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XIII SIMPÓSIO DE GEOGRAFIA DA UESPI – “Reflexões e desafios do pensar e do fazer geográfico frente à complexidade do
mundo atual” – Teresina (PI): 22 a 25 de outubro de 2013.
Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1
XIII SIMPÓSIO DE
GEOGRAFIA DA UESPI
Reflexões e desafios do pensar e do
fazer geográfico frente a complexidade
do mundo atual
A
N
A
I
S TERESINA – PIAUÍ – BRASIL
2015
ISBN
978-85-8320-032-1
Teresina (PI), 22 a 25 de outubro de 2013.
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XIII SIMPÓSIO DE GEOGRAFIA DA UESPI – “Reflexões e desafios do pensar e do fazer geográfico frente à complexidade do
mundo atual” – Teresina (PI): 22 a 25 de outubro de 2013.
Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1
REALIZAÇÃO E APOIO INSTITUCIONAL
Universidade Estadual do Piauí – UESPI
Pró-reitoria de Extensão, Assuntos Estudantis e Comunitários – PREX
Centro de Ciências Humanas e Letras – CCHL
Coordenação do Curso de Licenciatura Plena em Geografia
Núcleo de Estudos sobre a Zona Costeira do Estado do Piauí – NEZCPI
Núcleo de Estudo e Pesquisa Rural e Regional – NUPERRE
Centro Acadêmico de Geografia “Professor João Gabriel Baptista” – CAGEO
COMISSÃO ORGANIZADORA
Coordenação Geral
Profª. Dra. Elisabeth Mary de Carvalho Baptista (UESPI)
Coordenação do Curso
Prof. Dr. Jorge Eduardo de Abreu Paula (UESPI)
Coordenação do II Workshop de Ensino de Geografia
Profª. Dra. Maria Luzineide Gomes Paula (UESPI)
Profª. Dra. Maria Tereza de Alencar (UESPI)
Coordenação do II Workshop de Geografia Física do Piauí
Prof. Dr. Jorge Eduardo de Abreu Paula (UESPI)
Profª. Ma. Liége de Souza Moura (UESPI)
Comissão Científica
Prof. Dr. Jorge Eduardo de Abreu Paula (UESPI)
Profª. Dra. Maria Luzineide Gomes Paula (UESPI)
Profª. Ma. Livânia Norberta de Oliveira (UESPI)
Comissão de Patrocínio e Divulgação
Prof. Esp. José Egnaldo da Silva Belo (UESPI)
Profª. Esp. Katyuscia Albuquerque de Moura Marques (UESPI)
Comissão de Logística
Profª. Ma. Débora Virgínia Ferraz de Oliveira (UESPI)
Comissão de Eventos e Cultura
Prof. Esp. José Egnaldo da Silva Belo (UESPI)
Gerenciamento do Site, E-mail e Redes Sociais
Allan Richardson Maciel dos Santos (UESPI)
Ana Beatriz Ribeiro dos Santos (UESPI)
Hikaro Kayo de Brito Nunes (UESPI)
Tiago Caminha de Lima (UESPI)
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mundo atual” – Teresina (PI): 22 a 25 de outubro de 2013.
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ORGANIZADORES DO LIVRO
Jorge Eduardo de Abreu Paula
Allan Richardson Maciel dos Santos
Ana Beatriz Ribeiro dos Santos
Hikaro Kayo de Brito Nunes
Gessica Maria Mesquita Monteiro
Ficha elaborada pelo Serviço de Catalogação da Biblioteca Central da UESPI
Grasielly Muniz (Bibliotecária) CRB 3/1067
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XIII SIMPÓSIO DE GEOGRAFIA DA UESPI – “Reflexões e desafios do pensar e do fazer geográfico frente à complexidade do
mundo atual” – Teresina (PI): 22 a 25 de outubro de 2013.
Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1
APRESENTAÇÃO
O XIII Simpósio de Geografia da UESPI, foi realizado na cidade de Teresina
(capital do Piauí) em outubro de 2013, com o tema ―Reflexões e desafios do pensar e do
fazer geográfico frente à complexidade do mundo atual‖. Esse tema buscou discutir acerca
das diversas possibilidades de atuação da ciência geográfica considerando uma perspectiva
interdisciplinar, integradora e socioambientalmente responsável. Este evento reuniu
alunos e professores do curso de Geografia da UESPI e de outras IES, além de
profissionais de áreas afins.
O evento ofereceu espaço para discussão da produção científica na área da
Geografia bem como de áreas afins, colaborando para o desenvolvimento científico local e
regional. Em sentido amplo o evento contribuiu para a reflexão sobre as questões atuais e a
relação destas com o geógrafo (licenciado ou bacharel) e a ciência geográfica.
Após suas edições, o XIII Simpósio de Geografia da UESPI foi importante espaço
de dicussão-reflexão em torno da ciência, onde os temas específicos de investigação
científica foi ordenado nos seguintes eixos: espaços urbano e rural, ensino de Geografia,
questões ambientais, cultura e turismo. Áreas estas que foram trabalhadas em diversas
pesquisas apresentadas por alunos, professores e pesquisadores.
O impacto da realização de um evento desse porte é de grande dimensão, dentre
eles permitiu a interação dos atores interessados pelas temáticas com trocas de
experiências, ideais e problemas de pesquisa. Além disso, proporcionou a divulgação dos
resultados das pesquisas/estudos realizadas pelos núcleos de pesquisas e professores no
geral, da UESPI ou de outras IES, contribuindo assim, para a sua formação acadêmica e
intelectual.
Nessa edição do evento foi dada continuidade a realização dos Workshops que
discutem a Geografia Física e o Ensino de Geografia tendo como temas respectivos o
―Ambiente Semiárido: limitações e potencialidades‖ e ―Educação Contextualizada no
Campo‖. Essas temáticas foram elencadas considerando a relevância do semiárido no
contexto social, histórico e geográfico piauiense. O evento como um todo possibilitou
debates, reflexões, aprofundamento de pequisas, aprendizagem e interação entre os
participantes acerca das temáticas propostas.
Por fim, a Coordenação Geral do evento lança estes anais, como resultado tangível
dos trabalhos apresentados durante o XVIII SIMPGEO.
Boa leitura!
Coordenação Geral
XIII Simpósio de Geografia da UESPI
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XIII SIMPÓSIO DE GEOGRAFIA DA UESPI – “Reflexões e desafios do pensar e do fazer geográfico frente à complexidade do
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SUMÁRIO
EIXO 01: GEOGRAFIA E ENSINO A AULA DE CAMPO: UMA FERRAMENTA PEDAGOGICA DE INCENTIVO À
PRÁTICA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL......................................................................
13
Josenete Assunção CARDOSO
A CONTRIBUIÇÃO DA LITERATURA NA ANÁLISE DO ESPAÇO
GEOGRÁFICO.....................................................................................................................
19
Tiago Caminha de LIMA
Maria Tereza de ALENCAR
A REPRESENTAÇÃO SOCIAL DE GEOGRAFIA PELOS PROFESSORES E
PROFESSORAS DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL....................
24
Raimundo Nunes PIMENTEL NETO
Josélia Saraiva e SILVA
A VALORIZAÇÃO DOS RECURSOS DIDÁTICOS USADOS NAS AULAS DE
GEOGRAFIA NA UNIDADE INTEGRADA MUNICIPAL MARCIA MARINHO,
NA MODALIDADE DE ENSINO FUNDAMENTAL EM CAXIAS-
MA..........................................................................................................................................
29
Maysa Monyse L. AGUIAR
Paulo Henrique F. SOARES
Maria Tereza de ALENCAR
AS ―GEOGRAFIAS‖: SUAS RELAÇÕES, PRÁTICAS E POSSIBILIDADES........... 33
Patrícia Maria de Deus LEÃO
Lidiane Bezerra OLIVEIRA
Bruna Gabriela de Assis SILVA
DIALOGANDO SOBRE CONHECIMENTO CARTOGRÁFICO COM OS
ALUNOS DO CURSO DE PEDAGOGIA - PARFOR DA MICRORREGIÃO DE
SÃO RAIMUNDO NONATO – PI......................................................................................
38
Fernandes Pereira NUNES
Aldemir Monteiro de ASSIS
Judson Jorge da SILVA
O ENSINO DE GEOGRAFIA DO PIAUÍ E OS LIVROS DIDÁTICOS...................... 43
Rafaela Santos LEAL
Mugiany Oliveira de Brito PORTELA
O ENSINO DE GEOGRAFIA E A METODOLOGIA: DESAFIOS NA
ATUALIDADE.....................................................................................................................
48
Lineu Aparecido Paz e SILVA
O ENSINO DE GEOGRAFIA NA CONTEMPORANEIDADE COM USO DE
TECNOLOGIAS E A FORMAÇÃO DOCENTE............................................................
52
Rosana Soares de LACERDA
Judson Jorge da SILVA
OS CONCEITOS GEOGRÁFICOS E A INCLUSÃO DAS PESSOAS COM
NECESSIDADES ESPECIAIS NA ESCOLA PÚBLICA DE TERESINA-PI.............
57
Elayne Cristina Rocha DIAS
Cledimar Ferreira BARBOSA
5
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Mugiany Oliveira Brito PORTELA
OS RECURSOS DIDÁTICOS AUXILIANDO NO ENSINO DA
GEOGRAFIA.......................................................................................................................
61
Ana Carolina Nunes dos SANTOS
Vanda Silva SANTOS
Maria Tereza de ALENCAR
OS RECURSOS LÚDICOS APLICADOS AO ENSINO DE GEOGRAFIA: UM
DIAGNÓSTICO DA ESCOLA MUNICIPAL MÁRIO COVAS....................................
65
Elayne Cristina Rocha DIAS
Cledimar Ferreira BARBOSA
Mugiany Oliveira Brito PORTELA
RECURSOS DIDATICOS E ENSINO DE GEOGRAFIA............................................... 69
Hevelane de Moura ALMEIDA
Raquel dos Santos LIMA
Maria Tereza de ALENCAR
EIXO 02: GEOGRAFIA E QUESTÕES AMBIENTAIS A CONTRIBUIÇÃO DA GEOMORFOLOGIA AMBIENTAL NA ANÁLISE DE
ÁREAS DEGRADADAS NO PERÍMETRO URBANO DE TIMON-MA...............
73
Rafael José MARQUES
Elisângela Guimarães MOURA FÉ
A PROBLEMÁTICA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS EM TERESINA– PIAUÍ.......... 78
Sergio Carlos dos Santos VIANA
Bartira Araújo da Silva VIANA
AÇÃO ANTRÓPICA NA BACIA DO RIO POTI NO PERÍMETRO URBANO
DE TERESINA................................................................................................................
83
Adalgiso Barbosa de ARAÚJO NETO
Gracielly Portela da SILVA
Bartira Araújo da Silva VIANA
ANÁLISE DO USO E OCUPAÇÃO (DO SOLO) NO ENTORNO DA PLANÍCIE
DE INUNDAÇÃO NO BAIRRO SÃO JOÃO MUNICÍPIO DE TERESINA –
PIAUÍ.................................................................................................................................
88
Aline de Araújo LIMA
ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DO RIO PIAUÍ EM SÃO
RAIMUNDO NONATO-PI.............................................................................................
93
Gláucio Fernando NEGREIROS
Elizabeth Abreu de Sousa SANTANA
AS REPERCUSSÕES DA SECA DE 2012 NA COMUNIDADE LAGOA DO
CABOCLO, ANÍSIO DE ABREU-PI.............................................................................
97
Luana Ribeiro dos SANTOS
Ícaro Cardoso MAIA
ATIVIDADE PRODUTIVA DE EXTRAÇÃO MINERAL DE AREIA NO LEITO
DO RIO POTI, EM TERESINA – PI............................................................................
101
Allan Richardson Maciel dos SANTOS
Ana Beatriz Ribeiro dos SANTOS
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Hikaro Kayo de Brito NUNES
Elisabeth Mary de Carvalho BAPTISTA
CARACTERIZAÇÃO DO PARQUE NACIONAL SERRA DA CAPIVARA....... 106
Wilson dos Santos PAIVA
Marcelo Pereira da SILVA
Raimundo Nonato da SILVA JUNIOR
Elisabeth Mary de Carvalho BAPTISTA
CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-AMBIENTAL DO LITORAL PIAUIENSE: UMA
SÍNTESE BIBLIOGRÁFICA E DOCUMENTAL......................................................
110
Edileia Barbosa REIS
Manoel Gustavo Siqueira SOUSA
Elisabeth Mary de Carvalho BAPTISTA
CARACTERIZAÇÃO SOCIOAMBIENTAL DOS PARQUES URBANOS DE
TERESINA: NOVA POTYCABANA, BEIRA RIO E ENCONTRO DOS
RIOS..................................................................................................................................
116
Solange de Abreu GALVÃO
Elisabeth Mary de Carvalho BAPTISTA
CONCEITO DE MEIO AMBIENTE: AS PROPOSTAS DE ENRIQUE LEFF E
GERALDO MÁRIO ROHDE........................................................................................
121
Denilson da Silva ROCHA
Marcelo Francisco Souza dos SANTOS
Francílio de Amorim dos SANTOS
ESTADO NORMATIVO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE
DA MICROBACIA DO RIACHO DO RONCADOR, TIMON
(MA)...................................................................................................................................
126
Josenete Assunção CARDOSO
Cláudia Maria Sabóia de AQUINO
FORMAS DE DEGRADAÇÃO NO RIO POTI EM TERESINA-PI....................... 131
Adonys Roney Muniz da SILVA
Ana Flávia Moura de SOUSA
Rosélia Teixeira FERNANDES
Elisabeth Mary de Carvalho BAPTISTA
GEOCONSERVAÇÃO E GEODIVERSIDADE NO GEOPARK ARARIPE......... 135
Brenda Rafaele Viana da SILVA
Laryssa Sheydder de Oliveira LOPES
IMPACTOS AMBIENTAIS DA ATIVIDADE EXTRATIVA DE MASSARÁ EM
TERESINA – PIAUÍ........................................................................................................
139
Bartira Araújo da Silva VIANA
Cristiane Valéria de OLIVEIRA
IMPORTÂNCIA DA CRIAÇÃO DE PARQUES DE LAZER PARA O
DESENVOLVIMENTO LOCAL...................................................................................
144
Maria Tércia Oliveira dos SANTOS
Tiago Caminha de LIMA
Elisabeth Mary de Carvalho BAPTISTA
MAPEAMENTO TEMÁTICO DA ERODIBILIDADE DAS ASSOCIAÇÕES DE
7
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SOLOS, DA PRECIPITAÇÃO MÉDIA ANUAL E DA VEGETAÇÃO DO
ESTADO DO PIAUÍ COM O USO DA CARTOGRAFIA DIGITAL.......................
149
Rafael Magno Batista LIMA
Cláudia Maria Sabóia de AQUINO
O PROCESSO DE DEGRADAÇÃO AMBIENTAL DO RIO PARNAÍBA NO
TRECHO URBANO CENTRO ADMINISTRATIVO – IATE CLUBE, EM
TERESINA, PI..................................................................................................................
153
Caroline da Silva MATEUS
Karoline Veloso RIBEIRO
Raimundo Lenilde de ARAÚJO
PARQUE AMBIENTAL FLORESTA FÓSSIL DE TERESINA: AÇÃO
ANTRÓPICA E SUA DESVALORIZAÇÃO................................................................
157
Kamila Keila de Sousa ROSA
Rafaela Santiago de MENEZES
José Egnaldo da Silva BELO
EIXO 03: GEOGRAFIA, ESPAÇOS URBANOS E RURAIS A ATIVIDADE COMERCIAL E A CONSTITUIÇÃO DO MOCAMBINHO
COMO NOVA CENTRALIDADE URBANA EM TERESINA-PI.............................
163
Poliana Santos FERRAZ
CARACTERIZAÇÃO AGRÍCOLA DE JATOBÁ DO PIAUÍ: ABORDAGENS
SOBRE A PRODUÇÃO DE MELANCIA...............................................................
168
Antonio Delfino de OLIVEIRA
Cíntia dos Santos LINS
CIDADES MÉDIAS DO MEIO-NORTE DO NORDESTE: UM ESTUDO DO
CASO DE PARNAÍBA (PI)...................................................................................
172
Elias Paulo da SILVA
Gracielly Portela da SILVA
Antonio Cardoso FAÇANHA
CONTRIBUIÇÃO DO PARQUE FLORESTA FÓSSIL NO MEIO URBANO DE
TERESINA (PI).....................................................................................................
177
Jackson Saraiva de FREITAS
Sheila Pereira PINHO
Livânia Norberta de OLIVEIRA
CRESCIMENTO URBANO DE TERESINA: PROCESSO DE EXPANSÃO DA
ZONA SUL.............................................................................................................
181
Maria Eunice Santos TEIXEIRA
Livânia Norberta de OLIVEIRA
ESTUDO DO PROCESSO DE VERTICALIZAÇÃO DA ZONA LESTE DE
TERESINA............................................................................................................
185
Adjhones de Souza SILVA
Antonio de Assis NETO
Marcos Vinícios de ANDRADE
Livânia Norberta de OLIVEIRA
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LÓGICA DOS ASSENTAMENTOS RURAIS DO SEMIÁRIDO PIAUIENSE:
ESTUDO DE CASO DO ASSENTAMENTO CANA BRAVA – JUREMA–
PI...........................................................................................................................
189
Aldemir Monteiro de ASSIS
Fernandes Pereira NUNES
Judson Jorge da SILVA
O CRESCIMENTO URBANO DE SÃO RAIMUNDO NONATO E SUAS
IMPLICAÇÕES NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO ATUAL..................
194
Anselmo Viana dos SANTOS
Romário Borges da COSTA
Stephanyo dos Reis OLIVEIRA
Elizabeth Abreu de Sousa SANTANA
O PAPEL DOS CONJUNTOS HABITACIONAIS NA EVOLUÇÃO URBANA
DE TERESINA- UM OLHAR SOBRE O RESIDENCIAL JACINTA
ANDRADE.............................................................................................................
198
Léa Maria da Silva CARDOSO
Bartira Araújo da Silva VIANA
PLANEJAMENTO URBANO EM TERESINA PÓS-REDEMOCRATIZAÇÃO:
O II PLANO ESTRUTURAL DE TERESINA E A AGENDA
2015.......................................................................................................................
203
Rodrigo da Silva RODRIGUES
Francisco de Assis VELOSO FILHO
PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA NA CIDADE DE TERESINA:
POLÍTICA HABITACIONAL, PLANEJAMENTO URBANO E SEGREGAÇÃO
URBANA...............................................................................................................
208
Adalgiso Barbosa de ARAÚJO NETO
Antonio Cardoso FAÇANHA
REGIONALIZAÇÃO DA CIDADE DE TERESINA-PI: DESENVOLVIMENTO,
E ADENSAMENTO POPULACIONAL DA SDU CENTRO-
NORTE.................................................................................................................
213
Marcilene de Oliveira ALVES
Débora Virgínia Ferraz de OLIVEIRA
REGIONALIZAÇÃO DA CIDADE DE TERESINA-PI: O CASO DAS ZONAS
SUDESTE E SUL...................................................................................................
218
Núbia Araújo SENA
José Maurício AMANCIO
Jorge MARTINS FILHO
SEGREGAÇÃO SÓCIOESPACIAL: ESTUDO DO LOTEAMENTO
PLANALTO URUGUAI E VILA SANTA BÁRBARA EM TERESINA-PI.............
223
Gilsione Miranda dos Santos CARVALHO
Raimundo Nonato da Costa SILVA
Rodrigo Daylan Alexandrino SILVA
Livânia Norberta de OLIVEIRA
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O TERRITÓRIO DOS FLANELINHAS NO CENTRO DE TERESINA................. 227
Wilson dos Santos PAIVA
Marcelo Pereira da SILVA
Raimundo Nonato da S. Júnior
Débora Virgínia Ferraz de OLIVEIRA
TRANSFORMAÇÕES NA PAISAGEM URBANA NO TRECHO ENTRE O
PARQUE POTYCABANA A PONTE JOÃO ISIDORO FRANÇA (ESTAIADA)
NA AVENIDA RAUL LOPES ZONA LESTE – TERESINA/PI.............................
232
Edileia Barbosa REIS
Elisabeth Mary de Carvalho BAPTISTA
TRANSPORTE PÚBLICO COLETIVO EM TERESINA – PI: ESTUDO DO
SISTEMA OFERECIDO AO BAIRRO SANTO ANTÔNIO..................................
237
Alex Couto BORGES
José Maurício AMANCIO
Livânia Norberta de OLIVEIRA
EIXO 04: GEOGRAFIA, CULTURA E TURISMO A CAATINGA COMO LEITO: OS CEMITÉRIOS DO SEMIÁRIDO
PIAUIENSE............................................................................................................
243
Alessandra de Araújo BASTOS
Marina Silva CARVALHO
Tainara de Santana CASTRO
Domingos Alves de CARVALHO JÚNIOR
CIDADE DE TERESINA E SUAS POTENCIALIDADES TURÍSTICAS................ 246
Eduarda Ramos OLIVEIRA
Gessica Maria Mesquita MONTEIRO
Lya Raquell Moura FERREIRA
Maria Luzineide GOMES
CURRAL DE SERRAS: O ENCONTRO ENTRE GEOGRAFIA E
LITERATURA NA OBRA DE ALVINA GAMEIRO..............................................
251
Denise Raquel Barbosa SOARES
Elisabeth Mary de Carvalho BAPTISTA
O PERFIL DO VISITANTE DO COMPLEXO TURÍSTICO DA PONTE
ESTAIADA MESTRE ISIDORO FRANÇA............................................................
256
Monnysy Monnyarha Brito dos SANTOS
Elias Paulo da SILVA
Mugiany Oliveira Brito PORTELA
OS DESAFIOS DO TURISMO EM SÃO RAIMUNDO NONATO – PI.................. 261
Josilaine do Carmo RIBEIRO
Rivânia de Santana PEREIRA
Valdiano Santos PEREIRA
Elizabeth Abreu de Sousa SANTANA
PRESSUPOSTOS BÁSICOS SOBRE A PERSPECTIVA DO TURISMO EM
RELAÇÃO AO MEIO AMBIENTE...................................... ..................................
266
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Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1
Regina da Silva SOUZA
Elizabeth Abreu de Sousa SANTANA
TURISMO E LAZER: SUAS RELAÇÕES E DIFERENÇAS.................................. 271
Valter Rocha BARROS
Iolanda do Nascimento Dias REIS
Aline de Sousa Santos MENDES
Elizabeth Abreu de Sousa SANTANA
EIXO 05: GEOGRAFIA E MOVIMENTOS SOCIAIS CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DO ASSENTAMENTO OLHO D’ÁGUA NO
MUNICÍPIO DE SOCORRO DO PIAUÍ................................................................
277
José Iomar Oliveira de CARVALHO
Zildene Paes SOARES
Judson Jorge da SILVA
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EIXO 01:
GEOGRAFIA E ENSINO
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A AULA DE CAMPO: UMA FERRAMENTA PEDAGOGICA DE INCENTIVO À
PRÁTICA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Josenete Assunção CARDOSO
Mestre em Geografia pela Universidade Federal do Piauí – UFPI.
RESUMO Diante da conjuntura atual de crise ambiental a sociedade tem solicitado um modelo de cidadão mais
consciente frente aos problemas ambientais através da educação. Neste contexto, a aula de campo se insere
como catalisadora do processo educativo na perspectiva da Educação Ambiental (EA) ao sensibilizar o
educando para problemas e conflitos decorrentes do uso e ocupação equivocados do espaço geográfico.
Assim, o trabalho objetivou sensibilizar o estudante através da aula de campo para a importância dos
princípios de conservação e proteção preconizados Educação Ambiental (EA) através da observação
descritiva, identificação de problemas ambientais e conflitos decorrentes da ocupação e uso da área visitada;
discussão dos problemas ambientais, processos naturais e antrópicos ali existentes. O resultado apontou
vários problemas socioambientais e concluiu que para aprender a conservar/preservar o meio ambiente é
necessário conhecer o seu funcionamento e sua dinâmica próprios.
Palavras-chave: Aula de campo. Educação Ambiental. Problemas ambientais. Teresina (PI).
INTRODUÇÃO
Numa conjuntura de crises, dentre elas a ambiental, a sociedade tem solicitado da educação
um modelo de cidadão cada vez mais consciente e transformador da realidade vigente. São vários os
problemas que a sociedade atual tem experimentado decorrentes da forma equivocada de sua
relação com o meio natural do qual dependemos totalmente.
Durante a prática pedagógica de várias disciplinas (Geografia, História, Biologia etc.), o
trabalho de campo tem-se revelado como uma rica ferramenta de aprendizagem porque através dele
o estudante pode compreender de forma mais clara as relações existentes entre a sociedade e a
natureza, favorecendo o acompanhamento das transformações impostas pelo homem ao espaço
geográfico, e deste sobre a sociedade, segundo informa Citon et. al. (2013).
Assim, a prática da aula de campo justifica-se por apresenta-se como ferramenta mediadora
no processo de sensibilização do educando frente aos problemas ambientais numa perspectiva
conscientizadora e de que é necessário mudar o nosso comportamento. Neste contexto a escolha do
trecho da Av. Boa Esperança, no bairro Olarias, da Rua Des. Flávio Furtado, Alameda João Izidoro
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França e Rua Mário da Mota, no bairro Poti Velho, zona Norte da capital, decorre da: i) localização
da área no entorno urbano de Teresina; ii) da diversidade de condições naturais que ali ainda se
fazem presentes, contrastando com as formas de ocupação e uso do solo; iii) da importância
histórica deste local: foi o marco da fundação da capital.
O trabalho teve por objetivo sensibilizar o estudante através da aula de campo para a
importância dos princípios de conservação e proteção preconizados Educação Ambiental (EA),
utilizando-se para isso a técnica da observação descritiva da relação sociedade – natureza ali
presente; identificação de problemas ambientais e conflitos decorrentes da ocupação e uso da área
visitada; discussão dos problemas ambientais, processos naturais e antrópicos ali existentes.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Cada vez mais torna-se evidente que o ser humano é parte integrante da natureza. Entretanto,
para admitirmos esta integração é necessária a adoção de novos valores que busquem o equilíbrio
dos aspectos socioeconômicos com o meio ambiente através da educação.
Para Medina e Santos (2000), a educação é um subsistema aberto, complexo e que reflete a
troca de matéria, informações e energia com meio sociocultural e socioambiental, apresentando-se,
portanto, instável e em contínuo processo de interação e aperfeiçoamento. Neste contexto, insere-se
a Educação Ambiental (E.A.) que, através das excursões de campo, revela-se como o elemento
catalisador deste processo, pois, segundo Guimarães (1995, p. 15), esta tem o “importante papel de
fomentar a percepção da necessária integração do ser humano com o meio ambiente”, respeitando-o
e conservando-o, para si e para as futuras gerações. Neste sentido, De Marcos afirma que tal aula é
[...] o momento em que podemos visualizar tudo o que foi discutido em sala de aula, em
que a teoria se torna realidade, se “materializa” diante dos olhos estarrecidos dos
estudantes [...] e possa ser um momento a mais no processo
ensino/aprendizagem/produção do conhecimento. (DE MARCOS, 2006, p. 106).
Diante do contexto de transformações, justifica-se a necessidade da introdução da E.A. no
subsistema educativo. De acordo com Loureiro (2009), a E.A. foi construída durante a Conferência
Intergovernamental sobre Educação Ambiental realizada em Tblisi (Geórgia) em 1977, na qual
foram definidos a natureza da E.A., princípios, objetivos, características, e sua universalização,
recomendando-se “o treinamento de pessoal, desenvolvimento de materiais educativos, pesquisa de
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novos métodos e disseminação de informações como estratégia basilar de desenvolvimento” (DIAS,
1998, p. 22).
Segundo a Conferência de Tbilisi a E.A. deve ser entendida como um processo de
construção de valores e habilidades que leve ao desenvolvimento de atitudes ambientais. Nasce,
assim, a necessidade de sensibilização do ser humano frente aos problemas ambientais,
demandando novos códigos morais, valores e atitudes considerando a perspectiva ecológica de
mundo, segundo informam Loureiro (2009) e Maroti (2002), onde a experiência com o ambiente
que rodeia o estudante, devidamente orientada, de convergir para este processo.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo
A área de estudo concentrou-se na zona Norte de Teresina, nos bairros Olarias e Poti Velho,
apresentando um percurso aproximado de 2,0 km, conforme Figura 1:
Figura 1 - Localização do transecto percorrido
Fonte: Google Earth (2007)
Metodologia
Para realização deste trabalho sugere-se a utilização do levantamento bibliográfico;
localização da área através de mapas e imagens de satélite; levantamento fotográfico; observação
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XIII SIMPÓSIO DE GEOGRAFIA DA UESPI – “Reflexões e desafios do pensar e do fazer geográfico frente à complexidade do
mundo atual” – Teresina (PI): 22 a 25 de outubro de 2013.
Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1
descritiva da comunidade e da paisagem do percurso; entrevista não estruturada com os moradores;
paradas para discussão dos problemas ambientais observados; organização, análise e discussão dos
dados coletados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Paradas Registro Elementos Discursivos
1ª:
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ue
do p
oti
(ru
a M
ário
da
Mota
,
Po
ti V
elh
o)
Ajardinamento marginal; ruído (bares e propagandas
comerciais); vibrações (pelo fluxo de veículos
automotores); efluentes (resíduos líquidos); remoção da
mata marginal; aguapé, um bioindicador; a ponte (que
liga a o bairro Poti Velho à Santa Maria da Codipe) obra
de planejamento urbano de grande porte; o dique de
contenção: tenta deter o avanço das águas das enchentes;
calçamento/revestimento das ruas e pontos da margem
que deveria estar com sua vegetação preservada; Lixo.
2ª:
Polo
Cer
âmic
o (
rua
des
. F
lávio
Furt
ado,
Poti
Vel
ho)
Barulho: pelo constante trabalho nos fornos e oficinas de
confecção das peças; geração de emprego e renda;
fuligem: que vem junto com a emissão da poluição com a
fumaça; local improvisado para a exposição das peças
calçadas; ateliês: para a venda atendendo a programas
governamentais; facilidade de pagamento: com cartões de
crédito de uso internacional; centro de exposição dos
artesãos; diversidade de produtos cerâmicos.
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3ª:
Ex
traç
ão m
iner
al (
rua
des
. F
láv
io
Fu
rtad
o,
Poti
Vel
ho)
Desmatamento; alteração da topografia; acúmulo de água
parada nas “grotas” abandonadas; lixo; perda da riqueza
faunística; perda do valor cênico/estético da área;
revolvimento dos horizontes do solo; perigo para os
moradores, especialmente crianças ou animais, pois
algumas “grotas” alcançam vários metros de
profundidade.
4ª:
O P
arque
Munic
ipal
Enco
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s e
ento
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Aven
ida
Boa
Esp
eran
ça,
Ola
rias
)
O Parque, com enfoque
turístico/educativo/recreativo/cultural; serviço de
comunicação; desmatamento das margens; barreira
hidráulica: barramento das águas do rio Poty. Suas águas
ficam temporariamente represadas pelas águas do rio
Parnaíba, mais caudaloso e de vazão mais intensa; cultura
de vazante; minifúndios; arborização; temperatura amena;
beleza cênica; comporta para o escoamento das águas;
dique artificial (a avenida que funciona como um dique);
trilhas (com sinalização e informação rarefeitos);
assoreamento.
CONCLUSÃO
Em campo foi possível compreender a dinâmica da relação sociedade-natureza na produção
do espaço, e que esta não é harmônica. A dinâmica natural da área visitada ainda é presente,
consistindo, contudo, num conflito socioambiental. Foram observados vários impactos positivos e
negativos, em termos de planejamento, potencialidades, conservação e preservação. Assim, a E.A.
através da aula de campo possibilita uma reflexão sobre as potencialidades de implementação de
ações didático-pedagógicas voltadas para a consolidação de experiências significativas de
aprendizagem e sensibilização frente a necessidade de conservação do meio ambiente.
Conclui-se com o trabalho de campo que para se poder conservar/preservar é necessário “o
conhecer” para se saber quais posturas devem ser as mais adequadas a serem adotadas frente à
necessidade ocupação e uso dos ambientes naturais visando a sua sustentabilidade e qualidade
ambiental.
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REFERÊNCIAS
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ISSN 2318-0013. P. 120-127. Disponível em <http://www.uel.br/revistas/prodocenciafope>. Acesso
em 02.08.2013.
DE MARCOS, V. Trabalho de campo em geografia: reflexões sobre uma experiência de pesquisa
participante. Boletim Paulista de Geografia. n. 84. São Paulo, jul. 2006, p. 105-136.
DIAS, G. F. Educação Ambiental: Princípios e práticas. 5ª Ed. São Paulo: Gaia. 1998.
GUIMARÃES, M. A dimensão ambiental na educação. Campinas: Papirus, 1995. (Coleção
Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico).
LOUREIRO, C. F. B. Trajetória e fundamentos da educação ambiental. 3ª Ed. São Paulo:
Cortez, 2009.
MAROTI, Paulo Sérgio. Educação e interpretação ambiental junto á comunidade do entorno
de uma unidade de conservação. 2002. 146 f. Tese (Doutorado) - Centro de Ciências Biológicas e
de Saúde, Universidade Federal de São Carlos-SP, 2002.
MEDINA, N. M., SANTOS, E. C. Educação Ambiental: uma metodologia participativa de
formação. Petrópolis: Vozes, 2013.
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A CONTRIBUIÇÃO DA LITERATURA NA ANÁLISE DO ESPAÇO GEOGRÁFICO
Tiago Caminha de LIMA
Graduando do Curso de Licenciatura Plena em Geografia da UESPI.
Maria Tereza de ALENCAR
Orientadora. Profª. Dra. do Curso de Geografia da UESPI
RESUMO O ensino de Geografia vem passando por diversas transformações no século XXI, exigindo o uso de
metodologias diferenciadas no ensino. A utilização de métodos de ensino diversificados atualmente é um
diferencial consistente no auxílio da aprendizagem do aluno dentro e fora da sala de aula. A análise de obra
literária é interessante por relacionar os aspectos cotidianos do espaço na disciplina geografia. Nesse sentido,
o presente trabalho busca analisar a Geografia nas obras literárias de diversos autores brasileiros, assim
como, destacar nestas a realidade do espaço brasileiro e identificar a contribuição das obras dos mesmos para
a geografia brasileira no Ensino Médio. Os procedimentos metodológicos foram: levantamento bibliográfico
e pesquisa de gabinete. A integralização dos dados desta pesquisa mostra que os autores, tais como: Aluízio
Azevedo, Graciliano Ramos, Da Costa e Silva tem obras que abordam conceitos geográficos referentes a
lugar, paisagem, região e território, de forma interessante, possibilitando trabalhar os conteúdos geográficos
de forma variada, mais dinâmica e instigante, fazendo com que os alunos percebam a importância e a
contribuição da disciplina geográfica para entender o espaço que vive. Esse estudo visa à oportunidade de
um trabalho transdisciplinar com alunos no Ensino Médio valorizando cada aspecto regional do espaço
brasileiro.
Palavras-chave: Geografia. Literatura. Ensino.
INTRODUÇÃO
A Geografia Escolar desde os anos de 1980, período de difusão da Geografia Crítica e
resgate da Geografia Cultural no Brasil, incide por diversas transformações, principalmente na
abordagem do seu ensino na educação básica. Na busca pela interdisciplinaridade com outros
saberes, deixando de ser uma ciência simplesmente decorativa, tornando-se crítica em que o
alunado percebe-se que o seu eu e o meio no qual vive está intimamente inter-relacionado,
podendo-se assim, realizar discussões e questionamentos com outros saberes, desse modo,
compreendendo melhor o seu espaço.
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Nesse sentido, o presente trabalho busca analisar a Geografia nas obras literárias de diversos
autores brasileiros, assim como, destacarem nestas a realidade do espaço brasileiro e identificar a
contribuição das obras dos mesmos para a geografia brasileira no Ensino Médio. Os procedimentos
metodológicos foram: levantamento bibliográfico, pesquisa de gabinete e registro fotográfico.
O saber local é essencial para a construção e caracterização do espaço geográfico, tendo em
vista que o individuo vive e conhece em detalhes o lugar, detalhes estes que vão desde um aspecto
urbano, como uma casa, uma rua, uma praça e até mesmo aspectos físicos como uma lagoa, um rio,
uma formação de relevo.
INTERDISCIPLINALIDADE ENTRE A GEOGRAFIA E LITERATURA
Destaca Corrêa (1999, p. 51), “que o ressurgimento da geografia cultural se faz num
contexto pós-positivista e vem da consciência de que a cultura reflete e condiciona a diversidade da
organização espacial e sua dinâmica”. Com a presença da Geografia Crítica há um resgate das
discussões a respeito da interdisciplinaridade, ressalta Santos (2008, p. 135), que “a explicação dos
fenômenos geográficos exige, mais que em outra qualquer disciplina, a contribuição de um número
avultado de ciências”.
A busca pela interdisciplinaridade se destaca no cenário escolar, se faz necessário à
ampliação nas discussões, principalmente na Geografia, destaca Giovanni (2007, p. 44), que “a
geografia talvez seja a disciplina que mais trabalha com práticas interdisciplinares, percorrendo um
leque de possibilidades na área da educação. No mundo globalizado, não há como evitar a
recorrência aos conceitos básicos da geografia para entendermos o mundo e as sociedades”. A
disciplina se concretiza em abordar temas relacionados ao cotidiano do alunado, assim, expandindo
sua influência nas interações com áreas do ensino.
Por meio dos estudos realizados em sala e com incremento das aulas práticas o alunado
percebe expressivamente o papel da Geografia, sabendo estabelecer os conceitos básicos
geográficos, desde o seu lugar, o seu espaço, território, região. Dessa forma, percebemos a
relevância deste trabalho. Afirma Kaercher (2002, p. 225/226), que “se ajudarmos nossos alunos a
perceberem que a geografia trabalha com as materializações das práticas sociais, estaremos
colocando-a no seu cotidiano”. Colocando-se em prática uma Geografia que tenha interesse de
ascender à visão de crítica do aluno na sua relação de vida.
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Em busca de novas metodologias, destaca Fernandes (2012), que a Geografia e Literatura
ganha notoriedade, força e profundidade no mundo acadêmico quando da renovação, repaginação
dos fundamentos teórico-metodológicos e da crise paradigmática dos anos de 1970.
Com o estudo da Literatura abre-se um leque de abordagens na ciência em questão, seja
física ou humana, mostrando que essas duas vertentes geográficas estão interligadas. Declaram
Almeida e Olanda (2008, p.9) que:
É possível desvelar a relação do homem com o meio de sua vivência por intermédio da
literatura? Apreender eventos pela subjetividade artística materializada na obra literária,
possibilita conhecer aspectos sócioespaciais de determinada sociedade? As possibilidades
de respostas para tais questões se efetivam por meio da abordagem cultural na Geografia
que se fundamenta na Geografia Humanística.
Esse estudo com a literatura se torna cada vez mais necessário, sabendo que esse saber
possui um ideal subjetivo na caracterização do espaço geográfico, em que o ser humano está
presente naquele meio, o mesmo caracterizado nas obras literárias e a geografia se conceitua na
relação homem e o meio.
Nessa conjuntura Marandola Junior e Oliveira (2009, p.488), afirmar que “a ciência
geográfica centrada no espaço possui conceitos e um método próprio que produz um discurso sobre
o espaço que se abre ao diálogo interdisciplinar”. Por esta via, muito tem se discutido a partir das
noções de território, lugar, paisagem e região, tanto em sentido conceitual quanto metafórico.
Com o estudo de obras literárias visualizamos um leque de informações a respeito do espaço
geográfico, como se destaca no poema Amarante de Da Costa e Silva (1908) “Que encanto natural
o seu aspecto encerra! Junto à paisagem verde a igreja branca, o bando das casas que se vão, pouco
a pouco, apagando com o nevoento perfil nostálgico da serra”.
Foto 1 – Igreja em Amarante – PI Foto 2 – Vista da Chapada de São Francisco - MA
Fonte: LIMA, 2008 Fonte: LIMA, 2008
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Nesse trecho, do poema, observa-se que o poeta descreve características da sua cidade,
abordando seu Lugar e a Paisagem do local, como enfatiza Santos (1994), que a Paisagem não é só
um conjunto de objetos em uma determinada extensão espacial, ela é também impregnada de
movimentos, sons, cheiros, cores.
A paisagem não tem nada de fixo, de imóvel. Cada vez que a sociedade passa por um
processo de mudança, as relações sociais e políticas também mudam, em ritmos e intensidades
variados. A mesma coisa acontece em relação ao espaço e à paisagem que se transforma para se
adaptar às novas necessidades da sociedade. Na obra Vidas Secas, de Graciliano Ramos, retrata a
vida de uma família que convive no ambiente semiárido configurando as dificuldades dessa região.
Assim destaca Ramos (1965, p. 51):
“Alargou-se o passo, desceu a ladeira, pisou a terra de aluvião, aproximou-se do
bebedouro. Havia um bater doido de asas por cima da poça de água preta, a
garrancheira do mulungu estava completamente invisível. Prestes. Quando elas
desciam do sertão, acabava-se tudo. O gado ia finar-se, até os espinhos secariam”.
Nesse trecho da obra pode-se ampliar o estudo dos conteúdos geográficos para diversas
questões, desde a convivência com o semiárido, conhecendo melhor como essas populações
convivem nesse ambiente, sua cultura, o estudo dos solos, fauna e flora, clima. As questões
relacionadas ao clima e a formação de relevo com suas respectivas influências nesse local.
CONCLUSÃO
Este estudo busca um trabalho interdisciplinar com alunos no Ensino Médio valorizando
cada aspecto regional do espaço brasileiro. As práticas do ensino de geografia, estão se renovando,
seja pelo aperfeiçoamento dos docentes na graduação com programas de iniciação a docência, a
exemplo do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência – PIBID e pela formação
continuada dos professores, lei proposta pela Lei de Diretrizes e Bases – LDB-9.294/96.
Com a literatura podemos identificar e analisar melhor o espaço geográfico e suas
categorias: o lugar, a paisagem, o território, o espaço e a região em que o autor aborda, sendo que o
mesmo possui suas raízes nesse lugar. O estudo do espaço urbano retratado nos livros literários, em
seus conteúdos, não traz apenas um perfil de subjetividade. Também retratam um olhar objetivo,
focando-se no espaço urbano, mostrando suas realidades e diferenças sociais, políticas, econômico e
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cultural. Assim, verifica-se a necessidade do espaço geográfico, interligando saberes, criticas e
disciplinas.
REFERÊNCIAS
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ensino de geografia na pós-modernidade. In: REGO, Nelson et al. Geografia: práticas
pedagógicas para o ensino médio. Porto Alegre: Artmed, 2007.
CORRÊA, Roberto Lobato; ROSENDAHL, Zeny. Geografia Cultural: Introduzindo a
Temática, os Textos e uma Agenda. In: CORRÊA, R. L.; ROSENDAHL, Zeny (Orgs.).
Introdução à Geografia Cultural. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003. p. 9-18
DA COSTA E SILVA, A. F. Sangue. Recife: Livraria Francesa, 1908.
FERNANDES, Marcos Aurélio. A Relação Cidade - Campo no Romance o Moleque Ricardo de
José Lins do Rego. Tese de Mestrado. UFPB, 2012.
KAERCHER, Nestor. André. Ler e escrever a geografia para dizer a sua palavra e construir o
seu espaço. In: NEVES, Iara Conceição Bitencourt; SOUZA, Jusamara Vieira; SCHAFFER, Neiva
Otero; GUEDES, Paulo Coimbra; KLUSENER, Renita (Orgs). Ler e escrever: compromisso de
todas as áreas. 8°ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2007.
MARANDOLA Jr, Eduardo; OLIVEIRA, Lívia de. Geograficidade e espacialidade na literatura.
Geografia, Rio Claro, v.34, n.3, p.487-508, set./dez. 2009.
RAMOS, Graciliano. Vidas Sêcas. p.159. 12. ed. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1965.
SANTOS, M. A. Por uma geografia nova: da crítica da geografia a uma geografia crítica; 6ed.
1° reimpressão. São Paulo: Edusp, 2008.
___________. Técnica, espaço, tempo: globalização e meio técnico-científico informacional.
São Paulo: Hucitec, 1994.
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A REPRESENTAÇÃO SOCIAL DE GEOGRAFIA PELOS PROFESSORES E
PROFESSORAS DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Raimundo Nunes PIMENTEL NETO
Mestre em Geografia pela UFPI
Josélia Saraiva e SILVA
Profª Drª da UFPI (Orientadora)
RESUMO
Esta pesquisa traz como tema a Representação Social de Geografia articulada pelas professoras e professores
que atuam nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, nas escolas públicas municipais de Teresina. Tomamos
como fundamento para análise a Teoria das Representações Sociais inaugurada por Serge Moscovici, dando
ênfase à Teoria do Núcleo Central, formulada por Jean-Claude Abric. Utilizamos um questionário cultural e
socioeconômico e outro com a Técnica de Associação Livre de Palavras (TALP). Os dados, analisados com
a utilização do software EVOC, criado por Pierre Vergès e valendo-se da análise categorial de conteúdo
proposto por Bardin (1979), apontaram como resultado que a maioria dos(as) professores(as) enfrentam
grandes dificuldades para lecionar a disciplina Geografia, o que os leva a apoiar as suas práticas no uso do
livro didático e a desenvolver suas aulas tendo como base predominante o método expositivo e a realização
de atividades de caráter estritamente mnemônico. O conteúdo e a estrutura da representação de Geografia
apontaram para a articulação de significados centralmente identificados com os postulados das concepções
tradicionais do pensamento geográfico, girando em torno, principalmente das categorias Terra e espaço.
Palavras-Chave: Ensino de Geografia. Representação Social. Formação de professores. Anos Iniciais.
INTRODUÇÃO
Em conformidade com a Lei 9.394/96, as professoras e os professores que não tiveram
uma formação inicial (Graduação) em Geografia, mas em Pedagogia, têm a licença para lecionar
aquela disciplina nos anos iniciais do Ensino Fundamental – sobretudo do 2º ao 5º anos. Esta é uma
realidade que predomina nas escolas municipais de Teresina-PI, e é um fato que gera conflito,
produtor de representação social.
Os(as) professores(as) executam o seu ofício tendo como subsídio a representação social
de Geografia construída ao longo de sua vivência/experiência educacional com essa disciplina, e
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esta representação tende a não contribuir para o bom desenvolvimento dos conteúdos geográficos
nos anos inicias.
Buscamos, portanto, evidenciar o conteúdo e a estrutura da representação social de
Geografia articulada pelos(as) professores(as) que atuam nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
Fundamentamos-nos na Teoria das Representações Sociais inaugurada por Serge Moscovici, dando
ênfase à Teoria do Núcleo Central, sua complementar, formulada por Jean-Claude Abric.
Utilizamos um questionário cultural e socioeconômico e outro em que aplicamos a Técnica de
Associação Livre de Palavras (TALP). Os dados foram analisados com a utilização do software
EVOC, criado por Pierre Vergès e valendo-se da análise categorial de conteúdo proposto por Bardin
(1979).
A TEORIA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Em 1961, Moscovici inaugura uma teoria psicossociológica balizada em ideias de
Durkheim, que visa elucidar o sentido de ações cotidianas dos sujeitos relacionadas a determinados
objetos sociais. Segundo Silva (2007, p. 135),
Esse autor realiza em seu livro “A Representação Social da Psicanálise” , publicado no
Brasil em 1978, uma discussão que visa a diferenciar as representações sociais de conceitos
estabelecidos pela sociologia, tais como mito e ideologia, e outros da Psicologia, tais como
opinião, atitude e imagem. Da mesma forma, procura diferenciar o seu constructo dos
processos vinculados à construção das percepções, da formação de conceitos, localizando-o
numa posição „mista‟ que envolve tanto conceitos sociológicos quanto psicológicos.
O ponto de partida desta teoria é o abandono da dicotomia clássica sujeito-objeto e tem por
hipótese fundamental a ideia de que
não existe uma realidade objetiva a priori, mas toda realidade é representada [...]
reapropriada pelo indivíduo ou pelo grupo, reconstruída no seu sistema cognitivo, integrada
no seu sistema de valores, dependente de sua história e do contexto social e ideológico que
o cerca (ABRIC, 2000, p. 27).
O caráter psicossociológico desta teoria, como fora abordado acima, é indicativo, para
Jodelet (2001, p. 26), de que a teoria das representações sociais compõe-se de “uma certa
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complexidade em sua definição e em seu tratamento” e “implica sua relação com processos de
dinâmicas social e psíquica e com a elaboração de um sistema teórico também complexo”.
Apesar desta complexidade da teoria, é esta mesma autora que propõe uma definição de
representação social, enunciando que ela “é uma forma de conhecimento socialmente elaborada e
partilhada, tendo uma orientação prática e concorrendo para a construção de uma realidade comum
a um conjunto social”. (JODELET, 2001, p. 36).
Conforme Moscovici (2003, p. 60), o processo de elaboração da representação está
baseado em dois mecanismos: a ancoragem e a objetivação. “O primeiro mecanismo tenta ancorar
ideias estranhas, reduzi-las a categorias e a imagens comuns, colocá-las em um contexto familiar”.
O segundo mecanismo objetiva
transformar algo abstrato em algo quase concreto, transferir o que está na mente em algo
que exista no mundo físico. As coisas que o olho da mente percebe parecem estar diante de
nossos olhos físicos e um ente imaginário começa a assumir a realidade de algo visto, algo
tangível (2003, p. 61).
A Teoria do Núcleo Central das Representações Sociais
A teoria do Núcleo Central é resultante das pesquisas e das sistematizações de seus
resultados elaboradas por Jean-Claude Abric, que levantou a hipótese de que “a organização de
uma representação social apresenta uma característica específica, a de ser organizada em torno de
um núcleo central, constituindo-se em um ou mais elementos, que dão significado à representação”
(ABRIC, 2000, p. 31). O autor assegura que o núcleo central ou núcleo estruturante da
representação “é determinado [...] pela natureza do objeto representado, [...] pelo tipo de relações
que o grupo mantém com este objeto e [...] pelo sistema de valores e normas sociais que constituem
o meio ambiente ideológico do momento e do grupo.”
Entretanto, a organização interna de uma representação, é constituída também de seus
elementos periféricos, que transitam em torno do núcleo estruturante, significando o essencial do
conteúdo da representação. “São seus componentes mais acessíveis, mais vivos e mais concretos”
(ABRIC, 2000, p.31).
CONTEÚDO E ESTRUTURA DA REPRESENTAÇÃO SOCIAL DE GEOGRAFIA
As informações que nos foram fornecidas pelo software EVOC revelaram que foram
evocadas pelos (as) 51 professores (as) um total de 306 palavras, sendo 69 (22,5%) palavras
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diferentes. As palavras evocadas que assumiram uma maior congruência entre a frequência e a
ordem média de evocações foram conhecimento, Terra, localização e espaço. Elas estão presentes
no quadrante superior esquerdo do quadro de quatro casas, representando, provavelmente, o núcleo
estruturante desta representação social.
Observando as definições que os sujeitos atribuíram a cada uma destas palavras-categorias,
podemos inferir que esta representação apresenta um conteúdo marcado por pensamentos
generalizantes sobre a disciplina Geografia, predominando uma vaguidade e ausência de uma
especificidade científica ou geográfica na elaboração dos significados que estão centralmente
identificados com os postulados das concepções tradicionais do pensamento geográfico, girando em
torno, principalmente, das categorias Terra e espaço que, apesar de se destacarem do ponto de vista
da saliência, apresentaram também uma significativa conexidade entre si e com todas as demais
categorias do núcleo central.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De posse das informações acerca da representação social de Geografia produzida por este
grupo de professores, propõe-se que, no mínimo, haja um amplo, mas objetivo debate, tanto nas
universidades ou outras instituições formadoras de professores(as), como no âmbito escolar, sobre
a maneira mais eficiente de se estabelecer, mesmo que a longo prazo, uma promoção de ações que
possam gerar no meio escolar, não a substituição de uma representação social por outra, mas,
conforme Silva (2007, p. 185) “a construção de representações científicas, ou seja, a incorporação
por esse professorado, do saber geográfico acumulado por essa disciplina bem como, das formas de
ensino atualizadas no país e fora dele”. Este objetivo poderia ser alcançado, por exemplo, através de
uma formação continuada que contemple a temática da ciência Geográfica.
REFERÊNCIAS
ABRIC, J-C. A abordagem estrutural das representações sociais. In: MOREIRA, A. P. S. e
OLIVEIRA, D. C. (org.) Estudos interdisciplinares de representação social. 2. ed. Goiânia: AB
editora, 2000.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1986.
JODELET, D. Representações Sociais: um domínio em expansão. In. JODELET, D.Org.)As repres
entações sociais. Rio de Janeiro: EdUERJ. 2001.
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MOSCOVICI, S. A Psicanálise, sua imagem e seu público. Tradução de Sonia Fuhrmann.
Petrópolis: Vozes, 2012.
SILVA, J. S. Habitus docente e representação social do ―ensinar Geografia‖ na Educação
Básica de Teresina-Piauí. 201f. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, Natal, 2007.
VERGÈS, P. A Evocação do Dinheiro: um método para a definição do núcleo central de uma
representação.In: MOREIRA, A. S. P. (Org.) Perspectivas teórico-metodológicas em
representações sociais.João Pessoa. UFPB: Ed. Universitária, 2005.
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XIII SIMPÓSIO DE GEOGRAFIA DA UESPI – “Reflexões e desafios do pensar e do fazer geográfico frente à complexidade do
mundo atual” – Teresina (PI): 22 a 25 de outubro de 2013.
Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1
A VALORIZAÇÃO DOS RECURSOS DIDÁTICOS USADOS NAS AULAS DE
GEOGRAFIA NA UNIDADE INTEGRADA MUNICIPAL MARCIA MARINHO, NA
MODALIDADE DE ENSINO FUNDAMENTAL EM CAXIAS-MA.
Maysa Monyse L. AGUIAR
Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UEMA
Paulo Henrique F. SOARES
Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UEMA
Maria Tereza de ALENCAR
Professora Orientadora Doutora em Geografia
RESUMO O presente trabalho se propõe a abordar o tema do uso de recursos didáticos no ensino da Geografia. É
possível a utilização de vários materiais que auxiliem a desenvolver o processo de ensino e aprendizagem,
tornando as aulas mais atrativas. A metodologia utilizada no decorrer do trabalho foi à pesquisa bibliográfica
e visita a uma escola pública municipal, com aplicação de questionário com a Diretora e entrevista com os
Professores de Geografia, além de observação de aulas. Podemos constatar que a escola dispõe de vários
recursos didáticos (data show, TV, DVD, laboratório de informática), mas que ainda é necessária a utilização
mais intensa pelos professores de Geografia.
Palavras-chaves: Recursos didáticos. Escola. Geografia.
INTRODUÇÃO
Este trabalho se propõe a trazer á discussão sobre o que são recursos didáticos e seu uso no
ensino escolar. Há possibilidade de uso de diversos materiais concretos em sala de aula, mas, o
professor deve ter cuidado ao utilizar tais recursos. A utilização de recursos didáticos deve
responder as perguntas básicas: O que? Quando? Como? e Porquê? Pois, este educador, deve ter um
propósito claro, domínio do conteúdo e organização para utilização de tais materiais. A fim de
encontrar-se com a realidade vivida dentro das aulas de Geografia na Escola Marcia Marinho,
foram usadas entrevistas com professores de Geografia para saber como eles trabalham utilizando
os recursos didáticos.
O principal objetivo do nosso trabalho foi mostrar como os Professores de Geografia da
Escola Marcia Marinho usam os recursos didáticos disponibilizados pela Escola, uma vez que a
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mesma dispõe dos principais recursos que um Professor possa tornar sua aula mais e atrativa e
dinâmica. Os recursos didáticos não podem ser utilizados de qualquer forma, é necessário haver um
planejamento por parte do professor, que deverá saber como utilizá-lo para alcançar o objetivo
proposto por sua disciplina. Ao professor é imprescindível uma boa formação e interação com seus
alunos, ter o comprometimento de estimulá-los a pesquisar, buscar saber mais sobre o tema, se
descobrirem como parte deste mundo globalizado, como agentes ativos no processo de ensino,
sabendo a importância de aquisição de determinado conhecimento.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A presente pesquisa foi realizada na Unidade Integrada Municipal Marcia Marinho,
localizada na Rua Nossa Senhora de Fátima, bairro Vila Alecrim.
A pesquisa de campo foi realizada utilizando como técnicas de coleta de dados questionário
realizado com a diretora da escola “Marcia Marinho”, 2 professores de Geografia, além de
observação das aulas com o objetivo de realizar um diagnostico sobre a utilização de recursos
didáticos pelos professores de Geografia. Além de saber como eles utilizam os recursos didáticos
disponibilizados pela escola, e de que forma usam, e como os alunos lidam com esses recursos
didáticos.
Ao perguntarmos ao Diretor da escola quais os recursos que a escola dispõe, foi
apresentado: TV, DVD, Retroprojetor, Computador, Mapas, Datashow e Revistas. A escola dispõe
de uma biblioteca e laboratório de informática.
Ao questionarmos qual disciplina o professor utiliza com mais frequência os recursos
didáticos, obtivemos como resposta que são nas disciplinas de Português e Inglês.
Quanto às dificuldades enfrentadas pela direção da escola quanto ao uso e manutenção dos
recursos didáticos, a maior é conscientizar os professores a utilizar os equipamentos. Pois a Escola
dispõe de equipamentos cabe aos professores usá-los de maneira que supra as necessidades dos
alunos, respondeu a Diretora.
Logo em seguida perguntamos quantos professores de geografia existem na escola, dois,
respondeu a diretora. E qual a formação deles, licenciatura plena em geografia. Sobre o
planejamento da escola, este é realizado bimestralmente. Todos os alunos da escola possuem livro
didático de Geografia? A mesma respondeu que sim.
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Ao indagarmos quais os recursos audiovisuais existentes na escola, obtivemos como
resposta, o professor A disse, internet, micro sistem e DVD. Diferente do professor B que
respondeu TV, DVD, data show e computador.
Ao interrogarmos aos professores se eles confeccionam recursos didáticos para utilizar na
sala de aula, ambos responderam que sim.
Ao indagarmos sobre as dificuldades que os professores encontram ao utilizarem recursos
didáticos, o professor A respondeu que a maior dificuldade é que às vezes a internet sai do sistema.
O professor B respondeu que a dificuldade é que nem todos os alunos possuem habilidades ao
manuseio do computador.
Em seguida ao perguntamos sobre quais recursos didáticos mais utilizados na sala de aula e
porque o utilizam. Obtivemos como resposta, o professor A utiliza mapas e internet porque permite
uma maior aprendizagem. O professor B respondeu que utiliza mapas, imagens de satélite,
documentários, porque causa uma maior interatividade dos alunos.
Por fim perguntamos qual a melhor solução para melhor aproveitamento dos recursos
didáticos nas aulas de geografia. O professor A respondeu que preparar o material com
antecedência. O professor B disse que um bom funcionamento dos equipamentos de informática,
para que os alunos possam ter uma melhor compreensão dos assuntos.
Diante a oportunidade que tivemos de assistir algumas aulas juntamente com os alunos,
tivemos um momento de aproximação com os mesmos, a partir dai pudemos perceber a relação dos
alunos com a Geografia, como eles aprendem e como a geografia pode ajuda-los no dia a dia.
A escola onde foi realizada a pesquisa possui uma boa infraestrutura, porém as salas de
aulas não são propicias para o processo educativo, pois faltam ventiladores, carteiras quebradas,
quadros inacabados, entre outros problemas. Mas isso não impede de um professor ministrar sua
aula de geografia, cabe a ele usar os recursos que a escola dispõe.
O laboratório de informática usado por um dos professores, nas suas aulas, pudemos
observar como ele o utilizou, mostrando aos seus alunos uma ferramenta: Google Earth, onde cada
aluno deveria encontrar a rua onde morava percebemos assim a motivação dos alunos, mas, muitos
deles não sabem manuseá-los e além de não ter o total domínio do computador, e quando eles usam
o equipamento, usam para usufruir das redes sociais. A sua aula tratava de fusos horários e o
professor mostrou documentários aos alunos, para que pudesse ficar mais clara o entendimento por
parte deles.
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CONCLUSÃO
Podemos perceber que o uso dos recursos didáticos é indispensável nas aulas de geografia, é
direito do professor adequar-se da melhor forma possível para ministrar uma boa aula de geografia,
porém nem todas as escolas dispõem de recursos didáticos, cabe ao professor utilizar recursos que
estão ao seu alcance para que suas aulas não se tornem monótona, e que seus alunos sintam-se
motivados a aprender. Os livros didáticos e os professores não são suficientes para o ensino da
geografia, observar e interpretar o espaço são fundamentais para entendermos os fenômenos
geográficos.
Os recursos didáticos, dependendo de como forem utilizados, poderão agir de forma neutra e
incitadora, favorecendo ou dificultando o aprendizado; para que funcione como um mecanismo
ativador de interesses internos e incitador externo se faz necessário que o ambiente seja organizado
com atrações vitais, disponibilizando ações formadoras e construção de significados.
REFERÊNCIAS
CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos (Orgs.) et al. Geografia em sala de aula. Práticas e
reflexões. Porto Alegre: Editora as UFRGS, 1999;
PILETTI, Claudino. Didática Geral. 23 Ed. São Paulo: Ática, 2006;
SANT‟ANNA, Ilza Martins; SANT‟ANNA, Victor Martins. Recursos educacionais para o
ensino. Quando e porquê? Petrópolis. Vozes, 2004.
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AS ―GEOGRAFIAS‖: SUAS RELAÇÕES, PRÁTICAS E POSSIBILIDADES
Patrícia Maria de Deus LEÃO
Mestranda do curso pós-graduação em geografia da UFPI
Lidiane Bezerra OLIVEIRA
Mestranda do curso pós-graduação em geografia da UFPI
Bruna Gabriela de Assis SILVA
Mestranda do curso pós-graduação em geografia da UFPI
Resumo O presente artigo tem como objetivo analisar se a geografia acadêmica contribui para o desenvolvimento da
prática da geografia escolar. De forma mais específica, busca-se entender a relação existente entre a
geografia acadêmica e a geografia escolar; pretende-se ainda discutir a importância da formação inicial dos
professores de geografia para a sua prática docente; e por fim compreender a geografia escolar em suas
práticas e possibilidades. Este trabalho é importante, pois nos leva a refletir sobre a realidade entre a
formação e a prática do professor, de forma a contribuir com a aproximação entre o que o professor aprende
na universidade e sua prática na escola.
Palavras Chave: Geografia acadêmica. Geografia escolar. Formação inicial. Prática docente.
INTRODUÇÃO
A Geografia é um importante campo de conhecimento para a formação de cidadãos críticos
e participativos na sociedade. Ao estudar Geografia, podemos transitar por diversas áreas, tanto das
Ciências Naturais (climatologia, Geologia, Geomorfologia...), quanto das Ciências Sociais
(Antropologia, Sociologia).
Os saberes produzidos com o ensino de Geografia tornam-se mais acessíveis, pois
participam cotidianamente na vida dos estudantes. Desse modo, o papel deste campo do
conhecimento é associar a teoria compreendida na sala de aula e a aplicação prática na realidade do
aluno.
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No entanto, as bases tradicionais na sistematização do ensino de Geografia, a tornaram,
segundo Vesentini “... descritiva e mnemônica, alicerçada no paradigma „a terra e o homem‟, com
uma sequência predefinida de temas: estrutura geológica e relevo, clima, vegetação, hidrografia,
população, economia.” (2007, p. 222) Desse modo, para os alunos, estudar de forma descritiva,
decorativa não era tão prazeroso, fazendo com que houvesse uma resistência a estudar a disciplina.
Kaercher (2003) nos lembra do quanto estudar geografia era enfadonho e desinteressante, pelo fato
de exigir do aluno a memorização de localizações na maioria das vezes não conhecida.
Ao longo do processo de sistematização, a ciência geográfica tomou um enfoque mais
crítico após a década de 1970, assim, ocorreram algumas alterações também no ensino de
Geografia, onde se praticavam aulas com novas estratégias e novos conteúdos. Desta forma, o
professor desempenhará um papel importante, que de acordo com Cavalcanti (2010) deve despertar
o interesse cognitivo do aluno, atuar na mediação didática de forma a levar a reflexão sobre a
importância da Geografia na vida cotidiana, relacionando-a com a realidade social e natural mais
ampla.
Nesse contexto, o professor ganha uma participação importante no processo, visto que
assume o papel de mediar a produção do conhecimento pelos alunos. Porém, a prática docente do
professor se depara com um problema, advindo ainda do seu processo de formação na universidade,
que é a grande diferença existente entre os conteúdos aprendidos na academia e os conteúdos que
eles devem ministrar na educação básica. Este trabalho objetiva de forma geral, analisar se a
geografia acadêmica contribui para o desenvolvimento da prática da geografia escolar¹.
Especificamente, pretende-se entender a relação existente entre a geografia acadêmica e a geografia
escolar; discutir a importância da formação inicial dos professores de geografia para a sua prática
docente; e compreender a geografia escolar em sua prática e suas possibilidades.
O presente trabalho é importante porque nos leva a refletir sobre a realidade entre a
formação e prática do professor, que poderá fomentar as discussões sobre a aproximação entre
geografia acadêmica e geografia escolar, contribuindo tanto para melhorar o processor de formação
inicial do professor, quanto a sua prática em sala de aula.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Devido às inúmeras transformações ocorridas no âmbito educacional há uma necessidade
cada vez maior de unir teoria e prática, porém está articulação entre o saber acadêmico e a
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Educação Escolar é relevante para a concretização de uma prática docente que leve o aluno a uma
aprendizagem significativa.
Cavalcanti (2005) enfatiza que a formação acadêmica não pode estar desarticulada da
prática, portanto, é esta formação inicial que vai dar subsídios para a prática docente. Corroborando
com está ideia, Pimenta (2004), discute que a formação inicial deve desenvolver no aluno as
habilidades, atitudes e valores que possibilitaram construir seus saberes-fazeres docentes diante dos
desafios que a prática lhe impõe.
Portanto para a concretização da prática, é necessário um embasamento teórico para que esta
possa se efetivar de forma crítica e reflexiva é essencial que ocorra uma integração entre a
universidade e a escola básica, para que o docente faça a relação entre sua formação e sua prática
pautada nos saber científicos. Para Couto e Antunes (1999, p.36), “a melhoria da qualidade da
educação está vinculada, entre outras necessidades, à necessária construção de uma articulação
permanente e profícua entre esses dois níveis de ensino.”
Entretanto Cavalcanti (2002) salienta que é comum a pouca integração entre a universidade
e educação básica, isto ocorre devido a pouca relevância dada as disciplinas pedagógicas no âmbito
universitário e a valorização excessiva as disciplinas específicas, não realizando assim, a adaptação
desse conteúdo específico ao contexto escolar.
Dentro desse contexto Cavalcanti (2012) coloca que ainda está presente no senso comum a
ideia de que a docência se aprende na prática, o que dificulta a construção de práticas inovadoras no
ensino de geografia. Dessa forma é importante ressaltar que a formação inicial levará o docente a
compreender e articular os diferentes saberes e culturas presente no contexto escolar, elementos
essenciais para uma prática pedagógica significativa.
Segundo Cavalcanti, “Geografia escolar é o conhecimento geográfico efetivamente
ensinado, veiculado, trabalhado em sala de aula”. (2011, p. 9). Esta geografia está baseada
principalmente nos conteúdos curriculares, porém estruturada com base no contexto social e
cultural em que está inserida, com o objetivo principal a formação de cidadãos. Neste contexto, o
professor utiliza em sua prática os saberes experienciais, que segundo Tardif (2008) são saberes
desenvolvidos pelos próprios professores em sua prática profissional baseado em suas experiências
cotidianas.
A geografia escolar articula diversos conhecimentos para a formação intelectual e social do
aluno. Por ser considerada como uma disciplina de síntese apresenta conteúdos de base social e
natural de diferentes partes do mundo, de modo articulado de forma que os alunos compreendam os
aspectos pensando de forma geográfica.
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Contudo, o professor tem o papel de articular os conteúdos que aprendeu na universidade de
forma que possa repassar aos alunos de forma que eles possam compreender. Para isto, ele une os
saberes adquiridos na universidade com os saberes adquiridos em sua experiência na busca pelo
sucesso no processo de aprendizagem do aluno.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As discussões geradas nos remetem a observamos que a relação entre prática acadêmica e
prática docente dos professores de geografia necessita de olhar critico, pois a efetiva significação do
processo de ensino e aprendizagem depende dessa articulação, pois todo conhecimento só pode ser
construindo partindo de uma base teórico que tem como objetivo sustentar as suas práticas
cotidianas.
Portanto, podemos dizer que prática acadêmica é parte integrante do desenvolvimento do
processo educativo, pois alicerça esse processo. Porém, o que notamos nas discussões é que essas
práticas estão desarticuladas do currículo ao qual se tem como objetivo a formação docente. Por
isso, é importante uma reflexão quanto ao currículo acadêmico do licenciado de geografia para que
possa os auxiliar na sua docência, onde todo o conhecimento adquirido na sua formação inicial seja
útil na sua vida profissional.
REFERÊNCIAS
CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia e práticas de ensino. Goiânia: Alternativa, 2002.
_______. Geografia escolar: reflexões sobre conhecimentosarticulados na teoria e na prática
docentes. In.ENDIPE - ENCONTRO NACIONAL DE DIDÁTICA E PRÁTICAS DE ENSINO.
16. 2012. UNICAMP – Campinas. Anais. Campinas, 2012.
_______. A geografia e a realidade escolar contemporânea: avanços, caminhos, alternativas. In.
In.ENDIPE - ENCONTRO NACIONAL DE DIDÁTICA E PRÁTICAS DE ENSINO. 2010. Belo
Horizonte. Anais, 2010.
COUTO. M. A. C.; ANTUNES, C. da F. A. A Formação do professor e a relação escola básica-
universidade: um projeto de formação. Terra Livre, São Paulo, v. 14, p.30-40, jan./jul. 1999.
KAERCHER, Nestor André. Desafios e utopias no ensino de Geografia. 3° ed. Santa Cruz do Sul:
EDUNISC, 1999, 2003 (reimpressão), 150 p.
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PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e Docência. São Paulo: Cortez,
2004.
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional.9 ed. Petrópolis- RJ: Vozes, 2008.
VESENTINI, José Willian (Org.) O ensino de geografia no século XXI. Campinas: Papirus, 2007.
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DIALOGANDO SOBRE CONHECIMENTO CARTOGRÁFICO COM OS ALUNOS DO
CURSO DE PEDAGOGIA - PARFOR DA MICRORREGIÃO DE SÃO RAIMUNDO
NONATO – PI.
Fernandes Pereira NUNES
Graduando do curso de licenciatura em geografia da UESPI
Aldemir Monteiro de ASSIS
Graduando do curso de licenciatura em geografia da UESPI
Judson Jorge da SILVA
Prof.Msc./Orientador – Dpto. Geografia – UESPI – Campus São Raimundo Nonato
RESUMO O presente trabalho faz um levantamento sobre o conhecimento cartográfico dos alunos do curso de
pedagogia do PARFOR (Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica) da UESPI de São
Raimundo Nonato-PI e que atuam como professores nos municípios da região. Os resultados apontam que
esses alunos/professores enfrentam dificuldades para trabalhar as noções e percepções espaciais, assim como
a representação de fenômenos presentes no espaço, nas séries iniciais do ensino fundamental. Nesse sentido
torna-se conveniente uma reflexão a respeito da formação e capacitação desses alunos/professores na área de
geografia, sobretudo em cartografia.
Palavras–chave: Cartografia; Representação Espacial; Séries Iniciais; Alfabetização Cartográfica;
Formação de Professores.
INTRODUÇÃO
O delineamento das percepções e o entendimento a respeito da noção espacial de relação e
interação do ser humano com o espaço desenvolvem-se desde os primeiros meses de vida. No
entanto, Almeida (2010) aponta que é no início da fase escolar das crianças que se ensinam as
formas como a sociedade produz, consome e organiza o espaço geográfico com o qual interage.
Partindo do pressuposto de que as representações cartográficas são uma das maneiras de
tornar as relações de organização do espaço algo inteligível, torna-se importante saber como os
professores que trabalham nas séries iniciais da educação básica se apropriam desses saberes e
como tratam as questões que envolvem a representação espacial. Almeida afirma “que o professor
de 1º grau pouco aprende em seu programa de formação que o habilite a desenvolver um programa
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destinado a levar o aluno a dominar conceitos espaciais e sua representação” (2010, p.11). Baseado
nessa informação, buscamos sondar o conhecimento cartográfico e as metodologias de ensino de 29
alunos do curso de Pedagogia do PARFOR (Plano Nacional de Formação de Professores da
Educação Básica) que atuam como professores na educação básica da microrregião de São
Raimundo Nonato – PI.
DESENVOLVIMENTO
Elegemos como sujeitos da pesquisa os alunos do VI semestre do curso de Pedagogia da
UESPI do Campus de São Raimundo Nonato, que cursam graduação em regime especial pelo
PARFOR e que lecionam na educação básica da região. Essa escolha se deu por duas razões: 1. A
maior parte dos sujeitos pesquisados já atua como docente nas séries iniciais da educação básica,
sendo professores “polivalentes”; 2. Os entrevistados são acadêmicos de um curso de graduação
que, entre outros objetivos, visa formar professores para atuar nas séries iniciais da educação básica.
Para a obtenção dos dados que compõem as análises desse trabalho optou-se pela aplicação de um
questionário, de caráter objetivo, no qual se buscou sondar: A) os conhecimentos de Geografia
desses professores, obtidos através de disciplinas específicas desta área, cursadas na graduação da
qual fazem parte; B) A respeito das metodologias de ensino, bem como os recursos didáticos que
utilizam ao ministrarem conteúdos de representação espacial para os alunos das séries iniciais; C)
Se eles, enquanto alunos de graduação consideram-se habilitados para trabalhar com esses
conteúdos. Cada aluno/professor recebeu um questionário que depois de respondido, foi analisado
para cálculo de porcentagens e interpretação dos dados que aqui se apresentam.
Essa pesquisa buscou verificar os conhecimentos cartográfico/espacial/geográfico dos
professores/alunos que atuam, sobretudo nas séries iniciais de primeiro grau no sudeste piauiense.
Os 29 professores participantes da pesquisa residem/trabalham nos municípios de São Raimundo
Nonato, Dom Inocêncio, São Lourenço, Dirceu Arcoverde e Várzea Branca, localizados no sudeste
do Piauí. 93% não possui formação superior, embora trabalhem como professores. Do total, 89,64%
trabalham no ensino infantil e fundamental I, sendo professores polivalentes. Entre estes, 88,5% já
lecionaram todas as disciplinas da matriz curricular desse nível de ensino, o que inclui, portanto, o
ensino de Geografia. Porém, 79% nunca tiveram aulas de Cartografia, nem outra disciplina da área
de Geografia. Atualmente 48,27% dos entrevistados lecionam Geografia. Sobre recursos didáticos
para aulas de Cartografia: 87,5% afirma existir mapas e globos em suas escolas. 31% disseram
existir laboratório de informática que poderia ser utilizado para aulas de Geografia. Inexistem
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outros materiais como bússolas e GPS. Em relação às metodologias de ensino: 65% nunca
trabalharam com “mapeamento do eu”, confecção de maquete, mapeamento da sala de aula ou da
escola; 62% dizem ter ensinado orientação espacial através de aula prática utilizando a posição do
sol. Entre os pesquisados 75,86% afirmam que o professor da educação básica não está preparado
para lecionar Cartografia e 62% disseram ter interesse em cursar capacitações na área de
Cartografia.
As informações obtidas nessa sondagem apontam uma situação preocupante no que diz
respeito à qualificação docente para ministrar alguns conteúdos específicos da ciência geográfica.
Um dado que chamou atenção na pesquisa é que 79% dos professores/alunos pesquisados nunca
tiveram aula de Cartografia. Isso é o resultado de uma formação que pouco trabalha noções
cartográficas inerentes ao conhecimento geográfico.
Pesquisas comprovam que muito dos professores que atuam nas séries iniciais não
foram alfabetizados em geografia. As crianças chegam a quinta série do ensino
fundamental sem a construção das noções e das elaborações conceituais que
compreenderia tal “alfabetização” (CASTROGIOVANNI, 2000, p.11).
Almeida esclarece que “(...) no curso de primeiro grau, além de outras deficiências, o
preparo do aluno quanto ao domínio espacial é muito precário (2008, p.11).” Nesse sentido, merece
atenção à constatação, a partir desse trabalho, de deficiências na prática docente que levam a
precariedade do processo de alfabetização espacial. