Nathan Cazé; Abril 2015
1
Por Nathan H. Cazé E-mail: [email protected] Blog: monoergon.wordpress.com
Arrebatamento parcial e punição dispensacional
A teoria do arrebatamento parcial, mais recentemente, foi ensinada pelo sucessor do
Watchman Nee, o Witness Lee. O sítio eletrônico oficial do Watchmann Nee
(http://www.watchmannee.org/scriptural-teachings.html) apresenta alguns pontos
fundamentais que a teologia deles ensina. Alguns desses pontos são indispensáveis para a
fundamentação teológica do arrebatamento parcial e, também, de uma sub-doutrina do
arrebatamento parcial conhecida por designações diferentes que variam no tempo e no
espaço: Exclusão Milenial ou Milenar (Millennial Exclusion), Exclusão do Reino (Kingdom
Exclusion) e, a forma preferida de designação por parte do Witness Lee, Punição
Dispensacional (Dispensational Punishment). A doutrina da ‗punição dispensacional‘ não é
ensinada por todos os aderentes da teoria do arrebatamento parcial, mas por alguns, tal como
o Witness Lee e seu ministério Living Stream Ministry, cujo sítio eletrônico oficial
(http://www.ministrybooks.org/SearchMinBooks.cfm) oferece uma ferramenta de busca que
pode ser utilizada para identificar as obras dele que ensinam a doutrina de ―dispensational
punishment‖. Essa doutrina ensina que os eleitos (portanto salvos e sem a possibilidade de
perderem a salvação) que não vigiaram contra o pecado, que viveram de forma carnal sem
arrependerem-se e, portanto, que não foram ‗vencedores‘1 contra o pecado em suas próprias
vidas, serão lançados nas ‗trevas exteriores‘2, por um período de mil (1,000) anos literais,
durante o Reino Milenar de Cristo que, segundo eles, começará após o fim da Grande
Tribulação, com o objetivo de serem disciplinados por Deus. O termo ‗trevas exteriores‘ é
interpretado como sendo o hades, ou seja, o inferno. Portanto, esses eleitos carnais vão para
o inferno, não para serem salvos, pois eles chegam lá já salvos e sem a possibilidade de
perderem a salvação, mas sim para serem disciplinados3 por Deus para, no fim dos mil anos
literais de disciplina no inferno, poder ir para o céu. Desta forma, tal disciplina é entendida
como sendo o processo final de santificação de Deus sobre as vidas dos eleitos carnais.
1 A fundamentação de que os únicos que serão arrebatados, antes da Grande Tribulação, serão os crentes
vencedores, está baseado, inter alia, em Apocalipse 2:26-28. 2 Isto está baseado, inter alia, em Mateus 8:12, 22:13 e 25:30.
3 A disciplina consistirá, entre outras coisas, em açoites. Um dos textos utilizados para fundamentar essa
doutrina é Lucas 12:47-48.
Nathan Cazé; Abril 2015
2
O arrebatamento parcial foi analisado pelo Dr. Walvoord, J. Dwight Pentecost e Charles
Ryrie, entre outros. Assim, esse artigo visa dar continuidade às análises destes três.
Há uma pequena variação de interpretação na questão da salvação por parte dos
aderentes do arrebatamento parcial, isto é, a grande maioria acredita na segurança da
salvação, enquanto que, raramente um ou outro acredita que um crente pode perder a
salvação. Esta observação foi feita aqui porque, conforme as análises de Walvoord e J.
Dwight Pentecost acerca do arrebatamento parcial, eles chegaram à conclusão de que os
aderentes dessa posição não acreditam que um crente possa perder a salvação, enquanto
que, segundo Charles Ryrie, os aderentes dessa posição acreditam que o crente pode perder
a salvação. Se Ryrie estiver lido alguma literatura que diz isso, certamente é uma exceção,
pois a maioria e os principais proponentes do arrebatamento parcial acreditam na segurança
da salvação, inclusive Watchman Nee e Witness Lee.
Nesse artigo, discorrerei acera de alguns pontos que não foram tratados ou que não
receberam atenção suficiente por parte de Walvoord, J. Dwight Pentecost e Charles Ryrie,
contudo, são utilizados pelos aderentes do arrebatamento parcial e, também, por aqueles que
ensinam a punição dispensacional (Exclusão Milenar/Milenial; Exclusão do Reino).
Alguns desses pontos teológicos podem ser encontrados no sítio eletrônico
http://www.watchmannee.org/scriptural-teachings.html que, entre outros pontos, ensina que ―O
reino de Deus inclui todo o reinado de Deus desde a eternidade passada até à eternidade no
futuro‖, ―o reino dos céus é uma esfera pequena dentro do reino de Deus‖, a ―participação no
reino dos céus é um galardão aos eleitos que venceram o pecado e viveram em santidade‖ e
que o reino dos céus ―é um galardão para os crentes vencedores‖.4 Os ‗crentes vencedores‘,
definido pelo Witness Lee, entre outros, são os eleitos que venceram o pecado em suas
próprias vidas, arrependeram-se de viver de uma forma carnal, vigiaram e esperaram pelo
arrebatamento pré-Grande Tribulação. Com essa fundamentação teológica, os aderentes do
arrebatamento parcial e ‗punição dispensacional‘ conseguem ensinar que o reino dos céus
ocorrerá durante o reino milenar de Cristo e que os crentes carnais (não vencedores contra os
pecados em suas próprias vidas, conforme a definição de Witness Lee) não entrarão no reino
dos céus, mas, ao invés, serão lançados nas ‗trevas exteriores‘ (inferno/hades) durante toda a 4 Tradução própria.
Nathan Cazé; Abril 2015
3
duração do reino milenar de Cristo que, segundo ele, começará após a Grande Tribulação. Ou
seja, as expressões ‗reino dos céus‘ e ‗reino milenar de Cristo‘, conforme a posição do
arrebatamento parcial, tornam-se sinônimas. Assim sendo, enquanto os ‗crentes vitoriosos‘
estiverem reinando com Cristo por mil anos, os ‗crentes carnais‘ estarão, concomitantemente,
sendo disciplinados no inferno.
Reino de Deus/do Céu
Segue-se algumas traduções5 de alguns comentários explicando a razão pela qual o
Novo Testamento não faz distinção entre as expressões ‗reino de Deus‘ e ‗reino dos céus‘ :
O reino de Deus e o reino do céu6
Uma das diferenças mais marcantes sobre o Evangelho de Mateus é que este consistentemente usa
o termo ‗reino do céu‘ para descrever o tema de ensinamento de Jesus. As únicas exceções a isso estão em Mateus 12:28; 19:24; 21:31 e 21:43, onde encontramos o termo ―reino de Deus‖, que é utilizado ao longo de Marcos e Lucas.
Com base nesta distinção, alguns interpretadores têm pensado que podem diferenciar duas fases
bem separadas no ensinamento de Jesus. Mas, de fato, não poderá haver dúvidas de que os dois termos referem-se à mesma coisa. Isso pode ser demonstrado facilmente ao comparar as mesmas afirmações em Mateus e nos outros dois Evangelhos sinópticos. Por exemplo, enquanto que
Marcos sumariza a mensagem de Jesus como ‗o reino de Deus está próximo; arrependei-vos‘ (Marcos 1:15), Mateus traz, ‗Arrependei-vos, porque o reino do céu está próximo‘ (Mateus 4:17). As duas afirmações aparecem, exatamente, no mesmo contexto (o começo do ministério de ensinar
de Jesus), e é óbvio que estas são versões bem diferentes do mesmo dizer. Há muitos outros exemplos da mesma coisa.
A explicação mais óbvia dessa variedade de expressão é o fato de que Mateus estava escrevendo para leitores judeus, enquanto que Marcos e Lucas estavam escrevendo para leitores
predominantemente não judeus. A tradição judaica sempre evitava o uso direto do nome de Deus em caso que as pessoas, sem saber, estivessem quebrando o mandamento, ‗Não tomarás o nome
do Senhor teu Deus em vão‘ (Êxodo 20:7). Para minimizar as possibilidades disto acontecer, eles, ao invés, frequentemente utilizavam outros termos, e ‗céu‘ era o substituto favorito para ‗Deus‘. Mateus, portanto, fala do ‗reino do céu‘ para evitar ofender os leitores dele. Os gentios, entretanto,
não tinham tais reservas e, para eles, um termo como ‗reino do céu‘ teria sido desnecessariamente complicado, ou mesmo, sem sentido; portanto, ao invés, Marcos e Lucas usam o termo ‗reino de
Deus‘.
5 Traduções próprias.
6 DRANE, John William; Introducing the New Testament; (completamente rev. e edit.); Oxford: Lion Publishing
plc, 2000. p. 115. Própria tradução.
Nathan Cazé; Abril 2015
4
REINO DE DEUS, REINO DO CÉU.7 O reino do céu ou reino de Deus é o tema central da pregação de Jesus, de acordo com os Evangelhos Sinópticos. Enquanto Mateus, que dirige-se aos
judeus, fala, na maior parte das vezes, do ‗reino do céu‘, Marcos e Lucas falam do ‗reino de Deus‘, que tem o mesmo significado do ‗reino do céu‘, mas era mais inteligível aos não judeus. O uso de
‗reino do céu‘ em Mateus é certamente devido à tendência no judaísmo de evitar o uso direto do nome de Deus. De todo o modo, nenhuma distinção em sentido deve ser suposto entre as duas expressões (cf., e.g., Mt. 5:3 com Lc. 6:20).
