Relatório Final – Projeto de Extensão: Processos Argumentativos no Contexto das
Questões Sociocientíficas no Ambiente Escolar
Introdução
Inicialmente, o planejamento do projeto visava à construção de um trabalho
juntamente com professores da escola para atuação em sala de aula com novas
propostas de abordagem para o ensino. Foram estudados referenciais sobre a
importância do exercício da argumentação no ensino de ciências e o papel da linguagem
para a construção de significados para a Alfabetização Científica (AC).
Em tais pesquisas, destacavam-se a interação entre aluno e professor e a
interação entre os próprios alunos, e como a intenção das falas e perguntas do professor
direcionam tal processo para a aproximação do raciocínio científico para a tomada de
decisão sobre um tema, considerando as teorias envolvidas e as evidências presentes,
sendo que o discurso dos alunos, sobre tais circunstâncias que possibilitam a construção
de argumentos, conduz a aprendizagem.
Nos estudos, percebe-se que a entrada com as Questões Sociocientíficas (QSC)
pode permitir esse ensino, a partir da investigação sobre temas na ciência que possuem
relações com a sociedade e o ambiente e exigem o raciocínio ético e moral por
envolverem situações de risco e posicionamento político e crítico. Para essa primeira
abordagem na escola, foi estudada uma sequência didática de cunho sociocientífico com
o tema “nanotecnologia”, para ser trabalhada no segundo semestre de 2015 com alunos
da Escola Estadual de Urubupungá, na cidade de Ilha Solteira, e a proposta deste projeto
foi apresentada para a coordenação da instituição.
Apesar da possibilidade de efetivação da proposta na escola, por ter sido bem
vista por professores e coordenação, as dificuldades e demandas que já eram conhecidas
e esperadas contrariaram as perspectivas para trabalhar com esse projeto naquele
semestre. A escola passou por alterações em cargos de gestão, e as exigências que
cobriram professores e coordenadores para os últimos meses dificultou outras propostas,
externas, como a deste projeto. Dessa forma, não foi possível efetivar a sequência
didática sobre o tema nanotecnologia dentro de sala de aula naquele ano.
Assim, a continuidade do projeto se deu com estruturação da sequência didática
já estudada e a construção de outras duas propostas de sequências didáticas, dentro dos
pressupostos teóricos sobre argumentação e questões sociocientíficas, para que
posteriormente em outras condições numa nova situação possam ser efetivadas e
trabalhadas na escola. Portanto, além da temática sobre “nanotecnologia”, os outros
temas elencados e estruturados foram: um sobre “fones de ouvido” e outro sobre “filtro
solar”.
Na sequência, serão apresentados os planos de ensino de cada um dos três temas,
expondo os conteúdos disciplinares que serão tratados, as ideias e problemáticas
envolvidas em cada situação e os procedimentos metodológicos que previamente
constituirão cada sequência didática. De forma geral, os objetivos elaborados para tais
propostas são: desenvolver competências e habilidades comunicativas em situações
intersubjetivas, com argumentação e posicionamento crítico diante de um tema em
discussão; construir conhecimentos conceituais ligados à natureza da ciência e os
conteúdos científicos sistematizados; compreender processos de formação de opinião e
decisões de acordo com informações científicas; reconhecer problemas éticos e valores
morais que envolvem uma temática controversa; sistematizar e articular definições
científicas e matemáticas para compreensão e solução de problemas; interpretar e
avaliar implicações da ciência e da tecnologia em contextos sociais e ambientais;
identificar e relacionar interesses políticos e econômicos que envolvem uma temática
controversa; desenvolver a autonomia e responsabilidade pela aprendizagem e atuação
na sociedade.
Caso vinculado com as disciplinas escolares, a avaliação é feita observando: a
participação e do desempenho nas discussões e produções, o interesse e atitudes durante
o processo; a apropriação dos conteúdos para construção de argumentos; a atribuição de
significados e sentido no trabalho; e a responsabilidade e contribuição nas relações
discursivas intersubjetivas e coletivas (em acordo com os objetivos). Por isso é
necessário um trabalho coeso e coerente do professor em oportunizar e incentivar a
participação e contribuição de todos os sujeitos envolvidos, de toda a sala.
A sequência das aulas ou mesmo os modos de se trabalhar não são fixos e
estáticos, são passíveis de alteração conforme o andamento do trabalho, conforme o
próprio professor vê necessidades de alteração, para melhorar a forma de abordagem,
para delimitar ou estender alguns temas, aperfeiçoando a partir da experiência em sala.
O ambiente da sala, os próprios alunos, e a escola em si, podem oferecer desafios ou
permitir novas metodologias e oportunidades. E o trabalho conjunto com os professores
também pode contribuir para efetivar um trabalho de qualidade e produtivo.
Primeiro Tema: “Nanotecnologia”
Esse tema versa sobre o desenvolvimento desta área da ciência e a utilização
deste conhecimento na produção e inovação tecnológica, tratando da manipulação da
matéria em escala nanométrica, ou seja, 10-9
m. Os diversos produtos da ciência e da
tecnologia amplamente utilizados na sociedade são resultado de pesquisas e
desenvolvimento tecnológico com a transformação de matéria-prima, substâncias
encontradas na natureza ou sintetizadas pelo homem, que passam pelos mais variados
processos para se tornarem o produto final a ser produzido em larga escala e
comercializado.
Porém, apesar de todo conhecimento científico já consolidado, a partir do
surgimento desta nova forma de controlar a matéria surgiu uma infinidade de
possibilidades, com novidades tanto para o próprio conhecimento científico como,
principalmente, para a tecnologia. A possibilidade de se trabalhar com as nanopartículas
abriu caminhos para o desenvolvimento de novos métodos, processos e produtos até
então desconhecidos, materiais com propriedades inovadoras que permitiram um avanço
grande na ciência e na indústria.
No início, a nanotecnologia, seus resultados e suas promessas, foram
amplamente divulgados pelos meios de comunicação, e fortemente estimulados pela
economia, pelas empresas de desenvolvimento tecnológico dos mais variados setores,
pois a aplicação deste novo conhecimento permitiu avanços em muitas áreas: eletrônica,
computação, energia, agronegócio, engenharia, medicina, cosmética; para citar algumas.
Ao passo que muitos produtos no mercado já se utilizavam desta nova
tecnologia, das nanopartículas e suas propriedades, as dúvidas quanto a esta utilização e
mesmo quanto ao seu descarte, começaram a aparecer. Exatamente por ser uma nova
área de investigação, não são conhecidas todas as propriedades destes novos materiais, e
as pesquisas e ideias que começaram a ser divulgadas não foram tão animadoras.
Desencadeou-se uma série de controvérsias, principalmente quanto ao mau uso, a falta
de controle, o descarte e os possíveis danos ao homem e ao meio ambiente pela
contaminação por estas partículas. A própria legislação também é um caso destacado,
uma vez que não abrange a utilização de processos e produtos nanotecnológicos que,
por conseguinte, se disseminaram sem a cautela necessária com respeito ao controle e
conhecimento dos riscos que poderiam ocasionar.
Uma vez que o debate sobre esse assunto é de grande importância, considera-se
como um potencial tema motivador para o discurso e argumentação em sala. A
sequência foi estruturada relevando os aspectos citados anteriormente, trazendo textos e
vídeos de divulgação que trazem as diversas perspectivas relacionadas ao assunto.
A sequência didática é constituída de quatro aulas com duração de duas a três
horas cada, e poderá ser realizada com alunos do terceiro ano do ensino médio. Nas
aulas serão realizadas leituras de textos e vídeos para expor aos alunos, valorizando os
espaços de discussão a respeito do entendimento que tiveram sobre os textos e vídeos,
as opiniões e questionamentos. Serão utilizados o quadro negro e o aparelho multimídia
para expor os vídeos.
Os conteúdos disciplinares envolvidos na temática, especificamente, estão
relacionados em sua maior parte à Física, Química e Biologia, com os temas: física
moderna e contemporânea (átomos, moléculas e escalas), ligações químicas,
propriedades da matéria, reações (interações) com moléculas orgânicas. Na sequência,
serão abordados as metodologias e procedimentos previamente construídos para cada
aula.
Na primeira aula, pretende-se uma discussão de maneira geral com os alunos a
respeito do que sabem e conhecem sobre o tema, o que já ouviram falar ou tem a dizer
sobre nanotecnologia. A intenção é deixar que os alunos tentem se expressar e
possibilitar a familiarização com o assunto. O primeiro vídeo é uma introdução ao tema
para os alunos através de uma matéria de reportagem, veiculada em um jornal
televisivo, em que traz algumas ideias, termos e sentidos para auxiliar na abordagem
inicial e trazer os alunos para a discussão.
O vídeo traz uma visão totalmente otimista, mas essa é a intenção inicial. A
intenção é tentar também trazer uma ideia dessa dimensão para os alunos, para
possibilitar questionamentos e discussões sobre o assunto. O texto (Anexo A) que é
trazido em seguida já aborda uma visão política e econômica a respeito do assunto,
considerando a importância de acordos empresarias com o governo e do
desenvolvimento do setor no país. O objetivo desta primeira abordagem é justamente
mostrar a importância dada a esta área pela mídia e as empresas para o desenvolvimento
científico-tecnológico e para a economia, ou seja, os aspectos econômicos e políticos
ligados ao tema.
O texto da segunda aula (Anexo B) continua com a visão empreendedora e
econômica sobre o assunto, trazendo agora números com relação aos investimentos e às
quantias que será capaz de movimentar no mercado, para reforçar as ideias sobre os
benefícios desta tecnologia e o que de fato é mais valorizado: o capital econômico.
O vídeo para o segundo momento traz curiosidades sobre as futuras promessas
do desenvolvimento da nanotecnologia e o que já está presente desta tecnologia em
produtos do dia-a-dia. Cita sobre diversos cosméticos que se utilizam em grande parte
desta tecnologia. E traz sobre questões de legislação, já para introduzir parte da
controvérsia, pois mesmo não sendo conhecidos todos os efeitos de tais partículas, ainda
assim já são amplamente utilizadas na indústria, e não são solicitados ou obrigados a
mostrar isso – que se utilizam desta nova tecnologia, novos processos e matérias - aos
consumidores (por exemplo, na embalagem).
