RELATÓRIO
ECONTRO DOS PESCADORES DO MADEIRA
Projeto: Ciência Cidadã para Amazônia
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Organizado por: Ação Ecológica Guaporé e Laboratório de Ictiologia e Pesca da Universidade
Federal de Rondônia
Porto Velho, Junho de 2019
Apoiadores:
● Wildlife Conservation Society (Brasil e Peru)
● Fundação Moore
Coordenação:
• Dr. Carolina Rodrigues da Costa Doria. Laboratório de Ictiologia e Pesca, Departamento
de Biologia, Universidade Federal de Rondônia
• Ms. Igor Rechetnicow Alves Sant’Anna, Laboratório de Ictiologia e Pesca da
Universidade Federal de Rondônia
Equipe de apoio:
• Danielle Mendonça Pinto, Estudante do Curso de Ciências Biológicas da Universidade
Federal de Rondônia. Bolsista FAPERO.
• Tiffany Vilca Wanderley, Estudante do Curso de Ciências Biológicas da Universidade
Federal de Rondônia. Bolsista Ciência Cidadã.
• Dayana T. Brito Santos Catâneo, Estudante do Programa de Pós-Graduação em
Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente. Bolsista CAPES.
• Keile Alves Fonsêca, Técnica da Curadoria das coleções Zoológicas na Universidade
Federal de Rondônia. Bolsista FAPERO.
• Marcela Alvares Oliveira, Estudante do curso de Doutorado em Biodiversidade e
Biotecnologia – Rede BIONORTE.
Local do evento:
Seminário e treinamento: Centro de Cultura e Formação Kanindé, Porto Velho, Rondônia
Citação: Doria, C. R. C.; Sant’Anna, I. R. A. Wanderley, T. V.; Pinto, D.M; Fonseca. K. A.;
Catâneo, D.T. B.S. Encontro dos Pescadores do Madeira. Projeto Ciência Cidadã para Amazônia.
Ecoporé/LIP/UNIR. Porto Velho, Junho de 2019.
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Índice
Apresentação e objetivos
Agradecimentos
Programação do Evento
Registro das atividades
Reporte e avaliação
Lista de presença do evento
Referencias
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ENCONTRO DOS PESCADORES DO MADEIRA
CIÊNCIA CIDADÃ PARA A AMAZÔNIA
Apresentação
Pescadores, sociedade civil e universidades discutem monitoramento pesqueiro
na Bacia do Rio Madeira
Uso e aplicações do aplicativo Ictio foram destaque durante evento
A Ecoporé, em parceria com a WCS Brasil, Laboratório de Ictiologia e Pesca da
Universidade Federal de Rondônia, promoveu o “Encontro de Pescadores da Bacia do
Madeira - Ciência Cidadã para a Amazônia”, em Porto Velho, durante os dias 1 e 2 de
junho, e reunira 30 pescadores do Brasil, Bolívia e Peru, que atuam na Bacia do rio
Madeira, além de representantes da sociedade civil e universidades, para troca de
experiências e reflexão sobre a primeira etapa do monitoramento pesqueiro através do
aplicativo Ictio e a importância do Projeto Ciência Cidadã para a Amazônia.
Durante o evento foram discutidas a experiência de monitoramento de pesca com o
Ictio, a coleta e visualização de dados, as possibilidades de uso dos dados; além de
futuras colaborações entre pescadores e entidades. O Ictio é uma ferramenta digital que
registra observações de peixes capturados na Bacia Amazônica através da colaboração
das populações locais, indígenas, pescadores individuais e organizados em
associações, grupos de manejo, pescadores esportistas, cientistas e qualquer cidadão
que deseje colaborar.
O Ictio foi lançado para a comunidade do Projeto Ciência Cidadã para Amazônia em
julho de 2018. Até fevereiro de 2019, foram feitos 2.344 registros ao longo de 41 bacias
hidrográficas. Vinte espécies de peixes migradores na Amazônia são o foco desta
iniciativa. Estas espécies são especialmente importantes porque representam 80% das
capturas comerciais, além de garantirem a segurança alimentar e também serem fonte
de renda para pescadores ribeirinhos e urbanos.
A plataforma online de Ictio também tem a capacidade de compilar registros de outros
sistemas de monitoramento que utilizem outras ferramentas, como fichas e
questionários para compilar dados de pesca. Com toda informação coletada, o projeto
buscará aprofundar a compreensão sobre os padrões de migrações dos peixes mais
importantes na Amazônia, com o objetivo de que o conhecimento gerado contribua para
o manejo sustentável da pesca e a preservação dos ecossistemas aquáticos prioritários.
Desenvolvido pelo Cornell Lab of Ornithology em parceria com a WCS, o app e
plataforma Ictio contam com a colaboração de uma rede de mais de 30 organizações
que fazem parete do Projeto Ciência Cidadã para a Amazônia . O projeto conta com o
apoio da Fundação Gordon e Betty Moore.
Texto: Mariana Pupo
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ENCONTRO DOS PESCADORES DO MADEIRA
CIÊNCIA CIDADÃ PARA A AMAZÔNIA
Objetivos do evento
Reunir a pescadores de para reconhecer e valorizar suas experiências de monitoramento
pesqueiro para a tomada de decisões e fazer uma reflexão sobre a importância do Projeto
Ciência Cidadã para a Amazônia na realidade do rio Madeira.
Objetivos específicos:
1) Promover a interação entre os usuários para que compartilhem suas experiências com
o monitoramento pesqueiro;
2) Reflexionar sobre o projeto de Ciência Cidadã na Amazônia (peixes, água a
importância da escala).
3) Apresentar os dados e discutir o uso de destes;
4) Promover a coleta de dados usando o aplicativo Ictio;
5) Explorar possibilidades para colaboração futura.
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Agradecimentos
O presente relatório retrata o que foi apresentado e discutido durante o evento. É fruto do
esforço e colaboração de todos que participaram ativamente do evento (palestrantes, de
representantes da sociedade civil, pescadores, indígenas e estudantes), que vieram de
diferentes regiões da bacia do Madeira (Brasil, Bolívia e Peru), para compartilhar suas
experiências e buscar uma construção coletiva para a sustentabilidade da pesca na bacia
do Madeira.
Nossos sinceros agradecimentos aqueles que atravessaram rios e mares para se fazer
presente no evento, e que permitiram a criação e fortalecimento da rede de pescadores do
Madeira.
Obrigada, grato
Dra. Carolina R. C. Doria & Ms. Igor Rechetnicow Alves Sant’Anna
Coordenadores do Evento
ECOPORÉ e LABORATORIO DE ICTIOLOGIA E PESCA /UNIR
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PROGRAMAÇÃO DE EVENTO
Hora Dia 31 de maio Observação e detalhamento
17:00 Recepção de chegada dos participantes Apresentação do lugar e das acomodações
18:00 – 19:30 Boas vindas e interação dos
participantes -
Dinâmica de integração grupal
Agrupa os quem compartilham a mesma área, o
que é que mais pescam, como pescam, quem
está usando o aplicativo, quem são os que têm
mais experiência fazendo monitoramento.