[…] entretanto, uma comparação cuidadosa dos dois termos ―reino de Deus‖ e ―reino do céus‖, como estes são utilizados em todos os quatro Evangelhos, mostrará que eles têm o mesmo
significado. Por exemplo, nas Bem-aventuranças, o evangelho de Mateus diz que os pobres herdarão o reino do céu, enquanto que, no evangelho de Lucas, eles herdarão o reino de Deus (Mt. 5:3; Lc. 6:20); em Mateus, os discípulos são enviados para pregar que o reino do céus está
próximo; enquanto que, em Lucas, eles anunciam que o reino de DEUS está próximo (Mt. 10:6, 7; Lc. 9:2). (Ver, também, Mt. 4:17; Mc. 1:15). No próprio contexto onde Jesus refere-se às
parábolas (inclusive aquelas do Joio e Trigo) como ensinando os ―mistérios do reino‖, o evangelho de Mateus refere-se a estes como os mistérios do reino do céu (13:11), enquanto que, no evangelho de Marcos (4:11), estes são mistérios do reino de Deus. Em uma passagem em Mateus,
Jesus utiliza os dois termos na mesma figura de linguagem com exatamente o mesmo sentido (Mt. 19:23, 24); em uma sentença, ―é difícil entrar um rico no reino dos céus‖; na próxima, ―é mais
fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus‖. Essas comparações mostra que é óbvio que os termos ―reino do céu‖ e ―reino de Deus‖ são completamente intercambiáveis no uso.8
[…] (O Evangelho de Mateus frequentemente utiliza o termo ‗Reino do céu‘, enquanto que Marcos e Lucas sempre usam ‗Reino de Deus‘. ‗Céu‘ nessas ocorrências é uma circunlocução—
uma forma de referir-se a Deus sem usar o nome dele, que os judeus e cristãos acreditavam que era muito santo para ser pronunciado ou, até mesmo, escrito. Portanto, ‗Reino do Céu‘ e ‗Reino de Deus‘ são idênticos em significado. […]) [...]9
I. Terminologia10
De acordo com todos os três Sinópticos, o reino de Deus era o tema central da pregação e ensinamento de Jesus. A frase ocorre quatorze vezes em Marcos, trinta e duas vezes em Lucas, mas somente quatro vezes em Mateus (12:28; 19:24; 21:31, 43). No lugar desta, Mateus a substitui
7 WOOD, D. R. W.; MARSHALL, I. Howard; New Bible Dictionary; 3 ed.; Leicester, England; Downers Grove,
Illinois: InterVarsity Press, 1996. p. 647. Própria tradução. 8 DUFFIELD, Guy P.; CLEAVE, Nathaniel M. Van; Foundations of Pentecostal Theology. Los Angeles, Calif.:
L.I.F.E. Bible College, 1983. p. 446. Própria tradução. 9 ACHTEMEIER, Paul J.; Publishers Harper & Row and Society of Biblical Literature, Harper's Bible Dictionary.
1 ed. San Francisco: Harper & Row, 1985. p. 528. Própria tradução. 10
BROMILEY, Geoffrey W.; The International Standard Bible Encyclopedia , Revisada. Wm. B. Eerdmans,
1988; 2002, S. 3:24. Própria tradução.
Nathan Cazé; Abril 2015
5
por ―reino do céu‖ (literalmente ―reino dos céus‖, Grego ). Embora a
teologia dispensacionalista tenha costumeiramente feita uma distinção teológica entre estes dois
termos, o simples fato é que eles são bastante intercambiáveis (cf. Mt. 19:23 com v. 24; Mc. 10:23). Na literatura rabínica judaica, a frase comum é ―o reino dos céus‖ (Dalman, pp. 91ff). Na expressão idiomática judaica, ―céu‖, ou algum termo parecido, era frequentemente usado no lugar
do nome santo (ver Lc. 15:18; Mc. 14:61).
Reino de Deus (Céu).11
O NT relata duas formas diferentes da expressão: ―o reino de Deus‖ e ―o reino dos céus‖. A última é encontrada somente em Mateus; mas Mateus também usa ―o reino de Deus‖ quatro vezes
(12:28; 19:24; 21:31, 43). ―O reino dos céus‖ é uma frase Semita que seria significativa para judeus, mas entraria em confronto com o ouvido grego. Os judeus, em reverência a Deus,
evitavam pronunciar o nome divino, e a literatura contemporânea dá exemplos de substituição da palavra ―céu‖ por ―Deus‖ (1 Macabeus 3:18, 50; 4:10; ver Lc 15:18). O plural, ―céus‖, é usado porque a palavra Semita correspondente está no plural.
Nos Evangelhos Sinópticos
[...] Um homem rico perguntou a Jesus o que ele deveria fazer para herdar a vida eterna (Mc 10:17). O contexto deixa claro que ele estava perguntando sobre a vida escatológica—a vida da
ressurreição (Dn 12:2). Jesus fala da dificuldade de entrar no reino de Deus. (A passagem paralela em Mateus tem ambos ―reino de Deus‖ e ―reino do céu‖ [19:23, 24], provando que eles são termos intercambiáveis.) [...]
Arrebatamento e ressurreição parcial, julgamento e galardões
Ademais, tratando-se da crença de que o reino dos céus (reino milenar de Cristo) ―é um
galardão para os crentes vencedores‖, vale conferir o tratamento dado por parte do Dr.
Walvoord em seu artigo Premilenialismo e a Tribulação - Parte V: Teoria do Arrebatamento
Parcial12. Além da análise dele e, tendo por base que o ―reino de Deus‖ e o ―reino dos céu(s)‖
têm o mesmo significado (como vimos anteriormente), segue-se uma tradução13 da análise de
Henry Clarence Thiessen14 que aborda os temas de arrebatamento parcial, ressurreição
parcial e galardões:
11
LADD, George E.; Kingdom of God (Heaven). In: Walter A. Elwell and Barry J. Beitzel, Baker Encyclopedia of the Bible (Grand Rapids, Mich.: Baker Book House, 1988). p. 1269–1278. Própria tradução. 12
Disponível em: <https://www.scribd.com/doc/257905884/Premilenismo-e-a-Tribulacao-o-Part-v-Teoria-Do-
Arrebatamento-Parcial-Dr-Walvoord>. Traduzido por Nathan Cazé. 13
Tradução própria. 14
THIESSEN, Henry C.; DOERKSEN, Vernon D. Lectures in Systematic Theology. Grand Rapids: Eerdmans,
1979, p. 350-353. Própria tradução.
Nathan Cazé; Abril 2015
6
[…]
A questão imediatamente aparece: serão todos os salvos tomados no arrebatamento? A isto precisamos responder que a natureza da igreja pareceria exigir que cada um que pertence a ela
deveria ser levado. A igreja é um templo (1 Cor. 3:16f.; 2 Cor. 6:16; Ef. 2:20f.; 1 Pe 2:5). Irá qualquer parte do templo, em que o Espírito habita, ser deixado para trás? Ademais, a igreja é a noiva de Cristo (2 Cor. 11:2; Ef. 5:25. 32; Ap. 19:6-9). Será alguma parte desta noiva deixada para
trás? A mesma também é o corpo de Cristo (1 Cor. 12:12-27; Ef. 1:22f.; 4:12; 5:29f.; Col. 1:18, 24; 2:19). Certamente, ele não deixará uma parte de seu [próprio] corpo para trás. Que todos os
crentes vivos serão levados no arrebatamento não é mais improvável do que todos os que têm dormido em Cristo serão ressuscitados naquele tempo. Alguns afirmam com base em Filipenses 3:11, ―Para que eu possa chegar à ressurreição dentre os mortos‖, que Paulo ensinava a
ressurreição parcial; entretanto, isto não é uma expressão de dúvida, mas de humildade e esperança. Ao enumerar a ordem da ressurreição, Paulo diz, ―Cristo, as primícias; depois, os que
são de Cristo, na Sua vinda e, então, virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai‖ (1 Cor. 15:23f.). Note que ―os que são de Cristo‖ estão todos agrupados juntos como sendo ressuscitados ao mesmo tempo; não há divisão entre eles.
[…]
B. Para Julgar e Galardoar
Estes dois são associados com a volta de Cristo.
1. O julgamento do crente. Cristo virá para julgar as obras de crentes e outorgar os galardões.
O crente não será julgado com relação aos seus [próprios] pecados (João 5:24), já que ele foi julgado pelos pecados na pessoa e cruz de Cristo (Isa. 53:5f.; 2 Cor. 5:21), e ele não irá, novamente, ser chamado para dar contas dos pecados na volta de Cristo. Durante essa vida,
entretanto, ele é castigado pelos pecados que ele comete para que ele não seja condenado com o mundo (1 Cor. 5:5; 11:32; Heb. 12:7; cf. 2 Sam 7:14f.; 12:13f.). Mas quando Cristo voltar, o
crente será julgado com relação ao uso que ele fez dos talentos (Mat. 25:14-30), das minas (Lucas 19:11-27), e as oportunidades (Mat. 20:1-16) que têm sido confiadas a ele. A salvação é um dom gratuito de Deus (João 4:10; 10:28; Rom. 6:23). Quando Tiago diz que nós somos salvos pelas
obras (Tiago 2:24), ele quer dizer pela fé que produz as obras (2:22, 26). Paulo indica que enquanto nós somos salvos pela graça, nós somos salvos para as boas obras (Ef. 2:8-10). Em
outras palavras, o Senhor tem dado ao povo dele uma oportunidade para ajuntarem tesouros no céu, agora que eles estão salvos (Mat. 6:20), para que ―a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo será abundantemente suprida‖ (2 Pe 1:11).
