SISTEMA DE SINALIZAÇÃO TURÍSTICA DO
PATRIMÔNIO HISTÓRICO-CULTURAL DA REGIÃO
CENTRAL DE CAMPINAS1
Mirza Pellicciotta2
1 Os estudos e proposta de confecção de um sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região
central de Campinas foram desenvolvidos para o Departamento de Turismo da Secretaria Municipal de Cultura, Esportes e
Turismo da Prefeitura Municipal de Campinas, com reconhecimento de autoria intelectual. 2 Mestre em História Social e Doutoranda em História Cultural pela Unicamp, professora do Dep. de História da PUC de
Campinas
ÍNDICE:
INTRODUÇÃO PERCEPÇÃO, IDENTIFICAÇÃO E PROPOSTA DE SINALIZAÇÃO PATRIMONIAL DA REGIÃO
CENTRAL DE CAMPINAS
ZONEAMENTO HISTÓRICO E LEITURA DAS CAMADAS DE TEMPO
AS PLACAS
ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS
CONJUNTO DOS MUPIS, PLACAS INTERMEDIÁRIAS E DE MONUMENTO
Mapa do sistema de sinalização de patrimônio histórico e ambiental da região central
1. Largo de Santa Cruz
1.1 Capela de Santa Cruz
2. Largo de São Benedito
2.1 Casa da Cônego Cipião
2.2 Casa grande e tulha
3. Praça Bento Quirino
3. Antigos arruamentos
3.1 Jócquey Clube
3.2 Solar do Barão de Itapura/PUCC
3.3 Clube Republicano
4. Largo das Andorinhas
4. Praça Carlos Gomes
4.1 Beco do Inferno
4.2 Escola Estadual Carlos Gomes
4.3 Banda Carlos Gomes
4.4 Santa Casa
5. Centro de Convivência
5.1 Hospital Irmãos Penteado
5.2 Colégio Progresso
5.3 Museu do Negro
6. Largo do Rosário
6. R. César Bierrenbach
6.1 Sobrado do Visconde de Indaiatuba
6.2 Centro de Ciências, Letras e Artes
7. Catedral
7. Rua Conceição
8. Praça Rui Barbosa (Teatro)
8.1 Solar do Barão de Ataliba Nogueira/Centro Cultural Evolução
8.2 Palácio dos Azulejos
8.3 Escola Ferreira Penteado
9. Praça Luiz de Camões
10.1 Escola Orozimbo Maia
10.2 Hospital Penido Bournier
10.3 Liga Humanitária dos Homens de Cor
10.4 Academia Campinense de Letras
10.5 Academia Campineira de Letras
10.6 Delegacia de Polícia
10. Estação Cultura 11.1 Museu da Cidade
11.2 Bebedouro
11.3 Túnel de pedestres
11. Mercado Central
12.1 Colégio Culto à Ciência
12.2 Inst. Prof. Bento Quirino
12.3 Antigo Colégio C de Jesus
12. Largo do Pará
13.1 Externato São João
13. Bosque dos Jequitibás
14. 13 de Maio
9.1 Palácio da Mogiana
9.2 Maçonaria
INTRODUÇÃO
Quando criança, meu pai percorria cidades barrocas de Minas Gerais encantado com o que via... Ruas
coloniais, edifícios e detalhes construtivos ganhavam um tal brilho em seus olhos que nós tentávamos identificar
naquilo que ele enxergava, as pistas de um verdadeiro mapa do tesouro. Assim nós crescemos, atentos aos
detalhes no alto dos muros, em restos de piso, em fragmentos de parede, telhados e malhas urbanas que, com o
passar do tempo, alimentaram e se traduziram em uma percepção de mundo fundida a uma militancia surda e
profunda pela preservação de um tesouro maior chamado História. Com os anos, todas as cidades se tornaram
interessantes, da mesma forma que nós passamos a buscar uma compreensão mais profunda das teias de
significados e experiências escondidas no interior de cada uma delas, alargando-se a percepção e compreensão
de História. Com o passar do tempo, ainda, conseguimos observar melhor o que nos cercava e a perceber a
urgência de zelar pela preservação de uma gama infindável de testemunhos imersos em processos acelerados de
crescimento e transformação urbana.
Com a graduação e pós graduação em História, adquirimos ferramentas para o trato do tempo: a
percepção de que os fenômenos se construíam em meio às mudança e permanência, às intercalações,
sobreposições e rupturas, e com base nestas dimensões de tempo, procuramos desenvolver uma perspectiva de
reflexão específica acerca dos testemunhos urbanos, ou ainda, da cultura material nas/das cidades, de forma a
analisar a cidade como um território histórico. Tratava-se, portanto, de tentar compreender a História nas cidades
como condição para refletir sobre a História das cidades, parecendo-nos inegável considerar que, antes de tudo,
as cidades nos permitiam perceber a própria História em seus diferentes processos de constituição e
materialização (ou não) na forma de edificações, expressões artísticas, maneiras de viver, hábitos culinários,
enfim, em um vasto conjunto de experiências e códigos culturais perpassados por significações de presente e
passado.
A cidade se revelava, enfim, um universo cultural, social, político, econômico em movimento, e na
medida em que constatamos que cada uma delas escondia marcas e trajetórias singulares de constituição
histórica, nós passamos a refletir sobre a construção de um caminho investigativo específico da cultura material
do mundo urbano; uma proposta que se revelasse sensível à formação, desenvolvimento e transformação do
espaço, ou ainda, que nos permitisse captar e cruzar seus dados com a dinâmica do tempo, fundada em
sobreposições, intercalações e rupturas. E através desta perspectiva de análise urbana (atenta às camadas do
tempo), a reflexão histórica se revelou em toda a sua força, mostrando-se capaz de captar as mudanças e
permanências do mundo urbano, ou ainda, de nos fazer perceber de forma mais sutil e profunda, os caminhos
contraditórios e dinâmicos de formação e transformação das cidades.
Os fundamentos desta “metodologia” de investigação foi, por fim, ganhando forma através de uma
sucessão de projetos: nos trabalhos de concepção e implantação do Museu da Cidade de Campinas (1990/1992)3;
na elaboração do estudo “Os Sertões do Paranapanema”, obra de subsídios para o trabalho arqueológico em uma
área de 30 municípios da região oeste do Estado de São Paulo4; na realização do estudo “O Alto e Médio
Tocantins em tempo e espaço de transformação”, obra de subsídios para o trabalho arqueológico na porção sul
do atual Estado do Tocantins5 e, mais recentemente, na proposição e coordenação do “Programa Conheça
Campinas”, da Secretaria Municipal de Cultura, Esportes e Turismo da PMC6.
PERCEPÇÃO, IDENTIFICAÇÃO E PROPOSTA DE SINALIZAÇÃO PATRIMONIAL DA
REGIÃO CENTRAL DE CAMPINAS
Se em cada um destes projetos, o estudo das cidades assumiu finalidades diferentes, a identificação e
análise de suas dinâmicas singulares nos permitiu alcançar resultados importantes no campo da preservação
histórica, fortalecendo-se os laços da pesquisa com a prática preservacionista, ou ainda, dos estudos do passado
com o tempo presente. Mas, de maneira particular, o “Programa Conheça Campinas”, desenvolvido junto à
Prefeitura Municipal de Campinas, permitiu-nos associar os trabalhos de levantamento, análise e cruzamento
(rigoroso e abrangente) de dados da cidade à construção, propriamente dita, de instrumentos de intervenção no
espaço público, articulando-se as pesquisas com as ferramentas do turismo cultural.
No curso dos anos 2002/2004, nós desenvolvemos no Departamento de Turismo da SMCET o Programa
“Conheça Campinas”7, um programa composto por oito projetos de intervenção turística, entre os quais a
proposta de “Sinalização Turística do Patrimônio Histórico-Cultural da Região Central de Campinas”8. Esta
proposta, orientada pelos princípios do direito à memória e à história como condição para o acesso à cidade,
3 Coordenação de Estudos Historiográficos do Projeto de Implantação do Museu da Cidade, da Secretaria Municipal de
Campinas, entre os anos 1990/1992 4 “Projeto Taquaruçu-Sumaré. Linha de transmissão 440 kv” da Empresa Documento Arqueologia e Antropologia,
coordenado pelos arqueólogos Dra. Erika M. Robrahn-González e Ms. Paulo Eduardo Zanettini, 2000 5 “Projeto Peixe Angical” da Empresa Documento Arqueologia e Antropologia, sob coordenação da Profa. Dra. Erika M.
Robrahn-González, 2001/2002 6 Coordenação de Eventos do Departamento de Turismo; Coordenação do Programa Conheça Campinas; Proposição,
Desenvolvimento e Coordenação de Projeto, de Pesquisa Histórica e de Produção de Textos da “Sinalização Turística do
Patrimônio Histórico-Cultural da Região Central de Campinas”. 2002 e 2004 7 O Programa “Conheça Campinas” contou com toda a equipe técnica do Departamento de Turismo formada na ocasião por:
Sônia Aparecida Fardin (Diretora), Mirza Pelllicciotta e Cristina Sampaio (Coordenadoras), Éros de Marconsini e Vizel,
Maria Erli Hemetério de Miranda, Fabíola Rodrigues, José Luiz Santos, Tatiane Cristina de Oliveira, Cleber de Moura Fé,
Dora Lucia Mazzer Vechini e Arlindo Alves Costa (equipe técnica), além dos prestadores de serviços técnicos: Antonio
Carlos Lorette, Fabiana Bruno e Marta Fontenele; de estagiários: Luis Gustavo Andrade Mariano, Marcelo Douglas Rosa de
Moraes, Cleiton Guedes; do consultor em educação: Prof. Dr. Ângelo E. Silva Pessoa (Coordenador do Grupo de Formação
de História da Secretaria Municipal de Educação) e da colaboração da Profa. Dra. Carolina Galzerani e do Grupo Memória,
História e Educação da Fac. De Educação da UNICAMP 8 A equipe que integrou o Projeto de Sinalização foi formada por: Mirza Pellicciotta (proposição, desenvolvimento e
coordenação de projeto, de pesquisa histórica e de produção de textos), Fabíola Rodrigues, Marcelo Moraes, Antonio Carlos
Lorette, Fabiana Bruno, Marta Fontenele, Ângelo E. Silva Pessoa, Carolina Galzerani e Grupo Memória, História e
Educação, além da participação de Américo Vilela.
assumiu a forma de um projeto de cidadania histórica, e buscou propor uma leitura urbana através de placas de
sinalização do patrimônio histórico, cultural e ambiental do Município.
Concebida para oferecer a moradores e visitantes de Campinas, informações capazes de ampliar e
qualificar a circulação por meio do reconhecimento e fortalecimento das significações e sentimentos de
pertencimento à cidade, este Sistema de Sinalização procurou também se associar à uma proposta mais ampla de
turismo público, fundada na valorização do patrimônio material e imaterial de Campinas como base para uma
nova modalidade de ação, a do turismo cultural.
Esta proposta nasceu da convicção de que o turismo poderia (ou deveria) ser pensado como
ferramenta/instrumento de realização/operacionalização da apropriação dos bens simbólicos do espaço, ou ainda,
de que o turismo poderia desempenhar um papel estratégico na gestão da circulação urbana ao dar sentido à
própria produção social do espaço. Neste caso, o Projeto se fundamentou na idéia de que ao se circular pelo
espaço urbano, tem-se a oportunidade de tomar contato com uma infinidade de aspectos materiais e imateriais da
cidade e que, a depender da sensibilidade ou abertura para a(s) a(s) particularidade(s) de cada um, pode-se
ampliar o olhar, reconhecer o outro e se situar melhor dentro deste e do próprio espaço de vida e trabalho. O ato,
portanto, de circular e fazer “turismo”, cumpre com um papel importante de sociabilidade no tempo e sociedade
em que vivemos, merecendo nossa atenção (ou talvez, algum engajamento) por associar a circulação à
construção de um olhar mais amplo e profundo sobre o mundo.
De maneira mais específica, esta proposta visou instalar na região histórica (área central) de Campinas,
um sistema de sinalização turístico-cultural com o propósito de sensibilizar, informar, propor e orientar a
circulação dos moradores e visitante por diferentes espaços de constituição histórica, convidando-os a conhecer
edificações, espaços, costumes, etc.. importantes na formação deste território e de sua(s) identidade(s)
cultural(s). No mesmo sentido, visou contribuir para um maior reconhecimento deste “centro histórico”,
atualmente deteriorado em seus marcos de formação e transformação histórica. Para tal, o sistema de sinalização
pretendeu oferecer à região, um suporte de informações, referências e análises, nas proximidades dos
testemunhos sobreviventes.
Para a realização dos estudos necessários, contamos com um rigoroso esforço de levantamento e
cruzamento de dados que incluiu, entre outros aspectos, trabalhos de identificação e seleção de fontes
iconográficas, identificação e seleção de fragmentos documentais, levantamento e cruzamento de referências
relativas à cultura material dos espaços, deparando-nos neste percurso, com a presença de 14 sub-áreas de
constituição histórica; sub-áreas que apresentaram marcos de formação e transformação singulares e
fundamentais à compreensão mais ampla da história da cidade. Este projeto, portanto, compõe-se de 14 painéis
interpretativos, 5 placas intermediárias e 33 placas de monumento externo; estruturas que apresentam
formatos diferentes na perspectiva de cumprir com finalidades de leitura e de educação patrimonial específicas.
ZONEAMENTO HISTÓRICO E LEITURA DAS CAMADAS DE TEMPO
Como aspecto fundamental desta leitura da cidade (materializada no sistema de sinalização), nós
desenvolvemos uma proposta de zoneamento histórico da região central; ferramenta capaz de apontar (e
qualificar) a presença de diferentes áreas de formação histórico-cultural na cidade. Através deste zoneamento,
procuramos estabelecer uma visão articulada dos espaços históricos, associando através de cores e
representações, vários elementos e sentidos históricos presentes nas 14 sub-áreas da região central. Procuramos
também chamar a atenção e convidar ao moradores e visitantes à circular e desvendar estas áreas.
Em paralelo à identificação espacial, procuramos representar a cidade em quatro dimensões de tempo,
indicando por meio delas, a presença de períodos, sentidos e experiências históricas diferentes. No primeiro
tempo, organizamos os registros do século XVIII e espacializamos as informações identificando a presença de
“campinhos” em meio à mata fechada. No segundo tempo, buscamos representar um período histórico posterior,
no qual atividades agrícolas extensivas e uma crescente dinâmica de mercado levaram à expansão dos canaviais,
depois dos cafezais, intensificando-se a vida urbana entre as últimas décadas do século XVIII e o final do século
XIX. No terceiro tempo, procuramos identificar um outro momento de transformação urbana: o caracterizado
pela expansão das atividades agro-industriais, responsáveis, entre outros processos, pela formação dos primeiros
bairros nos arrabaldes da cidade. No quarto tempo, demarcamos a expansão urbana contemporânea que, a partir
da década de 1930, assumiu uma intensa dinâmica urbana, potencializada pela complexificação capitalista.
Por fim, em conjunto com a identificação de aspectos e processos em transformação no tempo e no
espaço, procuramos abarcar uma última esfera de reflexão: a das percepções. Neste caso, através de impressões e
representações deixadas por cronistas, viajantes, estudiosos e habitantes da cidade, nós podemos tomar contato
com uma outra dimensão de cidade: aquela que diz respeito às significações e dimensões simbólicas. De fato, os
espaços também se constituem como dimensões simbólicas, dimensões permeadas por significações em
transformação (ou permanência) no tempo, ou ainda, por testemunhos e projetos de vida revelados no espaço.
AS PLACAS
Em seu conjunto, o Sistema de sinalização compõe-se de painéis e placas com finalidades específicas.
Os Painéis interpretativos (também conhecidos como mobiliário urbano para informação, ou simplesmente,
MUPI) visam articular o “ponto turístico” (isolado) à área envoltória que lhe confere significado, podendo-se
através dele: identificar a área histórica em que se encontra; obter dados importantes do seu entorno, obter
informações específicas sobre os “pontos turísticos” próximos e correlatos. O painel é composto por um mapa da
região central (com zoneamento histórico em cores), textos explicativos da evolução urbana, um amplo acervo
iconográfico, referências historiográficas e identificação dos principais pontos turísticos da área. A cada painel,
apresenta-se um determinado recorte urbano, associando-se a área demarcada (em suas especificidades) com a
evolução urbana de toda a cidade. Os MUPIs deverão ser instalados nos seguintes logradouros: Praça XV de
Novembro, Centro de Convivência Cultural, Largo das Andorinhas, Praça Bento Quirino, Largo do Rosário,
Mercado Municipal, Praça José Bonifácio (Convívio), Praça Rui Barbosa, Largo do Pará, Largo São Benedito,
Estação Cultura, Praça Luís Vaz de Camões, Bosque dos Jequitibás, Rua 13 de Maio
As Placas Intermediárias voltam-se a oferecer ao morador/turista uma compreensão e orientação mais
detalhada de circulação no território em visitação, fornecendo detalhamentos de ruas e travessas, usos e
tradições no curso do tempo, ou ainda, enriquecendo a percepção do morador/visitante nas áreas de fronteira
entre os territórios dos MUPIs. Elas deverão ser instaladas nos seguintes logradouros: Praça Antonio Pompeu,
Praça Carlos Gomes, Rua César Bierrenbach, Rua Conceição e Rua Senador Saraiva
As Placas de Monumento visam oferecer informações históricas/culturais/ambientais de um “ponto
turístico” ou atrativo específico, apresentando um texto explicativo com referências ou associações de conteúdo
com o “painel interpretativo” de uma região, além de sinalizar o patrimônio edificado e os bens tombados pelo
Município. Elas deverão ser instaladas nas seguintes edificações: Capela de Santa Cruz, Antigo Gasômetro,
Jockey Clube, Palacete Itapura (PUC – Central), Centro de Ciências, Letras e Artes, Antiga sede do Clube
Republicano , Beco do Inferno, Escola Estadual Carlos Gomes, Banda Carlos Gomes, Sobrado do Visconde de
Indaiatuba, Palácio dos Azulejos, Escola Ferreira Penteado, Correios e Telégrafos, Palácio da Mogiana, Loja
Maçônica Independência, Solar do Barão Ataliba Nogueira (Centro Cultural Evolução), Hospital Irmãos
Penteado, Colégio Progresso. Museu do Negro, Colégio Culto à Ciência, Academia Campinense de Letras,
Academia Campineira de Letras, Inst. Prof. Bento Quirino (Colégio Técnico Bento Quirino), Escola Orozimbo
Maia, Hosp. Penido Burnier, Liga Humanitária dos Homens de Cor, Delegacia de Polícia, Antigo Colégio
Coração de Jesus, Externato São João, Casa Tombada da Rua Cônego Scipião, Santa Casa de Misericórdia,
Bebedouro e Museu da Cidade.
No mês de outubro de 2004, o “Sistema de Sinalização Turística do Patrimônio Histórico-Cultural da
Região Central de Campinas” foi aprovado com louvor pelo CONDEPACC (conselho de preservação municipal)
e em novembro, o mesmo Conselho tombou seus arquivos digitais como acervo sob guarda do Museu da
Imagem e do Som. O Projeto aguarda a confecção do mobiliário capaz de instala-los nas ruas e praças de
Campinas.
ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS
1. TIPOLOGIAS DAS PEÇAS:
Os equipamentos e peças de sinalização a serem executados e instalados são:
1.1 MUPI – Mobiliário Urbano Para Informações – são peças para informações turísticas, localização e histórico de um
bem imóvel ou de um logradouro ou marco urbano de relevante valor histórico-cultural. Tais informações serão
fornecidas em arquivo eletrônico (CD), prontas para impressão (processo de plotagem) em 600dpi em lona adesivada
1.2 Tótem Multiuso – a ser usado para informações históricas e identificação dos logradouros do entorno das obras. Tais
informações fornecidas em arquivo eletrônico (CD), prontas para impressão (processo de plotagem) em 600 dpi em
lona adesivada.
1.3 Placa Informativa – são peças com informações históricas/culturais/ambientais de um ponto turístico ou atrativo
específico. Tais informações serão fornecidas em arquivo eletrônico (CD), prontas para impressão (processo de
plotagem) em 300 dpi em lona adesivada.
2. CARACTERÍSTICAS DO PROJETO
Foi desenvolvida uma família de equipamentos e peças de sinalização, com funções distintas, mas que guardam as mesmas
características estético-construtivas entre si, seja pelo acabamento, tipo de vedação, cor, tipo de suporte ou outro detalhe
relevante.
2.1 Estrutura de apoio das peças:
Todas as peças serão metálicas, estruturadas em perfis retangulares tipo metalon, com 2mm espessura das paredes e seções
variáveis, galvanizados, reforçados ou não com peças soldadas entre os vãos, conforme detalhes.
Esses quadros de suporte das peças serão recobertos por chapas planas lisas de 5mm de espessura, soldadas nos 2 lados
maiores e paralelos, com as bordas soltas na extremidades, conforme detalhe nas diversas plantas. Esses apoios deverão
suportar o corpo das peças propriamente ditas.
O acabamento dos quadros de apoio será em pintura eletrostática, em cor contrastante à cor do corpo das peças. A cor dos
apoios será variável de acordo com as características do material de fechamento do corpo das peças. O corpo poderá ser em
chapa perfurada, ou em caixas de chapas lisas, conforme segue:
2.2 Fechamento do corpo das peças:
a) Corpo do MUPI, Tótem e Placa: corpo das peças em chapa lisa com ou sem vidro
A caixa do corpo do MUPI, em chapa de aço carbono e alumínio com vidro, do Tótem, em chapa côncava, e da Placa, em
chapa plana, com todas as peças externas necessárias à sustentação do corpo da peça nos seus respectivos suportes, como:
perfis em metalon, chapas frontais, tubos, dobradiças e parafusos terão o mesmo acabamento em cor contrastante à das
peças dos apoios no piso ou parede.
Acabamento:
Corpo: Todas as peças externas da caixa do painel de informações, em cada caso, terão acabamento pintura eletrostática
epóxi pó em cor preto.
Estrutura: Os quadros de apoio no piso (ou na parede, para a placa) com todas as peças externas: metalon, chapas laterais,
chapa da base para chumbamento na no piso (e o tubo de fixação da placa) e parafusos terão acabamento em
aço carbono pintado, com pintura eletrostática epóxi pó em cor a ser definida pelo cliente.
Procedimentos para Instalação
Todas as peças deverão ser fornecidas prontas para instalação. A firma responsável pela execução da mesma deverá
chumbar cada peça na base de concreto correspondente, a ser executada nos pontos indicados.Deverão ser executados pelo
menos 4 (quatro) furos por peça, para parafusos de chumbamento na base “grouteda” existente no piso, que indica o local
onde foram executadas as sapatas para receber cada peça. Os diâmetros dos parafusos são variáveis: 5/8” ou 1,58mm para
peças maiores, e de 1/2" para peças menores. Esses deverão receber o mesmo acabamento da chapa da base das peças.
A chapa da base deverá cobrir a base em “grout” executada no piso pela firma de implantação das peças. O chumbamento
será feito com parafusos de expansão tipo Kwik Bolt II, da Hilti, ou similar, com 120mm enterrados na base de concreto
para todas as peças. O recobrimento final das calçadas, deverá ser lateral à superfície de chumbamento. As peças não
poderão ser chumbadas sobre o acabamento do piso, somente direto na base de concreto.
Das fundações
A contratada deverá executar as fundações dos MUPI’s e Totens Multiuso em conformidade com o projeto anexo e de
acordo com as seguintes especificações:
Fundação para MUPI’s
Consiste na execução dos seguintes serviços e etapas:
- escavação manual em solo de vala com 1,5m x 1m x 0,65m;
- apiloamento manual de 1,5m² de fundo de vala;
- execução de 0,075m³ de lastro de concreto com consumo de 150kg de cimento por m³;
- execução de 1,5m² de chapisco nas laterais da vala;
- execução de 1m² de forma para fundação;
- fornecimento e lançamento de 0,7m³ de concreto fck = 20 MPa;
- fornecimento de 30 kg de aço CA- 50;
- reaterro apiloado de 0,2m³;
- execução de 1,5m² de contra-piso de concreto com 5cm de espessura;
- fornecimento e assentamento de 1,5 m² de piso de ladrilho hidráulico tipo podo táctil;
- limpeza e remoção de todo o entulho resultante da execução dos serviços.
Fundação para Totens Multiuso
Consiste na execução dos seguintes serviços e etapas:
- escavação manual em solo de vala com 1,5m x 0,85m x 0,65m;
- apiloamento manual de 1,3m² de fundo de vala;
- execução de 0,065m³ de lastro de concreto com consumo de 150kg de cimento por m³;
- execução de 1,4m² de chapisco nas laterais da vala;
- execução de 1m² de forma para fundação;
- fornecimento e lançamento de 0,55m³ de concreto fck = 20 MPa;
- fornecimento de 25 kg de aço CA- 50;
- reaterro apiloado de 0,2m³;
- execução de 1,275m² de contra-piso de concreto com 5cm de espessura;
- fornecimento e assentamento de 1,275 m² de piso de ladrilho hidráulico tipo podo táctil;
- limpeza e remoção de todo o entulho resultante da execução dos serviços.
Das instalações elétricas
Na instalação dos MUPI – Mobiliário Urbano Para Informações – a contratada deverá executar a interligação elétrica das
peças ao quadro de alimentação e/ou distribuição existente no logradouro ou edificação pública mais próxima.
É de inteira responsabilidade da contratada:
- a execução de rasgos nos pisos, alvenarias e outros elementos necessários à passagem dos eletrodutos;
- o fornecimento e instalação de eletrodutos de ¾”, tipo mangueira e seu chumbamento e/ou envelopamento de concreto do
MUPI ao quadro de alimentação;
- a execução do acabamento e recomposição das superfícies danificadas com iguais características as superfícies originais;
- o fornecimento e instalação da enfiação em fio rígido de 4mm²;
- o fornecimento e instalação de disjuntor de proteção de bipolar de 35Amperés para acionamento da iluminação, e sua
interligação à circuito dentro do quadro existente.
No orçamento elaborado pela PMC foi prevista uma verba para instalação elétrica de cada MUPI na qual está prevista:
- a demolição manual de 1m³ de concreto;
- o fornecimento e instalação de 45 metros de eletroduto tipo mangueira de 3/4”;
- o fornecimento e instalação de 100 metros de fio rígido de 4mm²;
- o fornecimento e instalação de 1 disjuntor bipolar termomagnético de 35Amperés;
- a execução de 0,5m³ de envelope de concreto;
- a execução de 5m² de piso tipo mosaico português, assentado sobre berço de areia;
- limpeza e remoção de todo o entulho resultante da execução dos serviços.
DESCRIÇÃO DAS PEÇAS
MUPI – Mobiliário Urbano de Para Informações
Peça para instalação de painel de informações iluminado, responsável pelo referencial turístico da cidade, com emprego de
mapas ou esquema representativo da cidade (ou de uma parte dela), fotos, textos etc. deverá fornecer a indicação de quais
são os atrativos turísticos, assim como uma noção básica de localização e do histórico dos pontos de interesse.
Composto por duas peças:
1. uma caixa estrutural em aço carbono pintado, estruturada em perfis de metalon,
2. um painel central com 2 portas em alumínio anodizado e vidro, também estruturado em metalon,
onde serão fixadas as 5 lâmpadas fluorescentes e respectivos reatores a serem fornecidos pela
contratada.
A base de apoio da caixa estrutural de aço inox é um quadro estruturado em perfis tipo metalon de aço carbono de 800 x
400 x 80 mm e parede de 2,5 mm, com 4(quatro) barras de reforço soldadas na diagonal do vão maior. São 4 (quatro) peças
em forma de cantoneiras de 1” x 1” x 825 mm e parede de 2,5 mm. Na parte superior sobre o painel informativo, a caixa
estrutural também será feita em um quadro de metalon, com as mesmas dimensões da seção recomendada na base, sem
necessidade do reforço. Esses quadros de metalon serão recobertos por 2 chapas independentes, lisas e planas, de com
chapa de aço carbono de 800 x 400 mm e parede de 5 mm a serem soldadas em 2 faces maiores e paralelas do quadro;
O painel central é composto por uma caixa de perfil de alumínio 2000 x 1300 x 75 mm anodizado na cor preta, que
funcionará como uma vitrine, fechada com vidro temperado 6 mm nas duas portas, fixado por silicone estrutural à estrutura
do painel. O quadro informativo, a ser afixado na estrutura do painel central acima, deverá ser em lona vinílica estruturada
em moldura em alumínio ou metalon 1” x 1” parafusada no quadro com cantoneiras em alumínio 1/2” x 1/2” . Isso permitirá
eventuais substituições das informações. A iluminação interna será do tipo “back-light”, com cinco lâmpadas fluorescentes.
