Sustentabilidade
Antonio Castelnou
Introdução
❖ No século I a.C., quando
Vitrúvio definiu sua tríade, as
questões ambientais ainda não
eram proeminentes, já que os
impactos da arquitetura sobre a
natureza eram locais e reduzidos.
❖ Entretanto, hoje em dia,
incorpora-se a ela a questão da
sustentabilidade, estabelecendo-
se o que vem sendo chamado de
GREEN VITRUVIUS.
❖ Entre as décadas de 1960 e 1970, com o DESPERTAR
ECOLÓGICO (a tomada de consciência ambiental),
passou-se a denominar de ecológica ou eco-arquitetura
a prática construtiva que defende o emprego de
materiais e técnicas que não agridam o meio ambiente.
❖ E foi a partir dos anos 1980 e 1990 que se começou
a considerar SUSTENTÁVEL toda arquitetura que
produzisse edificações e espaços urbanos adaptados
às condições bioclimáticas, visando a redução do
desperdício energético, dos riscos ecológicos e dos
impactos socioambientais.
❖ Em termos sociais, políticos
e econômicos, o termo
SUSTENTÁVEL (sustainable;
sostenible; durable) está
relacionado ao que limita o
crescimento ou
desenvolvimento em função
da dotação de recursos naturais,
da tecnologia aplicada na
utilização (uso e consumo)
destes e do nível efetivo de
bem-estar da coletividade.
❖ Deste modo, pode-se dizer que uma sociedade é
SUSTENTÁVEL somente quando ela é capaz definir seus
padrões de produção e consumo, suprindo as necessidades do
presente, mas sem comprometer a capacidade das próximas
gerações suprirem as delas.
❖ Nas últimas décadas (anos
2000 e 2010), a arquitetura
sustentável voltou-se para uma
corrente que vem buscando
conciliar a tradição e as
possibilidades modernas,
por meio da aplicação de
tecnologias “limpas”, que
visam eficiência energética,
especificação de ecomateriais
e proteção da natureza: a
GREEN ARCHITECTURE.
Casa Manifesto(2009, Caracavi - Chile)
INFINISKI (James & Mau)
Despertar Ecológico
❖ O pensamento ambiental evoluiu a
partir do 2º pós-guerra, devido aos
danos causados e ao desenvolvimento
socioeconômico, promovendo o
surgimento dos primeiros órgãos e
ações políticas no mundo.
❖ Porém, foi nos anos 1970 que o
debate ecológico cresceu, graças a
uma série de crises ao mesmo tempo
em que se iniciavam conferências da
ONU sobre o tema.Green Office Building(2003/04, Concepción - Chile)
Enrique Browne
❖ Em 1972, Dennis L. Meadows
(1942-) – membro do grupo
internacional de pesquisa CLUBE
DI ROMA (1968) – lançou The
limits to growth (Os limites do
crescimento), em que dizia ser
impossível um crescimento ilimitado
em um mundo finito como a Terra.
❖ Ele insistia que se não houvesse
controle sobre o desenvolvimento,
haveria em 100 anos, a contar de
1970, um colapso geral do planeta.
❖ De 05 a 16 de junho de 1972, houve a Conferência das
Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Homem –
CNUMAH, em Estocolmo (Suécia), onde se traçaram os
direitos da família humana a um meio ambiente saudável e
produtivo, estabelecendo-se um programa de ação mútua.
Estocolmo (Suécia)
❖ Naquela ocasião, criou-se o United NationsEnvironment Programme (UNEP) – ou,
como é conhecido no Brasil, o Programa das Nações Unidas para o Meio ambiente
(PNUMA) –, com sede em Nairóbi (Quênia), que coordenaria ações de cooperação e
participação de todos os governos em prol da preservação do planeta.
Nairóbi (Quênia)
❖ Ao mesmo tempo, nascia
o movimento da DEEP
ECOLOGY (Ecologia
Profunda) – termo criado
pelo filósofo norueguês
Arne Næss (1912-2009),
em 1972, com a intenção
de ir além do simples
nível factual da ecologia
como ciência, para um
nível mais profundo de
consciência ecológica.