É com relação a essas obras que o crente será julgado quando Cristo voltar. Paulo escreve, ―Porque todos nós devemos comparecer perante o tribunal de Cristo, para que cada um seja
recompensado segundo o que tiver feito no corpo, seja bem ou mal‖ (2 Cor. 5:10). Ele também escreve, ―Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos nós havemos de comparecer ante o tribunal de Deus‖ (Rom. 14:10). E ele continua, ―Assim,
pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus‖ (v. 12). Quando ele vir, o fogo provará as nossas obras; e se estes forem de madeira, feno, ou palha, serão consumados, ainda assim, nós
seremos salvos por meio do fogo; se de ouro, prata, ou pedra preciosa, nós receberemos um galardão (1 Cor. 3:11-15). Sem dúvidas muitos pertencerão ao grupo que será salvo, mas com pouco galardão; outros terão muito. Somos desafiados a permanecer em Cristo para que quando
Nathan Cazé; Abril 2015
7
ele aparecer, nós não nos envergonharemos em sua vinda (1 João 2:28). Paulo escreve, ―Pois quem é a nossa esperança, ou gozo, ou coroa de exultação? Porventura não o sois vós também diante de
nosso Senhor Jesus Cristo em Sua vinda?‖ (1 Tess. 2:19).
2. O galardão do crente. O Senhor guardará a sua palavra tão definitivamente quanto na maneira da salvação. Vários itens devem ser observados ao passo que relacionam-se com o galardão.
(1) Primeiro, qual é a base para o galardão? Várias coisas nas Escrituras são ditas levar ao galardão. Como um despenseiro dos mistérios de Deus (1 Cor. 4:1-5), o crente deve dar contas de
sua mordomia. Um galardão definitivo é prometido para àqueles que são fiéis (1 Cor. 4:2) no uso das oportunidades, os talentos, e as minas confiadas a eles (Mat. 20:1-16; 25:14-30; Lucas 19:11-27). Como despenseiros da posse material deles, eles serão galardoados de acordo com a forma em
que eles têm usado os bens deles (Mat. 6:20; Gal. 6:7). Aquele que semeia pouco, pouco também ceifará (2 Cor. 9:6). Ademais, como alguém responsável pelas almas de outros, o crente será
galardoado conforme ele tem levado muitos à justiça. O anjo disse a Daniel, ―Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do céu acima; e os que a muitos conduzirem à justiça, como as estrelas, sempre e eternamente‖ (Dn 12:3). De uma forma similar Paulo escreve, ―Pois quem é a
nossa esperança, ou gozo, ou coroa de exultação? Porventura não o sois vós também diante de nosso Senhor Jesus Cristo em Sua vinda?‖ (1 Tess. 2:19). Como aqueles que vivem em um mundo
com necessidades, nós podemos fazer o bem a todos os homens e colher um galardão por assim fazer (Gal. 6:10). A hospitalidade será galardoada (Mat. 10:40-42), assim como o cuidado com os enfermos e os perseguidos (Mat. 25:35-40). Até mesmo um copo de água não deixará de ser
levado em conta naquele dia (Mat. 10:42). Isso é especialmente verdade com relação à bondade feita ao povo judeu. E, finalmente, como sofredores em um mundo mau, os cristãos serão
galardoados por perseverança. Portanto, nós lemos que quando eles injuriarem-nos, perseguirem-nos, falsamente dizerem todo tipo de mal contra nós, nosso galardão será grande no céu (Mat. 5:11f.; Lucas 6:22f.). Se sofrermos, reinaremos com ele (2 Tm 2:12; cf. Rm 8:17). Como Tiago
promete, ―Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam‖ (Tiago
1:12). (2) Qual é o tempo do galardão? É quando ele vir que os galardões serão dados (Mat. 16:27; Rm 2:5-10; 2 Tm 4:8; Ap 11:18; 22:12). Em vista disto, não é de todo correto dizer de um crente que
quando ele morrer, que ele tem ido para o seu [próprio] galardão. Paulo declara que seria naquele dia quando Cristo aparecer que ele receberia o seu galardão, e não na morte. Àqueles que têm
dormido em Jesus estão, agora, na presença pessoal dele, mas eles ainda esperam pelo dia do julgamento e galardão. (3) Qual é a natureza do galardão? As escrituras representam os galardões a serem dados sob a
figura de uma coroa ou troféu. É-nos dito que será uma coroa incorruptível (1 Cor. 9:25), e nós somos advertidos sobre perder a nossa coroa (Ap 3:11). Almas ganhadas ao Senhor será a nossa
coroa de exultação (1 Tess. 2:19). Além destes, há a coroa de justiça (2 Tm 4:8), a coroa da vida (Tiago 1:12; Ap 2:10), e a coroa da glória (1 Pe 5:4). Seja qual for o significado da figura, nós podemos ter certeza de que esta representa uma gloriosa e eterna honra na presença do Senhor.
Como parte de um galardão, também há a promessa de um lugar com Cristo no trono dele (Lucas 19:11-27; 2 Tm 2:11f.; Ap 3:21).
Nathan Cazé; Abril 2015
8
Como pode-se ver, o Novo Testamento não ensina um arrebatamento parcial, nem
uma ressurreição parcial; também não ensina que os ‗crentes vencedores‘ irão para o
galardão deles, que seria o reino dos céus (reino milenar de Cristo). Em nenhum momento o
Novo Testamento afirma que o galardão é o arrebatamento, como já foi discutido por
Walvoord, Pentecost, Ryrie e Thiessen; o Novo Testamento define os galardões como coroas
e troféus. Thiessen também discutiu um pouco sobre o julgamento do crente; esta questão de
julgamento será novamente tratada mais adiante.
Ademais, os aderentes do arrebatamento parcial ainda insistem que a passagem de
Apocalipse 2:11, entre outros versículos15, prova que o arrebatamento parcial é um galardão.
Esta passagem afirma que: ―Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. O que
vencer, de modo algum sofrerá o dano da segunda morte‖. O raciocínio dos aderentes do
arrebatamento parcial é que os crentes vencedores, definido por eles como aqueles que não
viverem de uma forma carnal e que estiverem vigiando e esperando pelo arrebatamento pré-
Grande Tribulação, serão arrebatados enquanto que, os crentes não vencedores, serão
lançados no inferno por mil anos durante o reino milenar de Cristo. Mas como a Bíblia define
―o que vencer‖, ou seja, os crentes vencedores? 1 João 5:4-5 diz: ―porque todo o que é
nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é
o que vence o mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?‖. Os aderentes
do arrebatamento parcial mudam o significado que qualifica o conceito de vencer o mundo,
baseando-o em obras. Diferentemente, João é bem claro que ―todo o que é nascido de Deus‖,
que depositaram a ‗fé‘ deles em Cristo e ‗creram‘ que Jesus é o Filho de Deus, são os que
vencem o mundo. Todos os que nascem de Deus vencem o mundo; João NÃO diz ―todos os
que vigiarem, forem maduros e esperarem pelo arrebatamento pré-Grande Tribulação‖ são
vencedores. Portanto, Apocalipse 2:11 não deve ser utilizado para sustentar a interpretação
errônea de que haverá um arrebatamento unicamente de crentes vencedores, pois todos os
que são nascidos de Deus são vencedores. Alguém que se considera cristão vivendo em
pecado sem arrepender-se até o fim de sua vida, nunca foi salvo (cf. 1 João 2:19). Além
disso, alguns dos aderentes do arrebatamento parcial utilizam o texto de Apocalipse 2:11 para
ensinar o contrário do próprio versículo, isto é, que quem não for vencedor (definido de acordo
15
Cf. Ap 2:26
Nathan Cazé; Abril 2015
9
com eles, e não conforme as Escrituras) será lançado no inferno por mil anos literais para ser
disciplinado (punido) por Deus. Os próximos parágrafos tratarão da ―punição dispensacional‖.
Punição dispensacional/Exclusão do Reino/Exclusão Milenar ou Milenial
Tendo por base os temas discutidos até agora, isto é, que as expressões ―reino de
Deus‖ e ―reino do(s) céu(s)‖ são sinônimas, que não há um arrebatamento parcial ou uma
ressureição parcial, que o reino do(s) céu(s) (ou o reino milenar de Cristo) não é um galardão,
e que todos aqueles nascidos de Deus vencem o mundo, segue-se uma análise sobre a
‗punição dispensacional‘ (Exclusão milenar/Exclusão do Reino) conforme o Witness Lee,
embora seja ensinado por outros.16
Witness Lee afirma que ―A Bíblia revela que nós somos salvos eternamente, mas que
depois de sermos salvos, precisamos vencer tudo que seja pecaminoso. Se não, seremos
disciplinados, ou punidos. Se você não se arrepender e confessar o seu pecado, mas
permanecer no adultério, na próxima era você será colocado dentro do fogo e queimado, não
como uma perdição eterna, mas como uma punição dispensacional‖.17,18 Entre os muitos
versículos que são utilizados para sustentar esta doutrina, não pretendo discorrer
exaustivamente de todas elas, mas introduzir o argumento básico desse pensamento por
meio de alguns versículos frequentemente utilizados: Mateus 8:12, 22:13 e 25:30. Alguns dos
aderentes do arrebatamento parcial acreditam que os sujeitos (―filhos do reino‖ e
―servos/escravos‖) nessas três passagens são salvos, contudo, carnais e, portanto, não
podem entrar no reino de milenar de Cristo e, consequentemente, são lançados no inferno
(―trevas exteriores‖) por mil anos literais para serem disciplinados (punidos) por Deus.