A passagem de alimentação elétrica do piso para o quadro de iluminação será garantida internamente à base de apoio da
peça, por um conduíte, conforme descrição em projeto. Todos os serviços e peças descritas deverão ser produzidos pela
empresa contratada, bem como a impressão da arte final (em painel), que serão coloridas, estampadas na lona vinílica, área
de impressão mínima de 1800mm x 1200mm, com a resolução mínima de 600dpi, contendo as informações necessárias à
sinalização e orientação. A lona vinílica deverá ser estruturada com moldura de alumínio ou metalon de 1” x 1” fixada com
parafusos. A base da caixa estrutural do MUPI, ou seja, a estrutura em metalon será soldada em uma chapa de aço 900 x
200 mm e parede de 8 mm, com 4 furos de 5/8” para chumbamento na base de concreto do piso.
Dimensionamento da peça:
Altura total: 3000 mm
Largura: 1400 mm
Espessura: 215 mm
Área de informações: 2,16 m² (1800 x 1200 mm)
Instalação: executar ligação à rede de energia elétrica
TÓTEM MULTIUSO
O Totem projetado na planta HT 03 08 E MU 0011 01 é composto por duas peças: uma caixa estrutural de aço carbono e
um painel informativo central pivotante, também em chapas de aço carbono. A base estrutural da peça é composta por uma
caixa em chapas de aço carbono, vazadas no centro. Essa caixa está estruturada internamente por um quadro em metalon,
que são perfis retangulares de aço carbono de 750 x 82 mm e parede de 1,5 mm. Deverá ser feito um reforço estrutural na
base desse quadro, com quatro barras de aço em forma de cantoneiras de 1” x 1” x 590 mm e parede de 2,5 mm soldadas na
diagonal do vão do quadro. O revestimento desse quadro deverá ser feito com 2 chapas de aço independentes, uma em cada
face, com as suas extremidades soltas da estrutura de apoio. As chapas serão galvanizadas, em aço carbono de 2300 x 750
mm e parede de 2 mm de espessura, recortadas conforme planta e soldadas no quadro dos dois lados. O painel central, é
composto por duas chapas de aço carbono liso, côncavas e soldadas entre si nas extremidades, com 1500 x 450 mm e
paredes de 2 mm de espessura. Esse painel será estruturado por um tubo central longitudinal, onde serão soldadas as chapas
côncavas, com pinos nas extremidades superior e inferior , que permitam o giro da peça pelo seu eixo central. Para fixação
das duas peças, será utilizado um tubo de aço inox apoiado entre a chapa de aço carbono e o metalon da peça estrutural,
fixado por parafuso sextavado de 5/8” x 200 mm e 20 mm de rosca em porca soldada na parte superior do metalon da peça
estrutural, conforme descrição em projeto. O Totem será fixado no piso através de uma chapa de aço carbono 670 x 200 mm
e parede de 5 a 8 mm soldada nos apoios de metalon e com furos de ¾” para encaixar em arranques de 500 x 5/8”
concretados no piso. Verificar a necessidade de reforço de sustentação na base, que poderá ser feito em chapas triangulares
soldadas a 90º entre a aba da chapa da base de fixação e a parede da peça, distribuídas ao longo da maior dimensão lateral
da peça, de modo que ela possa resistir a esforços ortogonais nas suas laterais. Todos os serviços e peças descritas deverão
ser produzidos pela empresa contratada, bem como a impressão da arte final (em painel), que serão coloridas, estampadas
em lona vinílica adesivada, com a resolução mínima de 600dpi, contendo as informações necessárias à sinalização e
orientação.
Dimensionamento:
Altura: 230cm
Largura total da peça: 75cm
Área de informação: 0,67 m² (1500 x 450 mm)
PLACA INFORMATIVA
A placa informativa descrita na planta HT 0308 E MU 012 01 é composta por duas peças:
Suporte: composto por uma chapa de apoio em aço inox de 500 x 197 mm e parede de 1,5 mm, côncava na parte central,
com 2 aberturas simétricas de 400 x 6 mm para encaixe da placa informativa.para encaixe, com as
extremidades superior e inferior recortadas formando abas planas de fixação. As abas deverão ter quatro furos
para parafusos 3/16”
Placa: Chapa de lisa plana de aço carbono galvanizada, de 650 x 400 mm e parede de 5 mm, com duas seções de
cantoneiras de aço carbono soldadas no lado posterior, para fixação por parafuso 3/16” e porca na chapa
côncava de aço de suporte da peça informativa.
Todos os serviços e peças descritas deverão ser produzidos pela empresa contratada, bem como a impressão da arte final
(em painel), que serão coloridas, estampadas na lona vinílica, com a resolução mínima de 300dpi, contendo as informações
necessárias à sinalização e orientação.
Dimensionamento:
Altura Total: 650 mm
Largura da chapa côncava: 500 mm
Área de informação: 0,2 m² (500 x 400 mm)
Procedimento para instalação da Placa: fixação direta por parafusos 3/16” e 1” de comprimento, com bucha plástica, nas
paredes das lojas, em superfície de alvenaria ou concreto, com ou sem revestimento.
No caso das Placas Informativas caberá exclusivamente a contratada à instalação das peças.
CONJUNTO DOS MUPIS, PLACAS INTERMEDIÁRIAS E DE MONUMENTO
Mapa do sistema de sinalização de patrimônio histórico e ambiental da região central
1. Largo de Santa Cruz
1.4 Capela de Santa Cruz
2. Largo de São Benedito
2.1 Casa da Cônego Cipião
2.2 Casa grande e tulha
3. Praça Bento Quirino
3. Antigos arruamentos
3.1 Jócquey Clube
3.2 Solar do Barão de Itapura/PUCC
3.3 Clube Republicano
4. Largo das Andorinhas
4. Praça Carlos Gomes
4.1 Beco do Inferno
4.2 Escola Estadual Carlos Gomes
4.3 Banda Carlos Gomes
4.4 Santa Casa
5. Centro de Convivência
5.1 Hospital Irmãos Penteado
5.2 Colégio Progresso
5.3 Museu do Negro
6. Largo do Rosário
6. R. César Bierrenbach
6.1 Sobrado do Visconde de Indaiatuba
6.2 Centro de Ciências, Letras e Artes
7. Catedral
7. Rua Conceição
8. Praça Rui Barbosa (Teatro)
8.1 Solar do Barão de Ataliba Nogueira/Centro Cultural Evolução
8.2 Palácio dos Azulejos
8.3 Escola Ferreira Penteado
9. Praça Luiz de Camões
10.1 Escola Orozimbo Maia
10.2 Hospital Penido Bournier
10.3 Liga Humanitária dos Homens de Cor
10.4 Academia Campinense de Letras
10.5 Academia Campineira de Letras
10.6 Delegacia de Polícia
10. Estação Cultura
11.1 Museu da Cidade
11.2 Bebedouro
11.3 Túnel de pedestres
11. Mercado Central
12.1 Colégio Culto à Ciência
12.2 Inst. Prof. Bento Quirino
12.3 Antigo Colégio C de Jesus
12. Largo do Pará
13.1 Externato São João
13. Bosque dos Jequitibás
14. 13 de Maio
9.1 Palácio da Mogiana
9.2 Maçonaria
MUPI
Largo de Santa Cruz
2. Largo de São Benedito
3. Praça Bento Quirino
4. Largo das Andorinhas
5. Centro de Convivência
6. Largo do Rosário
7. Catedral
8. Praça Rui Barbosa (Teatro)
9. Praça Luiz de Camões
PLACA INTERMEDIÁRIA
1. Antigos Arruamentos
Praça Carlos Gomes
3. César Bierrenbach
4. Rua Conceição
PLACA DE MONUMENTO
Capela de Santa Cruz
Antigo Gasômetro
3. Casa do Cônego Scipião
4. Casa Grande e Tulha
5. Jockey Clube
6. Solar Itapura/PUCC
7. Clube Republicano
8. Beco do Inferno
9. Escola Carlos Gomes
10. Santa Casa de Misericórdia
11. Banda Carlos Gomes
12. Hosp Irmãos Penteado
13. Colégio Progresso
14. Museu do Negro
15. Sobrado do Visconde de
Indaiatuba
16. Centro de Ciên Letras e
Artes
17. Solar do Barão Ataliba
Nogueira/ Centro CEvolução
18. Palácio dos Azulejos
19. Esc. Ferreira Penteado
20. Escola Orozimbo Maia
21. Hosp. Penido Bournier
22. Liga Humanitária dos
Homens de Cor
10. Estação Cultura
11. Mercado Central
12. Largo do Pará
13. Bosque dos Jequitibás
14. 13 de Maio
5. Av. Senador Saraiva
23. Academia Campinense de
Letras
24. Academ. Campinera de
Letras
25. Delegacia de Polícia
26. Bebedouro
27. Museu da Cidade
28. Túnel de Pedestre
29. Colégio Culto à Ciência
30. Inst. Prof. Bento Quirino
31. Antigo Colégio Coração de
Jesus
32. Externato São João
33. Palácio da Mogiana
1. SANTA CRUZ
POUSO DE SANTA CRUZ
UMA PARADA NO CAMINHO DOS GOIASES
CAPELA DE SANTA CRUZ
Entre fins do século XVII e início do XVIII se espalhou a notícia da descoberta de ouro nos vastos
sertões do Brasil e, logo, aventureiros se deslocaram para diversas áreas correspondentes a Minas Gerais, Goiás
e Mato Grosso em busca do sonho do Eldorado. Atrás deles seguiram os primeiros comerciantes, levando
gêneros necessários às áreas distantes. Ao longo da “Estrada dos Goiases”, aberta em 1722 para interligar São
Paulo aos “sertões” mineradores, surgiram diversos pousos de parada de tropeiros que deram origem a várias
cidades em seu roteiro. No bairro do “Mato Grosso de Jundiahy” e nas proximidades de uma pequena capela
construída em data ignorada, localizou-se um desses pousos; “paragem” que se transformou em um dos lugares
mais movimentados da pequena localidade que então nascia e que deu origem a Campinas.
POUSO REAL
O pouso de Santa Cruz oferecia abastecimento e descanso aos viajantes, pasto e aguadas para as
montarias, dando lugar no curso do tempo a um importante comércio de suprimentos e serviços para as tropas
(celeiros, ferreiros, artífices) capaz de transformar a parada em uma das melhores da “Estrada dos Goiases”. No
início do século XIX, em particular, o bairro mereceu a instalação de um “pouso real”, estrutura construída em
taipa de pilão com recursos do Estado que tencionava oferecer maior comodidade e infra-estrutura ao intenso
trânsito de pessoas, gêneros agrícolas e produtos diversos transportados em lombo de burro, carros de boi e
outros veículos, entre os sertões e as vilas paulistas.
LARGO E BAIRRO
Nas imediações do pouso, localizava-se também a antiga “Rua da Pinga”, espaço em que os tropeiros
reunidos à gente do lugar, divertiam-se em festas profanas e religiosas celebradas em torno do cruzeiro com
fartura de mate, causos, violas, fandangos e catiras. A fama do bairro ficou por conta das belas e fogosas
mulheres, ou ainda, da pinga dos alambiques locais cujo nome batizou a primeira rua do bairro de Santa Cruz.
Por ser ponto de saída da cidade até fins do século XIX, aqui se instaurou também a primeira forca para executar
o escravo Elesbão (1835), acusado de assassinar seu senhor; ou ainda, foi nas proximidades do pouso que se
arrancharam as tropas rumo à guerra do Paraguai (1865). Com o passar do tempo, outras mudanças vieram: o
antigo rancho acabou demolido (1868), as festas populares resistiram até 1879 e o bairro ganhou, pouco a
pouco, novas oficinas e fábricas, entre elas as de chapéus, carros, troles e máquinas de beneficiamento agrícolas
dos Irmãos Bierrenbach (1857) e o complexo de fundição e olaria de tijolos prensados de Carlos Sampaio
Peixoto, no interior do bairro (1867).
PERSONAGENS: tropeiro, mulheres com vestimentas antigas, personagens da festa do Divino, cidadão da
virada do século
CITAÇÕES NA LATERAL:
“...à saída da Vila, o qual se passa por uma ponte de pranchões; e a poucos passos, subindo-se uma
ladeira pouco inclinada, existe o Bairro de Santa Cruz formado de algumas casas em torno de um largo e uma
Ermida na frente”. Luiz D’Alincourt, 1818
“Ao chegar a Campinas instalei-me à entrada da cidade, num vasto rancho coberto de telhas e protegido
por sólidas paredes de taipa. A partir daí até São Paulo encontra-se uma série de ranchos construídos dessa
maneira, os quais são chamados de reais”. Saint Hilaire, 1819
“Permanecemos para fazer alguns reparos nas selas, etc.” Edmundo Pink, 1823
“Tanto os colonos como os imigrantes livres, despertaram vida nova na população (...) certos ofícios,
certas indústrias que nunca tinham sido exercidos ou tentados na província, foram introduzidos por imigrantes
alemães” Von Tschudi, 1860
“A força, ao chegar àquela cidade (..) foi acampar no pitoresco bairro de Santa Cruz” A d’Escragnolle-
Taunay, 1865 “....Oh festas de Santa-Cruz! Oh imperios do Espirito-Santo! Oh cavalhadas saudosas! Tudo passou. Em
vez disso (...) chegou a civilisação, fez pouso entre nós, e ahi se vão os costumes” Francisco Quirino dos
Santos, 1872
“Tanto o largo quanto essa rua acabaram se tornando um espaço maldito da cidade, embora situados à
volta da capela de Santa Cruz” José Roberto do Amaral Lapa, 1995
“A nossa Campinas de hoje nasceu de sonhos de brasileiros que buscavam terras e por aqui pararam
trazendo seus conhecimentos (...) Hoje nós somos o resultado de todas as experiências e expectativas destas
pessoas que nos procederam” Guarda Municipal, 2004
Legendas das imagens:
Óleo de Castro Mendes da Capela de Santa Cruz, baseado em desenho de H. Lewis da década de 1870.
Acêrvo: Museu da Cidade.
Um rancho. Thomas Ender, anos 1817/1818. Fonte: Viagem ao Brasil nas aquarelas de Thomas Ender. Ed.
Kapa
Pessoas a caminho da missa. Fragmento de aquarela de J.B. Debret, 1834. Coleção: Marqueses de
Bounerval
Vista aérea da Praça 15 de Novembro, antigo “Largo de Santa Cruz”, em meados do século XX. Acêrvo:
MIS
PRAÇA QUINZE DE NOVEMBRO
O CENTENÁRIO “LARGO DE SANTA CRUZ”
Legendas:
Do Pouso de Santa Cruz avistava-se a Vila de São Carlos e, depois, a cidade de Campinas. Aquarelas de
Edmund Pink (1823) e Miguel Dutra (1846). Acêrvos: Bovespa e Museu Paulista.
Últimas décadas do século XIX. Praça 15 de Novembro (1889) que também se chamou “Largo de Santa
Cruz”, “Campo da Forca” (1835) e “Praça do Comércio” (1846). Acêrvo: CMU
Década de 1910. Detalhe lateral do largo. Acêrvo: CMU
1918. Praça arborizada com Flamboyants plantadas por João Bierrenbach (1872). Acêrvo: CMU
1867. Folheto da Olaria Sampaio Peixoto, com uso de fotografia para fins comerciais. Acêrvo: Biblioteca
Nacional
1871. Fundição de Ferro e Bronze dos Irmãos Bierrenbach. Acêrvo: Ema Camillo
1900. Prédio comercial no Largo. Acêrvo: CMU
Início do século XX. Antiga Rua da Ponte (ou “do Rio”), hoje Major Sólon. Acêrvo: MLPM
Início do século XX. Postal com registro de boiadas em passagem pelo Guanabara. Acêrvo: Coleção A C
Lorette
Início do século XX. No Taquaral, a criação do “Lyceo de Artes e Ofícios” (1892/1897), hoje Liceu
Salesiano N.Sra. Auxiliadora. Acêrvo: MIS/BMC
TEXTO:
Do Pouso de Santa Cruz os viajantes avistavam no início do século XIX a Vila de São Carlos, deixando
suas impressões gravadas em desenhos aquarelados e textos que ainda hoje nos permitem observar as primeiras
ruas, edificações e quadras de uma cidade que nascia e que se moldava por entre os arboredos naturais. Desde
então, Campinas cresceu, e com ela o “Santa Cruz”, bairro que desempenhou um papel fundamental na formação
de várias regiões da cidade como o Cambuí, o Taquaral e em especial, o Guanabara, área suburbana que se
formou de um loteamento de americanos residentes no Santa Cruz a partir de 1881. Em sua trajetória dinâmica,
marcada pelo intenso trânsito de gente e de produtos, de fábricas e histórias, encontramos uma das fontes mais
importantes para o enriquecimento, reconhecimento e prestígio adquiridos pela cidade de Campinas.
CONHEÇA NAS PROXIMIDADES:
Capela de Santa Cruz, construída no século XVIII (data indefinida) e reconstruída no início do século XIX. Há
quase cem anos, abriga as irmãs Dominicanas Tombado pelo CONDEPACC. Largo de Santa Cruz. Visita
mediante autorização.
Antiga Rua do Rio ou da Ponte (R. Major Sólon), via que dava acesso ao centro da Vila de São Carlos através
das ruas “do meio” (Dr. Quirino) e “de baixo” (Luzitana).
Antiga Rua da Pinga (R. Santa Cruz), via em que se concentravam botequins e tavernas frequentadas por
tropeiros, viajantes, comboeiros de escravos, moradores do bairro e da cidade em busca de bebida, festas e
“fandangos”.
Canal de saneamento, obra de engenharia que canalizou os córregos “Serafim” e “Tanquinho” na virada dos
séculos XIX e XX, permitindo a expansão da cidade por terrenos alagadiços. Avenida Orozimbo Maia.
Antigo Gasômetro, reservatório da Companhia Campineira de Iluminação a Gás (1875) que iluminou as ruas e
praças principais da cidade, hoje pertencente à CPFL. Entre as ruas Dona Libânea e Major Solon. Visita com
autorização.
CONHEÇA TAMBÉM:
Seminário Presbiteriano do Sul, edifício de 1949 criado por missionários presbiterianos (presentes em
Campinas desde meados do século XIX) para sediar uma Faculdade de Teologia. Avenida Brasil, 1200. Visita
mediante autorização.
Liceu Salesiano Nossa Senhora Auxiliadora, antigo Liceu de Artes e Ofícios idealizado por D.Nery durante a
epidemia de febre amarela (1897), foi assumida por salesianos. Tombado pelo CONDEPACC. R. Baronesa
Geraldo de Rezende, 330. Visita mediante autorização.
Usina Salto Grande, criada no início do século XX para fornecer energia elétrica às fazendas de café, fundiu-se
em 1906 com a Companhia Campineira de Iluminação à Gás. Distrito de Joaquim Egídio. Visita mediante
autorização.
PLACAS DE MONUMENTO
1. Capela de Santa Cruz
Entre os templos católicos mais antigos de Campinas, esta capela em taipa de pilão de data ignorada teve origem
no bairro rural do Mato Grosso e por longo período permaneceu associada à religiosidade de escravos e camadas
populares. Marcada por comemorações de santos padroeiros, novenas e procissões, muitas vezes seguidas por
batuques e congadas, a capela foi sede provisória da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição em 1774/1781 e
da Paróquia de Santa Cruz em 1870, merecendo no curso do século XIX várias reformas que lhe conferiram
elementos neoclássicos à fachada. Há quase cem anos abriga as irmãs Dominicanas. Tombado pelo
CONDEPACC.
2. Antigo Gasômetro
Criada pela Companhia Campineira de Iluminação à Gás, hoje pertencente à CPFL, esta área abrigou em 1872
um reservatório destinado a fornecer iluminação à gás para a cidade. Seus canos começaram a ser assentados em
1874 e no ano seguinte alguns largos e ruas receberam iluminação pública. Em 1878, a luz chegou ao Jardim
Público (Centro de Convivência), em 1883 à Matriz Nova (Catedral) e em 1896 ao bairro do Guanabara. Em
1900, a Companhia já atendia 1048 combustores públicos e 913 consumidores particulares ao preço de 250 réis
por meio metro cúbico de gás consumido. Em paralelo, as experiências elétricas iniciadas em 1886 alteraram os
planos da Companhia que, em 1906 se fundiu à empresa Cavalcanti, Byngton e Cia, proprietária da Usina Salto
Grande, para criar a Companhia Campineira de Iluminação e Força. Dois anos depois surgiam as primeiras
lâmpadas elétricas de Campinas.
2. SÃO BENEDITO
NAS ORIGENS DE CAMPINAS TESTEMUNHOS DO BAIRRO RURAL DO “MATO GROSSO DE JUNDIAHY”
CAMPINAS VELHAS
Ao longo da antiga “Estrada dos Goiases”, aberta para ligar São Paulo aos sertões goianos em 1722,
surgiram diversas localidades e entre elas algumas palhoças, roças e criações destinadas a abastecer as tropas e
viajantes que passavam pelo bairro rural do “Mato Grosso de Jundiahy”. Nas proximidades da estrada,
localizava-se também o “cemitério bento” do bairro rural (1753); área que registrou sinais muito antigos de
povoamento e que permaneceu por longo tempo conhecida como “Campinas Velhas”. Do bairro rural sobraram
poucos testemunhos, achando-se o “Cemitério Bento” localizado sob a atual Creche Bento Quirino no Largo de
São Benedito e, nas proximidades do estádio do Guarani uma edificação em taipa de pilão mais conhecida como
“Casa Grande e Tulha” ainda guarda marcas das primeiras fazendas da região.
CEMITÉRIO BENTO E CEMITÉRIO DOS CATIVOS
Impulsionado pela estrada e pelo crescimento do comércio, o bairro do “Mato Grosso de Jundiahy”
ampliou e diversificou suas atividades pastoris e agrícolas e, na segunda metade do século XVIII começou a
desenvolver lavouras de cana de açúcar que alteraram de maneira significativa a dinâmica econômica e
populacional da localidade. Estas mudanças ficaram registradas no “cemitério bento” que passou a receber, além
de “despossuídos”, os corpos de negros vitimados pelo trabalho escravo nos canaviais e engenhos, tornando-se
conhecido como “cemitério dos cativos”, “dos negros” ou “dos pretos”. Nas suas imediações, os enterros
(realizados pelos próprios escravos) passaram também a imprimir novos traços culturais à área ao trazer um
novo sentido à morte; sentido que a partir de então se fazia associado à “alegria” de poder retornar à África e
encontrar os ancestrais. Nascia o “Campo da Alegria”, primeiro nome atribuído à região do Largo de São
Benedito, hoje ocupado pela Praça Silvia Simões Magro. A área recebeu também algumas décadas depois, a
instalação da segunda forca de Campinas para execução do mulato Cândido, condenado pelo assassinato de
Antonio Patrício Manso (1848).
IGREJA DE SÃO BENEDITO E “LARGO DO RIACHUELO”
Passadas várias décadas, a área do cemitério recebeu uma capela funerária (1837), construída para
guardar os restos mortais de famílias de posses que se encontravam impedidas de realizar sepultamentos no
interior da Igreja Matriz. A capela-jazigo, erguida pelo Padre Melchior, ganhou forma e sobreviveu ao
fechamento do próprio cemitério (1855), dando origem anos depois ao templo da Irmandade de São Benedito
que, há muito tempo tentava construir sua ermida. Aproveitando-se das grossas taipas e através de campanhas
memoráveis levadas a cabo pelo Mestre Tito, a Irmandade inaugurou em 1885 a Igreja de São Benedito,
ornamentada com fachada em estilo neo-românico projetada pelo ilustre arquiteto Ramos de Azevedo. Na
mesma ocasião, a região passou a receber novas instituições, casario e a urbanização do “Campo da Alegria”;
área que já se prestara a ser campo de treinamento militar e que a partir da década de 1870 se transformara em
“Largo do Riachuelo”, com arborização e cercamento.
PERSONAGENS: tropeiros, mascates, escravos, aventureiros, funcionários régios, detalhes de congada
(Rugendas)
CITAÇÕES NA LATERAL:
“O açúcar faz o primeiro, e mais considerável ramo de exportação (...) A escravatura forma o principal
ramo de importação ” Luiz D’Alincourt, 1818.
“A Estrada Real – Royal road – para a capital de Mato Grosso passa por esta cidade” Edmund Pink,
1823
“Era um cidadão estimavel o mestre Tito, digno de um aperto de mão de todos os que comprehendem
que, neste mundo, há dois grandes títulos de nobreza para o homem: - a honestidade e o trabalho, mesmo quando
esse homem tenha sido escravo” Carlos Ferreira, Gazeta de Campinas, 1882
“Quem não conhecia em Campinas e não festejava a mamã Maria, mamã Honoria, mamã Marciana (...)
Quem não as conhecia e não as saudava pedindo notícias dos seus filhos brancos?” Vitalina P S Queiroz, final
do século XIX
“Todos viviam de roça, de lavouras ou de tropas (...) O ponto de referência das roças do Mato Grosso
era a paragem das Campinas ou pouso dos Três Campinhos (...) ‘paragem deserta’ da estrada de Goiás” Celso
Pupo, 1969
“A Irmandade de São Benedito (...) desde sua fundação nunca se constituiu um espaço de atuação
autônoma dos negros” Cleber da Silva Maciel, 1987
“Situado na metade do ancestral percurso bandeirista entre Jundiaí e Mogi-Mirim (...) este pouso
antecedeu em quatro décadas o marco geográfico da fundação da própria freguesia” Antonio da Costa Santos,
1999
“Dos primeiros tempos de povoado, remanescia o Cemitério Bento (...) Com o tempo, transformou-se
em Cemitério dos Cativos (...) até o seu fechamento em 1855” Antonio Carlos Lorette, 200-
Legendas das imagens:
Pouso nas vizinhanças de Campinas (Rocinha). Desenho de H Lewis,1863. Acêrvo: MIS
“Pouso de Juqueri e pinheiros no caminho de Jundiaí”. Desenho de Hercules Florence, 1825. Acêrvo:
Cicillo Hércules Florence
Crochis do Cemitério Bento da Vila de São Carlos (margens da estrada dos Goiases), do Cemitério dos
Cativos e da capela-jazigo do Cônego Melchior (Igreja São Benedito). Levantamento e desenho: Antonio
Carlos Lorette
“Detalhe de enterramento de um negro na Bahia”. Rugendas, 1824. Fonte: Ed. Capivara, 2002
Por volta de 1865. Vendedor de flores. Acêrvo: Ministério das Relações Exteriores Fonte: Escravos
Brasileiros do Século XIX na fotografia de Christiano Jr/Ed. Ex Libris
Igreja de São Benedito (1885), em imagem do final do século XIX. Acêrvo: MIS/MLPM
PRAÇA SILVIA SIMÕES MAGRO E LARGO SÃO BENEDITO REMANESCENTES DAS “CAMPINAS VELHAS”
Legendas:
Meados do século XX. Vista aérea da região histórica do Largo São Benedito. Acêrvo: MIS
Por volta de 1913. O “Campo da Alegria”, depois conhecido como “Largo da Capelinha” e “Largo do
Riachuelo” recebeu arborização e cercamento em 1874. Também foi conhecido como “Praça Municipal”
(1876), Praça D. Pedro II (1913) e “Praça Silvia Simões Magro” (1984). Acêrvo: MIS/MLPM
Anos 1920/30. Como “Praça D.Pedro II”, recebeu ajardinamento e arborização. Acêrvo: MIS/BMC
Década de 1930. O Largo de São Benedito é renomeado “Praça Anita Garibaldi” (1932). Acêrvo: MIS/BMC
Final do século XIX. Circolo Italiani Uniti, hoje Casa de Saúde (1886). Acêrvo: MIS
Início do século XX. Primeiro Grupo Escolar “Francisco Glicério” (1897). Acêrvo: MIS
Década de 1920. Creche Bento Quirino (1916), construída sobre o “Cemitério dos Cativos”. Acêrvo: MIS
Início do século XX. Colégio São Benedito (1902/1937) na Rua das Campinas Velhas (Av. Moraes Sales).
