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FACULDADE CESMAC DO SERTÃO
ROSA MILENA VEIGA SILVA TAIS MAYARA FREITAS DA SILVA
TENTATIVA DE SUICÍDIO ATRAVÉS DO USO DE MEDICAMENTOS NA POPULAÇÃO JOVEM BRASILEIRA:
Revisão integrativa
PALMEIRA DOS ÍNDIOS- AL 2019/2
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ROSA MILENA VEIGA SILVA TAIS MAYARA FREITAS DA SILVA
TENTATIVA DE SUICÍDIO ATRAVÉS DO USO DE MEDICAMENTOS NA POPULAÇÃO JOVEM BRASILEIRA:
Revisão integrativa
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito final para conclusão do curso de Bacharel em enfermagem da Faculdade CESMAC do Sertão, sob a orientação do Prof. Me. Hugo de Lira Soares.
PALMEIRA DOS ÍNDIOS- AL
2019/2
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ROSA MILENA VEIGA SILVA TAIS MAYARA FREITAS DA SILVA
TENTATIVA DE SUICÍDIO ATRAVÉS DO USO DE MEDICAMENTOS NA POPULAÇÃO JOVEM BRASILEIRA:
Revisão integrativa
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito final para conclusão do curso de Bacharel em enfermagem da Faculdade CESMAC do Sertão, sob a orientação do Prof. Me Hugo de Lira Soares.
APROVADO EM: ___/___/______
BANCA EXAMINADORA: _________________________________________________________________
Prof. Me. Hugo de Lira Soares (Orientador)
_________________________________________________________________
Prof.(a) Me.(a)... Avaliador(a) externo
_________________________________________________________________ Prof.(a) Me.(a)...
Avaliador(a) Interno(a)
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AGRADECIMENTOS
A Deus, primeiramente, que, em sua infinita Misericórdia, fez com que eu não
desistisse, nem desanimasse mesmo diante de tantas lutas, me fez permanecer de
pé;
A meu tio, Edmilson (inmemoria), um dos meus maiores incentivadores, o
qual sempre me dava o prazer de ouvir palavras de afeto e incentivo, acreditou
nesse momento, até mais que eu, me dizia: você vai se formar! E esse dia chegou!
Obrigada, meu tio, sei que estás presente sempre, a meu lado;
A minha mãe, Mabel, minha companheira nessa luta, meu porto seguro, foi
presença na vida dos meus filhos, quando precisei ser ausência, quem sei, que
estará aqui, pra tudo. E meu pai, Jurandir, minha fortaleza, meu amigo fiel, um dos
seres mais lindos que conheço, essa vitória é sua! A minha "boadrasta", Patrícia,
obrigada por estar presente e ser presente em minha vida;
Aos meus filhos, Mariana e Kauã, anjos enviados por Deus pra mim na
terra, venço as batalhas diárias por e para vocês, nunca esqueçam disso, vocês são
os melhores filhos que eu poderia ter, a vocês, meu amor eterno;
A minha tia, Meibel, por todo apoio, em nome dela, agradeço a todos os
meus familiares, cada um que me contribuiu direta ou indiretamente para esse
momento, meu carinho e gratidão a vocês;
As minhas amigas, kleriane, Márcia e Taís, as quais não me
abandonaram, mesmo nos dias mais sombrios ou de mau humor (risos), elas
estavam lá, ao meu lado, segurando minha mão; Aos demais colegas que a
faculdade me deu, lutamos em prol do mesmo sonho e vencemos! Aos colegas de
ônibus, os quais fizeram das horas de viagem e de espera, mais leves e divertidas;
Aos meus professores, mestres para a profissão e para a vida, grata por
todos os ensinamentos. Enfim, a todos que contribuíram para que eu saísse
vencedora dessa grande batalha, foram cinco anos! Sou imensamente grata por tê-
los em minha vida, por cada um que passou por meu caminho, uns para ficar, outros
para que ensinar... Minha eterna gratidão a todos, Deus os abençoe imensamente.
Essa vitória também é de vocês!
Rosa Milena Veiga Silva
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É com imenso prazer e satisfação que inicio meus agradecimentos por aquele
que nos deu a vida e tudo que nela há. Obrigada meu Deus pelo alcance deste
objetivo e que venham outras mil realizações;
Minha família, todos eles, tiveram sua contribuição, principalmente meus pais
Maria das Graças Freitas da Silva e Paulo Fernandes da Silva. Sem eles eu não
estaria aqui. Agradeço também pela educação que me deram, grande parte da
profissional que estou me tornando devo aos seus ensinamentos. Vocês são meus
maiores exemplos. Aos meus irmãos e demais familiares que me acompanharam
durante essa trajetória, minha eterna gratidão;
Em especial quero agradecer a minha amiga Milena Veiga , companheira de
TCC, pela força, carinho, dedicação e o apoio incansável desde o inicio do curso até
a conclusão de mais esse passo importante em minha vida;
Aos meus amigos que por muitas vezes acompanharam a minha luta diária e
muitos deles me ajudaram a enfrentar grandes desafios encontrados no decorrer
desta jornada, meu muito obrigada a cada um de vocês;
Pra finalizar, agradeço a todo o corpo docente da instituição, principalmente
ao meu querido e admirável orientador, professor Hugo de Lira, por todas as
cobranças e correções, pela assistência em curto espaço de tempo, por cada
minutinho gasto em prol de um objetivo que era meu. Aproveito o ensejo para me
desculpar por todo o incomodo, você é um profissional que me inspira. Muito
obrigada!