Veja, a seguir, alguns comentários sobre essas passagens:
16
Confira: NEE, Watchman. The Gospel Of God, vol. 3 (California: Living Stream Ministry, 1990), p. 460-461, e FAUST, J.D. The rod, will God spare it?: an exhaustive study of temporary punishment. 17
LEE, Witness. Life-study of Matthew . Disponível em: <http://www.ministrybooks.org/SearchMinBooks.cfm>. Deve-se procurar pela expressão ―dispensational punishment‖ que aparecerá em vários livros dele. Não há link direto para nenhum de seus livros, pois é um sistema de segurança do sítio eletrônico do ministério dele. 18
Witness Lee diz que, se a pessoa (já salva) não se arrepender do adultério, ela irá para o inferno por mil anos. E se uma pessoa pecar mentido, ou de outra forma, e morrer sem se arrepender, esta irá para o inferno por mil anos? Ou seja, quais e quantos pecados não confessado a Deus e não renunciados é o suficiente para fazer a
pessoa qualificada para ser lançada no inferno por mil anos?
Nathan Cazé; Abril 2015
10
[Mateus 8:11-12]
Jesus continuou a dizer, muitos virão do oriente e do ocidente, e assentar-se-ão à mesa com
Abraão, e Isaque, e Jacó, no reino do céu; mas os filhos do reino serão lançados nas trevas
exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes. Aqueles que tinham menos vantagem espiritual e menos oportunidade de conhecer a verdade de Deus—os gentios do oriente e do
ocidente—responderiam mais ao evangelho do que o próprio povo escolhido de Deus, que
consideravam-se como sendo os filhos do reino simplesmente por virtude de descendência racial. O evangelho veio por meio da semente de Abraão, como Mateus já havia atestado por meio da
genealogia de Jesus. Mas o benefício do evangelho, que é a salvação, é apropriada pela fé, não por descendência genealógica. Os judeus exerceram uma parte essencial no agir de Deus de trazer o Messias e Seu evangelho, e eles ainda estão destinados a exercer um papel importante no fim dos
tempos. Era fundamental para o plano de salvação de Deus que o Seu próprio filho nascesse, vivesse, e morresse como um judeu. Mas o fato de que Abraão, Isaque, e Jacó—ou qualquer
outro judeu— estarão no reino do céu, não será por causa da judaicidade deles, mas por causa da fé salvífica deles.
As palavras de Jesus para aqueles judeus de Cafarnaún foram surpreendentes ao extremo. O que
Ele disse absolutamente contradizia tudo que foi ensinado pelos rabinos deles. O vigésimo-nono capítulo de Segundo Baruque apresenta o que os judeus acreditavam que seria a grande festa
celestial em que todos os judeus assentar-se-iam e comeriam beemote, o elefante, e leviatan, o grande monstro marítimo, ou baleia—que simbolizava uma quantia ilimitada de comida. Aos olhos de muitos judeus, uma das coisas mais significantes e atraentes sobre a festa é que nela não
haveria nenhum gentio. Mas naquela refeição, disse Jesus, muitos gentios estariam presentes e muitos judeus ausentes.
Os presumidos filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá pranto e
ranger de dentes. Para os judeus, Deus havia dado as promessas e privilégios únicos de Seu reino, mas porque eles rejeitaram o Rei quando Ele veio a eles, eles se desqualificaram da benção da luz
de Deus e destinaram-se para as trevas exteriores, onde, ao invés de festejar por toda a eternidade, eles sofreriam para sempre no horror de pranto e ranger de dentes. A tradição judaica
ensinava que os pecadores—um termo que é sinônimo de ‗gentios‘, no pensamento deles—passariam a eternidade nas trevas exteriores de geena. Jesus concordou com eles sobre o destino de pecadores condenados (também ver Mt 22:13; 24:15), mas Ele os declarou totalmente errados
com relação a identidade dos pecadores condenados. O inferno é um lugar de escuridão e fogo, uma combinação não encontrada em nosso mundo
atual. Parte da qualidade sobrenatural do inferno é que esta será um lugar de fogo, dor, e tormento que continuará por toda a eternidade em escuridão total.
Ser um descendente físico de Abraão era um grande privilégio e vantagem (Rm 3:1-2), mas
apesar do que a maioria dos judeus acreditava, não era uma garantia de salvação. São os filhos da fé espiritual de Abraão, não os filhos do corpo físico dele, que Deus adota como Seus próprios
filhos (Rm 8:14–17; Gl 3:7–9, 26–29; cf. Rm 4:11, 16). Aqueles que rejeitarem a Cristo, mesmo que sejam descendentes físicos de Abraão, não terão lugar na mesa com Abraão, e Isaque, e
Jacó, no reino do céu. Pela rejeição deles do Filho de Deus—especialmente à luz das evidências
irrefutáveis dos milagres dEle—, eles provam que, na verdade, são filhos de Satanás (João 8:42-44). Sendo que eles são falsos filhos do reino, eles anulam a promessa divina, perdem a benção
divina, e para sempre são separados do reino divino. Esta era a substância da mensagem sóbria,
Nathan Cazé; Abril 2015
11
mas breve, de Jesus aos judeus descrentes muito antes que Ele pronunciasse a cura do escravo do centurião.19
[Mateus 8:12] O quadro é o do ―banquete messiânico‖ tirado de passagens do Antigo Testamento como Isaias
25.6-9 (cf. 65.13,14) e adornadas no judaísmo posterior (cf. TDNT, 2:34-35). Esses adornos, em geral, não antecipavam a presença dos gentios no banquete, o qual simbolizava a consumação do
reinado messiânico (cf. 22.114; 25.10; 26.29). Todavia, aqui, Jesus insiste que muitos virão dos quatro pontos da bussola e se juntaram aos patriarcas no banquete. Esses ―muitos‖ só podem ser os gentios, contrastados como eram (v. 12) com ―súditos do Reino‖ (hoi huioi tês basileias, lit., ―os
filhos do reino‖). ―Filho do‖, ou ―filhos do‖, pode ter o sentido de ―pertencer a‖, ou ―destinado a‖ (cf. ―filhos da câmara nupcial‖ [9.15; NVI, ―convidados do noivo‖] e ―filho do inferno‖ [23.15; cf.
SBK, 1:476-78; 1QS 17.3; e comentários sobre 5.9]). Assim, os ―súditos do Reino‖ são os judeus, que se veem como filhos de Abraão (cf. 3.9,10), pertencentes ao reino por direito. Alguns judeus (e.g., os de Qumran) restringiam os eleitos a grupos menores de piedosos de Israel. Mas Jesus
inverte os papeis (cf. 21.43); e os filhos do reino são deixados de lado, são deixados de fora do futuro banquete messiânico, destinados às trevas em que há lagrimas e ranger de dentes —
elementos comuns nas descrições do geena, do inferno (cf. 4Ed 7.93; lEnoq 63.10; SI Sal 14.9; 15.10; Sab 17.21; cf. Mt 22.13; comentários sobre 5.29).20
[Mateus 22:13]
O traje de casamento correto de um verdadeiro crente é Deus […] Ao menos que a justiça de uma pessoa exceda a autojustiça hipócrita dos escribas e fariseus, esta ―não entrará no reino do
céu‖ (Mt 5:20). O único traje de casamento aceitável é a genuína ―santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor‖ (Hb 12:14).
Muito dos ouvintes judeus de Jesus naquele dia teriam lembrado-se da passagem linda de Isaías que declara, ―Regozijar-me-ei muito no SENHOR, a minha alma se alegrará no meu Deus; porque me vestiu de roupas de salvação, cobriu-me com o manto de justiça‖ (Is 61:10). Os judeus sinceros
sabiam que, contrariamente às tradições dos rabinos deles que são legalistas e feitas por homens, Deus não somente requere justiça interna dos homens, mas ele também oferece-a como um dom.
Os olhos de Deus, obviamente, pode ver dentro dos corações dos homens para saber se a justiça deles é das obras deles ou obra de Deus. Mas mesmo externamente, a vida de um crente verdadeiro evidenciará um viver correto e refletir um pensar correto. O Senhor não só imputa, mas
transmite [org. imparts] justiça aos Seus filhos. Somente Ele pode ver a justiça interna que Ele imputa, mas cada um pode ver a justiça externa que ele transmite [org. imparts]. Um filho de Deus
é caracterizado por uma vida santa. Pedro tornou esse fato claro quando ele descreveu a salvação como ―obediência à verdade‖ que tem ―Purificado as vossas almas‖ (1 Pe 1:22). Bem antes que Jesus declarou que profetizar, expulsar demônios, e fazer milagres no nome dEle
pode ser falsa evidência de salvação, Ele havia dito que verdadeira evidência de salvação sempre
19
MACARTHUR, John. Matthew. Chicago: Moody Press, 1989, p. 15. Própria tradução. 20
CARSON, D.A. Comentário de Mateus. São Paulo: Shedd Publicações, 2010, p.245-246. Tradução: Lena
Aranha & Regina Aranha.
Nathan Cazé; Abril 2015
12
será aparente. A condição espiritual de uma pessoa será manifestada no fruto de seu viver. ―Colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos?‖, Ele perguntou retoricamente, ―Assim,
toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus‖ (Mt 7:16-17, 21-23). Uma vida santa e de Deus não consegue dar frutos de justiça porque esta é um crescimento natural
de dentro para fora da obra interna do Espírito (Gl 5:22-23). Jesus certamente estaria contente se um de Seus ouvintes o interrompesse e perguntasse, ―Como eu posso ser vestido do traje correto? O que eu posso fazer para não ser lançado nas trevas
exteriores como aquele homem?‖. Sem dúvida, Ele teria dito àquela pessoa assim como Ele disse muitas vezes antes de formas diferentes, ―venha a mim para terdes vida‖ (João 5:40). Como Paulo
explicou aos Coríntios, Deus fez Cristo ―que não conheceu pecado, para ser pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus‖ (2 Co 5:21). Isto é o traje de casamento que Deus demanda e o Seu Filho providencia.