Dia 1 de junho
am 9-13 (4 horas)
20' Dinâmica de integração grupal Dinâmica de integração: Cada um(a) se
apresentar a pessoa que está ao lado.
20’ Objetivos, expectativas dos
participantes, metodologia e acordos de
convivência
Registro das Expectativas na árvore. O êxito do
evento depende de todos os participantes.
50' Palestra Gina Leite: Visão de Ciência
Cidadã na Amazônia
Reflexão: Qual é a relevância para eles
do que ouviram?
Pergunta: O que nós ouvimos? O que nos
anima? Qual é a relevância para nós? Como eu
poderia fazer parte disso?
Plenária de reflexões
11:30 Descanso + café
11:50 Palestras sobre a situação da pesca na
bacia do Madeira
Carolina Rodrigues daCosta Doria
11:50 Importância do Monitoramento
pesqueiro
Guilhermo Estupiñan
15' Palestras dos pescadores: Encontro de
Mamirauá, Cobija e Gestão de Conflitos
Pescadores e comunitários participantes de
cursos e eventos antes do Encontro
10' Estudo da Migração da Dourada e
importância da participação dos
pescadores
Marilia Hauser
10' Estudo sobre Percepção dos pescadores
sobre as mudanças na pesca
Igor Rechetnicow Alves Sant’ Anna
10’ Estudo sobre as mudanças no ambiente
e na alimentação dos peixes
Tais Melo da Silva
10' Situação do Pirarucu em Rondônia Dayana T. Brito Santos Catâneo
10' Resultados do uso do Ictio no Madeira
em Rondônia
Carolina Rodrigues da Costa Doria
10' Reflexão em pequenos grupos Listar três pontos que viram como mais
interessantes
10 Plenária Apresentação dos pontos principais
30 Preparação dos pôsteres/cartazes.
Perguntas guia: Qual a importância do
monitoramento para sua comunidade?
O que vocês gostariam de conhecer?
Qual é hoje o principal problema da
comunidade? Esses dados poderiam resolver?
13:00 - 14:30 Almoço
Feira de ideias Formar grupos de acordo com as localidades
60' Mercado de ideias 1 5 grupos - Cada participante terá 10’ em cada
banca
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60" Mercado de ideias 2 Semelhante ao Mercado 1
30’ Reflexão da plenária Como nos sentimos? O que temos aprendido?
Estamos alinhados com as expectativas?
16:30 - 16:50 Descanso + café
10 Depoimentos dos pescadores do
Madeira CC
5 Vídeo como criar conta no aplicativo
40' Treinamento sobre o aplicativo. Guiado por Tiffany Vilca Wanderley
30 Video Aquakit, treinamento a respeito
do uso do kit para análise de água.
20:00 Jantar
Atividade cultural - Livre para cada
grupo apresentar sua cultura
Hora Dia 2
am 8:00-13 (5 horas)
10" Gerônimo - Colônia Z-2 Situação atual em Guajará-Mirim
10" Fio condutor do dia anterior
30’ Plenária – Sobre o uso dos dados? Como vocês pensam em usar os dados?
30’ Ideias para continuar a colaboração Como pode ser feito no futuro?
10:00 - 10:20 Descanso + Café
30' Avaliação individual Ficha de avaliação - papel
40’ Avaliação em grupo Já atendemos as expectativas com as quais
vocês chegaram?
45’ Sorteio dos presentes
Entrega de certificados Todos entregam os certificados entre si
Finalização - Palavras finais
12:30 Almoço
14:30 - 15:30 Passeio de Barco no Rio Madeira
16:00 Retorno para casa
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REGISTRO DAS ATIVIDADES
1- Credenciamento e origem dos participantes:
O encontro reuniu pescadores de subsistência, comerciais e indígenas dos três
países que compõe a bacia do rio Madeira (Figura 1). Além de representantes das
universidades e da Sociedade civil, e do governo local. De acordo com o registro a
origem dos participantes:
Brasil:
• São Carlos: 3
• Brasileira: 2
• Novo Engenho Velho: 1
• Vila Teotônio: 2
• Porto Velho: 6
• Abunã: 1
• Iata: 1
• Guajára Mirim: 3
• Tefé, Mamirauá: 2
• Santarém
Bolívia:
• Puerto Villarroel: 2
• Cachuela Esperanza: 1
• Cochabamba: 2
• Trinidad: 1 Peru:
• Madre de Dios: 3
• San Diego Zoo: 3
Figura 1. Participantes do encontro no bosque do Centro de Cultura e Formação Kanindé
(esq), e reunidos no auditório (dir).
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2 – Interação dos participantes: atividade com maquete da bacia do rio
Madeira
Nessa atividade utilizamos uma maquete da bacia do rio Madeira, com parte dos
três países na qual ela está inserida, mostrando os rios, as florestas, as cordilheiras dos
Andes, a capital de Rondônia e uma das UHEs (Figura 2)
Com o objetivo de promover a interação entre os participantes todos, no
credenciamento, receberam seu nome preso ao um palito, e foram orientados para fixar
seu palito no seu local de origem e falar sobre: o que é que mais pescam, como pescam,
quem está usando o aplicativo, quem são os que têm mais experiência fazendo
monitoramento. Dos presentes, 11 responderam que já usam o ICTIO. Nessa atividade
eles puderam evidenciar que compartilham uma mesma área. Ao final abrimos para
reflexão dos participantes com a pergunta guia: O QUE NOS UNES?
Resumidamente responderam que estão unidos pelo (a):
- pesca ou oficio de pescar;
- recursos naturais comum da bacia;
- peixes migratórios;
- usinas e pelos problemas que eles causam na bacia toda.
Figura 2. Reflexão sobre os pontos de união entre os participantes do encontro na Bacia
do Madeira.
3- Expectativas do evento: Árvore de expectativas
Os participantes foram convidados a colocar suas expectativas para com o evento em
papelotes verdes, representando a esperança (Figura 3), e apresentar ao grupo.
Segue a lista de expectativas registradas:
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o Conhecer mais sobre a pesca e
conhecer mais pessoas (A & J, pescadoras de
Brasileira, Brasil).
o Socializar informações (M.A., Prof.
UFAM- Humaitá).
o He venido a escuchar de donde vienem
los peixes (R, pescador Peru).
o Yo lo mas importante e sobre si se esta
estudiando el agua y el cambio climático. Os que
fazem os três países pelo rio e clima.
Participação da comunidade pescadora (W,
pescador no Peru).
o Qual espécie que produz mais no
Teotônio, preço e tamanho, e espera
compartilhar os mesmos dados com outras
comunidades, especialmente o preço. Conhecer
a produção de cada região (J E, pescador de Vila
Teotônio, Porto Velho, Brasil).
o Compartilhar experiências com
pescadores da bacia amazônica (O, pescador de
Puerto Villarroel, Bolívia).
o Conhecimento e habilidades de cada
região para que possamos desse encontro
fortalecer nosso conhecimento, união,
associações e posteriormente compartilhar com
a sua comunidade (M R, pescador da RDS
Mamirauá, Tefé, Brasil).
o Mostrar a todos os pescadores que
contribuíram com o estudo da dourada a
importância da união para o fortalecimento do
trabalho (M H, professora, Brasil).
o Progresso com o aplicativo, impactos e
reivindicar os direitos devido aos impactos
causados pelos empreendimentos hidrelétricos.