Tais Mayara Freitas Silva
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TENTATIVA DE SUICÍDIO ATRAVÉS DO USO DE MEDICAMENTOS NA POPULAÇÃO JOVEM BRASILEIRA: Revisão integrativa
SUICIDE ATTEMPT USING MEDICINAL PRODUCTS IN THE YOUNG BRAZILIAN POPULATION: Integrative Review
Rosa Milena Veiga Silva
Discente do Curso de Enfermagem [email protected]
Tais Mayara Freitas da Silva
Discente do Curso de Enfermagem [email protected]
Hugo de Lira Soares
[email protected] Professor Titular da Faculdade CESMAC do Sertão
RESUMO
As tentativas de suicídio são atos recorrentes entre a população jovem, que atualmente constitui um
grupo de vulnerabilidade decorrente de suas modificações físicas, psicológicas e sociais. O uso
abusivo dos medicamentos apresentam-se como uma das principais formas de autoagressão entre
os jovens, devido sua disponibilidade em domicílio. Esta pesquisa tem por objetivo descrever as
evidências científicas sobre a tentativa de suicídio através do uso de medicamentos na população
jovem brasileira. Trata-se de um estudo descritivo qualitativo transversal, utilizando como base de
dados Scielo, Medline e Lilacs. Com base nos artigos estudados, ficou evidente que a população
jovem brasileira está se tornando alvo de preocupação, visto que as estatísticas mostram o crescente
número de tentativas de suicídio através do uso de medicamentos, especialmente no sexo feminino.
Assim, a prevenção do suicídio ocorre por meio do reforço dos fatores de proteção, que são métodos
pessoais ou sociais de se neutralizar o impacto dos riscos. Diante do exposto, pode-se concluir que a
maioria de casos de tentativa de suicídio ocorrem por meio da intoxicação exógena medicamentosa
entre adolescentes e adultos jovens, principalmente do sexo feminino.
Palavras-chaves: Tentativa de suicídio; Suicídio; Envenenamento; Uso indevido de medicamentos; Adolescente.
ABSTRACT
Suicide attempts are recurrent acts among the young population, which currently constitutes a group of vulnerability due to their physical, psychological and social changes. Drug abuse is one of the main forms of self-harm among young people, due to their availability at home. This research aims to describe the scientific evidence on suicide attempt through drug use in the young Brazilian population. This is a qualitative descriptive cross-sectional study using Scielo, Medline and Lilacs as a database. Based on the articles studied, it was evident that the young Brazilian population is becoming a matter of concern, as statistics show the increasing number of suicide attempts through drug use, especially in females. Thus, suicide prevention occurs by reinforcing protective factors, which are personal or social methods of neutralizing the impact of risks. Given the above, it can be concluded that most cases of suicide attempt occur through exogenous drug intoxication among adolescents and young adults, especially females. Keywords: Suicide attempt; Suicide; Poisoning; Misuse of medicines; Teen.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 8
2 METODOLOGIA .............................................................................................. 11
3 RESULTADOS ................................................................................................. 12
4 DISCUSSÃO .................................................................................................... 15
4.1 Tentativas de Suicídio (TS) ........................................................................ 15
4.2 Risco de uso indiscriminado de medicamentos ...................................... 16
4.3 Dados epidemiológicos .............................................................................. 19
4 CONCLUSÃO.................................................................................................. 24
REFERÊNCIAS ................................................................................................... 26
8
1 INTRODUÇÃO
O suicídio é definido como a prática de violência contra si mesmo onde o
indivíduo tem consciência do resultado final. Entende-se também pela morte
voluntária provocada pelo próprio indivíduo de forma intencional. Geralmente este
ato esta relacionado a problemas psicológicos, crenças e costumes sociais. A vítima
opta pela morte por entender que é a única forma de acabar com um determinado
problema ou acabar com alguma dor interna, sentindo-se incapaz de prosseguir a
vida (SILVA, ALVARES., 2019).
É também considerado um problema de saúde pública que gera impactos
econômicos, financeiros e sociais para a sociedade como um todo. Ele é gerado por
múltiplos elementos, não possui uma causa única ou isolada. Dentre os principais
fatores de risco destaca-se a existência de doenças mentais e questões sociais
relacionadas à vida moderna como estresse, violência e ausência de expectativa
(SILVA, et al., 2015).
A juventude atualmente constitui um dos grupos mais sensíveis aos graves
problemas mundiais da atualidade: fome, miséria, desnutrição, analfabetismo,
violência, abandono, prostituição e desintegração familiar. Além de ser um período
marcado por intensas modificações biológicas, psicológicas e sociais, que os levam
a experimentar crescentes situações de conflitos, angústias e aumento do
envolvimento com atividades que possam comprometer a saúde mental e física do
jovem, sendo assim é o grupo etário que mais mobiliza preocupações. Pois, o
suicídio é uma das principais causas de morte entre a população jovem (SILVA,
2016).
As tentativas de suicídio (TS) podem ser conceituadas como atos intencionais
de autoagressão que não resultam em morte. Atualmente, no Brasil, tais tentativas
são consideradas agravos de notificação compulsória e envolvem aspectos culturais,
mitos, tabus, estigmas e fatores biopsicossociais pouco discutidos na literatura,
apesar da progressão das taxas de suicídio em âmbito nacional (FÉLIX,et al., 2016).