Como no próprio vídeo já surgem diversas conceitos ligados ao tema, a
abordagem disciplinar é iniciada na última parte desta aula, trazendo os primeiros
conceitos ligados ao assunto: estudo sobre as escalas, química e física moderna –
partículas e átomos, constituição da matéria.
A aula seguinte aprofunda a abordagem conceitual relacionando as interações
destas partículas com a matéria, e de modo geral, as ligações químicas e reações com a
matéria orgânica. Terminado esta abordagem, um vídeo com um novo enfoque é
apresentado, projetando os possíveis danos à saúde e ao meio ambiente pela
contaminação por nanopartículas. O objetivo é levar os alunos a refletirem sobre os
riscos, os impactos que tais produtos desta nova tecnologia, tão reverenciada
anteriormente, podem oferecer para a sociedade e o meio-ambiente. Isso ocorre devido à
falta de informações e mesmo do próprio conhecimento sobre os possíveis prejuízos.
Analisa-se as fontes e os interesses que podem estar relacionados às informações
divulgadas por cada um, para desenvolver essa postura crítica e permitir a
argumentação.
É colocado em discussão que muitos produtos no mercado já possuem
nanopartículas, porém não é informado ao consumidor. As nanopartículas permitem
novas formas de produção, mas também novas funções que podem não ter sido
totalmente desvendadas pelas pesquisas, contudo o apelo pela economia, resulta na
utilização mesmo desconhecendo alguns fatores, possíveis riscos. Um novo discurso é
trazido: afinal, o que é mais valorizado pelo desenvolvimento destes produtos, o bem-
estar ou o lucro. Ou seja, quais os valores implícitos neste desenvolvimento. Aqui então
iniciam as discussões de âmbito ético, sobre a ética do desenvolvimento tecnológico,
dos investimentos, a própria ética da ciência e dos pesquisadores e o papel social.
Na última aula da sequência, não apenas como continuidade, mas como forma
de evidenciar a controvérsia e estimular novas discussões a respeito, a perspectiva dos
impactos e riscos é trazida novamente por meio de um texto (Anexo C) divulgado em
uma revista popular. Traz a questão do descarte dos materiais nano na natureza, a
respeito das novas propriedades que as partículas podem adquirir quando nesta escala, e
que ainda são desconhecidas. O próprio texto também contrapõe exemplos de benefícios
e a questão da regulamentação governamental sobre a produção que se utiliza desta
tecnologia. O objetivo nesta última aula é promover a discussão e o debate, tendo
trabalhado com os alunos os diversos lados da problemática, analisando como se dá a
argumentação e tomadas de decisões por parte deles após esse processo.
Esta sequência didática está sintetizada na tabela abaixo:
Tabela 1: Sequência Didática com o tema "Nanotecnologia"
Aula Conteúdo Procedimento Didático
1ª
Introdução ao tema:
Nanotecnologia; Vídeo e texto
sobre o assunto
1º momento - Introdução: discussão com os
alunos sobre o tema, levantamento do
conhecimento prévio
2º momento - Vídeo: “O que é nanotecnologia”
(Globo)
3º momento – Leitura e discussão do texto:
“Nova rede de colaboração em nanotecnologia
pode impulsionar o setor no país” (Anexo A)
2ª
Relações com a economia e
investimentos na indústria;
Conteúdo disciplinar (Física e
Química)
1º momento – Leitura e discussão do texto:
“Engenharia em Nanotecnologia – Mercado de
Trabalho” (Anexo B)
2º momento – Vídeo:
“Nanotecnologia - planeta - parte 1: cosméticos,
legislação que não exige falar sobre o método”
3º momento – Introdução a conceitos de
ciências
3ª
Conteúdo disciplinar (Física e
Química); Vídeo sobre o assunto
1º momento – Conceitos de ciências ligados ao
tema
2º momento – Vídeo:
“Nanotecnologia - impactos na saúde e meio
ambiente”
4ª Texto e vídeo sobre o assunto;
Atividade Final
1º momento – Leitura e discussão do texto: “Os
riscos da nanotecnologia” (Anexo C)
2º momento – Vídeo:
“Ética e nanotecnologia (o risco aponta
principalmente para o impacto no ser humano)”
3º momento – Discussão/Debate final sobre o
tema
Segundo Tema: “Fones de Ouvido”
A temática sociocientífica sobre fones de ouvido parte da utilização deste
aparelho no cotidiano, amplamente difundido entre a população não apenas jovens, mas
diversas faixas etárias, e procura estabelecer a problemática ao questionar a maneira
como são usados, em que medida podem trazer riscos, e as formas possíveis para a
solução do problema.
O problema referido trata-se dos danos causados à audição pela exposição a sons
de intensidades elevadas. O ouvido pode ser exposto a diferentes níveis de intensidade
sonora, de acordo com períodos de exposição bem delimitados para cada nível, para
evitar um dano no aparelho auditivo. Por exemplo, sons com nível sonoro de oitenta e
cinco decibéis podem ser suportados por até oito horas, já para sons com nível sonoro
de cento e quinze decibéis, o ouvido pode ficar exposto por apenas sete minutos. Um
som em uma intensidade alta por algumas horas é capaz de causar um dano, em alguns
casos irreversível, e se ao longo da vida a pessoa foi exposta por longos períodos a um
som com intensidade acima do recomendado, o dano é contínuo prejudicando cada vez
mais a audição.
Pessoas que trabalham em ambientes com muito ruído, como trabalhadores de
construção, que utilizam de ferramentas que produzem um som muito intenso, precisam
usar equipamentos para se proteger nesse sentido, no caso, usando um tipo de fone
específico para abafar o som. Os jovens em especial, que estão acostumados às novas
tecnologias, cada vez mais usufruindo dos avanços dos produtos, e que através dos
computadores, aparelhos MP3 e celulares escutam suas músicas ou qualquer tipo de
mídia com os fones de ouvido, estão mais susceptíveis a desenvolverem com o passar
do tempo problemas de audição.
O que se discute então são as medidas necessárias para amenizar esses
problemas. A grande maioria não tem conhecimento sobre o quanto o som pode ser
prejudicial, e mesmo os tocadores pessoais não têm um limite seguro para ser ouvido. A
intensidade do som produzida por um fone, quando no canal auditivo, pode ultrapassar
o limite de cento e quinze decibéis por exemplo, mas também não temos a percepção
disso quando, em uma situação do cotidiano comum como usar um ônibus como
transporte, coloca-se os fones a uma altura capaz de tornar o ruído do ônibus
imperceptível.
Alguns aparelhos informam o usuário quando um determinado limite é
ultrapassado, mas a mensagem é apenas um aviso para ser cauteloso a partir de tal
volume. Ainda assim, extrapolando a questão dos fones, outras situações do cotidiano
também oferecem riscos para a audição, como por exemplo, escutar músicas com um
aparelho de rádio, ou passar um período considerável em uma balada próximo a caixa
de som.
Uma vez que apenas saber que há um risco pode não ser eficiente, pois o que se
tem constatado é um aumento na quantidade de casos com a audição prejudicada ou
mesmo a perda dela, medidas mais diretas como projetos de lei para limitação do
volume de tocadores pessoais já foram discutidos no Congresso. Tal medida acarretaria
uma mudança na produção dos novos aparelhos, para que não ultrapassassem os limites
seguros de intensidade sonora, com intuito de preservar a saúde auditiva dos usuários.
Apesar de a intenção ser justificável, tal mudança implicaria em prejuízos
financeiros para a indústria, e assim, um possível aumento nos preços de tais produtos
para o consumidor. Por outro lado, os fones também são apenas um dos casos que
oferecem riscos para a audição, e as outras formas de se expor a sons intensos não
passariam por esse âmbito de fiscalização. Dessa forma, surgem controvérsias a respeito
do tema, possibilitando uma ampla discussão envolvendo os valores presentes e
defendidos em cada situação.
Com esse tema, foi elaborada uma sequência didática com cinco aulas de duas
horas cada, e poderia ser trabalhada em salas de aula de segundo e terceiro anos do
ensino médio. Novamente, o multimídia seria utilizado para expor um vídeo que
permite a discussão teórica sobre os sons e a audição e trechos de um documento
governamental. Grande parte da sequência trata da leitura de textos e debate de ideias a
partir destes, utilizando também o quadro negro para elencar pontos e conceitos de
interesse para a problemática. Como conteúdos disciplinares ligados ao tema, estão
presentes na área de Física e Biologia o estudo de ondas, especificamente ondas
mecânicas, tipos e características, propriedades e fenômenos ligados ao som, e os
mecanismos da audição.
Na primeira aula, assim como nas outras sequências, a abordagem inicial se dá
por uma discussão geral sobre fones de ouvido, oportunizando a fala dos alunos, o que
eles poderiam dizer a respeito da utilização deste aparelho, as formas, os momentos, as
intenções em se usar os fones. Um texto é trazido na sequência (Anexo D) para auxiliar
a discussão, sem trazer nada sobre malefícios ou prováveis riscos, apenas citando
exemplos do cotidiano e tipos de fones disponíveis no mercado. Uma discussão sobre o
som e relações com a música, a partir desta primeira abordagem, seria direcionada
destacando alguns conceitos ligados ao tema.
A segunda aula traz o lado da saúde vinculado à questão, tratando agora das
doenças auditivas a partir de um texto extraído de um jornal online, citando o uso
inapropriado de fones como uma das causas. Parte da controvérsia será intentada na
discussão com a leitura deste texto, uma vez que os prejuízos não seriam tratados
anteriormente, buscando que os alunos relacionem de que forma esses danos podem
ocorrer e suas causas, trazendo alguns elementos conceituais sobre o som e a audição
para iniciar tal inserção. Um texto complementar seria exposto através do multimídia,
para indicar novamente tanto sobre os prováveis riscos como também termos e
conceitos científicos ligados ao tema.
