UNIVERSIDADE DO PLANALTO CATARINENSE
CURSO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
(BACHARELADO)
MARCUS BITTENCOURT SILVA
ONTOLOGIA PARA PREVENÇÃO DE AMEAÇAS À SAÚDE DO
INDIVÍDUO
LAGES (SC)
2016
MARCUS BITTENCOURT SILVA
ONTOLOGIA PARA PREVENÇÃO DE AMEAÇAS À SAÚDE DO
INDIVÍDUO
Trabalho de Conclusão de Curso
submetido à Universidade do Planalto
Catarinense para obtenção dos créditos
de disciplina com nome equivalente no
curso de Sistemas de Informação -
Bacharelado.
Orientação: Madalena Pereira, M.Sc.
MARCUS BITTENCOURT SILVA
ONTOLOGIA PARA PREVENÇÃO DE AMEAÇAS À SAÚDE DO
INDIVÍDUO
ESTE RELATÓRIO, DO TRABALHO DE
CONCLUSÃO DE CURSO, FOI
JULGADO ADEQUADO PARA
OBTENÇÃO DOS CRÉDITOS DA
DISCIPLINA DE TRABALHO DE
CONCLUSÃO DE CURSO, DO 8º.
SEMESTRE, OBRIGATÓRIA PARA
OBTENÇÃO DO TÍTULO DE:
BACHAREL EM SISTEMAS DE
INFORMAÇÃO
Lages (SC), 19 de novembro de 2016
Madalena Pereira da Silva, M.Sc.
Orientador
BANCA EXAMINADORA:
Claiton Camargo de Souza, Esp.
UNIPLAC
Cristhian Heck, M.Sc.
UNIPLAC
Prof. Claiton Camargo de Souza, Esp.
Coordenador de Curso
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 - Determinantes sociais de Delgren e Whitehead ................................... 20
FIGURA 2 - Ciclo de vida da informação ................................................................. 31
FIGURA 3 - Pirâmide do conhecimento .................................................................... 34
FIGURA 4 - Dados abertos cinco estrelas ................................................................. 42
FIGURA 5 - Tipos de ontologia ................................................................................. 57
FIGURA 6 - Etapas da metodologia 101 ................................................................... 60
FIGURA 7 - Mapa conceitual da ontologia de grupos de riscos ............................... 65
FIGURA 8 - Mapa conceitual do domínio de ameaças à saúde ................................ 65
FIGURA 9 - Mapa conceitual do domínio de determinantes .................................... 66
FIGURA 10 - Relacionamentos assimétricos dos domínios da ontologia ................. 71
FIGURA 11 - Relacionamento simétricos dos domínios ........................................... 71
FIGURA 12 - Visualização gráfica das superclasses da ontologia ............................ 75
FIGURA 13 - Visualização gráfica da exposição a riscos ......................................... 75
FIGURA 14 - Resultado apresentado pelo Protégé ................................................... 76
FIGURA 15 - Resultado apresentado no Protégé ...................................................... 77
FIGURA 16 - Resultado apresentado no Protégé ...................................................... 78
FIGURA 17 - Ferramentas de apoio ao desenvolvimento de ontologias .................. 80
FIGURA 18 - Visualização do Protégé ...................................................................... 84
QUADRO 1 - Grupos de riscos ambientais ............................................................... 22
QUADRO 2 - Agentes de riscos físicos e consequências .......................................... 24
QUADRO 3 - Agentes de riscos químicos e consequências ...................................... 24
QUADRO 4 - Agentes de riscos biológicos e consequências .................................... 25
QUADRO 5 - Agentes de riscos ergonômicos e consequências ................................ 25
QUADRO 6 - Agentes de riscos acidentais e consequências .................................... 25
QUADRO 7 - Vocabulários ....................................................................................... 62
QUADRO 8 - Domínios da ontologia ........................................................................ 67
QUADRO 9 - Subclasses de “Ameaca” ..................................................................... 68
QUADRO 10 - Subclasses de “Determinante” .......................................................... 69
QUADRO 11 - Subclasses de “Risco” ....................................................................... 70
QUADRO 12 - Propriedade de objeto “prove” da ontologia ..................................... 72
QUADRO 13 - Propriedade de objeto “providoPor” da ontologia ............................ 72
QUADRO 14 - Propriedade de objeto “qualifica” da ontologia ................................ 73
QUADRO 15 - Propriedade de objeto “qualificadoPor” da ontologia ...................... 73
QUADRO 16 - Propriedade de objeto “favorece” da ontologia ................................ 73
QUADRO 17 - Propriedade de objeto “favorecidoPor” da ontologia ....................... 73
QUADRO 18 - Propriedade de objeto “desfavorece” da ontologia ........................... 74
QUADRO 19 - Propriedade de objeto “desfavorecidoPor” da ontologia .................. 74
QUADRO 20 - Propriedade de objeto “acompanha” da ontologia ............................ 74
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
API - Application Programming Interface
CSV - Comma-separated Values
DSS - Determinantes Sociais da Saúde
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INDA - Infraestrutura Nacional de Dados Abertos
ISP - Instituto de Saúde Pública
IoT - Internet of Things (Internet das coisas)
JPA - Java Persistence API
JSON - JavaScript Object Notation
mmHg - Milímetro de mercúrio
MP - Ministério Público
MS - Ministério da Saúde
N3 - Nation3
OOMS - Sistema de mapeamento objeto-ontologia
OMS/WHO - Organização Mundial de Saúde
OWL - Web Ontology Language
PDF - Portable Document Format
RDF - Resource Drescription Framework
RDFS - Resource Drescription Framework Schema
SPARQL - SPARQL Protocol and RDF Query Language
SUS - Sistema Único de Saúde
SVG - Scalable Vector Graphics
TIC - Tecnologias da informação e comunicação
UFBA - Universidade Federal da Bahia
URI - Uniform Resource Identifier
URL - Uniform Resource Locator
W3C - World Wide Web Consortium
XLS - Arquivo do Microsoft Excel
XML - Extensible Markup Language
RESUMO
Este trabalho apresenta uma abordagem para abertura de dados na área da saúde, ao
longo do mesmo foram realizadas pesquisas com o propósito de responder as seguintes
perguntas: - O uso de dados abertos pode resolver o problema da falta de integração de
dados provenientes de sistemas públicos voltados a saúde? - A abordagem semântica
possibilita a extração de dados contextualizados em grupos de riscos? Essas perguntas
foram elaboradas a partir da convicção de que os processos de atenção a saúde no Brasil
são reativos às ameaças, pois, são processos desintegrados e realizados com diferentes
ferramentas em cada jurisdição, como por exemplo, planilhas, sistemas com o mesmo
propósito de diferentes fabricantes e muitas vezes registrados em papel. Essas
ferramentas disponibilizam informações em diferentes formatos e portanto impedem a
sua reutilização em potenciais consumidores dentro do Sistema Único de Saúde. Isso
diminui o valor agregado dos dados existentes, impedindo por exemplo, a geração de
novos conhecimentos. Em busca das respostas, os seguintes objetivos foram elaborados:
(a) Explorar a evolução do conceito de saúde. (b) Contextualizar a situação da saúde
pública no Brasil, evidenciando a estrutura organizacional do SUS. (c) Apresentar a
ideologia de abertura de dados, juntamente com as normas políticas e implicações legais
que regem o tema. (d) Construir um modelo ontológico aplicado ao domínio de grupos
de risco por meio de estudo de caso definido posteriormente, identificando os dados
envolvidos na saúde. (e) Apresentar as tecnologias que propiciam o estado de dados
abertos vinculados. Para atingir os objetivos adotou-se uma metodologia possibilitando
a concretização dos mesmos. Essa metodologia envolveu a pesquisa do conceito de
saúde, a abertura de dados, e a ontologia como forma de conhecimento para os domínios
de determinantes sociais da saúde, grupos de riscos ambientais, e ameaças à saúde. A
engenharia da ontologia foi realizada a partir da metodologia 101. Essa metodologia
determina os passos para a construção do modelo ontológico, incluindo o escopo, o
propósito da ontologia, as questões de competência, a definição dos termos e
relacionamentos de conceitos. Como resultado foi construída a ontologia, utilizando o
editor Protégé. Como prova de conceito foram elaboradas três questões de competências
e todas puderam ser respondidas fazendo uso do modelo. Este trabalho se limitou na
construção do modelo ontológico, no entanto, o mesmo pode ser incorporado em um
sistema de conhecimento, desde que sejam adotadas ferramentas que permitam a
inserção de indivíduos pertencentes ao domínio. Algumas dessas ferramentas foram
apresentadas com seus respectivos recursos de maneira introdutória. Ao término do
trabalho, após a contextualização dos capítulos, foi possível responder as perguntas de
pesquisa.
Palavras-chave: Dados abertos, Ontologia, Saúde.
ABSTRACT
This work presents an approach to data entry in the health area, during which research
was conducted to answer the following questions: - The use of open data can solve the
problem of the lack of integration of data from public systems for health? - Does the
semantic approach make it possible to extract contextualized data in groups of risks?
These questions were elaborated on the conviction that health care processes in Brazil
are reactive to threats, since they are disintegrated processes and carried out with
different tools in each jurisdiction, such as spreadsheets, systems with the same purpose
of different Manufacturers and often recorded on paper. These tools provide information
in different formats and therefore prevent their re-use in potential consumers within the
Unified Health System. This reduces the added value of existing data, preventing, for
example, the generation of new knowledge. In search of the answers, the following
objectives were elaborated: (a) To explore the evolution of the concept of health. (b)
Contextualize the public health situation in Brazil, evidencing the organizational
structure of SUS. (c) Present the ideology of data openness, together with the political
norms and legal implications that govern the subject. (d) To construct an ontological
model applied to the domain of risk groups by means of a case study defined later,
identifying the data involved in health. (e) Present the technologies that provide the
status of linked open data. In order to reach the objectives, a methodology was adopted,
enabling them to be implemented. This methodology involved the research of the
concept of health, the opening of data, and the ontology as a form of knowledge for the
domains of social determinants of health, groups of environmental risks, and threats to
health. The ontology engineering was performed using methodology 101. This
methodology determines the steps for the construction of the ontological model,
including the scope, the purpose of the ontology, the questions of competence, the
definition of terms and relationships of concepts. As a result the ontology was built,
using the Protégé editor. As proof of concept, three competence questions were
elaborated and all of them could be answered using the model. This work was limited
in the construction of the ontological model, however, the same can be incorporated in
a knowledge system, provided that tools are adopted that allow the insertion of
individuals belonging to the domain. Some of these tools were introduced with their
respective resources in an introductory manner. At the end of the work, after the
contextualization of the chapters, it was possible to answer the research questions.
Keywords: Open data, Ontology, Health
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 13
1.1 Apresentação ........................................................................................................... 13
1.2 Descrição do problema ............................................................................................ 14
1.3 Questões de pesquisa ou hipóteses .......................................................................... 14
1.4 Justificativa .............................................................................................................. 14
1.5 Objetivo geral .......................................................................................................... 16
1.6 Objetivos específicos ............................................................................................... 16
1.7 Metodologia ............................................................................................................. 16
1.8 Delimitações da Pesquisa ........................................................................................ 18
2 EXPLORAÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA E O ATENDIMENTO NO BRASIL . 19
2.1 Expansão do conceito de saúde ............................................................................... 19
2.2 Determinantes Sociais da Saúde .............................................................................. 20
2.3 Grupos de riscos ambientais .................................................................................... 22
2.4 Saúde Pública .......................................................................................................... 26
2.5 A responsabilidade ideológica do SUS ................................................................... 27
2.6 Considerações finais ................................................................................................ 30
3 ABRINDO DADOS PARA REUTILIZAÇÃO E GERAÇÃO DE NOVOS
CONHECIMENTOS ................................................................................................... 31
3.1 Conhecimento Aberto .............................................................................................. 31
3.2 Dados Abertos ......................................................................................................... 33
3.2.1 Requisitos de dados abertos ............................................................................................ 35 3.2.2 Aplicações dos dados abertos ......................................................................................... 35 3.2.3 Características de dados abertos .................................................................................... 36 3.2.4 Motivos para abertura de dados ..................................................................................... 37
3.2.5 Dados Legados ................................................................................................................ 38 3.2.6 Estados negativos de dados ............................................................................................. 39 3.2.7 Formatos de dados .......................................................................................................... 40 3.2.8 Acessibiliade e Publicação .............................................................................................. 41 3.2.9 As cinco estrelas dos dados abertos ................................................................................ 41
3.2.10 Linked Data ................................................................................................................... 43
3.3 Governo Aberto ....................................................................................................... 43
3.4 Lei de Acesso a Informação, Nº 12.527 .................................................................. 45
3.4.1 Cultura do Segredo .......................................................................................................... 46
3.4.2 Cultura do Acesso ............................................................................................................ 47 3.4.3 Aplicativos cívicos ........................................................................................................... 48
3.4.4 Dados abertos para o setor privado ................................................................................ 48
3.5 Considerações finais ................................................................................................ 50
4 ESTUDO DE CASOS, HIPERTENSÃO E DIABETES ....................................... 51
4.1 Tentativa de catalogação de dados do caderno de indicadores ............................... 51
4.2 Hipertensão arterial ................................................................................................. 51
4.2.1 Introdução a hipertensão arterial ................................................................................... 51 4.2.2 Fatores de Risco .............................................................................................................. 52
4.3 Diabetes mellitus ..................................................................................................... 52
4.3.1 Introdução a diabetes mellitus ........................................................................................ 52 4.3.2 Fatores de risco ............................................................................................................... 53
4.4 Considerações finais ................................................................................................ 54
5 DESENVOLVIMENTO DA ONTOLOGIA .......................................................... 55
5.1 Definição de ontologia ............................................................................................ 55
5.2 Motivação para usar ontologias e a aplicação na saúde .......................................... 56
5.3 Tipos de ontologia ................................................................................................... 57
5.4 Linguagens............................................................................................................... 58
5.5 Metodologia 101 ...................................................................................................... 59
5.6 Construção da ontologia .......................................................................................... 60
5.6.1 Etapa 1: Definição de escopo .......................................................................................... 61
5.6.2 Etapa 2: Reutilização ...................................................................................................... 62 5.6.3 Etapa 3: Enumeração de termos ..................................................................................... 64
5.6.4 Etapa 4: Definição de classes ......................................................................................... 67 5.6.5 Etapa 5: Definição de propriedades da ontologia .......................................................... 70 5.6.6 Etapa 6: Definição de restrições da ontologia ................................................................ 70
5.6.7 Etapa 7: Definição de indivíduos .................................................................................... 75
5.7 Consultas e resultados ............................................................................................. 76
5.8 Considerações finais ................................................................................................ 78
6 FERRAMENTAL PARA DESENVOLVIMENTO DE APLICAÇÕES
SEMÂNTICAS E ONTOLOGIAS ............................................................................ 80
6.1 Sugestões de ferramentas para desenvolvimento .................................................... 80
6.2 Plataformas para publicação de dados ..................................................................... 81
6.3 Frameworks para manipulação RDF ....................................................................... 81
6.4 Bancos de dados RDF ............................................................................................. 82
6.5 Sistemas de mapeamento objeto-ontologia ............................................................. 83
6.6 Editor de ontologias Protégé ................................................................................... 84
6.7 Considerações finais ................................................................................................ 85
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 87
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 89
APÊNDICES ................................................................................................................ 93
13
1 INTRODUÇÃO
1.1 Apresentação
O presente trabalho intitulado ontologia para prevenção de ameaças à saúde
do indivíduo ascende da situação atual da saúde pública brasileira, baseado na ideologia
e política de atendimento à saúde dos habitantes, concentra seus estudos no
levantamento de recursos e ações que beneficiem o amadurecimento desse atendimento,
e assim favoreça qualquer usuário que necessite direta ou indiretamente, dos insumos
contidos pela organização de saúde coletiva.
Os tópicos lançados na pesquisa contextualizam a criticidade do tema saúde
pública, na concepção de prestação de serviços à comunidade; incitam discussões sobre
os diversos caminhos possíveis a tomar com relação aos dados da saúde em abordagem
coletiva; fazem apelo a baixa visibilidade das informações que podem ser extraídas e
consumidas, em reforço aos princípios das políticas estabelecidas na comunidade, a
partir dos ideais firmados no SUS (Sistema Único de Saúde), principalmente da
universalização; liberdade e disponibilidade de acesso aos dados em contrapartida a sua
forma atual de publicação.
Assiduamente os textos da pesquisa tratarão da integração de dados e de como
é possível enriquecê-los afim de torná-los mais eficientes/competentes.
Como uma sugestão de uso, o documento traz o estudo de uma estratégia de
classificação de grupos de risco, dos dados capacitados e potencialmente maduros, para
seu emprego no atendimento à saúde coletiva, regido pelas políticas públicas e sua
possível reengenharia.
14
1.2 Descrição do problema
Em visão global, inúmeras pesquisas e estudos relacionados a saúde, qualidade
de vida e bem-estar, são realizados de maneira isolada para cada caso de risco,
resultando em métricas e técnicas para seu tratamento ou prevenção.
Levando em consideração o estado atual de infraestrutura para a saúde no
Brasil, a carência de investimentos é notável, mas, apenas isso prejudica de maneira
intensa o apoio aos habitantes? Quais propostas se apresentam como saídas alternativas
desta realidade, no meio da tecnologia e de como o atendimento pode se estender a uma
nova experiência e otimização?
1.3 Questões de pesquisa ou hipóteses
O uso de dados abertos pode resolver o problema da falta de integração de
dados provenientes de sistemas públicos voltados a saúde?
A abordagem semântica possibilita a extração de dados contextualizados
em grupos de riscos?
1.4 Justificativa
A melhoria contínua dos processos na área da saúde é necessária pelo fato de
estar ligada essencialmente a vida das pessoas, ao bem-estar e qualidade. O crescente
conceito de saúde entre as décadas aumenta a gama de elementos que influenciam
negativamente o estado da saúde, como bem descrito na constituição da OMS
(Organização Mundial de Saúde).
“A saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não
consiste apenas na ausência de doença ou de enfermidade. Gozar do melhor
estado de saúde que é possível atingir constitui um dos direitos fundamentais
de todo o ser humano, sem distinção de raça, de religião, de credo político, de
condição econômica ou social. [...]” (OMS/WHO, 1946)
Mediante investigação/interpretação das informações históricas e integração
15
de processos entre as instituições parceiras e pertencentes ao SUS várias das tarefas
existentes no meio clínico podem ser otimizadas com análise de dados mais ricos.
O Brasil possui um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo, este
abrange desde um simples atendimento ambulatorial até o transplante de órgãos. O SUS
está enraizado na ideologia do acesso integral, universal e gratuito (sus.gov.br, 2015),
fato que permite a sincronização entre as atividades da organização, hoje, praticamente
inexistente, especificamente falando da reutilização de dados.