No que tange às TS, há uma estimativa de que apenas 25% das pessoas que
tentam suicídio procuram serviços públicos, não sendo estes casos,
necessariamente os mais graves. Por outro lado, há uma estimativa que para cada
9
morte por suicídio ocorram outras vinte tentativas de suicídio. Os registros são
importantes para a pesquisa e prevenção, pois, aqueles que tentam suicídio estão
mais sujeitos a novos comportamentos suicidas, podendo inclusive vir a cometer
suicídio (MACHADO, PEREIRA, 2017).
A TS é um importante preditor para suicídio e tem gerado encargos
econômicos e familiares decorrentes de lesões incapacitantes e do adoecimento do
núcleo de convívio da pessoa que tentou suicidar-se. Pesquisas mostram que cada
ato suicida afeta profundamente e por tempo prolongado pelo menos cinco pessoas
próximas (FÉLIX,et al., 2016; BOAVENTURA, MARTINS, XAVIER, 2018).
O Brasil está classificado como oitavo país em números absolutos
correspondentes a esse agravo, entretanto as Diretrizes Nacionais para Prevenção
do Suicídio e o Plano Nacional de Prevenção do Suicídio ainda têm aplicabilidade
limitada, devido à dificuldade de identificar essa demanda para estabelecer a
produção do cuidado como preconizado, devendo os profissionais da saúde estarem
aptos a detectar precocemente o comportamento suicida e a desenvolver projetos
terapêuticos a grupos de risco e de pessoas que tentaram o suicídio e sobreviveram,
desenvolvendo ações que envolvam a família com o objetivo de prevenir danos e
promover reabilitação psicossocial (FÉLIX,et al., 2016; ARAUJO, ALVES, BARROS,
2019).
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 800 mil pessoas
se suicidam no mundo anualmente, o que equivale a uma pessoa a cada 40
segundos, com uma taxa de 10,7 mortes por 100 mil habitantes. A cada 3 segundos
uma pessoa faz uma tentativa de suicídio. A autoagressão está entre as três
primeiras causas de morte entre as pessoas com idade entre 15-35 anos em todo o
mundo. Para cada suicídio completado, há mais pessoas que tentam suicídio todos
os anos. Entre os métodos de tentativa de suicídio, as intoxicações exógenas são
uma das mais utilizadas (RIBAS, et al., 2018; OLIVEIRA, et al., 2015).
A intoxicação é um conjunto de Sinais e Sintomas que demonstram a
existência de um desequilíbrio nas funções vitais promovido pela ação de uma
substância tóxica, resultando num estado patológico do organismo, estando
relacionada à ingestão acidental, proposital ou dosagem exagerada de substância
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tóxica em grande quantidade, sendo comumente conhecida como intoxicação
exógena (SILVA, 2016; KLINGER,et al., 2016).
Os medicamentos são produtos farmacêuticos preparados com finalidade
profilática, curativa, paliativa, até mesmo para fins de diagnóstico, mas seu uso
excessivo e irracional pode causar danos à saúde do paciente e em muitos casos,
levar a óbito. Atualmente, apresentam-se em quase 60% dos casos de TS, devido a
sua disponibilidade em domicílio, muitas vezes armazenados de forma incorreta,
tornando-se uma alternativa viável para as vítimas que tentam cometer o suicídio. O
uso de medicamentos cresce significativamente, fazendo parte do cotidiano da
maioria dos brasileiros, ocupando segundo estudos, o primeiro lugar nos casos de
intoxicações no Brasil, sendo as mulheres um dos grupos mais vulneráveis,
principalmente quanto aos casos de tentativa de suicídio (CHAVES,et al., 2017;
ARAÚJO; ALVES; BARROS, 2019; KLINGER,et al., 2016; GONÇALVES, et al.,
2017).
De acordo com Sell e seus colaboradores (2019), os suicídios decorrentes de
intoxicações tendem a ser mais graves, visto que, muitas vezes, existe a escolha de
um tóxico mais potente, uma exposição mais prolongada ou ingestão de maior
quantidade, além de demora no atendimento inicial causado pela própria vítima. Tal
fato é representado por baixa letalidade, entretanto, apresentando uma alta taxa de
morbidades.
A análise dos aspectos observados também coloca em foco o entendimento
dos elementos que contribuem para compreensão do estudo. Sua relevância
justifica-se pelo fato de que esse estudo pode fornecer subsídios para uma melhor
assistência da equipe de saúde a vítima de tentativa de suicídio, principalmente no
que tange ao incentivo de capacitações e treinamentos dos profissionais, afim de
haver maior habilidade para reconhecer, identificar e acompanhar tal paciente,
sensibilizando todos os envolvidos da importância de uma equipe preparada,
podendo possibilitar o tratamento efetivo, impedindo a consumação do ato, salvando
uma vida.
Frente à importância do tema, define-se como objetivo geral da pesquisa:
descrever as evidências científicas sobre a tentativa de suicídio através do uso de
medicamentos na população jovem brasileira.
11
2 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo qualitativo, realizado entre junho e setembro
de 2019, alicerçado em evidências que proporcionem, de acordo com Sousa, Silva e
Carvalho (2010), a síntese do conhecimento e a incorporação da aplicabilidade de
resultados de estudos significativos na prática. Para tal, seguiu-se um ordenamento
de passos que caracterizam este tipo particular de pesquisa, levando em
consideração algumas etapas.
A primeira etapa consistiu na elaboração da questão da pesquisa do tema
proposto e definição dos descritores para busca dos estudos. Alguns estudiosos
consideram esta primeira fase como sendo norteadora para construção da revisão
integrativa bem elaborada (POMPEO; ROSSI; GALVÃO, 2009).