As duas aulas seguintes (terceira e quarta aula) seriam direcionadas
especificamente para a abordagem disciplinar, dos conceitos sobre som e audição,
buscando oferecer subsídios para uma discussão de caráter mais próximo ao científico, e
de que forma os alunos interpretam e relacionam estes conceitos com as leituras e ideias
trabalhadas até então. Serão estudadas as definições de onda, os tipos de ondas
mecânicas e suas caracterizações (comprimento de onda, frequência, período,
velocidade de propagação em diversos meios, amplitude), e os mecanismos da audição,
com a constituição do ouvido e o funcionamento do aparelho auditivo, por meio de um
vídeo extraído da internet contendo exemplos, explicações e animações. Relacionam-se
tais abordagens através do conceito de intensidade sonora, a partir do qual o nível de
intensidade sonora é determinado e utilizado para caracterizar os sons audíveis,
resgatando ideias das discussões anteriores que indicavam a necessidade de tal
entendimento.
A quinta e última aula fecham a sequência com um trabalho final a partir da
leitura de um projeto de lei e os pareceres de comissões do governo a respeito. O
Projeto de Lei nº 4.524 (Anexo F) elaborado por um deputado do congresso traz
justificativas para a aplicação de um limite de intensidade sonora para tocadores
pessoais de música digital, para que não possam ultrapassar noventa decibéis (um nível
seguro por até quatro horas de exposição). Outros três documentos expressam os votos
das comissões de desenvolvimento econômico, seguridade e família e de outro
deputado, com votos contrários sobre a aprovação do projeto de lei. Cada um elenca
motivos e ideias que trazem a tona interesses e novas perspectivas sobre o tema,
possibilitando a análise crítica dos referidos documentos.
O trabalho seria realizado inicialmente em grupos, que analisariam e discutiriam
entre seus integrantes sobre um tipo de documento, e posteriormente um discussão geral
seria organizada no sentido de cada grupo dizer a respeito do documento que leu e suas
ideias. O fechamento da sequência seria este debate, com a crítica aos documentos,
considerando os valores que o projeto, as comissões e os próprios alunos entendem
como importantes e expondo seus posicionamentos e suas propostas para o problema
em questão. A tabela a seguir traz de forma simplificada a sequência destas aulas:
Tabela 2: Sequência Didática com o tema "Fones de Ouvido"
Cronograma
Aula Conteúdo Procedimento Didático
1ª
Ondas Sonoras (Fones de ouvido,
Cotidiano e Cultura, Música e
Tecnologia)
1º momento: Introdução: discussão com os
alunos, questionamentos sobre o assunto.
2º momento: Leitura e discussão do texto:
“Fones de ouvidos” (Anexo D)
3º momento: Contextualização sobre o som e
relações com a música e mídias digitais.
2ª
Perspectiva da Saúde, Ruídos no
Trabalho, Danos e Doenças
Auditivas
1º momento: Leitura e discussão do texto:
“Hospital de SP realiza encontro para orientar
a população sobre doenças auditivas” (Anexo
E)
2º momento: Exposição (via multimídia) e
leitura de trechos do protocolo do Ministério
da Saúde: “Perda Auditiva Induzida por
Ruído (Pair)”.
3ª
Ondas Mecânicas (Tipos de Ondas,
Características de uma Onda)
1º momento: Sistematização dos conceitos das
aulas anteriores. Levantamento de opiniões e
discussão.
2º momento: Início da abordagem conceitual.
4ª
Audição (Mecanismos da Audição,
Recepção e Interpretação do Som,
Intensidade Sonora, Contaminação
Acústica)
Relações Ciência, Tecnologia e
Cultura
1º momento: Abordagem conceitual – outros
conceitos ligados ao tema.
2º momento: Vídeo: “A natureza do som e o
ouvido humano”.
5ª
Fones de Ouvido - Perspectivas
Político-Econômicas (Implicações
Sociais)
Atividade Final
1º momento: Leitura e discussão de
documentos: “Projeto de Lei nº 4.524”.
(Anexo F) - Trabalho em grupo
2º momento: Sistematização dos trabalhos
pelos grupos, discussão final sobre o tema.
Terceiro Tema: “Filtro Solar”
O tema sobre filtro solar trata da necessidade do uso freqüente deste produto por
todos que queiram se proteger dos problemas e doenças causados pela exposição da pele
aos raios solares. Tal necessidade é sempre reforçada, principalmente pelos veículos de
divulgação em massa como a mídia televisiva, que tentam conscientizar a população
sobre os riscos e danos que a radiação solar pode ocasionar. De fato, são bem
conhecidos os efeitos da interação dessa radiação com moléculas orgânicas tanto nas
camadas mais externas quanto nas mais internas da pele: desde manchas e vermelhidões
até o câncer.
A radiação emitida pelo Sol são ondas eletromagnéticas, e abarca grande parte
do espectro eletromagnético, desde o infravermelho, a luz visível e o ultravioleta, que se
diferenciam pelo comprimento de onda, sendo mais energéticos quanto menor o
comprimento. Os raios capazes de causar danos constituem a menor parcela da emissão
solar, são os raios da faixa do ultravioleta (UV), sendo os mais conhecidos o UVB e
UVA, que são diferenciados pela faixa do comprimento de onda e os tipos de lesões que
podem causar ao ser humano.
Tais radiações são também benéficas para a saúde ou estética em determinados
aspectos. A radiação UVB é responsável pela produção da vitamina D na derme, e a
UVA promove o bronzeamento. Contudo, em altas taxas a radiação UVA podem causar
vermelhidão na pele, já a UVB causam desde queimaduras, até envelhecimento e
mesmo o câncer. Tudo depende da intensidade da radiação, do tempo com que se fica
exposto ao Sol e a frequência. Também diferentes pessoas, com tonalidades de pele
variadas são mais ou menos afetadas pela radiação. O fato é que, em todos os casos, a
utilização de protetores é altamente recomendada por especialistas, não sendo apenas
um cosmético comum para se passar em determinadas ocasiões a fim de “pegar um
bronzeado”, mas que possui a finalidade de preservar a saúde.
Há no mercado diferentes tipos de filtros solares, diferenciados pelo Fator de
Proteção Solar (FPS), também em diferentes composições de modo a agradar todo o
tipo de clientes. A função básica de todo protetor solar é impedir que a radiação UV
entre em contato com a pele, bloqueando através de uma barreira física (os filtros
físicos, que se utilizam de substâncias capazes de refletir tal radiação) ou química
(filtros químicos, com componentes que podem absorver e reemitir ou amenizar os
efeitos da radiação).
Apesar da necessidade da utilização dos filtros solares ser fortemente
justificável, as controvérsias surgem exatamente com relação à composição destes
produtos, seus efeitos tanto sobre o próprio organismo quanto para o ambiente, e
também sua eficiência em realizar o papel de proteger a pele. Há um histórico de
denúncias sobre a fabricação dos produtos e as informações contidas nos rótulos que
não correspondem à função que acabam desempenhando, direcionando críticas aos
testes que são realizados e os resultados obtidos que garantiram a fabricação e
comercialização.
Quanto às possíveis contaminações, certas substâncias presentes em alguns
filtros são capazes de penetrar a pele e entrar na corrente sanguínea, oferecendo riscos
para a saúde podendo provocar desde alergias até disfunções hormonais. E a liberação
destas substâncias ao mar afeta de maneira negativa e geram muitos riscos para
diferentes tipos de vida marinha.
Essa temática se torna interessante na medida em que são percebidos os
diferentes interesses envolvidos na divulgação e comercialização dos produtos, a sua
inegável necessidade contrapondo aos riscos conhecidos e desconhecidos. Ou seja, de
que forma a pesquisa, a ciência, a tecnologia e a indústria estão atrelados aos fatores de
valores sociais, à saúde e à economia, ao bem-estar social ao mesmo passo em que pode
ignorar os possíveis riscos na busca por suprir uma demanda ou determinados interesses
particulares.
A sequência didática elaborada em torno desta temática constitui de cinco aulas
de duas horas cada, direcionada para alunos de segundo e terceiro anos do ensino
médio, e se utilizará de textos de divulgação para leitura e discussão, do quadro negro
para o trabalho com os conceitos e ideias sobre o tema, e de multimídia para a
exposição de uma matéria jornalística veiculada por uma emissora televisiva. Os
conteúdos disciplinares relacionados para o estudo do tema novamente abarcam as três
áreas, Física, Química e Biologia, partindo dos conceitos de ondas eletromagnéticas,
radiações ionizantes, e a interação dos diferentes tipos de radiação com a matéria, as
reações químicas com as moléculas orgânicas.
A abordagem inicial da primeira aula envolve uma ampla discussão sobre a
utilização do filtro solar, buscando que os alunos expõem suas ideias e conhecimento
sobre o produto, motivação e finalidades, e segue com a exploração de um vídeo que
traz discursos de pessoas em diferentes cargos e ocupações sociais, todos a respeito da
necessidade do uso do filtro. O vídeo também traz conceitos sobre as radiações e
relações de tempo de exposição e diferentes riscos quando trata das características dos
protetores, permitindo a introdução destes conceitos na discussão.
Na segunda aula, outra abordagem do tema é trazida para a discussão, sem que
sejam contrapostas as ideias trazidas anteriormente, mas já introduzindo a perspectiva
dos interesses econômicos e a parte política com atuação de organizações na
fiscalização destes produtos. Novamente, termos científicos são abordados para permitir
o resgate e relação com a abordagem anterior, como também dando subsídios para
estimular a necessidade de estudo teórico, dos conceitos expostos nos textos (Anexos G
e H) e discutidos na sala.
A partir do texto (Anexo I) que será trazido para leitura e discussão em sala, os
conceitos científicos serão explorados e trabalhados na terceira aula, iniciando a
caracterização de ondas eletromagnéticas, relacionando com as focando os tipos de
radiações de interesse e suas propriedades. O início da quarta aula segue com a
abordagem disciplinar adentrando o campo das interações das radiações com a matéria e
as reações e efeitos que são capazes de causar nos seres vivos.