Acêrvo: CMU.
Primeiras décadas do século XX. Externato São João (1909), criado pelos padres salesianos. Acêrvo: MLPM
Início do século XX. Residência do arquiteto Hendrich Hüsemann, na Rua Cônego Cipião. Acêrvo:
MIS/BMC
Na lateral: Monumento “Mãe Preta”, do escultor paulista Rui Guerra.
TEXTO:
O conjunto formado pelas Praça Silvia Simões Magro, Largo de São Benedito, Casa de Saúde, Escola
Estadual Francisco Glicério e Creche Bento Quirino guarda testemunhos das origens e transformação de
Campinas. Foi nesta área que se instaurou no século XVIII o “cemitério bento” do bairro rural do “Mato Grosso
de Jundiahy” e em que se registrou, no curso do século XIX, a presença de escravos africanos trazidos por
lavradores de cana e por produtores de café, permanecendo em seu interior um capítulo sagrado da história negra
em Campinas. Em meio ao casario abastado, do hospital e da escola pública criados no final do século XIX, ou
ainda, de novas instituições e ritmos do século XX, nós ainda conseguimos identificar alguns traços primitivos,
como a presença de um ramal da centenária “Estrada dos Goiases” no traçado da antiga Rua das Campinas
Velhas, depois Rua São Carlos e hoje Avenida Moraes Sales.
CONHEÇA NAS PROXIMIDADES:
Igreja de São Benedito - Inaugurada em 1885 com estrutura rústica, recebeu fachada (Ramos de Azevedo),
mobiliário e entalhes internos em estilo neo-românico. As reformas externas foram posteriores. Tombado pelo
CONDEPACC.
Casa de Saúde de Campinas, antigo Circolo Italiani Uniti, foi inaugurado em 1886 com projeto de Samuele
Malfatti e Ramos de Azevedo para dar assistência, educação e lazer à colônia italiana. Tombado pelo
CONDEPACC. Praça Dr. Toffoli, 28. Visita com autorização.
Escola Estadual Franciso Glicério, “Primeiro Grupo Escolar de Campinas”, foi criado em 1897 em estilo
eclético com elementos neo-renascentistas e neo-góticos, recebendo o Ginásio em 1971. Tombado pelo
CONDEPACC. Av. Moraes Salles, 988. Visita com autorização.
Creche Bento Quirino, inaugurada em 1916, abriga crianças de 2 a 11 anos e mantém íntegra sua arquitetura
eclética com elementos art-nouveau. Tombado pelo CONDEPACC. Rua Cônego Cipião, 802. Visita com
autorização.
CONHEÇA TAMBÉM:
Casa Grande e Tulha, originária da primeira sesmaria da região, são remanescentes do século XVIII. De
propriedade da família Antônio da Costa Santos, abriga uma fundação. Tombado pelo CONDEPACC. Av.
Arlindo Joaquim de Lemos, 1300/Jardim Proença. Visita com autorização.
Antiga residência de Hendrich Hüsemann e de Silvia Simões Magro, construção de 1894 inspirada nas
habitações rurais européias, foi moradia deste arquiteto e posteriormente, da primeira vereadora de Campinas.
Tombado pelo CONDEPACC. R. Cônego Cipião,1074
Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim, instalado em 110 hectares com diferentes atrativos, a área
preserva a sede (1806/1820), a tulha e a capela da antiga Fazenda Mato Dentro. Tombado pelo CONDEPACC.
Rod. Heitor Penteado, altura do km 3,2, Vila Brandina
PLACAS
PLACAS DE MONUMENTO
1. Antiga residência de Hendrich Hüsemann e Silvia Simões Magro
Residência do arquiteto Hendrich Hüsemann, autor do prédio da Lidgerwood Manufacturing (atual Museu da
Cidade), esta construção foi erguida em 1894 em alvenaria de tijolo, barro e cal, seguindo técnica trazida pelos
ingleses com inspiração em habitações rurais européias. Além de moradia do arquiteto, foi residência da
professora Sílvia Simões Magro, a primeira vereadora de Campinas. Tombada pelo CONDEPACC
2. Casa Grande e Tulha
Entre os testemunhos mais antigos de Campinas, esta antiga propriedade guarda marcas do período em que a
Vila de São Carlos se firmou como produtora de açúcar com bases escravistas e mercantis. De posse de Cláudio
Fernandes de Sampaio e sua mulher Rosa Maria de Abreu e Silva (pioneiros no município), a “tulha” foi erguida
em taipa de pilão provavelmente na década de 1790 e a “casa grande” em um período posterior pela filha e
herdeira Maria Felicíssima M. Abreu. Em 1978, os novos proprietários realizaram reformas criteriosas no
imóvel. Tombada pelo CONDEPACC
3. PRAÇA BENTO QUIRINO
NASCE A CIDADE
AS ORIGENS DA FREGUESIA E DA VILA
IGREJA MATRIZ E CAPELA PROVISÓRIA
As cidades surgem de várias maneiras, por diversos motivos; algumas de forma mais espontânea, outras
por decisões legais de autoridades. Campinas se originou da instalação de “pousos” nas margens da Estrada dos
Goiases e do desenvolvimento de um comércio de abastecimento que, pouco a pouco, atraiu para a região a
presença de agricultores e de comerciantes, e motivou algumas décadas depois a criação da “Freguesia de Nossa
Senhora da Conceição das Campinas do Mato Grosso” (1774) nas terras do bairro rural do “Mato Grosso de
Jundiahy”. A área hoje ocupada pela Praça Bento Quirino foi, no passado, o centro desta Freguesia, achando-se
sua “capela provisória” instalada no local do monumento túmulo de Carlos Gomes e a antiga “Igreja Matriz”
(“Matriz Velha” ou “Matriz de Santa Cruz”) nas imediações da atual Basílica do Carmo. A Matriz foi erigida em
taipa de pilão e permaneceu presente na extremidade da Praça Bento Quirino entre os anos 1781 e 1930
(demolição).
CASA DE CÂMARA E CADEIA
A Freguesia de Nossa Senhora da Conceição se transformou em Vila de São Carlos no ano de 1797
graças à intensificação das atividades de comércio e a instalação de grandes lavouras de cana de açúcar na
região. A criação da Vila permitiu ao povoado instalar sua Câmara Municipal, originalmente em um edifício
alugado e a partir dos anos 1824/1829 em prédio próprio localizado na outra extremidade da praça, em frente a
Igreja Matriz (Matriz Velha). A Casa de Câmara e Cadeia funcionou nesta área por setenta anos (1898), tempo
no qual a riqueza obtida com a lavoura e produção de açúcar, seguida pela produção de café, permitiu à vila
pleitear o estatuto de cidade (1842), registrando-se desde então um novo processo de crescimento urbano.
O ROCIO
O território público da Vila, mais conhecido como “rocio”, consistia na demarcação a partir do
pelourinho, de uma área isenta de impostos capaz de abrigar moradores interessados em se fixar na região. Sob
administração da Câmara, o rocio orientou a expansão urbana de Campinas ao longo do século XIX, conforme
observamos no mapa de 1878. Durante este período, os antigos Largos “da Matriz Velha” e “da Cadeia”
continuaram a desempenhar um papel central na vida política e religiosa da vila e da cidade.
PERSONAGENS:
INSERIR IMAGENS DE: CAPITÃO MÓR E CIDADÃOS ILUSTRES (sécs XVIII e início do XIX),
CARROCEIRO, CARREGADOR DE ÁGUA, TROPEIRO, VENDEDOR AMBULANTE
CITAÇÕES NA LATERAL:
“Antes de ser Vila, constava somente de nove moradas de casas, hoje chegam estas a mil (...) A Igreja
(...) está bastantemente arruinada (...) A cadeia é um pequeno edifício velho, com grades de pau, e a Casa da
Câmara é pouco melhor” Luiz D’Alincourt, 1818
“...faça castigar com 200 assoites no Pelourinho da Villa a todos os Escravos daquela Fabrica que
entrarão na tirada do prezo das mãos do Alcaide e na rezistencia” Ofício do Governo para a Câmara, 3 de
março de 1819
“A cidade de Campinas deve sua origem ao fabrico de açúcar (...) Desde 1819, contava com êle com
cêrca de uma centena de engenhos de açúcar compreendidos entre os mesmos as usinas de distilação de cachaça”
Saint Hilaire, 1819
“Pela sua posição, o lugar tornou-se o ponto de encontro das tropas que levam açúcar para o litoral e de
lá trazem sal e outros artigos” Daniel Kidder, 1838
“A casa da câmara e cadeia, reunidas em um mesmo edifício (...) são acanhadas para o lugar, e
construídas com mau gôsto e sem as condições convenientes para o seu duplo destino” Zaluar, 1860
"A indústria açucareira (..) se implantou em Campinas, entre 1790 e 1795" Ulisses Semeghini, 1988
“Índios, caboclos e ex-escravos foram recrutados e obrigados a povoar a nova Freguesia” Figueira de
Mello, 1991
“Com vistas a assegurar fronteiras paulistas (...) desenhou-se um arco de ocupação composto por cinco
vilas e freguesias (..) sobre esta imaginária figura geométrica, instalou (...) a Freguesia de Nossa Senhora da
Conceição (...), a única criada sobre a épica estrada goiana, bem no cruzamento com o arco acima citado”
Antonio da Costa Santos, 1999
Legendas das imagens:
“Capela Provisória” da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição das Campinas do Mato Grosso (1774),
segundo visão de José de Castro Mendes. Óleo de 1963. Acêrvo: MLPM
Igreja Matriz da Vila de São Carlos (1781). Aquarela de Hércules Florence, meados do século XIX. Acêrvo:
Cirilo H. Florence
Vila de São Carlos. Aquarela de Jean Baptiste Debret, 1827. Acêrvo: Coleção Marqueses de Bonneval
Câmara Municipal. Óleo de Ruy Martins Ferreira (1974) baseado em desenho de H. Lewis, de 1874.
Acêrvo: CMC
Mapa de Campinas de 1878. Acêrvo: CMC
PRAÇA BENTO QUIRINO
NA TRANSFORMAÇÃO DO LARGO, A HISTÓRIA DA CIDADE
Legendas:
Por volta de 1910. Cartão postal da Matriz Velha (com torres de 1907) e da “Praça Bento Quirino”
(renomeada em 1889). Acêrvo:MIS
1830. “A inocência sobre o túmulo de um ilustre liberal”. Desenho de Hércules Florence sobre enterro
no interior de uma igreja; tradição mantida na “Matriz Velha” entre 1780 e 1840. Acêrvo:Cirilo H
Florence
Início do século XX. Matriz Velha com traços e estruturas originais após reforma de 1870 (que também
arborizou o largo). Acêrvo: MIS/BMC
1917. Altar mor e altares laterais da “Matriz Velha” em imagem de Haralto. Acêrvo: MIS/MLPM
1867. Carnaval na Praça Bento Quirino com os “beduínos” do Club Semanal, tradição de meados do
século XIX. Acêrvo: MLPM
1905. Praça Bento Quirino recebe mudas de alecrins (1904), os primeiros lampadários de arco voltaico
(iluminação elétrica) e o recém inaugurado monumento túmulo de Carlos Gomes. Acêrvo: MIS
Década de 1940. Igreja do Carmo (1938) e Praça Bento Quirino em novo formato. Acêrvo: MIS/BMC
1886. Jorge Miranda, Francisco Glicério e Rangel Pestana (sentados); Jorge Tibiriçá, Campos Sales e
Quintino Bocaiúva (em pé), republicanos que se reuniam na sede do Club Republicano, localizado na
Praça. Acêrvo: CMU.
1896. Cortejo Fúnebre de Carlos Gomes pela Rua Direita (Barão de Jaguara) e Casa de Câmara e
Cadeia, dois anos antes da demolição. Acêrvo: MIS/BMC
1937. Inauguração do monumento a Bento Quirino. Acêrvo: MLPM
Na lateral, legenda: Demolição do Palacete Ambrust na década de 1940. Acêrvo: MLPM
TEXTO:
Com a expansão urbana, os antigos Largos “da Matriz Velha” e “da Cadeia” perderam sua centralidade
na vida política, cultural e religiosa da Vila e da cidade de Campinas para se transformarem em testemunhos da
história. No curso do século XX, a instalação de marcos célebres como o monumento túmulo de Carlos Gomes
(1905), o busto de César Bierrenbach (1912) e a estátua de Bento Quirino (1937) integraram estas mudanças,
contribuindo para que os largos se convertessem em símbolos de origem e poder. A derrubada de prédios mais
velhos, assim como a instalação de edificações associadas à nova dinâmica expressaram o mesmo fenômeno,
envolvendo o “marco zero” da Vila de São Carlos em um conjunto mais amplo de testemunhos e referências
fundamentais à história e memória da cidade.
CONHEÇA NAS PROXIMIDADES:
Jockey Clube, instituição centenária que remonta ao período áureo do café. Sua sede de 1925 abriga parte de
suas atividades tradicionais. Praça Antonio Pompeu, 39. Tombado pelo CONDEPACC. Visita mediante
autorização.
Solar do Barão de Itapura, palacete urbano de 1883, abriga na atualidade a Pontifícia Universidade Católica de
Campinas. Rua Marechal Deodoro, 1099. Tombado pelo CONDEPACC. Visita mediante autorização.
Túmulo de Barreto Leme, fundador de Campinas, seus restos mortais encontram-se sepultados na Igreja do
Carmo desde 1939. Igreja tombada pelo CONDEPACC.
Antiga sede do Clube Republicano, centro de atividade política criado em 1886 por lideranças do Partido
Republicano, com destacado papel na história política do País. Praça Bento Quirino, ---
Arruamentos originais, a rua Luzitana foi outrora a “rua de baixo”; a Dr. Quirino chamou-se “rua do meio” e a
R. Barão de Jaguara denominou-se “rua de cima”. Elas interligavam o centro aos pousos.
CONHEÇA TAMBÉM:
Câmara Municipal, localizada no Paço Municipal, ao lado da Prefeitura. Avenida Anchieta, 200
Arquivo Municipal, formado pela documentação da Prefeitura, possui registros que remontam ao final do
século XIX. Av. Heitor Penteado, 2145. Lago do Café/Taquaral
Centro de Memória da Unicamp, composto por amplo acervo da história da cidade. R. Sérgio Buarque de
Holanda, 800 – ciclo básico/Unicamp
PLACAS
PLACA INTERMEDIÁRIA
Arruamentos Originais
LADO A
Imagem principal: Em fragmento da aquarela de Edmund Pink, de 1863, podemos observar os arruamentos
originais da Vila de São Carlos a partir do Largo de Santa Cruz. Acêrvo: Bovespa Ref. Imagens\ED01 com
recorte
Imagens secundárias: Modelos de vestimentas típicas. (1826). CD Imagens\HF06Vestimentas.
Costumes paulistas : moças apreciam a boa música caipira. CD Imagens\R01Costumes paulistas (recortar
moças).
Tropeiro se preparando para seguir viagem. CD Imagens\TE03 Tropeiros.
As primeiras ruas que acessavam o núcleo formador da Vila de São Carlos beiravam a encosta natural do
córrego do Tanquinho, chamando-se mais tarde "rua de Baixo", "rua do Meio" e "rua de Cima". Da análise de
textos de viajantes e dos primeiros desenhos da povoação, deduz-se que o caminho mais antigo fosse a rua "do
Meio", atual Dr. Quirino, que bifurcava de um ramal da “Estrada dos Goiases”, mais conhecido como “Estrada
das Campinas Velhas” (hoje, Av. Moraes Sales), descia a rua da Ponte (Major Solon), passava pelo pouso da
Santa Cruz e seguia em direção a Mogi Mirim. A partir do final do século 18, as ruas “de baixo” e “de cima”
também foram ganhando forma, sobretudo em decorrência da intensa atividade econômica ligada ao
abastecimento interno que impulsionou a instalação de casas de comércio nessa região.
LADO B
Imagem principal: Vista aérea dos arruamentos originais em meados do século XX. Acêrvo: MIS/BMC ref.
BMC 570
Imagens secundárias:
Gravura do “Au Boulevard des Italiens”. Ref: CD Marcelo\Teresa Bernabé\Boulevard des Italiens.
Fachada da chic livraria e tipografia “Casa do Livro Azul”. Ref: CD Marcelo\Teresa Bernabé\ Casa do Livro
Azul.
Moças passeando pela Barão de Jaguara. Ref: CD Marcelo\Teresa Bernabé\Barão de Jaguara com General
Osório (recortar moças).
Três arruamentos, uma vocação: o comércio.
Rua de Baixo (Lusitana)
A rua Lusitana, chamada “Rua de Baixo” desde os primórdios da formação do núcleo em decorrência de sua
localização geográfica, também foi popularmente conhecida por “Rua da Quitanda” (1860) por abrigar
principalmente negociantes portugueses, que vendiam secos e molhados, armarinhos, ferragens, fazendas e
carnes. Recebeu a denominação atual (Lusitana) em 1922.
Rua do Meio (Dr. Quirino dos Santos)
A “Rua do Meio” recebeu a denominação de rua do Comércio em 1848, em reconhecimento ao seu movimento
mercantil. Em 1872, nela se achavam estabelecidos hotéis, bancos, confeitarias, lojas de fazendas finas e grossas,
móveis, louças, relojoarias, calçados, alfaiatarias, bilhares, secos e molhados, modistas, costureiras, armarinhos e
depósitos de cigarros, vinhos e de madeira. Em 1886 ganhou a denominação atual de “Dr Quirino”, em
homenagem ao ilustre jornalista republicano Francisco Quirino dos Santos.
Rua de Cima (Barão de Jaguara)
Inicialmente chamada "Rua de Cima", a Barão de Jaguara ligava os largos Matriz Velha e do Rosário e em 1848
recebeu o nome de Rua Direita. Em virtude da decadência das ruas “de baixo” e “do meio”, passou a receber nas
últimas décadas do século XIX os estabelecimentos comerciais mais elegantes da cidade, entre eles: Au Monde
Elegant, Casa do Livro Azul, Casa Genoud, Hotel Ville de France, A Bota Campineira, o jornal “Correio de
Campinas”. Na esquina da Barão de Jaguara com a Rua General Osório foi levantado o primeiro sobrado da
Vila, construído por Pedro Gonçalves Meira, local que abrigou a escola particular de João Coração, onde Carlos
Gomes cursou as primeiras letras. A denominação atual da rua Barão de Jaguara foi dada pela Câmara em 1889.
PLACAS DE MONUMENTO
1. Solar do Barão de Itapura
O “Palacete Itapura”, residência do Barão e Baroneza de Itapura (Fazenda Chapadão) foi inaugurado em 1883
com projeto de Luís Pucci, em estilo neoclássico. Composto de ambientes diferentes e ricamente ornados, a
propriedade contava com amplo pomar e dependências externas. O solar foi doado à Igreja e posteriormente
ocupado pela futura Pontifícia Universidade Católica de Campinas que, a partir da década de 1950 passou a lhe
conferir finalidades educacionais, realizando reformas para a instalação. Tombado pelo CONDEPACC
2. Jockey Clube
Instituição que remonta ao período áureo do café, o Jóquei Clube Campineiro foi formado pela fusão dos antigos
Jóquei Clube e Club Campineiro (1891). Com imponente prédio inaugurado em 1925, foi palco de festas,
recitais de piano, violino e canto das famílias mais ricas da cidade. Construído em estilo eclético com elementos
"art-noveau" e neo-renascentistas, suas instalações se compunham no primeiro andar de salão de festas, casa de
apostas e restaurante, e no segundo andar, de pinacoteca, biblioteca e salas para reuniões. Na década de 1950, o
clube inaugurou o novo hipódromo em área próxima à via Anhanguera. Tombado pelo CONDEPACC
3. Antigo Clube Republicano “A 14 de Julho de 1886, data de grande significado para a humanidade, num sobrado situado no Largo da Matriz
Velha, ao lado da cada de Bento Quirino dos Santos, abria-se o Clube Republicano onde a palavra quente e
persuasiva dos propagandistas deveria ecoar explanando a idéia e as vantagens do regime que modificaria o
sistema político do País”. Castro Mendes, 1968
4. LARGO DAS ANDORINHAS
LARGO DO PELOURINHO. LARGO DO CHAFARIZ VELHO
O QUINTAL DA CIDADE, NAS ORIGENS DE CAMPINAS
MERCADO GRANDE
A Avenida Anchieta foi no passado, o fundo de um pequeno vale atravessado pelo Córrego do
Tanquinho; lugar de várzea, fundo dos quintais das primeiras casas que surgiam nas ruas de cima da povoação,
área de despejo de lixo e de águas servidas (águas já usadas pela população). Em meados do século XIX, quando
a cidade de cima começou a abrir espaço para novas moradias e atividades econômicas, iniciaram-se as
primeiras obras de aterro dos charcos, constando entre as novas necessidades a instalação de um mercado para
substituir o “das casinhas” (atual R. General Osório) e desta forma organizar e fiscalizar melhor o comércio de
abastecimento da cidade. O Mercado Grande (Mercado Velho, Mercado dos Caipiras) foi erguido entre 1860 e
1861 sob área aterrada (hoje ocupada pela Escola Estadual Carlos Gomes), seguindo-se novas obras para captar
as águas da vertente do Tanquinho (Largo do Pará) e canalizar o “córrego do mercado” (nascente do futuro
Jardim Carlos Gomes) entre os anos 1873 e 1876. Desde então, a região passou a reunir uma população de
feirantes, atravessadores, vendedores de bebidas espirituosas e os mais diversos tipos humanos que causavam
apreensão às autoridades. O funcionamento regular do mercado estendeu-se até 1896 quando seu espaço foi
cedido ao Desinfectório Municipal para combate da febre amarela. Anos depois, em 1908, um novo Mercado
Público foi inaugurado do outro lado da cidade, na Praça Corrêa de Lemos.
MERCADO DAS HORTALIÇAS
Em complemento às atividades do Mercado Grande foi instalado em terreno defronte o “Mercado das
Hortaliças”, edifício que em 1886 passou a vender produtos até então comercializados no Largo do Capim, ao
lado da Casa de Câmara e Cadeia (Praça Bento Quirino). Este terreno integrava-se a uma área que fora
conhecida como “Largo do Pelourinho”, “Largo do Chafariz Velho”, “Largo Carlos Gomes” (1874), mas que a
partir de 1885 passava a se chamar “Largo da Liberdade”. Um dos acessos para ele e para os mercados era o
antigo “Beco do Inferno” (Travessa São Vicente de Paula em 1906); lugar de “maus cheiros” e de divertimentos
noturnos, frequentado por pessoas “de má fama” segundo as famílias mais importantes do local. Esta situação,
aliás, foi um dos motivos que provocou a transferência dos mesmos estabelecimentos para área mais distante do
centro e dos Cambuhys, bairro que nas primeiras décadas do século XX passou a receber as novas elites da
cidade. O edifício, cuja venda de hortaliças fora transferida para o novo mercado (1908), permaneceu
desocupado e conhecido como “casa das andorinhas” até sua demolição em 1956.
SANTA CASA DE MISERICÓRDIA
A mesma área de várzea e aterros mereceu também a instalação do primeiro hospital de Campinas
(1872/1876), obra idealizada pelo Cônego Joaquim José Vieira que por diversos anos moveu intensa campanha
de doações e esmolas para erguer o edifício e sua capela. Com a inauguração, a Santa Casa passou a
desempenhar um papel da maior relevância na cidade e em especial junto aos segmentos mais pobres de
Campinas, destacando-se no combate de epidemias como a varíola e a febre amarela (1889/1896). De maneira
particular, foi durante a febre amarela que a instituição ofereceu, além de abrigo, tratamento e alívio aos doentes
carentes, o recolhimento de meninas órfãs em um edifício anexo. A história desta instituição se confunde com a
trajetória de formação e desenvolvimento de Campinas.
PERSONAGENS: tipo humano, cego e menina, recorte de negros vendedores de frutas, galinhas, etc.. carroça
CITAÇÕES NA LATERAL:
“...há o projeto para a construção de uma Santa Casa e os fundos até agora reunidos para tal fim são já de
30 a 34 contos de réis” J.T. Von Tschudi, 1860
“Abandonada. A preta Joana, sexagenária e mentecapta, há oito dias que vive ao relento no Largo da
Liberdade (..) Diz a quem a interroga que (...) sendo forra pode morar onde quiser e que está muito bem ali”
Correio de Campinas, 1885
“..enxurradas (...) descem pela Rua das Casinhas, carregando com tudo quanto é sapo morto, galinha
podre, sapatos e chinelos rasgados, cestos, jacás; todo “pandemonium” a despejar dos córregos que
tortuosamente existiam”. Carlos Gomes em carta para Ramos Júnior, 1894.
“...vinha subindo a rua de Baixo, em direcção á cidade, vinda de Sancta Cruz, uma tropa carregada de
generos para o commercio (.. ) seguiam tropegas a madrinha (..) Á retaguarda, marchava o capataz, cavalgando
um macho rosilho (..);– Cajupa! Eia, mula! Vorta, Picaça! Bamo, Dengosa! Carrega, Malacara!” Raphael
Duarte, 1905
“Foi em começos do ano da República: de quantos caíam, morria uma porcentagem aterradora!” Amélia
de Rezende Martins, 1939
“A Santa Casa tornou-se desde logo o maior hospital da cidade” José Roberto do Amaral Lapa, 1995
“Poder participar da vida dos mercados e das ruas, como vendedores, pode ter significado a conquista,
para alguns escravos, de uma certa autonomia” Regina Célia Xavier, 1996
“Mas era entre os escravos que a debilidade da saúde deixava-os expostos a muitas doenças” Valter
Martins, 1996
“Os perfumes da vegetação local misturam-se aos odores fétidos que se desprendem dos cães mortos e
dos depósitos de lixo, facilmente encontráveis em suas ruelas estreitas e becos sinuosos..” Carolina Boverio
Galzerani, 1998
LEGENDA DAS IMAGENS:
Vista do Mercado Grande instalado em meio aos charcos do Córrego do Tanquinho. Aquarela de Castro
Mendes a partir de desenho de H. Lewis, da década de 1870. Acêrvo: Museu da Cidade
1885. Mercado das Hortaliças. Acêrvo: MIS/BMC
Vista lateral da Santa Casa de Misericórdia no início do século XX. Acêrvo: MIS/BMC
LARGO DAS ANDORINHAS
DE PERIFERIA A CENTRO DA CIDADE
Legendas:
Década de 1990. Largo das Andorinhas. Acêrvo: MIS/DETUR
1878. Detalhe de mapa da cidade com a identificação do mercado, da praça municipal (Centro de
Convivência), da santa casa e de pastos nas imediações. Acêrvo: MIS/BMC
Década de 1880. Nas imediações da nova Praça Carlos Gomes (1880), casario modesto começa a ser
substituído por palacetes. Acêrvo: MIS/BMC
Meados do século XX. Vista do “Jardim Carlos Gomes”, inaugurado em 1913, sob orientação de Ramos de
Azevedo. Acêrvo: MIS
1905. Em lugar do antigo Mercado, o Desinfectório Municipal (1896). Acêrvo: MIS/BMC
Meados do século XX. Em lugar do Desinfectório Municipal, a “Escola Normal” (1924). Acêrvo: MIS
Meados do século XX. Mercado já desativado, torna-se conhecido como “Casa das Andorinhas” até ser
derrubado nos anos 1950. Acêrvo: MIS
Início do século XX. Coliseu Taurino (1905/1944): espaço popular de touradas instalado diante da Praça
Carlos Gomes, transforma-se em cine teatro (1916) para receber bandas, companhias de revista, artistas e
filmes. Acêrvo: CSCA.