Os critérios de inclusão para a seleção de estudos foram: artigos publicados
nos últimos 5 anos, entre 2015 e 2019, em português e inglês, disponíveis na íntegra
e que respondessem à questão norteadora. Foram excluídos estudos de caso,
relatos de experiência e todos aqueles que não respondiam a temática da pesquisa.
Para a identificação dos estudos, realizou-se a leitura cautelosa dos títulos,
resumos e palavras chaves de todas as publicações completas localizadas pela
estratégia de busca, para depois analisar sua adequação aos critérios de inclusão
do estudo (BOTELHO et al. 2011).
As informações coletadas dos estudos incluíram, por exemplo: tamanho da
amostra e quantidade dos sujeitos, metodologia, mensuração de variáveis, métodos
de análise, a teoria ou conceitos embasados (BOTELHO et al. 2011).
O nível de evidência dos estudos foi analisado, para que se pudesse avaliar a
confiança no uso de seus resultados e fortalecer as conclusões que gerou gerar o
estado do conhecimento atual do tema investigado (MENDES et al. 2008).
Esta etapa consistiu na discussão sobre os textos analisados na revisão
integrativa. Foi realizada a interpretação dos dados e, com isso, pode-se levantar as
lacunas de conhecimento existentes e sugerir pautas para pesquisas posteriores
(BOTELHO et al. 2011).
A revisão integrativa incluiu informações suficientes que possibilitem o leitor
avaliar o propósito dos procedimentos empregados na elaboração da revisão, os
12
aspectos relativos ao tópico abordado e o detalhamento dos estudos incluídos
(MENDES et al.2008).
A etapa das escolhas dos artigos ocorreu entre junho e setembro de 2019,
utilizando bases de dados importantes no contexto da saúde. Através do acesso
online, foram utilizadas as seguintes bases indexadas de dados: Scientific Electronic
Library Online (SCIELO), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da
Saúde (LILACS) e Medical Literature Analysis and Retrieval System Online
(MEDLINE). Os cruzamentos foram concretizados empregando os operadores
booleanos ‘’AND’’ E ‘’OR’’.
Para a busca das publicações componentes da amostra, foram utilizados os
Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), sendo estes: Tentativa de suicídio;
Suicídio; Envenenamento; Uso indevido de medicamentos; Adolescente. A seleção
de estratégias de busca procurou minimizar a perda de estudos e qualificar os
resultados.
Sendo assim, após a apreciação nas bases de dados, foram encontradas 152
publicações disponíveis em inglês e português. Destas, 94 foram excluídas pelos
seus anos de publicação, onde só restaram artigos publicados a partir de 2015,
totalizando 58 artigos. Destes, 25 estavam repetidos nas bases de dados
pesquisadas, resultando em 33 artigos originais, onde se procedeu à leitura
minuciosa dos mesmos. A partir desta leitura, foram excluídos 13 que não
respondiam à questão de pesquisa. Procedeu-se a leitura na íntegra dos 20 artigos
restantes (pré-selecionados), onde 3 foram excluídos por se adequarem aos critérios
de exclusão, resultando na seleção final de 17 artigos.
3 RESULTADOS
De acordo com a tabela 1, são apresentados os números de estudos
encontrados, excluídos e pré-selecionados nas bases de dados eletrônicas.
Logo, a amostra final deste estudo consistiu em 17 publicações que foram
analisadas na íntegra. Posteriormente, realizou-se uma apreciação crítica dos
conhecimentos levantados nestas publicações, sintetizando-os na forma desta
revisão.
13
Tabela 1 - Número de estudos encontrados, excluídos e pré-selecionados nas bases de dados eletrônicas.
Base de Dados Encontrados Excluídos Pré-selecionados Selecionados
MEDLINE 6 3 3 2
SCIELO 18 7 11 10
LILACS 9 3 6 5
Total 33 13 20 17
Fonte: Dados da pesquisa, 2019.
A tabela 2 informa a distribuição das referências obtidas a partir das bases de
dados, conforme a combinação dos descritores, considerando a avaliação de acordo
com os critérios de exclusão e inclusão para a escolha dos mesmos.
DESCRITORES Nº DE ARTIGOS ENCONTRADOS
Tentativa de suicídio; Suicídio;
Envenenamento.
28
Suicídio; Envenenamento; Uso indevido de
medicamentos.
17
Tentativa de suicídio; Suicídio; Uso indevido
de medicamentos.
21
Tentativa de suicídio; Suicídio; Adolescente. 49
Suicídio; Envenenamento; Adolescente. 37
TOTAL 152
Fonte: Dados da pesquisa, 2019.
De acordo com a tabela 3, percebe-se que 64,70% dos artigos selecionados
utilizaram o método quantitativo, 29,40% qualitativo, 5,90% quanti-qualitativo.
Tabela 2: Distribuição de referências bibliográficas obtidas na base de dados LILACS, SCIELO, e
MEDLINE de acordo com a combinação dos descritores.
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Tabela 3 – Distribuição do total de publicações segundo tipo de estudo e ano de publicação.
Ano Qualitativo Quantitativo Quanti-qualitativo Total
2015 01 01 01 03
2016 02 02 ---- 04
2017 01 02 ---- 03
2018 01 03 ---- 04
2019 ---- 03 ---- 03
Total 5 11 01 17
Fonte: dados da pesquisa, 2019.
Quanto ao ano de publicação, constatou-se que o estudo sobre esta temática
tem se mantido com números equivalentes durante os últimos anos. Conforme o
tema se abrange e se torna cada vez mais frequente entre as mídias sociais, tende-
se a aumentar também o número de publicações acerca desta problemática.
Dentre os estudos, 56 autores são enfermeiros, 03 psicólogos 9 por
graduandos em enfermagem. Quando analisada a instituição de origem dos
responsáveis pelos artigos, verificou-se que 72,7% eram de universidades e
instituições federais ou estaduais e 27,3% de instituições privadas. Dentre suas
localizações de origem das publicações, a região Sul obteve destaque com 40,9%, a
região do Nordeste com 31,8% e Norte, Sudeste e Centro-Oeste com 9%, 4,5%,
4,5% respectivamente. Com 9% apresentaram-se instituições de Portugal. Dos 61
autores que exercem trabalho, 93,9% eram trabalhadores de serviços públicos
federais, estaduais ou municipais e 6,1% trabalhavam em serviços privados.
Os estudos analisados foram classificados em três categorias: “Tentativas de
Suicídio na Adolescência”, “Risco do uso indiscriminado de medicamentos” e “
Dados epidemiológicos”. Essa classificação foi feita de forma mutuamente
excludente. Entretanto, é importante afirmar que a inclusão em uma categoria
significa ênfase em determinado tema e não sua abordagem exclusiva. A primeira
categoria reúne aspectos relativos as tentativas de suicídio através do uso de
medicamentos entre os adolescentes e ao principais fatores de risco deste público
alvo. Na segunda categoria, serão descritos os principais riscos do uso
indiscriminado de medicamentos. Na terceira e última categoria, serão enfatizados
os dados epidemiológicos voltados para a população jovem que tenta ou comete o
suicídio.
15
4 DISCUSSÃO
4.1 Tentativas de suicídio (TS)
Oliveira e seus colaboradores (2015), afirmam que nos últimos 45 anos as
mortes por suicídio aumentaram 60%. Cerca de 1 milhão de pessoas tiram a própria
vida todos os anos e estima-se que haja um número de 10 a 20 vezes maior de
tentativas.
A tentativa de suicídio (TS) consiste no ato consciente e não efetivado de
autodestruição. Apesar da relação entre distúrbios suicidas e mentais ainda há
casos de suicídios que ocorrem de forma impulsiva devido a momentos de crise. O
suicídio apresenta em média, uma taxa de 1,4% de todas as mortes que ocorrem
mundialmente, tornando-se a segunda maior causa de morte entre jovens
(OLIVEIRA et al., 2019).
A TS pode estar relacionada a fatores sociodemográficos diversos, que
mudam segundo o contexto cultural, histórico e político. No entanto, observa-se
maior prevalência de TS em mulheres, adolescentes e jovens, pessoas que vivem
sozinhas, desempregados e indivíduos com baixa escolaridade (FELIX t al., 2016;
CHAVES et al., 2017).
Os adolescentes constituem um dos grupos mais sensíveis aos graves
problemas mundiais da atualidade: fome, miséria, desnutrição, analfabetismo,
violência, abandono, prostituição e desintegração familiar. Incluindo várias situações
que muitas vezes são indesejadas, inoportunas e de difícil solução como é o caso do
uso de drogas, da gravidez na adolescência e da infecção pelo HIV/AIDS (SILVA,
2016; SILVA et al., 2015).
Na sociedade atual, o adolescente vivencia períodos de incertezas, sendo
cada vez mais cobrado por suas atitudes. Ele se torna contestador, impetuoso, mas
ao mesmo tempo apresenta comportamento imaturo e inseguro. As mudanças
vivenciadas, associadas aos desafios impostos pela sociedade contemporânea,
podem gerar angústias e medos que, se não forem adequadamente manejados,
podem incorrer em tentativas de autoextermínio (SILVA et al., 2015; ARAUJO,
ALVES, BARROS, 2019).
16
A literatura tem apontado essa fase como a de maiores taxas de tentativas de
suicídio. Seel e seus colaboradores (2019) apontaram que a maior frequência de
tentativas de suicídio ocorre em jovens de até 25 anos, principalmente, no sexo
feminino. Machado e Pereira (2017) obtiveram em seu trabalho a prevalência das
faixas 25 a 39 e 17 a 24 anos em tentativas de suicídio por envenenamento ou
intoxicação, com uma frequência feminina de 2,4 vezes maior que a masculina.
Estudos demonstram que cerca de 70% dos indivíduos que tentam se matar
buscam os serviços de saúde até três meses antes das tentativas. Assim,
reconhecer os fatores de risco e identificá-los durante um atendimento é
imprescindível para auxiliar o indivíduo que pensa no suicídio a romper com o ciclo
de desespero em que se encontra (SILVA et al., 2015).
4.2 Risco do uso indiscriminado de medicamentos
Klinger e seus colaboradores (2016) afirmam que conforme o Sistema
Nacional de Informações Tóxico – Farmacológicas (SINITOX), os medicamentos
caracterizam-se como um dos principais agentes causadores de intoxicação em
seres humanos no Brasil, estando em primeiro lugar nas estatísticas deste sistema,
sendo que nos últimos cinco anos, foram registrados no Brasil, aproximadamente 60
mil internações por intoxicação medicamentosa por meio desse sistema.
Boaventura, Martins e Xavier (2018) e Klinger (2016) contribuem dizendo que
o consumo da medicação teve um aumento considerável nos últimos anos,
crescimento este, que se torna expressivo na população mundial, inclusive em
países desenvolvidos. Este consumo elevado de medicamentos já é considerado um
hábito no cotidiano da população, podendo estar relacionado ao uso abusivo, bem
como a aspectos individuais e sociais, ou também com a tentativa de suicídio em
alguns casos.