Ainda existem lacunas na prestação de serviços oferecidos pelo SUS,
principalmente na conversação entre as instituições vinculadas, pois a indisponibilidade
da informação de determinada instituição, inviabiliza o seu uso em outra, não permitindo
a colaboração ou cooperatividade.
“A saúde de todos os povos é essencial para conseguir a paz e a segurança e
depende da mais estreita cooperação dos indivíduos e dos Estados. Os
resultados conseguidos por cada Estado na promoção e proteção da saúde são
de valor para todos. [...]” (OMS/WHO, 1946)
Levando em consideração o importante complemento conceitual político de
saúde mencionado acima, a cooperação entre as instituições vinculadas ao SUS
demanda melhorias na arquitetura dos processos digitais/burocráticos, incluindo a
padronização dos mesmos, no atendimento as necessidades da saúde em geral. Com isso
pode-se inferir agregação de valor na prestação de serviços com qualidade para os
usuários do SUS.
Esse tema é fortalecido pelas recentes iniciativas e tendências de abertura
de dados do governo brasileiro, que são direcionadas a efeitos de combate a corrupção
no caso dos portais da transparência, mas também ao estimulo a melhoria e
enriquecimento de processos e dados, maior visibilidade e acessibilidade dos dados
públicos nas áreas governamentais e mercado.
Na citação a seguir, o secretário de Logsística e Tecnologia da Informação do
MP (Ministério Público), Heckert (s.d, online) expressa a relevância da abertura de
dados públicos.
“Acreditamos que a abertura de dados não é apenas um instrumento de
16
transparência, mas também um instrumento de melhoria na prestação de serviços para a
sociedade e de construção coletiva das políticas públicas”.
Diante dos argumentos expostos, este trabalho visa prover como principal
contribuição uma proposta de normatização/padronização dos dados que estão presentes
nos processos de atendimento à saúde pública, para que os mesmos estejam acessíveis
entre processos comunicantes, de modo adaptável, com significado semântico e
transparente.
1.5 Objetivo geral
Propor a modelagem de dados da saúde que se aplique em abordagem
preventiva baseada em grupos de risco.
1.6 Objetivos específicos
a) Explorar a evolução do conceito de saúde.
b) Contextualizar a situação da saúde pública no Brasil, evidenciando a estrutura
organizacional do SUS.
c) Apresentar a ideologia de abertura de dados, juntamente com as normas políticas e
implicações legais que regem o tema.
d) Construir um modelo ontológico aplicado ao domínio de grupos de risco por meio
de estudo de caso definido posteriormente, identificando os dados envolvidos na
saúde.
e) Apresentar as tecnologias que propiciam o estado de dados abertos vinculados.
1.7 Metodologia
Inicialmente foi pesquisada a transição do conceito de saúde, levantando
informações da evolução de décadas atrás, até os fundamentos datados na atualidade.
Esse é o embasamento para a análise da sua expansão.
17
As fontes de pesquisa foram principalmente oriundas das constituições de
organizações globais de saúde (OMS, SUS, entre outras) e documentos de pensadores
focados na área, juntamente com sensos de informação.
A interpretação do conceito de saúde levantada no passo anterior, apontou para
a aplicação do mesmo na sociedade, com abrangência de escopo no Brasil. Isso
demonstra uma ampla amostragem para estudo, no âmbito da infraestrutura de
atendimento aos usuários do SUS, como recursos, processos e estratégias utilizadas para
o regimento e manutenção da saúde no país. A partir dos quais foram contextualizadas
algumas situações que acontecem no atendimento à saúde pública no Brasil.
O próximo passo consistiu em expor a mentalidade de abertura de dados (Open
Data), visando a melhoria nos processos de atendimento à saúde, buscando como fontes
os idealizadores e difusores do tema na comunidade. Também foram apresentados nessa
etapa, as normas da legislação brasileira que favorecem ou restringem a abertura de
certos dados, argumentos que deixarão o estudo uma discussão em aberta, pois é afetado
principalmente pela ética e direitos dos usuários como cidadãos. Entendendo isso, como
escolha para o enriquecimento desse material, a pesquisa não se limita a certos aspectos
legais, uma vez que a legislação é passível de mudanças; findando essa etapa foi possível
escolher casos de estudo.
A partir da escolha de casos de estudos sobre a hipertensão arterial e o diabetes
mellitus em pesquisa bibliográfica foi possível extrair os fatores de riscos que envolve
a população brasileira para a concretização dessas ameaças.
Após a conclusão desse estágio do trabalho, através da metodologia 101, foi
possível iniciar a modelagem de uma ontologia que reuni os conceitos de grupos de risco
e determinantes sociais da saúde, sintetizando os fatores de risco apresentados da
hipertensão arterial e o diabetes mellitus serviram como estudo de caso para a
instanciação e teste da ontologia.
Por último o estudo trouxe uma sugestão de tecnologias que podem ser usadas
como ferramental para manter e disponibilizar dados em formato semântico e baseados
em conhecimento.
18
1.8 Delimitações da Pesquisa
O projeto proposto possui algumas delimitações a saber:
O mesmo não contempla a infraestrutura computacional de hardware e de
banco de dados.
Não dá suporte ao processo de migração dos dados legados para a estrutura
sugerida.
As instancias da ontologia foram criadas apenas dentro do editor utilizado,
não fazendo uso de banco de dados relacionais.
19
2 EXPLORAÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA E O ATENDIMENTO NO BRASIL
2.1 Expansão do conceito de saúde
A preocupação com a saúde do indivíduo em meio a comunidade já é revelada
a algum tempo, onde BRASIL, Lei Nº 8.080, de 19 de Setembro de 1990 (Art. 2º)
determina que a saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado
prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício, compactuando com o
acordado na Constituição da OMS que ressalva:
A saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não
consiste apenas na ausência de doença ou de enfermidade; Gozar do melhor
estado de saúde que é possível atingir constitui um dos direitos fundamentais
de todo o ser humano, sem distinção de raça, de religião, de credo político, de
condição econômica ou social; A saúde de todos os povos é essencial para
conseguir a paz e a segurança e depende da mais estreita cooperação dos
indivíduos e dos Estados. (OMS, 1946, online)
Então o aprimoramento das técnicas para o atendimento ao indivíduo é
necessário, empregando a melhoria contínua dos serviços, para isso o estudo dos agentes
que impactam na saúde é necessário.
Atualmente a saúde possui inúmeras áreas, pois é pesquisada e compreendida
entre vários fatores que interagem com o indivíduo no ambiente em que habita, diz a
OMS que muitos fatores se combinam para afetar a saúde de indivíduos e
comunidades. Se as pessoas são saudáveis ou não, é determinado por suas
circunstâncias e ambiente. Em grande medida, fatores como onde vivemos, o estado
do nosso meio ambiente, genética, o nosso rendimento, nível de instrução, e nossos
relacionamentos com amigos e familiares, todos têm impactos consideráveis sobre a
saúde, enquanto os o acesso e utilização de serviços de saúde muitas vezes tem menos
impacto. Esses determinantes podem ser distribuídos em ambiente social e econômico,
ambiente físico e características da pessoas e comportamentos.
20
Um prévio conhecimento dos influentes, segundo a redação dada por
BRASIL, pela Lei nº 12.864, de 2013 ao Art. 3º da Lei Nº 8.080, de 19 de Setembro de
1990, diz que os níveis de saúde expressam a organização social e econômica do País,
tendo a saúde como determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a
moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a
atividade física, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais.
Esse conceito evoluiu a medida em que estudos de como cada área afeta o
indivíduo foram realizados, cruzando informações do monitoramento ou
acompanhamento da rotina do indivíduo e dos esforços em combater incidentes como
de doenças ou má nutrição de zonas menos abastadas, notando que essas áreas
fragilizadas favorecem a influência para uma determinada causa raiz.
2.2 Determinantes Sociais da Saúde
Para Buss e Pellegrini (2007), as diversas definições de determinantes sociais
de saúde (DSS) expressam, em nível de detalhes que as condições de vida e trabalho dos
indivíduos e de grupos da população estão relacionadas com sua situação de saúde,
como Paim (2012) explica que os DSS são considerados as “causas das causas” da
saúde, doenças e agravos. Podendo ser classificados como proximais, intermediários e
distais, e gerando efeitos positivos (promoção da saúde e da qualidade de vida) ou
negativos (riscos, doenças e agravos) na saúde do indivíduo ou grupo. De maneira
objetiva, Tarlov (1996, p.72) diz que, os DSS são características sociais pelas quais a
vida flui, elencando quatro grupos principais: genética e biologia, cuidados médicos,
fatores de risco comportamentais, e características sociais.
Assim esses elementos determinam as condições de saúde do indivíduo, onde
através do modelo de Delgren e Whitehead (FIGURA 1) podemos identificar a extensão
e as categorias dos DSS.
FIGURA 1 - Determinantes sociais de Delgren e Whitehead
21
(FONTE: PELLEGRINI, 2011)
Paim (2012) esclarece que na primeira camada, a mais interna, como o núcleo do
modelo estão as características individuais de cada pessoa, como idade, sexo, fatores
genéticos que marcam o nosso potencial e nossas limitações para manter a saúde ou
adoecer.
Na segunda camada, a de estilo de vida está o comportamento do indivíduo frente
a saúde, é ela que faz o intermédio entre os DSS e os fatores individuais, ou seja, é dessa
maneira que existe a interação das suas limitações e especificidades como individuo
com o acesso a informação, alimentação saudável e espaços de lazer, aqui fica exposto
o livre arbítrio do indivíduo restrito a seu ambiente de vida.
A terceira camada, “Redes sociais e comunitárias” eleva o nível de relação da
saúde do indivíduo para a comunidade como um todo. Mostra a influência da saúde
pública, sendo elas redes comunitárias e de apoio, expressando o nível de coesão social.
A quarta camada, “Condições de vida e de trabalho”, pode ser definida
primordialmente como o acesso aos serviços essenciais, disponibilidade de alimentos,
educação. Essa camada pode indicar os diferenciais de exposição e de vulnerabilidade
aos riscos de saúde.
22
A quinta e última camada estão as condições socioeconômicas, culturais e
ambientais, e tem por objetivo agregar os macrodeterminantes que possuem grande
influência sobre as camadas inferiores.
Pellegrini (2011) analisa que as estratégias de prevenção a saúde são pouco
eficazes pois estão levando em consideração apenas os mais expostos ao risco de
maneira genérica, quando na realidade os fatores de riscos, ou determinantes estão
atuando de maneira individual.
“Preocupar-se somente com as pessoas mais expostas aos fatores de risco é,
portanto, pouco eficaz quando se quer diminuir a incidência de determinadas
doenças em uma população, já que as causas das incidências a nível
populacional em geral estão relacionadas a determinantes sociais que exigem
intervenções populacionais.” (PELLEGRINI, 2011)
Podemos concluir que as políticas de atenção a saúde atuam de maneira
reativa, mesmo quando campanhas de prevenção ocorrem.
2.3 Grupos de riscos ambientais
Santos (s. d, online) declara que riscos ambientais são capazes de causar danos
à saúde e a integridade física do trabalhador em função de sua natureza, concentração,
intensidade, suscetibilidade e tempo de exposição.
Categorizam-se em cinco grupos: físicos, químicos, biológicos, ergonômicos
e acidentais, e estão.
QUADRO 1 - Grupos de riscos ambientais
GRUPO 1:
VERDE
GRUPO 2:
VERMELHO
GRUPO 3:
MARROM
GRUPO 4:
AMARELO
GRUPO 5:
AZUL
RISCOS FÍSICOS
RISCOS QUÍMICOS
RISCOS BIOLÓGICOS
RISCOS ERGONÔMICOS
RISCOS ACIDENTES
Ruídos Poeiras Vírus Esforço físico intenso Arranjo físico
inadequado
Vibrações Fumos Bactéria Exigência de postura
inadequada
Piso
escorregadio
23
Radiações
ionizantes (raio
x, alfa gama)
Névoas Protozoários
Levantamento e
transporte manual de
peso
Máquinas e
equipamentos
sem proteção
Temperaturas
extremas
Neblinas Fungos Postura inadequada
Ferramentas
inadequadas ou
defeituosas
Pressões
anormais
Gases Parasitas Controle rígido de
produtividade
Iluminação
inadequada
Umidade Vapores Bacilos
Imposição de ritmos
excessivos
Probabilidade
de incêndio ou
explosão
Substâncias,
compostos ou
produtos
químicos em
geral
Trabalho em turno e
noturno
Armazenamento
inadequado
Jornada de trabalho
prolongadas
Animais
peçonhentos:
(mordida de
cobra, aranha,
picada de
escorpião,
barbeiro etc)
Monotomia e
repetitividade
(Adaptado de BRESSI, 2015, online)
Uma correlação com o assunto de determinantes sociais é passível de ser
realizada no momento em que analisamos as consequências dos agentes presentes em
cada grupo de riscos ambientais, e por isso se torna nosso objeto de atenção nesse
momento.
Em frente está uma breve correlação de agentes e consequências (QUADRO
24
2, QUADRO 3, QUADRO 4, QUADRO 5, QUADRO 6) nos grupos de risco extraídos
por Santos (s. d, online).
QUADRO 2 - Agentes de riscos físicos e consequências
Agentes Consequências
Ruído
Cansaço, irritação, dores de cabeça, diminuição da audição, aumento da pressão arterial, problemas do aparelho digestivo, taquicardia e perigo de infarto.
Vibrações
Cansaço, irritação, dores nos membros, dores na coluna, doença do movimento, artrite, problemas digestivos, lesões ósseas, lesões dos tecidos moles, lesões circulatórias, etc.
Calor
Taquicardia, aumento de pulsação, cansaço, irritação, intermação (afecção orgânica produzida pelo calor), prostração térmica, choque térmico, fadiga térmica perturbações das funções digestivas, hipertensão, etc.
Radiações ionizantes Alterações celulares, câncer, fadiga, problemas visuais, acidentes de trabalho.
Radiações não-ionizantes Queimaduras, lesões nos olhos, na pele e nos outros órgãos.
Umidade Doenças do aparelho respiratório, quedas, doenças na pele, doenças circulatórias.
Frio Fenômenos vasculares periféricos, doenças do aparelho respiratório, queimaduras pelo frio.
(FONTE: SANTOS, s. d., online)
QUADRO 3 - Agentes de riscos químicos e consequências
Agentes Consequências
Poeiras minerais Ex.: sílica, asbesto, carvão, minerais
Silicose (quartzo), asbestose (amianto) e pneumoconiose dos minérios de carvão
Poeiras vegetais Ex.: algodão, bagaço de cana-de-açúcar
Bissinose (algodão), bagaçose (cana-de-açúcar), etc
Poeiras alcalinas Ex.: calcário Doença pulmonar obstrutiva crônica e enfisema pulmonar
Fumos metálicos Doença pulmonar obstrutiva crônica, febre de fumos metálicos e intoxicação específica, de acordo com o metal.
Névoas, gases e vapores (substâncias compostas, compostos ou produtos químicos em geral)
Irritantes: irritação das vias aéreas superiores. Ex.: ácido clorídrico, ácido sulfúrico, amônia, soda cáustica, cloro, etc. Asfixiantes: dores de cabeça, náuseas, sonolência, convulsões, coma, morte. Ex.: hidrogênio, nitrogênio, hélio, metano, acetileno, dióxido de carbono, monóxido de carbono, etc.
25
Anestésicos: (a maioria dos solventes orgânicos). Ação depressiva sobre o sistema nervoso, danos aos diversos órgãos, ao sistema formador do sangue, etc. Ex.: butano, propano, aldeídos, cetonas, cloreto de carbono, benzeno, álcoois, etc.
(FONTE: SANTOS, s. d., online)
QUADRO 4 - Agentes de riscos biológicos e consequências
Agentes Consequências
Vírus, bactérias e protozoários Doenças infectocontagiosas. Ex.: hepatite, cólera, amebíase, AIDS, tétano, etc.
Fungos e bacilos Infecções variadas externas (na pele, ex.: dermatites) e internas (ex.: doenças pulmonares)
Parasitas Infecções cutâneas ou sistêmicas, podendo causar contágio
(FONTE: SANTOS, s. d., online)
QUADRO 5 - Agentes de riscos ergonômicos e consequências
Agentes Consequências
Esforço físico, levantamento e transporte manual de pesos, exigências de postura
Cansaço, dores musculares, fraquezas, hipertensão arterial, diabetes, úlcera, doenças nervosas, acidentes e problemas da coluna vertebral.
Ritmos excessivos, trabalho de turno e noturno, monotonia e repetitividade, jornada prolongada, controle rígido de produtividade, outras situações (conflitos, ansiedade, responsabilidade)
Cansaço, dores musculares, fraquezas, alterações do sono e da libido e da vida social, com reflexos na saúde e no comportamento, hipertensão arterial, taquicardia, cardiopatia (angina, infarto), diabetes, asma, doenças nervosas, doenças do aparelho digestivo (gastrite, úlcera,etc.), tensão, ansiedade, medo, comportamentos estereotipados.
(FONTE: SANTOS, s. d., online)
QUADRO 6 - Agentes de riscos acidentais e consequências
Agentes Consequências
Arranjo físico inadequado Acidentes e desgaste físico excessivo
Máquinas sem proteção Acidentes graves
Iluminação deficiente Fadiga, problemas visuais e acidentes de trabalho
Ligações elétricas deficientes Curto-circuito, choque elétrico, incêndio, queimaduras, acidentes fatais
26
Armazenamento inadequado Acidentes por estocagem de materiais sem observação das normas de segurança
Ferramentas defeituosas ou inadequadas Acidentes, principalmente com repercussão nos membros superiores
Equipamentos de proteção individual inadequado
Acidentes e doenças profissionais
Animais peçonhentos (escorpiões, aranhas, cobras)
Acidentes por animais peçonhentos
(FONTE: SANTOS, s. d., online)
A importância dessas informações vem de encontro com a quarta camada do
modelo de determinantes sociais de Delgren e Whitehead, que principalmente indica os
diferenciais de exposição e de vulnerabilidade aos riscos de saúde.
2.4 Saúde Pública
Gasparetto (s.d., online) informa que o conceito clássico de Saúde
Pública define o termo como a arte e a ciência de prevenir doenças, prolongar a vida,
possibilitar a saúde e a eficiência física e mental através do esforço organizado da
comunidade. Isto envolve uma série de medidas adequadas para o desenvolvimento de
uma estrutura social capaz de proporcionar a todos os indivíduos de uma sociedade a
condição de saúde necessária.