Necessidade do apoio das instituições para a
continuação da pesca artesanal, ainda mais
frente as mudanças tecnológicas (M S, pescador
de São Carlos, Brasil).
o Entender o desaparecimento dos
grandes bagres no Peru e se os outros locais
passam pelo mesmo problema (C, pescador
Peru).
o Esperança de melhoria para
comunidade (J M, pescador e presidente da
Associação em Novo Engenho Velho, Brasil). o Aprender sobre a pesca nos diversos
país, formar uma rede de pescadores do
Madeira, aprender sobre o uso do Ictio – como
podemos melhorar o aplicativo? (G, WCS).
o Aprender mais sobre o aplicativo, ainda
mais por conta de outros estados que utilizam e
aqui não utilizam. Trocar experiências com
outros pescadores (J, pescador em Guajará-
Mirim, Brasil).
o Bom demais para sabermos a
importância da pesca e descobrir a viagem que
os peixes fazem nos nossos rios (J, pescador de
Iata, Guajará-Mirim, Brasil).
Figura 3. Árvore de expectativas (verde) dos
participantes sobre o encontro
o Conhecer as comunidades envolvidas
no projeto (I, Técnico Kanindé, Brasil).
o Desaparecimento dos grandes bagres
ocorre a 10 anos
o Eu vim a conhecer ideias de lugares
diferentes e nome do peixe como eles chamam em
lugares diferentes.
o Conhecer os brasileiros, como é, como
vivem os pescadores.
o Conhecer a experiência e a
problemática de pescadores de diferentes bacias.
o Conhecer mais sobre as barreiras e
quais as dificuldades que os pescadores estão
passando.
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4 – Painel dos especialistas
4.1 Palestra Apresentação do Projeto Ciência Cidadã e o aplicativo ICTIO
Gina Leite – WCS Brasil
A proposta é se aliar (comunidade, ciência, órgãos governamentais). Um dos desafios
da iniciativa do projeto “’Águas Amazônicas” é a gestão integrada. Sabemos que para a
gestão da pesca da dourada: só o Brasil pensar sobre a gestão da pesca, não funciona ou
dá certo, o correto é pensar na união dos países ao longo de toda a bacia amazônica.
Reunimos vários pesquisadores, técnicos para discutir a gestão da pesca na
Amazônia, focando nas espécies migradoras e as principais do desembarque pesqueiro,
que totalizam 15 espécies. Elas são indicadoras da grande Bacia devido a sua migração.
Uma vez que elas não migram é possível observar que a bacia está conectada. Para isso é
necessário trabalhar com toda a bacia e os diferentes países. Existem muitas organizações
gerando informações, mas sem conectividade entre elas para uma melhor análise das
informações.
O próximo passo da Ciência Cidadã é se conectar com as diferentes organizações
para compartilhamento de informações. E assim, organizados, preencher vazios de
informação, apoiar tomadas de decisões numa escala maior e por fim, capacitar o cidadão.
São princípios da Ciência Cidadã:
1. Escala: Bacia Amazônica e locais piloto;
2. Baseado na ciência;
3. Relevante para conservação;
4. Os cientistas cidadãos tem acesso e são capacitados;
5. Tecnologia inovadora e de baixo custo;
6. Participação voluntaria;
7. Resultados para tomada de decisão;
8. Replicabilidade e sustentável a grande prazo;
9. Respeito a soberania dos países.
A área prioritária do Ciência Cidadã é bacia amazônica por ser o local de
migração dos peixes. Porque e quando os peixes migram e quais fatores ambientais
influenciam essa migração.
Hoje são mais de 30 organizações não governamentais, universidades e governo
ligadas ao Ciência Cidadã.
4.2 – Reflexão em grupos da palestra de abertura
Perguntar: O que nós
ouvimos?
O que nos anima? Qual é a relevância
para nós?
Como eu poderia
fazer parte disso?
GRUPO 1
Sobre o pescado,
quantidade,
abundância,
diversidade e tamanho,
permanecem igual, não
veem diferença (outros
países), no Brasil viram
diferença e também em
relação ao nível da
água.
Tanto o pessoal do Peru
e do Brasil, trazer mais
eventos como esses,
conhecer essas
realidades,
disseminação das
informações sobre o
mundo científico.
A Participação Participarmos de
pesquisas, depois
desses encontros,
aplicativos como Ictio
são importantes para
comunidade, pois eles
levam isso para a
comunidade
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GRUPO 2
Iniciou falando sobre
as cordilheiras, o ciclo
da dourada e isso
interliga eles e a
quantidade de
quilômetros que são
muito distantes.
Interagir com diversos
ambientes, e falam
sobre o cuidado sobre o
ambiente.
Fortalecer as parcerias
e conquistar novos
parceiros com o
conhecimento que
estão adquirindo.
GRUPO 3
Mais fronteiras, somos
um só.
Troca de informações,
parcerias e
conservação, tudo o que
é relevante para o
evento.
Permite saber a
situação real sobre a
pesca.
Comprometer
seriamente, fazendo
documentos para que
todos cumpram.
GRUPO 4
Mais sobre o aplicativo
Ictio que está sendo
feito para os
pescadores, para troca
de informação
necessária, para que
não tenha perda de
várias espécies que já
está acontecendo em
vários países.
Troca de informações,
pois está tendo um
impacto muito grande.
Inspeção dos produtos
dos peixes, o
monitoramento, pela
Universidade e Órgãos
governamentais, em
espécies de peixes, aves
e outros. “Nós somos
nosso próprio
monitoramento”
Através do aplicativo
Ictio.
4.2 Questões de desembarque pesqueiro, qual a importância do projeto Ictio para a
Amazônia.
Msc.Guilhermo Estupiñan
A gestão pesqueira tem várias dimensões: espécies pescadas, diferentes
ambientes, tipos de florestas, tipos de rio. Ademais, peixe faz parte da alimentação e da
renda das populações. O peixe também faz parte do dia a dia, cultura, por agregar pessoas,
seja na alimentação ou na própria na pesca.
Ausência de informações na parte da pesca, relacionando com a economia,
especialmente quando se trata da pesca artesanal. Essa pesca não gera imposto, não entre
na contabilização.
Na gestão pesqueira existe um passo a passo a se cumprir: que envolvem desde a
localidade, construção e implementação das normas do manejo, e por fim as avalições
para ver se o método adotado alcança os objetivos e as propostas de ajuste.
Como fazer a gestão pesqueira da Amazônia em um território tão grande? A
produção pesqueira da Amazônia está concentrada na porção central da Amazônia devido
a coleta de dados. Para uma gestão é necessário o monitoramento do desembarque
pesqueiro, a estatística pesqueira. Contudo esses dados encontram defasados ou com
blocos grandes de informação. Existem lapsos de informações, com distribuição em
intervalos de anos. O Pro-várzea foi a primeira iniciativa para quantificar o desembarque pesqueiro em toda Amazônia, mas só durou 4 anos. Somente o Mamirauá tem uma série
histórica do médio Solimões, com 21 anos de duração.