1910. Banda Ítalo-Brasileira, origem da atual Banda Carlos Gomes. Acêrvo: CMU.
1973. Obras de construção da Biblioteca Municipal. Acêrvo: MIS/BMC
Lateral: Monumento “Andorinhas” de Lélio Coluccini, 1957
TEXTO:
Antes mesmo desta região de charcos ser aterrada para receber o mercado e a santa casa, ela já cumpria
um papel importante na Vila ao dar passagem para tropas, comerciantes e viajantes em trânsito entre os pousos
de Santa Cruz e Campinas Velhas. Com a instalação dos Mercados, da Santa Casa e da Praça Carlos Gomes, as
modesta moradias e seus fundos de quintais foram cedendo espaço para residências mais abastadas, ruas e praças
mais equipadas, coexistindo, no entanto, por muitas décadas, áreas de vivência popular, como o “Coliseu
Taurino” (defronte a Praça Carlos Gomes) e espaços destinados a segmentos mais ricos. Em 1922, a Escola
Normal ocupou o lugar do Desinfectório Municipal, o Coliseu Taurino cedeu lugar ao tradicional Clube Semanal
de Cultura Artística (1959), o Edifício Itatiaia (com projeto de Oscar Niemayer) foi erguido nas imediações de
uma casa simples ocupada, no passado, pela família de Carlos Gomes. Os edifícios da Prefeitura de Campinas
(1968), Museu de Arte Contemporânea e Biblioteca Municipal (1973) concluíram os trabalhos de modernização
da região.
CONHEÇA NAS PROXIMIDADES:
Capela de Nossa Senhora da Boa Morte da Santa Casa de Misericórdia, edifício de 1875 que, no final do
século XIX, figurava entre os melhores templos da cidade. Rua Benjamin Constant, 1657. Tombada pelo
CONDEPACC e CONDEPHAAT. Visita mediante autorização.
Museu de Arte Contemporânea José Pancetti, criado por iniciativa de artistas do “Grupo Vanguarda” (1965),
o museu reúne obras de artistas locais, nacionais e internacionais. Rua Benjamin Constant, 1633
Biblioteca Municipal Ernesto Manoel Zink, abriga importante acervo bibliográfico. Rua Benjamin Constant,
1633
Escola Estadual Carlos Gomes, criada para formar professores (Escola Complementar em 1902 e Escola
Normal em 1912), a instituição recebeu novo edifício em 1924 e foi posteriormente transformada em escola
regular. Tombado pelo CONDEPHAAT e CONDEPACC. Av. Anchieta, s/n
Beco do Inferno, atual travessa São Vicente de Paulo, consiste em um dos arruamentos centenários de
Campinas.
Banda Carlos Gomes, originada em 1895 da Banda Ítalo-Brasileira, esta instituição deu prosseguimento à
tradições musicais ainda mais antigas. Rua Benjamin Constant, 1423
Praça Carlos Gomes, com 12.500 m² a praça foi urbanizada na década de 1870 e em 1913 recebeu as bases de
seu ajardinamento atual. Tombada pelo CONDEPACC. Rua Irmã Serafina, s/n
CONHEÇA TAMBÉM:
Clube Semanal de Cultura Artística, criado em 1857 para discutir política e arte, conquistou sua primeira sede
em 1873 para a realização de recitais de arte, concertos, solenidades cívicas e sociais. A sede atual foi
inaugurada em 1959. Visita mediante autorização. Rua Irmã Serafina, --
Banda Musical Campineira de Homens de Côr, criada no início do século XX e integrada à Liga Humanitária
dos Homens de Cor, a banda é herdeira da mais antiga veia musical de Campinas. Rua Visconde do Rio Branco,
788, Botafogo
Associação Campineira de Imprensa, instituição criada em 1927 (a primeira do Estado) de forte tradição na
vida intelectual da cidade. Rua Barreto Leme, 1479
PLACAS
INTERMEDIÁRIA
Praça Carlos Gomes
LADO A
Imagem principal:
Década de 1870. A antiga “Praça do Passeio” (1848), depois “Largo do Lixo” (1871), “Praça Correia de
Mello” e “Largo do Mercado” (1877) ganha árvores de cazuarinas para drenagem do solo. Acêrvo: MIS
Imagens secundárias:
Década de 1880. Após canalização, drenagem e limpeza, a nova “Praça Carlos Gomes” (1880) recebe dois
chafarizes (1882) e 100 palmeiras imperiais (1883). Acêrvo: MIS/BMC BMC 141
Década de 1890. Missa campal na Praça Carlos Gomes. Acêrvo: MIS/BMC Ref BMC 179
recorte de um “caipira” da imagem da festa
A área que hoje abriga o Jardim Carlos Gomes foi no passado o fundo de um vale pantanoso ladeado, por um
lado, pela Estrada dos Goiases, e pelo outro, pelo núcleo urbano da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição
das Campinas do Mato Grosso (1774), em formação. Durante o século XVIII e por boa parte do século XIX, a
região funcionou como barreira natural ao crescimento da Vila e da cidade, recebendo as primeiras obras de
drenagem e saneamento nos anos de 1860. Desde então, a área ganhou finalidades diversas: largo, praça e
jardim. Nas origens de sua urbanização, a “Praça do Passeio” (1848) se compunha de solo pantanoso e
esburacado que, no curso do tempo, recebeu dejetos e entulhos tornando-se conhecido como “Largo do Lixo”.
Esta prática se intensificou com a instalação do mercado (1860/61) e com a autorização oficial de despejo em
1871. As proximidades do mercado lhe trouxeram também um chafariz (a partir da canalização do “córrego do
mercado”) e o nome de “Largo do Mercado”, transformando-se novamente em 1880 ao receber a denominação
de “Praça Carlos Gomes”, dois chafarizes (alimentados pelas águas do córrego Tanquinho em 1882) e o plantio
de cem palmeiras imperiais (1883). Com o adensamento da região, a praça, por fim, deu lugar ao “Jardim Carlos
Gomes” (1913); área que passava a dispor de ajardinamento (orientado pelo arquiteto Ramos de Azevedo),
pavimentação em mosaico português, ponte, esculturas, lago para patos e um coreto eclético.
LADO B
Imagem principal:
1935. Vista do Jardim Carlos Gomes com o Coliseu Taurino aos fundos. Acêrvo: Loja Maçônica
Independência. Ref. CD Marcelo\Largo Carlos Gomes
Imagens secundárias:
Meados do século XX. Vista aérea do Jardim Carlos Gomes e do terreno que abrigou o Coliseu Taurino.
Acêrvo: MIS ref. localizar
Nina Senzi, atriz brasileira que se apresentou no Theatro São Carlos em 1909. Acêrvo: MLPM ref. CD
Marcelo Arquivo teresa bernabé\Nina Senzi
A urbanização do largo, praça e jardim se fez acompanhar pelo crescimento e adensamento da região que, a
partir da década de 1860, começou a ultrapassar os limites do terreno pantanoso. Nas margens do largo que
pouco a pouco ganhava forma e embelezamento, passaram a se instalar casas mais requintadas e ruas calçadas
capazes de trazer para a área uma população mais abastada, ou ainda, os primórdios de uma vida propriamente
cultural. Transformada em “Praça Carlos Gomes” (1880), o espaço começou a oferecer uma programação
semelhante à do “Passeio Público” (centro de convivência) que, permeada pela sonoridade das retretas, conferia
magia às apresentações artísticas das tardes modorrentas de domingo. No terreno defronte à praça, instalou-se
também o “Coliseu” (1905), um pavilhão destinado originalmente a touradas que se transformou em um dos
espaços mais populares de Campinas, incluindo sua adaptação para o cinema (1916). Este centro popular
conseguiu sobreviver até 1944, erguendo-se em seu lugar, anos depois, a nova sede do tradicional Clube
Semanal de Cultura Artística, uma agremiação fundada na década de 1870 por cidadãos campineiros destacados.
Praça tombada pelo CONDEPACC.
“As alegres festas já, então, eram effectuadas nos elegantes salões do ‘bailante’, (como se dizia) do Club
Semanal, edifício erguido por iniciativa dos dedicados socios (...) o edifício (...) constava de um salão de dansas
e de outros de menores proporções; entre os dois principaes havia um corêto para a musica, fazendo face para
ambos (..) Seis lustres de illuminação a gaz derramavam deslumbrante claridade no salão (...) estava alli
Campinas, na sua máxima demonstração de riqueza e de opulencia!” Leopoldo Amaral, 1925
“No coliseu, que deixou gratas recordações, ouvia-se o debulhar de milhões de amendoins pelo chão, o
‘trinchar’ das rapaduras e pés de moleques e cuscuz fornecidos pelo seu ‘Tranco’; sentia-se o cheiro do gostoso
pastel feito pela rochunchuda mulata Ramira e apreciava-se as dolentes valsas das orquestras que ali se exibiram.
Lembramos dos primeiros seriados que foram projetados na tela (...) Êsse cinema funcionou continuamente,
perto de quatro décadas até que um dia, condenado pelo tempo, fôra obrigado a encerras as suas atividades”
Geraldo Sesso Jr, 1970
PLACAS DE MONUMENTO
1. Beco do inferno
No período imperial, esta antiga ruela se tornou conhecida como “beco do inferno” por ser freqüentada por
pessoas consideradas, na ocasião, marginais à ordem social: prostitutas, bêbados, vagabundos e arruaceiros. A
denominação de “travessa São Vicente de Paulo” foi dada em 1906 pela Câmara Municipal em “reconhecimento
aos serviços prestados pelas Conferências São Vicente de Paulo à pobreza”.
2. Escola Estadual Carlos Gomes
Edifício inaugurado em 1924 para receber a “Escola Normal” (formação de professores), esta instituição
remonta à “Escola Complementar” (1903), depois renomeada de “Escola Complementar Primária” (1912) que se
achava instalada no Largo da Catedral. Em seu novo e imponente edifício projetado por César Marchisio em
estilo eclético com elementos neo renascentistas, a instituição se destacou como um dos mais importantes
centros educacionais do Estado de São Paulo. Em 1936 recebeu o nome de “Escola Normal Carlos Gomes" e em
período posterior assumiu a função de escola regular. Tombado pelo CONDEPHAAT e CONDEPACC.
3. Banda Carlos Gomes Existiram em Campinas diversas associações artísticas que adotaram o nome do célebre regente, inclusive
corporações musicais como a Sociedade Carlos Gomes que em 1878 criou sua banda. Seguiram-se as Bandas
Carlos Gomes regidas por Moreira Lopes (1889) e por Agide Azzoni (final do século XIX). Mas, a atual Banda
Carlos Gomes se originou da Banda Ítalo-Brasileira, criada em 1895 sob a regência de Constantino Soriani e que
durante a segunda guerra mundial (1941) assumiu a nova denominação. Esta instituição mantém vivo um legado
de mais de cento e cinquenta anos de história musical na cidade.
4. Santa Casa de Misericórdia
A Santa Casa de Misericórdia de Campinas foi fundada pelo padre Joaquim José Vieira para dar “assistência
hospitalar” e “conforto moral” aos pobres enfermos. O terreno foi doado por Maria Felicíssima de Abreu Soares
e a pedra fundamental lançada em 1871, contando com grande número de contribuições e a participação direta
de personalidades como Antonio Francisco Guimarães (“o Bahia) e José Bonifácio de Campos Ferraz
(posteriormente Barão de Monte-Mor). No curso das obras, uma ala do hospital foi reservada para receber o
“Asilo das Órfãs”; ala que durante a epidemia de febre amarela se transformou em internato. O Hospital e a
Capela foram inaugurados em 1876 e o Asilo das Órfãs em 1878. Seu conjunto neoclássico se destaca como um
dos mais importantes e preservados do Estado de São Paulo. Capela tombada pelo CONDEPHAAT e
CONDEPACC
5. CENTRO DE CONVIVÊNCIA
PASSEIO PÚBLICO
UM NOVO PADRÃO DE PRAÇA E LAZER
PROJETO DE HORTO
Na primeira metade do século XIX, a Câmara Municipal começou a discutir a criação de um horto
botânico em Campinas à semelhança do que fora criado no Rio de Janeiro: um espaço de experimentações
botânicas e de apoio às iniciativas agrícolas. A região em que se encontra hoje o centro de convivência foi
cogitada para este fim, mas o projeto não saiu do papel, restando a demarcação da área como “Largo Municipal”.
Décadas depois, passou-se a discutir a criação de um “Passeio Público” em Campinas, um espaço no qual os
moradores, visitantes e suas distintas famílias pudessem “tratar da saúde, do bem estar, da vida” (nos dizeres da
“Gazeta de Campinas” de 1876), cogitando-se na ocasião duas áreas: a do “Largo do Mercado” (depois
transformado em Jardim Carlos Gomes) e a do Largo Municipal; esta última escolhida pelos seus atrativos e pelo
empenho de alguns grupos políticos locais. O antigo bairro do cambuizal ou dos Cambuys, região até então
ocupada por sítios, fazendas e moradias populares originadas, inclusive, de antigos quilombos, começava a
sofrer profundas mudanças.
PASSEIO PÚBLICO
O “Largo Municipal” transformou-se em “Passeio Público” através da iniciativa privada que, por meio
de campanhas e apoio da Câmara Municipal (que preparou o terreno e instalou luz à gás), conseguiu atrair
donativos e colaborações suficientes para erigir a nova praça. Entre os anos de 1876 e 1883, vários segmentos da
cidade participaram desta construção, a começar pelos fazendeiros que doaram recursos e o trabalho de seus
escravos para o ajardinamento e arborização do espaço; de dois botânicos (Joaquim Corrêa de Mello, o
“quinzinho da botica”, e Alberto Lofgren) que incumbiram-se da seleção de árvores, de plantas e do desenho da
praça, ou ainda, de comerciantes e “empreendedores” que contribuíram com vários equipamentos e
melhoramentos para transformar a área em um “jardim inglês” (padrão de logradouro público que tinha o
“Passeio Público” do Rio de Janeiro como referência). No mesmo período foram instaladas grades e portões de
ferro (para cobrança de ingressos), um chalet quiosque (1878), caramanchões com trepadeiras, gruta de cimento,
lago artificial com cascata e chafariz, e ainda, um novo coreto de ferro trabalhado (1883); equipamentos que
atraíram diferentes pessoas e “distintas famílias” para uma nova forma de lazer público caracterizado pela
música, pelos encontros e passeios, ou ainda, por uma programação especial que tornava as tardes de domingo
mais agradáveis.
PERSONAGENS:
CITAÇÕES NA LATERAL:
“Um individuo qualquer, até mesmo casmurro, um caipira fica limitado em pouco tempo, pela
sociabilidade, pelo espírito dos outros. Elle em pouco tempo aprende a não dizer asneira, a não bater no ombro
do interlocutor, e a não cuspir nos circunstantes quando falla com assomos pedantes” Gil Blás, Diário de
Campinas, 1881
“O Jardim, nesses dias, regorgitava de famílias, vendo-se ali o que Campinas tinha de mais chic e mais
distincto” Leopoldo Amaral, 1927
“..tornou-se moda entre as famílias campineiras o passeio pela gare da Estação (...) Foi quando surgiu a
idéia de se construir um jardim público” José de Castro Mendes, 1968
“O domingo em Campinas, dava à mulher (...) oportunidade para um desfile em que podiam ser
apreciadas as suas toaletes” Benedito Barbosa Pupo, 1995
“É um dos principais exemplos de jardins de Campinas e importante marco na sua urbanização e na
inserção de áreas verdes projetadas para o passeio público” Siomara B. Lima, 2000
“...no interior dos ‘novos’ ‘espaços públicos’ campineiros (...) está em curso o engendramento de um
processo dramático de transformação de hábitos cotidianos, convicções, modos de percepção intimamente
articulados ao avanço do sistema capitalista (...) onde não têm lugar os negros (..) os doentes, dentre os quais os
varilosos, os portadores de ‘hannseníase’, as ‘camélias sujas’, além dos mendigos” Carolina Galzerani, 1998
“As matas, os rios, as casas (...) as janelas, os lagos, as pessoas eram diferentes” Filho da Guarda
Municipal, 2004
LEGENDA DAS IMAGENS
Planta do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, meados do século XIX. Acêrvo: MIS
Passeio Público de Campinas em 1880. Acêrvo: MIS/BMC
Coreto do Passeio Público, em 1909. Acervo: MIS/BMC
Gruta do Passeio Público (1909). Acêrvo: MIS/BMC
PRAÇA IMPRENSA FLUMINENSE
CENTRO DE CONVIVÊNCIA CULTURAL
Legendas:
Década de 1990. Show noturno no Teatro de Arena do Centro de Convivência Cultural. Acêrvo: DETUR
Final do século XIX. Campineiros em Milão: em busca de “civilidade”. Acêrvo: MIS/BMC
Década de 1890. Residência de médico da Santa Casa, hoje estabelecimento comercial. Acêrvo: MIS
Primeiras décadas do século XX. Casario abastado nas margens do Passeio Público Acêrvo: MLPM
1919. Em terreno mais distante, a Chácara Laranjeira: o caráter rural do bairro (Nova Campinas). Acêrvo:
MLPM
Anos 1940. Avenida Júlio de Mesquita. Acêrvo: MIS
Anos 1940. Remanescente de construções mais antigas na outrora “Rua Nova do Sales” (Av. Júlio de
Mesquita) Acêrvo: CMU
Década de 1930. Hospital Irmãos Penteado. Acêrvo: MIS
Década de 1940. Colégio Progresso. Acêrvo:MIS/BMC
Anos 1990. Instituto Agronômico, antiga Estação Agronômica de Campinas (1887): de forma semelhante à
um horto botânico, coube-lhe apoiar iniciativas agrícolas. Acêrvo: DETUR/Nívea Camargo.
TEXTO:
O “Passeio Público” sofreu muitas transformações no curso do século XX acompanhando as mudanças
da cidade. Novas avenidas foram abertas para dar passagem ao fluxo progressivo de pessoas e carros; novas
casas e edifícios reurbanizaram a área, empurrando para longe as antigas e populares moradias que originaram o
Cambuí. A praça, renomeada de “Imprensa Fluminense” em 1889 (em homenagem à ajuda prestada pelos
jornais cariocas no início da epidemia de febre amarela), manteve-se arborizada até a década de 1960 quando a
construção do Centro de Convivência Cultural redefiniu sua ocupação e sentido original. O projeto de Flávio
Penteado nascia da necessidade de suprir a cidade de um vazio deixado pela demolição do Teatro Municipal
(1965), ao mesmo tempo em que procurava imprimir um novo conceito de “espaço cultural”. O projeto procurou
também preservar algumas das centenárias árvores que outrora formaram o “passeio”; árvores que ainda hoje
insistem em sobreviver nos cantos e nas esquinas tomadas pelo trânsito.
CONHEÇA NAS PROXIMIDADES:
Casa de Taipa, uma das mais antigas construções da região, abriga estabelecimento comercial mas mantém
aparente técnica construtiva do século XIX. Rua General Osório, 1273
Colégio Progresso, criado em 1900 para receber jovens moças do complexo cafeeiro, o colégio funcionou na
rua José Paulino até a inauguração do atual edifício em 1917. Av. Júlio de Mesquita, 840
Hospital Irmãos Penteado, originado como anexo da Santa Casa, foi inaugurado em 1936. Av. Júlio de
Mesquita, 571
CONHEÇA TAMBÉM:
Museu do Negro, criado em 2001, ocupa casa remanescente da comunidade negra do Cambuí, registrando a
história dos afro-descendentes em Campinas. Tombado pelo CONDEPACC. Rua Emílio Ribas, 1468/Cambuí
Igreja Nossa Senhora das Dores, pertencente à Paróquia de N.Sra. Dores (1936), foi erguida na década de
1940. Rua Maria Monteiro, 1212
Imóvel da Rua Padre Vieira, em estilo chalét, foi construído no período 1880/1890 por um médico da Santa
Casa de Misericórdia, registrando um padrão construtivo que marcou por poucos anos a arquitetura da cidade.
Tombado pelo CONDEPACC. Rua Padre Vieira, esquina com R. Benjamin Constant
Instituto Agronômico de Campinas, centro de “ciência agrária”, o instituto foi fundado em 1887, por D.Pedro
II, para desenvolver a agricultura e promover a diversificação produtiva da região. Tombado pelo
CONDEPACC. Av. Barão de Itapura, 1481/Guanabara
Teatro Municipal José de Castro Mendes. Tombado pelo CONDEPACC. Rua Sales de Oliveira, Vila
Industrial.
Estação Cultura, antiga “Estação da Paulista” (1872), abriga um amplo conjunto de espaços culturais além da
Secretaria Municipal de Cultura, Esportes e Turismo da PMC. Tombado pelo CONDEPACC. Praça Marechal
Floriano, s/n.
PLACAS
PLACAS DE MONUMENTO
1. Hospital Irmãos Penteado
As origens do Hospital Irmãos Penteado remontam à criação, em 1926, do Pavilhão de Cirurgia da Santa Casa de
Misericórdia, construído a partir de doações do Dr. Salustiano Penteado. Suas obras, no entanto, alcançaram uma
nova dimensão com o legado de seu irmão, Sr. Severo Penteado que em 1932 deixou recursos para ampliar e
transformar o pavilhão em um novo hospital. Sua inauguração ocorreu em 1936 e desde então o Hospital
funciona sob orientação da Mesa Administrativa da Santa Casa, com corpo médico próprio.
2. Colégio Progresso Campineiro
Criado em 1900 por iniciativa de empresários e políticos locais para receber jovens moças do complexo cafeeiro,
o Colégio Progresso se tornou marco no ensino de Campinas sob a direção de Emília de Paiva Meira (1902),
funcionando em diversos endereços: Avenida Barão de Itapura, Praça do Pará e Rua José Paulino. Em 1917 foi
transferido para o prédio da Avenida Júlio de Mesquita e desde então assumiu perspectivas educacionais mais
amplas, entre elas, a condição de “Instituto Livre de Ensino Secundário” (1934), curso de aplicação, pré-
primário, Escola Normal Livre e Colégio (1942).
3. Museu do Negro
Integrada a um antigo núcleo de trabalhadores negros e italianos do bairro do Cambuí, a edificação em que se
encontra instalado o Museu do Negro foi construída entre 1911 e 1913 para ser residência do cocheiro Adão
Bernardino dos Santos. O imóvel, instalado entre chácaras e casarões de comerciantes e barões de café abrigava
também carros e animais de transporte. Em 2001 foi transformado em centro de referência da cultura, identidade
e memória da comunidade negra de Campinas, compondo-se de importante acervo de fotos, vídeos e
documentos, além de oferecer cursos e atividades. Tombado pelo CONDEPACC.
6. LARGO DO ROSÁRIO
UM NOVO CENTRO DE COMÉRCIO E DE VIDA
AS ORIGENS DO LARGO NA EVOLUÇÃO DA CIDADE
IRMANDADE E IGREJA DO ROSÁRIO
Nos primórdios da cidade, as atividades comerciais se realizavam nas proximidades do “Largo da
Matriz” (hoje, Praça Bento Quirino). Com o crescimento do povoado, elas se deslocaram para terrenos mais
planos na extremidade do Largo, começando a se formar no início do século XIX uma nova área frequentada
por trabalhadores livres e escravos empregados na venda de alimentos, carnes verdes e artefatos. Esta área tinha
em seu centro uma igreja em construção (1817 e 1827), fundada pelo Padre Antônio Joaquim Teixeira e
destinada ao culto de homens negros e pardos livres da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e,
posteriormente, de ex-escravos da Irmandades de São Benedito. No curso do tempo, a Igreja do Rosário tornou-
se um espaço importantíssimo de celebrações cristãs (inclusive com a presença de outras irmandades), mas
também das festividades de origem africana, como as congadas, que se realizavam nas suas escadarias e calçada.
O LARGO, O COMÉRCIO, O CASARIO
No mesmo período da construção da Igreja, a Câmara Municipal definiu nova organização para o
comércio de abastecimento da área erigindo em terreno próximo o mercado das “casinhas”, um conjunto de
barracos perfilados que seguia em direção à “rua do meio” (R. Dr. Quirino) e que daria origem à rua General
Osório. Nas décadas seguintes, e na outra margem do largo em formação, a “rua de cima”, depois chamada “rua
direita” (R. Barão de Jaguara) também começava a desenvolver atividades comerciais, mas de um outro tipo: de
artigos manufaturados, ferragens e serviços, ampliando-se ainda mais o papel de entreposto comercial assumido
pela Vila de São Carlos na região; o Largo do Rosário transformava-se, pouco a pouco, no centro comercial
deste núcleo urbano. De forma paralela, o Largo se destacou ao receber os primeiros sobrados da Vila,
residências de ricos comerciantes e lavradores de cana que se celebrizaram pelas festas e acontecimentos, ou
ainda, se firmou como espaço cívico ao receber celebrações importantes como as “cavalhadas” para o Imperador
D. Pedro II em 1846, entre outras manifestações e atividades públicas que permaneceram presentes por todo o
século XX.
MATRIZ PROVISÓRIA
A igreja do Rosário, edifício simples e sem torres, ganhou uma maior importância na medida em que a
construção da Matriz Nova (Catedral) se prolongou e em que a Matriz Velha (no local da atual Basílica do
Carmo) perpetuou uma precária condição de conservação, assumindo este mesmo templo, por duas vezes, o
papel de Matriz Provisória da Paróquia da Conceição (1846/1852; 1870/1883). Esta situação lhe trouxe
reformas e, inclusive, a criação da prestigiosa “Irmandade do Santíssimo Sacramento”, formada por homens
brancos. As reformas se iniciaram com a visita do imperador D.Pedro II à cidade, em 1846, e se repetiram por
outras ocasiões (1887,1910, 1928), atestando a importância que o largo continuava a desempenhar na dinâmica
da cidade.
PERSONAGENS:
INSERIR IMAGENS DE: NEGROS TRABALHADORES, VENDEDORA DE ALIMENTOS, CARROCEIRO,
VENDEDOR AMBULANTE, MULHERES RICAS, CIDADÃOS ILUSTRES, CAPITALISTA
CITAÇÕES NA LATERAL:
“o comércio é pois ativo e florescente, porque é aqui o entreposto de Goiás, Uberaba, Franca, e outras
povoações do interior da côrte. Asseguram-me, porém, que já foi muito mais importante e ativo com êstes
pontos”. Zaluar, 1860
“... Pedro Gonçalves Meira (...) Foi elle quem construiu o primeiro sobrado – aquelle que faz esquina no
pateo do Rosario e rua Direita.” Ricardo Gumbleton Daunt, 1879.
“Havia em Campinas, em éras remotas, muitas casas que se forneciam diretamente de tudo na Europa”.
Vitalina P S Queiroz, final do século XIX.
“A primeira congada, de que tenho lembrança, foi aqui effectuada, com grande pompa, no ano de 1837.
Os membros que (...) nella tomaram parte, eram (...) quasi todos escravos de origem africana do Congo, de
Benguella, de Moçambique (...) Apresentavam-se para as folganças, trajando roupagens vistosas e multicôres
(...). Reuniam-se em uma de nossas praças (Matriz Velha ou Rosário), onde houvesse egreja, em cuja frente,
sobre a calçada, (...) collocavam-se thronos (...) para presidir as dansas”. Raphael Duarte, 1907
“A cidade, antes destinada para os fins de semana, tornou-se a morada efetiva dos fazendeiros que para
ela se transferiam com toda a família e o séquito de escravos” Ricardo Badaró, 1986
“Na verdade o sistema viário externo parecia mais com uma cortina de fumaça para a real interferência
na área central da cidade (...) libera-se esse centro à verticalização (...) cravando grandes edifícios verticais em
lotes de origem colonial (...) Sem critério de uso e ocupação (..) surgia a cidade de concreto sobre os escombros
da cidade imperial de tijolo” Luiz Cláudio Bittencourt, 1990
“Dos três largos, o Rosário foi o único que surgiu antes da Igreja (...) e seguia com certa fidelidade os
preceitos urbanizadores da coroa (..) um triângulo áureo perfeito” Evandro Z. Monteiro, 2001
Legenda das imagens:
Vista da Igreja do Rosário, do largo (ainda indefinido) e da “rua das casinhas” em formação (R. General
Osório). Detalhe de aquarela de Edmund Pink, 1823. Acêrvo: Bovespa
Panorâmica do Largo do Rosário em 1890, onde se vê a Igreja do Rosário (sem as torres, demolidas em
1887), o sobrado da família Teixeira Nogueira (ao lado) e o primeiro sobrado da Vila pertencente ao
Capitão Pedro Gonçalves Meira (a direita). Acêrvo: MIS/BMC
Nos preparativos para a chegada do Imperador, Hércules Florence prepara uma de suas “polygraphias”.