Arne Næss(1912-2009)
❖ Naquela época, várias crises
abalaram o sistema energético
mundial, na maior parte
fundado na energia elétrica
obtida de combustíveis fósseis
por meio de termoelétricas,
o que passou a ter de um alto
custo ambiental. Isto fez com
que se iniciasse a pesquisa por
FONTES ENERGÉTICAS
ALTERNATIVAS.
Gás natural22%
Petróleo41%
Carvão24%
Nuclear6%
Renováveis(hidr., eólica, solar, etc.)
7%
CONSUMO GLOBAL DE ENERGIA(Total de consumo: 380 Quadr BTUs)
❖ Baseado em uma visão
ecocentrista, o ECOLOGISMO
encontrou grande junto à Contra-
Cultura (Décs. 1960/70) e
produziu vertentes na arquitetura
ecológica como o
Neovernaculismo (resgate
de formas vernáculas) e o
Regionalismo (inspiração
na arquitetura regional).
David ReaArchitect Studio(1985, West Country GB)
Akil Sami House(1979, Dhashur Egito)Hassan Fahty
❖ Em meados dos anos 1970,
muitos profissionais buscaram
soluções ecológicas através
de ESPAÇOS SEMI-
ENTERRADOS, nos quais se
experimentava criar uma nova
forma de desenvolvimento do
ambiente construído, de menor
impacto ambiental.
Underhill(1974, Yorkshire GB)Arthur Quarmby
Jersey Devil ArchitectureHill House (1977/79, La Honda CA)
David F. GibsonWildwood School (1970/74, Aspen CO)
❖ Basicamente, a então ECO-ARQUITETURA tinha a intenção
principal de produzir edificações que se adaptassem
inteiramente ao meio, tirando proveito ao máximo das
condições naturais e reduzindo ao mínimo o impacto ecológico.
Pousada dos Guanavenas(1979/83, Ilha de Silves AM)
Severiano Mario Porto
Centro de Proteção Ambientalda Usina Hidrelétrica de Balbina(1983/88, Manaus AM)
❖ Em 1981, com a descoberta
do buraco na Camada de
Ozônio, intensificou-se a
preocupação ambiental,
assim como os debates em
relação ao EFEITO-
ESTUFA, o que fez
nascerem novas correntes
de arquitetura ecológica,
preocupadas principalmente
com o clima e a poluição.
Efeito-Estufa
Buraco na
Camada de Ozônio
❖ Aparecia a designação
ARQUITETURA
BIOCLIMÁTICA, que
propunha criar edificações que
se adequassem ao clima local e à
iluminação e ventilação naturais,
preocupada principalmente com
a redução ou até eliminação do
uso de energia elétrica em prol
de novas – e alternativas – fontes
energéticas (eólica e solar) .
Thomas Herzog
Regensburg House
(1977/79, Alemanha)
Hotel des Thermes (1996, Dax França)
Jean Nouvel
Eco-Village(1986, Findhorn Escócia)
Diane & Robert Gilman
Andrew YeatsDavid Jonhson Ecohouse(1990, EUA)
Thomas York EnvironmentalEducation Center (2000,Canadá)
Gordon Campbell
❖ Paralelamente, a
ARQUITETURA
ALTERNATIVA defendia o
reaproveitamento de resíduos
e/ou materiais de “segunda mão”,
incorporando produtos
industrializados e prolongando
sua vida útil, o que requeria a
pesquisa de locais para a compra
de materiais, assim como
reprocessamento.
LOT-EK ArchitectsPuma City Shipping Container Store(2006/08, N. York EUA)
Advanced Green Builder Demonstration(1994/97, Austin TX)Plinny Fisk III
Design CoalisionTaylor House, Shorewood Hills
(1990/92, Wisconsin )
Paper House (1995, Lake Yamanaka,Yamanashi, Japão)
Shigeru Ban
Paper Church(1995-2005,
Kobe, Japão)
Poltrona Astúrias (1989)Carlos Motta
❖ Denomina-se EARTHSHIP
BIOTECTURE a prática
ecológica baseada na reutilização
de materiais de origem urbana
(garrafas PET, latas, pneus,
cones de papel, etc.), os quais
são aplicados na construção sem
ter havido seu reprocessamento.
