Saúde do Trabalhador na Atenção BásicaEXPERIÊNCIA DOS RESIDENTES
EM MEDICINA DO TRABALHO DA UNICAMP NO CENTRO DE SAÚDE
JARDIM ROSÁLIA - CAMPINAS/SP
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ÁREA DE SAÚDE DO TRABALHADOR/DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA 2
https://www.anamt.org.br/portal/wp-content/uploads/2018/09/Competências-Essenciais-Requeridas-para-o-Exerc%C3%ADcio-da-Medicina-
do-Trabalho-Atualização-2018_PORTUGUES.pdf
Medicina do Trabalho na UNICAMP(desde 1981)
1. Possibilitar experiências com diferentes atores sociais;
2. Autonomia na gestão do conhecimento;
3. Aprimorar prática clínica;
4. Incluir a saúde do trabalhador na atenção primária à saúde;
5. Incentivo à pesquisa e produção de conhecimento;
ÁREA DE SAÚDE DO TRABALHADOR/DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA3
Centro de Saúde Jardim Rosália
• R. Luan Carlos Domingos da Glória, 15 - Jd Rosália
• Funcionamento desde 2003
• 10.104 usuários (2018)
• 3 Equipes: 12 ACS
• Residentes: Medicina do Trabalho (3) e Medicina da Família e Comunidade (2)
ÁREA DE SAÚDE DO TRABALHADOR/DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA 4
Perguntas Orientadoras
1. Qual o perfil dos usuários-trabalhadores do território?
2. Existe demanda para um programa de saúde do trabalhador no CS?
3. Qual o perfil produtivo do território?
4. É possível promover o trabalho saudável a partir do conhecimento de riscos?
5. Qual a percepção e as expectativas das equipes sobre a saúde do trabalhador?
6. Qual o valor do estágio em atenção básica para os residentes em medicina do trabalho?
5ÁREA DE SAÚDE DO TRABALHADOR/DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA
Perfil dos Usuários Trabalhadores
ÁREA DE SAÚDE DO TRABALHADOR/DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA
Métodos
• Cadastro dos prontuários eletrônicos individuais (ACS).
• Relatório trimestral do e-SUS com exportação dos dados para Excel (gerente do CS)
• Análise descritiva dos dados para situação de trabalho e PEA (residentes em MT da UNICAMP).
• Análise estatística do CBO com migração da descrição do e-SUS para códigos numéricos, em Excel avançado (Epidemiologia da UNICAMP).
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ÁREA DE SAÚDE DO TRABALHADOR/DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA
População Economicamente Ativa (PEA), por faixa etária (nov/2018)
Fonte: Relatório de Cadastro Individual e-SUS.
33
5
49
2
45
0
34
2
33
8
31
7
29
0
28
7
19
7
18
7
15 A 19 AN OS
20 A 24 AN OS
25 A 29 A N OS
30 A 34 AN OS
35 A 39 AN OS
40 A 44 AN OS
45 A 49 A N OS
50 A 54 AN OS
55 A 59 AN OS
60 A 64 AN OS
3.235 cadastros
Situação no mercado de trabalho, em nov/2018.
Fonte: Relatório de Cadastro Individual e-SUS.
Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), em nov/2018.
22%
78%
Informados
Não informados
Fonte: Relatório de Cadastro Individual e-SUS.
3.235 cadastros
Distribuição de CBO por Grandes Grupos (GG), em nov/2018.