1840. Acêrvo: MIS/HF
Desenho da Igreja do Rosário após as reformas para recepção de D.Pedro II, em 1846. Acêrvo: MIS/BMC
LARGO DO ROSÁRIO
UM ESPAÇO MUTANTE
Legendas:
1956. Por orientação do “Plano de Melhoramentos Urbanos” de Prestes Maia, a Igreja é demolida para
alargamento das ruas F.Glicério e Campos Sales. Acêrvo: MIS/BMC
1846. Registro das “cavalhadas” apresentada ao Imperador D.Pedro II no Largo do Rosário. Acêrvo: Cirillo
H. Florence
1846. No segundo momento das cavalhadas, o ataque à “cabeça de turco”. Acêrvo: Cirillo H. Florence
Por volta de 1865. Registro de uma congada: uma outra forma de celebração (RJ). Acêrvo: IPHAN Fonte:
Ed. Ex Libris
1890. A Igreja (sem as torres, demolidas em 1887) e o Largo, centro de atividades e feiras livres. Acêrvo:
MIS/BMC
Década de 1930. Igreja do Rosário após reforma de 1928 (com nova torre). Acêrvo: MIS/BMC
1937. Esboço de Prestes Maia para reforma do largo, prevendo a demolição da Igreja . Acêrvo: Coleção
Ricardo Badaró
1920. “Jardim do Rosário” (criado em 1895), com vegetação, bancos e chafariz de ferro. Acêrvo:
1934. Reurbanização do Largo com monumento a Campos Sales. Acêrvo: MIS
Anos 1960. Com novo formato, o Largo reafirma seu sentido cívico e nas décadas seguintes, passa a ocupar
lugar central nas lutas políticas da cidade. Acêrvo: Coleção Carolina Galzerani
Lateral:
Aparecida Ramos de Freitas ou simplesmente “Gilda” (1904/1977), iluminou a cidade, entre os anos 1950/1970,
com sua simpatia e alegria.
TEXTO:
O Largo do Rosário surgiu com a expansão da Vila de São Carlos e por cerca de 200 anos vem ocupando
um lugar primordial na trajetória de formação e desenvolvimento de Campinas. Como ponto de encontro da
população e de seus visitantes, o Largo e a antiga Igreja desempenharam diversos papéis, entre eles, o religioso,
o cívico e o cultural além de uma permanente função de centro comercial. Com o passar das décadas, a
dinamização e diversificação das atividades urbanas levou à derrubada da centenária Igreja do Rosário bem
como a transformação do Largo em um espaço eminentemente cívico, palco de acontecimentos importantes da
história política e cultural mais recente. Os testemunhos desta mudança se confundem com a trajetória de
participação social e reivindicação política de sua população, celebrizando-se como o espaço de lutas e
conquistas por direitos e reivindicações coletivas da cidade.
CONHEÇA NAS PROXIMIDADES:
Solar do Visconde de Indaiatuba, edifício de 1846, é o mais antigo palacete urbano da cidade Imperial. Além
de residência do Visconde de Indaiatuba, abrigou o Clube Campineiro (1891), o Centro de Ciências, Letras e
Artes (1901) e o Clube Semanal de Cultura Artística (1926/59). Sofrendo alterações, reformas e um incêndio em
1994. Tombado pelo CONDEPACC. Rua Barão de Jaguara, 1252
Rua César Bierrenbach, via que se integra ao traçado original de Campinas. Imagens e textos explicativos no
local.
Rua Barão de Jaguara, antiga “Rua de Cima” e “Rua Direita”, mais antiga rua de comércio da cidade.
CONHEÇA TAMBÉM:
Igreja Nossa Senhora do Rosário, construída após a demolição do centenário templo do Largo do Rosário
(1956), apresenta projeto arquitetônico similar. Rua Francisco José de Camargo Andrade, 535, Castelo
Sousas e Joaquim Egídio, antigos arraiais, hoje distritos, localizam-se na Área de Proteção Ambiental de
Campinas (APA) e guardam tradições e testemunhos históricos e ambientais do Município, além do
Observatório Municipal. Acesso pela Rodovia Heitor Penteado.
Parque Portugal (Lagoa do Taquaral), área de 33 alqueires com variados espaços recreativos e culturais. Av.
Heitor Penteado, s/n
Escola Preparatória de Cadetes do Exército, instalada em Campinas em 1959, a “Escola de Cadetes” recebe e
prepara jovens para o ingresso na Academia Militar das Agulhas Negras. Visitação sob agendamento. Av. Papa
Pio XII, 350
Bosque Augusto Ruschi, área com 26 mil m² de árvores nativas, queda d'água natural, lago, pista e
equipamentos de ginástica, entre outros atrativos. Rua Carlos Roberto Gallo esquina com Avenida Coacyara -
DIC I
PLACAS
INTERMEDIÁRIA
Rua César Bierrenbach
LADO A
Imagem principal:
Imagens secundárias:
Jornal Diário do Povo
A antiga “Travessa do Góis” nasceu entre as três ruas originais de Campinas e com elas partilhou de uma
trajetória histórica singular. De fato, foi na proporção em que as antigas ruas “de cima” (Barão de Jaguara), “do
meio” (R. do Comércio, depois, R. Dr. Quirino) e “de baixo” (Luzitana) se configuraram como centro de
comercio e de serviços da cidade, que a travessa ganhou destaque, transformando-se em local privilegiado de
instituições e atividades culturais. De maneira especial, a proximidade das ruas “do Comércio” e “Barão de
Jaguara” atraiu para a travessa a circulação de um público letrado que saia às ruas em busca de tipografias,
jornais e associações culturais, surgindo desta circulação espaços recreativos de grande significação. Em 1905, a
“Travessa do Góis” recebeu o “Coliseu” (estabelecimento dos mais populares da cidade que abrigava
“variedades” e, a partir de 1916, um cinema); em 1909, o Cine Recreio; em 1913 o jornal Diário do Povo
(presente na rua até 1944) e em 1924, o Cine Teatro São Carlos (instituição que sobreviveu até 1951 e por
muitos anos foi frequentada pela elite campineira).
LADO B
Imagem principal:
Imagens secundárias:
Imagens de incêndio – MIS/BMC pasta
A denominação “Travessa do Góis” (oficializada pela Câmara em 1848) foi alterada em 1908 para Rua César
Bierrenbach por solicitação de comerciantes locais que pretendiam homenagear o bacharel de direito, jornalista,
professor e escritor campineiro (falecido no ano anterior). Fundador do Centro de Ciências, Letras e Artes, César
Bierrenbach expressou como ninguém o grande apego que uma significativa parcela da população campineira
nutria pelas letras, entre as últimas décadas do século XIX e as primeiras do século XX. Este apego se estendia
ainda às idéias políticas, e em particular, aos ideários de “modernidade” e civilidade disseminados para o grande
público através dos “almanachs” de José Maria Lisboa. Em meio, então, de livrarias e tipografias como a “Casa
do Livro Azul” e a “Casa Mascotte” na Rua Barão de Jaguara; de grêmios e associações literárias e artísticas, ou
ainda, de certas barbearias que mais se assemelhavam à centros culturais; cidadãos como César Bierrenbach
emprestaram à Campinas a fama de ser uma “cidade letrada”. Por outro lado, um conjunto mais diversificado de
estabelecimentos e serviços a incluir alfaiatarias, chapelarias, modistas, ourives, relojoeiros e casas de produtos
importados como “Au Monde Elegant”, integrava-se à uma dinâmica social, cultural e política que tinha as ruas
Barão de Jaguara, do Comércio (Dr. Quirino), Travessa do Góis (R. César Bierrenbach) e Formosa (Conceição)
como centro irradiador.
“tudo aquilo que não for leitura ligeira (...) não pode actualmente ser agradavel ao espirito (...) O
escrever de hoje é como o adejar da bôlha de sabão, o voar do colibri, o correr das estradas de ferro!...Uma certa
inpaciencia apodera-se dos espiritos e os lança em uma verdadeira vertigem de aspirações, das quais a principal é
saber muito sem lêr muito (...) O senhor tem almanachs? (...) compra o precioso livro, vae para casa, reune a
mulher e os filhos, põe-se em mangas de camisa e faz a felicidade de todos com a leitura aos bocadinhos, como
colheradas de crême, de toda a vasta secção das anedotas...” Carlos Ferreira, Almanach Popular de Campinas
para o anno de 1879.
PLACAS DE MONUMENTO
1. Solar do Visconde de Indaiatuba
Residência de José Bonifácio do Amaral (Fazenda Sete Quedas), este solar foi inaugurado em 1846 seguindo
padrões arquitetônicos coloniais. Entre os casarões mais antigos e expressivos da cidade, destacou-se por
acontecimentos sociais ilustres, como a recepção e hospedagem de D. Pedro II (1875 e 1878). No final do
século, transformou-se em sede do Clube Campineiro (1891) e no curso do século XX foi ocupado pelo Centro
de Ciências, Letras e Artes (1901) e pelo Clube Semanal de Cultura Artística (1926/59), sofrendo no curso do
tempo diversas descaracterizações além de um incêndio, em 1994. Tombado pelo CONDEPACC.
2. Centro de Ciências, Letras e Artes
Entidade cultural sem fins lucrativos, o Centro de Ciências, Letras e Artes foi fundado em 31 de outubro de 1901
por um grupo de cientistas, artistas e intelectuais de grande destaque na história da cidade. Com presença
marcante na trajetória cultural de Campinas por todo o século XX, o CCLA reúne testemunhos preciosos de sua
trajetória, da história de Campinas e do país, presentes nos acervos de seus Museus Carlos Gomes e Campos
Sales, na Pinacoteca e na Biblioteca César Bierrenbach.
7 CATEDRAL
LARGO DA MATRIZ: UM OUTRO PROJETO DE CIDADE
MATRIZ NOVA
No início do século XIX, moradores enriquecidos com o comércio, canaviais e engenhos da Vila de São
Carlos decidiram construir em uma área relativamente distante do Largo da Matriz (ou da “Matriz Velha”), uma
nova Igreja; templo que pretendiam erguer em taipa de pilão e que desejavam atribuir grandes proporções. Com
o novo edifício, os moradores buscavam também reordenar o crescimento e o traçado da Vila, fazendo-a seguir
por terrenos mais altos, planos e secos através de um desenho reticulado de quadras e quarteirões. O grande porte
da construção, no entanto, traria problemas para Campinas, estendendo-se suas obras por mais de setenta anos
(1808-1883) e com recursos que, se inicialmente provinham da produção agrícola, em meados do século
passaram a exigir novos impostos. Em 1845, enfim, o corpo principal da igreja recebeu cobertura, momento no
qual já se achavam presentes os primeiros sobrados, ruas e o projeto de um teatro que em breve seria instalado
nas imediações.
CATEDRAL DE TERRA
Uma vez erguido o corpo central da Matriz Nova, começaram os trabalhos de estruturação e
ornamentação interna e externa, atividades que se estenderam por mais quatro décadas e que contaram com
várias equipes de artistas, arquitetos, engenheiros, mestres de obra, artesãos e trabalhadores. O primeiro grupo
foi o de Vitoriano dos Anjos, um experiente entalhador bahiano trazido pela Irmandade do Santíssimo
Sacramento que chegou a Campinas em 1853 com seus artífices aprendizes. Sua equipe conseguiu construir em
poucos anos e em grandes proporções (pelo porte das taipas) o altar-mór, o balcão das tribunas, do coro e os dois
púlpitos em estilo rococó tardio, revelando grande competência e dedicação. Mas, Vitoriano dos Anjos, cerca de
dez anos depois seria dispensado para dar lugar ao arquiteto da Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro,
Bittencourt da Silva e ao entalhador Bernardino de Sena, artista que produziu o forro e os altares da nave em
estilo neo-barroco. À Bittencourt da Silva coube a sessão do projeto já utilizado na Igreja da Glória do Catete
(RJ) com fachada de torre única e estilo neo-clássico. As obras seguiram seu curso até o ano de 1866, momento
em que o desmoronamento de uma parte dos alicerces (com a morte de quatro pessoas) recolocou em discussão o
projeto da Matriz, seguindo-se novas trocas de equipes das quais participaram Vilaronga, Cantarino (que
retomou o projeto de Bittencourt, com alterações), Cristovam Bononi (1876) e Ramos de Azevedo (1879).
VIDA RELIGIOSA
Com uma população constituída por diferentes grupos étnicos e sociais, a vida religiosa de Campinas foi
e continua a ser diversa. A Igreja Católica, que no curso dos séculos deu origem à dezenas de Paróquias,
conviveu desde cedo com outros grupos e comunidades religiosas presentes nas senzalas, nas colônias rurais e
nas franjas da malha urbana. Já em meados do século XIX, começavam a chegar grupos protestantes, judeus,
espíritas, muçulmanos, entre outros; grupos que por diferentes meios e situações conviveram com a presença
africana que, sem dúvida alguma, cumpriu papel central na constituição social e cultural de Campinas. Os seus
diferentes templos, crenças e rituais integram a história da cidade e lhe conferem uma singularidade e riqueza
excepcional.
CITAÇÕES NA LATERAL:
“No lugar marcado na Planta com uma cruz, projeta-se edificar um novo Templo” Luiz D’alincourt,
1818.
“...a Matriz Nova promete ocupar lugar de destaque entre os demais templos do país” J.J. Von Tschudi,
1860
“O plano de sua construção geral foi confiado ao hábil artista baiano o Sr. Vitoriano dos Anjos, que fêz
da capela-mor (..) um verdadeiro sonho de artista! (..) É um poema de flores (...) Este notável artista, já ancião e
coberto de cãs, vive na mais ignorada obscuridade. Os seus trabalhos não são talvez apreciados nem
remunerados como devem, o que explica a expressão de profunda tristeza e desgôsto que se descobre na
fisionomia do infatigável entalhador baiano. Surpreende ver o trabalho concluído por êste homem em pouco
mais de seis anos!” Zaluar, 1860
“...A procissão do entêrro desenvolvia-se imensa, na sexta feira santa” Vitalina P S Queiroz, final do
século XIX.
“A julgar pelas dimensões vastíssimas (..) imaginamos que se erguia o templo para engrandecer a vila,
emprestando-lhe uma opulência que, na verdade, era só dele” Nelson Omegna, 1961
“... de sua implantação, originaram-se as ruas da Constituição e São José, que juntamente com a rua
Formosa, formaram um eixo perpendicular à rua Direita, conectando, desta forma, o desenho da vila ao desenho
assumido pela cidade, em uma nova direção” Luiz Claudio Bittencourt, 1990
“Temos assim constituído os elementos que viriam, mais tarde, formar a estrutura do centro urbano de
Campinas, a malha ortogonal e os três largos – o da Matriz, o do Rosário e o da Matriz Nova” Antonio Carlos
C. Carpintero, 1996
LEGENDA DAS IMAGENS
O “socamento” das taipas da Matriz Nova. Aquarela de Castro Mendes, a partir de desenho de Hércules
Florence de 1830. Acêrvo: Museu da Cidade
Obras da fachada da Matriz Nova. Litogravura de Jules Martin, 1869. Acêrvo: MIS
Matriz Nova, após conclusão e consagração em 1883. Acêrvo: MIS
Igreja de Nossa Senhora da Glória do Rio de Janeiro; projeto de Bittencourt Silva que inspirou a fachada da
Matriz Nova. Coleção: Augusto C. da Silva Telles/Revista Barroco
Lavagem da escadaria da Catedral. Acêrvo: SMCET
LARGO DA CATEDRAL
A “MATRIZ NOVA” EM MEIO À MODERNIDADE
Legendas:
1935. Vistas do alto da Catedral: à frente, a rua Conceição (antiga Formosa); aos fundos, as ruas 13 de Maio
(antiga São José) e Costa Aguiar (antiga Constituição). Acêrvo: MIS/BMC
Final do século XIX. Festa no Asilo dos Varilosos. Acêrvo: MIS
Primeiras décadas do século XX. Procissão de Corpus Cristi pela Rua Barão de Jaguara. Acêrvo: MIS
Anos 1930. Missa campal na frente da Catedral. Acêrvo: MLPM
Início do século XX. Á esquerda da Catedral e da Estação da Paulista, uma área de forte presença alemã,
recebeu um Cemitério não confessional alemão (1855/1897, no pátio da Estação), a Sociedade Alemã de
Instrução e Leitura e sua Escola (1863), a Sociedade Allemã de Canto Concórdia (1870), a Nova Escola
Alemã (1892) e a Igreja Evangélica Luterana (1893), vista aos fundos. Acêrvo: MIS/BMC
1903. Desfile da Nova Escola Alemã (1892/1931) no Largo Carlos Gomes, vinculada à Igreja Evangélica
Luterana. Acêrvo: MIS
Primeiras décadas do século XX. Igreja Presbiteriana, criada em 1870 por migrantes norte-americanos,
fundadores também do “Colégio Internacional” (1874). Acêrvo: MIS/BMC
Final do século XX. Solar da família Ferreira Penteado (1878); edifício que abrigou a partir de 1908 o Paço
Municipal e hoje cedia o Museu da Imagem e do Som. Acêrvo: MIS/DETUR
Início do século XX. Na extremidade do Largo, o antigo Solar Campos Andrade, agora transformado em
Escola Complementar. Acêrvo: Coleção Panattoni
Início do século XX. Na outra extremidade do Largo, o antigo sobrado da Viscondessa de Campinas (família
Aranha) transformado em Grupo Escolar Dr. Quirino dos Santos. Acêrvo:MIS/BMC
NA BASE DA PLACA: recorte de altar-mór com legenda:
Altar-mór da Matriz Nova, obra executada em cedro pelo entalhador bahiano Vitoriano dos Anjos
TEXTO:
Nesta cidade marcada por uma diversidade religiosa tão expressiva, fruto da confluência de populações
vindas de diferentes regiões do País e de outras Nações, encontramos um grande número de casas, templos,
igrejas, mesquitas, sinagogas, centros e associações religiosas, cada qual encerrando em seus códices a
celebração da dignidade humana. Mas, em meio a elas e sem diminuir-lhes a importância, é preciso reconhecer
na história da Catedral uma parte da história de Campinas. Sua fachada de inspiração neo-clássica com interior
em estilo rococó tardio e neo-barroco, registram uma mistura de formas e de momentos distintos da arte que nos
ajudam a entender um pouco mais sobre o tempo histórico em que foi construído, sobre as aspirações que
moveram suas elites, ou ainda, sobre a arte dos seus construtores. É tempo, então, de celebrar diante desta igreja
considerada como um dos maiores edifícios de taipa do mundo, o “poema de flores” de Vitoriano dos Anjos que
tanto encantou Zaluar. O “poema de flores” de um artista baiano que à semelhança de tantos outros migrantes
que emprestaram e que continuam a emprestar suas vidas à esta cidade, merece todo o nosso reconhecimento,
respeito e gratidão pelo seu esforço sagrado.
CONHEÇA NAS PROXIMIDADES:
Museu de Arte Sacra da Catedral de Campinas, criado em 1967, compõe-se de peças dos séculos XVIII e
XIX. No interior do templo, em horários especiais.
Igreja Evangélica Luterana, formada em meados do século XIX, foi organizada oficialmente em 1893. Rua
Álvares Machado, 492. Visita mediante consulta
Igreja Presbiteriana de Campinas, criada em 1870. Rua General Osório, 619. Visita mediante consulta
Igreja Presbiteriana Independente, criada em 1903. Rua Luzitana, 824. Visita mediante consulta
Igreja Metodista, organizada oficialmente em 1914. Rua José Paulino, 881. Visita mediante consulta
Sociedade Israelita Brasileira Beth Jacob. Rua Barreto Leme, 1203. Visita mediante consulta
Centro Espírita Allan Kardec. Rua Irmã Serafina, 674. Visita mediante consulta
CONHEÇA TAMBÉM:
Primeira Igreja Batista de Campinas, criada em 1907. Av. Andrade Neves, 1848. Visita mediante consulta
Centro Islâmico Campinas. R.Prof. Nicolau Marchini, 87/Parque São Quirino. Visita mediante consulta
Templo de Umbanda Pai Congo Aruanda. Rua L. P. Silva, 51/Parque Jambeiro II. Visita mediante consulta
Associação Budista Honpa Hongandhl. R. Cnêo Pompeu de Camargo, 1251/jardim Novo Campos Elíseos.
Visita mediante consulta
Associação Brasileira Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Mórmons). Rodovia Heitor
Penteado, km 5/Sousas. Visita mediante consulta
Igreja Universal do Reino de Deus. Avenida João Jorge, 256. Visita mediante consulta
PLACAS
INTERMEDIÁRIA
Rua Conceição
Imagem principal:
Rua Formosa, cartão postal, c. 1905, coleção Antonio Carlos Lorette
Imagens secundárias:
Rink Campineiro, originalmente um “rink” de patinação (1878), foi reconstruído como cinema (1940) e
demolido em 1951 Acêrvo: MIS/BMC pasta
LADO A
Rua Formosa
A rua Conceição fez parte, no passado, de um projeto de valorização visual da “Matriz Nova”, hoje Catedral de
Nossa Senhora da Conceição. No início do século XIX, quando as obras da matriz se iniciaram (1808), a rua
recebeu o nome de “Formosa” para registrar esta presença, sendo traçada em linha reta a partir do Largo da
“Matriz Nova” em direção à Estrada das Campinas Velhas (nas imediações da “Estrada dos Goiases”) de onde
tropeiros e viajantes poderiam avistar e admirar toda a pretensão de progresso que se imprimia neste colossal
templo, de secular construção. Inicialmente, a Rua Formosa interligava as ruas “de cima”, “do meio” e “de
baixo”; mas entre os anos 1842 e 1845 (ocasião em que a Vila se transformou em cidade) ela foi estendida até a
Rua Irmã Serafina. Mais tarde, seu nome mudou para “Boaventura do Amaral” e às vésperas da inauguração da
Igreja Catedral, 58 proprietários solicitaram à Câmara a alteração do nome para “Rua Conceição” (1883). Neste
período, a rua já abrigava importantes instituições comerciais, de serviços e culturais, como o “Rink
Campineiro”, espaço de “variedades” (1878) que recebeu em 1906 um cinematógrafo, em 1930 o cinema sonoro
e em 1940 (após demolição e reconstrução) o cinema mais requintado de Campinas. Este estabelecimento, de
grande público, desabou em 1951 causando inúmeras mortes na cidade.
LADO B
Imagem principal:
Imagens secundárias:
Vista da catedral para a rua conceição
Vista da rua da conceição da Catedral
Rua Conceição No curso do século XIX, a Vila de São Carlos ganhou estatuto de cidade (1842) e assumiu uma nova condição
de desenvolvimento com a multiplicação das grandes propriedades produtivas (açúcar e café) e a intensificação
de atividades comerciais e serviços que, pouco a pouco, “desprenderam” Campinas da “Estrada dos Goiases”
para transforma-la em “entroncamento” viário de uma grande região do Estado de São Paulo. Com esta expansão
rural e urbana, as dimensões da rua Conceição deixaram de corresponder às suas necessidades originais,
impondo-se diversas alterações. A partir de 1939, o plano urbanístico de Prestes Maia desapropriou e alargou
suas margens, sacrificando edifícios de grande importância histórica e arquitetônica para a cidade, como o
Centro de Ciências, Letras e Artes, instalado desde 1907 na esquina com a Rua do Rosário (atual Avenida
Francisco Glicério). Por outro lado, a Rua Conceição passou a desempenhar uma nova função urbana ao
interligar a região central com um novo bairro em formação, o “Cambuhy”; área que nas primeiras décadas do
século XX se transformou em região de moradia de segmentos abastados da cidade.
8. PRAÇA RUI BARBOSA
LARGO DO TEATRO
UMA TRAJETÓRIA DE CULTURA E ARTE
THEATRO SÃO CARLOS
O projeto de criar um teatro em Campinas surgiu em 1835, quando a Sociedade Teatral da Vila de São
Carlos requereu à Câmara Municipal um terreno para a construção do edifício. As obras tiveram início em 1848
nos fundos da Matriz Nova (em construção) em uma região que começava a receber imponentes sobrados e a se
transformar em um novo centro de vida social e cultural da cidade. Com o rápido crescimento urbano, o teatro
mereceu uma primeira reforma em 1867 e na década seguinte a instalação de cadeiras e iluminação à gás, em
lugar do querosene. Já com maior estrutura e requinte, o Theatro São Carlos se transformou em palco de uma
variada gama de atrações a incluir companhias de variedades (como a “Fauré Nicolai”), companhias líricas e
teatrais (como a “Bohemia Dramatica Campineira, de 1870); a apresentação de artistas como Carlos Gomes
(1871) e Sarah Bernardt (1886); ou ainda, a realização de bailes (inauguração da Companhia Paulista, em 1872),
banquetes (Partido Republicano, em 1882) e a demonstração de inventos, entre eles o “kynitoscópio” de Edison
(1895) e o “cinematógrapho” de Lumiére (1898) que permitiu a instalação no teatro do primeiro cinematógrafo
da cidade (1905).
TEATRO MUNICIPAL
Na intenção de remodelar e ampliar a capacidade de público do Theatro São Carlos, a Municipalidade
autorizou em 1922 a demolição de sua antiga estrutura e a construção, no mesmo ano, de uma nova edificação. O
Teatro Municipal foi inaugurado em 1930 com uma capacidade de público quatro vezes maior, em um período
no qual a cidade já contava com diversos clubes, salas de cinema e casas de espetáculo (Rink, Coliseu, Carlos
Gomes/Cassino, Recreio, Éden, Bijou, Radium, República), ou ainda, com associações culturais, grupos
artísticos e organizações representativas, cabendo ao novo equipamento responder às diferentes formas de lazer,
cultura e política que se achavam em emergência. Entre as novas agremiações constava a Sociedade Sinfônica
Campineira (1929) e um movimento de produção cinematográfica (iniciado nos anos 1920) que encontrou no
Teatro Municipal um espaço privilegiado de atuação. Por fim, a presença de organizações e manifestações
políticas no interior deste espaço, rebatizado em 1959 de “Teatro Carlos Gomes”, conferiu-lhe um significado
cívico muito especial.
NO ENTORNO, UMA INTENSA VIDA CULTURAL
No entanto, não apenas no interior do teatro aconteciam atividades culturais. Nas ruas centrais de
Campinas, a chegada da luz (primeiro a querosene, depois à gás, e na primeira década do século XX, à
eletricidade) fez multiplicar os seresteiros; tradição que se somou aos bandos e grupos de carnaval que desde os
anos 1850 animavam o espaço público da cidade. Mas, foi de fato do coração das fazendas, das comunidades
migrantes e dos bairros em formação que surgiram novas formas de convívio e produção artísticas, a começar
por uma vasta rede de bandas que expressou como nenhuma outra instiutição a diversidade das nacionalidades,
profissões, cultos e filosofias desta população. A mesma diversidade social e cultural levou ainda à criação de
agremiações literárias, clubs, jornais, “folhas”, revistas, rádios e associações que, no curso do tempo,
imprimiram uma intensa e diversificada vida cultural ao município.
PERSONAGENS: figuras da ópera de Carlos Gomes, ituano, mulheres e homens com vestimentas variadas
(saia balão, fraque, vestidos mais curtos e modernos do século XX)
CITAÇÕES NA LATERAL:
“No teatro existente as representações são medíocres” Von Tschudi, 1860
“O teatro de Campinas, melhor do que o da capital, faz honra ao bom gôsto e riqueza da população”
Zaluar, 1860
“...Quem alugava um camarote podia enchel-o a vontade (..) Uma hora antes de começar, lá vinha o
batalhão possuidor de camarotes: o pagem na vanguarda, trazendo á cabeça, enorme penca de cadeiras (..) a
pirralhada desmammada, pelas mãos da cozinheira e da mucama (...) Fechando a marcha vinha o chefe, á banda
de sua dona” Raphael Duarte, 1905
“...Então a banda de música da Sociedade Carlos Gomes (...) executou (...) uma bella marcha (...) Carlos
Gomes (...) radiante de alegria, desceu do carro. Estava visivelmente sensibilizado pelo gesto de seus
conterraneos” Leopoldo Amaral, 1922
“...só o fato de tornar-se músico representava algo com que o indivíduo se sentia como que sublimado”
Geraldo Sesso jr, 1969
“...uma banda de música (...) transita nos diversos cantos e recantos da vida social” Maria Luisa
Páteo,1997
“A Gazeta de Campinas, no dia 04/05/1873, registra (..) uma notícia (..) do Theatro São Carlos, da qual
resultou a expulsão de ‘uma dessas mulheres de conceito perdido’, com atitudes ‘cômicas e indecorosas’, e
toilette extravagante (...) esta ‘ergueu-se de golpe à frente da balaustrada do camarote e desafiou os brios
revoltados de todos” Carolina Boverio Galzerani, 1998
“Ficou claro que as contradições fazem a história de uma cidade. E a história de nossas vidas” Guarda
Municipal, 2004
LEGENDA DAS IMAGENS
Theatro São Carlos inaugurado em 1850. Aquarela de J. Castro Mendes a partir de desenho de H. Lewis,
década de 1870. Acêrvo: Museu da Cidade
Theatro São Carlos no início do século XX após reformas que introduziram frente assobradada com 3 portas
e 2 bilheterias laterais (1867), luz a gás, cadeiras próprias (1875) e um cinematógrafo (1905). Acêrvo: MIS
Teatro Municipal, inaugurado em 1930 em lugar do Theatro São Carlos, já equipado com cinema (1938).