❖ Trata-se da reapropriação
criativa, a qual se tornou
comum em áreas suburbanas ou
em locais de despejo
descontrolado de resíduos.Earthship Residence
(2010, Porto Príncipe, Haiti)Michael Reynolds
Recycled PlasticBottle Igloo Building Recycled Glass Bottle
Buddhist Monastery(Bangkok - Tailândia)
Michael Reynolds
Earthship Comunity (1980, Taos NM - EUA)
Bear Can House (Houston TX -
EUA)
Movimento Ambientalista
❖ Em meados dos anos 1980, a visão dos ecologistas
radicais foi confrontada por cientistas (humanistas
críticos), os quais passaram a defender que conservação
ambiental e desenvolvimento socioeconômico não eram
incompatíveis, mas sim mutuamente dependentes.
❖ Nascia assim o AMBIENTALISMO, que recusa a teoria
dos limites físicos, dizendo que não era o crescimento
que deveria ser limitado, mas a ideologia do passado,
defendendo equidade social e tecnologias “limpas”.
❖ Em 1983, foi criada junto à ONU a Comissão Mundial sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), que seria responsável pela realização de um diagnóstico
do desenvolvimento até então, com seu prós e contras.
❖ Esta comissão, coordenada pela
Primeira-Ministra norueguesa
Gro Harlem Brundtland (1939-),
elaborou vários estudos
apresentados em forma de
relatório cinco anos depois, o qual
interligaria definitivamente meio
ambiente e desenvolvimento.
Gro HarlemBrundtland(1939-)
❖ O RELATÓRIO BRUNDTLAND
(1987) – posteriormente publicado
com o título Our common future
(Nosso futuro comum) – apontou
como pontos positivos do
desenvolvimento: a crescente
expectativa de vida da humanidade;
a queda da mortalidade infantil; o
maior grau de alfabetização dos
povos; e as inovações técnico-
científicas, inclusive possibilitando
o aumento e a melhoria da produção
mundial de alimentos.
❖ Contudo, além dos sucessos,
indicava como pontos
negativos do desenvolvimento
mundial as graves falhas em
relação às questões de:
✓ Crescimento da erosão e
desertificação do solo;
✓ Desaparecimento e
empobrecimento das florestas;
✓ Maior ameaça à camada de
ozônio do planeta;
✓ Aumento da temperatura da
Terra, devido ao Efeito-Estufa.
Desmatamento e desertificaçãode solos férteis de todo o mundo
❖ Pela primeira vez, passou-se a abordar a questão da
SUSTENTABILIDADE, estabelecendo como meta mundial
o desenvolvimento sustentável ou durável, o qual significaria
suprir as necessidades do presente sem comprometer a
capacidade das próximas gerações suprirem as de seu tempo.
❖ Em 1987, firmou-se o
Protocolo de Montreal
sobre a Camada de Ozônio
(ONU) e, em junho de 1990,
estabeleceu-se o Livro Verde
sobre o Ambiente Urbano
(União Européia), cujas
diretivas passariam a
influenciar a ação de vários
arquitetos e urbanistas.
The Green Book ofthe Urban EnvironmentComunicação da CMMAD
ao Conselho eao Parlamento da EU
(1990)
Montreal(Canadá)
❖ Isto fez nascer a ECO-TECH
ARCHITECTURE, que propõe
o emprego da alta tecnologia
(arquitetura inteligente) para
contornar os problemas
ambientais, minimizando os
impactos por meio de sistemas
computadorizados, sempre
priorizando a eficiência.
Jean Nouvel)
Institut du Monde Arabe
(1981/87, Paris - França)
Fondation Cartier(1991/94, Paris - França)
❖ Para os ambientalistas, pode-se
minimizar os impactos sobre a
natureza, utilizando a
TECNOLOGIA, por meio de
estratégias de projeto e sistemas
autogestores, acreditando que,
para haver progresso, é
necessário que algo seja
perdido, sendo preciso correr
alguns riscos.
Ecohouse (1989/91, Breisach - Alemanha)
Thomas Spiegelhalter
Brian MacKay-Lyons New Scotia Coast House
(1984/86, Canadá)
❖ A partir dos anos 1980, tanto
os ecologistas como os
ambientalistas passaram a
enfatizar a sustentabilidade
econômico-ecológica e
considerarem a pobreza um
incentivador de problemas
ambientais, diferenciando-se
apenas no que se refere a
o quê e o quanto se deve
conservar da NATUREZA.
White Rock Operation Building
(2001, EUA)
Busby Architects Alliance
Thomas Herzog
Waldmohr House
(192/84, Alemanha)
❖ A principal diferença entre ecologistas e
ambientalistas está no fato dos primeiros vetarem
qualquer tipo de crescimento, enquanto os segundos
defendem que este é necessário para superar, por
exemplo, a pobreza nos países não-desenvolvidos.
❖ Enquanto o ECOLOGISMO defende a conservação do capital natural como condição da sobrevivência humana, limitando o crescimento dos países ricos
(economia ecológica), o AMBIENTALISMOconsidera tais recursos escassos, mas, acredita que
se manipulados com cuidado, permitiriam um desenvolvimento sustentável com melhor distribuição
de renda (economia ambiental).
❖ Em 1992, no Rio de Janeiro, ocorreu, com a participação de 175 países, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento – CNUMAD, a RIO-92 ou ECO’92, que marcou a discussão ambiental por:
✓ Criticar o modelo vigente de desenvolvimento, apontando a inter-relação entre problemas
sociais e ambientais; e
✓ Defender a necessidade de medidas tecnológicas e legais por meio da
Agenda 21 Global.
Rio de Janeiro(Brasil)
NÍVELECONÕMICO
NÍVELAMBIENTAL
NÍVELSOCIAL
nível de vida
produçãoecológica
consciênciaambiental
DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
QUALIDADE DE VIDASUSTENTÁVEL
❖ A aplicação da AGENDA 21
pressupõe um planejamento
do futuro com ações de curto,
médio e longo prazos,
(re)introduzindo uma ideia
esquecida de que se pode –
e se deve – planejar,
estabelecendo um elo de
solidariedade entre nós
e nossos descendentes,
as futuras gerações:
Pense globalmente,
aja localmente.
❖ Em 21 de junho de 1993, em um
congresso em Chicago IL, a
União Internacional dos
Arquitetos (UIA) – em conjunto
com o American Institute of
Architects (AIA) – estabeleceu a
Declaração de Interdependência
para um Futuro Sustentável, que
coloca a SUSTENTABILIDADE
como sendo o centro de
responsabilidade profissional,
convocando todos os profissionais
para a prática de uma arquitetura
mais sustentável.
Chicago IL(EUA)
❖ Após a ECO’92 – conhecida como Cúpula da Terra – houve
vários eventos internacionais que intensificaram o debate
socioambiental, como: a Conferência de Direitos Humanos
(Viena, 1993), a Conferência Mundial sobre População e
Desenvolvimento (Cairo, 1994) e a Conferência sobre
Desenvolvimento Social (Copenhague, 1995).
Cairo(Egito)
Copenhague(Dinamarca)
Viena (Áustria)
❖ Em 1996, 20 anos depois da
primeira (Vancouver, 1976),
aconteceu a 2ª Conferencia das
Nações Unidas sobre
Assentamentos Humanos –
HABITAT II (Istanbul,
Turquia), na qual se defendeu a
criação de CIDADES MAIS
SUSTENTÁVEIS, reforçando
a condição de que a questão
ambiental permeia a questão
urbana em todo o planeta.
Istanbul(Turquia)
❖ Essa conferência – conhecida como a Cúpula das Cidades –
criou um Programa junto à AGENDA HABITAT, que
enfatiza a questão urbana ambiental ao definir a
sustentabilidade como princípio e os assentamentos
humanos sustentáveis como objetivo mundial. Sua reedição
ocorreu na Conferência do HABITAT III (Quito, 2016).
Quito (Equador)
Green Architecture
❖ A partir dos anos 1990, cresceram
as discussões sobre as questões
ambientais em todo o planeta,
multiplicando-se os congressos e
eventos mundiais sobre o tema, o que
fez com que o conceito de
sustentabilidade socioambiental
se difundisse, assim como se
implantassem os primeiros Sistemas
de Certificação Ambiental..Real Goods Solar Living Center(1997/98, Hopland CA - EUA)
Van der Ryan
❖ Em 2000, houve a Conferência
de La Haya sobre a Mudança
Climática, quando o secretário
da ONU Kofi Annan (1938-) solicitou
a AVALIAÇÃO ECOSSISTÊMICA
DO MILÊNIO (AEM).
❖ Realizada por 1.360 especialistas e
concluída em 2005, AEM constatou
muitos avanços, mas também graves
retrocessos, causados, por exemplo,
pela não assinatura do Protocolo de
Kyoto (1997) pelos EUA.
Kofi Annan(1938-)
La Haya(Holanda)
George W. Bush(1946-)Presidente dos EUA entre2001 e 2009
❖ De lá para cá, muitas conferências
ocorreram no mundo, como a
Rio+10 (2002, Johannesburg,
África do Sul) e a Rio+20 (2012,
Rio de Janeiro), que procuraram
fazer um balanço dos resultados
obtidos tanto pela AGENDA 21
como pela AGENDA HABITAT.
❖ Desde 2014, a ONU passou
a contar com a Assembleia
Ambiental das Nações Unidas
(UNEA), já ciente das mudanças
climáticas irreversíveis da Terra.
❖ Com objetivo de produzir
edificações que se adaptam,
ao mesmo tempo, às
condições ecológicas e
sociais de um determinado
lugar, a GREEN
ARCHITECTURE
aplica tecnologias “verdes”
e preocupa-se
fundamentalmente com o
impacto socioambiental.
Shard Bridge London Tower – The Shard(2009/12, Londres GB) - 309m (73 pav.)
Renzo Piano
Architect Office(1990/94, Gênova
- Itália)
GREEN
ARCHITECTURE
Habitat sustentável
ECONÔMICA
funcional
e barata
SOCIAL
universal
e segura
AMBIENTAL
eficiente
e ecológica
❖ Para os defensores da
GREEN ARCHITECTURE,
não valeria a pena apostar em
ecotecnologias de ponta, não-
acessíveis a países em
desenvolvimento – ou mesmo
àquelas sociedades pós-
industriais que se pretendem
igualitárias e, portanto,
sustentáveis –, descartando
assim a TECNOLATRIA.
Jean-Marie Tjibaou Cultural Center(1992/98, Nouméa - Nova Caledônia)Renzo Piano
California Academy of Sciences(2006/08, San Francisco CA - EUA)
❖ Nos anos 2000, constatou-se que a SUSTENTABILIDADE
implicaria em desenvolver métodos ambientalmente corretos
de produção e consumo, os quais garantam a integridade dos
ecossistemas, a qualidade de vida e a preservação cultural e
ecológica, através da certificação ambiental.
Ballard Library(2002/05, Seattle WA - EUA)
Bohlin, Cywinski & Jackson
❖ A avaliação da sustentabilidade
socioambiental de uma construção
deve ser feita através da
ANÁLISE DO CICLO DE
VIDA (ACV) da edificação, a
qual passou a ser aceita por toda a
comunidade internacional como
única base legítima sobre a qual
é possível comparar materiais,
tecnologias, componentes e
serviços utilizados e/ou prestados.
Robert Trickey House(2006/07, Honolulu HW - EUA)
Craig Steely Architects)
Gypsy House(2005/06, Berkeley CA - EUA)
Projeto de
arquitetura
Uso
Construção Descarte
Administração (Gestão)Critérios energéticos e ambientais
AdministraçãoInformação
Regulação
legal
Regulação
legal
Materiaisreciclados
Minimizaçãode resíduos
Energiasrenováveis
Materiaisrecicláveis
RehabilitaçãoDomótica Recuperação
de recursos(energia solar.águas pluviais,coleta seletiva)
Fatoressociais
Análise dosrecursos naturais
ANÁLISE DO
CICLO DE
VIDA (ACV)
❖ Desde 1990, os britânicos
já usavam uma tabela de
avaliação denominada
Building Research
Establishment Environmental
Assessment Method
(BREEAM), a qual estabelecia
como elementos de análise
construtiva os seguintes itens:
1. Gestão, saúde e bem-estar
2. Energia (consumo e emissões de CO2)
3. Transporte (distâncias e emissões de CO2)
4. Consumo de água
5. Impacto ambiental dos materiais de construção
6. Uso das superfícies (ajardinadas e impermeabilizadas)
7. Valorização ecológica do lugar
8. Contaminação do ar e água
❖ Segundo a quantidade de pontos
obtidas para cada item do BREEAM.
o edifício recebia a qualificação de:
suficientemente bom, muito bom
ou excelente.
❖ Por sua vez, em 1993, o Canadá
criou o primeiro selo verde, do
Conselho de Manejo Florestal –
Forest Stewardship Council (FSC) –
que passou a carimbar madeiras
originárias de um processo produtivo
manejado de forma ecologicamente
correta e socialmente justa.
Ian MacDonaldHouse in Mulmur Hills(1997, Ontario - Canadá)
House in Caledon(2000, Ontario- Canadá)
❖ Entre 1995 e 2000, a Holanda produziu vários manuais de
construção sustentável, além da elaboração da TABELA
DCBA, que hierarquizava diferentes níveis de intervenção,
de acordo com 04 escalas de fatores e resultados:
D = Projeto de edifício convencional
C = Edifício convencional com correção de impacto
B = Edifício de impacto muito reduzido
A = Edifício autônomo de impacto mínimo
❖ Nos EUA, em 1996, o United States Green Building
Council criou um sistema de certificação para edifícios
sustentáveis denominado Leadership in Energy &
Environmental Design (LEED), o qual passou a ser
amplamente aplicado naquele país.
❖ O LEED de uma obra
arquitetônica refere-se a um
índice na área de energia que é
baseado em uma pontuação
correspondente a um
questionário e, conforme o
número de respostas
afirmativas, o projeto é
considerado mais ou menos
sustentável, classificando-se
como prata, ouro ou platina.
Rafael ViñolyCarl Ichan Laboratory Genomics Institute
(2000, Princeton University NJ - EUA)
Kimmel Centerfor the Performing Arts
(2004, Philadelphia PA - EUA)
Categoria Pontos Possíveis(% do total)
Sustainable Sites 14 (20%)
Water Efficiency 5 (7%)
Energy/Atmosphere 17 (25%)
Materials/ Resource 13 (19%)
Indoor Evaluation
Quality
15 (22%)
Innovation 4 (6%)
Accredited Professional 1 (1%)
Total 69 (100%)
Leed CertifiedDe 26 a 32 pts.
SilverDe 33 a 38 pts.
GoldDe 39 a 51 pts.
Platinum
De 52 a 69 pts.
Níveis de Classificação:
❖ A ideia de que as construções
respeitassem as condições
socioambientais locais encontrou
mais força ainda em um livro
publicado pelo Conselho de
Arquitetos da Europa (CAE),
em 1999, o qual se intitulava:
A Green Vitruvius: Principles
and practices of sustainable
architectural design.
Carlo Baumschlager & Dietmar EberleBürogebäude (1990/91, Áustria)
❖ Na Espanha, o Institut Ildefons Cerdá de Barcelona
e o Instituto para la Diversificación y Ahorro de la Energía
(IDEA) de Madrid apoiaram e lançaram o Guía de la
edificación sostenible (1999), incorporando o BREEAM.
Richard RogersAeroporto de Barajas(2000/05, Madrid - Espanha)
❖ Na França, o índice da
construção sustentável foi
criado em 2002, sendo
chamado de Haute Qualité
Environnementale (HQE).
Já a Alemanha implantou
o Deutsche Gesellschaft
für Nachhaltiges Bauen
(DGNB) em 2007. Ambos
países, porém, ofereciam
premiações a edificações
“verdes” antes disso.
F. H. Jourda & G. PerraudinPalais de Justice (2000/04, Melun - França)
Mühlweg Housing (1997, Alemanha)Hermann Kaufmann
❖ O Japão entrou na
era dos certificados para
construções sustentáveis em
2002 com o Comprehensive
Assessment System for
Building Environmental
Efficiency (CASBEE).
❖ Por sua vez, a Austrália
implantou seu próprio
sistema em 2004, criando
o National Australian
Building Environmental
Rating System (NABERS).
César PelliNihonbashi
Mitsui Tower(2002/05, Tóquio
- Japão)
Bendigo Bank Headquarters(2008/09, Victoria - Austrália)
BVN Architecture & Gray Puksand
❖ No Brasil, a adesão à certificação
sustentável ainda é voluntária e,
além da aplicação de vários selos
internacionais – como o FSC e o
LEED –, foram recentemente criados:
✓ Selo CASA AZUL (2010), da Caixa Econômica Federal, o qual possui
53 critérios de avaliação, que estão divididos em seis categorias; e
✓ Selo PROCEL (2014) para edificações, de acordo com o Programa Nacional de
Conservação de Energia Elétrica e voltado principalmente à eficiência
energética das construções.
❖ Hoje, a grande discussão mundial gira em torno de como
continuar produzindo ARQUITETURA de um modo
ambientalmente sustentável e socialmente responsável,
o que constitui o mais novo paradigma deste século.
Centro EmpresarialRio de Janeiro Trump Towers
Porto Maravilha (2015-)5 torres de 150m (38 pav.)
Aflalo & Gasperini Arquitetos
Ecocentrismo(Décs. 1960/80)
Tecnocentrismo(Décs. 1970/90)
Antropocentrismo(Décs. 1980/00)
Natureza sobrepõe-se
à Sociedade
Ênfase nos aspectos
ecológicos
Sociedade sobrepõe-se
à Natureza
Ênfase nas questões
tecnológicas
Equilíbrio entre
Natureza e Sociedade
Ênfase nos valores
sociais
O critério ético é
definido a partir de
valores naturais
intrínsecos
O critério ético é
o domínio do meio
ambiente natural por
ecotecnologias
O critério ético são as
necessidades humanas
determinantes da
relação com o meio
Ecologismo
Neovernaculismo
Sociedade Alternativa
Arquitetura Ecológica
Ambientalismo
Controle e Gestão de
recursos naturais
Arquitetura
Sustentável
Socioambientalismo
Atividade humana
como parte da
Natureza
Green Architecture
Bibliografia
❑ BRUNDTLAND, G. H. Nosso futuro comum. Rio de Janeiro: CMMAD: Fundação Getúlio Vargas, 1991.
❑ CAPRA, F. A. Teia da vida. São Paulo: Cultrix, 1996.
❑ CORRADO, M. La casa ecológica: manual de arquitectura bioclimática. Barcelona: De Vecchi, 1999.
❑ FOLADORI, G. Limites do desenvolvimento sustentável.Campinas: Imprensa Oficial SP, 2001.
❑ GAUZIN-MÜLLER, D. Arquitectura ecológica. Barcelona: Gustavo Gili, 2002.
❑ YEANG, K. Projectar com la naturaleza. Barcelona: Gustavo Gili, 1999.
❑ WINES, J. Green architecture. Köln: Taschen, 2000.