A Saúde Coletiva é o termo que descende do conceito de Saúde Pública,
analisado em um contexto coletivo, que envolve e tem a comunidade como ponto central
das suas ações e agentes para o desenvolvimento de práticas, de acordo com o ISC
(Instituto de Saúde Coletiva, s.d, online) da UFBA (Universidade Federal da Bahia),
este possui três dimensões:
O estado de saúde da população, isto é, condições de saúde de grupos
populacionais específicos e tendências gerais do ponto de vista
epidemiológico, demográfico, socioeconômico e cultural;
Os serviços de saúde, abrangendo o estudo do processo de trabalho em
saúde, investigações sobre a organização social dos serviços e a
formulação e implementação de políticas de saúde, bem como a avaliação
de planos, programas e tecnologia utilizada na atenção à saúde;
27
O saber sobre a saúde, incluindo investigações históricas, sociológicas,
antropológicas e epistemológicas sobre a produção de conhecimentos neste
campo e sobre as relações entre o saber “científico” e as concepções e
práticas populares de saúde, influenciadas pelas tradições, crenças e cultura
de modo geral.
Segundo Paim (2006) a Saúde Coletiva, latino-americana foi composta a partir
da crítica à Medicina Preventiva, à Medicina Comunitária, à Medicina da Família,
desenvolveu-se a partir da Medicina Social do Século XIX e pela saúde pública
institucionalizada nos serviços de saúde e academia. Envolve um conjunto de práticas
técnicas, ideológicas, políticas e econômicas desenvolvidas no âmbito acadêmico, nas
organizações de saúde e em instituições de pesquisa vinculadas a diferentes correntes
de pensamento resultantes de projetos de reforma em saúde.
2.5 A responsabilidade ideológica do SUS
O portal PenseSUS informa que em 1988, por ocasião da promulgação da
Constituição da República Federativa do Brasil, foi instituído no país o SUS, que passou
a oferecer a todo cidadão brasileiro acesso integral, universal e gratuito a serviços de
saúde.
Considerado um dos maiores e melhores sistemas de saúde públicos do
mundo, o SUS beneficia cerca de 180 milhões de brasileiros e realiza por ano cerca de
2,8 bilhões de atendimentos.
Segundo o artigo 200 da Constituição Federal, compete ao SUS além de outras
atribuições, nos termos da lei (Brasil, 1988):
Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse
para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos,
imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;
Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as
de saúde do trabalhador;
Ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;
28
Participar da formulação da política e da execução das ações de
saneamento básico;
Incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e
tecnológico;
Fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor
nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano;
Participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e
utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;
Colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.
Os desafios, no entanto, são muitos, cabendo ao Governo e à sociedade civil
a atenção para estratégias de solução de problemas diversos, identificados, por exemplo,
na gestão do sistema e também no subfinancimento da saúde (falta de recursos).
Aqui como posicionado pelo portal PenseSUS esses desafios precisam
encontrar facilitadores para que o atendimento a diversidade de determinantes da saúde
seja realizado com eficiência pelo SUS, o investimento em práticas para o
gerenciamento da informação e automação de processos já foi realizado em diversos
pontos chaves do sus, ferramentas computacionais e núcleos especializados já foram
desenvolvidos e estão operando.
Visto que precisamos expandir e reforçar os serviços oferecidos, não é a
estratégia de atendimento que precisa ser otimizada somente, disponibilizando mais
pessoas qualificadas e operacionalizando mais setores em expansão dimensional, e sim
uma análise mais precisa de informações e melhor reaproveitamento dos conhecimentos
dispostos, principalmente de fatores culturais, de hábitos e condicionais de qualidade de
vida, para que exista de fato a prevenção.
O atendimento um pouco reativo a esses diversos determinantes gera um
grande impacto de demanda ao atendimento, apenas os casos emergências ou de
urgências são até o momento imprevisíveis ou difíceis de rastrear, porém com os
atuantes de campanhas e consultas periódicas, iniciativas de envolvimento com a
comunidade são uma boa forma de remanejar a grande carga na demanda do
atendimento à população.
29
As atividades de fiscalização e monitoramento são as que mais podem gerar
resultados positivos pois é possível criar cenários simulados cruzando inúmeros dados
para prever uma reação, seja em um indivíduo específico, num conjunto agrupado e
localizado, ou num conjunto distribuído, e até mesmo no próprio ambiente de vida.
Estudos com ambientes de vida assistido tem entusiasmado pessoas ao redor
do mundo todo e gerado expectativas no governo para o alivio com gastos ao
atendimento centralizado aproveitando dessa tecnologia para um atendimento remoto e
constante, por muitas vezes até melhor personalizado, isso revela que ainda não usamos
todo o potencial dos equipamentos que temos dispostos.
Entrando agora na era da internet das coisas, onde mais equipamentos
supervisionam as pessoas, as tarefas de monitoramento se tornam fáceis, porém a
gerência e a boa utilização dos dados que são produzidos em uma escala muito maior,
estimando-se o quadruplo dos dados, é dificultada.
Existe uma grande quantidade de recursos que não estão sendo aproveitados,
ou que estão se desperdiçando onde poderiam fortalecer as campanhas sejam elas de
vacinação, de prevenção, de avaliação médica, como consultas odontológicas,
nutricionais, que impactam de uma forma eficaz e rápida no bem-estar das pessoas, pela
mudança de hábitos e instrução cultural.
As ações de vigilância no ambiente da comunidade podem ser elevadas a um
nível de excelência se o envolvimento da comunidade for ativo, dispensando a
necessidade de agentes de saúde empregados em tarefas árduas e forças tarefas para
identificação, se essas tarefas forem supridas com ferramental tecnológico como já é
visto em ação hoje, os esforços podem ser empregados de melhor forma diretamente no
combate e não no rastreio, novamente com o auxílio da população e enfim alterando os
fatores culturais.
A carga que depende do SUS como órgão regulamentador não pode ser
dispensada pois trata de assuntos muito específicos como os de análise de equipamentos
ou produtos e homologação dos mesmos, podemos chamar essas tarefas até mesmo de
burocráticas e indispensáveis para um controle de qualidade, porém as tarefas que estão
agindo diretamente na população, indivíduo ou ambiente, usando o SUS como interface
30
mediadora podem ser redesenhadas para um papel de colaboração Individuo/SUS ou
população/SUS ou ambiente/SUS.
Uma comunicação bidirecional proporciona a troca de informações ricas e
redistribuíveis dentro do SUS contemplando novos órgão interessados em fazer um bom
uso das informações históricas recolhidas e também de outras entidades
governamentais, comerciais, ou filantrópicas para atividades socioculturais.
2.6 Considerações finais
Mediante esse capítulo foi possível entender a extensão do conceito de saúde
e introduzir o processo de atendimento no Brasil, com no mínimo a apresentação da
proposta ideológica do SUS que é referência mundial, além da explicação do modelo de
determinantes sociais que adere os principais fatores influenciadores no processo
saúde/doença do indivíduo, sendo então possível definir as ações do estado sobre a saúde
como ações reativas.
Infere-se que o investimento em ampliação e combate pode ser reduzido nesse
caso já que uma nova abordagem estratégica de atendimento surge com essas interfaces.
O trabalho atinge integralmente os objetivos de explorar o conceito de saúde
e contextualizar a saúde no Brasil nesse capítulo.
31
3 ABRINDO DADOS PARA REUTILIZAÇÃO E GERAÇÃO DE NOVOS
CONHECIMENTOS
3.1 Conhecimento Aberto
É evidente que no mundo globalizado e digitalizado ao qual vivemos, estamos
envoltos de informações a todo momento, elas surgem de alguma necessidade ou evento,
são usadas, aproveitadas e posteriormente guardadas em algum lugar, mas elas não
simplesmente desaparecem. Abaixo a Figura 2 traz o ciclo de vida completo da
informação, com as respectivas ações de seus utilizadores.
FIGURA 2 - Ciclo de vida da informação
32
(FONTE: BITTENCOURT e ISOTANI, 2015)
As organizações, órgãos públicos, empresas e pessoas produzem uma
quantidade considerável de dados todos os dias, usam em operações internas para
prestação de serviços ou para sustentar ações e tomadas de decisão com auxílio dos seus
processos e ferramentas computacionais.
Quando fechados em um procedimento interno da empresa ou órgão, ou
mesmo no uso de uma única pessoa, os dados servem ao seu propósito, suprem a
necessidade daquele procedimento no devido momento e informam o usuário por meio
de uma ferramenta, porém essa informação é subutilizada.
Um bom exemplo da subutilização da informação é mostrado com a
quantidade de resíduos sólidos urbanos, produzida pela população residente em uma
cidade. No atual processo de atendimento o veículo responsável pela coleta de resíduos
passa em períodos específicos sob uma área alvo de recolhimento. O veículo juntamente
com a equipe de coleta, busca resíduos pois não sabe qual residência disponibiliza tais
resíduos, nesse caso a residência representa a organização com dados produzidos,
porém, não publicados. A equipe de coleta representa um terceiro interessado em obter
tal informação.
O processo atual é custoso em diferentes níveis, oferece alto risco a equipe,
pois, não fazemos uma coleta adequada antever os resíduos e nem seletiva. Os
problemas são: a equipe de coleta não tem como prever a quantidade lixo de residências
que irá coletar dentro da amostra escolhida; o consumo de combustível é determinado
pela proximidade das residências, mas, provavelmente será consumido em maior escala
para coletar pequenas quantidades; não sabemos o tempo ao qual esses resíduos estão
expostos em via pública ou a qual efeito de clima eles sofreram.
O conhecimento está retido na fonte, com a população que libera esses
resíduos ao meio ambiente, impossibilitando a sua disseminação. Se a população tivesse
acesso a uma ferramenta de publicação dessa informação, poderia fornecer esses dados
a equipe interessada em trabalhar com eles, gerando conhecimento de riscos da
exposição dos resíduos, a partir do cruzamento da data de disposição e o clima que se
apresentou nesse período. Poderia também, economizar recursos transitando com o
33
veículo em locais e períodos mais planejados, e sob demanda, afinal a demanda seria
mais precisa, alocar o pessoal necessário. Esse montante de informações e de como
utilizá-las se determina como conhecimento.
A criação de ferramentas para o compartilhamento desse conhecimento é
essencial em ambas as partes interessadas nos serviços, seja no fornecedor ou no
beneficiado. Mas, uma ferramenta assim só pode ser confeccionada diante da análise
dos dados. No cenário proposto, existe uma variedade de conhecimentos advindas de
dados, informações e procedimentos, que podem ser cruzados e interoperáveis, caso a
disposição do conhecimento seja aberta.
O significado de “aberto” em suas muitas conotações e definições nos traz a
possibilidade de enriquecer e expandir as informações que temos, como por exemplo,
Open Source, Open Data, Open Knowledge. Mas afinal o que é “aberto”?
Em resposta, a Open Definition (s.d., online) na versão 2.0 da definição nos
diz que em termos de conhecimento, ele é aberto se qualquer pessoa está livre para
acessá-lo, utilizá-lo, modificá-lo, e compartilhá‑lo; restrito, no máximo, a medidas que
preservam a proveniência e abertura.
A Open Definition (s.d., online) traz à tona o termo obra, usado para denotar
o item ou uma peça de conhecimento a ser transferido, os fragmentos de informações
também serão referidos dessa forma para destacar que essas peças são os blocos de
conhecimento úteis, usáveis e usados passíveis de compartilhamentos e reutilização,
conceituando assim o Conhecimento Aberto.
3.2 Dados Abertos
Casualmente ouvimos falar de dados, informações, ou explicitamente
conjuntos de conhecimento, aos quais estamos imersos, e passam a ser comuns. Já são
tão habituais na nossa rotina, que não nos damos conta de como todo o processo de
transferência de informação ocorre.
A habilidade da comunicação é avançada em suas mais diversas formas e
imersiva, onde podemos citar meios de comunicação como redes sociais, sistemas
34
colaborativos, sistemas operacionais inteligentes, entre outros, que na maioria das vezes
não existe uma necessidade imediata para o uso de um estudo aprofundado.
O conceito de dado até mesmo para aqueles diariamente alocados no estudo
das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) é algo subutilizado. Então é
importante destacar a importância desses fragmentos de informação.
Os dados ou fragmentos de informação podem ser entendidos como um valor
qualquer, desconexo ou descontextualizado. Como apresentado na Figura 3, os dados
compõem a base de uma informação que apenas se torna informação após o
estabelecimento de relações entre os dados que a compõe.
FIGURA 3 - Pirâmide do conhecimento
(FONTE: mundodalogica.wordpress, 2013)
De maneira geral encontramos valor de negócio, ou utilidade para dados
quando eles estão sob a perspectiva que desejamos analisar, sendo assim o domínio de
conhecimento se limita as nossas necessidades, e o emprego dos dados que geramos não
transcende o domínio em que se encontra.
O interesse dessa colocação é revelar de que forma os dados produzidos
35
podem ser melhor aproveitados com a sua publicação, para outras comunidades de
usuários que não a originária, fazendo uso do conceito de Dados abertos;
“Dados são abertos quando qualquer pessoa pode livremente usá-los,
reutilizá-los e redistribuí-los estando sujeito a, no máximo, a exigência de
creditar a sua autoria e compartilhar pela mesma licença” (PORTAL
BRASILEIRO DE DADOS ABERTOS, s.d., online)
Independente de formato ou licença a publicação dos dados gera
conhecimento, pois o mesmo é passível de diferentes análises com pontos de vista
também diferentes, sendo que estará visível a mais comunidades de usuários de
informações, com propósitos diferentes da comunidade original.
3.2.1 Requisitos de dados abertos
A abertura de dados como um processo nos fornece o resultado de dados abertos
(Open Data), então o fator determinante para a existência de dados abertos é a
publicação dos mesmos. O Manual de dados abertos: Governo (W3C, 2011, p.13),
indica que a natureza dos dados abertos é tida a partir dos seguintes pontos:
Disponibilidade e acesso: o dado precisa estar disponível por inteiro e por
um custo razoável de reprodução, preferencialmente por meio de download
na Internet; também deve estar num formato conveniente e modificável.
Reuso e redistribuição: o dado precisa ser fornecido em condições que
permitam reutilização e redistribuição, incluindo o cruzamento com outros
conjuntos de dados.
Participação universal: todos podem usar, reutilizar e redistribuir, não
havendo discriminação contra áreas de atuação, pessoas ou grupos (não são
permitidas restrições como “não comercial”, que impedem o uso
comercial, e restrições de uso para certos fins, como “somente
educacional”).
3.2.2 Aplicações dos dados abertos
36
A Open Knowledge Foundation (s.d, online) afirma que são muitos os tipos
de dados podem ser abertos e que esses tipos têm várias aplicações e usos potenciais,
dentre alguns:
Culturais: dados sobre trabalhos culturais e artefatos - por exemplo títulos
e autores - geralmente coletados e mantidos por galerias bibliotecas,
arquivos e museus.
Científicos: dados produzidos como parte de pesquisas científicas desde a
astronomia até a zoologia.
Financeiros: dados provenientes de contas do governo, como despesas e
receitas, informações e comportamentos de mercados financeiros como
(ações, obrigações, índices e etc..)
Estatísticos: dados produzidos por escritórios de pesquisa estatística e
sensos entre indicadores chave socioeconômicos de um país ou região.
Climáticos: os muitos tipos de informações utilizados para entender
fatores climáticos e prever ações do tempo e clima.
Ambientais: dados que revelam a presença e quantidade de poluentes na
natureza e sobre a ação do homem sobre ela, podem demonstrar também a
qualidade da água em rios e praias, bem como conjuntos de informações
sobre ecossistemas ou biomas.
Do transporte: dados sobre itinerários, rotas e estatísticas de em tempo
real, sejam eles de transportes públicos (ônibus, avião, trem, metrô) ou de
serviços individuais (taxi, Uber, etc.).
3.2.3 Características de dados abertos
Essa seção objetiva definir características dos dados abertos, diretamente pelas
palavras da organização que mantém e idealiza o termo “dados abertos”, mais uma vez
a Open Definition (s.d., online) esclarece, complementamos apenas algumas
características dos dados abertos aplicados a um contexto:
Atuais: devem ser publicados o mais rápido possível para preservar seu
37
valor. Em geral, têm periodicidade: quanto mais recentes e atuais, mais
úteis para seus usuários.
Primários: são apresentados tal como colhidos da fonte, com o maior nível
possível de granularidade, sem agregação ou modificação. Por exemplo,
um gráfico não é fornecido aberto, mas os dados utilizados para construir
a planilha que deu origem a ele podem ser abertos.
Completos: todos os dados públicos devem ser disponibilizados. Dado
público é aquele que não está sujeito a restrições de privacidade, segurança
ou outros privilégios.
Acessíveis: são disponibilizados para a maior quantidade possível de
pessoas, atendendo, assim, aos mais diferentes propósitos.
Não discriminatórios: devem estar disponíveis para qualquer pessoa, sem
necessidade de cadastro ou qualquer outro procedimento que impeça o
acesso.
Compreensíveis por máquina: devem estar estruturados de modo
razoável, possibilitando que sejam processados automaticamente. Por
exemplo, uma tabela em PDF é muito bem compreendida por pessoas, mas
para um computador é apenas uma imagem; uma tabela em formato
estruturado, como CSV (Comma-separated Values) ou XML (Extensible
Markup Language), é processada mais facilmente por softwares e sistemas.
Não proprietários: nenhuma entidade ou organização deve ter controle
exclusivo sobre os dados disponibilizados.
Disponibilizado sob licença aberta: não devem estar submetidos a
copyrights, patentes, marcas registradas ou regulações de segredo
industrial. Restrições razoáveis quanto a privacidade, segurança e outros
privilégios são aceitas, desde que transparentes e bem justificadas.
3.2.4 Motivos para abertura de dados
Os mais diversos motivos podem ser encontrados para abrir um conjunto
específico de dados, mas, no geral os dados são abertos por três principais motivos em
38
comum para quase qualquer tipo de dado. Ainda seguindo o pensamento da Open
Knowledge Foundation (s.d., online) são eles:
Transparência: exibir dados governamentais ou de interesse dos cidadãos
de uma nação, auxiliando a população a participar de um governo
democrático, pois na democracia é necessário que a população acompanhe
o gerenciamento dos recursos da sociedade.
Liberar valor social e econômico: esse motivo torna-se óbvio no
momento em que os dados abertos passam a ser reutilizados. Os dados são
recursos fundamentais para atividades econômicas e sociais, esses blocos
de conhecimento são usados para gerar novos serviços, produtos, ou
soluções, agregando valor, que tem impacto diretamente na sociedade em
caráter evolutivo, seja para melhoria de qualidade de vida, mais conforto
ou o combate à desigualdade.