No segundo momento da quarta aula, como forma de abrir novamente a
discussão direcionada sobre os filtros solares, uma nova abordagem sobre o seu uso é
colocada em discussão a partir de um texto jornalístico online (Anexo J), que traz em
contrapartida da necessidade os riscos que determinados componentes presentes nos
protetores podem oferecer para a saúde. O foco do texto é a divulgação de uma
inovação para evitar que o produto entre em contato com a corrente sanguínea, e de
forma indireta, traz à tona a possibilidade de prejuízos para a saúde que outros
protetores, comuns, podem oferecer.
A última aula da sequência pretende a continuidade da contraposição iniciada na
aula anterior, com um texto (Anexo K) que aborda de forma mais direta os danos que
substâncias presentes na composição dos protetores podem causar na saúde e no meio
ambiente. O texto também resgata a questão da fiscalização e econômica, e pode
permitir uma maior abrangência para a participação e argumentação dos alunos na
discussão que será realizada como atividade de fechamento da sequência. Abaixo está a
tabela com a organização e detalhes destas aulas de forma mais específica:
Tabela 3: Sequência Didática com o tema “Filtro Solar”
Aula Conteúdo Procedimento Didático
1ª Introdução ao tema: Filtro Solar;
Vídeo sobre o assunto
1º momento – Introdução: discussão sobre o uso
do filtro solar, levantamento de ideias sobre sua
função e como funciona
2º momento - Vídeo: “Mesmo sem sol, protetor
solar é fundamental para proteger a pele”
2ª
Relações políticas e econômicas
ligados ao assunto (Empresariado
e Órgãos de Fiscalização)
1º momento – Leitura e discussão do texto:
“Teste de ONG reprova 10 protetores solares
spray vendidos no Brasil” (Anexo G)
2º momento – Leitura e discussão do texto:
“Protetor solar ganha novas regras” (Anexo H)
3ª
Conteúdo disciplinar (Física e
Química): Ondas e Radiações
1º momento – Leitura e discussão do texto: “O
que são protetores solares” (Anexo I)
2º momento – Conceitos ligados ao tema
4ª
Conteúdo disciplinar (Física,
Química e Biologia): Interações
das radiações com moléculas
Abordagem da saúde (Riscos do
uso de protetores)
1º momento – Conceitos ligados ao tema
2º momento – Leitura e discussão do texto:
“Com nanotecnologia, cientistas criam protetor
solar que não penetra na pele” (Anexo J)
5ª
Abordagem da saúde e do
ambiente (Riscos vinculados ao
protetor solar)
Atividade Final
1º momento: Leitura e discussão do texto:
“Proteção solar: oxibenzona presente em filtros
penetra fundo e também causa riscos ao oceano”
(Anexo K)
2º momento: Levantamento das opiniões e
debate final sobre tema
Referências
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Situações argumentativas em sala de aula: a dualidade argumento-explicação.
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a construção teórica de categorias. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em
Ciências, v. 12, p. 29-44, 2012.
Anexo A: Nova rede de colaboração em nanotecnologia pode impulsionar o setor no
país
Uma rede de laboratórios em âmbito nacional dedicados à pesquisa, desenvolvimento e
inovação em nanotecnologias acaba de ser inaugurada pelo Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovação (MCTI). O lançamento oficial do Sistema Nacional de
Laboratórios em Nanotecnologias (SisNANO) aconteceu na última quarta-feira dia 11
de dezembro no auditório da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp.
O SisNANO é uma rede que agrega 26 laboratórios e conta com a colaboração de 16
INCTs – entre eles, o Namitec – e faz parte da Iniciativa Brasileira de Nanotecnologia
(IBN), um esforço interministerial do governo brasileiro para fazer avançar políticas
públicas em nanotecnologia. O coordenador geral de Micro e Nanotecnologias do
MCTI, Flávio Plentz, esteve no evento e mencionou alguns números vultosos: a rede
SisNANO atualmente conta com 2.500 pesquisadores e cerca de 3.000 estudantes de
graduação e pós-graduação. Além disso, a nanotecnologia responde hoje por 2% do
total de artigos publicados no Brasil, hoje.
Para Plentz, a Iniciativa Brasileira em Nanotecnologia “nasce para fortalecer o
desenvolvimento científico e tecnológico para promover inovação na indústria, tendo
por fim último a melhoria da qualidade de vida da população”. Ela é especialmente
importante, segundo ele, porque a nanotecnologia oferece soluções para diversos setores
da economia nas mais diferentes áreas, “desde a aeronáutica à saúde, passando pelo
setor de energia, meio ambiente e higiene pessoal – área em que o Brasil hoje é o
segundo maior mercado consumidor no mundo”, ressalta.
Segundo Stanislav Moshkalev, vice-diretor do Centro de Componentes Semicondutores
(CCS) da Unicamp e pesquisador do Namitec, esta é uma ótima oportunidade de
integração com outros laboratórios, centros e institutos de pesquisa. “Poderemos
mostrar nossas capacidades na área de micro e nanofabricação e também pesquisas que
estamos fazendo, materiais que estamos pesquisando, além de convidar mais parceiros
para futuras interações”, calcula. “É um reforço das atividades que temos dentro do
Namitec. Temos a possibilidade de mais investimentos, mais visibilidade e creio que
isso ajuda a realizar melhor tarefas que temos dentro do Namitec”, observa ele.
Para José Alexandre Diniz, diretor do CCS e pesquisador do Namitec, a nanotecnologia
é uma área estratégica para o país e por isso a iniciativa assume um papel de grande
importância para seu desenvolvimento. Ele diz que a rede “vai possibilitar uma
aproximação maior entre indústrias e laboratórios em nanotecnologia”. Ele frisa a
importância desta aproximação porque “facilita a aumentar o orçamento de projetos
para financiar pesquisas e a realização de estudos em conjunto. Também é fundamental
a formação de mais cientistas e que saiam da academia para trabalhar direto na
indústria. Isto está na base do Namitec”.
Prova disto é o trabalho desenvolvido por Lucas Lima, doutorando na Faculdade de
Engenharia Elétrica e de Computação Unicamp e orientando de Diniz. Ele pesquisa o
desenvolvimento de microtransistores e colaborou na produção do primeiro dispositivo
tridimensional do Brasil. Para ele, “participar da rede Namitec foi muito importante não
só pelo suporte financeiro para os equipamentos do laboratório”, mas também pela
possibilidade de pesquisar em laboratórios que integram o INCT em outras
universidades, como UFRGS e USP. Ele também conta que fez parte do doutorado-
sanduíche no Interuniversity MicroElectronics Center (IMEC), um dos maiores centros
de nano e microeletrônica do mundo localizado em Leuven, na Bélgica. Para o
orientador Diniz, a experiência foi importante para apresentar no exterior o que é feito
no Brasil e também trazer para cá uma parte da tecnologia desenvolvida lá fora.
Para Diniz, a grande contribuição da rede SisNano não só para o Namitec, mas para a
nanotecnologia de forma ampla, é que trata-se de uma tentativa do governo brasileiro de
colocar a nanotecnologia em empresas e indústrias nacionais, aproximando academia e
indústria. “Sem uma ajuda dessas por parte do governo, acredito que isso ia demorar
mais tempo para acontecer. É uma forma de acelerar este processo para que a
nanotecnologia seja implementada e consequentemente se forme mais gente, mais
recursos humanos para que tenhamos um sistema de nanotecnologia bem
desenvolvido”, observa.
Fonte: INTC NAMITEC - Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Sistemas
Micro e Nanoeletrônicos
Anexo B: Engenharia em Nanotecnologia – Mercado de Trabalho
Graças ao seu considerável impacto no desenvolvimento econômico e na melhoria da
qualidade de vida, a Nanotecnologia tem tido enorme atenção do setor privado e do
governo. Trata-se de uma área considerada pelo MCT como portadora de futuro e para a
qual novos programas acadêmicos interdisciplinares serão criados.
O Brasil pode vir a ser responsável por US$ 10 bilhões do mercado nanotecnológico em
15 anos. Essa é uma das conclusões expressas no relatório de prospecção tecnológica
coordenado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e organizado pelo
Núcleo de Assuntos Estratégicos (NAE) da Presidência da República do Brasil. O
montante é correspondente a 1% dos cerca de US$ 1 trilhão que devem ser
movimentados com a tecnologia. Segundo o relatório de Nanotecnologia do MCT de
junho de 2006: “As iniciativas do governo focadas na área de nanotecnologia
iniciaram-se em 2001, quando foram criadas as 4 redes de pesquisa. Em 2004, a
implementação das ações do Programa “Desenvolvimento da Nanociência e
Nanotecnologia”, no âmbito do PPA 2004 – 2007, focadas na geração de patentes,
produtos e processos na área, assegurou o apoio à pesquisa básica, à pesquisa entre
ICT’s e empresas, fortaleceu as redes existentes e a infra-estrutura laboratorial. Em
2005, o Programa foi fortalecido com o lançamento da Política Industrial, Tecnológica
e do Comércio Exterior e com a criação da Ação Transversal de Nanotecnologia dos
Fundos Setoriais.”
De acordo com o mesmo relatório, o objetivo do programa brasileiro de Nanotecnologia
é bem abrangente: “O objetivo do Programa é criar e desenvolver novos produtos e
processos em Nanotecnologia, implementando-os para aumentar a competitividade da
indústria nacional e capacitando pessoal para o aproveitamento das oportunidades
econômicas, tecnológicas e científicas da Nanotecnologia. Seu impacto deverá
impulsionar vários setores da economia: eletroeletrônica, veículos e equipamentos de
transportes, tecnologia da informação, construção civil, química e petroquímica,
energia, agronegócio, biomedicina e terapêutica, ótica, metrologia, metalurgia,
produção mineral, proteção e remediação ambiental. Além disso, haverá um impacto
sobre áreas estratégicas como as de segurança nacional, pessoal, patrimonial e
alimentar.”