Muitos métodos são utilizados na tentativa de suicídio como precipitação de
lugares altos, ferimentos por arma de fogo ou por arma branca, enforcamento, sobre
dose medicamentosa, entre outros. Tais escolhas muitas vezes ocorrem devido à
disponibilidade do meio, variando conforme a contexto histórico, social e cultural até
17
pela motivação ao suicídio. Um exemplo é a disseminação das drogas psicoativas
em áreas urbanas que podem assumir a liderança das opções (OLIVEIRA et al.,
2015).
O comportamento para a tentativa de suicídio geralmente é caracterizado pela
baixa intencionalidade e pela impulsividade do ato, portanto o método utilizado está
diretamente relacionado à sua disponibilidade e facilidade de acesso. Sendo o auto
envenenamento o método mais utilizado nas tentativas de suicídio e suicídio. Logo,
observou-se que grande parte (72,1%) de tentativas de suicídio estava relacionada a
ingestão de medicamentos armazenados no próprio domicílio (OLIVEIRA et al.,
2015; ROSA et al., 2015).
Esse achado confirma pesquisa realizada no município de Maringá - PR, que
observaram domicílios com quantidade de medicamentos em estoques domésticos
acima de 50%.16 O estoque de medicamentos é uma prática comum nas famílias
brasileiras, denominada “cultura da pílula”, o que intensifica o fenômeno da
medicalização, favorece a prática de automedicação e de uso indevido de
medicamentos, e facilita a ocorrência de intoxicação por ingestão acidental ou
intencional (ROSA et al., 2015).
A intoxicação acidental e intencional devido a sua alta taxa de prevalência é
um grande problema, até pelo baixo nível de prevenção e estratégias para o controle
também relacionado ao fácil acesso da comunidade a substâncias com alto grau de
toxicidade. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as intoxicações são
causa de agravo à saúde. O uso racional de medicamentos é iniciado desde sua
aquisição na farmácia onde o atendimento deve ser efetuado de maneira correta
para que o paciente tenha suas necessidades terapêuticas atendidas, de comum
acordo com a prescrição, seguindo dosagem e período de tratamento necessário
(SILVA, ALVARES, 2018).
Segundo Silva e seus colaboradores (2015), as substâncias mais utilizadas
para a tentativa de autoextermínio foram o carbamato e os medicamentos
psicotrópicos e neurolépticos, indicando um fácil acesso dos adolescentes a essas
substâncias e a necessidade de ações de prevenção e controle desses
medicamentos. A medicalização da população pode indicar uma falha no processo
18
de acolhimento, o remédio surge como a solução de todos os problemas e pode
indicar uma falha no processo de acolhimento do usuário.
Monte e seus colaboradores (2016) realizaram uma pesquisa ecológica e
descritiva das notificações de intoxicações por medicamento em uma cidade do
Piauí região Nordeste do Brasil. Dentre os 459 casos registrados, 50,1% foram do
sexo feminino e 41,2% delas usaram benzodiazepínicos.
Machado e Pereira (2017), apresentaram outro estudo com o perfil das
vítimas de tentativas de suicídio por intoxicações exógenas ocorridas em uma
cidade do Paraná. Estudo epidemiológico ecológico, onde as unidades de análise
foram notificações por intoxicação exógena cuja circunstância fosse Tentativa de
Suicídio. Evidenciou-se que as mulheres praticaram 72% dessas tentativas de
suicídio, sendo 20% adolescentes. Os agentes mais utilizados foram os
medicamentos, apresentando-se em 77% dos casos.
Sell e seus colaboradores (2019) corroboram com os demais estudos e
afirmam terem realizado uma pesquisa quantitativa com análise de frequência
temporal, com 7.848 indivíduos do estado de Rio Grande do Sul. Destes, verificou-
se alta prevalência de tentativa de suicídio por medicamentos, equivalendo a um
total de 70,46% dos casos.
A OMS argumenta que, embora o medicamento seja o recurso terapêutico
com melhor relação custo-efetividade, porém o seu uso inadequado traz
consequências à saúde e à economia. Estudos nacionais têm mostrado que o
estoque domiciliar de medicamentos favorece a automedicação e o acesso como
meio para tentativas e suicídios (ROSA et al., 2015; GONÇALVES et al., 2017).
É importante lembrar, entretanto, a alta instabilidade clínica causada pela
intoxicação. Necessitando de assistência ininterrupta pela alta gravidade inerente do
potencial de toxicidade dos agentes, assim como, pela quantidade ingerida e a
expressiva debilidade hemodinâmica do paciente intoxicado (SILVA, ALVARES,
2018; ROSA et al., 2015).
Com o manejo clinico e tratamento adequado, o paciente pode evoluir para
recuperação completa, com retorno às condições prévias de saúde sem qualquer
sequela. Em contrapartida, a ação tóxica do agente e as eventuais complicações
decorrentes da intoxicação podem favorecer o surgimento de sequelas ou evoluir
19
para um desfecho fatal (FELIX et al., 2016; ROSA et al., 2015; GONÇALVES et al.,
2017).
4.3 Dados epidemiológicos
Batista, Maranhão, Oliveira (2018), afirmam que os indivíduos que
apresentam maior tendência em cometer suicídio são homens; de 15 a 35 anos ou
acima dos 75 anos; com condições financeiras extremas, podendo ser ou muito rico
ou muito pobre; desempregados; aposentados; sem religião; com estado civil de
solteiro ou separado; e migrantes de outros países. Ou seja, os jovens e
adolescentes são um dos grupos de risco relacionado a predisposição em cometer
suicídio.
Os dados epidemiológicos demonstram uma crescente incidência nas taxas
de suicídio na população brasileira. Outros dados estatísticos revelam que as taxas
de autoextermínio entre adolescentes e idosos são as que mais tendem a aumentar,
e que as taxas de suicídio e de tentativas de suicídio durante a adolescência
aumentaram de 2,6 para 12,9 por 100 mil habitantes, o que caracteriza o suicídio
como segunda ou terceira causa de morte entre adolescentes em muitos países e
um problema emergente de saúde pública. Torna-se preocupante o número de
óbitos decorrentes de autoextermínio entre adolescentes, uma vez que cerca de
3.590 jovens morreram no ano de 2010 vítimas da violência auto infligida (SILVA et
al., 2015; ROSA et al., 2015; RIBAS et al., 2018).
O Sistema Nacional de informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX), criado
em 1980 em parceria com o Ministério da Saúde, divulgou que nos anos entre 2015-
2016 foram registrados 18.729 casos de tentativa de autoextermínio pelo uso de
medicamentos, logo o autoextermínio é o principal responsável pelos casos de
intoxicação medicamentosa no país, levando 60 pessoas ao óbito. O sul apresentou
8.689 tentativas, tornando-se a região com o maior número de tentativas de
autoextermínio seguido pelo sudeste que está em segundo lugar com 7.097
tentativas, e que apesar de apresentar o número um pouco menor que o Sul teve o
mesmo número de óbitos, chegando a 13 casos por região, mostrados na tabela 4.
20
CASOS DE INTOXICAÇÃO POR MEDICAMENTO POR UNIDADE FEDERADA, SEGUNDO
CIRCUNSTÂNCIA REGISTRADO EM 2015 A 2016
REGIÃO TENTATIVA DE SUICÍDIO ÓBITO
NORTE 22 ....
NORDESTE 2114 29
SUDESTE 7097 13
SUL 8689 13
CENTRO-OESTE 807 5
TOTAL 18729 60
As notificações de intoxicação medicamentosa na tentativa de suicídio por
faixa etária mostra que a população entre 10-19 anos é a que mais prática a
tentativa, somando um total de 54.529 casos nos anos de 2015 a 2017 de acordo
com a tabela 5.
INTOXICAÇÃO MEDICAMENTOSA NA TENTATIVA DE SUICÍDIO POR FAIXA ETÁRIA
ANO < 1 ano 1-9 10-19 20-39 40-59 60-79 >80 anos TOTAL
2015 17 1.297 16.280 5.305 268 259 25 23.451
2016 23 1.425 17.753 5.647 306 272 41 25.467
2017 30 2.013 20.496 6.109 375 188 42 29.253
TOTAL 70 4.735 54.529 17.061 949 719 108 78.101
Tabela 4: Casos de intoxicação por medicamento por Unidade Federada.
Fonte: https://revistasfacesa.senaaires.com.br/index.php/iniciacao-cientifica/article/view/154
Tabela 5: Intoxicação medicamentosa na tentativa de suicídio por faixa etária.
Fonte: https://revistasfacesa.senaaires.com.br/index.php/iniciacao-cientifica/article/view/154
21
As notificações mostram ainda que desse total de pessoas, 60.785 são do
sexo feminino, sendo 77% dos casos, mostrando com isso a vulnerabilidade desse
sexo a essas tentativas, e os homens em 22% dos casos, mostrados a tabela 6.
INTOXICAÇÃO MEDICAMENTOSA NA TENTATIVA DE SUICÍDIO POR SEXO
ANO IGNORADO MASCULINO FEMININO TOTAL
2015 3 5.564 18.008 23.575
2016 4 5.883 19.753 25.640
2017 13 6.570 23.024 29.607
TOTAL 20 18.017 60.785 78.822
Dados referentes às taxas de tentativa de suicídio no período 2013 -2017, por
faixa etária, demonstraram que os indivíduos com idade entre 15-19 anos
apresentaram uma maior taxa de suicídio quando comparada as outras faixas
etárias, em todos os anos avaliados. Além disso, evidenciou-se uma maior tendência
de aumento ao longo dos anos para a mesma faixa etária, conforme a Figura1.
Figura 1: Tendência temporal da tentativa de suicídio por 100.000
habitantes
Fonte: http://periodicos.univag.com.br/index.php/caderno/article/viewFile/1215/1392
Tabela 6: Intoxicação medicamentosa na tentativa de suicídio por faixa etária.
Fonte: https://revistasfacesa.senaaires.com.br/index.php/iniciacao-cientifica/article/view/154
22
Em 2019, Araújo, Alves e Barros realizaram um estudo do tipo exploratório-
descritivo, quantitativo, utilizando dados do Sistema Nacional de Informações
Tóxico-Farmacológica (SINITOX), dos anos de 2013 a 2016. Segundo a base do
SINITOX, entre os anos de 2013 a 2016 foram notificados 62.162 casos nas regiões
Nordeste e Sudeste, e mais uma vez a população jovem fica evidente, onde a faixa
etária dos indivíduos com intoxicação por medicamentos está entre 20 e 29 anos.
Boaventura, Martins e Xavier (2018), contribuem com um estudo transversal, onde
os principais resultados apresentaram que dos 983 casos notificados de
intoxicações exógenas no período de 2007 a 2017, 26,7% (263) foram por tentativas
de suicídio, sendo a causa principal das intoxicações. Quanto à faixa etária, 53,2%
(140) estavam entre 20 e 39 anos, 67,3% (177) usaram medicamentos como agente
tóxico, e 74,9% (197) dos casos eram do sexo feminino.
Em outro estudo, realizado por Chaves e seus colaboradores (2017), de
carácter epidemiológico descritivo, os dados apontaram mais uma vez para a
prevalência de tentativas de suicídio na população jovem por intoxicações exógenas,
mais precisamente, medicamentos.
Monte e seus colaboradores (2016), a partir de um estudo epidemiológico das
intoxicações por medicamentos registrados pelo centro de informações
toxicológicas, pesquisa ecológica e descritiva das notificações de intoxicações por
medicamentos no CITOX-PI, entre janeiro de 2007 a dezembro de 2012, obtiveram
como resultados uma amostra de 459 casos registrados, onde 50,1% foram do sexo
feminino, com a faixa etária de 20-29 anos representando 36,4% do número total.
Assim, todos os estudos apontados evidenciam a população jovem como
vulnerável e com inúmeros fatores favoráveis para tentativas de suicídio.
Evidenciando a necessidade da equipe de saúde estar devidamente treinada e
capacitada, para elaboração de estratégias que previnam essas situações neste
grupo etário. Incluindo a utilização do plano de diretrizes de prevenção ao suicídio,
por meio da edição da Portaria nº 1.876/06, elaborada para fins de demonstrar a
preocupação social com o problema do suicídio, que não recebia a atenção
necessária dos três poderes, bem como para fins de possibilitar a intervenção do
Estado de forma mais eficaz. Essas diretrizes significaram, sem dúvidas, o início de
uma séria caminhada no sentido de intervir sobre este complexo e trabalhoso
23
fenômeno social, para fins de evitá-lo, tendo em vista suas implicações negativas
para a saúde pública (BATISTA, MARANHÃO, OLIVEIRA, 2018).
Assim, a prevenção do suicídio ocorre por meio do reforço dos fatores de
proteção, que são métodos pessoais ou sociais de se neutralizar o impacto dos
riscos; e pela tentativa de diminuição dos riscos, sendo estes elementos com alta
potencialidade de desencadear situações indesejáveis. A busca pela prevenção do
comportamento auto suicida significa, além de evitar mortes, levar em consideração
todas as consequências que o suicídio provoca no seio social, isto porque,
indubitavelmente, a ocorrência de um suicídio, ou de sua tentativa, dão causa a
diversos desafios quanto a compreensão do que o motivou, bem como os fatores
éticos a ele relacionados (MACHADO, PEREIRA, 2017; BATISTA, MARANHÃO,
OLIVEIRA, 2018).
Com isso, é perceptível que, mesmo diante de tantas dificuldades para fins de
averiguação precisa da magnitude do suicídio no seio social, os resultados apontam
no sentido de que esses comportamentos são, em regra, desenvolvidos em
adolescentes e adultos jovens; o que, consequentemente, configura importante
problema de saúde pública, que deve buscar desenvolver pesquisas envolvendo o
tema, para fins de identificar fatores de risco, para que seja possível o
desenvolvimento de estratégias preventivas, bem como assistenciais (MONTE et al.,
2016; BATISTA, MARANHÃO, OLIVEIRA, 2018).
24
5 CONCLUSÃO
O comportamento suicida de jovens e adolescentes, não só no Brasil, mas ao
redor do mundo, consiste em um problema de saúde pública que carece de especial
atenção em razão do aumento que tem ocorrido nos índices de morbimortalidade
por essa causa.
Diante do exposto, pode-se concluir que a maioria de casos de tentativa de
suicídio ocorrem por meio da intoxicação exógena medicamentosa entre
adolescentes e adultos jovens, principalmente do sexo feminino. As mulheres
destacaram-se como mais suscetíveis ao risco de tentativas de suicídio, enquanto
os homens estão mais suscetíveis a finalização do ato.
Frente ao crescente aumento do número de casos de intoxicação, como
tentativa de suicido, é imprescindível que os profissionais da saúde, estejam
preparados e qualificados para esse tipo de abordagem, pois, com certeza, o
principal tratamento, é a prevenção. O relacionamento terapêutico profissional de
saúde e a pessoa com tendência suicida e sua família é uma prática importante no
seguimento de pessoas que tentaram suicídio recentemente.
A população também precisa ser conscientizada dos riscos dos
medicamentos, desde seu uso sem devidas prescrições médicas até o abuso
intencional. Cabendo aos serviços de prevenção e educação na saúde divulgar e
disseminar essas informações, notificar e educar seus usuários quanto a esta
problemática.
Apesar de todas as dificuldades existentes relativas à temática do suicídio
sempre é importante lembrar que ações no âmbito social, familiar, profissional
devem se direcionar em favor da saúde mental dos indivíduos, procurando, através
de atitudes acolhedoras, proporcionar atenção, interesse e preocupação, de modo a
fomentar a manutenção de sentimentos de esperança e oferecer orientação
criteriosa ao atuar como um canal de comunicação entre o indivíduo e seu entorno,
sendo o suicídio um desafio que pode ser enfrentado por meio da educação e da
proteção dos jovens.
25
Este estudo alcançou seu objetivo com êxito e deixou aberto o caminho para
novos estudos deste caráter, visto que a temática aludida é vasta.
26
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