UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
MUSICOTERAPIA E O AUTISMO INFANTIL
Por: Loraine Silvestre Rodrigues
Orientador
Prof. Mary Sue Pereira
Rio de Janeiro
2015
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
MUSICOTERAPIA E O AUTISMO INFANTIL
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Educação Educação
Especial e Inclusiva.
Por: Loraine Silvestre Rodrigues
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AGRADECIMENTOS
Agradeço à Deus que me
permitiu chegar até aqui e minha
família que permanece ao meu lado
em todos os momentos. Ao meu
namorado e melhor amigo que me
incentiva e apoia até nas ideias mais
mirabolantes e ao Mestre Humberto
quem me apresentou a riqueza desse
tema.
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DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho totalmente ao
meu irmão, que esse ano foi para um
lugar melhor do que todos nós estamos.
Sua ausência física fortificou minha fé e a
certeza que terá orgulho de mim por onde
eu ousar passar.
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RESUMO
Este trabalho tem como objetivo compreender qual o papel da
musicoterapia no desenvolvimento cognitivo de crianças com autismo. Esta é
uma técnica de terapia que recorre à música com o objetivo de fomentar as
potencialidades da criança, através da aplicação de métodos e técnicas
específicas, que auxiliam a desinibir-se e a envolver-se socialmente,
proporcionando-lhe posteriormente uma enorme abertura para novas
aprendizagens. A Musicoterapia pode ser um importante veículo para a sua
estimulação e integração plenas destas crianças, uma vez que desenvolve as
suas competências sociais, assim como outras capacidades inerentes tais
como o domínio da cognição. Tendo em conta as características inerentes a
esta problemática e a importância crucial que as crianças frequentem a escola,
juntamente com os seus pares, local propício para serem estimuladas de modo
que as suas capacidades e potencialidades sejam desenvolvidas.
Pretendemos dar a conhecer a especificidade do Autismo, as dificuldades que
esta problemática transporta consigo ao nível escolar das crianças
diagnosticadas com esta patologia e o contributo da intervenção precoce na
criança com autismo. Assim como os objetivos da musicoterapia a sua
fundamentação e principalmente os benefícios que esta pode trazer
especificamente a crianças com autismo.
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METODOLOGIA
Para o desenvolvimento deste trabalho de pesquisa foi utilizado o
método de leitura de livros, revistas, filmes, documentários e artigos
especializados no assunto. Observação de crianças em sala de aula, além do
emprego da experiência pedagógica da aluna enquanto professora.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - O Autismo 10
CAPÍTULO II - A Música 20
CAPÍTULO III – A Relação da Musicoterapia e o Autismo 31
CONCLUSÃO 36
REFERÊNCIAS 38
ÍNDICE 39
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INTRODUÇÃO
Atualmente tornou-se comum julgar ou diagnosticar qualquer
comportamento que fuja do senso comum como problema, dificuldade,
doença. Com todas as induções e deduções da sociedade aumentou
assustadoramente o número de crianças consideradas especiais. Dentro de
todas as “possibilidades” de uma criança ser especial, portadora de
necessidades especiais e todos os outros termos para diferenciar o que o
senso comum nos impõe ser o perfeito, temos os nomeados como Autismo
Clássico, Síndrome de Asperger, Autismo Atípico, Autismo de Alto Nível
Funcional, Perturbação Semântica-Pragmática, Perturbação do Espectro do
Autismo.
Assim como as diferentes nomenclaturas, temos os diferentes tipos de
comportamento e ou comprometimento. O autismo caracteriza-se por uma
tríade de anomalias comportamentais: limitação ou ausência de comunicação
verbal, falta de interação social e padrões de comportamento restritos,
estereotipados e ritualizados. A manifestação dos sintomas ocorre antes dos
três anos de idade e persiste durante a vida adulta. Porém todos possuem
terapias, atividades complementares, que garantem um maior desempenho,
segurança, desenvolvimento e sucesso desses indivíduos que tornam a nossa
vida especial.
Tendo em vista as diferentes alternativas de atividades, encontramos a
música que sempre teve fundamental importância. Em sua evolução
demonstra diferentes formas de expressar e comunicar ao outro suas emoções
e sensações, seu pensar e seu sentir.
Na atualidade ela adquiri especial importância na educação da criança.
O gosto pela música é natural. Elas gostam de cantar e ouvir música. As
brincadeiras musicais contribuem para reforçar todas as áreas do
desenvolvimento infantil representando um inestimável benefício para a
formação e o equilíbrio da personalidade da criança. A utilização da música e
do canto transformam o aprendizado numa experiência relacional, prazerosa e
criativa. A música é um poderoso recurso educativo a ser utilizado na
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educação infantil, ela não visa a formação de artista, mas desenvolver as
potencialidades criadoras de cada criança suas naturais limitações.
Esse estudo tem como propósito conhecer mais sobre o autismo e a
musicoterapia e interliga-los de forma que seja compreensível a importância e
força que esse tipo de terapia tem no desenvolvimento da criança, enfatizado
na educação infantil.
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CAPÍTULO I - O AUTISMO
Crianças com autismo apresentam repertório de interesses e atividades
restritos e repetitivos (como interessar-se somente por trens, carros
dinossauros etc.), têm dificuldade de lidar com o inesperado demonstram
pouca flexibilidade para mudar de rotinas.
Ao longo dos anos, muitos estudiosos observaram crianças com
comportamentos psicopatológicos, formularam hipóteses e posições teóricas
sobre o transtorno autista. Com isso, contribuiu-se para que se seguissem
duas posições teóricas básicas, com indicações terapêuticas específicas: a
teoria da natureza etiológica organicista e a teoria ambientalista ou afetiva.
Em 1943, o psiquiatra americano Leo Kanner descreveu um grupo de 11
casos clínicos de crianças em sua publicação "Os distúrbios Autísticos de
Contato Afetivo". As crianças investigadas por Kanner apresentavam
dificuldade para se relacionarem com outras pessoas e situações desde o
início da vida, falha na linguagem para comunicação e desejo obsessivo
ansioso para a manutenção da mesmice. Segundo Kraner, o autismo era
causado por pais altamente intelectualizados, pessoas emocionalmente frias e
com pouco interesse nas relações humanas da criança. Vale ressaltar que
tempo depois foi comprovado incorreta essa relação.
Em 1944, o pediatra austríaco Hans Asperger, em Viena, descreveu
crianças que tinham dificuldades de integrar-se socialmente em grupos,
denominando esta condição de "Psicopatia Autística". Estas crianças exibiam
dificuldade na relação social, assemelhando-se com as descritas por Kanner,
porém tinham linguagem bem preservada e pareciam mais inteligentes.
