Iniciação - Revista de Iniciação Científica, Tecnológica e Artística - Vol. 3 no 1 – janeiro de 2014 Edição Temática: Comunicação, Arquitetura e Design
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Sistema Delta: Desenvolvimento de componentes para
fechamento de edifícios e a interação entre o design industrial e a arquitetura.
Delta system: Development of components for closing buildings
and the interaction between industrial design and architecture.
Lucas Vinci de Pinho Andrade¹, Valéria Santos Fialho² ¹ Estudante do Centro Universitário SENAC
Bacharelado em Design com Habilitação em Design Industrial
² Prof. Dra. do Centro Universitário SENAC
[email protected], [email protected]
Resumo. Este trabalho de conclusão de curso estuda os elementos
modulares utilizados nos edifícios para a construção de anteparos, com especial destaque para os Cobogós. A partir deste estudo o trabalho
pretende discutir questões relacionadas ao conforto térmico dos edifícios, ao uso apropriado de sistemas, materiais e formas, a
utilização de processos de fabricação inovadores e da experimentação como fio condutor do desenvolvimento de projeto. O resultado final
desta pesquisa é a proposição de um sistema modular de fechamento que possa ser comercializado e aplicado na arquitetura e na construção
civil, considerando, como elementos fundamentais, a luz e a ventilação e explorando o efeito visual gerado pelo sistema.
Palavras chave: cobogó, design e modulo.
Abstract. This course conclusion Project studies the modular elements
used in buildings for the construction of shields, with a special highlight
to the Cobogós (Latticework). From this study, the project’s purpose is to discuss questions related to the termal comfort of buildings, the
adequate use of systems, materials and shapes, the use of innovator fabrication processes, and the experiments, serving like focus to the
project’s development. The final result of this research is the proposition of a modular system of closing that can be commercialized
and applied to architecture, as well as to civil construction, considering, as fundamental elements, light and ventilation, and exploring the visual
effect received by the system.
Key words: cobogós, design and module.
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1. Introdução
Após uma breve pesquisa bibliográfica sobre a inserção e influência de anteparos,
sistemas de controle de luz e elementos vazados na história da arquitetura, foi
destacado o Cobogó como objeto de estudo mais aprofundado.
Neste trabalho serão estudados os sistemas de elementos construtivos geradores de
conforto ambiental e suas aplicações na arquitetura contemporânea, lançando mão da
especulação de formas, sistemas e materiais atuais para atualizar a maneira que o
elemento vazado, hoje muitas vezes de cerâmica, é aplicado.
Após estudos preliminares e do entendimento do estado da arte atual e da
importância deste sistema para a construção, pretendo propor um projeto que alie a
ideia de conforto à criação de um sistema diferenciado, que possa ser comercializado
e aplicado na arquitetura, levando em consideração a luz e a ventilação como
potenciais fenômenos para proporcionar bem-estar e comodidade.
Portanto será desenvolvido um sistema modular de fechamento para edifícios. O
projeto visa à inovação tecnológica, pesquisa de materiais para construção civil e,
ainda, a experimentação formal, explorando além das propriedades de anteparo
(conforto ambiental) o efeito visual a partir de estudos de geometria.
Ao criar um produto com foco para o conforto ambiental e o efeito visual gerado
aplicado à arquitetura, alguns itens serão levados em consideração:
A peça funciona como anteparo, filtro de luz e calor;
A peça poderá ter influência de movimentos artísticos, porém será
projetada sem intenção de reproduzir estilos.
O desenho tridimensional da peça poderá surgir com o auxílio de estudos
bidimensionais;
Para simulação tridimensional será utilizado o recurso de parametrização
em softwares de modelagem tridimensional;
Interação com o meio para gerar efeitos visuais diferentes. Seja com o
movimento do sol para gerar sombras ao longo do dia e modificar a percepção
visual, seja pela reflexão do material utilizado, vento e etc.
A forma da peça não tem intenção em ser reconhecível ou figurativa.
A superfície poderá ser aplicada no ramo da decoração.
A peça será projetada para fabricação em larga escala.
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Mesmo sendo pensado inicialmente para como fechamento de edifícios, o
sistema pode ser desenvolvido também para outras aplicações, a partir da
manipulação da escala e do uso de diversos tipos de materiais.