Imagem do início dos anos 1950. Acêrvo: MIS
Banda Philorphênica, fundada em 1864 por Sant’Ana Gomes (sentado, o quarto da esquerda para a direita):
irmão de Carlos Gomes e filho de Manuel José Gomes, um dos mais prestigiados professores da cidade.
Acêrvo: CMU
PRAÇA RUI BARBOSA A INTERRUPÇÃO DE UMA TRAJETÓRIA CULTURAL
Legendas:
1965. Demolição do teatro. CMU
Final do século XIX. Banquete republicano no interior do Theatro São Carlos. Acêrvo: CMU
1933. Apresentação da Orquestra Sinfônica de Campinas no Teatro Municipal. Acêrvo: MIS/MLPM
1962. Comemoração do primeiro aniversário da Associação das Empregadas Domésticas. Acêrvo: MIS
Por volta de 1865. Escravo carregando cadeiras, em fotografia de Christiano Jr. Acêrvo: IPHAN Fonte:
Escravos Brasileiros do século XIX na Fotografia de Christiano Jr/Ed. Ex Libris
Final do século XIX. Grupo de músicos amadores em ensaio de serenata. Acêrvo: CMU
Final do século XIX. Oficina de impressão da Gazeta de Campinas. Acêrvo: MLPM
1902. Diretoria do Centro de Ciências, Letras e Artes Acêrvo: CCLA
1920. Interior do velho Rink Campineiro (1878/1939) na estréia da Companhia Arruda. Acêrvo: CMU
1956. “Fernão Dias”, interpretado por Plácido Soave: realização do segundo ciclo do cinema campineiro.
Acêrvo: MIS
TEXTO:
Em uma trajetória de pouco mais de cem anos, o velho Theatro São Carlos e depois, o Teatro Municipal
Carlos Gomes deixaram saudades, permanecendo a demolição do segundo edifício como um assunto ainda hoje
polêmico na cidade. Na ocasião, a demolição recebeu diversas explicações, mas a constatação de que o edifício
apresentava problemas estruturais assumiu conotações dramáticas em função do desabamento do Rink
Campineiro em 1951. Por outro lado, a necessidade crescente de abrir novas ruas para “desafogar” o trânsito do
centro influenciou na decisão. O teatro foi então derrubado em função das novas necessidades de Campinas,
providenciando o Poder Público a construção do Centro de Convivência Cultural no local do antigo “Passeio
Público”. A cidade moderna optava por modificar seus espaços.
CONHEÇA NAS PROXIMIDADES:
Museu da Imagem e do Som e Palácio dos Azulejos, criado em 1975, o MIS é guardião de mais de 10 mil
imagens, 20 mil discos, 3 mil publicações, cerca de 500 filmes e objetos audiovisuais que registram a história
social e cultural de Campinas. Instalado no “Palácio dos Azulejos”, este edifício foi inaugurado em 1878 para
receber dois palacetes urbanos da família Ferreira Penteado (Barão de Itatiba), sediando o Paço Municipal a
partir de 1909. Rua Regente Feijó, 859
Antiga Escola Ferreira Penteado, criada por Joaquim Ferreira Penteado (Barão de Itatiba) em 1880 para o
ensino de crianças carentes, tornou-se escola municipal em 1893. Rua Ferreira Penteado, defronte ao Palácio dos
Azulejos
Centro de Ciências, Letras e Artes, instituição criada em 1901 por intelectuais e artistas da cidade, abriga os
Museus Campos Sales, Carlos Gomes e a Biblioteca César Bierrenbach. Rua Bernardino de Campos, 989
Solar do Barão Ataliba Nogueira, inaugurado em 1878 como residência do Barão de Ataliba Nogueira, foi
transformado em um luxuoso hotel nos anos 1940 e hoje abriga o Centro Cultural Evolução. Tombado pelo
CONDEPACC. Rua Regente Feijó, 1087
CONHEÇA TAMBÉM:
Instituto Cultural Baba Toloji, espaço cultural dedicado à cultura negra. Rua Mário Bassani, 154/Jardim São
Vicente
Casa de Cultura Tainã, desenvolve Projeto da Nação Tainã, tambores de maracatu e a Orquestra de Tambores
de Aço. Rua Inhambu, 645/Vila Padre Manoel da Nóbrega
Centro de Convivência Cultural Teatro da Vila Padre Anchieta, oferece biblioteca, esportes, oficinas de
dança, teatro, ginástica para a terceira idade e apresentações artísticas. Av. Cardeal Dom Agnelo Rossi, s/n Nova
Aparecida
PLACAS
PLACAS DE MONUMENTO
Museu da Imagem e do Som e Palácio dos Azulejos
O Museu da Imagem e do Som foi fundado em 1975 para captar, organizar, preservar e divulgar registros
iconográficos da história social e cultural de Campinas, desenvolvendo desde então atividades de pesquisa,
difusão cultural e ação educativa. Instalado no “Palácio dos Azulejos”, seu edifício abrigou no passado
(1878/1909) duas residências da Família Ferreira Pentedo (Barão de Itatiba), apresentando fachadas revestidas
integralmente de ajulejos, janelas no piso inferior e portas para uma única sacada, no piso superior, além de
salões de visita e jantar que se destacaram pela riqueza e ostentação. Também conhecido como “Sobrado do
Ferreira Velho”, este edifício foi adquirido pela Prefeitura de Campinas em 1908 para abrigar o Paço Municipal.
Tombado pelo CONDEPACC.
Escola Ferreira Penteado
Criada para oferecer o ensino das primeiras letras à crianças carentes, a Escola Ferreira Penteado foi inaugurada
em 1880 por Joaquim Ferreira Penteado que, por esta obra filantrópica, recebeu o título de Barão de Itatiba do
Imperador D. Pedro II. Em estilo neoromânico e “inédito” recuo para jardim, o pequeno prédio foi projetado
pelo engenheiro arquiteto Francisco Ramos de Azevedo em seu início de carreira, em terreno frontal ao sobrado
de seu benfeitor.
Solar do Barão de Ataliba Nogueira
Residência do Barão Ataliba Nogueira (Fazenda Santa Úrsula), este solar foi inaugurado em 1894 com grande
requinte, ostentando estilo eclético com elementos neo renascentistas italianos e projeto de Ramos de Azevedo.
O edifício permaneceu com a família até sua transformação no luxuoso Hotel Vitória (anos 1940) que se
destacou na cidade pela recepção de personalidades ilustres. Na década de 1990 recebeu o Centro Cultural
Victória e em período mais recente, o Centro Cultural Evolução. Tombado pelo CONDEPACC.
9. PRAÇA LUIZ DE CAMÕES
PRAÇA LUIZ DE CAMÕES
NAS PROXIMIDADES DA “ESTAÇÃO DA PAULISTA”,UM NOVO CENTRO EM FORMAÇÃO
SOCIEDADE PORTUGUESA DE BENEFICIÊNCIA
As origens da Sociedade Portuguesa de Beneficiência em Campinas são muito antigas; as suas
instalações são contemporâneas às da Santa Casa de Misericórdia, o primeiro hospital da cidade. Criada em 1873
por membros da colônia portuguesa, o hospital de Beneficiência foi construído e inaugurado em uma chácara
próxima à “Estação da Paulista” em 1879 para atender, principalmente, aos integrantes da comunidade lusa. No
curso do tempo, a instituição se ampliou motivada pelo desenvolvimento e expansão da cidade, da mesma forma
que sua presença estimulou a criação de outros hospitais e instituições na região. Nesta trajetória, a prestigiada
instituição mereceu a visita da Princesa Isabel e do Conde d’Eu, em 1884, sucedendo-se diversas reformas que
ampliaram, no curso do tempo, suas condições de atendimento.
LARGO LUIZ DE CAMÕES
A criação do “Largo da Beneficiência” se deu associada à construção do hospital e sua inauguração foi
contemporânea à ele; mas já no ano seguinte, as comemorações do tricentenário do poeta luso alteraram o nome
da praça para “Largo Luiz de Camões” (1880), ocorrendo nos anos seguintes a plantação de pinheiros cauri
(1884) e a instalação, algumas décadas depois, do busto de Luiz de Camões (1922). As transformações mais
significativas, no entanto, vieram com o desenvolvimento da região, em especial, dos negócios, dos serviços e
dos fluxos migratórios promovidos pela expansão do complexo cafeicultor e pela presença da rede ferroviária
em suas imediações. Pouco a pouco, a região recebeu novas instituições, ruas e casario, urbanizando-se esta
antiga área de chácaras. A praça mereceu também o calçamento do entorno (1901), o ajardinamento (1911) e a
colocação de mosaicos portugueses no piso (1928).
EDUCAÇÃO, SAÚDE, SERVIÇOS
A proximidade da ”Estação da Paulista” e de um trânsito intenso de pessoas e mercadorias levou à
formação, no interior de uma área até então ocupada por chácaras, de um novo centro urbano especializado. Seus
terrenos começaram a receber novas instituições entre as últimas décadas do século XIX e as primeiras do século
XX, instalando-se um vasto setor de serviços composto por enfermarias, clínicas, hospitais, escolas, colégios e
estabelecimentos comerciais que, apesar de repetir um fenômeno mais amplo da cidade, possuíam uma
particularidade: a de atender à uma clientela diversa e “em trânsito”, procedente do interior do Estado e do
complexo cafeicultor como um todo. A história desta região surge, então, associada à trajetória de uma
Campinas cafeeira que, pouco a pouco, ampliava suas funções de pólo de produção e serviços para uma grande
região.
PERSONAGENS:
CITAÇÕES NA LATERAL:
“O commercio, em sua pequena escala (...) era constituido em sua maioria por elemento portuguez (..)
Moços (..) (...) estabeleceram-se, abraçando a maioria a carreira commercial nos seus diversos ramos (...) A
operosa colonia crescia. Tornava-se premente a situação dos homens de trabalho, desprovidos de recursos”
Leopoldo Amaral, 1927
“A Maternidade de Campinas é um estabelecimento modelar no seu genero e faz honra á cidade”
Leopoldo Amaral, 1927
“O porte da cidade e sua posição estratégica na expansão para oeste com as ferrovias, exerceu forte
atração sobre uma parcela dos imigrantes” Ulisses Semeghini, 1991
“Em 1918, segundo recenseamento realizado pela Prefeitura de Campinas (...) a população do município
ultrapassava a casa dos 100 mil habitantes (...) A população estrangeira representava 20,3% da população urbana
e 25,6% da rural” Rosana Baeninger, 1992
“...surgem nesse momento, duas avenidas ‘perimetrais’ ao reticulado. Estas avenidas objetivavam
desviar do centro da cidade, o trânsito de mercadorias (...) ao mesmo tempo em que interligavam a estação da
Mogiana à Paulista” Luiz Claudio Bittencourt, 1990
“Os hospitais, assim como os colégios, se localizavam em terrenos maiores, ou chácaras, nas bordas da
área central” Antonio Carlos Carpintero, 1996
“Quando a febre amarela alarmou a população (..) inaugurou-se a enfermaria para amarelentos (..) A
enfermaria, custeada pela sociedade (..) acolheu portugueses, e excepcionalmente doentes de outras
nacionalidades” Lycurgo C Santos Filho e José N Novaes, 1996
LEGENDA DAS IMAGENS
Hospital Beneficiência Portuguesa na década de 1940. Acêrvo: MIS
Praça Luiz de Camões. Acêrvo MIS/BMC
Prédio da antiga maternidade, inaugurada em 1916, hoje Rodoviária de Campinas Acêrvo: MLPM
PRAÇA LUIZ DE CAMÕES TESTEMUNHOS DE UMA CIDADE CAFEEIRA
Legendas:
Últimas décadas do século XIX. Av. Andrade Neves em formação: eixo a partir do qual se irradia uma densa
malha de comércio e serviços. Acêrvo: MIS
Final do século XIX. Em terrenos mais distantes, a Estação Guanabara da Companhia Mogiana (Av. Barão
de Itapura) articula os fluxos de abastecimento de uma ampla região com a Estação da Paulista. Acêrvo: MIS
Década de 1940. Em meio ao trânsito de pessoas, mercadorias e negócios, a Avenida Andrade Neves
encontra as bases de seu desenvolvimento. Acêrvo: MIS
Década de 1940. Em atendimento a uma demanda regional, a Escola Orozimbo Maia é criada em 1924.
Acêrvo: MIS
Início do século XX. Família de imigrantes italianos em Campinas. Acêrvo: CMU
1908. Imigrantes japoneses que já nas primeiras décadas do século XX começam a chegar na região.
Acêrvo: Coleção Nosso século
Início do século XX. Com a industrialização nascente, avolumam-se os trabalhadores operários. Imagem da
região de São Paulo. Acêrvo: Coleção Nosso século
Final do século XIX. Prédio da Cadeia Nova, instalada na Avenida Senador Saraiva, com projeto de Ramos
de Azevedo. Acêrvo: MIS
Década de 1920. Hospital Penido Bournier, inaugurado em 1920. Acêrvo: MIS/BMC
Meados do século XX. Hospital Vera Cruz, criado em 1928. Acêrvo: Loja Maçônica Independência
TEXTO:
A formação de uma nova região da cidade nas imediações da Estação Paulista testemunha a profunda
transformação que o complexo cafeicultor e as estradas de ferro trouxeram para Campinas. A urbanização da
nova área, nas últimas décadas do século XIX, fez-se marcada pela implantação de instituições e
estabelecimentos que, em sua essência, procuravam responder à uma dinâmica centenária de “entroncamento
viário” que, com a implantação da rede ferroviária, alcançou outra vitalidade. Em pouco tempo, a região se
transformou em um novo “ponto de encontro” da cidade, reunindo as mais diversas populações que chegavam a
Campinas em busca de tratamento médico, escolas e colégios, artigos especializados e serviços. Nos edifícios,
nas praças e largos desta área nós nos deparamos com uma trajetória importante de trocas e confluências sociais
e culturais.
CONHEÇA NAS PROXIMIDADES:
Liga Humanitária dos Homens de Côr, instituição centenária de Campinas que mantém viva entre suas
tradições a Banda Musical Campineira de Homens de Côr. Rua Visconde do Rio Branco, 788. Visita com
autorização.
Antiga Cadeia Pública, hoje Delegacia Seccional de Campinas, foi inaugurada em 1898 em estilo eclético e
projeto de Ramos de Azevedo, em substituição à antiga Casa de Câmara e Cadeia na Praça Bento Quirino.
Tombado pelo CONDEPACC. Av. Andrade Neves, 471. Visita com autorização.
EEPSG Orozimbo Maia, antigo “Quarto Grupo Escolar de Campinas, foi criado em 1924 em estilo eclético.
Av. Andrade Neves, 214. Visita com autorização
Hospital Vera Cruz, originado do hospital do Dr. Carlos Stevenson, foi arrendado ao Dr. Bernardes de Oliveira
e em 1943 adquirido por uma associação de médicos, ampliando-se desde então suas instalações. Avenida
Andrade Neves, 402. Visita com autorização
Hospital Penido Bournier, instituição privada, foi inaugurado em 1920 como hospital especializado em casos
de oftalmologia. Av. Andrade Neves, 683. Visita com autorização
Academia Campinense de Letras, fundada em 1956 por Francisco Ribeiro Sampaio, tem o propósito de
discutir e difundir a língua portuguesa. Reunião ordinária (aberta ao público) na primeira Segunda feira de cada
mês, as 20 horas. Rua Marechal Deodoro, 525. Visita com autorização
Academia Campineira de Letras e Artes, fundada em 1970 por Luso Ventura, João Baptista de Sá e Jolumar
Brito, tem o propósito de discutir e difundir a língua portuguesa e as artes em geral. Reunião ordinária (aberta ao
público) no último Sábado de cada mês, as 15h30 horas. Rua Dr. Mascarenhas, 412. Visita com autorização
PLACAS
PLACAS DE MONUMENTO
Escola Estadual Orozimbo Maia
Criado em 1923 em decorrência de reformas educacionais que estabeleciam como obrigatório o ensino primário,
o 4º Grupo Escolar foi instalado em imponente edificação projetada por Carlo Rosencrantz em estilo eclético
com elementos art nouveau (e inspiração no Grupo Escolar de Amparo) para receber crianças da região central e
bairros próximos, em especial, do Bonfim e Vila Industrial. Em 1936, com 34 classes, configurava-se como a
maior escola pública de Campinas.
Hospital Penido Burnier
O Instituto Oftálmico de Campinas, posteriormente Instituto “Penido Burnier”, foi fundado em 1920 pelo Dr.
João Penido Burnier, médico da Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Em 1927, o instituto deu origem à
Associação Médica do Instituto Penido Burnier com o propósito de reunir atividades médicas e científicas,
consolidando-se a partir de então uma instituição referencial no campo da oftalmologia no país. O Instituto
também participou na criação da Faculdade de Ciências Médicas de Campinas, além de Ter originado a
Fundação Dr. João Penido Burnier, criada em 1965 para atender a população mais carente e formar médicos
residentes.
Liga Humanitária dos Homens de Cor
Localização: R. Visconde do rio Branco, 788.
Academia Campinense de Letras
Criada por Francisco Ribeiro Sampaio em 17 de Maio de 1956 nos moldes da Academia Brasileira de Letras, a
Academia Campinense compõe-se de 40 membros indicados por sua atuação na área literária. Com o propósito
de discutir e difundir a língua portuguesa através de sessões literárias e da publicação “Coletâneas”, destacam-se
em sua trajetória personalidades como Celso Maria de Melo Pupo, Carlos Stevenson, Maria Dezoni Pacheco
Fernandes, Maria Conceição Arruda Toledo, Odilon Nogueira de Mattos, entre outros. Instalada em 1974 na Rua
Marechal Deodoro, ocupou anteriormente uma sala na Av. Francisco Glicério. Suas reuniões ordinárias, abertas
ao público, ocorrem na primeira Segunda feira de cada mês, as 20 horas.
Academ. Campineira de Letras e Artes
Criada por Luso Ventura, João Baptista de Sá e Jolumar Brito em 2 de Novembro de 1970 a partir de uma
dissidência da Academia Campinense de Letras (1956), a Academia Campineira compõe-se de 40 membros
indicados por sua atuação nas áreas literária e artística. Com o propósito de discutir e difundir a cultura brasileira
através de sessões lítero-musicais e da publicação “Revista Literária da Academia Campineira de Letras e
Artes”, destacam-se em sua trajetória personalidades como Aldo Cardarelli, Samuel Lisman, Niza de Castro
Tank, Almeida Prado, Léa Giziatti, Maurício Moraes, entre outros. Suas reuniões ordinárias, abertas ao público,
ocorrem no último Sábado de cada mês, as 15h30 horas
Delegacia de Polícia
10. ESTAÇÃO CULTURA
LARGO DA ESTAÇÃO
UMA PARCELA DO COMPLEXO FERROVIÁRIO DE CAMPINAS
“ESTAÇÃO DA PAULISTA”
A cidade ganhou uma nova dinâmica e sentido histórico na década de 1870 com a instalação de duas
estradas de ferro: a Companhia Paulista (1868/1872) e a Companhia Mogiana (1872); empresas que se somaram,
décadas depois, ao Ramal Férreo Campineiro (1889/1894), Companhia Funilense (1890/1899, com estação
localizada no mercado municipal) e Estrada de Ferro Sorocabana (1921) para ampliar ainda mais o papel de
entroncamento viário que Campinas assumira no interior do Estado de São Paulo. No pátio da “Estação da
Paulista” reuniam-se cerca de uma centena de trilhos para receber, armazenar e escoar milhões de sacas de café,
gêneros de abastecimento, maquinarias, artigos de consumo e passageiros em trânsito entre a “capital” e o
“interior”; concentrando-se nas imediações, uma variada gama de instituições e estabelecimentos destinados a
atender à forte demanda por serviços (comércio, indústria, saúde, educação) e produtos do complexo cafeicultor
em expansão.
COMPANHIAS FÉRREAS
A “Companhia Paulista de Estradas de Ferro” surgiu da necessidade de transportar café de Campinas a
Jundiaí (e daí, para o porto de Santos, através da Companhia “São Paulo Railway”). No curso dos anos, seus
trilhos passaram a integrar a estruturação da economia cafeeira na região oeste do Estado, dando origem a 900
km de linha tronco (sentido São Carlos), 1200 km de ramais e a uma complexa rede de serviços distribuída entre
Campinas, Rio Claro e Jundaí. Já a Companhia Mogiana nascera da necessidade de escoar café entre Mogi
Mirim e Campinas (e daí, pela “Paulista” e pela “São Paulo Railway” ao porto de Santos), vindo a formar em
pouco tempo uma outra rede de escoamento que seguia para Minas Gerais através de 650 km de linha tronco
(sentido Araguari/MG), 2200 km de ramais (o que a tornou conhecida como “cata café” ou “ferrovia dos
ramais”) e uma rede de serviços e parque industrial instalada em Campinas. A Estrada de Ferro Sorocabana,
criada para interligar Itú e Sorocaba (1872) expandiu-se em direção a Botucatu (1889) e dali, pela margem
direita do Rio Paranapanema, atingiu o Rio Paraná, vindo a ocupar um importante papel na década de 1920.
NAS IMEDIAÇÕES DA ESTAÇÃO
Com a instalação das Companhias Paulista e Mogiana, a área que até então se encontrava ocupada por
atividades rurais ganhou novo sentido. O trânsito de produtos e passageiros motivou a formação de um centro
especializado de comércio e de serviços que em pouco tempo passou a oferecer uma variada gama de
“mercadorias”: de maquinarias agrícolas importadas à prestação de serviços médicos e educacionais. A malha
urbana que desde a inauguração da estação se redesenhara nesta direção, também se adensou, recebendo novas
vias, instituições e áreas de moradia popular. Esta região testemunha, no entanto, algo mais. Ela nos fala de uma
trajetória de desenvolvimento articulada à economia cafeeira que, no curso do tempo foi capaz de gerar uma
outra dinâmica econômica e social marcada pela crescente industrialização de substituição de importações e pela
intensificação no uso e especulação do solo urbano. Ou ainda, ela registra uma intensa circulação de pessoas das
mais variadas procedências que, no interior desta dinâmica “moderna”, passou a experimentar mais
“desencontros” que “encontros”, muito embora a “Estação da Paulista” tenha ocupado um lugar afetivo em suas
vidas.
PERSONAGENS: carroceiro, vendedor ambulante, comerciante, mulheres e homens distintos
CITAÇÕES NA LATERAL:
“...certo, é que a estrada de ferro de Santos a Campinas, apenas realizada, abrirá como por encanto novos
e fecundos mananciais de riqueza pública” Zaluar, 1860
“O café, na sua ‘marcha’, ou no seu ‘roteiro’, marcaria a fisionomia paulista. Na sua itinerância, cansaria
terras, abandonaria regiões, mataria cidades (...) mas, por outro lado, povoaria regiões novas, abriria zonas
pioneiras, plantaria um rol de cidades vivas” Odilon Nogueira de Matos, 1974
“Nenhuma outra inovação da revolução industrial incendiou tanto a imaginação quanto a ferrovia, como
testemunha o fato de Ter sido o único produto da industrialização do século XIX totalmente absorvido pela
imagística da poesia erudita e popular” Eric Hobsbawm, 1982
“No dia 15 de maio de 1906, teve início a greve dos ferroviários da Companhia Paulista (..) abrangendo
as mais diferentes cidades do interior do Estado (...) chegou a ser de quase 4000 o número de paredistas,
incluindo o pessoal das oficinas, tráfego e linha” Dulce Camargo Leme, 1986
“O acelerado processo de urbanização (...) marcou a passagem para uma sociedade essencialmente
urbano-industrial. Entre 1930 e 1940 as atividades urbanas em Campinas já eram mais relevantes que as rurais”
Rosana Baeninger, 1992
“..dia 16 de julho de 1917 (...) à partida de um trem de passageiros para São Paulo (...) deveria ir para a
capital um elemento de Campinas, preso como agitador (...) um movimento desusado de operários começou a
processar-se na Porteira do Capivara (...) Os grevistas colocavam pedras na via férrea. Um deles subira num
poste e tentava cortar os fios telegráficos, quando começou a fuzilaria. Uma bala derrubou o homem que se
achava no poste. Outras mortes houve..” Benedito Barbosa Pupo, 1995
LEGENDA DAS IMAGENS:
Inauguração da “Estação da Paulista” a partir de desenho de Jules Martin. Acêrvo: Museu de Jundiaí
Locomotiva e instalações do complexo fabril da “Companhia Mogiana” (fundição, marcenaria, serralheria,
carpintaria, casa de carros e vagões e oficinas) na extremidade do pátio da “Companhia Paulista”. Acêrvo:
MIS
“Estação da Paulista” no final do século XIX, com casario e estabelecimentos nas imediações. Acêrvo:
MIS/BMC
PRAÇA MARECHAL FLORIANO
A FERROVIA NA DINÂMICA DA CIDADE
Legendas:
1903. Santos Dumont “se rende” ao trem... Acêrvo: MLPM
1898. Na frente da Estação (1882). Acêrvo:MIS
Início do século XX. “Estação da Paulista” com o “bondão de Sousas” à frente: remanescente do Ramal
Férreo Campineiro (1889/1911). Acêrvo: MIS
Início do século XX. Nos fundos da Estação, a Vila Industrial, área de moradia de ferroviários e
trabalhadores. Acêrvo:MIS/BMC
Final do século XIX. Marco da Estrada de Ferro Mogiana entre os trilhos da Companhia. Acêrvo: MIS
Início do século XX. Sede administrativa da Companhia Mogiana instalada na avenida Campos Sales.
Acêrvo: MIS
Início do século XX. Estação Guanabara, da Companhia Mogiana, localizada em bairro do mesmo nome.
Acêrvo: MLPM
Primeira metade do século XX. Chafariz instalado nas proximidades da Estação em 1889, na ocasião da
febre amarela. Acêrvo: MIS
Anos 1910/1920. Hospedaria dos Imigrantes de São Paulo. Acêrvo: CMU
Primeiras décadas do século XX. Angelo Soave, lider anarquista da greve campineira de 1917. Acêrvo:
Correio Popular
Obervação: se não for possível inserir a imagem de Santos Dumont, inserir duas imagens no local com a
seguinte legenda:
Primeiro edifício da Companhia Paulista (1872), em aquarela de Castro Mendes a partir de desenho de Jules
Martin. Ao lado, o segundo edifício, construído no curso das décadas de 1880 e 1890, em um de seus mais
antigos registros (final do século XIX). Acêrvos: Museu da Cidade e MIS
TEXTO:
A “Estação da Paulista” desempenhou um papel fundamental na história de Campinas ao responder,
por cerca de um século, a uma ampla e diversificada demanda regional. A área registrou também importantes
lutas e conquistas por direitos sociais, ou ainda, marcou a vida de pessoas que em suas idas e vindas construíram,
efetivamente, a cidade. Entre as décadas de 1950 e 1960, algumas mudanças estruturais na rede ferroviária
levaram à incorporação das companhias paulistas pela Fepasa, seguindo-se uma série de concessões que
alteraram ou interromperam a prestação de serviços centenários. Nesta trajetória, surgiu um movimento de
preservação do patrimônio histórico (Grupo “Febre Amarela”, no final dos anos 1970), do qual fez parte Antonio
da Costa Santos e que contribuiu de maneira decisiva para a criação do CONDEPACC e para o tombamento de
grande parte do Complexo Ferroviário em 1990. Na atualidade, o Complexo Ferroviário abriga a “Estação
Cultura” e a Secretaria Municipal de Cultura, Esportes e Turismo com a finalidade de garantir sua preservação
através de diferentes usos culturais.