O mercado brasileiro está cada vez mais atento às inovações tecnológicas possibilitadas
pelo avanço da nanotecnologia. De 2001 até 2006, o governo brasileiro investiu mais de
R$ 170 milhões em pesquisas em Nanotecnologia. Este valor tende a crescer ainda mais
devido à necessidade da formação de mão de obra especializada.A Petrobras, empresa
brasileira que mais investe em P&D, criou em 2007 uma rede de pesquisa temática em
Nanotecnologia com o intuito de aproveitar os benefícios da área para auxiliar a
exploração e produção de petróleo. A Petrobras pesquisa e faz uso da Nanotecnologia,
em particular, com o uso de nanocatalisadores no processo de refino do petróleo.
Todavia, a demanda por inovação nanotecnológica é imensa.
Esse interesse, no entanto, não é exclusivo da Petrobras. Em São Paulo, desde 2005, é
realizada a Nanotec Expo, Exposição Internacional de Produtos e Materiais
Nanotecnológicos com a participação de várias instituições e empresas brasileiras
envolvidas no desenvolvimento e fabricação de produtos que embutem nanotecnologia.
No Brasil, grandes empresas estão desenvolvendo projetos e novas empresas já
surgiram na área de nanodispositivos. Dentre elas podemos destacar a Petrobras, a Vale,
dentre outras. O mercado profissional para o Engenheiro em Nanotecnologia no Brasil
está crescendo e exigindo competências raras em universidades e centros de pesquisa. A
tendência é que a busca por profissionais com formação em nanotecnologia cresça
significativamente nos próximos 5 anos. Considerando-se a hipótese de que o programa
de Engenharia da PUC-Rio tenha início em 2010, a primeira turma de profissionais,
aptos para o mercado de trabalho, estaria formada a partir de 2014. Até lá, espera-se um
mercado profissional aquecido, certamente capaz de absorver centenas de Engenheiros
em Nanotecnologia.
Anexo C: Os riscos da nanotecnologia Cientistas alertam sobre possíveis efeitos nocivos de produtos que usam particulas microscópicas, como filtros solares e cremes Osmar Freitas
As tecnologias para manipular os átomos e criar moléculas sob medida prometem vários benefícios para os consumidores. Partículas com dimensões de um décimo da largura de um fio de cabelo, moldadas ao gosto do fabricante, são a base da nanotecnologia. Esses componentes já vêm embutidos em cerca de 500 produtos tão corriqueiros quanto um xampu, um filtro solar ou um chip de computador. Até o ano 2014, calcula-se que esse comércio movimentará US$ 1,2 trilhão. Agora, diante da disseminação da nanotecnologia, alguns pesquisadores começam a tentar estimar se há algum risco para nossa saúde ou para a natureza.
Um dos primeiros a alertar sobre o risco foi Bill Joy, um dos fundadores da Sun Microsystems. Há sete anos, em artigo publicado na revista Wired, ele descrevia o perigo de algum dia criarmos máquinas do tamanho de átomos, capazes de montar moléculas potencialmente ameaçadoras. Também comparava a nanotecnologia com os transgênicos. “Será possível construir estruturas de plástico, metal ou materiais que não encontramos em nosso corpo. Teremos uma segunda instância do problema que existe com a genética.” De certa forma, Joy foi um visionário. Nos últimos meses, alguns pesquisadores vêm se perguntando o que acontece com o material “nano” quando é descartado na natureza. O físico Andrew Maynard, do Centro Internacional Woodrow Wilson, em Washington, suspeita que algumas substâncias podem ser nocivas. “Alguns elementos da tabela periódica tornam-se explosivos quando reduzidos a dimensões ‘nano’”, diz Maynard. Segundo ele, sinais eletrônicos em freqüências específicas provocam explosões em pequenas estruturas de silício usadas para a fabricação de componentes eletrônicos. “Quando as partículas ficam menores, em escala atômica, elas desenvolvem novas propriedades. Algumas delas, não conseguimos antever.”
Um dos focos dos investigadores são as nanopartículas usadas em produtos cosméticos. Certos cremes contêm nanocápsulas com produtos químicos. Outros usam versões “nano” de materiais tradicionais nas farmácias, como compostos para pele feitos com partículas superfinas de sílica. Ou filtros solares com nanopartículas de óxido de zinco. A grande novidade na cosmética, no entanto, são esferas microscópicas de átomos de carbono, as buckyballs. Os fabricantes de cosméticos afirmam que essas esferas podem ajudar a retardar o envelhecimento da pele.
Os cientistas temem que essas partículas, em alguns casos menores que os glóbulos vermelhos do sangue, possam atravessar a pele. A pesquisadora Sally Tinkle, do Instituto Nacional de Ciências Ambientais da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, descobriu que pelo menos algumas nanopartículas podem passar da camada externa da pele. Haveria o risco de interação com o sistema imunológico.
Já se sabe que inalar alguns tipos de poeira pode gerar problemas pulmonares em humanos e animais. O asbesto, particularmente, é altamente tóxico. “O
problema é que alguns materiais feitos com nanofibras de carbono, como raquetes de tênis, mouse de computadores e roupas esportivas, têm estruturas parecidas com as fibras do asbesto”, diz Sally. Segundo ela, o quartzo em escala nano pode se espalhar pelo ar no processo de reciclagem dos produtos. “Essas partículas fazem mal aos brônquios e podem causar cegueira.”
A indústria cosmética afirma que faz testes rigorosos. Mas a FDA, a agência americana que regula remédios e alimentos, não tem regras para os nanos. Por outro lado, algumas nanotecnologias prometem ajudar a limpar o ambiente. No ano passado, uma empresa americana lançou o pó Thiol-Samms, capaz de absorver 60% do próprio peso em metais contaminantes como mercúrio, arsênio e chumbo. A empresa NanoDynamics conseguiu um filtro de cerâmica com poros do tamanho de células, revestidos de nanocristais que absorvem as impurezas da água. Pesquisadores da Universidade Rice, no Texas, demonstraram a eficácia de partículas microscópicas do metal magnetita. Elas se ligam ao arsênio da água e podem ser coletadas depois, usando um ímã comum.
Apesar das perspectivas promissoras, os pesquisadores pedem maior regulamentação governamental. Um relatório publicado no ano passado por Terry Davies, pesquisador do Centro Woodrow Wilson, pede mais estudos oficiais e limites de poluição específicos para nanossubstâncias. O cenário é parecido com a emergência da tecnologia transgênica, em meados da década de 90. A mistura de genes anunciava uma geração de plantas com maior nutrição e produtividade. Mas a revolução agrícola ainda tem seu potencial limitado por uma mistura de falta de transparência das empresas, oportunismo de ONGs ambientalistas, desinformação pública e omissão dos governos. A tão anunciada revolução nanotecnológica pode correr o mesmo risco. Fonte: Revista Época: Ciência e Tecnologia, 2007
Anexo D: Fones de Ouvido
O fone de ouvido tem sido um companheiro desde muito tempo atrás, quando ainda
existiam apenas walkmans e discmans. Hoje em dia existem tantas opções de aparelhos
eletrônicos com fone de ouvido e estes são tão acessíveis, que possuir um fone se tornou
comum para muito mais gente, inclusive para idosos e crianças.
Por que usar fone de ouvido é bom?
Ele tem seus aspectos positivos e podem fazer bem para sua saúde e bem-estar. O fone
pode ser um grande aliado para te ajudar a relaxar em momentos de muito estresse no
trabalho ou te dar mais pique para fazer aquele exercício da academia que você não
gosta tanto.
É aconselhável também que se use o fone de ouvido externo, em vez do interno. O
interno tem contato direto com o canal auditivo e pode deixar impurezas nele, que pode
dar alergia ou irritações. Vale lembrar, ainda, que seu uso é benéfico apenas quando é
na medida certa. Não exagere no volume e na quantidade de horas de uso e você terá
apenas alegrias com o seu fone de ouvido, além de poupar quem está em volta de ter
que ouvir a mesma música que você.
Como escolher o fone de ouvido certo para você
Eles estão lá. Muito mais presentes do que pode parecer em uma olhada mais desatenta.
É item quase obrigatório para enfrentar longas esperas no trânsito ou para tornar os dias
de trabalho na frente do computador um pouco menos entediantes. No entanto, apesar
de bem presentes, também é absurda a quantidade de equipamento ruim e até nocivos à
audição que estão disponíveis a preços bastante acessíveis.
Fones de ouvido são como guitarras ou carros. Você encontra de todo tipo, com os mais
variados custos, para as mais variadas finalidades e níveis de precisão. Este é um texto
sobre fones de ouvido para o trabalho, para passar o tempo e não incomodar ninguém.
Earbud e Intra-auricular: São aqueles fones menores que entram no ouvido. Chuto que
esse é o modelo mais comum, pois costuma vir junto com iPods e outros mp3 players.
Em geral, eles são fabricados em um formato que se encaixa na parte externa dos
ouvidos, mas existe também os modelos intra-auriculares, que efetivamente entram no
canal auditivo. A principal vantagem é serem o modelo mais fácil de carregar e também
o mais discreto. Alguns ficam praticamente invisíveis, o que é bom para andar na rua.
Headphones/Earpads: É aquele tipo de fone que vem com uma espécie de arco que se
apoia na cabeça. É quase um intermediário entre os fones de ouvido e os headphones
grandalhões de uso doméstico. De um modo geral são os fones mais confortáveis e
também têm a qualidade de som um pouco superior – não muito na região dos graves. A
parte ruim é que não têm um bom isolamento e tanto permite que você ouça ruídos
externos, quanto que pessoas ao redor ouçam alguma coisa do que você está ouvindo.
Headphones full size: Os headphones full size basicamente têm a mesma aparência dos
earpads, porém, encobrem as orelhas e proporcionam um isolamento bem melhor. Eles
também costumam ter um grave bem mais profundo e muitas sutilezas ficam mais
evidentes, graças ao isolamento e à arquitetura dos falantes e das conchas acústicas. A
parte ruim é que são bem maiores, muitas vezes pesados e não podem ser considerados
exatamente “portáteis”.