Participação, engajamento ou assiduidade: este é um outro motivo que
influencia diretamente nos modelos de governo, governança em órgãos
públicos e organizações, sejam elas com ou sem fins lucrativos. Nesse
ponto a liberação dos dados visa promover um acompanhamento direto dos
envolvidos ou interessados, qualifica a informação de fonte segura e
confiável, ao qual qualifica os informados sobre o que acontece num
determinado processos ou tomada de decisão, garante que os interessados
estão participando, não somente acompanhando informações, mas até
mesmo com a possibilidade de contribuir em meio ao processo. Isso trata
de cidadãos diretamente envolvidos em seu Governo e Estado, ou da
colaboração em entidades privadas ou filantrópicas. O motivo resgata
plenamente os direitos de participação da sociedade nos elementos que a
rege.
3.2.5 Dados Legados
Determinamos por dados legados nesta pesquisa, aqueles que estariam em formatos
de mídias não mais convencionais para o seu uso em um sistema computacional. Dados
39
cadastrais ainda registrados em papéis, mídias físicas não hospedadas na plataforma
Web, como CDs, DVDs, aquelas que estão disponíveis apenas off-line, pois uma das
características que os dados abertos preconiza é a disponibilização na rede mundial de
computadores. Mesmo que nesse caso os dados legados estejam liberados, o seu formato
prejudica o uso delas.
3.2.6 Estados negativos de dados
Aqui surge a primeira análise para fundamentar a pesquisa de
interoperabilidade dos processos.
Baseado nas características de dados abertos e o conceito de melhoria contínua
podemos classificar alguns estados negativos para os dados, são estes segundo nossa
opinião:
Descontinuado: é o dado que passou do seu ciclo, não é mais utilizado,
nesse caso já está em desuso.
Depreciado: é aquele que já deixou de ser utilizado, já foi substituído ou
enxugado de um processo, porém ainda se mantem em uso, por conta do
período de transição ao novo estado.
Duplicado: é aquele que tem sua fonte reprocessada com o mesmo
objetivo e gera o mesmo resultado. Em um processo é difícil notar pois
essa falha pouco existe. Agora quando comparamos processos que
deveriam interoperar para um melhor desempenho, se revelam aos montes,
classificando um desgaste e mal-uso dos recursos.
Obsoleto: é aquele que não atende mais ao seu objetivo, pode estar em uso
ou não, vários dados classificados como descontinuados ou depreciados
podem ser obsoletos.
Desatualizado: dados que não passaram por renovação mediante o período
de obtenção dos valores atuais, não renovação contínua (entendemos por
isso aqueles dados que são mutáveis ao longo do processo em períodos de
análise).
40
Inconsistente: dados falhos em detrimento do mal-uso dos processos, ou
falha humana, os dados desatualizados se tornam inconsistentes quando
utilizados em um processo atual, prejudicando ou inviabilizando os
mesmos.
Inútil: é o dado que apenas consome recursos, sejam eles de
processamento ou espaço, burocracia sem objetivo.
3.2.7 Formatos de dados
Um grande ponto de atenção é a disponibilização dos dados em formatos não
proprietários, pois não se pode considerar um dado aberto se ele estiver sob um formato
proprietário, ao qual só pode ser lido por sistemas proprietários ou sob licença (tipos de
licença proprietárias). Isso pode comprometer o uso do dado, informação ou obra, ou
até mesmo inviabilizar totalmente dada a aplicabilidade da peça. Um grande erro, por
exemplo, seria liberar uma informação, que pode estar somente sob um formato
proprietário sem intensão futura de mudar, ao qual o usuário teria que adquirir um
software também proprietário, ou mesmo assinar um serviço para executar a
manipulação da informação.
É interessante usar uma licença aberta para o seu conteúdo, pois dados sob
licença aberta garantem aos seus usuários que elas podem ser modificadas e reutilizadas
sem conhecimento, algumas são:
Open Database License (ODbL)
Creative Commons Attribution Share-Alike (cc-by-sa)
Creative Commons Attribution License (cc-by)
Open Data Commons Public Domain Dedication and Licence (ODC
PDDL)
Quanto aos mecanismos é imprescindível que esses dados sejam veiculados
sob a plataforma web pois tem eficácia em escala global. A disponibilização mediante
Web Services, é o mais indicado para que exista a interoperabilidade entre os sistemas,
processos ou ferramentas.
41
3.2.8 Acessibiliade e Publicação
Os dados são meramente sem valor se não forem reutilizados, em novas áreas
ou de novas formas, por isso é indicado comunicar os potenciais interessados que a
abertura dos dados foi realizada e estão disponíveis.
O guia Open Data Handbook (s.d., online) dá algumas dicas para aqueles que
abriram dados:
Certificar-se de divulgar uma campanha para promover os dados abertos na
área de responsabilidade em que se está abrindo dados, ou seja, difundir em
comunidades focadas a vontade ou necessidade de abrir dados. Ao abrir alguns
conjuntos de dados, é interessante gastar um pouco mais de tempo para garantir que as
pessoas saibam (ou ao menos possam descobrir) que isso foi realizado.
Comunicar a imprensa, criar anúncios em websites de interesses em comum
ou de mesma categoria, considerando:
Contatar organizações proeminentes ou indivíduos interessados nessa área
Contatar listas de e-mail relevantes ou grupos em redes sociais
Contatar diretamente utilizadores em potencial que você sabe que podem
estar interessados nesses dados
Descobrir mais a respeito de reutilizadores em potencial
Descobrir mais a respeito da demanda por diferentes conjuntos de dados
Descobrir mais a respeito de como as pessoas querem reutilizar os seus
dados
Permitir que reutilizadores em potencial saibam mais a respeito de que
dados você tem
Permitir que utilizadores em potencial se encontrem entre si (ex.: para que
possam colaborar)
Expor os dados a um público mais amplo (ex.: a partir de postagens em
blog ou cobertura da mídia que o evento pode ajudar a gerar).
3.2.9 As cinco estrelas dos dados abertos
42
Esse é um modelo de maturidade criado por Berners-Lee, o criador da web. O
pesquisador foi o primeiro a pensar em dados ligados, e a sua proposta é um esquema
de implementação para dados abertos em etapas que explicam os custos e benefícios da
abertura dos dados. O esquema é relativamente simples de ser compreendido, quanto
mais estrelas, mais complexa é a etapa. Cada uma delas sugere um formato (ou categoria
de formato), conforme ilustra a Figura 4.
FIGURA 4 - Dados abertos cinco estrelas
(FONTE: 5stardata.info)
A primeira etapa diz, torne seus recursos disponíveis na Web (tanto faz o
formato) sob uma licença aberta, exemplificada na imagem como PDF. A partir daí, já
é possível seguir para a segunda etapa, com mais segurança, ou seja, torne seus recursos
disponíveis como dados estruturados (ex. Excel no lugar de imagem digitalizada por
scanner) ganhando mais uma estrela. A terceira consiste em utilizar formatos não
proprietários, como CSV e não Excel. Na quarta estrela já é necessário identificar seus
recursos, conjuntos de informações ou dados primários utilizando URIs. Isso ajudará as
pessoas a ligarem seus dados a outras informações, sendo esta uma das formas de
publicação. A última etapa então, é conectar seus dados com os dados de outras
entidades (pessoas, empresas, organizações, etc.), isso proverá contexto de uma forma
mais rica.
43
3.2.10 Linked Data
Quando inúmeros conjuntos de dados (Datasets) são abertos, a possibilidade
de reutilização é finalmente alcançada. Assim os sistemas podem interoperar, é desta
característica que podemos tirar um bom efeito da qualidade dos dados, em qualquer
área, porém, o custo de produzir sistemas com essa característica é um pouco mais
elevado, pois exige uma qualidade técnica maior. No entanto, seus inúmeros benefícios
se justificam, pois podem fazer uso de recursos compartilhados e reutilizáveis, sem o
problema de sobrecarregamento ou da existência dos estados negativos de dados.
3.3 Governo Aberto
Governo aberto é uma classificação para um conjunto de iniciativas
governamentais que visam melhorar e expandir os elementos assegurados nas
constituições de sistemas democráticos, ou seja, para que a democracia seja munida de
ferramentas tecnológicas ao ponto de que todo cidadão possa participar ativamente do
governo, assim o governo está aberto a todos, e não apenas aos representantes escolhidos
pelo povo
“Governo Aberto é um conjunto de iniciativas articuladas de transparência,
participação, inovação e integridade nas políticas públicas. A cidade de São
Paulo implementa esta agenda ao desenvolver estratégias para: Ampliar os
processos de participação na tomada de decisões; Garantir a transparência, por
meio do acesso às informações públicas; Desenvolver processos que
estimulem a integridade e responsabilização do poder público e seus agentes;
Fomentar a criação e uso de ferramentas de inovação tecnológica e social. ”
(SÃO PAULO ABERTA, 2016).
A prática do Governo aberto proporciona um governo mais ativo, mais
participativo, e inteligente. Em uma imensa quantidade de tratados internacionais e
nacionais, os países do mundo firmam ideais e regras de como a democracia deve se
estabelecer, o Brasil é participante e se compromete com os seguintes propósitos:
“Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito
inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e
44
transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de
fronteiras”. (DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS,
1948, online)
“O acesso à informação em poder do Estado é um direito fundamental do
indivíduo. Os Estados estão obrigados a garantir o exercício desse direito. Este
princípio só admite limitações excepcionais que devem estar previamente
estabelecidas em lei para o caso de existência de perigo real e iminente que
ameace a segurança nacional em sociedades democráticas. ”(DECLARAÇÃO
DE PRINCÍPIOS SOBRE LIBERDADE DE EXPRESSÃO, 2000, online)
Esses tratados focam muito nos direitos de expressão, acesso e a liberdade de
uso das informações, porém, em muitos casos não existe regulamentação para as
necessidades constitucionais.
A transparência na gerência de recursos públicos é essencial, mas muito além
disso são as decisões que o povo precisa participar, decisões que afetam integralmente
todo o conjunto de pessoas que vivem em determinado país e estão em busca da melhoria
da qualidade de vida. O maior entrave dessa participação da comunidade no poder
governamental é a quantidade de informações relevantes e confidencias que o governo
possui. Na maioria dos casos a informação não é confidencial, porém, está inacessível e
travada, fazendo com que os cidadãos fiquem sem o conhecimento, conhecimento este
que está retido no próprio governo e subutilizado pelos representantes do povo.
O conhecimento em poderio dos representantes não demonstra um mau uso
ou corrupção, essa subutilização não é sinônimo de uma sociedade corruptiva, porém,
a imensa quantidade de conhecimento aprisionado, categoriza uma sociedade
desinformada e inquestionável, que não exerce influência direta sobre o governo e que
quase com exatidão precisará se manifestar de forma estrondosa, como protesto ao seu
desgoverno ou descontentamento com a opinião de seus representantes, para que sejam
ouvidos de forma límpida, algo que nunca acontecerá, dado o volume e confronto de
ideias e ideais.
O governo aberto qualifica a população ao acesso a informação por meio da
transparência, disseminando o conhecimento ao tom necessário e formando cidadãos
conscientes e opinativos. Com o esclarecimento de informações aprisionadas, o povo
pode participar.
45
3.4 Lei de Acesso a Informação, Nº 12.527
Em meio ao cenário de caos político do Brasil, em qualquer conversa sobre
isso em mesas de bares, restaurantes, em casa com a família, na rua com os amigos, em
congressos, ou em fóruns de discussão, percebemos que a população pouco sabe das
informações que realmente podem fazer a diferença em órgãos públicos para então
poder opinar. Quando conseguimos isso é de uma maneira extraoficial, vazada em
documentos sigilosos na Internet, veiculados na mídia televisiva, radialista ou por uma
massiva pesquisa sobre um tópico ao qual o cidadão se interessa, que muitas vezes pode
sofrer influência e distorção. Vinte anos atrás isso era aceitável, pois não possuíamos
TIC suficiente para a participação popular nas políticas públicas de forma eficiente, pois
a maneira de distribuir tal conhecimento era dificultada pelas mídias analógicas e pela
dimensão que esse conhecimento possuía, isso sem tocar no fato do ocultamento de
informações por interesse incomum ao da população.
Em contraposição esse cenário mudou, temos ferramentas, mas, ainda não
fazemos um uso delas aplicado em grande escala de integração ou de uma integração
otimizada. Para isso temos que disseminar o conhecimento, e para que ele esteja ao
alcance de todos, deve ser livre, ou seja sem qualquer restrição, assim chegamos no foco
desse capítulo, a mentalidade aberta.
O valor do Open Knowledge é imensurável em sua totalidade e é visível em
pequenas escalas de amostragem, assim algumas regras são necessárias para dar vasão
a esse conhecimento, tanto para sua aplicação quanto para a garantia da segurança, seja
ela em nível pessoal dos direitos humanos, nacional como a segurança pública ou
constitucional, política garantindo a democracia ou da própria integridade das
informações declaradas em transparência. Por isso o regimento de questões que
implicam principalmente na liberação e publicação de dados para toda a comunidade
deve ser exercido com a legislação, para que o conhecimento seja disseminado com uma
conduta imparcial e integral. Nesse marco da histórico, a aprovação da lei brasileira de
acesso a informação 12.527 nos provê tal visão.
46
“O Brasil dá um importante passo em sua trajetória de transparência pública. Além de
ampliar os mecanismos de obtenção de informações e documentos (já previstos em
diferentes legislações e políticas governamentais), estabelece o princípio de que o
acesso é a regra e o sigilo a exceção, cabendo à Administração Pública atender às
demandas de cidadãos e cidadãs. ” (CONTROLADORIA GERAL DA UNIÃO, 2011)
A sociedade pode ter contato com as informações agora disponíveis nos órgãos
públicos, pois a lei 12.527 efetiva o direito previsto na constituição de que todos têm a
prerrogativa de receber dos órgãos públicos, além de informações do seu interesse
pessoal, também aquelas de interesse coletivo, pelos procedimentos, prazos e normas
estipuladas, onde um serviço de informações ao cidadão ficará responsável por
protocolar documentos e requerimentos de acesso a informação, orientar sobre os
procedimentos de acesso, indicando data, local e modo e que será feita a consulta, e
ainda informar sobre a tramitação de documentos. É estabelecido um prazo de 20 dias
prorrogáveis por mais 10 dias para repasse das informações ao solicitante, e agora o
maior bloqueio da solicitação foi removido, pois não existe a necessidade de justificar
o pedido. Esse é um ganho extraordinário, pois uma justificativa necessitava ser
analisada e muitas vezes era negada por não estar prevista, invalidando o pedido. Sendo
que este requisita ter agora a especificação da informação solicitada e a identificação do
requerente.
Outro benefício é o oferecimento do serviço de busca e fornecimento gratuito
dessas informações, adicionando como exceção apenas as cópias de documentos no
custo do serviço como um todo. Caso essa informação esteja sob sigilo previsto apenas
em lei, o requerente tem o direito de obter a negativa de acesso, ou seja, o total
esclarecimento do porquê não é possível disponibilizar tal informação. Prerroga também
o acesso as informações parcialmente sigilosas, nesse caso assegurado apenas o acesso
com a ocultação da parte sob sigilo.
3.4.1 Cultura do Segredo
Em uma cultura de segredo a gestão pública assume que a informação
veiculada sobre suas ações e processos representa riscos, muito dessa postura se dá por
relações exteriores e conflitos de interesses. A ameaça de espionagem por muito tempo
47
ficou explícita já que a história do mundo se mostrou num intenso combate com guerras.
Em uma nação existem brigas de poder que ferem o coletivo então faz sentido esconder
informações.
Segundo a Controladoria geral da União (2011), algumas percepções revelam
como são criados os obstáculos para que informações governamentais sejam
disponibilizadas:
O cidadão só pode solicitar informações que lhe digam respeito direto.
Os dados podem ser utilizados indevidamente por grupos de interesse.
A demanda do cidadão é um problema, pois sobrecarrega os servidores e
compromete outras atividades.
Cabe sempre à chefia decidir pela liberação ou não da informação.
Os cidadãos não estão preparados para exercer o direito de acesso à
informação.
Vários desses pontos remetem a uma cultura de uso, e ao objetivo com
interesse de grupos únicos ou pessoais, é isso que a cultura do segredo tende a defender.
As consequências mais pesadas para todo o coletivo são, que a informação fica retida
na fonte sem uma possível segunda análise e o emprego em novas soluções, por vezes
se perde, o cidadão não exerce o direito e o Estado não cumpre o seu dever.
3.4.2 Cultura do Acesso
A Cultura do acesso contrapõe a cultura do segredo, delegando mais
responsabilidade aos agentes públicos e ao próprio cidadão, situação que eleva a ação
da democracia, pois
“Exige aos agentes a consciência de que a informação pública pertence ao
cidadão e que cabe ao Estado provê-la de forma tempestiva e compreensível
e atender eficazmente às demandas da sociedade” (CONTROLADORIA
GERAL DA UNIÃO, 2011)
isso é possível pois:
A demanda do cidadão é vista como legítima, ou seja, o Estado tem o dever
48
de honrar a demanda.
O cidadão pode solicitar a informação pública sem necessidade de
justificativa.
São criados canais eficientes de comunicação entre governo e sociedade.
São estabelecidas regras claras e procedimentos para a gestão das
informações.
Os servidores são permanentemente capacitados para atuarem na
implementação da política de acesso à informação.
Na cultura de acesso, o fluxo de informações favorece a tomada de decisões,
a boa gestão de políticas públicas e a inclusão do cidadão.
3.4.3 Aplicativos cívicos
Aplicativos cívicos são ferramentas que estão disponíveis para a sociedade,
tem o propósito de colaborar com o engajamento de toda a massa populacional ao
exercício da democracia. Podem ser simples aplicativos móveis que dão ao usuário a
possibilidade de notificar o seu governo ou fazer parte da opinativa de uma organização,
por exemplo, apontando focos de dengue, buracos no asfalto, divulgar atividades sociais,
locais com falta de acessibilidade, monumentos ou pontos culturais na região; coisas
rotineiras que estão ao nosso redor no ambiente, em responsabilidade coletiva no estado
democrático.
Os aplicativos cívicos podem fomentar a mudança em pequenos ou grandes
aspectos políticos. Para que esses aplicativos tenham sucesso, os dados devem estar
disponíveis a toda a população em formatos abertos, podendo serem novamente
utilizados com novos propósitos. Com esse formato de interação criam um ciclo de
alimentação infinito e de feedback constate, à medida que os usuários participam de uma
ação coletiva, algumas decisões podem ser tomadas, e novas plataformas de apoio
criadas.
3.4.4 Dados abertos para o setor privado
49
A impressão é que os dados abertos servem apenas para dados
governamentais. De fato, a aplicação da ideia de abrir dados é bem justificável para o
poder público, já que favorece e muito a população que utiliza das informações, mas,
isso não desmerece nem desclassifica o mesmo para o uso no comércio ou negócios de
inciativa privada.