Pretende desenvolver uma proposta diferenciada do que existe
atualmente, com novas tecnologias.
2. Sobre os elementos vazados e anteparos
Henrique E. Mindlin (1956) afirma que a arquitetura moderna recebe destaque nas
décadas de 40 e 50 já que foi um momento do século que provavelmente foi mais
motivado pelas artes visuais. O momento não foi apenas marcado por simples
adoções de estilos europeus, mas sim por um novo repertório de obras de um grupo
de profissionais com propostas alternativas à estética nascida no modernismo
Internacional.
No Brasil a arquitetura moderna revelava forte identidade e originalidade. A
arquitetura moderna no Brasil passou a ser reconhecida mundialmente através do
livro Brazil Builds, também da exposição que levou o mesmo nome do livro (realizada
em 1943 em Nova York). Revistas europeias conceituadas começaram a disseminar os
vários caminhos que a arquitetura moderna passou a alcançar, como a do Brasil que
também se diferenciava por ter sido adaptada aos ares tropicais do país.
O Brasil passava por um período, assim descrito por Mindlin (1956) de “contradição e
ambiguidade”. Na era Vargas a Kubistchek mudanças significativas modificavam a
maneira das pessoas entenderem o mundo, como: alterações tecnológicas (evolução
do rádio para televisão); Oportunidade para arquitetos na decisão da cidade que seria
a nova capital do Brasil; Segunda guerra mundial; ditadura e conquistas democráticas
e nas alterações na qual a arquitetura e as artes passavam; Industrialização que
incentivou a construção de prédios. No pós-guerra começa uma grande demanda de
construção, crescimento e o povo otimista quanto ao desenvolvimento.
Segundo Mindlin (1956), ao atravessar a década de 30, que foi marcada por bastante
força econômica, torna-se notável um período de tentativa de “modernização”. Lúcio
Costa assume a direção da escola de Belas Artes no Rio de Janeiro. Após a revolução
de 1930, Mindlin (1956) reforça a boa fase para o desenvolvimento do estilo moderno.
Getúlio Vargas pretendia gravar marcas e formas em seu governo e anunciava a
prioridade na criação de palácios para sede dos ministérios e órgãos públicos da nova
administração.
Naquele tempo o Brasil se mostrava uma grande oportunidade no meio da arquitetura
atraindo profissionais de outros lugares do mundo, principalmente europeus que
passavam por uma má fase de oportunidades no país. Donat Agache; Le Corbusier e o
italiano Marcello Piacentini se instalaram no Brasil e adquiriram seu espaço no meio.
Os modernistas, tendo Lúcio Costa como idealizador e com consultoria de Le Corbusier
executaram o projeto do Ministério da Educação, que ocupou o lugar do primeiro
arranha-céu do planeta, segundo Mindlin (1956). Após o projeto o prestígio dos
profissionais foi ainda maior, e os dois passaram a realizar a maioria das obras
estatais.
Mesmo com a influência do governo para criação de obras estatais, o novo estilo
passa a obter admiração e reconhecimento, suas formas ousadas passam a ocupar
muitas revistas e jornais e a serem incorporadas ao cotidiano. O estilo conseguiu se
adaptar bem às necessidades das residências e aos conceitos de espaço livre,
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preocupação com a ventilação, calor e excesso de luz presentes no país de clima
Tropical.
Figura 1: Lúcio Costa, detalhe da faixada do edifício Bristol (Rio de Janeiro, 1950).
O edifício Bristol é um edifício residencial que reflete bem a adaptação do estilo
moderno para este tipo de construção. Em decorrência do conforto e da proposta de
transparência sugerida pelo estilo, o prédio inserido dentro de uma reserva natural
(parque Guinle) no centro do Rio de Janeiro, segundo Mindlin (1956), foi o primeiro
prédio de apartamentos a receber prêmio. Na faixada dos 3 edifícios que compõem o
condomínio, são dispostos brises e cobogos que sugerem a proposta modernista
relacionada a praticidade, conforto e simplicidade. As linhas estruturais do prédio
ficam expostas e os apartamentos com limites bem definidos tornam-se oportunidade
de revelar a limpeza da forma do novo estilo.
Figura 2: Desenhos a partir do grafismo de cobogos do edifício Bristol
Influenciados por Lúcio Costa e pelo modernismo, diversos prédios começam a
esboçar a arquitetura modernista brasileira utilizando os cobogos criados no Brasil.
Hoje seu uso muito variado se dá por conta de no mercado haver diversos tipos de
elementos vazados e cobogos fabricados em materiais diferenciados.
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Figuras 3 e 4: cobogos inspirados na trama de palha do arquiteto Cícero Ferraz da Cruz e
Desenho a partir do cobogó de Cícero Ferraz da Cruz.
O projeto de Cícero Ferraz destaca-se pela sua geometria que reproduz os vazios de
uma trama. A experiência não está desassociada a genialidade de inverter a relação
da escala do homem e de um produto que muitas vezes só é percebido desta maneira
com o auxílio de objetos de ampliação, como uma fotografia macro.
Figuras 5 e 6: Cobogos amarelos de cerâmica esmaltada projetados pela arquiteta Renata
Pedrosa e desenhos a partir do Cobogó.
Renata Pedrosa criou o módulo acima com dimensões quadradas que permite ser
aplicado nas quatro posições. A peça cria uma irregularidade por conta de o quadrado
vazado estar deslocado do centro. O módulo possui um arredondamento sutil e
mesmo utilizando materiais do cobogó tradicional, transmite a simplicidade do
movimento moderno, reforçado por sua cor vibrante.
Figuras 7 e 8: Galeria de arte da Casa Cor em Brasília (2008) – Projeto Domo arquitetos e
desenhos realizados a partir do projeto Domo arquitetos.
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As peças possuem propostas diferentes desde os desenhos até seus materiais. Todas
as peças podem ser aplicadas para decoração, porém algumas recebem um
tratamento diferenciado para ressaltar este tipo de utilização. A função ventilação é
explorada em todas as peças. Algumas propostas tiram proveito da forma para
direcionar o vento caso haja necessidade, como é o caso da veneziana de concreto,
bastante utilizada em garagens subterrâneas.
Outros elementos antigos que sofreram avanços e passaram a serem aplicados de
uma forma diferenciada, são os Muxarabis e os Brises.
Muxarabis é um elemento próximo do Cobogó em sua essência, porém por influência
da arquitetura islâmica, os Muxarabis segundo o Instituto Brasileiro de Estudos
Islâmicos, na cultura Árabe foi uma forma encontrada para preservar a mulher
islâmica, que por entre treliças de madeira era possível a mulher observar a rua sem
que ela se expusesse. A idéia de poder ver sem que a pessoa seja vista, foi de grande
utilização no Brasil também, durante a fase colonial.
A solução permite a ventilação, a iluminação, e diminui a luz solar incidindo de forma
intensa, além de sua aplicação decorativa, a arquiteta Lina Bo Bardi utilizou o
elemento em alguns de seus trabalhos.
Figuras 9 e 10: Sesc Pompéia - SP (1977) por Lina Bo Bardi, revela espontaneidade nas
aberturas propositais no concreto armado em que adapta o prédio da antiga fábrica de tambores para continuar funcionando como espaço cultural e desenho e especulação criado a partir da
observação da referência.
Na arquitetura atual cresce a demanda por sistemas inteligentes que adaptam a
edificação ao meio na qual foi inserida, seja ela mecânica ou não.
Afim de uma valorização da cultura árabe foi feito um grande investimento para criar
um visual de modernidade e a ideia de Muxarabis contemporâneos. O prédio do
Instituto Mundo Árabe foi um projeto do final dos anos 1970, quando houve a
necessidade de modernizar a imagem que os Franceses tinham do povo, da cultura
árabe e do instituto, como afirma Philipe Cardinal (2010).
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Figuras 11 e 12: Detalhe do mecanismo da edifício que lembra aos “diafragmas” das câmeras fotográficas. O projeto foi vencedor de um prêmio em 1981 e desenho dos sistemas de
diafragmas da pele do Instituto Mundo Árabe.
3. Referências de projetos
As referências pesquisadas para o projeto foram das mais variadas possíveis já que
não me propus a criar um Cobogó e sim um sistema que possa servir como anteparo.
Portanto, para acrescentar repertório foram pesquisadas referências que não
necessariamente possuem aplicação na arquitetura, mas que possibilite a geração de
efeitos visuais em diferentes suportes. Cada referência foi cuidadosamente especulada
em termos de materiais, funções e composições obtidas.
A partir da pesquisa de projetos e pensar possibilidades de caminhos a seguir notei
que seria necessário além de existir referências de materiais que hoje já estão sendo
bastante aplicados em cobogos existentes, incluir também uma pesquisa de materiais
(compósitos) diferentes que foram criados para outras aplicações e que poderia se
apresentar como uma alternativa de anteparo/ fechamento de edifícios.
4. Geometria e experimentação
No Instituto para estudos avançados da Filadélfia, são lideradas aulas para
experimentações e sistemas geométricos denominados “Flutter Forms”. O solido
gerado a partir de papel é diferenciado, pois além do desenho, há a preocupação de
fazê-lo de maneira que possibilite a “mutação” formada a partir de estudos
geométricos. Nas primeiras aulas são estudadas formas simples de se obter estruturas
em papel, cortes e as técnicas necessárias. Depois que se têm módulos, mesmo que
simples, estes são aprimorados com noções matemáticas e geométricas.
O grupo possui alguns trabalhos divulgados na internet com ótimos resultados e
efeitos surpreendentes. A possibilidade de aplicação dos módulos é bastante ampla e
acredito que este tipo de experimentação é bastante válida para o campo da
construção civil, apesar da intenção ou não de aplicar os módulos para outros fins que
não sejam só de criar modelos em papel, não encontrei trabalhos que foram
continuados neste sentido.
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5. Considerações sobre o projeto e primeiros estudos
Figura 13: Construção geométrica do primeiro estudo.
A partir de estudos e observação de referências, procurei desenvolver um módulo
bastante plástico no qual, com a experiência, pudesse identificar uma boa propriedade
do módulo para ser explorada. A dificuldade de experiências formais e este tipo de
exploração também serviram como exercício para que eu pudesse identificar a
metodologia mais interessante a ser seguida. Procurei experimentar o módulo em
software 3d (Rhinoceros) e o modelo em papel.
A metodologia escolhida será semelhante a citada na experimentação acima.
Recortes, dobras, e utilização de alguns materiais fáceis de realizar pequenos modelos
de volume para, a partir da definição da forma, utilizar os softwares para detalhar o
projeto e na realização de maquetes quando houver necessidade de replicar o módulo
inúmeras vezes.
Desenvolvi o primeiro módulo tirando proveito de uma geometria simples para
começar a idealizar uma estrutura já pensando de como este módulo pode se
concretizar ao universo estudado. Pensando em sua aplicação; montagem;
armazenamento e o material que o faria possível.
Figura 14: Duas vistas do primeiro módulo realizado em papel cartão a partir de dois triângulos
equiláteros.
A geometria experimentada permite o fácil armazenamento como uma boa
oportunidade a ser explorada e evidenciada.
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Figura 15: A estrutura fechada de oito módulos unidos.
Figura 16: Exemplo de estrutura retrátil.
Figura 16: Detalhes da estrutura proposta.
O primeiro estudo gerou uma forma de geometria simples que sofre bastante
alteração de seu desenho em decorrências das influências de luz. As sombras criam
desenhos diferenciados e sua superfície multifacetada propicia incidências diferentes
de tons nos planos, confundindo a referência de posição das faces.
Prosseguindo com a especulação de formas o segundo módulo partiu da
experimentação de uma geometria que possibilitasse mobilidade ao módulo para que
quando necessário o mesmo pudesse sofrer deformação. O fechamento poderia ser
projetado para uma utilização mecânica ou simplesmente fixo com alguma junção que
valorizasse a maleabilidade da forma.
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Figura 18: Experimentação de uma geometria maleável.
Figura 19: Terceiro experimento simplificando a forma anterior.
A simplificação da forma no terceiro experimento gerou uma forma fixa sem
movimento. Foi descartada logo do início, pois sua forma possibilitou pouca
composição e um módulo a princípio fechado sem uma aplicação eficiente na
passagem de luz.
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Figura 20: Quarto módulo. outra experimentação retrátil.
O quarto módulo ainda com poucas variações de montagem partia de uma geometria
mais complexa e bastante exagerada que não o tornava mais interessante em sua
função e possível aplicação.
Figura 21: Exemplificação da mutação do quinto módulo.
Figura 22: O sexto módulo realizado.
Acima, outro módulo realizado trabalhando a partir de um plano. A forma e sua
geometria possibilitam a alteração da peça. A peça multifacetada gera planos de luz e
sombra que criam uma superfície com maior variação em sua forma, mesmo quando
estática. Se for aprimorada a propriedade de movimento da peça poderiam ser
utilizados recursos mecânicos. A geometria surgiu a partir de uma malha
quadriculada.
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Figuras 23 e 24: Sétima e oitava experiência já pensando na simplificação e limpeza da forma para diminuir o volume desnecessário da peça.
Figura 25: Desenho da perspectiva de uma experiência de composição
Figura 26: Modelagem realizada no software Rhinoceros. Primeira experiência de configuração
da peça.
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Figura 27: Quatro vistas frontais das possíveis combinações obtidos pela peça.
O módulo resultou em combinações muito variadas e por se tratar de um módulo com
faces distintas, os desenhos criados apresentaram configurações diferentes nos dois
planos. A peça poderia ser fabricada a partir da dobra de alguma chapa. Porém o
resultado gerado foi uma peça semelhante ao cobogos já existes no mercado.
Figura 28: Perspectiva da mesma configuração. Faces com desenhos diferentes.
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Figura 29: Módulo assimétrico derivado de peças simples; desenhos e experimentos com diferentes proporções e inclinações.
Figura 30: Modelagem da superfície curvilínea obtida pela composição do módulo.
A sutil inclinação nas faces laterais da peça produzem curvas e um módulo que
possibilita bastante movimento na composição. A irregularidade e as faces que não
são paralelas fazem o módulo não se limitar apenas a um plano, produzindo uma
experiência mais tridimensional. Este módulo seria selecionado para dar continuidade
ao projeto se a forma não se restringisse apenas a quatro composições. Porém após
esta experimentação comecei a reproduzir peças que partem de sólidos ou formas
geométricas básicas. Tendo em mente a necessidade de um sistema que não fosse
apenas como um tijolo fixo, mas sim pensando em modularidade e formas que juntas
venham a criar tridimensionalidade para diferentes aplicações.
Comecei a notar a necessidade da busca de formas básicas para entender as
possibilidades de composição e de como se comportam.
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Figura 31: Sketches de alguns raciocínios e tentativas.
Figura 32: Sólidos realizados em papel. Tetraedros regulares e irregulares criados proporcionalmente a partir da mesma base.
Ao buscar algum tipo de modulação, procurei experimentar uma armação que
pudesse utilizar sólidos cortados proporcionalmente recortados para rebater a luz e
preencher os vazios quando fosse necessário.
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Figura 32: Detalhes do modelo realizado em papel e canudos.
Detalhes da estrutura mencionada. Os volumes fixos na armação preenchem os vazios
formando aberturas propositivas.
Figura 33: Mais algumas especulações do desenvolvimento.
Figura 34: Raciocínios de fixação para criar um movimento na peça estática.
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6. O Projeto
Figura 34: Apresentação da proposta Delta.
Os primeiros estudos com tetraedros foram para entender a plasticidade da forma,
testes de empilhamento e observar o crescimento que a geometria possibilita.
Montei tetraedros de madeira em escala 1:5 para o primeiro estudo e obtive estes
resultados:
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Figura 35: Módulos em madeira enfileirados e empilhamento com 15 módulos.
Figura 36: Outro ângulo do empilhamento com 15 módulos e de 25 modulos.
O módulo cresceu desordenadamente, porém a pilha obtida continuou com pouca
fluidez. O empilhamento de 25 módulos venceu um vão maior do que 2 metros na
escala. A experiência acrescentou também na identificação de quantidade de módulos
na base que para que conseguisse atingir um pé direito convencional. Após a primeira
experiência com a forma, fiz alguns croquis de como esta estrutura poderia ser
utilizada para filtrar a luz excessiva se aplicada na fachada de um prédio e como unir
a forma de um jeito que o torne mais fluída e com movimento propositivo.
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Figura 37: Croquis especulativos.
Figura 38: Ilustração realizada a partir da ideia.
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Criar uma superfície mais fluída utilizando foles para unir os tetraedros de maneira
que a junção flexível determinasse a direção do módulo e também o fizesse voltar a
face do tetraedro para o plano quando necessário, facilitando sua aplicação.
Figura 39: Primeiro fole realizado.
O primeiro fole foi planificado e depois montado. Desta maneira o fole teria as faces
abertas e foi necessário testar a forma para que a superfície ficasse completamente
contínua. Após o desenvolvimento dos foles a aplicação nos módulos resultou em
desenhos bem mais interessantes do que as composições com apenas módulos.
Figura 40: Primeiros modelos de foles e sua aplicação no tetraedro.
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Após algumas tentativas de direcionar o fole, percebi a necessidade de fechar algumas
faces do tetraedro porque a face fechada atua como rebatedor de luz e também como
barreira.
Figura 41: Experimentos do fole e dos tetraedros compondo uma estrutura
Figura 42: Aumentando o número de módulos compondo de forma livre.
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No desenvolvimento do projeto não determinei a utilização do módulo apenas de uma
maneira ja que a forma surgiu também da tentativa de criar algo versátil e que se
adeque a muitas superfícies. Porém, por se tratar de peças que se encaixam é
possível também ser utilizado criando uma malha por exemplo na imagem abaixo. Há
um fole unindo dois módulos e eles foram enfileirados criando um padrão.
Figura 43: Dois Tetraedros e um fole compondo um padrão.
Muitos padrões possíveis podem se formar a partir da idéia de configurar um módulo e
replicá-lo quantas vezes for necessário. Após testes formais, a necessidade de
idealizar o módulo em algum material e o tipo de encaixe fazia bastante diferença na
hora de sua aplicação, por isso iniciei alguns testes de como as peças se encaixariam
e qual material o faria possível. Junto a testes de encaixe também realizei testes de
mudança de escala para enxergar a geometria em dimensões diferentes da já
trabalhada.
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Figura 44: Detalhes do modelo de encaixe. O primeiro em escala 1:2 com o teste de utilização do perfil quadrado; na segunda imagem um modelo em escala 1:8.
Figura 45: Perspectiva explodida detalhando a junção dos tubos para formar o tetraedro e
também a junção de até três tetraedros.
Figura 46: Desenho técnico da peça de junção dos tubos do tetraedro.
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Figura 47: Corte na braçadeira.
Figura 48: Desenho técnico da braçadeira de junção dos tubos do tetraedro.
Figura 49: Desenho técnico do tubo do tetraedro.
Figura 50: Corte do tubo do tetraedro.
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Figura 51: Anel de fechamento quando não há união de mais tetraedros.
Figura 52: Anel para unir dois Tetraedros.
Figura 53: Peça para unir três tetraedros.
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Figura 54: Perspectiva de dois módulos unidos.
Figuras 55 e 56 : Detalhe da junção de dois módulos com diferentes acabamentos de alumínio e simulação tridimensional da junção dos dois módulos em alumínio.
Figura 57: Perspectiva de dois módulos crescendo desordenadamente.
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Figura 58: Aplicação do módulo em uma fachada.
Figura 59: Estudo volumétrico do módulo em escala 1:1.
7. Considerações Finais
Mais do que apenas um projeto, a experiência das etapas deste trabalho
acrescentaram muito e foram de grande importância nesta fase da minha vida.
A experiência de fazer um projeto sozinho me despertou algumas dúvidas,
dificuldades e também a necessidade em trabalhar em algumas etapas de projeto que
outras vezes não tive oportunidade de participar com tanta autonomia.
O processo de trabalho foi bem diferenciado dos que já realizei durante esses quatro
anos de faculdade. Durante o processo pude ter contato com outras referências,
palestras e projetos com foco na arquitetura que contribuíram na pesquisa e no
desenvolvimento.
Houve dificuldade de realizar testes nessa estrutura já que precisei fazer muitos testes
em escalas para entender o comportamento do volume. Gostaria de ter conseguido
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fazer testes também em módulos 1:1 pra poder desenvolver testes com materiais,
resistência e até o funcionamento. Para o detalhamento do projeto consegui resolver
o módulo de tetraedro, mas não consegui detalhar como seria o encaixe do fole na
peça.
Para o projeto também gostaria de alterar a escala e propor outras aplicações para o
módulo. Todas as tentativas e estudos acrescentaram bastante para que pudesse
entender o que cada peça poderia oferecer. A metodologia escolhida foi eficiente
quanto ao desenvolvimento do pensamento de tirar proveito e adaptar em uma
determinada instância. Estou satisfeito com todo o processo e pretendo também
aplicar e adaptar a experiência adquirida com este trabalho em meus futuros projetos.
Referências:
AGKATHIDIS, Asterios. Digital Manufacturing In Design and Architecture. Branko Kolaverick : Canadá, 2010.
BRUAND, Yves. Arquitetura Contemporânea no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1981.
FILHO, Nestor Goulart Reis. O Quadro da Arquitetura no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1997.
FORTY, Adrian. Objetos de desejo. São Paulo: Cosac Naify.
MINDLIN, Henrique E. Arquitetura moderna no Brasil. São Paulo: Aeroplano,1999.
Lista de imagens:
Figura 1 ___________________________________________________________________p.4
Edíficio Bristol – Rio de Janeiro. Disponível em: <http://c.imguol.com/album/brises_2_f_017.jpg> Acesso: 27 de Maio de 2011, as 01:38 h.
Figura 2 ___________________________________________________________________p.4 Montagem de desenhos dos padrões encontrados na fachada do Ed. Bristol. Acervo pessoal.
Figura 3 ___________________________________________________________________p.5
Cobogós inspirados na trama de palha do arquiteto Cícero Ferraz da Cruz. Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_jr_NXzjeZws/TTn1Owk6uI/AAAAAAAAAD4/ k655IH4ZFmo/s1600/aec285-64-cobogo04.jpg> Acesso: 1 de Junho de 2011, as 18:05 h.
Figura 4 ___________________________________________________________________p.5
Desenho a partir do Cobogó de Cícero Ferraz da Cruz. Acervo pessoal.
Figura 5 ___________________________________________________________________p.5
Cobogós amarelos de cerâmica esmaltada projetados pela arquiteta Renata Pedrosa. Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_jr_NXzjeZws/TTn1Owk6uI/AAAAAAAAAD4/ k655IH4ZFmo/s1600/aec285-64-cobogo04.jpg> Acesso: 1 de Junho de 2011, as 18:05 h.
Figura 6 ___________________________________________________________________p.5
Desenho do Cobogó da Renata Pedrosa. Acervo pessoal.
Iniciação - Revista de Iniciação Científica, Tecnológica e Artística - Vol. 3 no 1 – janeiro de 2014 Edição Temática: Comunicação, Arquitetura e Design
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Figura 7 ___________________________________________________________________p.5
Galeria de arte da Casa Cor em Brasília (2008) – Projeto Domo arquitetos. Disponível em: <http://assimeugosto.files.wordpress.com/2010/01/cobogo.jpg> Acesso: 1 de Junho de 2011, as 19:20 h.
Figura 8 ___________________________________________________________________p.5
Desenhos realizados a partir do projeto Domo arquitetos. Acervo pessoal.
Figura 9 ___________________________________________________________________p.6
Sesc Pompéia - SP. Disponível em: <http://arquitetura-ap.blogspot.com/2011/05/classicos-da-arquitetura.html> Acesso: 3 de Maio de 2011, as 14:52 h
Figura 10 __________________________________________________________________p.6
Desenho e especulação criada a partir da observação da referência. Acervo pessoal.
Figura 11 __________________________________________________________________p.7
Detalhes do fechamento do edifício Instituto do Mundo Árabe em Paris. Disponível em: http://arquitetogeek.wordpress.com/category/edificacoes/ Acesso: 12 de Maio de 2011, as 11:20h.
Figura 12 __________________________________________________________________p.7
Desenho dos sistemas de diafragmas da pele do Instituto Mundo Árabe. Acervo pessoal.
Figura 13 a 59 __________________________________________________________p.8 a 27
Acervo pessoal.