Asperger acreditava que elas eram diferentes das crianças com autismo na
medida que não tão perturbadas, demonstravam capacidades especiais,
desenvolviam fala altamente gramatical em uma idade precoce, não
apresentavam sintomas antes do terceiro ano de vida e tinham um bom
desenvolvimento.
Só a partir das décadas de 70 e 80 que muitos autores, em especial no
11
Brasil pelo psiquiatra Christian Gauderer, deixaram de conceber o autismo
como um tipo específico de psicose.
No final da década de 70, o professor Michael Rutler, contribuiu de
maneira favorável para uma definição mais completa do Espectro e o autismo
com base em quatro critérios:
1) Atraso e desvios sociais;
2) Problemas de Comunicação;
3) Comportamentos Incomuns;
4) Maneirismos
A definição proposta por Rutler em 1985 foi um marco na história de
psiquiatria e medicina, pois ao lado de outras pesquisas sobre o autismo, foi
um dos autores que muito contribuiu para a definição deste transtorno no
Manual Diagnósticos e Estatísticos de Transtornos Mentais (DSM III) em 1980.
Ao longo dos anos, o autismo deixa de ser visto como um quadro
específico e único e passa a ser considerada uma síndrome que comporta
subtipos variados, com aspectos sintomatológicos, dependente do grau do
comprometimento cognitivo.
Segundo a ASA – AUTISM SOCIETY OF AMERICA, “Indivíduos com
Autismo usualmente exibem pelo menos metade das características abaixo
listadas. Estes sintomas têm âmbito do brando ao severo em intensidade de
sintoma. Além disso, o comportamento habitualmente ocorre através de
diferentes situações e é consistentemente inapropriado para sua idade”.
• Dificuldade de relacionamento com outras crianças;
• Riso inapropriado;
• Pouco ou nenhum contato visual;
• Aparente insensibilidade à dor;
• Preferência pela solidão; modos arredios;
• Rotação de objetos;
• Inapropriada fixação em objetos (apalpá-los insistentemente, mordê-los);
• Perceptível iteratividade ou extrema inatividade;
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• Ausência de resposta aos métodos normais de ensino;
• Insistência em repetição, resistência em mudança de rotina;
• Não tem real medo do perigo (consciência de situações que envolvam perigo);
• Procedimento com poses bizarras (fixar objetos ficando de cócoras; colocar-se
de pé numa perna só; impedir a passagem por uma porta, somente liberando-a
após tocar de uma determinada maneira os alisaresR);
• Ecolalia (repete palavras ou frases em lugar da linguagem normal);
• Recusa colo ou afagos;
• Age como se estivesse surdo;
• Dificuldade em expressar necessidades (usa gesticular e apontar no lugar de
palavras);
• Acesso de raiva (demonstra extrema aflição sem razão aparente);
• Irregular habilidade motora (pode não querer chutar uma bola mas pode
arrumar blocos).
• Não estabelecer contato com os olhos;
(Segundo a ASA)
USA AS PESSOAS COMO FERRAMENTAS
RESISTE A MUDANÇAS DE
ROTINA
NÃO SE MISTURA COM OUTRAS
CRIANÇAS
APEGO NÃO APROPRIADO A
OBJETOS
NÃO MANTÉM CONTATO
VISUAL
AGE COMO SE FOSSE SURDO
RESISTE AO APRENDIZADO
NÃO DEMONSTRA
MEDO DE PERIGOS
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RISOS E MOVIMENTOS
NÃO APROPRIADOS
RESISTE AO CONTATO
FÍSICO
ACENTUADA HIPERATIVIDADE
FÍSICA
GIRA OBJETOS DE MANEIRA BIZARRA E PECULIAR
ÀS VEZES É
AGRESSIVO E DESTRUTIVO
MODO E COMPORTAMENTO
INDIFERENTE E ARREDIO
Ainda nos anos oitenta, a psiquiatra inglesa Lorna Wing, propôs uma
definição mais ampla de autismo, que descreve a síndrome como
Perturbações do Espectro do Autismo. Ela incluiu a síndrome de asperger
nesse grupo e descreve os seguintes comprometimentos nas principais áreas
de desenvolvimento formando a tão conhecida tríade de anomalias
comportamentais: comprometimento na comunicação verbal e/ou interação
social, deficiência na habilidade da imaginação e compreensão social.
1) Comunicação
• Alterações na compreensão e utilização da comunicação não verbal
(expressão facial, entonação, mimica, etc...);
• Discurso repetitivo, muitas vezes não comunicativo;
• Repetição automática das palavras e frases do interlocutor (ecolalia),
muitas vezes fora do contexto, inviabilizando a comunicação.
2) Interação Social
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• Indiferença ou isolamento. Muitas vezes parecem muito afetuosos
(aproximam-se das pessoas, abraçam, ...), contudo na realidade adaptam
estes comportamentos independentemente da pessoa, lugar ou situação;
• Incapacidade de estabelecer e/ou manter o contato visual o que implica
uma diminuição da capacidade de imitação, decisivo para aprendizagem.
3) Imaginação
• Grande redução da capacidade imaginativa;
• Atividades estereotipadas e repetitivas que os impedem de interagir
adequadamente;
• Podem constituir aspectos perturbadores para estes indivíduos as
mudanças de rotina como a mudança de casa, da disposição dos moveis
ou até mesmo do percurso;
• Não brincam criativamente, chegando a passar horas a explorar um objeto.
Crianças com inteligência mais desenvolvida podem fixar determinados
assuntos que não fazem parte de sua faixa etária.
A manifestação dos sintomas ocorre antes dos três anos de idade e
persiste durante a vida adulta, fazendo com que os profissionais da área de
saúde busquem incessantemente o diagnóstico precoce. Para um diagnóstico
clínico concreto do Transtorno Autista, a criança deve ser bem examinada,
física e psico-neurologicamente. A avaliação deve incluir entrevistas com os
pais e outros parentes interessados, observação e exame psico-mental e,
algumas vezes, de exames complementares para doenças genéticas e ou
hereditárias.
Jordan (200:12) ainda nesta perspectiva, sobre tríade, escreve:
“É esta tríade que define o que é comum e todas elas,
consistindo em dificuldades em três áreas do
desenvolvimento, mas nenhuma dessas áreas isoladamente
e por si só, se pode assumir como reveladora de “autismo”.