Jesus não pediu aos líderes judeus para comentarem acerca desta parábola, como Ele havia feito com as duas anteriores onde, em cada caso, eles condenaram a si mesmos pela resposta deles
(21:31-32, 40-45). Ele sabia que eles não seriam pegos novamente porque agora estava óbvio que todo o impulso das parábolas era para condená-los. O único propósito deles, agora esquentando-se a uma fúria, era de pegá-Lo e condená-Lo a morte (22:15; cf. 21:46).21
[Mateus 25:30]
[...]
O terceiro escravo não era simplesmente infiel, mas sem fé. Um verdadeiro Cristão que desperdiça as suas habilidades, dons espirituais, e oportunidades terá sua obra ―queimado, [e] ele
sofrerá prejuízo; mas o tal será salvo todavia como que pelo fogo‖ (1 Co 3:15). A pessoa representada por esse escravo, entretanto, não tem nenhuma fé e, portanto, nenhuma relação salvífica a Deus. Não importando o tanto que ele possa parecer ter sido abençoado por Deus e ter
servido Ele, um dia ele escutará dos lábios do próprio Senhor as palavras devastadoras, ―Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade‖ (Mt 7:23).
O terceiro escravo era completamente inútil, e o destino dele era ser lançado...nas trevas
exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes. Assim como o homem que tentou entrar na festa de casamento do rei sem o traje correto (Mt 22:11-13), esse servo improdutivo e falso foi
destinado para a destruição. As trevas exteriores é uma descrição Neotestamentária comum do inferno. ―Deus é luz‖, João
declarou, ―e não há nEle trevas nenhumas‖ (1 João 1:5). Luz significa a presença de Deus, e trevas significa a ausência dEle. O inferno não somente é trevas eternas, mas tormento eterno. Ali
haverá pranto e ranger de dentes, significando que a agonia sem alívio de separação da presença
e bondade de Deus.22
O estado final do ímpio é descrito sob as figuras de fogo eterno (Mt 25:41); poço do abismo (Ap 9:2, 11); trevas exteriores (Mt 8:12); tormento (Ap 14:10, 11); castigo eterno (Mt 25:46); ira de
21
MACARTHUR, John. Matthew. Chicago: Moody Press, 1989, p. 315. Própria tradução. 22
MACARTHUR, John. Matthew. Chicago: Moody Press, 1989, p. 109. Própria tradução.
Nathan Cazé; Abril 2015
13
Deus (Rm 2:5); segunda morte (Ap 21:8); destruição eterna ante a face do Senhor (2 Ts 1:9); pecado eterno (Marcos 3:29).23
Como pode-se ver nestas passagens, é um equívoco afirmar que os filhos do reino e os
servos/escravos são crentes salvos, contudo, carnais e, portanto, que seriam lançados no
inferno por mil anos literais para serem disciplinados ou punidos por Deus. As trevas
exteriores, assim como outras designações semelhantes, foram criadas por Deus para os
descrentes, ou seja, os não salvos. Ademais, a expressão ―filhos do reino‖ não refere-se à
igreja de Cristo e nem a uma pessoa salva e, os servos/escravos, não são os crentes carnais.
Tribunal de Cristo/Deus (grande trono branco), julgamento, e Disciplina de Deus
Outros versos utilizados para sustentar a ―punição dispensacional‖ são 1 Coríntios 3:15 e
Lucas 12:46-48. 1 Cor 3:15 diz ―Se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele prejuízo; mas o
tal será salvo todavia como que pelo fogo‖. Aquilo que queima é a obra, não a pessoa. A
pessoa que tem suas obras queimadas sofre o prejuízo de não receber os galardões. O verso
não diz que a pessoa que não foi arrebatada no grupo de arrebatamento pré-Grande
Tribulação irá para o inferno, durante o reino milenar de Cristo, ser queimado por mil anos
literais para ser disciplinado ou punido e, após mil anos, ir para o céu. O verso diz que tal
pessoa será salva ―como que‖ pelo fogo. Não há um fogo literal no inferno que queimará, por
mil anos literais, um cristão que seja salvo, conforme os aderentes da ―punição
dispensacional‖ querem acreditar como se o verso dissesse ―o tal será salvo pelo fogo‖,
omitindo ―como que‖.
O tribunal de Cristo/Deus (2 Cor. 5:10) é o mesmo que o grande trono branco (Ap. 20:11)
e que, portanto, os não salvos também serão julgados. Veja o seguinte comentário:
O grande trono branco naturalmente flui do período milenar como uma resposta necessária ao
desmascaramento do terrível mal. No entanto, o trono branco não julga somente os pecadores, pois os santos devem estar face a face com Deus bem como ser ―julgados de acordo com as suas obras‖
(20:12). A diferença é que o destino final deles é a vida; e embora eles sejam confrontados com tudo o que fizeram, seja bem ou mal (1 Cor. 3:12-15; 2 Cor. 5:10), os resultados finais serão
23
STRONG, Augustus Hopkins. Systematic Theology (Bellingham, Wa.: Logos Research Systems, Inc., 2004),
p. 1033. Própria tradução.
Nathan Cazé; Abril 2015
14
perdão e galardão. Para os pecadores (Ap 20:13-15), o resultado é tragicamente e completamente o oposto. Estes também serão ―julgados de acordo com as suas obras‖, mas o destino destes é o lago
de fogo porque eles têm rejeitado o chamado de Deus e o nome destes não estão gravados no livro da vida. Os descrentes lendo isto devem reconhecer a significância de rejeição. Estes seguirão a
Morte e Hades para o lago de fogo e compartilhar o tormento eterno da falsa trindade (14:10-11; 20:10). […]24
Além disso, o texto de Lucas 12:46-48 diz: ―46 virá o senhor desse servo num dia em
que não o espera, e numa hora de que não sabe, e cortá-lo-á pelo meio, e lhe dará a sua
parte com os infiéis. 47 O servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem
fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites; 48 mas o que não a soube, e
fez coisas que mereciam castigo, com poucos açoites será castigado. Daquele a quem muito
é dado, muito se lhe requererá; e a quem muito é confiado, mais ainda se lhe pedirá‖. O texto
paralelo em Mateus 24:48 e 51 estabelece que este servo, em Lc 12:46-48, é mau e hipócrita
e infiel, ou seja, não é um servo de Deus que foi salvo por Jesus. Assim, os graus de punição
no inferno serão para os hipócritas, ou seja, servos falsos que nunca foram salvos. Ademais,
como afirma Wiersbe: ―As frases ―cortá-lo-á pelo meio‖ (v. 46) e ―açoitado‖ (vv. 47-48) não
sugere que haverá disciplina física no Tribunal de Cristo, pois teremos corpos glorificados‖.25
Como que corpos glorificados serão disciplinados por Deus por meio de açoites e fogo do
inferno? Ademais, Samuel Hoyt explica que: ―As escrituras ensinam que, para o crente, a
justiça de Deus já tem sido, plenamente e para sempre, satisfeita na Cruz em relação aos
pecados dos crentes. Se Deus fosse punir o crente judicialmente por seus pecados pelos
quais Cristo já efetuou o pagamento, Ele estaria requerendo dois pagamentos pelo pecado e
estaria, portanto, sendo injusto. Tal conceito (punição pelo pecado) erroneamente deprecia a
suficiência completa da morte de Cristo na cruz‖26. Com relação a esta última citação, confira
Hb 8:12, 10:14, 17-18; Rm 5:1, 19, 8:1; Col. 2:10; Is 38:17, 44:22; Sl 103:12; Miqueias 7:19, Jo
5:24 e 1 Cor. 11:28ff.
Tratando-se da disciplina de Deus na vida de seus filhos, Hebreus 12:6-8 diz: ―6 Porque
o Senhor corrige o que ama, E açoita a qualquer que recebe por filho. 7 Se suportais a
24
OSBORNE, Grant R.; Revelation. Baker exegetical commentary on the New Testament (Grand Rapids, Mich.: Baker Academic, 2002). p. 725. 25
WIERSBE, Warren W.: Wiersbe's Expository Outlines on the New Testament. Wheaton, Ill. : Victor Books, 1997, c1992, p. 178. Própria tradução. 26
KEATHLEY III, J. Hampton. The doctrine of rewards: the judgment seat (Bema) of Christ. Disponível em:
<https://bible.org/article/doctrine-rewards-judgment-seat-bema-christ#P89_18460>. Acesso em: 18 março 2015.
Nathan Cazé; Abril 2015
15
correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? 8 Mas, se
estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não
filhos‖. Veja que cada um dos filhos de Deus (―o que ama‖, ―qualquer que recebe por filho‖,
―todos são feitos participantes‖) —não somente alguns—são disciplinados pelo Senhor. Ou
seja, todos os filhos de Deus são disciplinados. Sendo que todos são disciplinados, esta
disciplina é feita, por Deus, aqui na terra27. Em nenhum momento o texto de Hebreus estende
a disciplina de Deus, sobre os seus filhos, até no inferno. Além disso, Hebreus 12:11 diz que a
disciplina de Deus produz frutos pacíficos de justiça. Assim, se produz frutos, a disciplina de
Deus não pode ser no inferno, mas sim, na terra, pois é na terra que os salvos dão frutos (cf.