CONHEÇA NAS PROXIMIDADES:
Estação Cultura. A partir da gare da antiga “Estação da Paulista” (1872) é possível avistar parte das instalações
das Companhias Paulista e Mogiana, ou ainda, os remanescentes do Ramal Férreo e da Estrada de Ferro
Sorocabana, componentes do complexo ferroviário de Campinas. Visitas monitoradas.
Museu da Cidade. Instalado nas antigas oficinas da Lidgerwood Manufacturing Co. Ltd, (1886), este museu
histórico visa estimular estudos e discussões sobre a cidade através de exposições itinerantes, cursos, oficinas,
performances teatrais, seminários, palestras, ciclos de vídeos e lançamentos de livros. Tombado pelo
CONDEPACC. Avenida Andrade Neves, 33.
Túnel de Pedestres e Vila Industrial. Através de um túnel aberto sob o pátio de manobras da ferrovia em 1918,
podemos alcançar o primeiro bairro nos arrabaldes da cidade criado para receber trabalhadores das Companhias
Paulista e Mogiana. Nas imediações da Rua Francisco Teodoro, conheça as Vilas Manoel Dias e Manoel Freire,
tombadas pelo CONDEPACC.
Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas, criada em 1975 e considerada uma das melhores do país,
destaca-se pelos aprimoramentos e preocupação em levar música erudita ao espaço público. Teatro Castro
Mendes/Vila Industrial
Bebedouro
Instalado em 1889 durante a primeira epidemia de febre amarela, contava com água trazida pela Companhia
Paulista de uma bica nas imediações das Estações de Rocinha e Vinhedo.
CONHEÇA TAMBÉM:
Palácio da Mogiana. Sede administrativa da Companhia Mogiana, o edifício foi inaugurada em 1891 para
controlar um complexo sistema de escoamento, produção e serviços. Nos anos 1980/90 abrigou atividades da
Secretaria Estadual de Cultura, e partir de 2004, da Secretaria Municipal de Cultura, Esportes e Turismo. Av. Dr.
Campos Sales, 427
Trem Maria Fumaça. Na Estação Anhumas (Companhia Mogiana) é possível embarcar em uma viagem de
“Maria Fumaça” para a região de Jaguariúna. Associação Brasileira de Preservação Ferroviária. R. Dr. Antonio
da Conceição, s/n (próximo ao Shopping Galeria)
Bairro Carlos Gomes. Criado nas proximidades da Estação Carlos Gomes (Companhia Mogiana), este bairro
centenário guarda tradições e testemunhos históricos do período cafeeiro, achando-se localizado na Área de
Proteção Ambiental de Campinas (APA). Visite sua feira de artesanato e comidas típicas.
PLACAS DE MONUMENTO
Túnel de Pedestre Aberto sob o pátio de manobras da ferrovia em 1918, sua construção foi uma conquista dos trabalhadores das
Companhias Mogiana e Paulista que há algumas décadas vinham se mobilizando por meio de reivindicações,
protestos e greves pela melhoria das condições de trabalho. Entre as reivindicações da greve da Cia. Paulista de
1906, por exemplo, pretendia-se a retirada do chefe e do sub-chefe da Estação de Jundiaí, reagia-se à redução de
salário em 10% e ao aumento do número de horas e dias de trabalho com a manutenção do mesmo número de
trabalhadores; reagia-se à dispensa de trabalhadores e à intenção de reduzir em 30% o pessoal de certas
repartições, ou ainda, lutava-se contra a obrigatoriedade da integração na Associação Beneficiente e na “Escola
Prática” da Paulista (paga pelos funcionários). O mesmo espírito associativo permitiu a criação de outras
agremiações, como o Esporte Club Mogiana, em 1933.
Bebedouro
Em 1858 Campinas obteve recursos da Província de São Paulo para a construção de um primeiro chafariz; obra,
no entanto, que só ocorreu vinte anos depois com a captação, canalização e instalação, a partir das águas do
córrego Tanquinho, dos chafarizes nos Largos do Rosário, do Teatro e de Santa Cruz (1874). Em 1889,
momento no qual a cidade enfrentava a epidemia de febre amarela, foi construído mais um chafariz nas
proximidades da Estação que contava com as águas armazenadas no pátio da Companhia Paulista e trazida por
trem (em carro tanque) de uma fonte situada entre as Estações de Rocinha e Vinhedo.
Museu da Cidade
O Museu da Cidade foi criado em 1992 para reunir acervos de três museus até então existentes na cidade: o
Museu do Índio (1967), o Museu Histórico (1969) e o Museu do Folclore (1977). Com o propósito de estimular
estudos e discussões sobre a trajetória histórica da cidade através de exposições provisórias, exposições
itinerantes, cursos, oficinas, performances, seminários, palestras, ciclos de vídeos, lançamentos de livros, entre
outras atividades; a nova instituição foi instalada nas antigas oficinas da Lidgerwood Manufacturing Co. Ltd,
indústria produtora de máquinas e implementos agrícolas que funcionou no local até 1922. Tombado pelo
CONDEPACC.
11. MERCADÃO
BREJO DA PONTE, BREJO DO POENTE
A URBANIZAÇÃO DE UMA NOVA PORÇÃO DA CIDADE
EM MEIO AOS COLÉGIOS
A região conhecida como “Brejo da Ponte” ou “Brejo do Poente”, área pantanosa do Córrego Serafim,
encontrava-se coberta por árvores de “jurumbevas” quando a Câmara Municipal, em meados do século XIX,
resolveu demarca-la para criar um largo; o nome ficou sendo Largo Jurumbeval. Na década seguinte, a área
recebeu o Colégio Florence (1863/1865), instituição que se destinava à educação de mulheres seguindo padrões
e princípios liberais e que estimulou, anos depois, a instalação nas imediações, do Colégio Culto à Ciência
(1874) e da Escola Correia de Melo (1881). Esta última, criada por republicanos para homenagear Correia de
Melo (químico e farmacêutico falecido), destinava-se a receber crianças carentes e assim procedeu até ser
incorporada pela Câmara (1894). Mas, tal área “de estudos” se caracterizava também pelo despejo de lixo sob as
áreas de charco, o que tornou a região insalubre e exposta às epidemias. Coube, então, aos Colégios (em
especial, ao Florence) pressionar pelo seu saneamento, desenvolvendo-se as obras de limpeza, drenagem e aterro
entre as décadas de 1870 e 1890. A urbanização do “Largo Correia de Melo” (1880), no entanto, não conseguiu
impedir novas epidemias, e em especial a de febre amarela (1889/1897) que causou muitas mortes à cidade,
inclusive no Colégio Florence. Este estabelecimento prestigiado deixou Campinas em 1889 para se instalar em
Jundiaí.
FUNILENSE
A epidemia de febre amarela desencadeou uma verdadeira batalha sanitarista que foi empreendida, em
especial, pelo poder público. A “Praça Correia de Melo” mereceu uma atenção especial; as obras de dissecação e
aterro se intensificaram e receberam fundações de tijolos, permitindo que, que em 1899, a Companhia Agrícola
Funilense instalasse seus trilhos e conferisse ao Largo uma outra característica e função. Criada para interligar
Campinas ao bairro do Funil (Cosmópolis) passando pelo Núcleo Colonial Campos Sales, a Companhia Carril
Agrícola Funilense tinha como propósito “fixar” colonos na área rural para produzir abastecimento e, ao mesmo
tempo, oferecer uma nova fonte de alimentos para a cidade. À linha férrea cabia a função de escoar a produção e
garantir sustentação econômica para as populações rurais, localizando-se seu “quilometro zero” no terreno que
alguns anos depois recebeu o Mercado Municipal. A Funilense foi inaugurada em 1899 e até 1924 trouxe para
Campinas alimentos, produtos e os próprios colonos que encontravam nesta ferrovia a melhor condição para
circular pela região. Sua história encontra-se associada às regiões de Barão Geraldo, Paulínia, Cosmópolis, entre
outras, transformadas posteriormente em Distritos e Municípios.
MERCADO PÚBLICO
O Mercado Municipal, inaugurado em 1908 em terreno já urbanizado, foi criado para atender às novas
necessidades da cidade, reunindo em um mesmo edifício a comercialização de produtos até então separados:
carnes verdes, hortaliças, secos e molhados. O Mercado tinha também o papel de associar o produtor ao
consumidor, utilizando-se da linha férrea para receber a produção do Núcleo Colonial Campos Sales (e de áreas
vizinhas) para oferece-la à uma cidade que dobrara de tamanho entre os anos 1850 e 1900. Com a criação do
novo edifício, pessoas e atividades até então reunidas no entorno dos mercados “Velho” e “das Hortaliças”
(Largo das Andorinhas) passaram a se concentrar nesta nova porção da cidade, juntando-se a elas um grupo de
fotógrafos ambulantes (“lambe-lambes”) que, com suas máquinas, cadeiras e baldes ofereciam aos colonos,
moradores e visitantes da região um recurso há décadas desenvolvido por Hércules Florence em Campinas, a
fotografia.
PERSONAGENS: lambe lambe, vendedores de frutas, personagens das próprias imagens do Mercado, figura
associada ao trem?, coche brasileiro (E12), estrada de ferro.
CITAÇÕES NA LATERAL:
“Neste ano de 1832 (..) vêm-me a idéia de que talvez pudesse fixar as imagens na câmara escura, por
meio de um corpo que mude de cor pela ação da luz (...) Vou Ter com o senhor Joaquim Correia de Melo (...)
que me diz existir o nitrato de prata” Manuscritos de Hércules Florece, 1832
“Êste delicioso torrão da província de S.Paulo é fértil em grande cópia de árvores frutíferas (..) que
todos os anos oferecem aos seus moradores os agradáveis passeios a que chamam ‘ir às frutas’. As famílias
viajam então em romaria de umas para outras fazendas, e se distraem com êste salutar refrigério” Zaluar, 1860
“O café tomado depois da comida facilita a digestão. Não torrado, reduzido a pó, e assim tomado ou em
infusão, tem sido empregado (...) nas afecções (...) em que é preciso excitar o cérebro” Correia de Melo, 1872
“...muitos pediam, nas horas das refeições, o saboroso feijão gôrdo com torresmo e angú de fubá, de
caldeirão da gente, misturado com verdura variada e silvestre, que colhiam em abundância nos cafezais”
Vitalina P. Souza Queiroz, final do século XIX.
“.. as famílias Krug e Florence influenciaram no desenvolvimento da Educação em Campinas. A
contribuição cultural delas e a mentalidade voltada para as mudanças (...) foram introduzidas em várias
instituições” Arilda Ribeiro, 1996
“Irrompida a epidemia de 1889, José Paulino Nogueira acomodou nas salas da Escola Correia de Melo
uma enfermaria municipal (..) sustentada inteiramente pela Câmara Municipal” Lycurgo C Santos Filho e José
N Novaes, 1996
“Angélica, que pena que você não veio conhecer aqui a plantação de café, o café feito na hora é uma
delícia. Eu te levo um pouco” Filha da Guarda Municipal, 2004
LEGENDA DAS IMAGENS
O quintal do Colégio Florence (que permaneceu na área até 1889) terminava no brejo do Serafim. Hercules
Florence, 1863. Acêrvo: CMU
Estação Carlos Botelho (na lateral do novo Mercado Municipal) em 1912, o “quilometro zero” da Funilense.
Acêrvo: CMU
Mercado Municipal e região, em plena urbanização no início do século XX. Acêrvo: MIS/BMC
LARGO DO MERCADÃO
O PONTO DE ENCONTRO DA CIDADE
Legendas:
Final do século XIX. Colégio “Culto à Ciência” (1874), depois “Ginásio de Campinas” (1896): inspirado em
ideais positivistas e maçons, visava formar os filhos da elite cafeeira. Acêrvo: MIS/BMC
Final do século XIX. Escola Correia de Melo (1881) e Praça Corrêa de Melo. Acêrvo: MIS
Década de 1920. Instituto Profissional Bento Quirino, inaugurado em 1918 com projeto de Ramos de
Azevedo. Acêrvo: MIS/BMC
Colégio Sagrado Coração de Jesus (1909): instituição cristã que permaneceu na região entre 1928 e 1983.
Acêrvo: MIS.
Meados do século XIX. Hércules Florence (1804/1879): cientista, desenhista, escritor, inventor, comerciante
e fazendeiro de origem francesa, desenvolveu técnicas pioneiras de fotografia em Campinas. Acêrvo:
MIS/HF
Década de 1880. Corpo docente do Colégio Florence com educação em moldes europeus. Coleção Cyrillo H
Florence
Início do século XX. Carolina Krug Florence com três de seus sete filhos: uma família voltada ao ensino.
Acêrvo: Coleção Cyrillo Hercules Florence
1903. Cardápio de banquete servido a Santos Dumont em visita à Campinas. Acêrvo: Nosso Século/Ed.
Abril
Início do século XX. Detalhe de fundos de quintal: espaço tradicional de cultivo e preparo de alimentos.
Acêrvo: MIS/BMC
Primeiras décadas do século XX. Detalhe dos boxes externos do mercado. Acêrvo: MIS
NA LATERAL: Anos 1990. Interior do mercado. Acêrvo: Teresa Bernabé
TEXTO:
Em um território até então ocupado por importantes colégios, a instalação dos trilhos e da estação da
Companhia Funilense (1899), ou ainda, do novo Mercado Municipal (1908) significou para Campinas a
formação de um novo centro de comércio e cultura. Neste espaço, toda uma diversidade de gêneros e produtos
permitiu o encontro de costumes, hábitos alimentares, tradições religiosas e saberes procedentes dos mais
variados lugares do Brasil e do mundo. Nos bares e bancas de legumes, frutas, carnes, temperos, pimentas,
embutidos, secos e molhados do “mercadão” encontramos, então, histórias e tradições de um profundo
significado para a vida dos campineiros. Em suas imediações podemos ainda presenciar a mesma circulação de
pessoas outrora garantida pela Companhia Funilense; circulação que acabou por se sobrepor e apagar as marcas
educacionais e residenciais da região, mas que manteve viva a dinâmica fundamental de “encontros” entre novos
e velhos habitantes, os verdadeiros construtores da cidade.
CONHEÇA:
Mercado, construído com projeto de Ramos de Azevedo em estilo mourisco, possui dois mil m² de área e 143
boxes com os mais variados produtos. Tombado pelo CONDEPACC e CONDEPHAAT.
CONHEÇA TAMBÉM:
Colégio Culto à Ciência, fundado em 1874 por fazendeiros e comerciantes ligados aos ideais da República,
propunha uma nova perspectiva de educação baseada em preceitos da ciência e lógica positivista. Tombado pelo
CONDEPACC. Rua Culto à Ciência, 422. Visita mediante autorização.
Antigo Colégio Sagrado Coração de Jesus, criado em 1910, destacou-se como instituição de ensino feminino,
permanecendo neste endereço entre 1928 e 1983, até sua transferência para o Parque Nova Campinas. Tombado
pelo CONDEPACC. Rua José Paulino, 1359. Visita mediante autorização.
Colégio Técnico Bento Quirino, antigo Instituto Profissional Bento Quirino, foi criado em 1915 e inaugurado
em 1918 para oferecer ensino profissional masculino e gratuito. Instalado em edifício eclético com projeto de
Ramos de Azevedo, foi assumido pelo Estado em 1927. Tombado pelo CONDEPACC. Rua Culto à Ciência,
177. Visita mediante autorização.
PLACAS
PLACAS DE MONUMENTO
1. Colégio Culto à Ciência Fundado em 1874 como colégio para rapazes sob administração de uma entidade sem fins lucrativos, o ”Culto à
Ciência” foi criado por fazendeiros e comerciantes ligados aos ideais da República, constituindo-se um marco
da influência positivista na educação brasileira. Em sua estrutura original, compunha-se de um único bloco com
dois pavimentos, 4 salas de aula, ambientes administrativos, sanitários e biblioteca. Após a decretação da
República, o Colégio foi transferido para o Estado (1894) e transformado em “Ginásio de Campinas” (1897), o
primeiro instituto secundário oficial da cidade e o segundo do Estado. Desde então, a edificação ganhou novos
blocos até alcançar, na atualidade, 5.800,00 m² de área construída. Tombado pelo CONDEPHAAT e
CONDEPACC.
4. Antigo Colégio Sagrado Coração de Jesus
Fundado em 1910, o Colégio Sagrado Coração de Jesus é uma das mais importantes instituições de ensino de
Campinas, particularmente no que se refere ao ensino e instrução de mulheres. O colégio Sagrado Coração de
Jesus funcionou no prédio da R. José Paulino entre 1928 e 1983, quando se transferiu para o Parque Nova
Campinas. Tombado pelo CONDEPACC.
5. Colégio Técnico Bento Quirino
O antigo Instituto Profissional Bento Quirino, fundado em 1915 e inaugurado em 1918, foi criado por uma
entidade sem fins lucrativos para oferecer ensino profissional masculino e gratuito com recursos doados por
Bento Quirino dos Santos. Sua formação remonta à um período de crescente carência por mão-de-obra
especializada para a indústria e à abertura de escolas técnico-proissionais no Estado de São Paulo. Instalado em
edifício de alvenaria de tijolos e estilo eclético, com projeto de Ramos de Azevedo, apresenta três pavimentos
com plantas distintas entre si, corpos salientes, pequenas sacadas e modelos diversos de esquadrias. Em 1927, o
Instituto foi assumido pelo Estado; na década de 1950, seu patrimônio foi doado e a instituição transformada em
“Ginásio Industrial Estadual Bento Quirino”; em 1977, seu ensino restringiu-se ao segundo grau e, mais
recentemente, sua administração foi assumida pela Unicamp. Tombado pelo CONDEPACC.
12. LARGO DO PARÁ
LARGO DO TANQUINHO
NA UTILIZAÇÃO DA ÁGUA, A HISTÓRIA DA CIDADE
CÓRREGO TANQUINHO
O córrego Tanquinho, hoje canalizado sob a praça, fazia parte de uma rede de cursos d’água, nascentes e
áreas de inundação que, espalhados pelo interior de um terreno acidentado, trouxeram possibilidades e
dificuldades para a ocupação e o desenvolvimento da cidade. A história do Largo do Pará se encontra então
associada à relação que Campinas estabeleceu com seus córregos; uma história que se tornou problemática na
medida em que o crescimento urbano e suas novas necessidades transformaram nascentes, cursos d’água e áreas
inundadas em territórios insalubres.
O LARGO SOBRE O CÓRREGO
No passado, o terreno em que hoje se encontra o Largo do Pará formava uma bacia de nascentes do
córrego Tanquinho; águas que seguiam para o norte, passando pelas atuais Rua Barão de Jaguara e Avenida
Anchieta para desaguar no córrego Serafim (na altura da Av. Orozimbo Maia). Mais adiante, ambos se fundiam
com o córrego Anhumas (nas proximidades da Av. Norte Sul), formando um território de “aguadas” que, por
muito tempo, abasteceu tropeiros, viajantes e pessoas instaladas na região. Na primeira metade do século XIX, a
bacia do Tanquinho ainda permanecia preservada quando a malha urbana começou a se aproximar da área; as
obras de transformação se iniciaram em 1854 com a instalação de um tanque com canalização subterrânea para
aproveitar a nascente para o abastecimento da cidade. Vinte anos depois, o tanque seria substituído por um
chafariz e o terreno, já envolto pela malha urbana, batizado de “Largo dos Andrada” (1874), ou ainda, “Largo
São Paulo” (1882).
LARGO DO PARÁ
Na segunda metade do século XIX, multiplicaram-se as ruas, casas e população da cidade em um
processo de crescimento que ganhou maior intensidade com a implantação do parque ferroviário. Neste percurso,
as nascentes e córregos do Tanquinho e do Serafim passaram a ser vistos como “entraves” ao desenvolvimento
urbano, da mesma forma que suas áreas inundadas transformaram-se em “fócos” de insalubridade devido ao
acúmulo de lixo e detritos. A situação levou a Câmara a implementar um projeto proposto por Teodore Langaart
(década de 1860) que previa a dissecação dos brejos através do plantio de árvores cazuarinas. Esta solução, no
entanto, não impediu a eclosão de epidemias e em especial, a emergência da febre amarela (1889/1896) que
levou o poder público a desenvolver um grande “projeto sanitarista” capaz de drenar pântanos, canalizar
córregos e separar as águas pluviais das águas servidas (esgoto). Neste percurso, o Largo São Paulo sofreu uma
profunda transformação. Suas obras se iniciaram em 1896 e em três anos elas deram origem à “Praça Carlos
Gomes” (1896); um jardim que, além das árvores adequadas para drenagem do solo, recebeu um passeio,
canteiros com plantas ornamentais (1899) e um coreto (1901). Nos anos seguintes, já com casas e edifícios nas
imediações, a praça ganhou um novo paisagismo (1908), monumentos (como o do Bicentenário do Café, de
1927) e um chafariz (procedente do Largo do Rosário, em 1933), alterando-se o nome para Praça João Pessoa
(1930) e, novamente, para Praça do Pará (1937).
PERSONAGENS: mulher foto AP 32,
CITAÇÕES NA LATERAL:
“...além da admirável posição, que ocupa, e da fertilidade do terreno; respira-se ali um ar puro, goza-se
de um clima sadio, e de belas águas; e finalmente ainda se não tem conhecido uma só moléstia endêmica” Luiz
D’Alincourt, 1818
"..havia tudo que fazer no sentido de podermos dizer que Campinas, já então, o mais possante centro
agrícola, era uma cidade digna deste nome. Era escasso o calçamento das ruas, não havia illuminação, a
apparencia, em geral, das casas era desagradável" Henrique de Barcelos, 1870
“..no verão havia um grande capinzal que servia para deposito de lixo. Só a capina feita alli,
periodicamente, absorvia mais gastos que os de ajardinamento realisado” Intendencia de Campinas, 1902
“No centro, corria claro regato, derivado de uma nascente situada no terreno (...) A pequena corrente
descia pelo meio da rua Direita (hoje Barão de jaguara) (..) esta seguia até a esquina da rua do Góes
(C.Bierrenbach) tomando por alli o seu curso natural” Leopoldo Amaral, 1927
“Os problemas decorrentes da ausência de saneamento compatíveis com a aglomeração, acabou por
criar uma lógica do uso e convivência com as águas da cidade (...) deixaram de ser visíveis os córregos da área
central de Campinas e os que estavam à sua periferia tornaram-se ‘canais de saneamento’” Juleusa Turra, 1994
“As questões das condições da vida urbana e do trabalho, somente se constituirão em objeto de estudo e
intervenção quando tornaram-se uma ameaça à produção” Kleber Pinto Silva, 1996
LEGENDA DAS IMAGENS:
Lavadeiras nas imediações da cidade: os córregos, nascentes e rios ofereciam sobrevivência a viajantes e
moradores da região. Acêrvo:MIS
Pelo traçado da rua Direita (Barão de Jaguara) corria o leito do córrego Tanquinho, até sua canalização nos
anos 1870. Imagem de 1899, durante as chuvas de verão. Acêrvo: MIS
“Largo do Pará” plenamente urbanizado: com passeios, monumento e o antigo chafariz do Largo do Rosário
(instalado em 1933). Imagem de meados do século XX. Acêrvo: MIS
PRAÇA DO PARÁ
A URBANIZAÇÃO E O CÓRREGO
Legendas:
Largo do Pará nos anos de 1990 com coreto instalado no início do século XX. Acêrvo: MIS/DETUR
Década de 1870. Chafariz do “Largo do Mercado” (Praça Carlos Gomes), alimentado pelas águas do córrego
Tanquinho, em desenho de H. Lewis. Acêrvo: MIS/BMC
Final do século XIX. Chafariz do “Largo da Matriz Velha”, alimentado pelas águas do córrego do
Tanquinho. Acêrvo: MIS/BMC
Início do século XX. Chafariz do “Largo do Teatro”, alimentado pelas águas do córrego do Tanquinho.
Acêrvo: MIS/BMC
1915. Canal de Saneamento (atual Avenida Orozimbo Maia): obra de canalização dos Córregos Serafim e
Tanquinho. Acêrvo:MIS/BMC
Anos 1930. Inauguração do sistema de água encanada a partir da captação do Rio Atibaia. Acêrvo: MIS
Anos 1950. Instalação de tubulações para ampliação da rede de água e esgotos de Campinas. Acêrvo: MIS
Início do século XX. Detalhe de coreto da Praça Bento Quirino, transferido no período para o Largo do Pará.
Acêrvo: MIS/BMC
1904. Chafariz do Largo do Rosário, transferido nos anos 1930 para o Largo do Pará. Acêrvo: MIS/BMC
Imagem da Avenida Francisco Glicério, ampliada no final da década de 1950. Acêrvo: MIS
TEXTO:
As águas que integravam a rede de nascentes, córregos e rios do município de Campinas ofereceram
condições vitais para a fixação das primeiras populações na região. Com o desenvolvimento da malha urbana, os
charcos e córregos começaram a ser “ordenados” para oferecer água em bicas e, através de tubulações, por
chafarizes e torneiras instaladas em pontos estratégicos da cidade. Na década de 1880, já se tornava necessário
captar água dos riachos Iguatemi e Bom Jesus (Rocinha/Vinhedo), e na década de 1930, do Rio Atibaia. O
córrego Tanquinho, hoje canalizado sob o “Largo do Pará” integra esta história: suas nascentes e charcos foram
incorporados à malha urbana através da captação, canalização e transformação em um dos mais belos jardins de
Campinas. Sua urbanização motivou também a instalação de imponentes residências que, em meio ao
progressivo transito de veículos e pessoas, acabaram em parte destruídos e substituídos por edifícios. O
alargamento e abertura de novas ruas e avenidas destruiu também remanescentes de mata, salvando-se o
“Bosque dos Jequitibás” por força da tradição e da presença de um movimento preservacionista consequente.
Mas, na atualidade, o Largo do Pará continua a materializar uma herança importante: a de que, para encontramos
qualidade de vida no interior da cidade, é preciso preservar suas áreas verdes.
CONHEÇA NAS PROXIMIDADES:
Externato São João, fundado em 1909 pelos padres salesianos, foi criado como extensão do “Lyceu de Artes e
Officios Nossa Sra Auxiliadora” para oferecer ensino profissionalizante e primeiras letras às camadas populares.
Na década de 1960, tornou-se privado. Mantém antigas salas de aula, capela e teatro. Tombado pelo
CONDEPACC. Rua José Paulino, 479
CONHEÇA TAMBÉM:
Cemitério da Saudade, inaugurado em 1881, o Cemitério da Saudade permaneceu por quase um século como
única área de sepultamento da cidade. Desde sua fundação, reuniu cerca de um milhão de pessoas. Tombado
pelo CONDEPACC. Avenida da Saudade, ----
Estação de Água da Sanasa, originada em 1875, foi construída por proposta do engenheiro Jorge Harrat que
edificou uma primeira caixa de captação para recolher as águas do córrego Tanquinho e leva-las através de tubos
de ferro fundido aos chafarizes da cidade.
Torre do Castelo, edifício construído na década de 1930 para abastecimento de água da região norte da cidade,
hoje abriga um museu, um mirante e a Rádio Educativa. Praça Vinte e Oito de Outubro - Castelo
Museu Dinâmico de Ciências, compõe-se entre outros equipamentos, de um Planetário. Av. Heitor Penteado,
s/n Taquaral
Aquário Municipal, instalado no interior do Bosque dos Jequitibás, reúne variadas espécies. Rua Coronel
Quirino, 02 - Bosque
PLACAS
PLACAS DE MONUMENTO
1. Externato São João
Fundado em 1909, pelos padres salesianos, o externato São João ocupou por muitos anos, o antigo casarão,
construído muito antes de 1860, pertencente a família Estanislau de Campos Salles Redimensionado para sediar
um projeto voltado exclusivamente a jovens carentes e localizado na área central, a escola atraiu muita gente e
ali funcionou por 85 anos. Em abril de 1994, o velho casarão foi demolido indevidamente, restando porém as
salas de aula, a capela e o antigo teatro. Em 1995, a capela e o teatro, já restaurados pelos salesianos, foram
tombados pelo CONDEPACC. Rua José Paulino, 479 – Centro. O Externato São João foi criado em 1909 como
extensão do “Lyceu de Artes e Officios Nossa Sra Auxiliadora” objetivando atender à demanda por oficinas
profissionalizantes e ensino de primeiras letras para a população mais pobre da cidade. O Externato manteve o
curso primário gratuito até pouco depois dos anos 1950, quando então a instituição torna-se privada; como
balanço de sua contribuição para a cidade se destaca sua notória presença na educação popular, principalmente
nas primeiras décadas do século 20. Tombado pelo CONDEPACC.