O pensamento comum é que disponibilizando gratuitamente as informações
da minha empresa, estou perdendo se posso vendê-las ou mesmo criar novos serviços e
dependências que agreguem valor monetário ao meu negócio, é notável, pois a
autoproteção sempre virá a frente da iniciativa de colaborar, porém, não é necessário
abrir todo o seu repositório de informações, todo o seu banco de dados, todas as
informações da sua empresa, muito já ajudaria se uma pequena parcela estudada com o
propósito de manter a excelência dos serviços privados.
Um exemplo de uma empresa ou um conjunto de empresas de transporte
público se referindo a ônibus cai bem na proposta descrita acima, pensando no seguinte
caso. Em uma cidade pequena com um número considerável de habitantes, seria
interessante saber onde estão distribuídos geograficamente os pontos de ônibus. Uma
informação que está aberta a qualquer pessoa que se depare com o ponto físico na rua,
porém, não está disponível na plataforma web. Ela é detida geralmente por uma entidade
pública, geralmente o município que realiza a manutenção dos pontos. Então temos um
processo que coexiste com o serviço privado da empresa. A informação que a empresa
detém é a localização de seu ônibus.
Com essas duas informações e um serviço de GPS online é possível determinar
quase com exatidão e em tempo real a previsão para chegada do veículo em determinado
ponto, algo que elevaria e muito a qualidade do serviço, para os beneficiados da solução,
pois em um caso bem comum o clima pode estar chuvoso, dando insegurança ao usuário
do sistema ao sair de casa.
O frio também é um fator determinante para o uso de transporte coletivo, e
bem recentemente com as várias ondas fortes de calor, poderia gerar um conforto maior
a quem pode ficar numa zona um pouco mais refrescada.
50
3.5 Considerações finais
Com a abertura de dados, uma ferramenta objetiva pode cruza-los com outros
dados, gerando valor a mesma comunidade de interesse ou até mesmo em uma nova
comunidade.
Na maioria das vezes essas informações já são publicadas sob uma visão
aberta, porém, a problemática está exclusivamente no formato de disponibilização que
impede a interoperabilidade de um serviço de qualquer categoria, seja ele privado,
público ou pessoal, onde a reutilização de informações está reduzida como por exemplo
em itinerários de transportes públicos (ônibus, metrô, etc.).
Sob essa ótica o capítulo exibiu o conceito de dados abertos e elucidou sua
importância para a comunidade e a motivação para se publicar dados de forma aberta.
Como conteúdo extra ainda trouxe concepções históricas como mudança da
cultura do segredo para a cultura do acesso, também a proporção que os dados atingem
em uma estrutura de Estado, como o emergente conceito de governo aberto.
Assim a construção desse capítulo foi capaz de atingir o objetivo de apresentar
a ideologia de abertura de dados, juntamente com as normas políticas e implicações
legais que regem o tema.
51
4 ESTUDO DE CASOS, HIPERTENSÃO E DIABETES
4.1 Tentativa de catalogação de dados do caderno de indicadores
Inicialmente a pesquisa visava criar uma ontologia de domínio baseada no
descobrimento de dados, e para isso foram usados os indicadores do Caderno de
Diretrizes, Objetivos e Metas 2013 – 2015 do Ministério da Saúde em uma experiência
de coleta, a qual não teve sucesso, pois a análise buscava a correlação entre indicadores,
dos quais trinta e cinco (35) indicadores dos sessenta e sete (67) disponibilizados no
caderno foram elencados para uma avaliação mais profunda.
Os trinta e cinco (35) indicadores foram selecionados por estarem ligados a
virologia ou imunologia e também eram de duas categorias, universais e específicos.
Dentre os indicadores específicos não foi possível estabelecer uma correlação
para a coleta de dados focada no estudo da imunologia e virologia, pois o atributo mais
generalista encontrado foi população afetada por região, sendo que este já era visado, e
necessário para uma ontologia de base, e por esse motivo o catálogo de dados estaria
sob um escopo de difícil análise inviabilizando a proposta.
Notando isso o desenvolvimento da ontologia tomou uma estratégia diferente:
estruturar as doenças como ameaças em estudos de caso dentro da cardiologia, decisão
da qual se originou o estudo da Hipertensão e Diabetes.
Para tal foi necessário estudar
4.2 Hipertensão arterial
4.2.1 Introdução a hipertensão arterial
A hipertensão arterial é definida como uma pressão sistólica maior ou igual a
140 mmHg e uma pressão arterial diastólica maior ou igual a 90 mmHg, em indivíduos
52
que não estão fazendo uso de medicação anti-hipertensiva, diz o Ministério da Saúde
(MS, 2001).
4.2.2 Fatores de Risco
Quanto aos grupos de risco da hipertensão arterial, podem ser classificados em
três níveis, são eles:
Baixo: inclui homens com idade menor de 55 anos e mulheres com idade
abaixo de 65 anos, com hipertensão de grau I e sem fatores de risco.
Médio: inclui portadores de hipertensão arterial sistemática de grau I ou II,
com um ou dois fatores de risco cardiovascular. Alguns possuem baixos
níveis de pressão arterial e múltiplos fatores de risco, enquanto outros
possuem altos níveis de pressão arterial e nenhum ou poucos fatores de
risco.
Alto: inclui portadores de hipertensão arterial sistemática de grau I ou II
que possuem três ou mais fatores de risco e são também portadores de
hipertensão grau III, sem fatores de risco, inclui também portadores de
HAS grau III, que possuem um ou mais fatores de risco, com doença
cardiovascular ou renal manifesta.
Acrescentando que principais facilitadores de risco são: a elevada ingestão de sal,
a baixa ingestão de potássio, a alta ingestão calórica e o consumo excessivo de álcool
(VIARENGO, 2013).
4.3 Diabetes mellitus
4.3.1 Introdução a diabetes mellitus
Segundo o MS (2001), o Diabetes mellitus é uma síndrome de etiologia
múltipla decorrente da falta de insulina e/ou da incapacidade de a insulina exercer
adequadamente seus efeitos. As consequências do Diabetes mellitus podem ser falência
de vários órgãos, principalmente rins, olhos, nervos, coração e vasos sanguíneos.
53
4.3.2 Fatores de risco
Para o diabetes mellitus tipo 1, é apresentada de forma que tem maior incidência
em crianças, adolescentes e adultos jovens, com um início abrupto dos sintomas, e
pacientes magros, uma facilidade para cetose e grandes flutuações da glicemia, acontece
com pouca influência hereditária, pode levar a deterioração clínica, se não tratado
imediatamente com insulina.
Para o diabetes mellitus tipo 2, são apresentados por meio da obesidade,
especialmente de distribuição abdominal (obesidade "andróide ou tipo maçã")
diagnosticada quando a razão entre a circunfêrencia da cintura e do quadril (RCQ) é
maior que 1 m, para os homens, e maior que 0,80 m, para as mulheres. Esta condição
está presente em 80% dos pacientes no momento do diagnóstico.
Forte componente hereditário, Idade maior que 30 anos, embora possa ocorrer
em qualquer época. A prevalência aumenta com a idade, podendo chegar a 20% na
população com 65 anos ou mais. Atualmente, têm surgido casos de DM tipo 2 em
crianças e adolescentes, principalmente em obesas e as que apresentam características
de resistência insulínica como a Acantose nigricans.
As condições de risco do diabetes mellitus tipo 2 são:
Idade maior que 40 anos.
Histórico familiar (pais, filhos, irmãos, etc.).
Excesso de peso (IMC >25 kg/m2).
Obesidade (particularmente do tipo andróide ou central).
HAS.
Presença de doença vascular aterosclerótica antes dos 50 anos.
Histórico prévio de hiperglicemia e/ou glicosúria.
Mães de recém-nascidos com mais de 4 kg.
Mulheres com antecedentes de abortos freqüentes, partos prematuros,
mortalidade perinatal, polidrâmnio, diabetes gestacional.
HDL - colesterol = 35 mg/dl.
Triglicerideos = 200 mg/dl.
54
Uso de medicamentos diabetogênicos (corticóides, anticoncepcionais,
etc.)
Sedentarismo.
4.4 Considerações finais
Com esse capítulo foi possível descobrir os fatores de risco para a hipertensão
arterial e o diabetes mellitus, complementando assim o conhecimento para o objetivo
específico de construir o modelo ontológico, no sentido de que forneceu o conteúdo para
realizar as classificações necessárias ao próximo passo.
55
5 DESENVOLVIMENTO DA ONTOLOGIA
5.1 Definição de ontologia
O termo ontologia é definido por Gruber (1993) como uma especificação formal
explícita de uma conceitualização compartilhada. Já no contexto das ciências da
informação, uma ontologia define um conjunto de primitivas de representação para
modelar um domínio de conhecimento.
Os elementos primitivos de representação são classes (ou conjuntos), atributos
(ou propriedades), e relacionamentos (ou relações entre os membros da classe).
As definições dos elementos primitivos de representação incluem informações
sobre o seu significado e as restrições sobre a sua aplicação logicamente consistente.
Ontologias são tipicamente especificadas em linguagens que permitem a
abstração distantes de estruturas de dados e estratégias de implementação, assim, na
prática, as ontologias estão mais próximas ao poder expressivo para a lógica de primeira
ordem do que as linguagens utilizadas para modelar bancos de dados.
Desse modo, as ontologias são empregadas em integrações de bancos de dados
heterogêneos, permitindo a interoperabilidade entre sistemas diferentes, e especificam
interfaces para serviços independentes baseados no conhecimento. (GRUBER, 2009)
De uma maneira mais simplista e prática uma ontologia é um conjunto de
axiomas que fornecem afirmações lógicas sobre as classes, indivíduos e propriedades e
usando um software reasoner é possível inferir fatos implícitos contidos nas ontologias,
não somente sobre classes, indivíduos e propriedades, mas também de regras e
relações.(KUBA, 2012)
O reasoner capaz de analisar inconsistências na modelagem a partir dos
indivíduos instanciados.
56
5.2 Motivação para usar ontologias e a aplicação na saúde
Bittencourt e Isotani (2015, online) descorrem sobre alguns problemas pelos
quais as ontologias são mais apropriadas que bases de dados com representação formal:
Premissas básicas são deixadas implícitas nas bases de dados, com isso,
impedindo a reutilização e compartilhamento do conhecimento
representado.
Não há modelos genéricos comuns sobre os quais possamos construir bases
de dados e aplicativos de maneira simplificada.
Não há tecnologia viável que permita acumulação incremental dos dados
(isto é, estender rapidamente a base de dados).
Segundo eles a web possui recursos que estão em constante evolução e o
desenvolvimento de aplicações baseadas em dados abertos não deve se estabelecer sobre
bases estáticas e em domínio muito restrito.
Ainda com a opinião deles, a maior exigência do mercado e academia é de
dados conectados que permitam a interoperabilidade que possa lidar com o acumulo de
conhecimento pois aplicativos inteligentes, baseados em dados abertos conectados,
devem trazer informações e recursos adequados para as pessoas, para que possam juntas
resolver os problemas e tarefas de forma mais eficiente.
Agora quanto a a publicação de Dados Abertos Conectados em conjunto com
ontologias, o destaque vem no esforço, que é muito menor, tanto na definição do modelo
de dados quantos na integração e reuso de outras informações disponíveis na Web.
Por exemplo, as ontologias não permitem que a publicação e o consumo de
dados abertos ocorram de maneira inconsistente ao usar regras de inferência que
possibilitam checar automaticamente a corretude das relações entre os dados e suas
instâncias.
Para tal, é notória a participação de tecnologias que propiciem dados abertos
conectados em órgãos governamentais que são centralizadores de informações
essenciais para outros processos externos que acontecem sobre a plataforma Web.
57
5.3 Tipos de ontologia
Dentre os vários tipos de ontologias que podem ser criados, podemos
simplificados com duas características principais, sua expressividade e propósito.
Definem os autores (BITTENCOURT; ISOTANI, 2015) que quanto ao
propósito elas podem ser leves ou pesadas, onde as ontologias leves (lightweight
ontologies) são aquelas que não se preocupam em definir detalhadamente cada conceito
representado. O destaque das ontologias leves é pra a taxonomia que representa
hierarquicamente os conceitos.
Ontologias pesadas ou densas (heavyweight ontologies) enfocam não apenas
a taxonomia, mas também a representação rigorosa da semântica entre os conceitos. A
organização dos conceitos baseados em princípios bem definidos, uma definição formal
da semântica entre os conceitos e suas relações, são fundamentais.
Agora, quanto o seu propósito as ontologias de domínio e de tarefa são
necessárias para criar sistemas mais flexíveis e inteligentes e que possam ser aplicados
em diversos domínios.
A ontologia de domínio define e caracteriza o domínio no qual as tarefas
ocorrem, e a ontologia de tarefa representa os processos e atividades para resolver um
determinado problema abstraindo o contexto do domínio.
FIGURA 5 - Tipos de ontologia
58
(FONTE: BITTECOURT; ISOTANI, 2015)
Para este trabalho a ontologia a ser produzida se caracteriza com uma
expressividade leve e com propósito de referência.
5.4 Linguagens
As diversas linguagens para construção de ontologias fornecem diferentes
funcionalidades. O padrão mais recente de linguagens para ontologias é o OWL (Web
Ontology Language), desenvolvido no âmbito do W3C. A OWL possui três sub-
linguagens que são OWL-Lite, OWL DL e OWL Full.
A OWL-Lite é a mais simples e destina-se a situações em que apenas são
necessárias restrições e uma hierarquia de classe simples.
A OWL-DL é mais expressiva e baseia-se em lógica descritiva, um fragmento
de Lógica de Primeira Ordem, passível, portanto de raciocínio automático. É possível
assim computar automaticamente a hierarquia de classes e verificar inconsistências na
59
ontologia.
A OWL-Full é a sub-linguagem OWL mais expressiva. Destina-se a situações
onde a alta expressividade é mais importante do garantir a decidabilidade ou completeza
da linguagem sendo que não é possível efetuar inferências em ontologias OWL-Full.
(HORRIDGE, M. et al., 2004)
Para a construção da ontologia deste trabalho será utilizada a sub-linguagem
OWL DL afim de criar inferências e também uma alta expressividade não se faz
necessária já que uma taxonomia deve ser criada de forma leve.
5.5 Metodologia 101
Ribeiro (2010) explica que não existe uma maneira correta de se modelar um
domínio e a melhor solução fica dependendo do propósito de aplicação.
“O desenvolvimento de ontologias não é um processo linear, necessitando
muitas iterações e refinamentos para chegar a um modelo adequado”
(RIBEIRO, 2010).
Mas segundo Bittencourt e Isotani (2015, online) a metodologia 101 é a mais
utilizada atualmente para o desenvolvimento de ontologias e adotamos este método para
a construção da ontologia.
Como ilustrado abaixo na Figura 6, a metodologia 101 auxilia a organização
dos elementos na ontologia e os domínios de conhecimento usados para as relações
semânticas e se divide em sete etapas que estão são envolvidas em um ciclo de melhoria
contínua para o aperfeiçoamento da ontologia construída, sendo as etapas:
1. Determinar escopo.
2. Considerar reuso.
3. Enumerar termos.
4. Definir classes.
5. Definir propriedades.
6. Definir restrições.
7. Criar instancias.
60
FIGURA 6 - Etapas da metodologia 101
(FONTE: BITTENCOURT e ISOTANI, 2015)
Um de seus benefícios é estar perfeitamente alinhada a ferramenta Prótegé que
nos permite construir ontologias em diferentes linguagens e que será melhor apresentada
mais afrente.
A modelagem das ontologias é realizada, propondo a instanciação de das
mesmas através de aplicações computacionais ou até mesmo integrações entre Sistemas
Gerenciadores de Banco de Dados (SGDBs).
5.6 Construção da ontologia
61
Quanto a classificação da nossa ontologia podemos dizer que se trata de uma
ontologia de expressividade fraca, pois está focada na taxonomia dos determinates
sociais da saúde, e busca construir uma base que suporte futura expansão em suas
classes.
5.6.1 Etapa 1: Definição de escopo
A ontologia está distribuída em três macroelementos principais: ameaças, riscos,
determinantes. Leia-se macroelemento, uma definição de um dos elementos
centralizadores da ontologia, entendido como um domínio ou peça de conhecimento
esclarecida na conceituação de dados abertos inserida no âmbito da ontologia.
Os três macroelementos foram idealizados mesclando o conceito de grupos de
riscos e determinantes da saúde.
O propósito da ontologia, ou da interligação das ontologias dos macroelementos,
é indicar exames preventivos de saúde a partir dos determinantes envolvendo um
indivíduo, engajando o mesmo, em grupos de risco de doenças de maneira
personalizada, e dinâmica, avaliando o relacionamento do indivíduo com seus
determinantes de saúde. É necessário notar que os determinantes de saúde estão obtidos
a partir do próprio indivíduo, baseado no modelo de Delgren e Whitehead, e não de uma
visão comum de políticas de atenção elaboradas sob características de grupos de
indivíduos.
O complexo de ontologias está formado pelos mapas conceituais dispostos a
seguir. Levando em consideração o método 101, e as perguntas abaixo são respondidas:
5.6.1.1 Qual o domínio que a ontologia deve cobrir?
Ameaças que surgem frente aos determinantes sociais da saúde bem como os
riscos dos quais elas se alimentam para que possam incidir como Diabetes Mellitus ou
Hipertensão Arterial.
5.6.1.2 Quais serão os usos da ontologia?
62
Identificar a quais ameaças um conjunto de determinantes expõe bem como
organizar o conhecimento retido nessa análise para explorar novas estratégias de
combate a incidência de ameaças como casos de Diabetes e Hipertensão.
5.6.1.3 Quem irá usar e manter a ontologia?
A proposta da ontologia é estar aberta uma comunidade de usuários que atue
sobre os determinantes sociais da saúde, e devido a sua diversidade podem ser agentes
municipais de saúde, agentes da defesa civil, empreendedores em mercado alimentício
ou prestadores de serviço, órgãos voluntários ao combate específico de doenças.
Sobre seu mantimento, é interessante que um núcleo de informatização do
setor como o DataSUS assuma o controle da ontologia.
5.6.1.4 Quais tipos de questões a ontologia deveria responder?
Em quais riscos um conjunto de DSS incidem positivamente?
Em quais riscos um conjunto de DSS incidem negativamente?
Quais ameaças são provenientes de fatores de risco?
5.6.2 Etapa 2: Reutilização
Esta etapa não será realizada para esta ontologia pois dentre as ontologias
existentes (QUADRO 7), nenhuma teria utilidade para os aspectos abordados no
trabalho atualmente.