Anexo E: Hospital de SP realiza encontro para orientar população sobre doenças
auditivas
O Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo) realiza nesta quinta-feira (2) um encontro gratuito sobre doenças auditivas, para
alertar sobre as causas de surdez e informar as técnicas de prevenção.
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, ruídos acima de 85 decibéis podem
ser tolerados pelo ouvido humano por até oito horas seguidas de exposição. Barulhos
acima de 115 decibéis podem causar lesões auditivas importantes em apenas um
minuto.
Na programação estão palestras sobre surdez, cirurgia de surdez, tosse, rinite,
distúrbios de equilíbrio, zumbido e câncer. De acordo com a otorrinolaringologista
Mara Gândara, a situação é alarmante, pois circunstâncias e atitudes consideradas
comuns --como o trânsito de grandes avenidas e o uso de fones para ouvir música--
podem ultrapassar esses limites.
Para a especialista em audição, a troca de informações é importante, pois cada
vez mais pessoas usam novas tecnologias que podem causar danos, se mal utilizadas.
"Muitos pais estão dando uma surdez ao filho ao presenteá-lo com um iPod ou mp3",
alerta Gândara.
O fone de ouvido dos aparelhos faz com que a música entre pelo condutor
auditivo externo e jogue o som alto direto na membrana timpânica, podendo chegar a
120 decibéis sem ter por onde dispensar. "Hoje, são encontrados jovens com lesão na
orelha semelhante à de um serralheiro que trabalha há 15 anos sem proteção", compara.
Em recente medição de sons nas ruas de São Paulo, a médica verificou que em
grandes avenidas, como a Teodoro Sampaio, em Pinheiros, os ruídos de ônibus chegam
a 116 decibéis na subida. "O som se dispersa pelo ar, mas quando o indivíduo se expõe
continuamente a essa situação pode ocorrer lesão", observa.
A perda auditiva afeta também o lado psicológico. O fato de não ouvir bem
deixa a pessoa mais irritada, o seu poder de concentração diminui e os relacionamentos
são afetados. "Elas passam a aumentar muito o volume da televisão e do rádio, pedem
para os outros repetirem exaustivamente o que disseram e, finalmente, mudam os seus
hábitos, tornando-se muito introspectivas”.
Fonte: Folha de São Paulo (online), 2010
Anexo F: “Projeto de Lei nº 4.524”
PROJETO DE LEI No , DE 2008 (Do Sr. Jefferson Campos)
Estabelece limites de intensidade sonora para tocadores pessoais de música
em formato digital. O Congresso Nacional decreta:
Art. 1º Fica proibida a comercialização de tocadores pessoais de música em formato digital cujo volume sonoro máximo ultrapasse o limite de 90 decibéis.
Parágrafo único. Incluem-se na proibição os aparelhos de múltiplas funções capazes de reproduzir música em formato digital.
Art. 2º Todos os aparelhos especificados no art. 1º deverão ter inscrição alertando para os riscos do uso prolongado em alto volume (superior a 85 decibéis).
Art. 3º Esta lei entra em vigor cento e oitenta dias após a sua publicação. JUSTIFICAÇÃO
Há muito tempo se sabe que o ruído excessivo pode prejudicar a audição. Obviamente, sons de altíssima intensidade danificam os ouvidos muito rapidamente, mas o perigo mais freqüente é representado por sons incômodos, porém suportáveis, a que se pode ficar exposto por períodos prolongados. A partir de 85 decibéis, que é o nível de som encontrado em uma rua movimentada, já pode haver lesão ao aparelho auditivo.
Com o advento da era industrial, diversas categorias de trabalhadores passaram a sofrer com a exposição ao ruído, e as repercussões se fizeram mostrar, na forma de perda auditiva neurossensorial. Reconhecido o problema, os médicos e autoridades sanitárias passaram a buscar maneiras de evitá-lo. Estas foram encontradas pela redução do ruído ocupacional, pelo uso obrigatório de equipamentos de proteção e pela limitação da exposição.
Verifica-se, porém, atualmente, um crescimento da deficiência auditiva entre a população geral, não relacionada ao trabalho, pois nas cidades modernas existem numerosas fontes de ruído, poucas delas passíveis de um controle eficaz. Para tentar minorar o problema, é necessário identificar quais são controláveis, e envidar esforços para tanto.
O presente projeto de lei destina-se a limitar o volume sonoro dos tocadores pessoais de música digital, os aparelhos comumente chamados de mp3, em alusão ao formato de arquivo mais comumente usado.
Estes aparelhos, devido a seu preço relativamente baixo, a seu pequeno tamanho, sua grande capacidade de armazenar músicas e seu baixo consumo de energia, popularizaram-se de tal modo que os números totais de aparelhos vendidos no mundo chegam às centenas de milhões.
Devido às mesmas características, os tocadores digitais são usados por horas seguidas, nos mais variados ambientes. Como são via de regra usados com fones comuns de inserção, que não filtram o som ambiente e oferecem em geral má qualidade de reprodução, os usuários tendem a utilizá-los em altos volumes, muitas vezes superando os limites de segurança. Como resultado, a perda auditiva induzida por ruído (PAIR) já é um problema freqüente entre os jovens.
No Brasil não temos muitos dados estatísticos a respeito, mas uma pesquisa feita na Grã-Bretanha, por exemplo, em 2006, com 300.000 estudantes, revelou que 10 por cento deles apresentava algum grau de perda auditiva. Já existem por todo o mundo diversas organizações que buscam conscientizar os usuários dos tocadores musicais para a necessidade de limitar o volume e o tempo de exposição. A Campanha Nacional de Saúde Auditiva, realizada periodicamente pela Sociedade Brasileira de Otologia, está na sua quarta edição e dedica especial atenção ao assunto, sob o título “Mp3 players: abaixe o volume ou diminua para sempre a sua audição.
Mesmo com ampla divulgação, as medidas educativas infelizmente soem ser insuficientes. Já há países que adotaram medidas legais para limitar o volume dos aparelhos, caso da França, onde já vigora lei específica, e da Bélgica, onde há um projeto em tramitação.
Com o objetivo de proteger a saúde auditiva de nossa população, principalmente dos jovens, este projeto de lei proíbe a comercialização daqueles aparelhos cuja potência sonora ultrapasse os 90 decibéis. Dada a proliferação de aparelhos de uso múltiplo, em especial os telefones celulares, que também reproduzem arquivos de música, tomei o cuidado de inclui-los no projeto.
Por estar convicto dos benefícios que decorrerão da aprovação e implantação desta proposição como lei, submeto-a à apreciação dos nobres pares, e solicito seus necessários votos e apoiamento.
Sala das Sessões, em de de 2008.
Deputado Jefferson Campos
Anexo G: Teste de ONG reprova 10 protetores solares em spray vendidos no Brasil
Fator de proteção solar presente em filtros é menor que o índice do rótulo.
Análise foi feita pela organização Proteste; associação contesta resultado.
Análise feita pela Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) com
dez marcas de protetor solar em spray vendidas no Brasil apontou que todas apresentam fator
de proteção solar (FPS) menor que o informado no rótulo.
Dos produtos testados, o que mais se aproximou do índice de FPS 30, conforme prometido
pela marca, foi o protetor Sport, da marca Cenoura & Bronze, que possuía valor 22,8. Na
contramão, o produto Ultra Defense Protetor Contínuo, da empresa Banana Boat, apresentou
o menor índice de proteção: 13,1.
Foram testados ainda protetores em spray das marcas Coppertone, Sundown, Solar
Australian Gold, L’Oréal, O Boticário, Natura, Nivea Sun e Red Apple.
Segundo Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Proteste, o resultado é
preocupante. “O consumidor acha que está se protegendo. A Proteste considera que os
produtos não são minimamente aceitáveis. Se não atinge o objetivo de proteção, então tem
que mudar o rótulo”, explica.
O valor do FPS indica o tempo de exposição à radiação ultravioleta necessário para
produzir vermelhidão na pele protegida pelo filtro solar. Por exemplo, se a pessoa usar o FPS
30, ela vai demorar 30 vezes mais para queimar a pele. Além desse índice, a Proteste
verificou ainda o índice de proteção UVA, a resistência do produto à água e à radiação.
Os testes foram realizados com 30 mulheres, que experimentaram os produtos e
deram sua opinião sobre a facilidade de absorção, textura, aroma, e se deixavam a pele
pegajosa.
Confira, abaixo, o fator de proteção solar encontrado pelos testes da Proteste nos
produtos. Todos indicavam em suas embalagens terem FPS 30.
- Cenoura e Bronze - FPS encontrado: 22,8
- Red Apple - FPS encontrado: 21,2
- Sundown - FPS encontrado: 18,2
- Natura - FPS encontrado: 17,5
- O Boticário - FPS encontrado: 17,1
- Australian Gold - FPS encontrado: 15,9
- Nívea Sun - FPS encontrado: 15,3
- L'Oréal - FPS encontrado: 15,2
- Coppertone - FPS encontrado: 14
- Banana Boat - FPS encontrado: 13,1
Problemas
O filtro solar que obteve a pior avaliação geral foi o Plus Gel, da Solar Australian Gold.
Segundo a Proteste, além de ele não proteger dos raios ultravioleta de maneira eficaz, foram
encontradas embalagens com data de validade vencida e com rótulos explicativos que
continham traduções erradas do inglês para o português.
Segundo Maria Inês Dolci, em um dos lotes analisados, o texto do rótulo em inglês
indicava que o produto vencia em março de 2014. Mas, no mesmo produto, a tradução em
português estendia a validade para abril de 2016.
“Na verdade, o que aconteceu é que eles cometeram uma fraude, porque adulteraram
o prazo de validade. Se você usa um produto com data de validade vencida, ele não vai
funcionar”, disse.
A organização divulgou que tomará providências junto ao Ministério Público do
Espírito Santo e de São Paulo, Procons dos dois Estados e a Agência Nacional de Vigilância
Sanitártia (Anvisa) após constatar o que considera ser crime nas relações de consumo.
