CRISTINA SANTOS
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LEANDRO LOPES
ILUSTRAÇÕES
s animais que vivem em grupo são chamadosde animais sociais. Vivendo em grupo, os filhotes desen-volvem as habilidades que serão necessárias para a vidaadulta. Mais tarde, em vez de se dispersarem, eles per-manecem com o grupo natal por longo período. Então,fortalecem-se os laços sociais.
Vamos visitar a Mata Atlântica, o Pantanal, a Caatingae a Amazônia e conhecer o significado de diversos com-portamentos de alguns dos mamíferos sociais da belafauna brasileira.
• A vida secreta das formigas• Um por todos, todos por um: a
vida em grupo dos mamíferos
© 2011 texto Cristina Santosilustrações Leandro Lopes
© Direitos de publicaçãoCORTEZ EDITORA
Rua Monte Alegre, 1074 – Perdizes05014-000 – São Paulo – SP
Tel.: (11) 3864-0111 Fax: (11) [email protected]
DireçãoJosé Xavier Cortez
Editor Amir Piedade
PreparaçãoAlessandra Biral
RevisãoAlessandra BiralGabriel Maretti
Rodrigo da Silva Lima
Edição de arte Mauricio Rindeika Seolin
Projeto gráficoAnelise Zimmermann
ImpressãoEGB – Editora Gráfica Bernardi
Santos, Cristina
Um por todos, todos por um: a vida em grupo dos mamíferos / Cristina
Santos; ilustrações Leandro Lopes. – 1. ed. – São Paulo: Cortez, 2011.
ISBN 978-85-249-1843-8
1. Literatura infantojuvenil I. Lopes, Leandro II. Título.
11-10286 CDD-028.5
Índices para catálogo sistemático:1. Literatura infantil 028.52. Literatura infantojuvenil 028.5
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Impresso no Brasil – setembro de 2011
gradecimentos
Agradeço aos especialistas que gentilmente contribuíram com seus conhecimentos: Beatriz Beisiegel,
Briseida D. de Resende, Caroline Leuchtenberger, Cristina M. Henrique Pinto, Nina Furnari,
Patrícia Izar, Paulo Cesar Simões-Lopes e Rosana Suemi Tokumaru.
Relaciono os pesquisadores brasileiros e estrangeiros, cujos resultados das pesquisas são apresentados
neste livro: Alfredo Ximenez, Anita Stone, Beatriz Beisiegel, Briseida D. de Resende, Carlos H.
Salvador de Oliveira, Carolina Yáber, Caroline Leuchtenberger, Cesar Ades, Cleber J. R. Alho, Denise
Decker, Dorothy Fragaszy, Eduardo Ottoni, Elizabetta Visalberghi, Emilio Herrera, Guilherme
Mourão, John Baldwin, Jorge J. Cherem, José Olimpio, Mathias Asher, Matthew Gompper, Nicole
Duplaix, Nina Furnari, Patrícia Izar, Paulo Cesar Simões-Lopes e Waldir Mantovani.
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1a edição2011
CRISTINA SANTOS
LEANDRO LOPES
ILUSTRAÇÕES
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s animais que vivem em grupos são chamados de animais sociais.
Nas espécies sociais, quando se tornam adultos, em vez de se dispersarem, os jo-
vens permanecem com o grupo natal por longo período. Em algumas situações,
as fêmeas ou os machos podem emigrar para um grupo vizinho. Outras vezes,
um ou dois indivíduos podem se unir a outro membro de um agrupamento vizi-
nho, dando início à formação de um novo grupo social. Dessa forma, os mamíferos
sociais vão passar grande parte de suas vidas vivendo em grupo.
Quais são as vantagens da vida em grupo? Uma delas é a de se be-
neficiar da presença uns dos outros. Normalmente, em um grupo formado por
muitos indivíduos, quem fica nas posições mais periféricas percebe a proximi-
dade de um predador. Antes que este se aproxime demais, um componente do
grupo dá um rápido aviso, que normalmente é um tipo específico de vocaliza-
ção. Então, juntos, todos escapam.
Os animais sociais também defendem um único território. A defesa
e a expansão desse importante espaço lhes garantem a busca do alimento e dos
locais que sirvam de abrigo e descanso. Essas tarefas se tornam mais fáceis
quando se vive em grupo.
Aprender uns com os outros faz parte do desenvolvimento dos mamí-
feros sociais. Enquanto crescem, os filhotes desenvolvem habilidades que serão
necessárias para a vida adulta. Eles também têm a chance de expressar uma das
atividades mais importantes da infância: brincar.
Quando, por algum motivo, resolvemos levar para casa um animal silvestre,
este perderá a oportunidade de aprender diversos comportamentos com os
indivíduos da própria espécie. Em isolamento, ele não tem a chance de passar
por experiências que o ajudarão a sobreviver no mundo natural. Em consequência,
dificilmente sobreviverá se o retornarmos à natureza.