QUADRO 7 - Vocabulários
Nome Prefixo
URI Propósito
Bio bio: http://purl.org/vocab/bio/0.1/ Informação Bibliográfica
Creative Commons Rights
cc: http://creativecommons.org/ns# Licenças
63
Expression Language
DOAP doap: http://usefulinc.com/ne/doap# Projetos
Dublin Core Elements
dc: http://purl.org/dc/elements/1.1/ Publicações
Dublin Core Terms dct: http://purl.org/dc/terms/ Publicações
FOAF foaf: http://xmlns.com/foaf/0.1/ Pessoas
Geo pos: http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos# Posições
GeoNames gn: http://www.geonames.org/ontology# Localizações
Good Relations gr: http://purl.org/goodrelations/v1# Produtos
Object Reuse and Exchange
ore: http://www.openarchives.org/ore/terms Recursos de Mapa
SIOC sioc: http://rdfs.org/sioc/ns# Comunidades Online
SKOS skos: http://www.w3.org/2004/02/skos/core# Vocabulários Controlados
vCard vcard: http://www.w3.org/2006/vcard/ns# Cartão de Visita
VoID void: http://rdfs.org/ns/void# Vocabulários
WordNet wn: http://xmlns.com/wordnet/1.6/ Palavras em Inglês
Food food: http://www.w3.org/TR/2003/PR-owl-guide-20031215/food#
Alimentos
DCAT dcat: http://www.w3.org/ns/dcat# Catálogo de Dados
PROV-O http://www.w3.org/ns/prov# Proveniência de Dados
ORG org: http://www.w3.org/ns/org# Estruturas Organizacionais
64
QB qb: http://purl.org/linked-data/cube# Dados Multidimensionais
SCOVO scv: http://purl.org/NET/scovo Dados Estatísticos
Hydra Core Vocabulary
hydra: http://www.w3.org/ns/hydra/core# APIs
Internationalization Tag Set
its: http://www.w3.org/2005/11/its Internacionalização
KEGG keeg: http://www.kegg.jp/entry/ Genes e Genoma
TAMBIS http://www.cs.man.ac.uk/~stevensr/tambis/ Informação Biomédica
BioPAX http://www.biopax.org/ Informação Biomédica
MeSH http://bioportal.bioontology.org/ontologies/MESH
Informação Biomédica
UMLS Meta https://www.nlm.nih.gov/research/umls/ Informação Biomédica
SNOMED CT http://www.ihtsdo.org/snomed-ct Vocabulários
EcoCyc https://ecocyc.org/ Genoma
(FONTE: BITTENCOURT e ISOTANI, 2015)
5.6.3 Etapa 3: Enumeração de termos
Nessa etapa os termos que compõe a ontologia são escolhidos, porém sua
responsabilidade perante a ontologia ainda não é definida, como o emprego em classes,
propriedades ou restrições.
5.6.3.1 Mapa conceitual do domínio de riscos
Para essa ontologia, o escopo delimita-se a apenas as cinco classes de riscos
ambientais, que irão prover uma maneira de interligar categoricamente os elementos
adjacentes da saúde, que inferem diretamente no individuo, seja ele o ambiente, uma
65
ameaça, um fator, um risco, ou até mesmo uma consequência. Seu propósito é dar maior
significância ás instâncias de dados pelo agrupamento em categorias de risco, é um
efeito de sumarização de dados.
FIGURA 7 - Mapa conceitual da ontologia de grupos de riscos
(FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2016)
5.6.3.2 Mapa conceitual do domínio de ameaças
Para essa ontologia, as doenças, síndromes, agravos, e seus elementos
geradores, foram todos sintetizados em um só vetor de determinantes negativos a saúde
de individuo, denominamos esse vetor de ameaças.
FIGURA 8 - Mapa conceitual do domínio de ameaças à saúde
66
(FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2016)
5.6.3.3 Mapa conceitual do domínio de determinantes
Essa ontologia reflete o modelo de DSS completo de Delgren e Whitehead,
sendo essencial para identificação e descrição dos influenciadores na saúde do
indivíduo, seu papel é registrar por completo quais incidentes elevam ou denigrem a
saúde do indivíduo.
FIGURA 9 - Mapa conceitual do domínio de determinantes
67
(FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2016)
5.6.4 Etapa 4: Definição de classes
As classes OWL são conjuntos que contêm os indivíduos. Elas são descritas
formalmente (descrições matemáticas) de forma que sejam apresentados os requisitos
para a participação na classe. As classes podem ser organizadas em hierarquias
superclasse-subclasse, também conhecidas como taxonomias. Subclasses são
especializações de suas superclasses. Uma característica do OWL-DL é que o
relacionamento superclasse-subclasse pode ser computado automaticamente.
(HORRIDGE, M. et al., 2004).
Abaixo as classes que estão estabelecidas na taxonomia da ontologia, com sua
respectiva explicação de propósito e configuração:
QUADRO 8 - Domínios da ontologia
Nome Descrição Disjunto a Subclasses
Ameaca Especifica uma ameaça a saúde do indivíduo de qualquer natureza.
Risco Determinante
Agravo Causador Doenca Sindrome Sintoma Transmissor
Determinante Especifica um determinante social da saúde embasado no
Ameaca Risco
Individual Trabalho
68
modelo de Delgren e Whitehead.
Socioeconomico Habitacional Educacional Cultural
Risco Especifica um risco ambiental.
Determinante Ameaca
Acidental Biologico Ergonomico Fisico Quimico
(FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2016)
QUADRO 9 - Subclasses de “Ameaca”
Classe Descrição Disjunto a Subclasses
Agravo
Especifica qualquer dano à integridade física, mental e social dos indivíduos provocado por circunstâncias nocivas, como acidentes, intoxicações, abuso de drogas, e lesões auto ou heteroinfligidas.
Causador Doenca Sindrome Sintoma Transmissor
Causador Especifica o elemento causador de doenças sobre um indivíduo.
Agravo Sindrome Sintoma Transmissor Doenca
Bacilo Bactéria Calor EsforcoFisico Frio FumoMetalico Fungo Gas Parasita Perigo Poeira Protozoario Radiacao Ruido Umidade Vibracao Virus
Doenca
Especifica qualquer enfermidade ou estado clínico, independentemente de origem ou fonte, que represente ou possa representar um dano significativo para os seres humanos;
Agravo Sindrome Causador Sintoma Transmissor
Sindrome
Agravo Causador Sintoma Transmissor Doenca
Transmissor Especifica qualquer agente transmissor de um causador de doenças de doenças.
Agravo Causador Sintoma Sindrome Doenca
69
FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2016)
QUADRO 10 - Subclasses de “Determinante”
Classe Descrição Disjunto a Subclasses
Individual Especificação responsável por conceituar as características de determinantes como idade, sexo e estilo de vida
Trabalho Socioeconomico Habitacional Educacional Cultural Hereditario
Estatura Idade Peso Emocional Sexo Habito RegimeAlimentar
Trabalho Especificação que sintetiza os determinantes relacionados a ambiente de trabalho e desemprego
Individual Socioeconomico Habitacional Educacional Cultural Hereditario
Situacao Periodo Jornada CargaHoraria
Socioeconomico
Especificação que conceitua as características de determinantes socioeconômicos, acesso a serviços sociais de saúde
Individual Trabalho Habitacional Educacional Cultural Hereditario
ClasseSocial
Habitacional
Especificação responsável por conceituar as características de determinantes como habitação, agua e esgoto e ambientais gerais
Individual Trabalho Socioeconomico Educacional Cultural Hereditario
Climatico Saneamento Parasitario Infecciologico
Educacional
Especificação que conceitua as características educacionais, como acesso a educação, grau de instrução, envolvimento com medidas educadoras de saúde pública
Individual Trabalho Socioeconomico Habitacional Cultural Hereditario
Instrucao
Cultural
Especificação que conceitua características e aspectos culturais, sendo essas, o envolvimento do indivíduo com a sociedade que o cerca, frente a saúde pública
Individual Trabalho Socioeconomico Habitacional Educacional Hereditario
Hereditario Especificação que conceitua características genéticas do indivíduo, principalmente fatores hereditários
Individual Trabalho Cultura Socioeconomico Habitacional Educacional
Etnia
(FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2016)
70
QUADRO 11 - Subclasses de “Risco”
Classe Descrição Disjunto a Subclasses
Quimico Especificação que formaliza a categorização de riscos ambientais para o grupo dos riscos químicos
Fisico Ergonomico Biologico Acidental
Fisico Especificação que formaliza a categorização de riscos ambientais para o grupo dos riscos físicos
Quimico Ergonomico Biologico Acidental
Ergonomico Especificação que formaliza a categorização de riscos ambientais para o grupo dos riscos ergonômicos
Quimico Fisico Biologico Acidental
Biologico Especificação que formaliza a categorização de riscos ambientais para o grupo dos riscos biológicos
Quimico Fisico Ergonomico Acidental
Acidental Especificação que formaliza a categorização de riscos ambientais para o grupo dos riscos acidentais
Quimico Fisico Ergonomico Biologico
(FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2016)
5.6.5 Etapa 5: Definição de propriedades da ontologia
Propriedades são relações binárias (relações que contém duas coisas) entre
indivíduos, ou seja, as propriedades ligam dois indivíduos. As propriedades podem
limitar-se a um valor único: são as Functional Properties (propriedades funcionais).
(HORRIDGE, M. et al., 2004)
Porém uma propriedade nesse sentido está vinculada diretamente a um
indivíduo e assim o indivíduo pode carregar um valor, como um nome, uma data, um
tipo literal, entre outros, isso caracteriza a propriedade como uma propriedade de dado.
No caso da ontologia desenvolvida aqui não se fez necessário usar
propriedades de dados pois ainda não existe nenhuma aplicação desenvolvida que faça
uso da ontologia, ou que tenha o propósito de persistir dados da ontologia, nesse
momento ela tem um caráter mais taxonômico, onde é necessário explorar
primariamente as relações entre os termos que a compõe.
5.6.6 Etapa 6: Definição de restrições da ontologia
71
Como visto anteriormente as propriedades são relações binárias e ligam dois
indivíduos. Porém aqui esse conceito é expandido, assim as propriedades podem
também ser funcionais limitando-se a um valor único, mas também podem ser Transitive
Properties (Propriedades transitivas) ou Symetric Properties (Propriedades Simétricas).
(HORRIDGE, M. et al., 2004).
Podemos chamar essas propriedades de restrições, pois elas estabelecem o
comportamento de relação entre os termos (classes) da ontologia.
A partir os refinamentos de conceitos e da análise de como estes podem se
relacionar a Figura 10 foi elaborada para visualmente relatar a especificação dos
vínculos mais concretos presentes na ontologia. A presença de tais relacionamentos
demonstra a assertividade da ontologia.
FIGURA 10 - Relacionamentos assimétricos dos domínios da ontologia
(FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2016)
FIGURA 11 - Relacionamento simétricos dos domínios
72
(FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2016)
Abaixo a explicação sobre cada restrição estabelecida e sua respectiva
configuração:
QUADRO 12 - Propriedade de objeto “prove” da ontologia
Propriedade Descrição Domínio Âmbito Inversa Especificações
Prove
Especifica que um determinado risco provê uma ameaça
Risco Ameaca ProvidoPor
Funcional Não
Funcional Inversa
Não
Transitiva Não
Simétrica Não
Assimétrica Sim
Reflexiva Não
Irreflexiva Não
(FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2016)
QUADRO 13 - Propriedade de objeto “providoPor” da ontologia
Propriedade Descrição Domínio Âmbito Inversa Especificações
providoPor
Especifica que uma ameaça é provida por determinado risco
Ameaca Risco Prove
Funcional Não
Funcional Inversa
Não
Transitiva Não
Simétrica Não
Assimétrica Sim
73
Reflexiva Não
Irreflexiva Não
(FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2016)
QUADRO 14 - Propriedade de objeto “qualifica” da ontologia
Propriedade Descrição Domínio Âmbito Inversa Especificações
Qualifica
Especifica que determinante qualifica uma ameaça
Determinante Ameaca qualificadoPor
Funcional Não
Funcional Inversa
Não
Transitiva Não
Simétrica Não
Assimétrica Sim
Reflexiva Não
Irreflexiva Não
(FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2016)
QUADRO 15 - Propriedade de objeto “qualificadoPor” da ontologia
Propriedade Descrição Domínio Âmbito Inversa Especificações
qualificadoPor
Especifica que uma ameaça é qualificada por um determinante
Ameaca Determinante Qualifica
Funcional Não
Funcional Inversa
Não
Transitiva Não
Simétrica Não
Assimétrica Sim
Reflexiva Não
Irreflexiva Não (FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2016)
QUADRO 16 - Propriedade de objeto “favorece” da ontologia
Propriedade Descrição Domínio Âmbito Inversa Especificações
Favorece
Especifica que determinante favorece um risco
Determinante Risco favorecidoPor
Funcional Não
Funcional Inversa
Não
Transitiva Não
Simétrica Não
Assimétrica Sim
Reflexiva Não
Irreflexiva Não (FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2016)
QUADRO 17 - Propriedade de objeto “favorecidoPor” da ontologia
Propriedade Descrição Domínio Âmbito Inversa Especificações
74
favorecidoPor
Especifica que uma ameaca é favorecida por um determinante
Risco Determinante Favorece
Funcional Não
Funcional Inversa
Não
Transitiva Não
Simétrica Não
Assimétrica Sim
Reflexiva Não
Irreflexiva Não (FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2016)
QUADRO 18 - Propriedade de objeto “desfavorece” da ontologia
Propriedade Descrição Domínio Âmbito
Inversa Especificações
Desfavorece
Especifica que determinante desfavorece um risco
Determinante Risco desfavorecidoPor
Funcional Não
Funcional Inversa
Não
Transitiva Não
Simétrica Não
Assimétrica
Sim
Reflexiva Não
Irreflexiva Não (FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2016)
QUADRO 19 - Propriedade de objeto “desfavorecidoPor” da ontologia
Propriedade Descrição Domínio Âmbito Inversa Especificações
desfavorecidoPor
Especifica que uma ameaca é desfavorecida por um determinante
Risco Determinante
Desfavorece
Funcional Não
Funcional Inversa
Não
Transitiva Não
Simétrica Não
Assimétrica
Sim
Reflexiva Não
Irreflexiva Não (FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2016)
QUADRO 20 - Propriedade de objeto “acompanha” da ontologia
Propriedade Descrição Domínio Âmbito Inversa Especificações
acompanha Especifica que uma ameaça acompana um outra ameaça
Ameaca Ameaca acompanha
Funcional Não
Funcional Inversa
Não
Transitiva Não
Simétrica Sim
Assimétrica Não
Reflexiva Não
Irreflexiva Não
(FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2016)
75
FIGURA 12 - Visualização gráfica das superclasses da ontologia
(FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2016)
5.6.7 Etapa 7: Definição de indivíduos
Indivíduos representam objetos no domínio de interesse (ou domínio do
discurso). (HORRIDGE, M. et al., 2004).
Abaixo os indivíduos atualmente presentes na ontologia, com sua respectiva
configuração:
FIGURA 13 - Visualização gráfica da exposição a riscos
76
(FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2016)
5.7 Consultas e resultados
Para responder as questões de competência da ontologia, é necessário elaborar
consultas após a verificação de um reasoner sobre a mesma. Assim optamos pela
simplicidade da DL query que conseguiu suprir a nossa necessidade em poucas linhas
de código.
Dado o seguinte contexto, um habitante é negro, mora numa região tropical e
sofre de obesidade, as questões de competência podem ser respondidas respectivamente
pelas consultas:
Em quais riscos um conjunto de DSS incidem negativamente?
favorecidoPor
some {Negro, Tropical, 'Massa corporal em obesidade'}
No caso dessa questão o resultado apresentado (FIGURA 14), demonstra as
instancias de risco de contagio por picada, proliferação do Aedes Aegypti, e incidência
de pressão alta, pois, são os riscos relacionados atualmente a esses determinantes na
ontologia.
FIGURA 14 - Resultado apresentado pelo Protégé
77
(FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2016)
Em quais riscos um conjunto de DSS incidem positivamente?
desfavorecidoPor
some {Negro, Tropical, 'Massa corporal em obesidade'}
No caso dessa questão nenhum resultado foi apresentado (FIGURA 15), pois
esses determinantes não influenciam positivamente em nenhum risco instanciado no
momento.
FIGURA 15 - Resultado apresentado no Protégé
78
(FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2016)
Quais ameaças são provenientes de fatores de risco?
providoPor
some {ConsumoExcessivoAlcool, IncidenciaPressaoAlta}
No caso dessa questão o resultado apresentado (FIGURA 16), demonstra a
instancia da ameaça de hipertensão arterial sistemática que é a única relacionada
atualmente a esses determinantes na ontologia.
FIGURA 16 - Resultado apresentado no Protégé
(FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2016)
5.8 Considerações finais
Findando esse capítulo foi possível visualizar a metodologia 101 em prática e
a classificação dos conceitos da saúde no modelo ontológico.
Como conteúdo de interesse a quem necessita modelar uma ontologia, a
exemplificação de classes, propriedades, restrições e indivíduos/instancias se faz muito
importante.
Além é claro, da conclusão do modelo ontológico que pode ser posto em
prática para auxilio nas estratégias de prevenção de ameaças à saúde dos habitantes
brasileiros, cumprindo o objetivo de construir uma ontologia aplicado ao domínio de
79
grupos de risco da hipertensão arterial e do diabetes mellitus, identificando então os
termos envolvidos no conceito de saúde dentro em uma abordagem preventiva.
80
6 FERRAMENTAL PARA DESENVOLVIMENTO DE APLICAÇÕES
SEMÂNTICAS E ONTOLOGIAS
6.1 Sugestões de ferramentas para desenvolvimento
Nas seguintes seções, uma breve descrição das ferramentas sugeridas por
Bittencourt e Isotani (2015, online), onde o relacionamento entre cada ferramenta citada,
está disposto na imagem 17, e por ela é possível se orientar quanto a responsabilidade
de cada uma.
FIGURA 17 - Ferramentas de apoio ao desenvolvimento de ontologias
(FONTE: BITTENCOURT e ISOTANI, 2015)
81
6.2 Plataformas para publicação de dados
Dentre as plataformas para publicação de dados, destacam-se três, sendo elas:
CKAN, Socrata e Junar.
O CKAN é uma plataforma de código aberto para publicação,
compartilhamento, pesquisa e uso de dados. Com o CKAN é possível publicar dados,
por meio de interface Web ou de uma API, permitindo que os mais diversos organismos
(privados ou públicos) utilizem essa ferramenta para publicar suas informações para
toda a sociedade.
O Socrata é uma plataforma para publicação, compartilhamento, pesquisa e
consumo de dados. Que utiliza MongoDB e Elasticsearch e disponibiliza uma API para
a publicação e consumo de dados.