Os peixes migradores representam 80% do desembarque pesqueiro na Amazônia.
Teorias relacionadas com o desembarque pesqueiro são baseadas em dados de pesca
marinha.
Na região temos peixes que migram grandes e pequenas distâncias, diferentes
apetrechos de pesca, peixes que não migram, frotas diferentes de pesca. Baseado nisso,
14
como é possível fazer o desembarque. O maior problema está em relação ao
monitoramento do recurso pesqueiro devido a ausência de injeção do governo. Nesse
contexto o aplicativo apresenta grande importância devido o alcance em relação a peixes
que não são registrados em outros métodos.
Desafio: difusão do aplicativo para o resto da Amazônia, representatividade dos
dados e a utilização dele como ferramenta para o desembarque pesqueiro.
4.3 Situação da pesca na bacia do Madeira após a implantação das 2 UHEs
Palestrante Carolina Rodrigues da Costa Doria
A bacia do Madeira é a maior bacia da Amazônica, incluindo o Peru, Bolívia e
Brasil. Possui mais de 1176 espécies, metade das espécies conhecidas da Amazônia. Essa
grande diversidade é importante para as comunidades ribeirinha devido seu valor
econômico e na alimentação. O consumo de pescado por dia no Madeira é muito alto,
além de gerar vários empregos. Em Porto Velho antes da barragem tínhamos uma
produção entorno de mil toneladas por ano. Os impactos das Usinas Hidroelétricas (UHE)
ultrapassam os limites do Brasil, tempo, impactos sócio-econômicos. Antes da
implementação a UHE foi afirmando que o impacto seria mínimo devido ao tipo de
turbina, com uma área de inundação pequena.
Os dados da colônia pesqueira, de 1991-2014, demonstram que existem picos de
pesca que caíram depois da construção da UHE. Isso demostra a importância de registros
históricos.
Após a construção das usinas o desembarque da dourada diminuiu 74%, e o preço
aumentou. Houve um aumento da abundância do pirarucu na área do reservatório, sendo
um peixe proibido de captura. Outro problema foi a interrupção da migração da dourada
devido ao barramento, onde se nota ineficácia dos Sistemas de Transposição de Peixes
(STP).
Também houve alteração na dinâmica da pesca, com a diminuição da renda,
conflitos entre pescadores, governo e UHE, ausência de diálogos entre atores. As agências
do governo não estão preparadas para gerenciar e solucionar esses conflitos. Se a
informação está concentrada no governo e nas agências qual será a saída? Os pescadores
passarem a ser detentores dos dados.
15
Figura 4. Gráfico mostrando a variação nas capturas e preços de 1990 a 2014. Lima, 2017
4.4 Palestra dos pescadores sobre o: Encontro de Mamirauá, Encontro do GIA em
Cobija e Curso de Gestão de Conflitos em Porto Velho.
Palestrantes: José da Silva Machado, Everaldo Andrade Gonçalves e João Evangelista
Pereira da Silva.
Os pescadores tanto da Bolívia como do Peru estão na mesma situação que os
pescadores brasileiros em relação a queda da produção. Outros problemas estão
relacionados com o assoreamento do rio, e o peixe não consegue se adaptar a essa
mudança, ocupando outras áreas e países que não são da sua distribuição original. O modo
mais fácil de solucionar o problema é se aliar a universidade para que eles possam
dialogar com o governo e os consórcios dos empreendimentos, além da união dos
pescadores. A construção das UHEs não irá parar e os impactos serão ignorados.
Vantagens de usar o aplicativo no lugar do uso de fichas e assim é possível saber
o que está acontecendo. O rio está modificado, com a água morna, peixes e plantas
mortas. A mudança da água levou a perda dos berçários, espécies sumiram, o pirarucu
virou praga. Pagamos a energia mais cara do país e perdemos a riqueza dos nossos rios.
Sem união e representatividade não será possível reivindicar os direitos.
Curso de gestão de conflitos: uso de ferramentas que podem auxiliar a reduzir
os conflitos junto com a Universidade da Flórida. Os conflitos envolvem o Governo,
Estatais e empreendimentos. Assim é possível aplicar essas ferramentas na própria
comunidade.
Figura 5. Os pescadores Machado e Everaldo (Baiano).
4.5 Estudo da migração da dourada e importância da participação dos pescadores
Palestrante: Marília Hauser
A migração da dourada é muito grande, sendo utilizada o otólito que fica
localizada na cabeça dos peixes. As informações que os otólitos podem fornecer são:
idade, o local onde os peixes estiveram, cada rio em que o peixe migrou. Com os otólitos
da dourada do Peru, Brasil e Bolívia foi possível ver que a dourada nasce no Peru e
Bolívia, depois migra para o estuário, em Belém, estado do Pará. Após 40 dias do
16
nascimento. Após ela migra para a região central para crescer por dois 2 anos e por fim
se dirigem para a Bolívia e Peru para se reproduzir. Essa migração se estende por 11 mil
quilômetros, sendo a maior.
Os peixes que nascem no rio Madeira retornam ao rio Madeira, retornando ao rio
que nasceu. Uma vez que a dourada sobre o rio Madeira ela não desce mais. Como ficou
com as UHE? Os peixes estão barrados acima e barrados abaixo pelas usinas. Isso foi
comprovado científico com o otólito, comprovando que não existe mais migração. Existe
a necessidade da continuação dos estudos com dourada para entender os impactos, além
de outros bagres migradores.
Figura 6. Imagem do padrão migratório da dourada. Fonte: Hauser, 2018.
4.6. Estudo sobre percepção dos pescadores sobre as mudanças na pesca
Palestrante: Igor Rechetnicow Alves Sant’Anna
A pesca em Rondônia está
envolvida por notícias falsas, as
FakeNews, tais como o aumento da
produção da dourada, pesca em local
proibido, que os pescadores estão
diminuindo os peixes, entre outros. Para
isso é necessário entender como essas
FakeNews surgem e solucionar essa
situação. Uma forma de resolver tais
situações é continuar com o
monitoramento do desembarque
pesqueiro, analisando as seguintes
informações: tamanho dos peixes que
são capturados, peso dos peixes,
quantidade desembarcada. Com esses
dados é possível verificar qual o
tamanho de primeira maturação e o
tamanho ideal de captura.
Os pescadores foram convidados
a participar de uma reunião onde será
possível observar a percepção em
relação as transformações na pesca após
a instalação dos empreendimentos
hidrelétricos.
Figura 7. Apresentação falando a
importância de combater as notícias
falsas.
Dourada - HOMING NATAL: migra dos
Andes bolivianos e peruanos até o
estuário do rio Amazonas e retorna para
reprodução
Impactos no padrão de migração dos grandes bagres
As hidrelétricas do Madeira quebram esse padrão migratório
Sistemas de transposição –eficiência duvidosa
Dourada (Brachyplatystoma rousseauxii)
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4.7 Estudo sobre as mudanças no ambiente na alimentação dos peixes
Palestrante Taís Melo
A floresta oferece muito alimento para os peixes, e é responsável pela
sobrevivência de muitos deles nessa área. Qual as ameaças para esse sistema rio-floresta:
essas barragens alteram a riqueza e abundancia de peixes naquela área, pois diminui a
quantidade de alimento disponível.
A área utilizada no estudo foi a área da Usina Santo Antônio, e as áreas ao redor,
foi feito uma comparação antes e depois das UHE na alimentação dos pacus. Antes tinha
muitas frutas na alimentação. Depois já não tinha quase nada de frutos e sementes na
alimentação e depois das usinas aumentou a quantidade de pedaços de insetos e diminuiu
a quantidade de frutos, e podemos perceber a influência da floresta na alimentação dos
pacus e as UHE causaram mudanças na alimentação, pois mudou a composição florestal
nas margens.
E atualmente é preciso da ajuda (separar estômagos) dos pescadores para ampliar
esse tipo de estudo para outras espécies, e poder avaliar melhor os impactos causados
pelas barragens sobre os peixes.
Figura 8. Mudanças na alimentação do Pacu comum após a implantação das UHEs do
Madeira. Fonte: Melo, 2016.
4.8. A situação do Pirarucu em Rondônia
Palestrante: Dayana T. Brito Santos Catâneo
A problemática da invasão do pirarucu no rio madeira. Tudo começou com o
relato de pescadores na região acima da UHE na cachoeira de Teotônio, onde não havia
a espécie. Assim, se confirmada a invasão poderá ser solicitada a liberação da pesca. O
estudo foi conduzido com o uso de questionários junto aos pescadores. E assim foi
possível datar os primeiros registros de pirarucu, que foi no final da década de 90. O
aumento na abundancia ocorreu em 2000, e um pico em 2014 durante a grande cheia.
Os pescadores relatam que a espécie tem origem de escape de piscicultura do
Brasil, Bolívia e Peru. Com a coleta de tecido dos pirarucus, cedidos pelos pescadores foi
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possível realizar testes de DNA para definir a origem da espécie. As análises genéticas
comprovaram que o pirarucu encontrado no reservatório é de origem do peru,
comprovando que é uma espécie invasora. O pirarucu nativo não subiu as cachoeiras,
comprovando que existe também uma população nativa. Os dados foram apresentados a
sociedade e foi elaborada uma nota técnica que foi entregue a SEDAM e assim foi
possível liberar a pesca da espécie.
Figura 9. Resultado parcial do estudo a respeito da invasão do pirarucu ao reservatório da
UHE Santo Antônio.
4.9 Resultados do uso do ICTIO na Bolivia
Palestrante: Gustavo Pereyra Romero
Na parte de cima do rio eles possuem duas áreas protegidas, áreas indígenas. Eles
têm trabalhos com pescadores, técnicos, tem contato com o pessoal da pesca esportiva,
áreas operadoras de turismo, entre outros, para divulgar o aplicativo Ictio que começou a
ser implantado em abril de 2018, começou com aproximadamente 100 registros. O
número de registros na Bolívia ultrapassa 500 e na bacia do rio é entorno de 143 pois
foram deixados apenas dois aparelhos celulares.
No início da difusão do aplicativo foi alta, mas com o tempo foi baixando, tem
que haver um seguimento continuo de divulgação e acompanhamento do app, pois as
vezes o pescador tem o aplicativo mas precisa atualizar e nem todos sabem mexer muito
bem em celulares.
Os pescadores e a equipe do Peru são os que mais tem pescadores registrados no
aplicativo, na Bolívia tem 29 pescadores registrados, que é um número menor que do
Peru. As espécies mais registradas são de dourada, pacu, Prochilodus nigricans, pintado.
Se comparar com dados de registros de 2005 mais ou menos, as mesmas espécies estão
sendo registradas.
4.10 Resultados do ICTIO na bacia do Madeira
Palestrante: Carolina Rodrigues da Costa Doria (Rondônia)
Em junho ano passado foi feito uma apresentação para a comunidade local sobre
o aplicativo, como eles podiam usar os dados e como a comunidade pode discutir as
propostas de manejo, e onde a equipe da Universidade e da Ecoporé a universidade pode
ajudar.
19
Como é feito o registro no aplicativo (espécie, número, peso, total do que pescou
em cada mês, ano) o que facilita sobre o que você quer mostrar para os órgãos
governamentais ou não, pois os dados são do pescador. As perguntas dos pescadores:
Porque tem época do ano que produz muito peixe e em outras não? Entre outras...
Em Rondônia entorno de 400 registros foram feitos, destes, 66 estão perto dentro
do reservatório da barragem e o restante está abaixo. A informação de quem é o pescador
que tem bastantes registros não é possível, pois é informação pessoal, nem a Sedam e
nem a Universidade tem acesso a essas informações, logo pode-se registrar sem medo.
Objetivos futuros: ampliar o grupo, envolver escolas, concursos de fotos, vídeos
de pescadores (já foi feito), e o retorno sobre o aplicativo (que está sendo feito nesse
evento).
Figura 10. Principais slides dos resultados do uso do aplicativo Ictio na Bacia do Madeira
em Rondônia.
4.11. Plenária: Reflexões sobre as palestras
• Sobre a apresentação da Taís: todo ciclo de vida tem um tempo, com as relações
climáticas tem alterações e foi uma ótima explicação, para Dayana o problema não é o
pirarucu e sim ações antrópicas, para o Igor, o que é de fato de interesse para o governo?
É o bem ambiental ou lucrativo, social ou ambiental? Para Gina, o que ela expos sobre
a tecnologia em áreas distantes que é algo muito importante para a comunidade. Para o
João, achei legal o que ele falou sobre vontade e união (M R, pescador de Tefé, Brasil).
• O comentário é como biólogo e pesquisador, todas as apresentações são muito
interessantes, para ter essa conexão com os pescadores e a academia com o mundo real
e isso é de fato a ciência cidadã para pescadores e academia e comunidade em geral (M
C, pesquisador, Peru).
• Com os estudos de Santo Antônio e Jirau e eles já previam o que iria acontecer e
foi conversado com o governo e empresas, mas não foram ouvidos e com as informações
de hoje e os debates e ele teve uma noção de porque foram aprovados os projetos de
barragens, mas ele é grato pela informação que recebeu e sabe que os pescadores não
são responsáveis pelos impactos de peixes e qual seria a posição do governo sobre o
assunto (M S, pescador de São Carlos, Brasil).
• Importante os estudos sobre os otólitos (migração) e também sobre alimentação
dos peixes (W, pescador no Peru).
• Yo mas interesante del dialogo de migración del dorado, doncellas y pirayba
Espécies mais capturadas
Espécies mais capturadas
Filhote 8
Dourada 91
Jatuarana 4
Tambaqui 7
Peixes diversos 85
Pacu 10
Piraptinga 4
Potamorhina sp. 5
Curimatã 18
Surubim 54
Caparari 9
Jaraqui 20
Sardinha 21
Pirarucu 25
AVALIAÇÃO
Reservatório SAE: ABAIXO
Pirarucu 16 18
Dourada 2 87
Jatuarana 6
“Como a usina prova que o peixe consegue subir?”
Número de registros por localidade e espécie
20
• Pra mim as palestras foram muito importantes por que eu não era muito envolvida
na pesca mais comecei com o Ictio a me envolver mais, não me importava muito mais
agora ao longo dos anos comecei a entender. Sempre queria essas informações. Gostei
da palestra do Igor.
• Achei interessante a participação dos pescadores no mercado pesqueiro; Dados
mostrando os impactos das barragens na migração; haverá uma rede de coletas de
otólitos; ...
5- Mercado de ideias
Nessa atividade cada comunidade apresentou como é a pesca na sua localidade. Foram
apresentados os seguintes grupos: de Guajará-Mirim, Iata, Vila Teotônio, Novo Engenho
Velho, São Carlos e Brasileira no Brasil; em Porto Maldonado no Peru e em Cachuela
Esperanza e Puerto Villarroel na Bolívia.
5.1 Reflexão do Mercado de Ideias:
Como nos sentimos? O que temos aprendido? Estamos alinhados com as
expectativas?
- Estamos bem dialogados, está
bem conversado. (F, pescadora na
RDS Mamirauá, Tefé, Brasil)
- Estou contente... é bom manter o
grupo do Whatsapp, para manter
essas conexões e interações, para
tirar dúvidas futuras e troca de
informações, espaço de diálogo
que foi criado para saber o que vai
ser daqui para frente (Z, WCS –
Bolívia).
- Feliz pois mais informações do
aplicativo, torna fortalecida ida
ao evento, e também troca de
informações com os colegas de
outras localidades (V, pescador
em Abunã, Brasil).
- feliz e satisfeito com o encontro
(W, pescador no Peru).
- Estou muito feliz com as
histórias compartilhadas, e
também com a equipe da
universidade, aprendeu sobre a
luta de algumas comunidades que
é bem mais complicada que a
nossa (J, pescador Guajará-
Mirim, Brasil).
- Tenho aprendido com meus
amigos brasileiros e bolivianos,
pensava que os peruanos estavam
em primeiro lugar em diversidade
de espécies, então foi uma
surpresa ver que na verdade eles
estão em quinto (com 1146
espécies registradas e na
Amazônia toda são 2400 espécies
registradas) e o Brasil está em
primeiro lugar (W, pescador no
Peru).
- Primeiro ponto: nós precisamos
um do outro. Segundo ponto: e
que nosso problema é menor que
o dos outros, mas estamos ligados
e como terceiro ponto, se
trabalharmos juntos podemos
mudar as coisas (M R, pescador
de Tefé, Brasil).
- Sim, mas todos nós temos que ter a
segurança de ter o pé no chão, pois
muitos irão desistir, mas temos que
persistir e conquistar novas pessoas
(M R, pescador RDS Mamirauá,
Tefé, Brasil).
- Inicialmente ele até teve contato
com o aplicativo, mas não deu muita
importância, mas agora vendo a
importância do aplicativo ele vai se
comprometer a usar (pescador em
Puerto Villarroel, Bolívia).
- Está sendo importante o evento
para entender como o aplicativo
funciona para levar para
comunidade dele (J, pescador
Guajará-Mirim, Brasil).
- A gente tem que ver a Amazônia de
forma integrada (W, pescador no
Peru).
21
6 – Resumo do dia anterior a partir da percepção dos participantes:
• Ontem foi muito criativo, aprendemos muito, cada aluno e os que não são alunos
da professora apresentaram e explicaram muito bem. Foi rico de informação tudo
o que foi apresentado, desde os vídeos, explicações, a tradutora (Gina). Baixamos
o aplicativo que é muito bom e vamos difundir para nossa comunidade (J,
pescador em Guajará-Mirim, Brasil).
• Viajei bastante para estar aqui e valeu a pena, pois aprendeu muito com o
encontro e está contente com esse aprendizado (A, pescador em Guajará-Mirim,
Brasil
• Nós somos do Peru, me interessou muito vir aqui para conhecer como pescam
(outros métodos, pois eles pescam apenas para consumo) em outros lugares, de
onde vem os peixes (qual a trajetória dos peixes até chegar onde eles moram) que
eles pescam no Peru (M C, pesquisador, Peru).
• O mais interessante que achei foi a maquete no início do curso, pois falavam que
o que estava nos ligando e conhecemos coisas novas e pessoas novas, e gostei
muito da palestra do Igor sobre notícias falsas e mentiras sobre a pesca e também
da Tais sobre a alimentação dos peixes (F, pescadora na RDS Mamirauá, Tefé,
Brasil).
• Estou muito feliz de aprender mais sobre a pesca e também de conhecer novos
colegas e que a pesca é uma atividade muito importante e que deve ser melhor
valorizada (pescadora em Brasileira, Porto Velho, Brasil).
• É uma reunião muito importante entre Peru, Bolívia e Brasil e tudo o que fazemos
é pela pesca, pelo pescado, o que me interessou também foi sobre alimentação
dos peixes, a maquete foi muito pequena, tinha que ser maior, e também a
dimensão da quantidade de espécies de peixes que tem descrita. Tudo isso tem
que ter um compromisso de cada um que está presente, o que podemos fazer
agora? Não podemos falar, falar, falar e não fazer nada, então temos que
comprometermos seriamente, como por exemplo, foi a um evento que saíram
com um compromisso firmado de julho eles farão a limpeza do rio, e é bom que
saiamos com algo parecido daqui (W, pescador no Peru).
• O que eu aprendi como estamos quase na nascente, é importante entender a
migração, a conectividade das bacias e que eles entendem que eles precisam da
conexão que existe entre os rios e que se há uma barragem os peixes não sobem
e que ele vai levar isso para a comunidade (O, pescador de Puerto Villarroel,
Bolívia).
7 – Exposição da situação atual da pesca na bacia do rio Mamoré.
Palestrante: Gerônima Melo, presidente da Colônia de Guajará Mirim
O pirarucu que está chegando ao Pacáas Novos (Unidade de Conservação) está
deixando eles preocupados. Eles trabalham 2 manejos, um deles é o do tambaqui e
pirarucu (que foi uma grande conquista através desses encontros com a professora
22
Carolina, que nos falou sobre a importância de se fazer o manejo do pirarucu naquela
região, pois são espécies que não são nativas daquela região).
O manejo é outra forma de pescar, que se organizam como grupos para pescar
esses peixes de forma que eles não se acabem.
7.1 Plenária - Perguntas e respostas:
• Gustavo: onde podem pescar o pirarucu?
• Carolina Doria: Na parte de cima da cachoeira do Teotônio, (Mamoré, Guaporé)
abaixo não pois os pirarucus dessas áreas são nativos, então o que está na casa
dele não mexe, acima da cachoeira são todos peruanos (exóticos).
• Wilver: como vocês sabem diferenciar o que é nativo e o que não é?
• Carolina Doria: é um estudo genético (DNA) que a Dayana fez e apresentou
ontem.
• João Evangelista: Fomos em Mamirauá e vemos como a pesca de lá e não
achamos diferente do já fazemos.
• Geronima : estamos com uma parceria com a UHE Jirau para conseguir um barco
para poder vender os peixes em outros lugares. Em tantos lugares distintos
reunidos, mas percebemos que as dificuldades são as mesmas e ficamos muito
tristes com isso, mas viemos de todos os lugares para aprender.
• Nós vamos fazer uma visita na área das usinas e lá parece que passam apenas
peixes apenas de 60/70 cm e os grandes não sobem e que fizeram escadas para
eles ultrapassarem, e o pessoal da usina tem que conversar com os pescadores que
entendem mais da dinâmica dos peixes, mas os peixes não sobem as escadas, e
agora eles querem fazer uma outra usina (Brasil/Bolívia), e ela disse que não é
necessário, pois GM é 96% de reserva biológica, e que se fizerem uma usina lá
GM vai acabar, não é benéfico para região.
• Wilver: as comunidades locais devem ser consultadas para essas tomadas de
decisões se devem ou não construir uma nova usina.
• Zulema: Como se coordena (leis) os dois governos (Brasil/Bolívia)?
• Gerônima: Quando os brasileiros estão pescando entra lei da proibição da pesca
da Bolívia e quando os bolivianos estão pescando entra a lei da proibição da pesca
do Brasil.
Foi feito um pedido da participante Gerônima que a Universidade faça a Instrução
Normativa (IN 02/2019) de forma ilustrativa para que seja de melhor entendimento
para os pescadores. Um do participante vindo do Peru, Wilver pediu para que os
compromissos assumidos não sejam feitos apenas com palavras e sim
documentados e cumpridos.
23
8 – Reflexão: como podemos usar os dados e trabalhar juntos no futuro
Grupo 1 (Já usa o aplicativo Ictio)
Como Podemos Utilizar Os Dados? O que os desanima? Como podemos resolver?
Resposta:
• O primeiro ponto de discussão tratou das dificuldades iniciais. É necessário
atualizar a versão com as novas localizações (sítios). Hoje no aplicativo tem
apenas 27 espécies migrador. Uma sugestão é que os usuários coloquem nos
comentários o nome das espécies que não se encontram nessa lista.
• Quando se atualiza a última versão do Ictio, os dados registrados se perdem,
incorporar um campo de comentários na tabela onde estão as espécies. Onde
está o campo outras espécies, incorporar um espaço para o nome de pescador.
• Dois problemas que foram identificados, primeiro, um ponto foi que não dá
para colocar a virgula no peso, e outro é que precisa da versão 5.0 do sistema
Android. O projeto reforce a capacitação a instituições sociais em temas éticos
para o manejo de informações.
Reflexões:
• Em Guajará no aplicativo está só até a localização de Pacaás e sugerir colocar
o rio Negro e rio Mercedes (J, pescador em Guajará-Mirim, Brasil).
• Temos que ter em vista que esse aplicativo está em construção e que as opiniões
que estão sendo dadas são importantes para melhorar ainda mais, e que as
conexões como o grupo Whatsapp são importantes nesse processo (Z, WCS –
Bolívia).
Grupo 2
Como pensam em usar os dados?
Respostas:
• Como ferramentas de trabalhos, forma de documentar nossas produções e
compartilhar informações com nossos amigos de outros países.
Grupo 3
Como fazer/trabalhar juntos no futuro?
Respostas:
• Ensinar os que não sabem a ter acesso a um celular que seja compatível, entender
o aplicativo também em espanhol e começar a fazer os registros.
• Melhorar a interface do Ictio e também o espanhol.
• Mostrar resumo de todos os usuários no Ictio.
• A Gerônima se comprometeu a aprender para passar para todos os pescadores e
toda a família, pois quase todos têm celular tipo smartfone. E comprar celular
para poder usar Ictio.
Grupo 4
Como podemos melhorar o número de usuários?
Como podemos continuar a colaboração?
Respostas:
• Em uma reunião ou evento com todos os pescadores, a difusão, conscientizando
os usuários, divulgação para família e comunidade.
• Passar a informação, temos a obrigação de ir a nossa comunidade e repassar essas
informações. Fazendo a integração de toda família e comunidade.
• Conscientização dos usuários para melhoria da pesca.
24
09. Avaliação quanto ao atendimento das expectativas e
compromissos
Cada participante foi convidado a apresentar sua analise do evento e compromissos
(frutos amarelos).
Eu me comprometo a ....
• analisar e avaliar os resultados
das comunidades dos antes e depois dos
barramentos hidrelétricos. Me
comprometo a acompanhar os
pescadores que tenham dificuldade com
aplicativo Ictio no mercado pesqueiro de
porto velho. Danielle
• Me comprometo a usar e
divulgar o aplicativo na comunidade
entre os companheiros. Omar
• fez um convite aos participante e
organização, no dia 05 de julho a
comunidade de Porto Maldonado irão
fazer a limpeza dos rios, retirando todos
os lixos e nesse evento pescadores e
comunidade participam para fazer a
limpeza dos rios e ser um marco nesse
dia, ele se comprometeu a falar do
aplicativo. Wilver
• a seguir apoiando as
organizações parceiras para que elas
tenham espaço para mostrar seus
resultados e também para que tenhamos
encontros como esses para trocas de
informações. Gina
• a comunicar o que discutimos e o
que ele aprendeu aqui com a
comunidade dele. Salomón
• viemos para conhecer e trocar
experiências e vamos levar essas
informações para nossa comunidade.
Ruben
• auxiliar os pescadores Salomon e
Ruben a fazer uma reunião para
divulgar o que foi aprendido e difundir o
uso do aplicativo, atualmente tem 5
celulares na comunidade. Mário
• Reunir a comunidade onde moro
e passar as informações que foram
aprendidas aqui e difundir o uso do
aplicativo. Nós tiramos o peixe do rio,
mas não contribuímos para o meio
ambiente. Márcio
• a seguir levando a outros portos
da Bolívia a expansão do aplicativo e o
que foi aprendido aqui. Aldo
• a difundir o que foi aprendido
com a comunidade. Valdineis
Figura 11. Árvore de expectativas (verde) e dos frutos
(amarelo) dos participantes sobre o encontro.
25
• Me comprometo a difundir o
evento, o que aprendi aqui e que minha
comunidade participe de eventos como
esses, pois aprendemos muito sobre
cada região como vivem, entre outros.
Vai difundir o uso do aplicativo. Gover
• Comprometo a repassar o que
aprendeu no evento na comunidade.
José Carlos
• Estar sempre conectado e em
comunicação, repassar o conhecimento
aprendido com a comunidade,
conquistar novas pessoas, adquirir
novos recursos para seguir com os
trabalhos em Mamirauá. Ransque
• Difundir o uso do aplicativo, e
divulgar o que aconteceu no evento com
a comunidade. Francivane
• a passar para os pescadores das
comunidades de Humaitá e ensinar o uso
do aplicativo. Thaíse
• me comprometo ao uso dos dados
para políticas governamentais, para
parte social e produzir material para a
comunidade. Os dados e seus resultados
são poderosos. O compromisso é de
colaborar nas análises dos dados para
apoiar os diferentes anseios da região.