4%
6%
8%
8%
44%
1%
23%
4%
2%1 MEMBROS SUPERIORES DO PODER PÚBLICO, DIRIGENTES DEORGANIZAÇÕES DE INTERESSE PÚBLICO E DE EMPRESAS, GERENTES
2 PROFISSIONAIS DAS CIÊNCIAS E DAS ARTES
3 TÉCNICOS DE NIVEL MÉDIO
4 TRABALHADORES DE SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS
5 TRABALHADORES DOS SERVIÇOS, VENDEDORES DO COMÉRCIO EMLOJAS E MERCADOS
6 TRABALHADORES AGROPECUÁRIOS, FLORESTAIS E DA PESCA
7 TRABALHADORES DA PRODUÇÃO DE BENS E SERVIÇOSINDUSTRIAIS
8 TRABALHADORES DA PRODUÇÃO DE BENS E SERVIÇOS INDUSTRIAIS
9 TRABALHADORES EM SERVIÇOS DE REPARAÇÃO E MANUTENÇÃO
Fonte: Relatório de Cadastro Individual e-SUS.
703 cadastros
Distribuição dos CBO no GG5 (serviços e comércio), em nov/2018.
77
51
47
46
36
33
7
6
28
23%
15%
14%
14%
11%
10%
2%
21%
8%
serviços de proteção e segurança
vendedores e demonstradores
hotelaria e administração
serviços de embelezamento e cuidados pessoais
serviços domésticos em geral
administração, conservação e manutenção
supervisores de serviço
serviços de saúde
outros311 cadastros
Fonte: Relatório de Cadastro Individual e-SUS.
49
42
12
12
48
30%
26%
7%
7%
29%
construção civil e obras públicas
condutores de veículos e equipamentos de carga
manobras sobre trilhos e movimentação de cargas
montagem de tubulações e estruturas metálicas
outros163 cadastros
Fonte: Relatório de Cadastro Individual e-SUS.
Distribuição dos CBO no GG7 (produção de bens e serviços industriais), em nov/2018.
Relatos dos ACS
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• “CBO é muito difícil de achar, você perde um tempão pra encontrar um ajudante geral”
• “CBO não serve pra nada”
• “CBO muda o tempo todo”
• “Não dá pra ver nada de CBO no relatório do e-SUS. Muito trabalho pra nada”
• “Situação de trabalho é mais fácil, mas a gente não sabe o que fazer com quem faz bicos”
Atendimento de Trabalhadores
ÁREA DE SAÚDE DO TRABALHADOR/DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA
Métodos
• Trabalhadores são encaminhados majoritariamente pelos ACS e por outros profissionais de saúde (clínicos, ginecologistas, pediatras, enfermeiros).
• Trabalhadores encaminhados pelos ACS são avaliados com supervisão da UNICAMP e encaminhados para suas respectivas equipes de SF para acompanhamento.
• Trabalhadores encaminhados pelos médicos são atendidos em consultas compartilhadas.
ÁREA DE SAÚDE DO TRABALHADOR/DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA 16
Distribuição dos atendimentos dos trabalhadores, de abril de 2017 a outubro de 2018 (n=141).
70%
30%
Casos Novos
Retorno
ÁREA DE SAÚDE DO TRABALHADOR/DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA
Distribuição dos trabalhadores , por gênero, de abril de 2017 a outubro de 2018 (N=98).
53%47% Feminino
Masculino
ÁREA DE SAÚDE DO TRABALHADOR/DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA
Distribuição dos trabalhadores atendidos, por faixa etária, de abril de 2017 a outubro de 2018 (n=98).
ÁREA DE SAÚDE DO TRABALHADOR/DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA
Distribuição, por situação de trabalho, dos trabalhadores atendidos, de abril de 2017 a outubro de 2018 (N=98).
74%
10%
11%
5%
CLT
Desempregado(a)
Autônomo(a)
Trabalho informal
ÁREA DE SAÚDE DO TRABALHADOR/DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA
2.5.Distribuição, por CBO – Grandes Grupos, dos trabalhadoresatendidos, de abril de 2017 a outubro de 2018 (N=98).