É a tríade, no seu conjunto, que indica se a criança estará,
ou não, a seguir um padrão de desenvolvimento anômalo e,
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no caso de se registrar uma deficiência numa das áreas
apenas, ela poderá radicar numa causa completamente
diferente.” Marques, 2000
Diante a visão de Jordan (2000), podemos classificar o Autismo através de
três sistemas: “Tha National Society for Autistic Children” – USA- 1978, o da
American Psychiatric Association (APA) – o manual de Diagnóstico e de
Estatísticas das Perturbações Mentais, DSM-IV e também a Classificação de
Transtornos Mentais e de Comportamento da CID 10-2000.
A partir do último Manual de Saúde Mental - DSM-IV, todos os distúrbios do
autismo, incluindo o transtorno autista, transtorno desintegrativo da infância,
transtorno generalizado do desenvolvimento não-especificado (PDD-NOS) e
Síndrome de Asperger, fundiram-se em um único diagnóstico
chamado Transtornos do Espectro Autista - TEA.
Algumas pessoas com TEA podem ter dificuldades de aprendizagem em
diversos estágios da vida, desde estudar na escola, até aprender atividades da
vida diária, como, por exemplo, tomar banho ou preparar a própria refeição.
Algumas poderão levar uma vida relativamente "normal", enquanto outras
poderão precisar de apoio especializado ao longo de toda a vida.
Os autistas podem ter alguma forma de sensibilidade sensorial. Isto pode
ocorrer em um ou em mais dos cinco sentidos - visão, audição, olfato, tato e
paladar - que podem ser mais ou menos intensificados. Os autistas podem
achar determinados sons de fundo, que outras pessoas ignorariam,
insuportavelmente barulhentos. Isto pode causar ansiedade ou mesmo dor
física.
Alguns indivíduos que são sub sensíveis podem não sentir dor ou
temperaturas extremas. Outros podem balançar rodar ou agitar as mãos para
criar sensação, ou para ajudar com o balanço e postura ou para lidar com o
stress ou ainda, para demonstrar alegria.
As pessoas com sensibilidade sensorial podem ter mais dificuldade no
conhecimento adequado de seu próprio corpo. Consciência corporal é a forma
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como o corpo se comunica consigo mesmo ou com o ambiente. Um bom
desenvolvimento do esquema corporal presume uma boa evolução da
motricidade, das percepções espaciais e temporais, e da afetividade.
As crianças com autismo podem se destacar em habilidades visuais, de
música, arte e matemática. Dentre outras como:
• A maioria das pessoas com autismo é boa em aprender visualmente;
• Algumas pessoas com autismo são muito atentas aos detalhes e à
exatidão;
• Geralmente possuem capacidade de memória muito acima da média;
• É provável que as informações, rotinas ou processos uma vez aprendidos,
sejam retidos;
• Algumas pessoas conseguem concentrar-se na sua área de interesse
especifico durante muito tempo e podem optar por estudar ou trabalhar em
áreas afins;
• A paixão pela rotina pode ser fator favorável na execução de um trabalho;
• Indivíduos com autismo são funcionários leais e de confiança;
O Autismo é considerado um dos mais severos transtornos manifestados
na infância. Algumas pesquisas conseguem correlacionar fatores genéticos,
problemas metabólicos e mudanças bioquímicas ao desenvolvimento dos
períodos pré, peri e neonatais, mas nenhuma associação aplica-se a cem por
cento dos casos.
A Medicina Alternativa Complementar (CAM), portanto, pode ajudar
pessoas com autismo. Ao verificar qual foi o dano causado no organismo (seja
no sistema imunológico, alérgicos ou outros problemas) e trabalhar na busca
de uma solução, existem dietas, tratamentos farmacológicos e terapias que em
conjunto podem auxiliar a solucionar ou amenizar situações graves. E todo e
qualquer tratamento iniciado precocemente terá melhores resultados.
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1.1 – A Inclusão do Autista na Área Educacional
A maioria das crianças autistas necessita de assistência e supervisão da
parte dos adultos durante toda infância. Os pais são indispensáveis como
cuidadores e devem permanecer com a criança o maior tempo possível,
estabelecendo com ela laços de confiança que são indispensáveis para o
sucesso das etapas de desenvolvimento, que se encontram alteradas.
A família da criança autista necessita de aconselhamento desde o início
do distúrbio e na sua evolução, sendo incentivada a cuidar da sua criança em
casa, na maioria das vezes. Em alguns casos, são quase inexistentes os
apoios psicológicos, sociais e econômicos.
É de extrema importância ter um diagnóstico concreto do tipo de autismo ao qual a criança é acometida, que os pais intervenham dialogando com as suas crianças de forma que a comunicação seja facilitada.
Nesse sentido, os pais ou educadores devem trabalhar sempre juntos, tentando alcançar metas, de preferência a curto prazo, para desenvolvimento e auto confiança da criança.
Os profissionais da educação, e de qualquer área que atue com crianças autistas, devem ser totalmente dinâmicos (modificação do ambiente e o suporte de material pedagógico adequado) para permitir a realização diária de tarefas que a criança seja capaz de executar, diminuindo o grau de frustração e estimular a relação com as atividades e com os assuntos, melhorando a capacidade autônoma de desempenho em contextos variados, na turma, em casa com a sua família, ou em qualquer outro espaço.
Educar crianças Espectro Autista é hoje claramente viável e possível em inclusão, porém apresenta enormes desafios aos profissionais envolvidos devido às características que estas manifestam.
Para um professor o que se torna fundamental destacar é que independentemente de qual a sua origem o Autismo é um distúrbio do desenvolvimento que irá afetar todo o caminho na conquista de experiências. Por isso as crianças Espectro Autistas manifestam diferenças no modo como aprendem. Tudo aquilo que as outras crianças aprendem espontaneamente tem de lhes ser ensinado e explicado utilizando métodos de intermédio que reconheçam e procurem compensar essas dificuldades muito específicas. De
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acordo com cada criança deve ser elaborado um projeto que lhes proporcione caminhos no processo de aprendizagem. Este deverá funcionar como uma estratégia que compense a sua dificuldade para aprender de forma espontânea e auto orientada, tornando possível que elas aprendam e evoluam positivamente.
A pedagogia de inclusão baseia-se em dois importantes argumentos. Primeiro é que a inclusão mostrou-se ser um grande benefício para a educação de todos os alunos independente de suas habilidades ou dificuldades. Isso pode justificar-se pela diversidade de pessoas e metodologias educacionais que existem em uma sala de aula regular, pela interação social com crianças sem diagnóstico de necessidade especial, pela possibilidade de construir ativamente conhecimentos, e pela aceitação social e, automaticamente, o aumento da autoestima das crianças identificadas com “necessidades especiais”.
A intolerância, o preconceito, a arrogância e a incapacidade de aceitar diferenças são traços marcantes na história dos povos e dos homens. A inclusão – palavra essa que precisa ser bem mais definida e mais praticada - de portadores de autismo é uma inovação, qual tem um aspecto muito polêmico nos meios educacionais e sociais. Porém, inserir alunos autistas de qualquer grau, no ensino regular, é garantir o direito de todos à educação. Não há razão para que alguém seja de antemão descartado, isolado, oprimido ou negado.
A presença de alunos autistas, em uma sala de aula comum, é uma situação rara nas escolas regulares, porém, as chances de se conseguir evoluções significativas desses alunos, por meio de adequação das práticas pedagógicas à diversidade é bastante significativa. Educação inclusiva refere-se à aceitação da escola e à participação de todos, ainda que tenha, como prioridade, a inclusão de pessoas portadoras de “necessidades especiais” no contexto social.
De todas as dificuldades, convencer os pais a exporem seus filhos portadores de autismo à convivência com o meio ambiente escolar é sem dúvidas uma barreira a ser vencida. Incluir uma criança autista em uma escola dita “normal” ou de classe comum de ensino regular é muito importante para o desenvolvimento da sua potencialidade.
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Uma escola inclusiva deve manter um quadro funcional qualificado e comprometido com esta educação, a fim de proporcionar ao aluno autista sempre que necessário um acompanhamento paralelo.
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CAPÍTULO II – A MÚSICA E A MUSICOTERAPIA
A música é a forma mais antiga de nos expressarmos. De fato, a música
é o homem e o homem é a música, pois ela toca em sentimentos profundos
fazendo com que respondamos com todo o nosso ser. Ela já é benéfica antes
mesmo do bebê nascer. Já existem pesquisas comprovando que a escolha
musical de agrado dos pais e a audição frequente e principalmente prazerosa
dessas músicas durante a gravidez, faz com que a criança, inclusive após o
nascimento, seja capaz de reconhecer essa música e de se tranquilizar ao
ouvi-la, segundo Stéphanie Sapin- Lignières (monitora perinatal).
Vários estudos confirmam a importância que a música tem para o bem
estar do bebê, desde quando ele ainda é um feto e está na barriga da mãe. A
música traz tranquilidade para a mãe e para o bebê, introduzindo-o na
sensibilização aos sons, desde muito cedo.
O estímulo musical deve começar na gravidez; deve-se entoar canções
infantis ou até mesmo ouvir música sempre. Isso porque a partir do 7º mês de
gestação, o bebê consegue reconhecer vozes, música e sons do ambiente,
além dos batimentos cardíacos da mãe. Pesquisas revelam que o
desenvolvimento da inteligência é bem maior nas crianças cujas mães
cantavam para seus bebês, enquanto eles ainda estavam no útero. E esse
resultado pode ser ainda mais benéfico se a mãe der continuidade ao estímulo
musical da criança. Um dos benefícios do estímulo musical na gestação é,
proporcionar à gestante o conhecimento dos aspectos pessoais que
desconhecia, além de ser uma importante vivência musical.
A música sempre teve fundamental importância na vida dos seres
humanos que em sua evolução demonstra diferentes formas de expressar e
comunicar ao outro suas emoções e sensações, seu pensar e seu sentir. Não
dá para imaginar um mundo sem som e, se analisarmos, quase todos os sons
que ouvimos durante dia-a-dia, são como instrumentos musicais tocando
alguma melodia: os pingos de uma torneira, os trovões, a chuva, as cigarras
cantando lá fora, o arrastar de um chinelo ao andar, as ondas do mar
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explodindo na praia e tantos outros. Na atualidade ela adquiriu especial
importância na educação da criança. O gosto pela música é natural nas
crianças elas gostam de cantar e ouvir música.
As brincadeiras musicais contribuem para reforçar todas as áreas do
desenvolvimento infantil representando um enorme benefício para a formação
e o equilíbrio da personalidade da criança. A utilização da música e do canto
transformam o aprendizado numa experiência relacional, prazerosa e criativa.
É um poderoso recurso educativo a ser utilizado na educação infantil. Ela não
visa a formação de artista, mas sim desenvolver as potencialidades criadoras
de cada criança, suas naturais limitações.
É uma parte de uma terapia altamente eficaz, não somente para os
distúrbios de linguagem como também para as crianças com distúrbios de
comportamento. O prazer musical desencadeia, a nível químico no corpo,
efeitos fisiológicos que aumentam as defesas naturais, diminui a dor, etc.
Pesquisas relatam alguns efeitos da música no organismo do ser humano:
1 → Efeitos bioquímicos:
• Por exemplo, estimular a liberação de endorfinas (causam sensação de bem
estar).
• A música sedativa pode, por exemplo, estimular a liberação de alguns
hormônios, que atuam sobre receptores específicos do cérebro e sobre
neurotransmissores, podendo levar ao alívio da dor.
2 → Efeitos fisiológicos:
• A música afeta a pressão sanguínea, por exemplo, dependendo do interesse
do ouvinte pela música.
• A música pode afetar a pressão sanguínea, a velocidade do sangue e o
fenômeno elétrico do músculo cardíaco.
• O que importa é o interesse do ouvinte pela música que escuta ou o grau de
apreciação.
• A música estimulante tende a aumentar o ritmo cardíaco e o pulso, enquanto
que a música sedativa tende a diminuí-lo
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3 → Respostas musculares e motoras:
• A música relaxante possui efeito que relaxa as musculaturas.
• Já a música estimulante aumenta a atividade muscular, e pode produzir
espasmos gástricos, causando indigestão.
• Uma música sedativa pode levar crianças autistas à ação física e até a
abandonar o seu isolamento.
4 → Respostas cerebrais:
• A música pode atuar ativando os neurônios que atuam no relaxamento da
tensão muscular, da pulsação e na evocação de recordações antigas.
5 → Efeitos psicológicos:
• Atuando no sistema nervoso central, a música pode produzir efeitos
sedativos, relaxantes, estimulantes, deprimentes, etc.
• Pode ajudar ainda a desenvolver a capacidade de atenção sustentada,
estimular a imaginação, ajudar a desenvolver a memória, a criatividade e o
sentido de ordem e de análise.
• A música facilita o processo de aprendizagem porque ativa um grande
número de neurônios.
6 → Efeitos sociais:
• A música é um agente de socialização.
• Ajuda a provocar a expressão e coesão do grupo social.
• É a arte que melhor ajuda a provocar e expressar estados emocionais
independente de todo individualismo.