13. BOSQUE DOS JEQUITIBÁS
UM LUGAR DE “RECREIO” PÚBLICO
AS ORIGENS DO BOSQUE DOS JEQUITIBÁS NA HISTÓRIA DA CIDADE
RESQUÍCIOS DE MATA
A região de Campinas achava-se ocupada por uma densa cobertura vegetal entremeada por áreas de
campos quando as plantações de cana de açúcar começaram a ocupar o território no final do século XVIII. Nas
décadas seguintes, novas e contínuas queimadas abriram espaço para os cafezais, transformando-se
profundamente a paisagem. O crescimento urbano e o desenvolvimento de uma agricultura diversificada
complementaram este fenômeno secular de recriação da natureza, desaparecendo progressivamente as mata
remanescentes. Na passagem de viajantes e na memória de cronistas encontramos registros destas mudanças,
restando-nos lembranças e alguns poucos testemunhos do que foi a mata de outrora.
O “PASSEIO” DE RAMOS DE AZEVEDO
A área de “bosque” que então se localizava no “Campo das Caneleiras” nas imediações do Largo São
Benedito, pertencia a Francisco Bueno de Miranda; empreendedor que em 1880 resolveu contratar o escritório
de Ramos de Azevedo para “aformosear” e transformar o terreno em um “ponto de recreio” da população de
Campinas. As primeiras intervenções vieram no mesmo ano com a inauguração de um lago artificial, o “Lago da
Prata”, e um botequim. No ano seguinte, o bosque recebeu um “Chalet” restaurante, um pavilhão e uma “casa de
banhos” (sanitários) na intenção de conferir ao espaço o mesmo estilo de “jardim inglês” que inspirara alguns
anos o “Jardim Público” (Centro de Convivência). Mas, de maneira especial, o “Bosque dos Jequitibás”
pretendia atrair famílias campineiras para um local de refúgio de aspecto rústico e “pinturesco” (com vegetação
densa e pouco alterada) de forma a aliar descanso, diversão e saúde. O projeto trouxe ainda um coreto (criado
pelo mesmo arquiteto) e uma programação especial de atividades que, no ano de 1885 incluiu “caçadas”
simbólicas para o entretenimento de um público pagante.
O “PARQUE” DOS URBANISTAS MODERNOS
Em 1915, o poder municipal adquiriu a propriedade na intenção de ampliar seu acesso público,
realizando reformas para adequar a área a uma visitação mais ampla. Foram feitas obras no chalet restaurante e
construído alguns ranchos, além de reforços nos muros de arrimo e a criação de barragem no tanque. Nas
décadas seguintes, a área mereceu novas atenções e esforços no embelezamento e preservação da mata;
iniciativas que contaram com o incentivo, alguns anos depois, de importantes urbanistas trazidos para Campinas
para propor e realizar mudanças de maior vulto. De maneira especial, Anhaia Mello e Prestes Maia ofereceram
um destacado apoio à conservação da mata e à concepção paisagística da área, reforçando a importância da
cobertura vegetal para a cidade. Por isso mesmo, entre as décadas de 1920 e 1930, o bosque transformou-se em
símbolo de um novo conceito de “Parque” em proposição na cidade, tornando-se parte das propostas do “Plano
de Melhoramentos Urbanos”. Às “áreas verdes” cabia agora o papel de trazer saúde e lazer à cidade como um
todo, devendo o Bosque dos Jequitibás permanecer com a mesma fisionomia “pitoresca” que assumira nas
décadas anteriores.
PERSONAGENS:
CITAÇÕES NA LATERAL:
“Há na estrada várias subidas, e descidas, e é descoberta por causa dos roçados; as árvores são mais
corpulentas, do que as que ficam do rio Jundiahy (...) formando densos bosques” Luiz Dalincourt, 1818
“A cidade de Campinas é totalmente rodeada de matas” Saint Hilaire, 1819
“ A região é bem arborizada e apresenta (...) mais sinais de cultivo e mais povoações são encontradas”
Edmundo Pink, 1823
“Ao voltar para Campinas, encontrei um viajante que montava um animal já bastante cansado (...)
contou-me que viera da Baía (...) que ouvira muito falar dessa zona cafèeira, mas (...) nunca deparara com região
assim bem cultivada, o que o levara a tomar a resolução de (...) vir estabelecer-se aí” J.J. Von Tschudi, 1860
“...a sombra dos jequitibás, das perobas e das figueiras bravias, derramavam sôbre a cabeça dos viajores
uma frescura mais vivificante e amena” Zaluar, 1860
“No imponente congresso Diocesano realizado em Campinas, em 1912 (...) D. João B. Corrêa Nery
versou sobre a criação de um colégio católico para meninos”. Anuário do Seminário e Ginásio Diocesano de
1915
“Campinas dedica especial carinho aos seus jardins e bosques. Possui ao todo 19, dos quais, um é o
maravilhoso Bosque dos Jequitibás” Alaôr Malta Guimarães, 1953
“... a ordem social também se impunha no jardim, e nem todos se sentiam participantes desta nova
cidade” Siomara Barbosa de Lima, 2000
LEGENDAS DAS IMAGENS
Plantação de cana de açúcar. Aquarela de Hércules Florence, de 1848. Acêrvo: Cirilo Hercules Florence
Plantação de café entre árvores queimadas. Aquarela de Miguel Dutra, 1846. Acêrvo: Museu Republicano de
Itú
Imagem de pic nic no Bosque dos Jequitibás. Acêrvo: MIS
Antigo chalé na década de 1950. Acêrvo: MIS/BMC
BOSQUE DOS JEQUITIBÁS
A PERMANÊNCIA DE UM CONCEITO DE LAZER
Legendas:
1998. Região do Bosque dos Jequitibás. Coleção: Antônio da Costa Santos/aerofotogrametria da
Embrapa
Prática da “caçada”, divertimento apreciado pelas elites campineiras no século XIX. Acêrvo:
Década de 1920. Vegetação e passeio do Bosque. Acêrvo: MLPM.
Anos 1950. Lago da Prata. Acêrvo: Loja Maçônica Independência
Primeira década do século XX. Palácio Episcopal, sede do Bispado de Campinas criado em 1908.
Acêrvo:MIS/BMC
Anos 1940. Vista aérea da região, com abertura de loteamento e construção do Estádio Moisés Lucarelli
pela Associação Atlética Ponte Preta (1900). Acêrvo: MIS
Anos 1950. Colégio Diocesano, hoje Colégio Pio XII, criado por D.Nery, o primeiro bispo de Campinas.
Acêrvo: AMG
Meados do século XX. Estádio Brinco de Ouro da Princesa (1953) do Guarani Futebol Clube (1911).
Acêrvo: CMU/V-8
1910. Equipe da Associação Atlética Ponte Preta (1900), o mais antigo clube do Brasil. Acêrvo: Loja
Maçônica Independência
1914. Equipe do Guarani Futebol Clube (1911). Acêrvo: Loja Maçônica Independência
NA LATERAL: Monumento ao primeiro Bispo de Campinas, D. Nery, localizado defronte à Catedral. Imagem
das primeiras décadas do século XX. Acêrvo: MIS/BMC.
TEXTO:
No curso do século XX, a população e a malha urbana de Campinas multiplicaram-se várias vezes e a
cidade ganhou, em poucas décadas, novas formas e características. Entre as mudanças, o “Plano de
Melhoramentos Urbanos” (1934/1938) desempenhou um papel importante ao estabelecer, entre outros aspectos,
uma reserva de áreas verdes e um novo sistema viário para interligar o centro e a periferia da cidade através de
radiais e perimetrais. A região do Bosque incorporou-se à estas mudanças mas, por pouco, não foi destruída pela
abertura de novas vias. Na atualidade, o Bosque conta com dois alqueires de reserva florestal, um zoológico e
vários equipamentos (museu, aquário, teatro) que, em muitos aspectos, continuam a oferecer a mesma concepção
de lazer assumida em sua origem. Talvez por isso, o Bosque permaneça presente no cotidiano e no imaginário
dos moradores da cidade. A área foi tombada pelo CONDEPHAAT (1970), CONDEPACC (1993) e IBAMA
(1995).
CONHEÇA NAS PROXIMIDADES:
Estádio Moisés Lucarelli, da Associação Atlética Ponte Preta, inaugurado em 1948, pertence ao clube mais
antigo do Brasil (1900). Praça Dr. Francisco Ursáia, 1900
Estádio “Brinco de Ouro da Princesa”, do Guarani Futebol Clube, inaugurado em 1953, pertence ao
prestigiado clube fundado em 1911. Av. Imperatriz Teresa Cristina, 11 Jardim Proença
Cúria Metropolitana, criada em 1908, nasceu das necessidades da Igreja em uma cidade que em poucas
décadas viu multiplicar sua população, seus bairros e suas paróquias. Rua Irmã Serafina, 88
Colégio Pio XII, antigo “Ginásio Diocesano Santa Maria”, foi fundado em 1915 por D. Nery, primeiro Bispo de
Campinas. Rua Boaventura do Amaral, 354
CONHEÇA TAMBÉM:
Mata de Santa Genebra, área de 2.517.759 m² de mata nativa da antiga Fazenda Santa Genebra. Rua Mata
Atlântica, 447/Barão Geraldo. Tombada pelo CONDEPACC. Visitas com autorização.
Bosque São José, área de 33.500 m² de densa cobertura vegetal, passeios, bancos e playground. Rua Barretos,
s/n/Jardim Proença
Observatório Municipal de Campinas “Jean Nicolini”, instalado na Serra das Cabras, no Distrito de Joaquim
Egídio, oferece a observação dos astros, exposições e atividades. Tombado pelo CONDEPACC. Acesso pela
Estrada das Cabras.
Parque Portugal (Lagoa do Taquaral), área de 33 alqueires com variados espaços recreativos e culturais. Av.
Heitor Penteado, s/n
14. 13 DE MAIO
UM ESPAÇO PÚBLICO POR EXCELÊNCIA
PERMANÊNCIAS E TRANSFORMAÇÕES NA RUA 13 DE MAIO
NOS FUNDOS DA MATRIZ NOVA
Quando a rua 13 de Maio começou a se formar com o nome de São José, Campinas deixara há pouco de
ser uma pequena vila para se transformar em uma pequena cidade, de ruas calmas e população diversa. Uma
cidade que, ainda que marcada por uma trajetória de comércio e de serviços, mantinha em suas ruas um sentido
de cidade ainda muito especial, podendo-se ouvir ao longo do dia o apito do amolador de facas, a matraca do
mascate, o ferrinho do folheiro, o berrante do bucheiro ou os guizos do padeiro. Ao cair da tarde, era a vez do
descanso doméstico que levava às ruas as donas de casa com suas crianças e maridos recém chegados do serviço;
hora de conversar, de jogar baralho e de se divertir com a bola. Nos domingos e nas ocasiões de festas, as
mesmas ruas se faziam tomadas pela venda de cartuchos de sequilhos e amendoins, pelas cocadas, balas, pés de
moleque e paçocas; e quando a semana recomeçava, não era raro que os fregueses fossem tratados no interior
das lojas com doces e refrescos, em um cotidiano permeado por um outro significado de tempo. A Rua São José,
nascida na lateral da Matriz Nova, marcou por um longo período os limites da cidade; no entanto, na proporção
em que ela começou a abrigar novas atividades, edifícios e passantes, o seu trânsito se adensou e através dele, a
cidade inteira ganhou um outro ritmo.
ENTRE A MATRIZ E A ESTAÇÂO
Foi na década de 1870 que a região dos fundos da Matriz Nova adquiriu um novo formato. Os antigos
traçados, até então ocupados por moradias esparsas e por um matadouro, começaram a experimentar uma
profunda transformação com a instalação, nas extremidades da cidade, da “Estação da Paulista”. No pátio da
Companhia Paulista, aberto em 1872, ganhou forma o escoamento de produtos que, em poucas décadas, atingiu a
cifra de milhões de sacas de café procedentes das mais diversas fazendas e cidades do interior da Província rumo
ao porto de Santos. Nas imediações da Estação, por sua vez, começava a se instalar uma nova rede de atividades
constituída por fundições, oficinas, armazéns, fábricas, escolas e hospitais destinados a atender uma ampla
demanda regional por produtos e serviços. Na conexão, então, do pólo ferroviário com o centro da cidade estava
a Rua São José, rebatizada de 13 de Maio em 1888: eixo que, nas últimas décadas do século XIX recebeu
inúmeras casas de comércio, fábricas, hotéis, escritórios, linhas de bonde, ou ainda, instituições (instaladas nas
imediações) que cumpriram papel central no funcionamento do complexo cafeicultor, como os escritórios da
Companhia Mogiana e a Loja Maçônica Independência, reduto de projetos políticos liberais.
AS TRADIÇÕES DE UMA CIDADE MUTANTE
Passado o tempo, a rua 13 de Maio continuou a preservar tradições... Com uma dinâmica diversa, capaz
de misturar atividades produtivas, lojas tradicionais e um comércio informal de “maçãs do amor” e balões de
gás, os passantes se sentem à vontade como se pertencessem a este lugar; talvez pela semelhança que tracem
com suas ruas e cidades de origem, talvez pela identidade que estabeleçam com seus bairros de residência, nos
quais ainda hoje coexistem atividades de comércio, serviços e produção. De fato, esta dinâmica de “atividades
plurais” que se repete há 130 anos (tempo suficiente para sedimentar tradições) garante à rua uma sensação de
pertencimento especial, sendo curioso considerar que apesar da interferência do Plano Prestes Maia (que a partir
da década de 1940 buscou “ordenar” a cidade, definindo para a região central um sentido eminentemente
comercial), o eixo da rua 13 de Maio permanece um referencial de circulação popular exatamente por agregar
usos tão diversos de espaço. Por tudo isso e como herdeira da vitalidade do complexo cafeeiro, esta rua carrega
em si mesma a intensidade, a diversidade e a sofisticação que possibilitaram à Campinas do passado superar suas
crises e assumir novos rumos de desenvolvimento no presente.
PERSONAGENS: carroceiro, vendedor ambulante, comerciante, mulheres e homens distintos
CITAÇÕES NA LATERAL:
"...a função industrial de Campinas foi provocada pela necessidade de instrumentos de lavoura e
máquinas de beneficiamento que os volumes (...) do café exigiam de ano para ano. A cifra monetária aplicada na
importação destes materiais aumentava com as safras, e o comércio local e regional ressentiam-se de uma praça
abastecedora perto de si” Maria Stella de Abreu Bergó, 1952
“Cerca de 150 trens cortam o território do município, diáriamente, perfazendo um total de mais de 60
mil trens por ano. Dêsse total, pelo menos 50% são trens de carga” Alaôr Malta Guimarães, 1953
“A rua mastiga os homens: mandíbulas de asfalto, argamassa, cimento, pedra e aço (...) a rua digere os
homens: mistério dos seus subterrâneos com cabos e canos” Guilherme de Almeida, “A rua”, 1962.
“A produção paulista de café até o início da década de 1870, representava apenas 16% do total
brasileiro, a partir desse momento, ingressava num período de vigorosa expansão, perfazendo, em 1875, cerca de
um quarto da produção nacional, saltando, dez anos depois, para 40%” Wilson Cano, 1977
“A ‘minha rua’ não foi uma só. Foram várias, mas quando nelas morava eram minhas, porque,
diferentemente de hoje, a rua era ainda uma dependência das casas, que nela se situavam” Benedito Barbosa
Pupo, 1995.
“...a cidade se expandia, dilatando o seu perímetro urbano, encompridando as distâncias...” José
Roberto do Amaral Lapa, 1995
“De 1836 a 1854, Campinas salta de uma produção de 8.021 para 335.550 arrobas de café (...) Em 1870,
o município produziu 1.300.000 arrobas (...) Localmente isto traduziu-se em estímulos às atividades econômicas
em geral exigindo a modernização da economia” Ema Camilo, 1998
LEGENDA DAS IMAGENS
Legendas :
Nas fronteiras da Vila de São Carlos, uma área em crescimento. Desenho de Hércules Florence, 1837.
Acêrvo: MIS
Relógio da Estação da Paulista: referência histórica na marcação do tempo em Campinas. Final do século
XIX. Acêrvo; MIS
Fragmento de um “Armazém de Secos e Molhados” localizado nas proximidades da Estação, no final do
século XIX. Acêrvo: MIS/BMC
RUA 13 DE MAIO
DE VOLTA AOS PEDESTRES
Legendas:
1897. Postal “Lembrança de Campinas”, com pontos interligados pela R. 13 de Maio. Acêrvo: MIS
1896. População vê a passagem do cortejo de Carlos Gomes nas imediações da rua 13 de Maio. Acêrvo:
MIS/BMC
1903. Passagem de Santos Dumont pela Rua 13 de Maio e imediações. Acêrvo: BMC
1913. Passantes na região central. Acêrvo: MLPM
Anos 1940. Companhia Mac Hardy, instalada há várias décadas nas proximidades da Estação. Acêrvo:
MIS/BMC
Anos 1940. Detalhe de hotel, barbearia e café da rua 13 de Maio. Acêrvo: MIS/BMC
Anos 1950. Detalhe de comércio da rua 13 de Maio. Acêrvo: MIS/BMC
Anos 1960. Sob o Viaduto Miguel Vicente Cury e o Terminal Central, sobreviveu uma área de lazer.
Acêrvo: MLPM
Anos 1970. Em lugar do teatro e dos passantes, o trânsito. Acêrvo: MIS/BMC
Anos 1980. Apesar das mudanças, a tradição da circulação se perpetua.
LATERAL: Bonde Elétrico, em funcionamento na cidade entre 1912 e 1968. Acêrvo: CMU/V-8
TEXTO:
A 13 de Maio é uma rua que continua a pertencer às pessoas, apesar do “embrutecimento” de seu
entorno rasgado por grandes avenidas de escoamento de automóveis. O moderno zoneamento urbano pretendeu
transforma-la em uma grande artéria de concentração de comércio e serviços, mas a rua 13 de Maio sobreviveu,
sobretudo, como uma artéria pulsando fluxo de gentes envolvidas por atividades lúdicas e produtivas, e que
teimam em reafirma-la como o espaço público por excelência.
CONHEÇA NAS PROXIMIDADES:
Palácio da Mogiana, sede administrativa da Companhia Mogiana (1891). Nos anos 1980/90 passou a abrigar
atividades da Secretaria Estadual de Cultura, e partir de 2004, da Secretaria Municipal de Cultura, Esportes e
Turismo. Tombado pelo CONDEPACC. Av. Dr. Campos Sales, 427
Loja Maçônica Independência, fundada em 1897, cumpriu papel destacado na história política da cidade, em
particular na luta contra a escravidão e na construção de um projeto educacional de inspiração liberal. Av. Dr
Campos Sales, 514. Visita com autorização.
CONHEÇA TAMBÉM:
Museu do Café, reinaugurado em 2003, busca difundir a memória da cultura cafeeira em Campinas, e em
particular, refletir sobre sua memória social. Av. Heitor Penteado, 2145, Lago do Café.
Museu Dinâmico de Ciência, criado em 1987, oferece às escolas e ao público em geral cursos, palestras,
exposições e oficinas. Dispõe de Planetário e Laboratório Didático. Av. Heitor Penteado, s/n Parque Portugal
(Lagoa do Taquaral)
Bosque da Paz Yitzhak Rabin, 65 mil m² com mata natural, lago com queda d'água, parquinho e equipamentos
esportivos. Rua Prof. Ary Monteiro Galvão e rua José Strazzacappa/Jardim Madalena
Bosque Valença, com mata natural, lagos e equipamentos esportivos. Rua Olindo Gardelin/rua 15/rua 16 -
Parque Valença
Parque dos Guarantãs, com 87.016 m² formado por bosque, lago, área de piquenique, parquinho e
equipamentos esportivos. Jardim Nova Europa.
PLACAS
PLACA INTERMEDIÁRIA
Senador Saraiva
LADO A
Imagem principal:
Imagens secundárias:
A antiga “Rua Alegre” marcou, no passado, os limites da cidade de Campinas. Área de atividades relativamente
desprezadas pela sociedade, mas fundamentais à reprodução social (em especial, de “lupanares”); esta rua de
fisionomia modesta ganhou novas características e funções na medida em que a região se transformou em pólo
central de atividades de comércio, industria e serviços. Em 1882, seu nome foi alterado para “rua Senador
Saraiva” (em homenagem ao chefe do Partido Liberal, de grande destaque na democratização do sistema
eleitoral do Império), mas sua dinâmica, propriamente dita, só apresentou mudanças significativas com a
implantação do Plano Prestes Maia. Este plano conferiu à via o papel central de escoamento de mercadorias e
automóveis no novo sistema viário da cidade; dinâmica que provocou, no início da década de 1950, o seu
alargamento, sendo realizadas inúmeras desapropriações durante administração de Miguel Vicente Cury (no lado
ímpar da numeração) que levaram a avenida a assumir suas feições contemporâneas.
LADO B
Imagem principal:
Imagens secundárias:
Antônio José Saraiva nasceu a 1 de março de 1823, no Engenho de Quitangá, município de Bom Jardim, Bahia,
e morreu a 23 de julho de 1825, em Salvador, Bahia. Político e estadista brasileiro de formação monárquica,
destacou-se entre outras razões por garantir a vigência da lei eleitoral nº 3.029, de janeiro de 1881 (a chamada
“Lei Saraiva”); lei que conferia fundamentos democráticos à dinâmica política Imperial. Formado pela
Faculdade de Direito de São Paulo, elegeu-se em 1853 como Deputado e em 1867 assumiu o cargo de Senador.
Ocupou as funções de Presidente da Província do Piauí (fundando a cidade de Teresina como nova capital, em
substituição a Oeiras), das províncias de São Paulo, Pernambuco e Alagoas. Em 1861 tornou-se ministro do
Império nas pastas da Guerra (1865), do estrangeiro, da Marinha (1875) e da Fazenda (1880). Membro do
Partido Liberal e da mais alta confiança de D. Pedro II, o “Senador Saraiva” presidiu ainda o Conselho de
Ministros (1880) e elegeu-se, no período republicano, senador pela Bahia, cargo ao qual renunciou por
desentendimentos políticos.
PLACAS DE MONUMENTO
Palácio da Mogiana
Construído em 1891 pela Companhia Mogiana de Estrada de Ferro, este edifício em estilo neoclássico
concentrou por cerca de setenta anos os escritórios da Companhia, administrando uma complexa rede de
escoamento que compreendia cerca de 3 mil km de trilhos, um parque industrial e um amplo setor de serviços
instalados em Campinas. No final dos anos 1950, o edifício perdeu parte de suas estruturas com o alargamento
da Avenida Dr. Campos Sales e cerca de dez anos depois, a Companhia foi incorporada à FEPASA. Sua
presença marcou profundamente a história da cidade, transformando-se o edifício em sede do Museu Histórico
Pedagógico Campos Sales e da Delegacia Regional de Cultura. Em 2004, o Palácio passou a abrigar as
atividades da Secretaria Municipal de Cultura, Esportes e Turismo. Tombado pelo CONDEPACC.
PLACAS DE RUA
Em construção – textos em revisão
Andrade Neves
Antiga rua do Campo
O antigo nome se deve ao fato que no momento anterior as obras para instalação das Companhias Ferroviárias na
região, as atuais Andrade Neves e 11 de Agosto eram utilizadas para a realização de Corridas de Cavalos e
Cavalhadas. Com o crescimento da cidade e a chegada das ferrovias foi construído o Hipódromo do Bonfim no
bairro de mesmo nome e as ruas voltaram a ter sua função original. Em uma delas foi homenageada a vítima da
Guerra do Paraguai, José Joaquim de Andrade Neves, por indicação do Vereador Rafael de Abreu Sampaio.
11 de Agosto
Antiga Rua do Campo
O antigo nome se deve ao fato que no momento anterior as obras para instalação das Companhias Ferroviárias na
região, as atuais Andrade Neves e 11 de Agosto eram utilizadas para a realização de Corridas de Cavalos e
Cavalhadas. Na sessão de 22 de janeiro de 1872, por indicação do Vereador Alves Cruz, a via pública então
conhecida como rua do Campo deveria receber como nome a “data da inauguração do serviço ferroviário em
Campinas.”
Saldanha Marinho
Antiga rua do Matadouro
O nome antigo da rua é uma referência ao Matadouro que lá existiu durante o século XIX e que foi transferido
para a região que posteriormente seria ocupada por parte do bairro conhecido como Vila Industrial. Em 1871, o
nome foi alterado para homenagear o Presidente da Província de São Paulo no ano de 1868 e que apoiou a
Criação da Cia Paulista de Estradas de Ferro.
Visconde do Rio Branco
Antiga rua de São João
A rua Visconde de Rio Branco é uma homenagem da cidade ao chefe do ministério que apresentou a Lei do
Ventre Livre e iniciou o processo de desmonte do sistema escravista que vigorava no Brasil. O nome anterior é
uma característica das cidades coloniais do Brasil que através dos nomes de suas ruas representavam as tradições
católicas do país.
Álvares Machado
Antiga rua Deserta
Até 1871, devido sua característica de local ermo e de poucas residências era conhecida como rua Deserta. As
obras para a instalação da Cia. Paulista de Estradas de Ferro resultaram em uma mudança bastante drástica do
desenvolvimento da malha urbana da cidade e propiciou a ocupação da rua que por indicação do Vereador
Côrrea Dias passará a homenagear o médico cirurgião e oculista, morador de Campinas.
Ernesto Kuhman – José de Alencar
Antiga rua do Teatro
A antiga Rua do Teatro aberta ainda na primeira metade do século XIX representava uma possibilidade de
entretenimento e lazer cultural na cidade de Campinas através do Teatro São Carlos. A demolição do São Carlos
e a construção do Teatro Carlos Gomes quebrou a antiga rua em duas que passaram a homenagear,
respectivamente, o professor Campineiro e o escritor do romantismo brasileiro.
Rua José Paulino
Antiga rua das Flores
Aberta em 1853 recebeu a denominação de Rua das Flores em virtude da existência de muitas rosas brancas
entre as ruas Bernardino de Campos e General Osório. Em 1º de julho de 1889, a Câmara aprova a alteração do
nome para Rua de José Paulino como uma homenagem ao ilustre vereador e comissário de café que liderou a
campanha de combate à epidemia de febre amarela e que quase tombou vítima da mesma.
Rua Regente Feijó
Antiga rua da Matriz Nova
A rua Regente Feijó é marcada por ter sido o local de moradia de diversas personalidades destacadas da história
brasileira, entre eles podemos citar o próprio Regente Feijó, Campos Sales e Carlos Gomes. A alteração do nome
foi uma homenagem proposta pelo Vereador Ricardo Gumblenton Daunt que assim justificava sua idéia: “ao
alto mérito cívico do ilustre paulista o Regente Feijó e em memória de haver sido ele residente neste município
durante muitos anos se dê a rua que hoje se chama de matriz Nova, em qual ele por algum tempo residia a
designação de “Rua do Regente Feijó” Ata da Sessão Ordinária em 3 de Julho de 1871, Livro 149 de Atas da
Câmara Municipal de Campinas, folha 61.
Rua Francisco Glicério
Antiga rua do Rosário
A antiga rua do Rosário é uma referência a Igreja de mesmo nome que se localizava na atual praça Guilherme de
Almeida. Com a Proclamação da República, os vereadores de Campinas “considerando mais os importantes
serviços que o nosso conterrâneo Francisco Glicério tem prestado a pátria pugnando sempre pelas liberdades
públicas, e o papel saliente que tomou nos acontecimentos do dia 15 de Novembro, propõe que se dê a rua do
Rosário o nome de“Francisco Glicério”, tanto mais quanto este ilustre cidadão nasceu nessa rua”. Ata da
Sessão Ordinária em 25 de novembro de 1889, Livro 157 de Atas da Câmara Municipal de Campinas, folhas 30
verso e 31