponívelem:<http://www.ecclesia.com.br/biblioteca/monaquismo/monasticismo_oriental_e_ocidental.html>.Acessoem16Ago2013.

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[←168]KUHN,Thomas.Aestruturadasrevoluçõescientíficas.7.Ed.SãoPaulo:Perspectiva,2003.

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[←169]Nemmesmoformulaçõesconfessionais,comoaConfissãodeAugsburgo(CA),propõemqueliturgias,cerimôniasecostumessejamnecessáriosàunidadeexternadaIgreja,cf.CA7.

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[←170]Vejamaisadiantenestecapítuloasdiferentescorrentescristãssobreobatismoeseusignificado.

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[←171]LEONHARDT,Rochus.GrundinformationDogmatik.4.Ed.Göttingen:Vandenhoeck&Ruprecht,2009.p.359.

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[←172]Sabe-sequenãosomenteos11discípulosdeJesuseramreconhecidoscomoapóstolos,comotambémPauloeraassimreconhecido,bemcomoSilas,Barnabé,Tiago,Timóteo,Apoloentreoutros.Alémdisso,hánoNovoTestamentoaindicaçãodeumdomdeapostolado(1Co12.27s),queindicariaqueonúmerodeapóstolosnãoestavafechadoaos12discípulosdeJesus.Hoje,tem-seacompreensãodequeapóstolosseriamaquelesquereceberamamensagemdeCristoemprimeiramãoeforamcomissionadosparalevá-laadiante,sejaestecomissionamentocf.Mateus28,oucomoodePaulo.Porestarazão,defendoquehojenãotemosmaisapóstolos.

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[←173]PossívelreferênciaàprofeciadoAntigoTestamento.Háestudiososquedefendemqueamençãoserefereaosprofetascristãos.

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[←174]AstestemunhasocularesdoministérioeressurreiçãodeCristosãofidedignase,portanto,apresentadasporPaulocomofundamentosdafécristã.

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[←175]Latim:“edofilho”.EstetermofoiincluídonapartedocredoemquedizqueoEspíritoSantoprocededoPaiedoFilho.AIgrejaOrtodoxadefendeaformulaçãosemofilioque.

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[←176]LEONHARD,2009.p.5ss.

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[←177]COSTA, Hermisten. Pietismo: um desafio à piedade e à teologia. In: Fides Reformata 4/1, 1999. Disponível em:<http://www.mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_IV__1999__1/Hermisten.pdf>Acessoem:10Set2013.

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[←178]Éprecisodistinguirentreoenviodemissionáriospelasigrejasepelassociedadesmissionárias.Associedadeseramorganismosparaeclesiásticosousupraeclesiásticoseagiamindependentementedasigrejas.Estemovimentomissionário,apesardassemelhançascomasordensmedievais,foialgonovoparasuaépoca,porémmarcouaformadocristianismopensarepraticarsuamissão.

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[←179]Jesusoraparaqueoscristãossejamum.Interpretarestaoraçãocomosendoapenasumareferênciaaogrupolocaldecristãosénãocompreenderadimensãomaiorqueabarcaaoração:osignificadorealsãotodososcristãosemtodaahistória,incluindoaquelesquevirãoacrer.Jesusnãoestárecomendandoacriaçãodeumorganismoecumênico,masSeudesejodeumaunidadenaféenaproclamaçãodoevangelhonoslevaaestenderamãoaoirmãoecaminharjuntos,pelomenosnaquiloemqueépossível.

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[←180]NãoexisteUMAortodoxiaprotestante,masvárias, a saber: luterana, reformada (calvinista), anglicana,metodista, epor aívai.Cadadenominação formalizou suaconfissãodeformaquehojetemosváriasortodoxiasevangélicas.Qualchamaremosrealmentedeortodoxia?Éumarespostadifícil,senãoimpossível.Oecumenismonosajudaachegaraumdenominadorcomum,umpontoemquetodospodemdizer:“nistoconcordamosedizemosquesomosirmãosemCristo”.

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[←181]MOLTMANN,Jürgen.ACommonEarthReligion:WorldReligioninanEcologicalPerspectiveIn:TheEcumenicalReview63/1.Genebra:WCC,2011,p.16-24.