2 Cor. 9:10), ao invés de darem frutos no inferno. Estes frutos têm características que refletem
a paz e justiça de Deus. Jesus disse que ―Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem
uma árvore má dar frutos bons‖ (Mt 7:18). Isto significa que a árvore deve estar viva e
plantada na terra, pois, é na terra, ao invés de no inferno, que ela dá frutos bons ou maus, e é
por estes frutos, na terra, que podemos conhecer a arvore (Mt 7:20). Ademais, Jesus disse
―Vós não me escolhestes a mim mas eu vos escolhi a vós, e vos designei, para que vades e
deis frutos, e o vosso fruto permaneça, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu
nome, ele vo-lo conceda‖ (João 15:16). Outrossim, Jesus ensina que os frutos que temos que
dar, como discípulos dEle, ocorrerá na nossa peregrinação por esta vida, ao invés de no
inferno, e que estes frutos devem permanecer, ou seja, frutos concretos e genuínos ao invés
de frutos hipócritas e de palha que serão queimados no tribunal de Cristo (sinônimo de grande
trono branco); estes frutos devem ser ―dignos de arrependimento‖ (Lc 3:8). Depois que dermos
frutos que ‗permaneça‘, podemos pedir ‗ao Pai‘, em nome de Jesus, ‗tudo‘ para que Ele nos
concede. Assim, se a disciplina (ou punição) de Deus sobre os seus filhos fosse no inferno,
logicamente seria no inferno que os crentes carnais pediriam tudo ao Pai em nome de Jesus.
Portanto, a Bíblia não ensina uma ‗punição dispensacional‘ ou disciplina divina após a
vida neste planeta Terra. A disciplina de Deus sobre a vida de todos Seus filhos, ou seja,
cada um de Seus filhos (Hb 12:6-8 ―o que ama‖, ―qualquer que recebe por filho‖, ―todos são
feitos participantes‖) fará com que estes deem frutos de justiça enquanto ainda estiverem
fisicamente vivos na terra, ao invés de no inferno. Deus não faz distinção de Sua disciplina
27VENTILATO, James. The Rod: loving familial discipline or condemnatory judgment in hell?. Julho 2003.
Disponível em: <http://www.middletownbiblechurch.org/doctrine/faustfd.htm>. Acesso em: 22 mar. 2015.
Nathan Cazé; Abril 2015
16
sobre o Seus filhos espirituais e carnais, pois todos (carnais ou não) os Seus filhos são
disciplinados na terra. No tribunal de Cristo (grande trono branco), haverá graus de galardões
para os salvos e graus de punições para os não salvos.
Hades/abismo, Seio de Abraão/Paraíso/Terceiro céu e estado intermediário
Outros versículos são utilizados pelos aderentes do arrebatamento parcial e/ou punição
dispensacional para ensinar que há compartimentos no inferno ou que, pelos menos, o seio
de Abraão fica de frente para o compartimento do inferno chamado hades, onde há tormento,
e que ambos são separados por um abismo. Para isto, é citado o texto de Lucas 16:22-31.
Ademais, é ensinado que ladrão penitente foi para o paraíso que é considerado, pelos
aderentes do arrebatamento parcial e/ou punição dispensacional, como sendo o seio de
Abraão.
Lucas 16:23: ―E no Hades, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe
Abraão, e Lázaro no seu seio‖. Deve ser observado que o lugar de tormento é o hades e que
esta passagem não diz que o seio de Abraão fica de frente para o hades. A ideia, não
defendida neste artigo, de que o seio de Abraão fica no inferno/hades, advém de Lucas 16:26
que diz: ―E, além disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que
quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá passar para cá‖.
Segue-se um comentário28 para esclarecer a relação entre hades, abismo, seio de Abraão,
Paraíso e terceiro céu:
[…] A partir do relato de Cristo do último julgamento, ninguém irar inferir que este ocorre em um
submundo. Em ambos o Velho e Novo Testamentos, o bom habita com Deus, e o lugar de habitação de Deus nunca é representado como ―debaixo‖, mas ―no alto‖. O Paraíso é o terceiro céu (2 Cor. 12:1, 4), e nenhum dos céus estão no submundo. Elias ―subiu ao céu num redemoinho‖ (2
Reis 2:11). […] […] O local do paraíso no hades é oposto por Tertualiano (Against Marcio 4.34) nos seguintes
termos: ―o hades (inferi) é uma coisa, em minha opinião, e o seio de Abraão é outra. Cristo, na parábola de Divo, ensina que um grande abismo é interposto entre duas regiões. Nem poderia o homem rico ter ‗erguido‘ os seus olhos, e isto muito ‗ao longe‘, a menos que tenha sido a lugares
acima dele e muito longe acima dele, por razão da imensa distância entre a altura e profundidade‖. Semelhantemente, Crisóstomo em seu Homilies on Dives and Lazarus, como citado por Ussher,
pergunta e responde: ―Por que Lázaro não viu o homem rico, assim como o homem rico é dito
28
Própria tradução.
Nathan Cazé; Abril 2015
17
estar no escuro; mas ele que está no escuro vê aquele que está na luz‖. Agostinho, em sua exposição de Salmos 6, chama a atenção para o fato de que ―Divo olhou para o alto, para ver
Lázaro‖. Novamente, ele diz, em sua carta à Euodios, ―Não deve ser crido que o seio de Abraão seja parte do hades (aliqua pars inferorum)‖. […] Ao mesmo efeito diz Gregory de Nyssa (In
pascha): ―Isto deve ser investigado pelo estudioso, isto é, como, a um momento e ao mesmo tempo, Cristo pode estar nesses três lugares: no coração da terra, no paraíso com o ladrão, e na ‗mão‘ do Pai. Pois ninguém dirá que o Paraíso é nos lugares debaixo da terra (em hypochthoniois),
ou os lugares debaixo da terra no paraíso; ou que aqueles lugares infernais (ta hypochthonia) são chamados de ‗mão‘ do Pai‖. […]
Estas afirmações patrísticas com relação à localidade superior do paraíso estão de acordo com as Escrituras: ―o caminho da vida é para cima, a fim de que ele se desvie do Seol que é em baixo‖ (Prov. 15:24). Quando Samuel é representado como ―subindo da terra‖ (1 Sam. 28:7-20), é porque
o corpo reanimado se levanta da sepultura. […] ―Pai, desejo que onde eu estou, estejam comigo também aqueles que me tens dado, para verem a minha glória‖ (João 17:24); ―aos que em Jesus
dormem, Deus os tornará a trazer com ele [para baixo do paraíso, não para cima do hades]‖ (1 Ts 4:14). No segundo advento, ―nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens‖ (1 Ts 4:17). Estevão ―fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus, e Jesus, que
estava à direita de Deus‖ (Atos 7:55). Cristo disse aos Fariseus, ―Vós sois de baixo, eu sou de cima‖ (João 8:23). Satanás e seus anjos são ―lançados no Tartarus‖ (2 Pedro 2:4). O ladrão
penitente diz a Cristo: ―Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino‖. Cristo responde: ―hoje estarás comigo no Paraíso‖ (Lucas 23:42-43). Isto implica que o paraíso é o mesmo que o reino de Cristo; e o reino de Cristo não é infernal. Cristo ―Pai, nas tuas mãos entrego o meu
espírito. E, havendo dito isto, expirou‖ (23:46). As ―mãos‖ do Pai significa que estão nos céus acima, não no ―seol debaixo‖. Estes ensinamentos da Escritura e sua interpretação por uma porção
dos pais evidenciam que o paraíso é uma seção do céu, não do hades, e são irreconciliáveis com a doutrina de um submundo contendo ambos o bom e o mau. […]
As Escrituras ensinam que o estado intermediário para o crente é abençoado. O espírito desencarnado do ladrão penitente vai com o Redentor desencarnado diretamente para o paraíso:
―hoje estarás comigo no Paraíso‖ (Lucas 23:43). O paraíso tem as seguintes observações: 1. O paraíso é o terceiro céu: ―Conheço um homem que foi arrebatado ao terceiro céu. Ele foi
arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, as quais não é lícito ao homem referir‖ (2 Cor. 12:2, 4); ―Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no meio do paraíso de
Deus‖ (Ap 2:7). 2. O paraíso é o ―seio de Abraão‖: ―E aconteceu que o mendigo morreu, e foi levado pelos anjos
para o seio de Abraão‖ (Lucas 16:22); [...]
[…]29
Como vimos, o homem rico na parábola de Jesus estava no hades, sendo atormentado,
e viu, do outro lado do abismo acima dele, o seio de Abraão (que é sinônimo de paraíso e de
terceiro céu). Ou seja, o abismo estava acima do homem rico, separando o hades do terceiro
29
SHEDD, William Greenough Thayer; GOMES, Alan W. Dogmatic Theology. 3rd ed. Phillipsburg, N.J.: P & R
Pub., 2003, p. 828–858.
Nathan Cazé; Abril 2015
18
céu (seio de Abraão/Paraíso). Semelhantemente, quando o ladrão penitente morreu, foi para
o terceiro céu (Paraíso/Seio de Abraão) (2 Cor. 12:2, 4).
Outrossim, Efésios 4:7-10 é citado para ensinar que Jesus desceu ao hades ou inferno
entre Sua morte e ressurreição: ―7 Mas a cada um de nós foi dada a graça conforme a medida
do dom de Cristo. 8 Por isso foi dito: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, e deu dons aos
homens. 9 Ora, isto - ele subiu - que é, senão que também desceu às partes mais baixas da
terra? 10 Aquele que desceu é também o mesmo que subiu muito acima de todos os céus,
para cumprir todas as coisas‖.
Os aderentes do arrebatamento parcial e/ou punição dispensacional afirmam que Jesus,
após Sua morte, ‗desceu‘ no hades e/ou no seio de Abraão (interpretado por eles como sendo
um compartimento dentro do inferno e de frente para o hades em que ambos são separados
por um abismo) e levou (‗subiu‘) para o terceiro céu todos os salvos que morreram antes da
morte de Jesus. Como vimos anteriormente, certamente não foi no seio de Abraão que Jesus
desceu, pois este fica em cima, ou seja, é o terceiro céu.
Ademais, o texto de Efésios 4:7-10 é uma adaptação do Salmo 68:18 que diz: ―Tu
subiste ao alto, levando os teus cativos; recebeste dons dentre os homens, e até dentre os
rebeldes, para que o Senhor Deus habitasse entre eles‖. Este Salmo profetiza o que Jesus
faria no futuro. Como explica John Gill30 acerca do Sl 68:18 por partes31:
Tu subiste ao alto: [...] ele foi visto subir pelos anjos e homens; e, por causa da certeza disto, é
aqui expresso no pretérito, embora fosse, então, futuro. levaste o cativeiro cativo: significando ou aqueles que têm sido cativos, no sentido em que a
palavra é usada, Sl 126:1; e então pode referir-se àqueles que têm sido prisioneiros no sepultamento, mas foram libertos na ressurreição de Cristo, e foram com ele, em triunfo, para o céu; ou, todo o seu povo que ele redimiu por seu sangue daquele cativeiro e prisão que estavam
por natureza; ou, ao invés, aqueles que os levaram cativos são aqui entendido por ―cativeiro‖; tal como o pecado, Satanás, o mundo, a morte, e todo inimigo espiritual, que Cristo venceu e triunfou
sobre eles; a alusão pode ser para triunfos públicos, quando os cativos foram levados em correntes, até mesmo reis e grandes homens, que haviam levado outras pessoas cativas: as palavras parecem ter sido tomadas emprestadas de Juízes 5:12.
recebeste dons entre os homens: os dons do Espírito Santo, qualificando homens para o ministério do Evangelho, como são interpretados pelos Apóstolos, Ef. 4:11; estes Cristo recebeu,
em natureza humana, de seu divino Pai, quando ele subiu ao céu, para dá-los aos homens; e o qual
30
GILL, John. John Gill’s exposition of the entire Bible . Disponível em: <http://www.biblestudytools.com/commentaries/gills-exposition-of-the-bible/psalms-68-18.html>. Acesso em: 20 março 2015. 31
Própria tradução.
Nathan Cazé; Abril 2015
19
ele fez de uma maneiro muito extraordinária no dia de Pentecoste. A versão Targum e Siríaca diz ―tendes dado dons aos homens‖; e a versão árabe: ―e ele deu dons aos homens‖, como o apostolo,
Ef. 4:8. e até dentre os rebeldes: os desobedientes e descrentes, como todos os homens são por natureza,
até mesmo os eleitos de Deus, antes da conversão, Tito 3:3. para que o Senhor Deus habitasse entre eles : isto é, que eles, pelos dons e graças do Espírito outorgado neles, possam tornarem-se habitáveis para Deus; ou que ―eles‖, os rebeldes, sendo
agora participantes da graça de Deus e seus dons, ―possam habitar [com] o Senhor Deus‖ nas igrejas dele; gozar de sua divina presença, e ter comunhão com ele em sua palavra e ordenanças.
John Gill continua acerca de Efésios 4:8:32
por isso foi dito: Deus na escritura, Sl 68:8.
quando ele subiu ao alto: [...] sendo do Monte das Oliveiras, servido pelos anjos, à vista de seus apóstolos, depois que ele conversou com eles do momento de sua ressurreição quarenta dias; e a
ascensão dele foi para cumprir o tipo de sumo sacerdote entrando no santo dos santos; e para fazer intercessão por seu povo, e para enviar o Espírito com seus dons e graças para eles, e para abrir o caminho e preparar mansões de glória para eles, e receber a glória prometida e devida a ele: no
texto hebraico está, ―tu subiste‖; nisto o salmista fala ao Messias, aqui o apostolo fala dele; embora [a versão] árabe e siríaca diga aqui, ―ele ascendeu‖, como aqui:
levou cativo o cativeiro: que é expressivo das conquistas de Cristo e triunfo sobre o pecado, Satanás, o mundo, morte, e a sepultura; e de fato, todo inimigo espiritual dele e o povo dele, especialmente o diabo, que leva homens cativos a sua vontade, e é, portanto, chamado cativeiro, e
seus principados e poderes, os quais Cristo têm espoliado e triunfado contra; a alusão é para os triunfos públicos dos romanos, em que os cativos foram levados em correntes, e expostos ao
público. e deu dons aos homens: significando os dons do Espírito Santo, e particularmente tais que qualificam os homens para a obra do ministério; [...]
John Gill continua acerca de Efésios 4:9:33
Agora que ele ascendeu [Ora, isto - ele subiu -]: estas palavras são uma conclusão da descida de Cristo do céu, de sua ascensão de lá; pois se ele não tivesse primeiro descido de lá, não poderia ser dito acerca dele que ele ascendeu; pois nenhum homem tem ascendido ao céu senão aquele que
desceu do céu, João 3:13 e eles são também uma explanação do sentido do salmista na citação acima, que toma a humilhação dele bem como a sua exaltação; a humilhação é significado por sua
descida na terra: senão que também desceu às partes mais baixas da terra: [...] por certo é isso, que o lugar onde Abraão estava com Lázaro em seu seio não era perto do inferno, mas bem longe, e que havia um
grande abismo entre eles [Abraão e Lázaro em relação ao homem rico], Lc 16:23; e os espíritos ou almas dos patriarcas retornaram a Deus que os deu, quando separado do corpo deles, como as
32
Própria tradução. 33
Própria tradução.
Nathan Cazé; Abril 2015
20
almas dos homens agora, Ec 12:7; e nem Cristo entrou em nenhum lugar falso em sua morte, mas foi para o paraíso, onde o ladrão penitente foi naquele dia com ele; nem eram os patriarcas, mas os
principados e poderes que Cristo espoliou, o cativeiro que ele levou cativo e triunfou contra: alguns interpretam isto como a descida de Cristo ao inferno [...]; mas pode ao invés referir-se à
totalidade de sua humilhação, como o descer dele do céu e a encarnação no ventre da virgem, onde a natureza humana dele foi curiosamente tecido nas regiões mais baixas da terra [Sl 139:15]; e ele se humilhando a si mesmo e tornando-se obediente até a morte, até a morte de cruz, quando ele foi
feito pecado e uma maldição para o povo dele, e levou sobre si toda a punição devido às transgressões deles; [...]
Assim, a frase ―partes mais baixas da terra‖ em Ef 4:9 provém do Salmo 139:15 que diz ―Os
meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado, e esmeradamente tecido
nas profundezas da terra‖. Como disse John Gill, estas profundezas ou partes mais baixas
da terra foi onde Cristo foi ‗esmeradamente tecido‘ (no ventre de Maria). Portanto, Cristo
desceu à terra, foi tecido nas profundezas da terra (ventre de Maria). Nenhum homem tem
subido ao céu senão aquele que desceu do céu (João 3:13), ou seja, primeiro Jesus desceu
do céu para o ventre de Maria; a ascensão vem depois da descida de Jesus.
Além disto, o versículo 9 não diz que Jesus desceu para dentro da terra e nem para o
hades; o versículo diz que Jesus desceu para ―às partes mais baixas da terra‖. Talvez este
versículo em português não seja o suficiente para convencer os aderentes do arrebatamento
parcial e/ou punição dispensacional que estas partes mais baixas ficam na terra ou refere-se
ao ventre de Maria onde Jesus foi ‗esmeradamente tecido‘, ao invés de no hades. Por isso,
segue-se Efésios 4:9 em algumas versões em inglês:
New English Translation: ―Now what is the meaning of ―he ascended,‖ except that he
also descended to the lower regions, namely, the earth?‖.
Tradução: ―[...] senão que ele também desceu às regiões mais baixas, nomeadamente,
a terra?‖ ou ―[...] senão que ele também desceu às regiões mais baixas, a saber, a
terra?‖.
New International Version (NVI em inglês): ―What does "he ascended" mean except
that he also descended to the lower, earthly regions?‖.
Tradução: ―[…] senão que ele também desceu às baixas regiões terrenas?‖.
Portanto, ‗subindo ao alto‘ (Ef. 4:8) significa a ascensão de Cristo da terra ao céu
(terceiro céu/paraíso/seio de Abraão); nenhum homem tem subido ao céu senão aquele que
Nathan Cazé; Abril 2015
21
desceu do céu (João 3:13). Desta forma, embora a descida de Cristo às baixas regiões
terrenas possa significar a terra ou o ventre de Maria, onde foi ‗esmeradamente tecido‘, uma
coisa é certa: Jesus não foi buscar, para levar para o céu, ninguém no hades, sendo que o
‗seio de Abraão‘ não fica dentro do hades ou inferno, por ser sinônimo de ‗terceiro céu‘ e de
‗paraíso‘.