Vamos transformar os resultados em
matérias que influenciem as políticas
para melhor. Guillermo
• o a contar a narrativa do projeto,
como ele está sendo criado, os dados
gerados com o Ictio são muito
importantes e é uma boa forma de se
aliar e comunicar e gerar uma interação
social e através dessas situações teremos
dados e informações de diversas regiões.
E através das opiniões de vocês temos
verdadeiros cientistas cidadão Zulema
• Vou levar o que aprendi aqui
para minha comunidade, ensinar para
eles o uso do aplicativo para que eles
conheçam cada vez mais e usem. Gilvan
• vou levar a minha comunidade o
que aprendemos, vimos e estamos felizes
pelas novas pessoas que conhecemos, e
me comprometo também a estar em
contato com a professora Carol. Elias
• Seguir apoiando o uso do
aplicativo na comunidade e ampliar as
informações e compartilhar a
experiência desse encontro. Gustavo-
• Fazer uma maquete maior no
próximo evento ☺. Contente com as
parcerias formadas e com os novos
dados podemos voltar na comunidade e
apresentar os dados, e olhar como estão
os usuários mais próximos. E que tenha
mais tempo os próximos eventos. Carol
• elaborar a cartilha para a
comunidade de GM e auxiliar no uso do
aplicativo. Dayana
• fazer as análises de estoque e
sentar com os pescadores para discutir
os resultados para levar as autoridades
locais. Igor
• apoiar os pescadores quantas
vezes for preciso em como usar o
aplicativo e enviar daqui duas semanas
um vídeo filmado sobre o evento.
Tiffany
26
10. Finalização
- Como forma de socializar os estudos feitos na região do Madeira antes da implantação
das UHEs foram entregues copias do livro Rio madeira Seus Peixes Sua Pesca, para os
representantes comunitários (Figura 12):
• Wilver Chutaya Farfan
• Salomon YovinI Kenticua
• Márcio Santana de Lima
• Almiro Sena Leite
• Gilvan Ferreira Coelho
• Ransque Rose M. de Oliveira
• Carlos Miguel Maceda Chávez
• Zulema Ledhna Ardaya
• Aldo Igor Etcheverria
• Elias Inuma
Figura 12. Entrega dos livros aos participantes.
- Entrega dos certificados
Após as palavras finais dos organizadores e a entrega da avaliação pelos participantes
cujo o resultado poderá ser visto adiante, foi avisado como o passeio de barco iria
prosseguir.
- Passeio de barco no rio Madeira
Figura 13. Passeio de barco no rio Madeira
27
Avaliação dos parcipantes Expectativas
De forma geral esperavam que o evento fosse bom. Esperavam que:
- pudesse entender os problemas em cada região ;
- como todos terem sido afetados pelas hidrelétricas nos últimos anos;
- aprender a usar o ictio, conhecer sua origem e poder acompanhar a tecnologia;
- conhecer pescadores de regiões distintas e aprender sobre a forma de pesca nesses
lugares assim como os diferentes modos de pensar de cada um, esclarecer dúvidas e
buscar soluções.
- trocar experiências e conhecimentos e poder levar esse aprendizado para suas
comunidades,
- conhecer quem são as pessoas que trabalham para órgãos governamentais para
esclarecer informações sobre a pesca e os grandes empreendimentos hidrelétricos que
nunca ficam claras.
Avaliação do alcance das expectativas:
- Aprenderam muito sobre os países e sobre os peixes, alguns ficaram pouco tempo no
encontro que, segundo os participantes que ficaram do início ao fim, foi rápido
demais.
- Os funcionários da SEDAM não ficaram até o fim do evento o que gerou um certo
descontentamento pois esperavam conversar com eles.
- Conseguiram abordar temas relevantes, porém, deveria ter havido mais tempo para
que chegassem a uma conclusão mais clara.
- Em alguns momentos do evento faltou um pouco de comprometimento dos próprios
participantes.
- Deveria ter sido falado por mais tempo sobre as migrações e os estilos de pesca de
cada país, poderia ter ocorrido uma troca de experiência maior se o evento fosse mais
longo. Em geral, as palestras foram muito boas, pois conseguiram entender o porque
de certas coisas estarem acontecendo com os rios e a pesca.
- Alguns bolivianos ficaram sem entender muitas coisas pois só entendiam quando era
explicado duas vezes, uma em português outra em espanhol.
- Viram quão grande é a Amazônia e que todos estão conectados, já sabiam dos
impactos pois já os vivenciam, porém, ainda não haviam participado de nenhum
encontro do tipo onde essas informações fossem apresentadas e comprovadas.
- Faltou interação fora da sala de reunião, dinâmicas, atividades em campo.
Experiência mais importante
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O encontro de 3 países distintos e a forma como todos estão interligados pelos rios e os
peixes, sendo que há problemas que afetam a todos, mudança na alimentação dos Pacus, a
liberação do Pirarucu a montante, conhecer o aplicativo e ser capacitado para repassar a
informação, discutir as dificuldades de uso do app em conjunto, cooperação nas discussões
com informações reais, ciclo da vida da dourada, a riqueza de espécies que existem na
Amazônia, a realidade de cada comunidade explanada na feira de ideias, conhecimento
adquirido em cada atividade e, a preocupação de todos em estarem ali discutindo sobre a
pesca.
Organização para trabalho com app
Equipe educada, atenciosa e muito organizada para continuar com o trabalho, porém falta
difundir mais a ideia, melhorar o aplicativo (mostrar mais dados no app, não só individual),
investir mais tempo na explicação de como usar o ICTIO, realizar mais encontros como este
pois é um problema que deve estar em constante discussão devido a sua seriedade.
Lembrando que o tempo foi curto.
Participaram da avaliação 22 pessoas: 15 homens, 7 mulheres
29
LISTA DE PRESENÇA
30
31
32
33
34
REFERENCIAS
LIMA, M.A.L. 2017 História do ecossistema e dos recursos pesqueiros frente a
implementação de hidrelétricas na bacia do rio Madeira. Porto Velho. 138f. (Tese de
Doutorado. Universidade Federal de Rondônia). Available from:
<http://www.pgdra.unir.br/downloads/6709_maria_alice_lima_tese_2013_2017.pdf>.
Acesso em: 12 apr. 2019.
HAUSER, M. Migração da Dourada: a importância da conectividade dos rios
Amazônicos. In: Doria, C. R. C.; Athayde, S.; Dutka-Gianelli, J.; Luiz, A.M.T. Relatório:
Seminário e Oficina Internacional Brasil, Bolívia e Peru: Desafios Nacionais e
Internacionais de Gestão dos Recursos Pesqueiros na Bacia do Madeira. Ministério
Público Estadual de Rondônia: Porto Velho, Maio de 2018.
SILVA, T. M. 2019. A resistência da teia alimentar da ictiofauna antes e após a formação
do reservatório da UHE Sant Antônio no rio Madeira. (Dissertação de Mestrado.
Universidade Federal de Rondônia – UNIR. Available from:
<http://www.pgdra.unir.br/uploads/85796698/menus/dissertacoes/Tais_Melo_Dissertac
ao_2013_2016.pdf>. Acesso em: 01 jun. 2019.