Procurada pelo G1, a empresa Frajo Internacional de Cosméticos, distribuidora da marca
Australian Gold no Brasil, disse que “preza pela segurança de seus consumidores e qualidade
dos produtos que distribui” e afirmou também que “atende todas as normas legais aplicáveis,
não sendo responsável pelo fato”. A empresa informou que apura a situação.
Cassação dos produtos
A Proteste divulgou ainda que os resultados do teste foram enviados à Anvisa. A
organização pediu ao órgão federal a cassação do registro dos produtos fator 30 que foram
analisados, “para que sejam reclassificados corretamente, obrigando a indústria a adequar a
informação de seus rótulos ao efetivo FPS”. Além disso, a associação pede que os produtos
sejam retirados do mercado até que passem por esse ajuste.
Empresas discordam de resultados
Por meio de nota, a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e
Cosméticos (Abihpec) contestou o trabalho da Proteste, considerando-o “sensacionalista”.
“Repudiamos as declarações prestadas pela Proteste em sua publicação, que declara
100% dos produtos avaliados como reprovados, enfatizando que os produtos testados são de
empresas idôneas, comprometidas com a qualidade e eficácia de seus produtos (...) e que
coloca em descrédito à população os serviços prestados pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária", disse a associação.
A Nivea afirmou, em nota, que discorda dos resultados obtidos pela Proteste e que
não teve acesso ao estudo na íntegra, por isso não foi possível "mensurar, em profundidade,
detalhes sobre a metodologia e resultado do mesmo". A empresa disse, ainda, que os
produtos são desenvolvidos "sob os mais rígidos protocolos globais de qualidade e
segurança".
A Natura disse que possui laudos comprobatórios emitidos por três laboratórios
independentes que atestam a declaração do FPS 30 no produto testado pela Proteste. A
empresa discorda dos resultados apresentados pela Proteste e acrescenta que os protetores
solares da marca são avaliados lote a lote pela própria empresa.
A Red Apple afirmou que, por não concordar com os resultados obtidos pela
Proteste, enviou uma amostra do produto para o laboratório Allergisa, instituição
reconhecida pela Anvisa, para um novo teste. Os resultados, segundo a empresa, mostraram
que o FPS do produto é de 30,8.
A Cenoura & Bronze também não reconhece os resultados da Proteste por não ter
acesso a "estudos completos que respaldem as conclusões apresentadas pela associação". A
empresa acrescenta que realiza testes periódicos em laboratórios reconhecidos pela Anvisa
que comprovam sua eficácia.
O laboratório MSD, detentor da Coppertone, afirmou que "todos os produtos da
marca passam por uma rigorosa avaliação de segurança, eficácia e performance, realizada
por dermatologistas e cientistas independentes, que atendem a todos os requisitos
estabelecidos pela Anvisa".
O Grupo Boticário afirmou que o produto avaliado pela Proteste está dentro dos
padrões exigidos. Segundo a empresa, foram realizados estudos in vitro e clínicos que
comprovam a eficácia descrita na rotulagem.
A Johnson & Johnson, detentora da marca Sundown, afirmou que o FPS informado
nos rótulos dos produtos é comprovado por testes e estudos realizados por órgãos externos,
aprovados pela Anvisa, "atendendo e excedendo as exigências legais".
A Banana Boat disse que "cumpre rigorosamente todas as normas de certificação da
Anvisa" e que garante a qualidade, a segurança e a eficácia do produto analisado pela
Proteste.
Fonte: Bem Estar, Portal G1, 2013
Anexo H: Protetor solar ganha novas regras
4 de junho de 2012
Os produtos de proteção solar utilizados pela população brasileira ganharam
novas regras para garantir a proteção da pele dos usuários. Uma das principais
mudanças é que o valor mínimo do Fator de Proteção Solar (FPS) vai aumentar de 2
para 6 e a proteção contra os raios UVA terá que ser de no mínimo 1/3 do valor do FPS
declarado. O FPS mede a proteção contra os raios UVB, já o FP UVA mede a proteção
contra os raios UVA. Para tais comprovações, as metodologias aceitas pela Anvisa
foram atualizadas e foi estabelecida uma metodologia específica para a comprovação
contra raios UVA, que, até então, não estava definida.
A resolução RDC 30/12, publicada nesta segunda-feira (4/6) pela Anvisa,
também aumenta os níveis dos testes exigidos para comprovar a eficácia do protetor.
Pela norma, alegações, como resistência à água, terão que ser comprovadas por
metodologias específicas definidas no novo regulamento. Os fabricantes poderão indicar
em seus rótulos as expressões "Resistente à água", " Muito Resistente à água",
"Resistente à Água/suor" ou "Resistente à Água/transpiração", desde que comprovem
essa característica.
O rótulo dos protetores solares terá mudança ainda em suas informações
obrigatórias. A orientação sobre a necessidade de reaplicação será obrigatória para todos
os produtos, mesmo aqueles mais resistentes à água. Além disso, fica vedada qualquer
alegação de 100% de proteção contra as radiações solares ou a indicação de que o
produto não precisa ser reaplicado.
O prazo de adequações dos fabricantes à norma é de dois anos. A nova regra
segue os novos parâmetros para protetores solares adotados em todo o Mercosul.
Fonte: Portal ANVISA, 2012
Anexo I: O que são protetores solares?
Protetores solares são substâncias químicas que agem por absorver, refletir ou espalhar
os raios solares. Podem ser divididos em químicos ou orgânico e físicos ou inorgânicos.
Os protetores físicos agem basicamente refletindo a radiação ultravioleta, enquanto os
químicos agem absorvendo a radiação por um processo fotoquímico. Produtos
associando protetores físicos e químicos conseguem uma proteção mais ampla.
O que é FPS?
O FPS (ou SPF), fator de proteção solar é uma medida de proteção à radiação UVB.
Esta radiação é responsável pelas queimaduras solares, por deixar a pele vermelha após
a exposição solar. O FPS é calculado justamente levando em conta esta vermelhidão da
pele. Existe uma medida chamada de Dose Mínima Eritematosa (DME), (H2 Tag
Protetor Solar, Dose Mínima Eritematosa)que é definida como a menor dose de
radiação ultravioleta necessária para deixar a pele vermelha entre 16 e 24 horas após a
exposição à radiação ultravioleta. O fator de proteção solar é definido como a razão
entre a dose mínima eritematosa na pele protegida (pela aplicação de 2mg / cm2 de
protetor solar) do sol e a dose eritematosa mínima na pele não protegida. Ou seja, O
FPS é o tempo que a pele leva para ficar vermelha usando a proteção do filtro. Por
exemplo, se uma pessoa de pele clara fica com a pele vermelha após 10 minutos de
exposição solar, com um filtro FPS 15 ficaria vermelha após 150 minutos. O FPS é
calculado em laboratório, sob condições idéias, na vida real não se utiliza a quantidade
de 2 mg/cm². Estudos mostram que usa-se de 0,5 a 1 mg/cm², portanto, o tempo de
proteção é menor do que o estimado.
O que são protetores solares de amplo espectro?
Além da radiação UVB, responsável pelas queimaduras solares, existem hoje diversos
protetores que protegem contra UVA e UVB, chamados de protetores solares de amplo
espectro. Não existe uma medida padronizada de proteção a radiação UVA, como o FPS
para a radiação UVB, cada marca de protetor usa uma escala diferente.
A radiação ultravioleta A é a responsável pelo bronzeamento da pele, pelo
envelhecimento da pele, mas também está envolvida no aparecimento do câncer de pele.
Atualmente a radiação UVA é bastante relacionada ao aparecimento de melanoma.
Protetores solares realmente protegem de câncer de pele?
Existe ainda alguma controvérsia quanto ao tema. Existem estudos mostrando que
usuários de protetor solar teriam uma incidência maior de melanoma que não usuários.
Uma possível explicação seria o fato de protetores mais antigos não protegerem para
radiação UVA e esta radiação estar relacionada ao aparecimento de melanoma. Outra
explicação seria o fato de uma pessoa usando protetor solar se expor por tempo mais
prolongado ao sol, aumentando assim o risco de desenvolver câncer. Existem diversos
estudos mostrando redução do número de lesões pré-malignas como
queratoses actínicas, e mesmo redução no aparecimento de câncer de pele por usuários
de protetor solar. O consenso atual entre os especialistas é que se deve usar protetor
solar, contanto que esta não seja a única medida deprevenção.O uso do protetor solar
deve ser associado ao uso de roupas adequadas, chapéus e bonés e ainda evitar a
exposição solar.
Uso de roupas ajuda a proteger do sol?
As roupas ajudam na proteção ao sol. Para a prática de esportes ao ar livre, para
situações que dificultem a reaplicação do filtro solar ou no caso das crianças com menos
de 6 meses, as roupas podem ser uma boa opção para quem quer proteger a pele do sol.
A proteção conferida pela roupa depende do tipo de tecido e do fato de estar seco ou
molhado. Os tecidos de algodão, mais leves, oferecem proteção menor. Já os sintético,
como a lycra dão maior proteção. Veja os fatores de proteção das roupas abaixo:
Tecidos FPS
Camiseta molhada 11
Camiseta seca 16
Lycra molhada 24
Lycra seca 35
Proteção Solar - Dicas:
Use sempre um protetor solar FPS mínimo de 15 e de amplo espectro.
O protetor solar deve ser aplicado antes da exposição solar (quanto tempo
antes varia de acordo com a marca de protetor solar e deve estar assinalado no
rótulo) e reaplicado a cada 2 a 4 horas de exposição contínua ou após transpiração
excessiva. No caso de atividades aquáticas utilize protetor resistente à água. Não
economize na quantidade: uma camada muito fina de fotoprotetor não é suficiente
para uma fotoproteção adequada.
Não se esqueça de proteger as orelhas, lábios, pescoço, dorso das mãos e dos
pés e onde o cabelo é rarefeito.