7 → Efeitos espirituais:
• A música já foi e ainda é usada em muitas religiões, sugerindo uma realidade
espiritual aos homens que os ajudam a se sobrepor ao vazio, à solidão, ao
medo.
• Ajuda o ser humano a encontrar sentido à sua vida.
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Com a importância da música na vida, existe a preocupação de torná-la
acessível na educação infantil, porque a música está presente em diversas
situações da nossa vida; existe música para dormir, para dançar, para casar,
para aniversariar, para relaxar, para conclamar o povo a lutar e até para chorar
os mortos, enfim a música está presente no cotidiano de modo intenso.
Considerando os aspectos cognitivos, afetivos, psicológicos e físicos
das crianças com necessidades educativas, os professores devem se envolver
numa busca de caminhos para o desenvolvimento da prática musical, de
acordo com os interesses de cada grupo, com o objetivo de desenvolver de
forma a compreender o potencial artístico musical das crianças na educação
infantil, preservando sua espontaneidade e favorecendo sua criatividade.
Ao realizar atividades musicais dentro de uma história comum de
interação, a criança tem oportunidade de desenvolver e melhorar habilidades
como a atenção compartilhada, atenção conjunta, imitação e reciprocidade,
que por sua vez estão associados com posterior desenvolvimento da
linguagem e competência social. As conexões entre as vias anatômicas da
região frontal e temporal, participam da integração entre informação sensorial e
as áreas motoras associadas à de preparação, ao planejamento do
movimento, o que é crucial para a operações e representações da linguagem.
Através da prática musical, a criança aprende e organiza o modo de
pensar na estruturação de seu saber que vai adquirindo, procedendo
posteriormente à sua reconstrução e fixando-o ativamente.
A música, com suas notas musicais, realmente diz algo, mas algo que
não se encontra no mundo externo à música, sendo que o mais importante na
experiência musical não é a informação que vem dela, mas o que
experimentamos a partir dela (MOURA, 1989; SEKEFF, 2007).
O fazer musical encerra e integra as funções do sentir, do processar, do perceber em estruturas ou em uma estética de comunicação que é, por si só, forma e conteúdo, corpo e espírito, mensageiro e mensagem. A música nas suas várias manifestações enquanto estética, terapia ou ritual, evoca o humano e sua contradição. Seus elementos de lógica, proporção e simetria estão intimamente relacionados e imbricados aos elementos de tensão, de relaxamento, que são sentidos, ou conceitualmente
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interpretados somente em bases abstratas que requerem a definição do homem, suas formas de sentir e pensar o mundo, e, portanto, seu sistema cultural e social de decodificação (CAMPOS; CORREIA; MUSZKAT, 2000, p. 71).
Pesquisas em psicologia da música enfatizaram a natureza
intensamente social das atividades musicais, que proporcionam, interação com
outras pessoas e participação em atividades que podem facilitar o convívio
social e a aquisição de linguagem e de habilidades motoras. Por esse motivo
atividades musicais são constantemente usadas no tratamento de autistas,
podendo assim justificar o potencial da música como instrumento terapêutico e
educacional.
“A Música é arte e ciência, dois elementos que correspondem a um
processo evolutivo do ser humano”. Segundo Benenzon (2004), a música
possui a capacidade de mover o ser humano tanto a nível físico, como a nível
psíquico.
2.1 – A música como terapia: Musicoterapia
Após a Segunda Guerra Mundial, quando os Estados Unidos foi
arrebatado por uma multidão de soldados combatentes que voltavam
traumatizados, neuróticos, feridos e doentes ao seu país, pôde ser observado
um enorme crescimento da musicoterapia. Neste momento crítico da história,
vários hospitais precisaram ser construídos e muitos especialistas da área
médica foram convocados, dentre eles, uma nova categoria de profissionais
que vinham utilizando a música como ferramenta apaziguadora da dor e de
distúrbios mentais (EDWARDS, 2008). A partir de então, muitos artigos
começaram a ser publicados e a musicoterapia passou a ter uma maior
credibilidade diante da comunidade médica. Vários hospitais americanos
passaram a contratar músicos profissionais e terapeutas com experiência
musical para atuarem junto aos veteranos de guerra, surgindo assim o
musicoterapeuta, que teve seu primeiro curso universitário criado em 1944, na
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Michigan State University, e sua primeira Associação Nacional para a Terapia
Musical fundada em 1950 (EDWARDS, 2008).
Consecutivamente, foram sendo fundados vários centros para o estudo
da Musicoterapia na Europa (British Society for Music Therapy, na Inglaterra;
Association de Recherches et d’applications des techniques psychomusicales,
na França; Associcion Española de Musicoterapia, na Espanha; Associazione
Italiana dei Studi di Musicoterapia, em Bolonha, Itália), até atingir a América
Latina. No Brasil, contamos com a Associação Sul-Brasileira de Musicoterapia
de Porto Alegre, a Associação Brasileira de Musicoterapia no Rio de Janeiro, a
Associação de Musicoterapia do Paraná e a Associação Paulista de
Musicoterapia.
Musicoterapia assenta a sua definição nos seguintes pontos como
“ingredientes”: a música no sentido alargado (aplicada a problemas ou
patologias, mas também no sentido preventivo); o objetivo terapêutico
(conhecer a patologia é o melhor método de definir formas de atuação); a
dimensão física e mental; e a relação terapêutica. Ela não tem a pretensão de
substituir outras terapias, apenas adquire interesse e eficácia no caso de as
indicações serem corretamente colocadas e de a sua intervenção ser
integrada, num projeto terapêutico global e coerente.
Pacientes que
sofreram lesão do lado
direito do cérebro,
podem ter a percepção
melódica comprometida.
O tratamento com
musicoterapia, nesse
caso, utiliza estímulos
sonoros nas adjacências da área lesada, que criará novas conexões cerebrais.
Participar de uma experiência musical provoca uma série de processos
neurofisiológicos e psicológicos possível de identificar e desenvolve atitudes
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motoras, perceptivas e cognitivas que ativam processos afetivos e
socialização.
A Musicoterapia hoje possui várias definições e compreensões de sua
prática, que variam de acordo com a abordagem e a linha de prática que cada
musicoterapeuta adota no seu trabalho terapêutico, Bruscia (2000) traz
sessenta e uma definições de acordo com os mais diferentes autores e
associações de todo o mundo. Entende-se por terapia todos os meios que se
utilizam para curar ou prevenir transtornos físicos e psíquicos no homem.
Musicoterapia consiste em utilizar a música como terapia para curar. Contudo,
a finalidade não é criar música esteticamente correta, mas entender as
dificuldades técnicas e a forma; a música funciona como uma linguagem; é a
utilização da música e/ou dos seus elementos musicais (som, ritmo, melodia,
harmonia, etc) por alguém qualificado, chamado de Musicoterapeuta.