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[←182]PETERSON,Eugene.Memóriasdeumpastor.SãoPaulo,MundoCristão,2011.p.126-7.

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[←183]PETERSON,2011.p.134.

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[←184]NIEBUHR,RichardH.CristoeaCultura.RiodeJaneiro:PazeTerra,1967.

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[←185]Veja, por exemplo,o casodaBíbliaFreestyle.Sua linguagemalcançapúblicosquenão são atraídosporuma tradução convencional.Porém, a forma tende aumarelativização de valores. Para um estudo mais detalhado desta questão veja STAHLHOEFER, Alexander B. Bíblia Freestyle: oportunidades e dificuldades nacontextualização do texto bíblico, In:Azusa: Revista de Estudos Pentecostais. Vol. 4, N. 02. Joinville: Refidim, 2013. Disponível em:<http://www.ceeduc.edu.br/azusa/3_revista_julho_2013.pdf>Acessoem19Out2013.

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[←186]OuçaoAudiopost#007b–Contextualização:FormaxConteúdo,emwww.bibotalk.com.brcompr.VitorHugoSchella respeitodos limitesepossibilidadesdasformasdecomunicaçãodoevangelho.Pr.Vitordoutorou-senoNovoTestamentocomumatesesobreasformasliteráriasutilizadasporLucasparacomporolivrodeAtosdosApóstolos.

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[←187]ConformeascríticasbemfundamentadasdeVIOLA,Frank.Cristianismopagão.AbbaPress.

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[←188]NoNovoTestamentoencontramosumaprofusãodostermosmédio-passivoscomo“unsaosoutros”,“unscomosoutros”,porexemplo:amarunsaosoutros(Mc12.33,Rm12.10,1Jo4.7),terpazunscomosoutros(Mc9.50),edificaçãodeunsparacomosoutros(Rm14.19),cooperemunsemfavordosoutros(1Co12.25),perdoemunsaosoutros(Ef4.32).Aéticacomunitáriaébempresentenestaterminologia,queemprimeirolugar,inegavelmente,foidirigidaparadentrodacomunidadecristã.Élouváveledesejávelqueperdoemos,amemos,tenhamospazcomtodasaspessoas,porém,interpretarestestextoscomosereferindoapenasaosdeforadaigreja é secularizar a ética de grupo preconizada nos textos. Em primeiro lugar, estas atitudes são requeridas em relação aos irmãos na fé da congregação local;segundamente,podemtambémserextrapoladas,eseriamuitobomserealmentefossem,paraoconvíviosocial.Ouseja,rechaçaraigrejalocal,areuniãodoscristãosemfavordoserviçosocial,dopassartempocomafamília,edoaproveitaravidadeformacristã,sobreopretextodequeo“reinoestádentrodevós”,éumaformadesecularizar e relativizaros textosbíblicos citadosanteriormente.Tudo isto,porém, é frutodeum individualismo salvífico,derivado, emcertamedida,da teologiapietista,eposteriormentedapráticadosmovimentosmissionários,eexacerbadopeloindividualismosecularistaeconsumista.Noentendimentodestegrupo,importaobem-estareasatisfaçãodoindivíduo.EleseentendediretamenteeindividualmentecomDeus,logo,oresto(comunidade)ésecundário.

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[←189]Traduzidoelevementemodificadoapartirdooriginal:LEONHARDT,2009.p.367.

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[←190]ConfessioScotica18:“ecclesiasticaedisciplinaesevera,etexverbidivinipraescripto,observatio,perquamvitiareprimatur,etvirtutesalantur”.

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[←191]LEUENBERGERKIRCHENGEMEISCHAFT.DieKircheJesuChristi:DerreformatorischeBeitragzumökumenischenDialogüberdiekirchlicheEinheit,Wien-Leinz,1994.p.13.

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[←192]LUTHER,Martin.AndenchristlichenAdel.D.MartinLuthersWerke(WA6,408,11-13).

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[←193]LEONHARDT,2009.p.370.

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[←194]BECKER, Judith. Was ist Kirche – Reformiert. Hannoveraner Initiative Evangelisches Kirchenrecht, p. 3-6. Disponível em:<http://www.ekd.de/kirchenrechtliches_institut/download/HIEK2_Becker.pdf>Acessoem:25Jun2013.

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[←195]LEUENBERGER KIRCHENGEMEISCHAFT, 1994. p. 16; MATOS, Alderi de Souza. O sacerdócio universal dos fiéis. Disponível em:<http://www.mackenzie.br/6967.html>Acessoem25Jun2013.

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[←196]CONFISSÃODEAUGSBURGO.Disponívelem:<http://www.teologia.org.br/estudos/confissao_de_augsburgo.pdf>Acessoem25/06/2013.

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[←197]COMBLIN,José.TeologiadaMissão.Petrópolis:Vozes,1973.p.17.

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[←198]COMBLIN,1973.p.18.

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[←199]ZWETSCH,RobertoE.Missão–testemunhodoevangelhonohorizontedoreinodeDeusinSCHNEIDER-HARPPRECHT,Christoph(org.).TeologiapráticanocontextodaAméricaLatina.SãoLeopoldo:Sinodal,SãoPaulo:ASTE,1998.p.202.

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[←200]ZWETSCH,RobertoE.1998.p.203.

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[←201]COMBLIN,1973.p.17-18.

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[←202]PINTO,HomeroSevero(org.).MissãodeDeus-Nossapaixão:TextobaseparaoplanodeAçãoMissionáriadaIECLB2008-2012.SãoLeopoldo:Sinodal,2008.p.36-54.

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[←203]PINTO,2008.p.37

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[←204]Neste ponto, as observações de COMBLIN, José.Os desafios da cidade no século XXI. São Paulo: Paulus, 2003. p. 33ss, são muito importantes a fim deproporcionarumpanoramadocontextoculturalbrasileiro.Oautorapontaparaumdadointeressante:oateísmoeasecularizaçãonãosãoimpedimentos,nemmesmodificuldadesparaamissãocristã.Oqueoserhumanosecularizadonãoqueréumareligiãoimperialistaeestática,poiselenãodesacreditouemDeus,masdesacreditounodeusqueaIgrejacristãdomesticou.Oserhumanopós-modernoaindacrê,masestánabuscaporestealgoemquecrer.Porisso,asnovasreligiõestêmsucesso.

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[←205]PINTO,2008.p.42.

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[←206]Eternamentesozinhoéatraduçãoliteraldaexpressão,contudo,elaéutilizadaparaexpressaraideiadesolidão.

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[←207]Videnota204acima.

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[←208]PINTO,2008.p.47ss.

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[←209]Confiranoblogbibotalk.com.bro#BTCast053–OBomSamaritano,noqualosbtcastersexaminamessaparábola.

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[←210]PINTO,2008.p.51ss.

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[←211]Éumaapresentaçãohumorísticanaqualocomediantesóutilizacomorecursohumorísticosuashistórias,semfantasias,semefeitos,sóomicrofone.

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[←212]Apesardeotermogregosignificarimersão,nãodefendemosaquiqueaimersãosejaoúnicométodoválidoparaapráticabatismal.Nãoéaquantidade,nemotipodaágua,nemomodopeloqualalguémébatizadoquetornaoeventoeficaz,maséaPalavradeDeuseSuapromessaqueperfazemobatismo.Aceitamosassimquetantobatismosporaspersão,infusãoouimersãoemáguaparadaoucorrentesãoplenamentebatismoscristãoseválidos.

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[←213]OEPKE, A. baptoIn:KITTEL, Gerhard; FRIEDRICH, Gerhard. Theological Dictionary of the New Testament. Electronical Abridged Edition. W. B. EerdmansPublishingCompany,1977.p.95.

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[←214]OEPKE,1977.p.94.

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[←215]GOPPELT,Leonhard.TeologiadoNovoTestamento.Vol.1.2.Ed.SãoLeopoldo:Sinodal,Petrópolis:Vozes:1983.p.74-75.

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[←216]GOPPELT,1983.p.75-76.

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[←217]LUTERO.Martinho.CatecismoMaiorIn:LIVRODECONCÓRDIA.5.Ed.SãoLeopoldo:Sinodal,PortoAlegre:Concórdia:1997.p.483.

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[←218]LUTERO,1997.p.475.