Uso de bonés, viseiras ou chapéus, que promovem uma barreira física aos
raios solares, de preferência com tecidos que também conferem proteção solar.
Utilize óculos com filtros UV nas atividades ao ar livre.
Procure evitar a exposição solar entre 10:00 e 16:00, quando a radiação
ultravioleta B é mais intensa.
Crianças acima dos 6 meses devem usar protetor solar, abaixo dos 6 meses
devem evitar a exposição solar.
Crianças devem sempre usar protetores livres de PABA (ácido
paraaminobenzóico), já que esta substância está relacionada a aparecimento de
reações alérgicas na pele. .
A sombra ensina quando não tomar sol: Próximo ao meio dia nossa sombra
fica menor do que o tamanho de nosso corpo é o horário da sombra curta. É
quando devemos evitar o sol. Quando nossa sombra está maior do que nosso
corpo, podemos ficar ao sol, mas com protetores solares. É o horário da sombra
longa.
Fique atento aos índices UV.
Pratique o autoexame, esteja atento a qualquer alteração na sua pele,
principalmente manchas escuras, pintas novas ou que se modificam, ou ainda
lesões avermelhadas, que não desaparecem.
Procure um dermatologista para uma avaliação especializada regularmente.
Autor: Dr. Gustavo Alonso Pereira
Fonte: Câncer de Pele (online), 2012
Anexo J: Com nanotecnologia, cientistas criam protetor solar que não penetra na pele
Produto não entra na corrente sanguínea, diminuindo riscos para saúde.
Pesquisadores encapsularam protetor comum em nanopartícula.
Com a ajuda da nanotecnologia, cientistas da Universidade Yale desenvolveram um
protetor solar que é capaz de bloquear os raios ultravioleta sem penetrar na pele. A vantagem
é que, dessa forma, o produto não entra na corrente sanguínea, evitando possíveis riscos para
a saúde.
Os pesquisadores encapsularam um protetor solar comum, o padimato O, dentro de
uma nanopartícula, estrutura minúscula normalmente usada para transportar medicamentos
para dentro do organismo.
As chamadas nanopartículas bioadesivas contendo o protetor solar são maiores do
que os poros da pele, por isso se mantêm na superfície. Para testar se o produto realmente era
incapaz de penetrar, ele foi aplicado na pele de porcos. Além de constatar que as
nanopartículas realmente não penetraram nos animais, os cientistas também concluíram que
o produto é resistente à água e permanece na superfície da pele por um dia ou mais.
Outros testes, feitos em camundongos, atestaram que a capacidade de bloquear os
raios ultravioleta das nanopartículas com protetor era similar à capacidade do protetor
aplicado diretamente na pele, fora das nanopartículas.
Efeitos nocivos pouco conhecidos
O professor de dermatologia de Yale Michael Girardi, um dos autores do estudo, observa
que há pouca pesquisa sobre os efeitos do uso de protetor solar na geração de moléculas
conhecidas como espécies reativas de oxigênio, que são capazes de provocar danos nas
células. "Protetores químicos protegem contra os efeitos diretos dos raios ultravioletas no
DNA, mas podem não proteger contra os efeitos indiretos", diz.
A pesquisadora Jessica Tucker, do Instituto Nacional de Imagem Biomédica e
Bioengenharia dos Estados Unidos, órgão que financiou o estudo, ressalta que o potencial
risco para a saúde da entrada do protetor solar na corrente sanguínea ainda é pouco
conhecido. "Todos sabemos dos benefícios do protetor solar, mas as potenciais toxicidades
devido à penetração no organismo e a criação de agentes capazes de danificar o DNA não
são bem conhecidas", diz.
"Um protetor solar desenvolvido com bioengenharia para inibir a penetração e
manter os componentes capazes de danificar o DNA isolados na nanopartícula é um ótimo
exemplo de como uma tecnologia sofisticada pode ser usada para resolver um problema que
pode estar afetando a saúde de milhões de pessoas", diz a cientista.
Fonte: Bem Estar, Portal G1, 2016
Anexo K: Proteção solar: oxibenzona presente em filtros penetra fundo na pele e
também causa riscos aos oceanos
O oxibenzona é muito absorvido por meio da pele e uma quantidade pode
permanecer no seu organismo
Você já deve ter lido ou ouvido o famoso texto sobre filtro solar que recomenda
fortemente a utilização do cosmético. Tem gente que o interpreta de forma metafórica,
mas para os que o entendem de modo literal, é bom repensar a respeito das
recomendações de sempre usar o filtro solar. Sim, é necessário se proteger, mas é
preciso ver quais as substâncias estão presentes no produto, pois algumas delas, como o
oxibenzona, podem ser péssimas para a saúde e o meio ambiente.
O oxibenzona é um composto orgânico e um agente que permite a proteção da
pele com relação à incidência de determinadas ondas dos raios solares. O problema que
envolve o oxibenzona está relacionado com a sua capacidade de penetrar nas camadas
profundas da pele - isso faz com que uma quantidade significativa da substância
permaneça no organismo.
Onde pode ser encontrado e identificado
O composto orgânico pode ser encontrado na maioria dos protetores
solares comercialmente vendidos com fator de proteção maior que 30 e nos protetores
de 15 a 30, em hidratantes com fator de proteção, esmalte para
unhas, perfumesfemininos e masculinos, protetores solares para os lábios, bases, spray
de cabelo, condicionador e em alguns xampus, cremes antirrugas, BB creams, loção pós
barba e protetores solares para crianças.
Nas embalagens o oxibenzona pode ser identificado como: Oxybenzone, B3,
Benzophenone-3, (2-Hydroxy-4-Methoxyphenyl) Phenyl- Methanone, (2-Hydroxy-4-
Methoxyphenyl) Phenylmethanone; 2-Benzoyl-5-Methoxyphenol; 2-Hydroxy-4-
Methoxybenzophenone; 4-Methoxy-2-Hydroxybenzophenone, Advastab 45; Ai3-
23644; Anuvex; 2-Hydroxy-4-Methoxy.
Como o oxibenzona atua
O composto absorve raios ultravioletas do tipo A (UV-A) e do tipo B (UV-B),
que compõem 95% da radiação UV. Esse tipo de radiação penetra nas camadas
profundas da pele, sendo responsável pelo envelhecimento precoce da pele, pelo
bronzeamento rápido e, em alguns casos de desproteção da pele, causa câncer de
pele por meio de alterações no DNA. Desse modo, o oxibenzona para proteger do UVA
também penetra nas camadas profundas da pele
Efeitos na saúde e no ambiente
Os danos à saúde provocados pelo oxibenzona são diversos: reações alérgicas na
pele com protetor solar, desencadeadas pela exposição ao sol, mutação
celular, desregulação de processos hormonais e liberação de radicais livres.
Em um estudo para verificar o quanto de oxibenzona seria excretado pelas
pessoas que participaram de um experimento, foi possível verificar que, para uma
aplicação no corpo inteiro de protetor solar contendo 4% de oxibenzona, apenas 0,4%
(11 mg) foi excretado nos dois dias seguidos à aplicação. Ou seja, foram aplicados 2,75
gramas de oxibenzona por meio do protetor solar no corpo de cada pessoa e, devido à
baixa excreção, ainda permaneceram no corpo aproximadamente 2,74 gramas de
oxibenzona.
A conclusão é simples, tudo o que aplicamos na nossa pele entra sim no nosso
organismo. Desta forma, o composto pode sair ou permanecer acumulado. E quando
permanece no nosso organismo, ele possibilita o desenvolvimento de doenças.
Pela grande quantidade de oxibenzona que é absorvida por meio da pele, o uso
de protetores solares com essa substância deve ser evitado por crianças.
Quando passamos protetor solar e vamos para o mar, estamos liberando os
compostos químicos do produto para o oceano. Estudos têm mostrado que milhões de
toneladas de filtro solar são liberados no mar todos os anos. Compostos como o
oxibenzona estão impactando negativamente corais, algas e até micro-organismos.
Nanopartículas dos filtros solares reduzem a atividade de bactérias essenciais para
decomposição e renovação da água. Outros nutrientes inorgânicos também são lançados
por meio dos protetores solares com o fósforo e o nitrogênio, promovendo o
crescimento descontrolado de algas, que podem diminuir a quantidade de oxigênio
dissolvido no oceano, provocando uma reação em cadeia que sempre chega ao ser
humano de alguma forma - nesse caso, com a redução de pescados de origem marinha
disponíveis.
Regulamentação nacional e internacional
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) permite a presença de
oxibenzona em produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes. A concentração
máxima permitida é de 10%, sendo que, para concentrações acima de 0,5%, deve
constar no rótulo a advertência: contém oxibenzona.
O Comitê Científico de Produtos de Consumo (SCCP - sigla em inglês) da
Comissão Europeia, baseado em estudos, aponta que a concentração máxima de
oxibenzona em filtros solares com proteção ultravioleta deve ser de 6%. Em outros
produtos cosméticos com fator de proteção em sua formulação, a concentração máxima
deve ser de 0,5%.
Alternativas
Para quem não quer ser exposto ao oxibenzona, opte por filtros solares e por
outros cosméticos que te protejam dos raios ultravioletas utilizando óleos vegetais,
como o deCamellia sinensis (chá verde), de Coffea arabica e C.
canephora (café), Rosmarinus officinalis (alecrim), Aloe vera (babosa), Viola
tricolor (amor-perfeito), Matricaria recutita (camomila), Arachis hypogaea
L. (amendoim), Cocos nucifera (coqueiro) e deSesamum indicum (gergelim). No
entanto, os óleos vegetais ainda apresentam fator de proteção abaixo do mínimo
considerado, que é de FPS 15. Neste sentido, produtos que utilizam óleos vegetais como
protetores solares usam também outros potencializadores de proteção para chegar ao
fator mínimo, que podem ser químicos naturais ou sintéticos. Por isso, é sempre bom
olhar os rótulos dos produtos para verificar se eles contêm compostos nocivos, como o
oxibenzona.
Fonte: Portal eCycle, 2013