Os etólogos são os pesquisadores que estudam o comportamento dos animais.
Observando e registrando o que os animais fazem, eles buscam entender a função
do comportamento observado. Assim, nós nos aproximamos da compreensão das
diversas formas de comportamento expressas pelos animais.
Venha comigo conhecer a vida em grupo dos mamíferos!
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as águas no Pantanal e nos rios da Amazônia, vivem as baru-
lhentas famílias de ariranha: o pai, a mãe e os filhotes pequenos e grandes.
Ao amanhecer, todos saem da toca, que fica perto das margens dos rios, e
mergulham procurando por peixes, o alimento de que mais gostam.
As ariranhas passam a maior parte do dia dentro da água. Em alguns
momentos vão até a margem, onde descansam, brincam e deixam pistas que
demarcam o território.
Na hora do descanso, elas se catam umas às outras. Algumas vezes,
chegam a ficar lado a lado. Quem fica por último não tem quem catar.
Então, cata-se a si mesmo. Esse contato relaxa e é capaz de tornar o grupo
mais unido.
Ao longe, todas parecem iguais. Mas, olhando com atenção, percebe-
mos que as manchas claras na garganta são sinais que as diferenciam.
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s adultos ficam atentos aos filhotes, pois
nas redondezas pode haver um predador obser-
vando um pequeno distraído.
A vida em grupo oferece as oportunidades
para o aprendizado dos mais jovens. Na infância,
eles recebem as primeiras aulas de como reconhe-
cer e obter o alimento. Com frequência, um adulto
nada até a parte mais rasa e deixa que os filhotes
experimentem o bagre recém-capturado.
Outras vezes, eles trazem na boca um peixe
ainda vivo, deixando-o perto do filhote. É a opor-
tunidade para ele aprender a perseguir e a pescar
o próprio peixe. O que parece uma brincadeira é
uma aula de sobrevivência.
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Pteronura brasiliensisAriranha
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odos os anos, no outono e no inverno, milhares de tainhas nadam ao
longo da costa sul brasileira, rumo a águas mais quentes ao norte. Nessa jornada,
elas formam gigantescos cardumes.
Perto dos peixes, estão os golfinhos. Pegar um peixe em um grande cardume
não é tarefa fácil. Diante de qualquer ameaça, o cardume dispersa-se ou muda ra-
pidamente a trajetória da natação.
Nessa hora, começa o trabalho em equipe dos golfinhos. Em grupo, nadando
em círculos, eles conseguem cercar um pequeno cardume, desviar os peixes de sua
viagem e guiá-los em direção à praia.
Mas os golfinhos não estão sozinhos nessa pescaria. Na praia e com a tarrafa
nas mãos, um grupo de pescadores aguarda o momento certo para lançar as redes.
O movimento coordenado desses animais faz que os peixes nadem na direção dos
pescadores. No momento certo, um dos golfinhos ergue a cabeça e bate
na água. É um sinal, que parece ter o seguinte significado:
Tursiops truncatus
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Boto-da-tainha
Os peixes estão perto de vocês. Joguem as tarrafas!
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nquanto os pescadores lançam as tarrafas ao mar, os golfinhos pegam
alguns peixes desorientados que tentam escapar.
Essa atividade tem início quando os pescadores percebem a movimentação de
peixes e golfinhos nadando ao longe. Então, começam a gritar seus nomes inventa-
dos e tentam atrair a atenção deles:
– Caroba, chega mais!
Ao mesmo tempo, eles batem as tarrafas na água. O barulho do “convite” pro-
paga-se na água e no ar, e em muitas ocasiões tal método acaba dando certo.
No Brasil, a pesca cooperativa entre pescadores e golfinhos é observada em
algumas praias da Região Sul, como em Laguna e em Tramandaí, onde o golfinho
é conhecido por boto-da-tainha.
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Caroba, chega mais!
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entro d’água, e em constante movimento, é difícil distinguir quem é
quem em um grupo de golfinhos. Mas com paciência e dedicação os pesquisa-
dores conseguem identificar os indivíduos que formam o grupo. As marcas que
trazem no corpo, como uma nadadeira partida, ajudam nesse reconhecimento.
Os golfinhos estabelecem laços sociais, o que se torna fundamental quando
realizam atividades conjuntas que exigem coordenação.
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m uma lagoa de água salobra, enquanto acuam os peixes perto de um
barranco, um deles é capaz de perceber que um barco em movimento deixou um
rastro de pequenas ondas. Como em um piscar de olhos, tem início outra ativi-
dade: eles começam a “surfar”.
As marolas criam a oportunidade para a diversão. A chance não pode ser
desperdiçada, pois em minutos a água voltará a ficar lisa como antes. É quando
termina o intervalo para a brincadeira e recomeça a pescaria.
Tursiops truncatus Boto-da-tainha
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