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[←219]O conceito de redenção da cultura foi tratado no #BTCast 060 – O Cristão e a Cultura, com o músico e pastor Carlinhos Veigahttp://bibotalk.com.br/site/podcast/btcast-060-o-cristao-e-a-cultura

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[←220]BONHOEFFER,Dietrich.FinkenwalderHomiletikcitadoporPANNENBERG,Wolfhart,RepetitoriumDogmatik,München,1991.p.100.(Materialnãopublicado).

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[←221]BONHOEFFER,Dietrich.SanctorumCommunio.EinedogmatischeUntersuchungzurSoziologiederKirche.München,1969.p.92.

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[←222]BONHOEFFER,Dietrich.WiederstandundErgebung.BriefeundAufzeichnungenausderHaft.München,1949.p.261.

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[←223]Para uma introdução ao estudo da escatologia, ouça o #BTCast 030 – Escatologia. Disponível em: <http://bibotalk.com.br/site/podcast/btcast-030-escatologia>Acessoem:30Nov2013.

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[←224]DescritonaBíbliacomonovoscéusenovaterra(Is65.17;66,22;2Pe3.13eAp21.1).

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[←225]LLOYD-JONES,Martyn.Grandesdoutrinasbíblicas:aigrejaeasúltimascoisas.SãoPaulo:PES,1999.p.300.

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[←226]Dedicamos um #BTCast inteiro para esta discussão. Ouça e aprofunde seus conhecimentos: #BTCast 044 – Ressurreição. Disponível em:<http://bibotalk.com.br/site/podcast/btcast-044-ressurreicao>Acessoem:30Nov2013.

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[←227]OsmortosnãolouvamsignificaqueaaçãodeadoraraDeus,ouseja,acomunicaçãodoserhumanoparacomDeusacabanamorte.Nãosignifica,porém,queDeus,em Sua onipotência, não tenha poder sobre osmortos. Justamente, é por esta razão que, mais tarde, os autores do Antigo Testamento tratarão do assunto daressurreição.

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[←228]OSalmo88.6utilizaumsubstantivo,qualificadoportrêsadjetivosqueindicamumagrandeseparaçãoentreomundodosvivoseodosmortos:acovaoucisterna(umburaco)équalificadacomosendo(1)omaisprofundodetodos;(2)umlugarescuro;(3)oabismo/abissal.Porestarazão,MedardKEHLchamaomundodosmortosde“TerradoEsquecimento”,cf.KEHL,Medard.Eschatologie.Würzburg:Echter,1988.p.125.

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[←229]Comrelaçãoàtemáticadamorteedaimortalidadedaalma,ouçao#BTCast040–MorteeImortalidade.Disponívelem:<http://bibotalk.com.br/site/podcast/btcast-040-morte-e-imortalidade>Acessoem:30Nov2013.

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[←230]Traduçãodoautor.

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[←231]KEHL,1988.p.126.

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[←232]STEMBERGER,Günter.AuferstehungI/2inKRAUSE,Gerhard,MÜLLER,Gerhard(ed.).TheologishceRealenzyklopädie(TRE).Berlin:deGruyter,1979.vol.4,p.442-3.

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[←233]Paulousouomesmoexemplojámuitoconhecidoentreosfariseusdesuaépocaaocompor1Coríntios15.36ss.

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[←234]STEMBERGER,1979.p.446-7.

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[←235]1TessalonicensesfoiumadasprimeirascartasescritasporPaulo,etambémumdosprimeirostextosdoNovoTestamento.

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[←236]MÜHLING,Markus.GrundinformationEschatologie.Göttingen:Vandenhoeck&Ruprecht,2007.p.243-4.

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[←237]MÜHLING,Markus.2007.p.24;SCHWAMBACH,Claus.A ressurreiçãodosmortos. (ApostiladoSemináriodeAprofundamentoHistórico-Sistemático).SãoBentodoSul:FLT,2008.(Materialnãopublicado).

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[←238]POHL,Adolf.DieOffenbarungdesJohannes:2.Teil(Kapitel8-22).Berlin:EvangelischeHaupt-Bibelgesellschaft,1974.(WuppertalerStudienbibel).p.238.

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[←239]Nãoapenasnosentidoespiritual.Enquantoaprimeiraressurreiçãoéespiritual,apenasparaoscrentes,asegundaégeral,paratodososqueumdiaexperimentaramamortefísica.