Por fim, o Junar é uma plataforma de código fechado e pago, que cobre
também todas as etapas do processo de publicação de dados.
6.3 Frameworks para manipulação RDF
O Resource Description Framework (RDF) é uma fundação para metadados
de transformação; ele fornece interoperabilidade entre as aplicações que trocam
informações compreensíveis para máquinas na Web. RDF enfatiza instalações para
permitir o processamento automatizado de recursos da Web. (W3C, 1999)
Uma das possíveis notações para se descrever recursos em RDF é a de triplas,
onde cada declaração no grafo é escrita como uma tripla composta de sujeito, predicado
e objeto (LIMA; CARVALHO, 2005), como exibido na Figura 18 abaixo por exemplo:
FIGURA 18 - Declaração de uma tripla RDF
82
(FONTE: LIMA; CARVALHO, 2005)
Para se construir uma aplicação baseada em ontologia são necessários também
frameworks que manipulam triplas RDF, e conexões com bancos de dados RDF. São
destacadas as APIs Sesame e Jena.
Sesame é um arcabouço Java para armazenamento e consulta em dados RDF.
O Sesame é bem extensível e configurável no que diz respeito aos mecanismos de
armazenamento (memória principal, arquivos binários ou banco de dados relacional),
máquinas de inferência com RDF Schema (RDFS), formatos de arquivo de ontologias
(OWL, RDF ou N3) e linguagens de consulta (SPARQL e Sesame RDF query
language).
O Jena é um framework para construção de aplicações semânticas e também
é uma coleção de ferramentas e bibliotecas Java com o objetivo de suportar o
desenvolvimento de sistemas baseados na Web Semântica. A ferramenta inclui: uma
API para leitura e escrita de dados RDF em arquivos; uma API para manipulação de
ontologias em OWL e RDFS; um motor de inferência baseado em regras para raciocínio;
mecanismos de armazenamento de grandes volumes de dados em triplas RDF; e um
motor de consulta conforme a especificação do SPARQL.
6.4 Bancos de dados RDF
Os bancos de dados são responsáveis por armazenar RDF a partir de algum
83
mecanismo.
OWLIM é uma extensão do Sesame que possui uma diversidade de
repositórios semânticos que tem características como: armazenamento de RDF
implementado em Java; alta performance; suporte à inferência das representações RDFS
e OWL; escalabilidade e balanceamento de carga. OWLIM possui três versões de
repositórios:
O Virtuoso é um servidor multiprotocolo que provê acesso ao banco de dados
relacional interno por meio de ODBC/JDBC. Além de possuir um motor de busca SQL.
AllegroGraph é um banco de dados RDF moderno e de alta performance,
possui um mecanismo de persistência que faz uso, de maneira eficiente, da memória em
combinação com o armazenamento interno baseado em disco. Dessa forma,
AllegroGraph pode ser escalado para o armazenamento de bilhões de triplas RDF
mantendo uma boa performance.
6.5 Sistemas de mapeamento objeto-ontologia
Os sistemas de mapeamento objeto-ontologia (OOMS) tem como função
facilitar o desenvolvimento da aplicação semântica, ao permitir que o desenvolvedor
foque na lógica da aplicação. Sem a necessidade escrever códigos para conexão com o
banco de dados RDF nem acessar os dados via triplas RDF, são preservadas as
características de orientação a objetos da linguagem de programação.
Um sistema de mapeamento objeto-ontologia cria classes na linguagem de
programação correspondentes às entidades em uma ontologia. Portanto, instâncias
dessas classes podem ser representadas na aplicação como objetos como o Jastor,
Empire, Alibaba e o JOINT.
Jastor é um gerador de código Java que cria JavaBeans a partir de ontologias
descritas em OWL. Com isso, os desenvolvedores podem convenientemente acessar
uma ontologia armazenada em um modelo do Jena. O Jastor consegue gerar interfaces
Java, suas implementações e fábricas, tudo baseado nas propriedades e hierarquia de
classes descritas na ontologia.
84
Empire é uma implementação da Java Persistence API (JPA) para RDF,
mediante o mapeamento de objeto-ontologia, permitindo consultas de bancos de dados
RDF (armazenamento em triplas) com a linguagem SPARQL ou Sesame SeRQL. O
Empire faz uso da API do Sesame para manipulação em triplas RDF, mas o
desenvolvedor pode configurar um parser para operar o Empire com a API do Jena.
O Alibaba é uma implementação de sistema objeto-ontologia centrada no
sujeito da tripla RDF. Além disso, a ferramenta oferece implementações RESTful de
bibliotecas cliente e servidor para armazenamento distribuído de documentos e
metadados RDF.
O JOINT é um toolkit Java código aberto que oferece um gama de
funcionalidades como, manipulação de ontologias em um repositório, consultas na
linguagem SPARQL e manipulação de instâncias por meio do paradigma de orientação
a objetos. O JOINT fornece uma API para bancos de dados RDF parecida com o
Hibernate para bancos de dados relacionais.
6.6 Editor de ontologias Protégé
O editor de ontologias Protégé é uma plataforma livre, e de código aberto que
fornece uma comunidade de usuários em crescimento, um conjunto de ferramentas para
a construção de modelos de domínio e aplicações baseados no conhecimento com
ontologias. (PROTEGEWIKI, 2016)
Essa ferramenta foi de grande utilidade para a produção do conteúdo do
trabalho pois apresenta uma interface relativamente simples e cumpre excelentemente
seus objetivos. Organiza a estrutura de desenvolvimento de forma simples e até intuitiva.
Possui plug-ins como o OntoGraf que possibilita a visualização gráfica da ontologia
criada, possui também plugins para consultas com SPARQL e DL query, tem várias
opções de reasoners que realizam inferências em OWL-DL e OWL-Lite.
FIGURA 19 - Visualização do Protégé
85
(FONTE: PRÓPRIO AUTOR, 2016)
6.7 Considerações finais
Esse capítulo do trabalho atinge o objetivo de apresentar as tecnologias e
plataformas que podem ser usadas para manter e publicar dados conectados de forma
aberta, bem como o seu suporte em aplicações semânticas.
Esse conteúdo e realmente importante para se ter noção de como usar as
ferramentas disponíveis na comunidade e aliá-las ao desenvolvimento de ontologias a
87
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em resposta as questões de pesquisas propostas pelo trabalho, a explanação
do tema de dados abertos elucidado por situações de compartilhamento de informações
tanto em setores privados, quanto em governamentais, na ótica dos consumidores ou dos
publicadores de conteúdo, pudemos perceber que, no ambiente da saúde, o uso de dados
abertos pode sim elevar o nível de interoperabilidade de dados públicos que auxiliem na
melhoria contínua dos processos de atenção à saúde, pois trabalha focado em resolver
os conflitos de formato de distribuição e também de licenças de uso dos dados.
Já em nível mais técnico é visível também pelo trabalho desenvolvido, sobre
a ontologia que organiza conceitos de determinantes sociais da saúde e fatores de risco,
como a comunidade de usuários finais pode ganhar com o feito, pois um modelo como
este, se implementado como ponto chave do processo de atenção, possibilita melhores
condições de prevenção, válidos para todos os cinco grupos de riscos e de maneira
escalável, onde é possível incluir novas classes de conhecimentos como subclasses
desses contexto principal.
O desenvolvimento deste trabalho proporcionou aos pesquisadores, um
enriquecimento no conhecimento no mundo da Web, em um nível de profundidade
muito interessante, no qual já é esperada a confecção de trabalho futuros que envolvam
o levantamento dos dados legados existentes nesse mesmo âmbito, o mapeamento dos
processos relevantes, uma análise dos sistemas capazes de proporcionar tais dados para
população de ontologias que já estão em funcionamento, e também um estudo dos dados
que hoje não existem nem de maneira estruturada, mas que se fazem necessários para
um melhor atendimento à população, fora a questão tecnológica computacional, o
entendimento de políticas de saúde e os seus fundamentos foram muito interessantes,
pois além desse conhecimento agregado ainda pode mostrar como esta é uma área
carente principalmente no Brasil, quando o assunto é o compartilhamento das
88
informações.
A maior dificuldade foi lidar com a abordagem do trabalho de uma maneira
apenas conceitual, pois muito do que foi estudado não pôde ser aplicado em prática
devido ao viés acadêmico.
Os casos de estudo usados levianamente no estudo foram o diabetes mellitus
e a hipertensão arterial sistêmica que como ameaças, possibilitaram o enquadramento
de fatores de risco e o relacionamento de determinantes envolvidos para a concretização,
onde foi possível notar o afunilamento e individualização dos grupos de riscos.
Fato que já auxiliaria numa análise mais profunda dos indivíduos que estão
sob tais ameaças, otimizando o processo como é notado para a hipertensão e diabetes,
porém para que a ontologia seja aplicável a mais ameaças, e se torne um modelo que
efetivamente aprimore o processo de prevenção, um passo incremental será necessário
para o aperfeiçoamento da ontologia, sendo ele, a inclusão e estudo específico de mais
ameaças como Dengue, Zika, entre outros, e seus fatores de risco e determinantes, para
que essa ontologia possa ser liberada à comunidade como uma ontologia de referência
que se mostre útil na prática..
Finalizando então com um esclarecimento importante, para a aplicação prática
da ontologia apresentada aqui, é também necessário fazer um levantamento de bases de
dados existentes em aplicações voltadas a saúde, e sob responsabilidade ou contrato do
Sistema Único de Saúde, com a identificação de dados que possam se integrar com as
referências da ontologia desse trabalho.
89
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERNERS-LEE, T. 5 Star Open Data, Disponível em: <http://5stardata.info/en/>,
Acesso: 20 de Setembro de 2015.
BIBLIOTECA VIRTUAL DE DIREITOS HUMANOS, Constituição da
Organização Mundial da Saúde (OMS/WHO), 1946. Disponível em:
<http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/OMS-Organiza%C3%A7%C3%A3o-
Mundial-da-Sa%C3%BAde/constituicao-da-organizacao-mundial-da-saude-
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BITTENCOURT, I. I; ISOTANI, S. Dados abertos e conectados, Setembro, 2015,
ceweb.br, Disponível em: <http://ceweb.br/publicacao/livro-dados-abertos/> Acesso:
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BRASIL, Constituição Federal, Seção II DA SAÚDE, Brasília, 1988, Disponível em:
<
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Outubro de 2016.de 2016.
93
APÊNDICES
APÊNDICE A - ARTIGO ........................................................................................... 94
94
APÊNDICE A - ARTIGO
Ontologia para a prevenção de ameaças à saúde do indivíduo
Marcus Bittencourt Silva, Madalena Pereira da Silva
Sistemas de Informação - Universidade do Planalto Catarinense (UNIPLAC)
Av. Castelo Branco, nº 170, Bairro Universitário – Lages – SC – Brasil
[email protected], [email protected]
Abstract. This paper presents an approach to open data in the health area, consisting
of a light and reference ontology with the objective of gathering knowledge about
threats to the health of the individual, and has as interest to promote public policies
to a higher level of prevention. Among the most important points are the form of health
care in Brazil, the motivation to open data, and the process of ontology construction.
For the development of this work, we used the methods of bibliographic research and
the discovery of the concept of health, and the case studies for the threats of arterial
hypertension and diabetes mellitus, the cases for which the ontology was built with a
methodology 101.
Keywords: Open data, Ontology, Health
Resumo. Este artigo apresenta uma abordagem para a abertura de dados na área da
saúde, consistente por uma ontologia leve e de referência com objetivo de reunir
conhecimentos sobre ameaças à saúde do indivíduo, e tem como interesse
impulsionar políticas públicas à um nível maior de prevenção. Dentre os pontos mais
importantes estão, a forma de atendimento à saúde no Brasil, a motivação para se
abrir dados, e o processo de construção da ontologia. Para o desenvolvimento desse
trabalho foram utilizados de pesquisa bibliográfica enquanto descoberta do conceito
de saúde, e estudos de casos para as ameaças de hipertensão arterial e diabetes
mellitus, casos para os quais, foi construída a ontologia com a metodologia 101.
Palavras-chave: Dados abertos, Ontologia, Saúde
1. Introdução
A melhoria contínua dos processos na área da saúde é necessária pelo fato de estar ligada
essencialmente a vida das pessoas, ao bem-estar e qualidade. O crescente conceito de saúde
entre as décadas aumenta a gama de elementos que influenciam negativamente o estado da
saúde, como bem descrito na constituição da Organização Mundial de Saúde, a saúde é um
estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não consiste apenas na ausência de
doença ou de enfermidade. (OMS/WHO, 1946)
95
Então o aprimoramento das técnicas para o atendimento ao indivíduo é necessário,
empregando a melhoria contínua dos serviços, para isso o estudo dos agentes que impactam na
saúde é necessário.
Atualmente a saúde possui inúmeras áreas, pois é pesquisada e compreendida entre
vários fatores que interagem com o indivíduo no ambiente em que habita, muitos fatores se
combinam para afetar a saúde de indivíduos e comunidades. O que qualifica se as pessoas são
saudáveis ou não, é determinado por suas circunstâncias e ambiente. Em grande medida, fatores
como onde vivemos, o estado do nosso meio ambiente, genética, o nosso rendimento, nível de
instrução, e nossos relacionamentos com amigos e familiares, todos têm impactos consideráveis
sobre a saúde, enquanto os o acesso e utilização de serviços de saúde muitas vezes tem menos
impacto. Esses determinantes podem ser distribuídos em ambiente social e econômico,
ambiente físico e características da pessoas e comportamentos.
Os condicionadores da saúde que anteriormente chamamos de determinantes, muitas
vezes estabelecem os grupos de riscos, nos quais os indivíduos são enquadrados, porém, vemos
esses grupos implementados de maneira genérica, e as estratégias de prevenção a saúde são
pouco eficazes pois levam em consideração apenas os mais expostos aos riscos, quando na
verdade os determinantes ou fatores de risco atuam de maneira individual. (PELLEGRINI,
2011)
Como a integração entre esses vários elementos e fatores é complicada, propomos nesse
trabalho a organização de conhecimentos da saúde e a construção de um modelo ontológico,
onde duas questões foram levantadas e serão respondidas.
1) O uso de dados abertos pode resolver o problema da falta de integração de dados
provenientes de sistemas públicos voltados a saúde?
2) A abordagem semântica possibilita a extração de dados contextualizados em grupos de
riscos?
Para responder a tais questões, o artigo está organizado da seguinte forma: a seção 2
aborda o conceito fundamental de saúde e expõe a implementação do atendimento à saúde no
Brasil. Na seção 3 descreve especificamente o conceito de determinantes sociais de saúde e
explica a influência sobre os indivíduos em sociedade. A seção 4 explana como os agentes de
ameaça à saúde são classificados, caracterizando os grupos de riscos ambientais, que podem ser
relacionados aos determinantes sociais, ressaltando como se faz necessário personalizar os
grupos de riscos e direciona-los a mais conjuntos de determinantes individuais, quando
utilizados na atenção à saúde. Partindo dessas considerações, a seção 5 trata de como abrir
dados, descrevendo também motivações, para que na seção seguinte, ou seja a seção 6, mostre
uma maneira ontológica de trabalhar os dados, trazendo consigo a conceitualização dos dados
da saúde num estado que facilite a prevenção da própria saúde do indivíduo. O trabalho é
finalizado na seção 6 onde são apresentados os resultados da pesquisa e as conclusões dos
autores.
2. Saúde no Brasil
A preocupação com a saúde do indivíduo em meio a comunidade já é revelada a algum tempo,
onde BRASIL, Lei Nº 8.080, de 19 de Setembro de 1990 (Art. 2º) determina que a saúde é um
direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao
seu pleno exercício, assim, está instituído no Brasil um dos maiores sistemas públicos de saúde
do mundo. Este abrange desde um simples atendimento ambulatorial até o transplante de
órgãos.
96
O Sistema Único de Saúde está enraizado na ideologia do acesso integral, universal e
gratuito (sus.gov.br, 2015), fato que permite a sincronização entre as atividades da organização,
porém, hoje, praticamente inexistente; Especificamente falando da reutilização de dados, isso,
na maioria das vezes caracteriza a indisponibilidade da informação de determinada instituição,
inviabilizando o seu uso em outra, não permitindo então a colaboração ou cooperatividade.
Um prévio conhecimento dos influentes, segundo a redação dada por BRASIL, pela Lei
nº 12.864, de 2013 ao Art. 3º da Lei Nº 8.080, de 19 de Setembro de 1990, diz que os níveis de
saúde expressam a organização social e econômica do País, tendo a saúde como determinantes
e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio
ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física, o transporte, o lazer e o acesso aos
bens e serviços essenciais, podemos chamar esses diversos condicionantes de determinantes
sociais da saúde.
3. Determinantes sociais da saúde
Para Buss e Pellegrini (2007), as diversas definições de determinantes sociais de saúde (DSS)
expressam, em nível de detalhes que as condições de vida e trabalho dos indivíduos e de grupos
da população estão relacionadas com sua situação de saúde, como Paim (2012) explica que os
DSS são considerados as “causas das causas” da saúde, doenças e agravos. Podendo ser
classificados como proximais, intermediários e distais, e gerando efeitos positivos (promoção
da saúde e da qualidade de vida) ou negativos (riscos, doenças e agravos) na saúde do indivíduo
ou grupo. De maneira objetiva, Tarlov (1996, p.72) diz que, os DSS são características sociais
pelas quais a vida flui, elencando quatro grupos principais: genética e biologia, cuidados
médicos, fatores de risco comportamentais, e características sociais.
Assim esses elementos determinam as condições de saúde do indivíduo, onde através
do modelo de Delgren e Whitehead na Figura 1, podemos identificar a extensão e as categorias
dos DSS.
Figura 1. Determinantes sociais de Delgren e Whitehead (BUSS; PELLEGRINI, 2007)
97
Paim (2012) esclarece que na primeira camada, a mais interna, como o núcleo do
modelo estão as características individuais de cada pessoa, como idade, sexo, fatores genéticos
que marcam o nosso potencial e nossas limitações para manter a saúde ou adoecer.
Na segunda camada, a de estilo de vida está o comportamento do indivíduo frente a
saúde, é ela que faz o intermédio entre os DSS e os fatores individuais, ou seja, é dessa maneira
que existe a interação das suas limitações e especificidades como individuo com o acesso a
informação, alimentação saudável e espaços de lazer, aqui fica exposto o livre arbítrio do
indivíduo restrito a seu ambiente de vida.
A terceira camada, “Redes sociais e comunitárias” eleva o nível de relação da saúde do
indivíduo para a comunidade como um todo. Mostra a influência da saúde pública, sendo elas
redes comunitárias e de apoio, expressando o nível de coesão social.