4%
7%
51%
35%
3%
GG 3 - Técnicos de Nível Médio
GG 4 - Trabalhadores de serviçosadministrativos
GG 5 - Trabahadores dosserviços, vendedores docomércio
GG 7 e 8 - Trabalhadores daprodução de bens e serviçosindustriais
Outros
ÁREA DE SAÚDE DO TRABALHADOR/DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA
Distribuição, por CID-10 primário, dos atendimentos, de abril de 2017 a outubro de 2018 (N=141).
ÁREA DE SAÚDE DO TRABALHADOR/DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA
Distribuição das condutas, de abril de 2017 a outubro de 2018.
ÁREA DE SAÚDE DO TRABALHADOR/DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA
Notificações dos trabalhadoresatendidos, de abril de 2017 a agosto de 2018 (N=98)
51
2
CAT
SINAN
CAT + SINAN
ÁREA DE SAÚDE DO TRABALHADOR/DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA
Relatos dos profissionais
de saúde
“dá um certo medo de abrir CAT porque a gente não está acostumado... E
se errar?”
“só tem um computador no CS que tem acesso à
internet e nem sempre dá pra usar pra abrir CAT”
“a gente gosta mais quando o médico faz o LEM e encaminha pro empregador. Só que a
gente vê que o patrão não abre a CAT e ainda manda
o cara embora”
“SINAN é muito difícil. A ficha é enorme. O médico não tem tempo de preencher e a gente sozinha não consegue”
“Quando a Medicina do Trabalho veio pra cá a gente começou a ver que tem muito pra aprender . Muita notificação que não era feita agora a gente começa a ver que devia fazer”
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Mapeamento do Perfil Produtivo do Território
ÁREA DE SAÚDE DO TRABALHADOR/DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA
Métodos
• Visitas de campo feitas pelos residentes e ACS, com supervisão da UNICAMP, planejadas por micro-áreas, escolhidas pelas equipes.
• Reconhecimento de riscos com critérios semelhantes aos usados em Mapa de Riscos, acrescidos de fatores organizacionais e psicossociais.
• Preferencialmente, o mapeamento é feito com observação in loco. Quando não possível, é conduzida entrevista.
• Os residentes elaboram relatório com recomendações para melhorias dos ambientes e processos de trabalho.
• A devolutiva a empregadores e trabalhadores é feita por residentes e ACS.
• Objetivo é promover o trabalho seguro e saudável. Não há caráter fiscalizatório.
ÁREA DE SAÚDE DO TRABALHADOR/DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA 27
Mapa de riscos reconhecidos em empresas da micro-área de Três Marias/Jardim Rosália.
Empresa Ramo Risco Físico Risco Químico
Risco Biológico
Risco Ergonômico
Risco de Acidentes
1Serviços
automotivosX
2 Produtos de metalX
3Atacado de bens
duráveisX
4 Produtos de metalX X X
5 Produtos de metalX X X
6 Produtos de metalX X X X
7
Serviços de engenharia e
gerenciais
X X X
8 Produtos de metalX X
9Produtos de
madeirax X X
10 Atacado de bens de consumo
X X X X
ÁREA DE SAÚDE DO TRABALHADOR/DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA
22 empresas avaliadas entre agosto/2017 e março/2018 (65% permitiram observação in loco)
29
ÁREA DE SAÚDE DO TRABALHADOR/DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA 30
31ÁREA DE SAÚDE DO TRABALHADOR/DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA
vivências e percepções
relatos obtidos em dois grupos focais e uma reunião geral de equipes
ÁREA DE SAÚDE DO TRABALHADOR/DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA 32
Sobre o atendimento e
o mapeamento
de campo
”Foi bom porque não sabemos lidar com coisas do trabalho”
“Os pacientes foram ouvidos de verdade”
“Não é que os outros médicos não davamatenção, mas não sabiam o que fazer”
”Todo mundo tem dúvida em saúde do trabalhador"
”Foi a 1a. vez que entrei nas empresas. Conhecia algumas, mas eu nunca tinha
entrado”
"Agregou muito valor porque pudeconhecer os trabalhadores, os riscos e as
atividades”