Este texto de Efésios 4:9 pode, por parte dos aderentes do arrebatamento parcial e/ou
punição dispensacional, ser correlacionado com o texto de 1 Pedro 3:18-20 para sustentar
que Jesus desceu ao inferno depois de sua morte. Contudo, uma coisa é certa: o seio de
Abraão é sinônimo de paraíso e terceiro céu, e que Jesus disse ao ladrão penitente que este
estaria com Ele no paraíso. Consequentemente, o texto de 1 Pedro 3:18-20 não ensina que
Jesus desceu ao hades. Para uma explicação da posição reformada sobre este último texto,
veja o artigo ―Descendit Ad Inferna‖: Uma Análise da Expressão ―Desceu Ao Hades‖ no
Cristianismo Histórico, de Heber Carlos de Campos, nas páginas 13-16 do PDF.34
Por fim, o texto de Atos 2:25-28, especificamente o v. 27, é utilizado para sustentar que
Jesus desceu ao Hades. Segue-se o comentário de Simon Kistemaker35:
c. ―Porque não me abandonarás na sepultura, nem permitirás que o teu Santo entre em
decomposição‖. Apesar de Davi estar se referindo a si próprio na primeira parte do versículo
(v.27; Sl 16.10), na segunda metade ele profetiza acerca do Messias e sua ressurreição. Davi
expressa sua confiança de que o sepulcro não marcará o fim de sua comunhão com Deus.
Continuará gozando a vida na presença do Senhor. Ele repete esse pensamento no versículo
seguinte: ―Tu me fizeste conhecidos os caminhos da vida‖ (v.28; Sl 16.11). Muitas versões [Por
exemplo, NKJV, JB, RSV, NASB] transliteram o termo grego Hades. Esse é o termo para o
hebraico Seol, que significa ―cova‖ ou ―túmulo‖. Em seu sermão, Pedro emprega a palavra Hades,
não no sentido de ―morada dos mortos‖, mas como sepultura. Mesmo no sepulcro Deus não
abandona seu próprio filho, mas assegura-lhe a ressurreição. A sentença ―nem permitirás que o teu
Santo entre em decomposição‖, é a segurança de Davi da afirmação de Deus. Paulo fornece uma
análise lógica das palavras de Davi e as aplica a Cristo. Ele diz: ―Porque Davi, após ter servido o
34
Disponível em:
<http://www.mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_IV__1999__1/Heber.pdf>. Acesso em: 4 abril 2015. Ver ―D. Interpretação da Tradição Reformada‖ a partir da página 13. 35
KISTEMAKER, Simon J.. Comentário do Novo Testamento: Exposição de Atos dos Apóstolos. São Paulo:
Editora Cultura Cristã, 2003. p. 135-136.
Nathan Cazé; Abril 2015
22
propósito de Deus em sua própria geração, adormeceu. Foi sepultado com seus pais e entrou em
decomposição. Mas aquele a quem Deus levantou dentre os mortos não entrou em decomposição‖
(13.36,37). A explicação de Pedro do comentário de Davi é mais explícita ainda (vs.29-32). Ele
aponta para a evidência do túmulo de Davi em Jerusalém, porém o sepulcro de Cristo está vazio
porque Deus o ressuscitou dos mortos. E o próprio Pedro pode testificar desse fato.
Conclusão
Como foi explicado no início deste artigo, Walvoord, J. Dwight Pentecost e Charles
Ryrie trataram somente da teoria do arrebatamento parcial; eu tratei da sub-doutrina do
arrebatamento parcial, isto é, punição dispensacional (exclusão do reino/milênio). Apesar de
estes três autores serem prémilenistas dispensacionais, considero a análise deles do
arrebatamento parcial útil e esclarecedor.
O Novo Testamento (NT) não faz distinção entre as expressões ‗reino de Deus‘ e ‗reino
dos céus‘; o NT não ensina um arrebatamento parcial e nem uma ressurreição parcial; o
galardão não é o arrebatamento de ninguém, pois o NT define os galardões como coroas e
troféus; o NT não ensina a punição dispensacional (exclusão do reino/exclusão milenar ou
milenial), pois Deus disciplina todos os seus filhos aqui na terrena para eles darem frutos
enquanto estiverem vivos na terra; os filhos do reino e os servos/escravos não são crentes
salvos, carnais ou não, mas são os judeus, descendentes de Abraão; as trevas exteriores,
assim como outras designações semelhantes, foram criadas por Deus para os descrentes, ou
seja, os não salvos; o grande trono branco e o tribunal de Cristo/de Deus são sinônimos e
tanto os salvos quanto os não salvos serão julgados. Neste tribunal as obras, boa (genuína) e
má, serão provadas pelo fogo e haverá galardões para os salvos, já em estado de
glorificação, e graus de punição no inferno para os não-salvos, inclusive para os hipócritas e
falsos servos e falsos profetas; o seio de Abraão, paraíso e terceiro céu são sinônimos, e o
abismo estava acima do homem rico, separando o hades do terceiro céu (seio de
Abraão/Paraíso); Jesus não desceu no seio de Abraão porque este fica no alto por ser o
paraíso e terceiro céu; Cristo desceu à terra, foi esmeradamente tecido nas profundezas da
terra (ou partes mais baixas da terra) que é o ventre de Maria; Jesus não desceu ao hades.
Nathan Cazé; Abril 2015
23
Bibliografia
ACHTEMEIER, Paul J.; Publishers Harper & Row and Society of Biblical Literature, Harper's
Bible Dictionary. 1 ed. San Francisco: Harper & Row, 1985. p. 528.
BROMILEY, Geoffrey W.; The International Standard Bible Encyclopedia, Revised. Wm. B.
Eerdmans, 1988; 2002, S. 3:24.
CAMPOS, Heber Carlos de Campos; “Descendit Ad Inferna”: Uma Análise da Expressão
―Desceu Ao Hades‖ no Cristianismo Histórico. Disponível em:
<http://www.mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_IV__1999__1/Heber
.pdf>. Acesso em: Abril 2015.
CARSON, D.A. Comentário de Mateus. São Paulo: Shedd Publicações, 2010, p. 245-246.
Tradução: Lena Aranha & Regina Aranha.
DRANE, John William; Introducing the New Testament; (completamente rev. e edit.);
Oxford: Lion Publishing plc, 2000. p. 115.
DUFFIELD, Guy P.; CLEAVE, Nathaniel M. Van; Foundations of Pentecostal Theology. Los
Angeles, Calif.: L.I.F.E. Bible College, 1983. p. 446. Própria tradução.
GILL, John. John Gill’s exposition of the entire Bible. Disponível em:
<http://www.biblestudytools.com/commentaries/gills-exposition-of-the-bible/psalms-68-
18.html>. Acesso em: Março 2015.
KEATHLEY III, J. Hampton. The doctrine of rewards: the judgment seat (Bema) of Christ.
Disponível em: <https://bible.org/article/doctrine-rewards-judgment-seat-bema-
christ#P89_18460>. Acesso em: Março 2015.
KISTEMAKER, Simon J. Comentário do Novo Testamento: Exposição de Atos dos
Apóstolos. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2003. p. 135-136.
LADD, George E.; Kingdom of God (Heaven). In: Walter A. Elwell and Barry J. Beitzel, Baker
Encyclopedia of the Bible (Grand Rapids, Mich.: Baker Book House, 1988). p. 1269–1278.
LEE, Witness. Life-study of Matthew. Disponível em:
<http://www.ministrybooks.org/SearchMinBooks.cfm>. Acesso em: Março 2015. Deve-se procurar pela expressão ―dispensational punishment‖ que aparecerá em vários livros dele.
Nathan Cazé; Abril 2015
24
Não há link direto para nenhum de seus livros, pois é um sistema de segurança do sítio eletrônico do ministério dele.
LIVING STREAM MINISTRY. Disponível em:
<http://www.ministrybooks.org/SearchMinBooks.cfm>. Acesso em: Março 2015.
MACARTHUR, John. Matthew. Chicago: Moody Press, 1989, p. 15, 109, 315.
NEE, Watchman. Other crucial scriptural teachings. Disponível em:
<http://www.watchmannee.org/scriptural-teachings.html>. Acesso em: Março 2015.
OSBORNE, Grant R.; Revelation. Baker exegetical commentary on the New Testament
(Grand Rapids, Mich.: Baker Academic, 2002). p. 725.
SHEDD, William Greenough Thayer; GOMES, Alan W. Dogmatic Theology. 3rd ed.
Phillipsburg, N.J.: P & R Pub., 2003, p. 828–858.
STRONG, Augustus Hopkins. Systematic Theology (Bellingham, Wa.: Logos Research
Systems, Inc., 2004), p. 1033.
THIESSEN, Henry C.; DOERKSEN, Vernon D. Lectures in Systematic Theology. Grand
Rapids: Eerdmans, 1979, p. 350-353.
VENTILATO, James. The Rod: loving familial discipline or condemnatory judgment in hell?.
Julho 2003. Disponível em: <http://www.middletownbiblechurch.org/doctrine/faustfd.htm>.
Acesso em: Março 2015.
WALVOORD, Premilenialismo e a Tribulação - Parte V: Teoria do Arrebatamento Parcial.
Disponível em: <https://www.scribd.com/doc/257905884/Premilenismo-e-a-Tribulacao-o-Part-
v-Teoria-Do-Arrebatamento-Parcial-Dr-Walvoord>. Acesso em: Março 2015. Traduzido por
Nathan Cazé.
WIERSBE, Warren W.: Wiersbe's Expository Outlines on the New Testament. Wheaton,
Ill.: Victor Books, 1997, c1992, p. 178.
WOOD, D. R. W.; MARSHALL, I. Howard; New Bible Dictionary; 3 ed.; Leicester, England;
Downers Grove, Illinois: InterVarsity Press, 1996, p. 647.