Segundo Bruscia, parte do processo terapêutico do qual o
musicoterapeuta observa e envolve o paciente em várias experiências
musicais, com o objetivo de o compreender melhor como pessoa e para
identificação dos seus problemas, necessidades e preocupações que
conduzem o paciente a esta terapia. Há várias “aproximações”, de
diagnósticos, dependendo dos objetivos do terapeuta. Ele deve estar
preparado sempre para dançar, saltar, correr, deitar-se no solo, contanto
sempre com qualquer tipo de reação por parte do paciente seja ela passiva ou
não.
A Musicoterapia distingue-se ainda pela sua diversidade. Ela é utilizada
nas escolas, hospitais, centros de reabilitação, centros sociais, asilos, centros
de desenvolvimento infantil, instituições de saúde mental, prisões entre outros.
O tipo de pacientes em que se aplica a prática inclui crianças autistas, assim
como crianças com transtornos emocionais, adultos com transtornos
psiquiátricos, crianças e adultos com deficiência mental, pessoas invisuais,
com problemas auditivos, motores de linguagem, meninos com problemas de
aprendizagem, crianças vítimas de abusos, com problemas comportamentais,
reclusos, pessoas com doenças terminais, assim como adultos neuróticos.
Também se utilizam as mesmas técnicas para ajudar pessoas saudáveis, para
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reduzir o stress, para o parto, de modo a ajudar a controlar a dor, na
autorrealização e no desenvolvimento espiritual. Os objetivos e os métodos da
musicoterapia, naturalmente variam consoante o cenário, o músico, o
terapeuta em questão, podem ser educativos, recreativos, de reabilitação,
preventivos, ou psicoterapêuticos, tentando todas ir ao encontro das
necessidades individuais de cada paciente.
Por inúmeras razões, a musicoterapia significa algo de diferente para
cada pessoa. Muitas diferenças surgem da natureza esquiva da musicoterapia.
São muito os aspectos que dificultam a definição de Musicoterapia, tanto no
campo dos conhecimentos como no das práticas. Principalmente a música e a
terapia, as quais por sua vez possuem os seus limites pouco definidos. A fusão
da música com a terapia é em simultâneo uma arte, uma ciência e um
processo interpessoal. Como modalidade terapêutica é incrivelmente diversa
na aplicação, nos seus métodos e na sua respectiva orientação teórica.
A Musicoterapia usa o poder da música para atingir objetivos
terapêuticos, mantendo, melhorando e recuperando deste modo o
funcionamento físico, cognitivo, emocional e social das pessoas. É a partir
desta relação, que a Musicoterapia estabelece a sua base de trabalho. É uma
forma de tratamento que recorre a toda e qualquer manifestação sonora para
produzir efeitos terapêuticos. Ou seja, através do uso da música, de sons e de
movimento, estabelece-se uma relação de ajuda, onde a Musicoterapia tem
como objetivo auxiliar o seu paciente nas suas necessidades como a
prevenção e reabilitação, bem como a melhor interação do indivíduo com a
sociedade.
Já está cientificamente comprovado que a música estimula nossa
atenção, coordenação, concentração e memória. Dessa forma, a
musicoterapia seria uma ótima aliada na prevenção e no retardo à instalação
de doenças neurológicas degenerativas, tais como a Doença de Alzheimer e o
Mal de Parkison. Ainda nesta linha de pensamento, a musicoterapia pode e
vem sendo utilizada em crianças com dificuldades de aprendizado e em
escolas de ensino especial, auxiliando nos processos psicopedagógicos de
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crianças portadoras de deficiência mental, física, auditiva, visual e da fala e
portadoras de síndromes genéticas e distúrbios neurológicos.
A prática da música como terapia implica uma intervenção sistematizada
que inclui levantamento de dados sobre a pessoa, a patologia e a música; a
identificação do problema, a definição dos objetivos, o planeamento de
atividades e estratégias e a avaliação dos resultados. O Princípio de ISSO (Em
Grego significa “igual”), introduzido por Benezon, envolve uma série de
pesquisas que vão desde a sonoridade da pessoa (o que ouve, preferências
musicais, ambiente em que vive); à sonoridade do momento (a que é que o
sistema é permeável) e à sonoridade do grupo (porque cada grupo tem
características próprias) (Leite, 2005; Benezon, 1985).
Clarice Moura define a musicoterapia como sendo:
[...] uma terapia auto expressiva que se utiliza da música em sentido lato, como objetivo intermediário da relação musicoterapeuta-paciente, e que mobiliza os aspectos biopsicossociais do indivíduo, abrindo novos canais de comunicação que ajudem na recuperação ou integração dinâmica do indivíduo consigo mesmo e com seu grupo social (MOURA, 1989, p. 51-52).
Alguns pesquisadores mencionam algumas conquistas que a
musicoterapia traz em crianças autistas:
•••• Romper os padrões de isolamento e abandono social e contribuir para o
desenvolvimento sócio emocional: ao invés de ameaçador, o som e o
contato com o instrumento podem fascinar o autista e ser o intermédio
entre o paciente e o terapeuta. O autista percebe que o instrumento
precisa de uma pessoa para o executar e a barreira pode ser rompida.
Pode ser um processo demorado mas depois disso, a música pode ser a
chave para a evolução do autista como por exemplo ser uma forma afetiva
de ensinar comportamentos adequados.
•••• Facilitar a comunicação verbal e não-verbal: a terapia musical pode facilitar
o desejo de comunicação. O autista pode perceber mais facilmente as
notas musicais que a comunicação verbal. Utilizar um instrumento de sopro
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é uma forma equivalente a aprender a vocalizar: ajuda a utilizar lábios,
boca, mandíbula e dentes. O uso de padrões melódicos e ritmos fortes
também são benéficos para manter a atenção e compreensão da
linguagem falada.
•••• Reduzir os comportamentos consequentes de problemas de percepção e
funcionamento motor: O autista tem dificuldade de expressar estímulos
sensoriais e isso pode ser melhorado através de atividades rítmicas e
musicais.
•••• Facilitar a auto expressão e promover satisfação emocional: a música pode
desenvolver a curiosidade e interesse para a criança explorar os estímulos.
Pessoas que estão espectro autista têm comportamentos musicais e esse
é um dos indicativos para fazer ela sair do “seu mundo”. (ex de
comportamentos: repetição de canções, atração por certos sons, timbres
ou fontes sonoras). As atividades propostas são:
1- Canto: fonte de segurança emocional e estabilidade, estímulo de várias
áreas, é uma via para a comunicação oral;
2- Instrumento musical: comportamento tangível, pode começar com um nível
simples e evoluir para níveis complexos, estimula a liberação de emoções,
dá para a criança uma sensação de vitória. Aumenta a coesão de grupo,
habilidades sociais, atenção, melhora a coordenação motora fina e grossa,
coordenação olho-mão, percepção auditiva, visual, tátil e regride o
comportamento inadequado;
3- Movimento com a música: atividade motora grossa rítmica, locomoção
básica, movimentos psicomotores livres e estruturados, dança,
movimentos criativos combinados com canto ou instrumentos musicais.
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“A música atinge em cheio o sistema límbico, região do nosso cérebro
responsável pelas emoções, pela motivação e pela afetividade”, explica
Maristela Smith, coordenadora da Clínica de Musicoterapia das Faculdades
Metropolitanas Unidas (Uni-FMU), em São Paulo. Esse é ponto chave da
musicoterapia: um método que usa o passado sonoro para tratar males de
todo tipo.
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CAPÍTULO III – A Musicoterapia e o Autismo Infantil
A função educativa da música para os indivíduos que apresentam
deficiências ou problemas físicos, afetivos, mentais ou de integração social,
amplia-se para dar lugar à função terapêutica, dependendo dela, em parte, o
encaminhamento do indivíduo no sentido da sua recuperação (Benenzon,
1985). Nesta perspectiva a Musicoterapia é a disciplina paramédica que utiliza
o som, a música e o movimento, para produzir efeitos progressivos de
comunicação, com o objetivo de empreender através deles o processo de
integração e de recuperação do doente na sociedade.
A abordagem pedagógica da criança autista depende muito do
pragmatismo, espírito de criatividade, experiência e bom senso do educador, e
deve ser complementada com o auxílio de recursos diversos como imagens,
desenhos, pinturas, música, jogos, brinquedos especiais, atividades artísticas,
manipulação com massas e trabalhos com o computador. O importante é
estimular a criança, dar-lhe atividades, tanto físicas como mentais, e não deixa-
la isolar-se e afundar-se nas estereotipias, que acabarão por dominá-la,
atrofiando ainda mais o seu sistema cognitivo, caso não haja uma estimulação
permanente. As fontes de conhecimento da criança são as situações que ela
tem oportunidade de experimentar no dia-a-dia. Dessa forma, quanto maior a
riqueza de estímulos que ela receber melhor será seu desenvolvimento
intelectual.
A musicoterapia aplicada em autistas tem dado resultados positivos. A
música é a única ponte de comunicação possível para os portadores deste tipo
de transtorno neurológico. Nesses pacientes, a música não verbalizada é
decodificada no hemisfério direito do cérebro (subjetivo e emotivo). Ela se
move até o centro de respostas emotivas, localizado no hipotálamo, e passa
para o córtex (responsável pelos estímulos motores e do intelecto). Os sons
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verbais, no entanto, não "funcionam" dessa forma porque são registrados no
hemisfério esquerdo, na região cortical (analítica e lógica) diretamente do
aparelho auditivo.
No autista a música atinge em primeiro lugar a emoção para depois
passar para reações físicas, como o batucar, por exemplo, nas pessoas
normais. Dessa forma, o autista consegue interagir com o terapeuta.
As atividades e técnicas da terapia musical podem ajudar estas crianças
a serem mais espontâneas na comunicação, a romperem o seu padrão de
isolamento, a reduzirem a sua ecolalia, a socializarem e a compreenderem
mais linguagem.
Devido às diferenças entre indivíduos com autismo, não existem regras
universais sobre como se deve aplicar à terapia musical. Umas crianças
podem reagir positivamente a certa técnica, enquanto outras podem fazê-lo
negativamente. A música pode ser um instrumento muito poderoso para
romper padrões de isolamento ao prover um estímulo externo.
A terapia musical pode fornecer alternativamente, um objeto de
interesse mútuo através de um instrumento musical. Em vez de ser
ameaçador, a forma, o som e o tato do instrumento pode fascinar a criança
com autismo.
httpcaminhosdoautismo.blogspot.com.br
O instrumento pode converter-se num intermediário entre o paciente e o
terapeuta, provendo um ponto inicial de contato. Ao tempo, um terapeuta
treinado pode estruturar a experiência desde o princípio da terapia para
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minimizar efeitos negativos tais como sobrecarga sensorial e rituais auto
estimulantes. O som do instrumento, assim como o seu aspecto visual e tátil,
podem ajudar a criança a compreender que outra pessoa o está a criar. A
música e as experiências musicais podem ser fontes de quantidades
inumeráveis de tipos de relações. Uma vez que a barreira tenha sido
ultrapassada, o terapeuta musical continua com uma série de experiências
estruturadas que podem aumentar a atenção destas crianças, e libertá-las do
seu mundo.
Alguns investigadores mencionam que a terapia musical aplicada a
crianças com perturbações do espectro do autismo pode, entre outros: -
Romper com os padrões de isolamento e abandono social e contribuir para o
desenvolvimento sócio emocional; - Facilitar a comunicação verbal e não-
verbal; - Reduzir os comportamentos consequentes de problemas de
percepção e de funcionamento motor, e melhorar o desenvolvimento nestas
áreas; - Facilitar a auto expressão e promover a satisfação emocional.
A Musicoterapia também se adapta perfeitamente nas famílias de crianças autistas, psicóticas, ou mesmo em qualquer grupo familiar enfermo, quando realizada paralelamente à terapia da criança. O objetivo é evitar a criação de um sistema de comunicação incorreto: hiper estimulação ou comunicação estereotipada, como expressões verbais repetitivas e rígidas. Visa também fazer com que a família compreenda o tempo de seu filho na comunicação, de romper o uso incorreto da comunicação e de reconstruir a comunicação com a criança. Estes benefícios poderão ser alcançados ao longo prazo, mas logo nas primeiras sessões pode-se notar o envolvimento do autista e os resultados alcançados são mantidos por toda a vida. As sessões de musicoterapia podem ser individuais ou em grupo, mas os objetivos específicos para cada um devem ser sempre individualizados.
Numa fase inicial, a terapia pode trabalhar para estimular o desejo de
comunicar. Por um lado, pode-se incentivar a comunicação não verbal,
acompanhando a criança nas suas expressões habituais. Por outro lado, pode
despertar a produção de vocábulos, que ao longo do processo se transformam
em palavras e frases. Através do canto, de vocalizações e da prática de
um instrumento de sopro, as sessões de musicoterapia podem ajudar a criança
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a desenvolver todos os mecanismos físicos necessários à linguagem. Numa
fase posterior, pode-se utilizar as letras das canções para estimular a
estruturação de frases importante para a comunicação no seu quotidiano. Na
maioria das vezes, a terapia através da música reduz as vocalizações não
comunicativas que impedem o progresso durante a aprendizagem da
linguagem. A prática de instrumentos musicais desenvolve a motricidade,
podendo-se escolher o instrumento mais direcionado para o desenvolvimento
do ato motor que se pretende desenvolver.
Uma prática muita exercida na Musicoterapia com autistas para um
processo de socialização coletivamente, são as rodas de tambores que trata-
se de uma prática em grupo onde pessoas participam tocando tambores e
outros instrumentos musicais de percussão, com o objetivo comum de fazer
música juntos. Os propósitos essenciais desta modalidade são diversão, prazer
e momentos de relaxamento. As rodas de tambores possuem variações
conforme o objetivo da sessão. Uma sessão de roda de tambores adaptada
para crianças com autismo não é um acontecimento aleatório, deve ter início,
meio e fim.
De acordo com Friedman, em “The Healing Power of the Drum”
(FRIEDMAN, 2000), existem diversos casos que reforçam os benefícios
terapêuticos e clínicos da roda de tambores e batuque em patologias,
síndromes e distúrbios.
Na roda de tambores
adaptada podem-se trabalhar com os
objetivos de respeitar regras,
melhorar a atenção, compartilhar os
instrumentos, favorecer a auto
expressão e sentimentos de bem
estar, ouvir e escutar a roda e os
outros, trabalhar a motivação e o
reforço de identidade, estimular a comunicação e a socialização, desenvolver a
concentração, trabalhar conceitos relacionados ao som (andamento e
intensidade) entre outros.
35
É possível compreender o processo musicoterapêutico com crianças
autistas, percebendo que:
Podemos optar pensar o processo terapêutico como
uma máquina maior, que se vale de métodos e técnicas [...]
visando atingir os ditos objetivos terapêuticos que, na
verdade, não passam de modelos predeterminados por uma
máquina dominante – família, sociedade, religião e outras
instituições. Ou podemos pensar a terapia como um
processo de desengessamento, de desterritorialização,
buscando criar linhas de fuga, máquinas de guerra,
reterritorializações, com vistas à formação de novos
territórios não tão estratificantes, e consequentemente, a um
desencadeamento de devires (CRAVEIRO DE SÁ, 2003, p.
36-37).
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CONCLUSÃO
De acordo com a definição da American Societ for Autism (ASA), o
autismo é um desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda
vida. É incapacitante e aparece tipicamente nos três primeiros anos de vida da
criança.
Apesar de termos várias definições e em diferentes épocas, elas quando
não se repetem se completam. Todos os que definiram autismo concordam
com a mesma ideia. É uma doença grave, que compromete a vida social da
criança e que atrapalha se desenvolvimento das mais variadas formas.
A principal área prejudicada, e a mais evidente, é da habilidade social. A
dificuldade de interpretar sinais sociais e as intenções dos outros impede que
as pessoas com autismo percebam corretamente algumas intenções no
ambiente em que vivem. A segunda área comprometida é a da comunicação
verbal e não verbal. A terceira é a das inadequações comportamentais.
O indivíduo autista apresenta padrões de percepção e resposta ao
mundo alterados em comparação com aqueles considerados dentro da
“normalidade”. Trabalhos feitos na área da Musicoterapia comprovam que
crianças com dificuldade de interação podem se beneficiar e se comunicar
melhor a partir de um contexto mediado pela música. No autista, a música
atinge em primeiro lugar a emoção para depois passar para reações físicas,
como o batucar, por exemplo, nas pessoas normais. Dessa forma, o autista
consegue interagir com o terapeuta.
Os Musicoterapeutas ajudam os doentes individualmente, bem como em
pequenos grupos, utilizando-se uma variedade de técnicas. Eles
pacientemente diretos em ouvir, cantar, tocar, mover e atividades criativas de
uma forma organizada, de modo a estimular respostas específicas e
comportamentos. O ambiente musical e amigável promove interação
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interpessoal e permite que os pacientes a liberdade para explorar e expressar-
se.
A Musicoterapia possui técnicas que conduz crianças autistas a
comportamentos mais ajustados de uma forma apaziguadora eficaz,
permitindo ultrapassar as barreiras comportamentais que muitas vezes os
inibem de progredir em outras áreas de desenvolvimento. De forma a levar ao
desenvolvimento total da criança, é fundamental identificar as crianças com
autismo o mais cedo possível (intervenção precoce), reduzindo
consequentemente os comportamentos inadequados e reforçando por sua vez
os ajustados, conduzindo posteriormente a sua melhoria. A música, surge
nesta perspectiva como um instrumento dinâmico, fundamental no tratamento
das necessidades sensoriais de socialização e cognição. Contemplando os
vários os ritmos e estilos de aprendizagem de cada criança, a intervenção em
musicoterapia tem como objetivo fundamental contribuir para o seu
desenvolvimento pleno, quer ao nível escolar, quer ao nível social.
38
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - O Autismo 10
1.1 – A Inclusão do Autista na Área Educacional 17
CAPÍTULO II - A Música 21
2.1 – A Terapia da Música: Musicoterapia 25 CAPÍTULO III – A Relação da Musicoterapia e o Autismo 31
CONCLUSÃO 36
ÍNDICE 38 REFERÊNCIAS 39
39
REFERÊNCIAS
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S151644462000000600010&script=sci_artt
ext (acessado em Novembro/2014)
http://www.autismoinfantil.com.br/ (acessado em Dezembro/2014)
http://entendendoamusicoterapia.blogspot.com.br/2012/04/autismo-e-
musicoterapia.html (acessado em Janeiro/2015)
http://www.deficienteciente.com.br/2009/11/fiocruz-desenvolve-exame-inedito-
e-mais.html (acessado em Janeiro/2015)
BRUSCIA, Kenneth. Definindo Musicoterapia. Enelivros, Rio de Janeiro, 1998. BENENZON, Rolando O. Manual de Musicoterapia / Rolando O. Benenzon; tradução de Clementina Nastari – Rio de Janeiro: Enelivros, 1985.
BENENZON, R. Teoria da musicoterapia: contribuição ao conhecimento do contexto não verbal. 3ed. São Paulo: Ed. Summus, 1988. CRAVEIRO DE SÁ, Leomara. A teia do tempo e o autista: música e musicoterapia. Goiânia: UFG, 2003.
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