A quarta camada, “Condições de vida e de trabalho”, pode ser definida primordialmente como
o acesso aos serviços essenciais, disponibilidade de alimentos, educação. Essa camada pode
indicar os diferenciais de exposição e de vulnerabilidade aos riscos de saúde.
A quinta e última camada estão as condições socioeconômicas, culturais e ambientais,
que tem por objetivo agregar os determinantes que possuem grande influência sobre as camadas
inferiores.
Os determinantes sociais da saúde serão relacionados aos grupos de riscos neste
trabalho, estabelecendo uma categorização dos determinantes, para que seja possível elencar
ameaças geradoras de risco.
4. Grupos de riscos
Como mencionado anteriormente, os grupos de riscos são o enquadramento dos indivíduos
frente à ameaça que o cerca, mas fazendo uma análise mais aprofundada mediante pesquisa
bibliográfica, eles categorizam-se em cinco grupos: físicos, químicos, biológicos, ergonômicos
98
e acidentais. Os riscos ambientais são capazes de causar danos à saúde e a integridade física do
trabalhador em função de sua natureza, concentração, intensidade, suscetibilidade e tempo de
exposição.
Exemplificando os grupos de riscos, para os riscos físicos podemos citar agentes como:
ruídos, vibrações, calor, radiações, umidade, frio. Para os riscos químicos, poeiras minerais,
poeiras vegetais, poeiras alcalinas, fumos metálicos, névoas, gases, entre outros compostos.
Para os riscos biológicos, vírus, bactérias, protozoários, fungos, bacilos e parasitas. Para os
riscos ergonômicos, esforço físico, levantamento e transporte manual de pesos, exigências de
postura, ritmos excessivos, trabalho de turno noturno, monotonia e repetitividade, jornada
prolongada, controle rígido de produtividade. Para os riscos acidentais, arranjo físico
inadequado, máquinas sem proteção, iluminação deficiente, ligações elétricas deficientes,
armazenamento inadequado, ferramentas defeituosas ou inadequadas, equipamentos de
proteção individual inadequados, e até mesmo a presença de animais peçonhentos. (SANTOS,
s. d. online)
Todos esses agentes de risco incidem sobre a saúde do indivíduo, e se tratando de riscos
ambientais e uma correlação com o assunto de determinantes sociais é passível de ser realizada
no momento em que analisamos as consequências dos agentes presentes em cada grupo de
riscos ambientais, e por isso se torna nosso objeto de atenção nesse momento. A importância
dessas informações vem de encontro com a quarta camada do modelo de determinantes sociais
de Delgren e Whitehead, que principalmente indica os diferenciais de exposição e de
vulnerabilidade aos riscos de saúde.
Fica claro com a exploração da saúde por meio do descrito, que existe uma quantidade
massiva de dados a se trabalhar nesse âmbito, sejam eles estruturados ou não, o cenário
extremamente complexo de atenção à saúde, exige uma boa análise e avaliação dos dados
trabalhados, para que seja possível otimizar o processo como todo, sendo então, os dados uma
parte fundamental do processo de prevenção.
5. Como e por que abrir dados
Casualmente ouvimos falar de dados, informações, ou explicitamente conjuntos de
conhecimento, aos quais estamos imersos, e passam a ser comuns. Já são tão habituais na nossa
rotina, que não nos damos conta de como todo o processo de transferência de informação
ocorre.
A habilidade da comunicação é avançada em suas mais diversas formas e imersiva, onde
podemos citar meios de comunicação como redes sociais, sistemas colaborativos, sistemas
operacionais inteligentes, entre outros, que na maioria das vezes não existe uma necessidade
imediata para o uso de um estudo aprofundado.
O conceito de dado até mesmo para aqueles diariamente alocados no estudo das
Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) é algo subutilizado. Então é importante
destacar a importância desses fragmentos de informação.
Os dados ou fragmentos de informação podem ser entendidos como um valor qualquer,
desconexo ou descontextualizado. Os dados compõem a base de uma informação que apenas
se torna informação após o estabelecimento de relações entre os dados que a compõe,
posteriormente informação gera conhecimento e conhecimento gera sabedoria.
De maneira geral encontramos valor de negócio, ou utilidade para dados quando eles
estão sob a perspectiva que desejamos analisar, sendo assim o domínio de conhecimento se
99
limita as nossas necessidades, e o emprego dos dados que geramos não transcende o domínio
em que se encontra.
O interesse dessa colocação é revelar de que forma os dados produzidos podem ser
melhor aproveitados com a sua publicação, para outras comunidades de usuários que não a
originária, fazendo uso do conceito de Dados abertos.
Dados são abertos quando qualquer pessoa pode livremente usá-los, reutilizá-los e
redistribuí-los estando sujeito a, no máximo, a exigência de creditar a sua autoria e compartilhar
pela mesma licença” (PORTAL BRASILEIRO DE DADOS ABERTOS, s.d., online)
Os mais diversos motivos podem ser encontrados para abrir um conjunto específico de
dados, mas, no geral os dados são abertos por três principais motivos em comum para quase
qualquer tipo de dado. Ainda seguindo o pensamento da Open Knowledge Foundation (s.d.,
online) são eles:
Transparência: exibir dados governamentais ou de interesse dos cidadãos de uma nação,
auxiliando a população a participar de um governo democrático, pois na democracia é
necessário que a população acompanhe o gerenciamento dos recursos da sociedade.
Liberar valor social e econômico: esse motivo torna-se óbvio no momento em que os
dados abertos passam a ser reutilizados. Os dados são recursos fundamentais para
atividades econômicas e sociais, esses blocos de conhecimento são usados para gerar
novos serviços, produtos, ou soluções, agregando valor, que tem impacto diretamente
na sociedade em caráter evolutivo, seja para melhoria de qualidade de vida, mais
conforto ou o combate à desigualdade.
Participação, engajamento ou assiduidade: este é um outro motivo que influencia
diretamente nos modelos de governo, governança em órgãos públicos e organizações, sejam
elas com ou sem fins lucrativos. Nesse ponto a liberação dos dados visa promover um
acompanhamento direto dos envolvidos ou interessados, qualifica a informação de fonte segura
e confiável, ao qual qualifica os informados sobre o que acontece num determinado processos
ou tomada de decisão, garante que os interessados estão participando, não somente
acompanhando informações, mas até mesmo com a possibilidade de contribuir em meio ao
processo. Isso trata de cidadãos diretamente envolvidos em seu Governo e Estado, ou da
colaboração em entidades privadas ou filantrópicas. O motivo resgata plenamente os direitos
de participação da sociedade nos elementos que a rege.
A natureza dos dados abertos é tida a partir de três pontos principais (W3C, 2011,
p.13):
Disponibilidade e acesso, o dado precisa estar disponível por inteiro e por um custo razoável
de reprodução, preferencialmente por meio de download na Internet; também deve estar num
formato conveniente e modificável.
Reuso e redistribuição: o dado precisa ser fornecido em condições que permitam reutilização
e redistribuição, incluindo o cruzamento com outros conjuntos de dados.
Participação universal: todos podem usar, reutilizar e redistribuir, não havendo discriminação
contra áreas de atuação, pessoas ou grupos (não são permitidas restrições como “não
comercial”, que impedem o uso comercial, e restrições de uso para certos fins, como “somente
educacional”).
100
E quanto aos tipos de dados eles podem ser (OPEN KNOWLEDGE FOUNDATION, s.
d. online):
Culturais: dados sobre trabalhos culturais e artefatos - por exemplo títulos e autores -
geralmente coletados e mantidos por galerias bibliotecas, arquivos e museus.
Científicos: dados produzidos como parte de pesquisas científicas desde a astronomia até a
zoologia.
Financeiros: dados provenientes de contas do governo, como despesas e receitas, informações
e comportamentos de mercados financeiros como (ações, obrigações, índices e etc..)
Estatísticos: dados produzidos por escritórios de pesquisa estatística e sensos entre indicadores
chave socioeconômicos de um país ou região.
Climáticos: os muitos tipos de informações utilizados para entender fatores climáticos e prever
ações do tempo e clima.
Ambientais: dados que revelam a presença e quantidade de poluentes na natureza e sobre a
ação do homem sobre ela, podem demonstrar também a qualidade da água em rios e praias,
bem como conjuntos de informações sobre ecossistemas ou biomas.
Do transporte: dados sobre itinerários, rotas e estatísticas de em tempo real, sejam eles de
transportes públicos (ônibus, avião, trem, metrô) ou de serviços individuais (taxi, Uber, etc.).
Os dados são meramente sem valor se não forem reutilizados, em novas áreas ou de
novas formas, por isso é indicado comunicar os potenciais interessados que a abertura dos dados
foi realizada e estão disponíveis. O guia Open Data Handbook (s.d., online) dá algumas dicas
para aqueles que abriram dados: Certificar-se de divulgar uma campanha para promover os
dados abertos na área de responsabilidade em que se está abrindo dados, ou seja, difundir em
comunidades focadas a vontade ou necessidade de abrir dados. Ao abrir alguns conjuntos de
dados, é interessante gastar um pouco mais de tempo para garantir que as pessoas saibam (ou
ao menos possam descobrir) que isso foi realizado.
Também é muito interessante usar do 5-star open data, modelo de maturidade criado
por Berners-Lee, O esquema é relativamente simples de ser compreendido, quanto mais
estrelas, mais complexa é a etapa. Cada uma delas sugere um formato (ou categoria de formato),
conforme ilustra a Figura 2.
Figura 2. Dados abertos cinco estrelas (5stardata.info, s. d., online)
101
A primeira etapa diz, torne seus recursos disponíveis na Web (tanto faz o formato) sob
uma licença aberta, exemplificada na imagem como PDF. A partir daí, já é possível seguir para
a segunda etapa, com mais segurança, ou seja, torne seus recursos disponíveis como dados
estruturados (ex. Excel no lugar de imagem digitalizada por scanner) ganhando mais uma
estrela. A terceira consiste em utilizar formatos não proprietários, como CSV e não Excel. Na
quarta estrela já é necessário identificar seus recursos, conjuntos de informações ou dados
primários utilizando URIs. Isso ajudará as pessoas a ligarem seus dados a outras informações,
sendo esta uma das formas de publicação. A última etapa então, é conectar seus dados com os
dados de outras entidades (pessoas, empresas, organizações, etc.), isso proverá contexto de uma
forma mais rica.
Com a abertura de dados, uma ferramenta objetiva pode cruza-los com outros dados,
gerando valor a mesma comunidade de interesse ou até mesmo em uma nova comunidade. Na
maioria das vezes essas informações já são publicadas sob uma visão aberta, porém, a
problemática está exclusivamente no formato de disponibilização que impede a
interoperabilidade de um serviço de qualquer categoria, seja ele privado, público ou pessoal,
onde a reutilização de informações está reduzida como por exemplo em itinerários de
transportes públicos (ônibus, metrô, etc.).
Nesse momento é necessária uma modelagem específica para que o cruzamento dos
dados seja realizado, e para que agregue valor a todos que desejam usa-los e sem limitações,
impostas por formatos e licenças. Uma boa forma de tratar os dados nesse caso é por ontologias,
que por sua vez especificam domínios de conhecimento.
5. Construção da ontologia
O termo ontologia é definido por Gruber (1993) como uma especificação formal explícita de
uma conceitualização compartilhada. Já no contexto das ciências da informação, uma
ontologia define um conjunto de primitivas de representação para modelar um domínio de
conhecimento.
102
Os elementos primitivos de representação são classes (ou conjuntos), atributos (ou
propriedades), e relacionamentos (ou relações entre os membros da classe).
As definições dos elementos primitivos de representação incluem informações sobre o
seu significado e as restrições sobre a sua aplicação logicamente consistente.
Ontologias são tipicamente especificadas em linguagens que permitem a abstração
distantes de estruturas de dados e estratégias de implementação, assim, na prática, as ontologias
estão mais próximas ao poder expressivo para a lógica de primeira ordem do que as linguagens
utilizadas para modelar bancos de dados.
Desse modo, as ontologias são empregadas em integrações de bancos de dados
heterogêneos, permitindo a interoperabilidade entre sistemas diferentes, e especificam
interfaces para serviços independentes baseados no conhecimento. (GRUBER, 2009)
De uma maneira mais simplista e prática uma ontologia é um conjunto de axiomas que
fornecem afirmações lógicas sobre as classes, indivíduos e propriedades e usando um software
reasoner é possível inferir fatos implícitos contidos nas ontologias, não somente sobre classes,
indivíduos e propriedades, mas também de regras e relações. (KUBA, 2012)
Dentre os vários tipos de ontologias que podem ser criados, podemos simplificados com
duas características principais, sua expressividade e propósito.
Definem os autores (BITTENCOURT; ISOTANI, 2015) que quanto ao propósito elas
podem ser leves ou pesadas, onde as ontologias leves (lightweight ontologies) são aquelas que
não se preocupam em definir detalhadamente cada conceito representado. O destaque das
ontologias leves é pra a taxonomia que representa hierarquicamente os conceitos.
Ontologias pesadas ou densas (heavyweight ontologies) enfocam não apenas a
taxonomia, mas também a representação rigorosa da semântica entre os conceitos. A
organização dos conceitos baseados em princípios bem definidos, uma definição formal da
semântica entre os conceitos e suas relações, são fundamentais.
Figura 3. Fundação e tipos de ontologia (BITTENCOURT; ISOTANI, 2015)
103
A metodologia 101 é a mais utilizada atualmente para o desenvolvimento de ontologias
e adotamos este método para a construção da ontologia. (BITTENCOURT; ISOTANI, 2015,
online)
Como ilustrado abaixo na Figura 4, a metodologia 101 auxilia a organização dos
elementos na ontologia e os domínios de conhecimento usados para as relações semânticas e se
divide em sete etapas que estão são envolvidas em um ciclo de melhoria contínua para o
aperfeiçoamento da ontologia construída, sendo as etapas: determinar escopo, considerar reuso,
enumerar termos, definir classes, definir propriedades, definir restrições, criar instancias.
Figura 4. Etapas da metodologia 101 (BITTENCOURT; ISOTANI, 2015)
104
Quanto a classificação da nossa ontologia podemos dizer que se trata de uma ontologia
de expressividade fraca, pois está focada na taxonomia dos determinantes sociais da saúde, e
busca construir uma base que suporte futura expansão em suas classes.
A ontologia produzida neste trabalho compreende três domínios: ameaças, riscos,
determinantes. O propósito da ontologia é indicar riscos a partir dos determinantes envolvendo
um indivíduo, engajando o mesmo, em grupos de risco de doenças de maneira personalizada, e
dinâmica, avaliando o relacionamento do indivíduo com seus determinantes de saúde. É
necessário notar que os determinantes de saúde estão obtidos a partir do próprio indivíduo,
baseado no modelo de Delgren e Whitehead, e não de uma visão comum de políticas de atenção
elaboradas sob características de grupos de indivíduos.
Para o domínio de riscos, o escopo delimita-se a apenas as cinco classes de riscos
ambientais, que irão prover uma maneira de interligar categoricamente os elementos adjacentes
da saúde, que inferem diretamente no individuo, seja ele o ambiente, uma ameaça, um fator,
um risco, ou até mesmo uma consequência. Seu propósito é dar maior significância ás instâncias
de dados pelo agrupamento em categorias de risco, é um efeito de sumarização de dados.
105
Figura 5. Mapa conceitual da ontologia de grupos de riscos (PRÓPRIO AUTOR, 2016)
Para o domínio de ameaças, as doenças, síndromes, agravos, e seus elementos
geradores, foram todos sintetizados em um só vetor de determinantes negativos a saúde de
individuo.
Figura 6. Mapa conceitual do domínio de ameaças à saúde (PRÓPRIO AUTOR, 2016)
Para o domínio de determinantes, o modelo de DSS completo de Delgren e Whitehead,
sendo essencial para identificação e descrição dos influenciadores na saúde do indivíduo, seu
papel é registrar por completo quais incidentes elevam ou denigrem a saúde do indivíduo.
Figura 7. Mapa conceitual do domínio de determinantes (PRÓPRIO AUTOR, 2016)
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A partir os refinamentos de conceitos e da análise de como estes podem se relacionar a
Figura 8 foi elaborada para visualmente relatar a especificação dos vínculos mais concretos
presentes na ontologia. A presença de tais relacionamentos demonstra a assertividade da
ontologia.
Figura 8. Relacionamentos assimétricos dos domínios da ontologia (PRÓPRIO AUTOR, 2016)
Como resultado final obtemos a taxonomia dos domínios demonstrada na Figura 9,
Figura 9. Visualização gráfica das superclasses da ontologia (PRÓPRIO AUTOR, 2016)
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6. Resultados
Como proposto pelo trabalho, a explanação do tema de dados abertos elucidado por
situações de compartilhamento de informações tanto em setores privados, quanto em
governamentais, na ótica dos consumidores ou dos publicadores de conteúdo, pudemos
perceber que, no ambiente da saúde, o uso de dados abertos pode sim elevar o nível de
interoperabilidade de dados públicos que auxiliem na melhoria contínua dos processos de
atenção à saúde.
Já em nível mais técnico é visível também pelo trabalho desenvolvido, sobre a ontologia
que organiza conceitos de determinantes sociais da saúde e fatores de risco, como a comunidade
de usuários finais pode ganhar com o feito, pois um modelo como este se implementado como
ponto chave do processo de atenção, possibilita melhores condições de prevenção, válidos para
todos os cinco grupos de riscos apresentados exaustivamente durante o trabalho.
Os casos de estudo usados levianamente no estudo foram o diabetes mellitus e a
hipertensão arterial sistêmica que como ameaças, possibilitaram o enquadramento de fatores de
risco e o relacionamento de determinantes envolvidos para a concretização, onde foi possível
notar o afunilamento e individualização dos grupos de riscos. Fato que já auxiliaria numa
análise mais profunda dos indivíduos que estão sob tais ameaças otimizando o processo, porém
para que a ontologia seja aplicável a mais ameaças, e então se torne um modelo que
efetivamente aprimore o processo de prevenção, a inclusão de mais determinantes relacionados
a outras ameaças é necessário, obrigando também o estudo dessas outras ameaças, como por
exemplo, Dengue, Zika e outros, como é um modelo genérico se propõe a atender todo tipo de
ameaça que incida negativamente na saúde do indivíduo. Fica então como próximo passo para
o trabalho, a inclusão e estudo específico de mais ameaças, fatores de risco e determinantes.
Finalizando então com um esclarecimento importante, para a aplicação prática da
ontologia apresentada aqui, é também necessário fazer um levantamento de bases de dados
existentes em aplicações voltadas a saúde, e sob responsabilidade ou contrato do Sistema Único
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de Saúde, com a identificação de dados que possam se integrar com as referências da ontologia
desse trabalho.
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