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[←240]HOEKEMA,AnthonyA.ABíbliaeofuturo.SãoPaulo:CasaEd.Presbiteriana,1989.(Capítulo17–ARessurreiçãodoCorpo).

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[←241]TratamosdosmomentosfinaisdeCristoesuaressurreiçãono#BTCast025–EntãoéPáscoa.Disponívelem:<http://bibotalk.com.br/site/podcast/btcast025-entao-e-pascoa>Acessoem:30Nov2013.

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[←242]HOFFMANN,Paul.AuferstehungI/3inTRE,vol.4,p.453.

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[←243]Compreendemosestapossibilidadecomoindicandoacontinuidadehistóricaentreo“eu”presenteeofuturo,enãoliteralmentecomoseosmutiladoscontinuassemmutiladosnaressurreição.

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[←244]KOCH,Klaus.ReichGottesI.AltesTestamentin:BETZ,HansDieter,etali(orgs.).ReligioninGeschichteundGegenwart(RGG4).4.Ed.Tübingen:MohrSiebeck,2004,col.202-3.

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[←245]GOPPELT,Leonhard.TeologiadoNovoTestamento.3.Ed.SãoPaulo:Teológica:Paulus,2003.p.100ss.

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[←246]CONZELMANN,H.Art.ReichGottesI.2in:GALLING,Kurt(Ed.).DieReligioninGeschichteundGegenwart(RGG3).3.Ed.Tübingen:MohrSiebeck,1961,vol.5,col.914-916.

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[←247]CONZELMANN,1961.p.914-16.

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[←248]Esteexcursobaseou-senaapostiladasaulasdeescatologiadoprof.dr.ClausSchwambach,naFaculdadeLuteranadeTeologia.Materialnãopublicado.

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[←249]Nãoabordamosemnosso livrouma interpretaçãogeraldo livrodoApocalipseedos fenômenosproféticoeapocalípticonaBíblia.Para tanto, sugerimosouviro#BTCast032–OFenômenoApocalíptico.Disponívelem:<http://bibotalk.com.br/site/podcast/btcast-032-o-fenomeno-apocaliptico>Acessoem:30Nov2013.

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[←250]AsériedelivrosDeixadosparaTrás,deTimLaHayeeJerryB.Jenkins,representaumaformaromanceadadaintepretaçãodispensacionalista.

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[←251]Quanto a uma compreensão amilenista do arrebatamento e as diferenças desta compreensão em relação às demais compreensões, ouça o #BTCast 054 –Arrebatamento,comorev.LeandroLima.Acessoem:<http://bibotalk.com.br/site/podcast/btcast-054-arrebatamento>Acessoem:30Nov2013.

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[←252]Dedicamosumpodcastinteiroparadebaterainterpretaçãodomilênionumaperspectivaamilenista.#BTCast034–OMilênio,maisumavezcomorev.LeandroLima.Acessoem:<http://bibotalk.com.br/site/podcast/btcast-034-o-milenio>Acessoem:30Nov2013.

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[←253]EstasimagensdoreinonaBíbliaforamapresentadasnestaordemdidáticaemMÜHLING,Markus.GrundinformationEschatologie.Oconteúdoeaexplanaçãodecadatópiconãoseguenecessariamenteoconteúdodoreferidoautor,doqualextraímosoesquemaeascitaçõesbíblicas.

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[←254]FORDMASSYNGBERDE,J.RevelationinALBRIGHT,William,FREEDMAN,DavidN.TheAnchorBible.NewYork:Doubleday&Company,1975,vol.38,p.340-5.

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[←255]BEUKEN,WillemA.M.Jesaja1-12.Freiburg:Herder,2003,p.313-5.(HerdersTheologischerKommentarzumAltenTestament).

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[←256]MÜHLING,2007.p.308.

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[←257]Alémdasduaspassagenscitadasnotítulodestasecção,soma-seaelas2Coríntios12.4,emquePaulorelatadoarrebatamentodeumhomemaoparaíso,ondeviracoisasinomináveis.

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[←258]MÜHLING,2007.p.308;STOLZ,Fritz.ParadiesIIIn:TRE25,p.708-711.

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[←259]Bibonospresenteoucomestapérolateológicano#BTCast054–Arrebatamento,comaparticipaçãodorev.LeandroLima.

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[←260]MÜHLING,2007.p.308

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[←261]KESSLER,Rainer.Micha.Freiburg:Herder,1999.p.189s(HThK-AT45).

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[←262]MÜHLING,2007.p.309ss.

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[←263]Acreditava-se,porexemplo,queMoiséshaviasidoarrebatado.

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[←264]NasuamonumentalexposiçãodateologiadePaulo,JamesDUNNfogedoassuntodavoltarealefísicadeCristoedoarrebatamento,buscandoapenasapontarqueocentroquerigmáticodaperícopeéodequeosquehaviamfalecidosemveravoltadeCristo,nãoseriamesquecidosquandooeventoacontecesse,efazendocomqueaimagemescolhidaporPaulofosseapenasalgosecundárioedepoucaimportância,provavelmenteumderivadodamística.Cf.DUNN,James.TheTheologyofPaultheApostle.London:T&TClark,2003,p.298-315.

Page 345: Mosaico Teológico - livosonline.files.wordpress.com · encontrada no Novo Testamento. Seus escritos são, em sua grande maioria, explicações e ampliações das Seus escritos são,

[←265]FEE,Gordon.TheFirstandSecondLetterstotheThessalonians.GrandRapids:W.B.Eerdmans,2009,p.178-182.(TheNewInternationalCommentaryontheNewTestament).

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[←266]MÜHLING,2007.p.310s.

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[←267]LUTHER,Martin.DeServoArbitrioIn:LUTHER,Martin.MartinLuthersWerke.120Vols.Weimar,Metzler,2000-2007,vol.18,p.785.(WA,18,785).

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[←268]BOÉCIOcitadoporHÄRLE,Wilfried.Dogmatik.4.Ed.Berlin,DeGruyter,2012,p.664.

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[←269]HÄRLE,2012.p.664-68.

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[←270]BARTH,Karl.KirchlicheDogmatik.VolII/1,München,Siebenstern,1965,p.688.

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[←271]PANNENBERG,Wolfhart.SystematischeTheologie.Göttigen:Vandenhoeck&Ruprecht,1993,vol.3,p.642-650.

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[←272]Termogregoquesignifica“tempooportuno/momentodecisivo”,muitasvezescontrapostoaotermo“chronos”quesignificaotempocronológico.

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[←273]273FOHRER,G.;SELLINE.IntroduçãoaoAntigoTestamento.SãoPaulo:AcademiaCristã:Paulus,2007.p.151.

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[←274]ARCHER,GleasonL.MerececonfiançaoAntigoTestamento?4.Ed.SãoPaulo:VidaNova,1986.p.11.

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[←275]HALE,BroadusDavid.IntroduçãoaoestudodoNovoTestamento.RiodeJaneiro:JUERP,1983.p.24.

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[←276]FERREIRA,Franklin;MYATT,Alan.Teologiasistemática:umaanálisehistórica,bíblicaeapologéticaparaocontextoatual.SãoPaulo:VidaNova,2001.p.87.

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[←277]ERICKSON,MillardJ.Introduçãoàteologiasistemática.SãoPaulo:VidaNova,1992.p.56.

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[←278]PANNENBERG,Wolfhart.Teologiasistemática.Vol.I.Madrid:UPCO,1992.p.207.

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[←279]ERICKSON,1992,p.90.

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[←280]FERREIRA,2001.p.148.

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[←281]FERREIRA,2001.p.118.

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[←282]ERICKSON,1992.p.90.

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[←283]STRONG,AugustusHopckins.Systematictheology:acompendiumdesignedfortheuseoftheologicalstudents.DomínioPúblico,1903.p.271.

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[←284]FERREIRA,2001.p.118.

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[←285]ADeclaraçãodeChicagofoiumaproduçãoconjuntadediversasigrejasprotestanteshistóricasdosEstadosUnidosem1978sobreainerrânciadaBíblia.

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[←286]Disponívelem:<http://www.monergismo.com/textos/credos/declaracao_chicago.htm.>Acessoem:09Nov2013.

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[←287]ERICKSON,1992.p.87.

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[←288]FERREIRA,2001.p.119.

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[←289]BRAKEMEIER,Gottfried.AautoridadedaBíblia:controvérsias-significado-fundamento.SãoLeopoldo:Sinodal,2003.p.36

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[←290]FERREIRA,2001.p.141.

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