“É muito interessante ver o trabalho deles”
”A gente viu a necessidade do cuidado com os trabalhadores, muitos nem sabem os
produtos que usam"
ÁREA DE SAÚDE DO TRABALHADOR/DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA 33
Ideias e sugestões
para o futuro
21/09/2017
”A gente podia conversar com as empresase levar ações de saúde para dentro do trabalho”
”Podia fazer um ‘workshop ao vivo’, melhorar o que eles fazem a partir da trocade informação entre a saúde e o trabalhador”
”A gente só vai ter acesso à realidade se conversar com os trabalhadores sobre o dia-a-dia deles”
”Precisa deixar mais visível os problemasde saúde do trabalhador, com discussãodos casos junto com os ACS”
”Explicar melhor que o foco não é a empresa e a fiscalização, é o trabalhador“
ÁREA DE SAÚDE DO TRABALHADOR/DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA 34
O olhar dos médicos
residentes
21/09/2017
“Atenção Básica é campo diferente de aprendizado”
“A experiência permitiu ver a realidade dos trabalhadores”
“Foi bom para vivenciar a dificuldade do trabalho com equipes multiprofissionais e ver a interdependência no serviço de saúde”
“Deu pra ver diferentes tipos de doenças e a importância da avaliação da capacidade para os trabalhadores com doenças “comuns”;
“É muito bom interagir com outros residentes como da Preventiva e Saúde da Família”
ÁREA DE SAÚDE DO TRABALHADOR/DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA
Próximos passos
1. Apoio matricial em ST. 2. Transformar o projeto piloto
em uma linha de pesquisa. 3. Integrar os programas de
residência de medicina do trabalho e saúde da família para a atenção integral à saúde do trabalhador.
4. Identificar fontes de recursos para ampliar as ações para todo o território.
5. Levar ações semelhantes para outros Centros de Saúde.
6. Outras sugestões?
ÁREA DE SAÚDE DO TRABALHADOR/DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA 36
Objetivos do Programa (MEC/2018)
1. Desenvolver o profissionalismo enquanto capacidade de, diante de situaçoes concretas, refletir utilizando a razão crítica, além de conhecimentos e valores, para decidir sobre as práticas e condutas, considerando o direito dos trabalhadores à saúde e à vida;
2. Prover atenção integral à saúde dos trabalhadores, em nível individual e coletivo, por meio de açoes de promoção e proteção da saúde, vigilancia e assistencia, incluindo a reabilitação fisica e profissional, considerando a relação entre as queixas e ou adoecimento e o trabalho atual e/ou pregresso desempenhado pelo trabalhador;
3. Julgar e intervir em situações concretas de trabalho, a presença de riscos, presentes ou potenciais, para a saúde e a integridade fisica e mental do trabalhador, para a saúde e o bem-estar dos trabalhadores;
4. Aplicar e desenvolver habilidades para a formulação e implementação de políticas e gestão da saúde dos trabalhadores, em nível individual e coletivo, considerando, sempre que necessário, a gestão integrada de Saúde, Segurança do Trabalho e Ambiente (SSA);
5. Desenvolver competencias transversais que perpassam todos os outros domínios, envolvendo o conhecimento e uso apropriado da legislação aplicada àSaúde e Segurança do Trabalhador, em especial leis e normas brasileiras na esfera do Trabalho, Previdência Social e Saúde; normas internacionais e estrangeiras; habilidades de trabalho em equipe, incluindo o exercício da liderança e a mediaçãode conflitos; comunicação verbal e não verbal e de relaçoes interpessoais, pautadas pelo diálogo e empatia; e o aperfeiçoamento e atualização continuados da prática profissional (aprender a aprender continuamente), além de se comprometer com a formação, o treinamento e a supervisão de futuros profissionais.
Objetivos Específicos (continuação)ÁREA DE SAÚDE DO TRABALHADOR/DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA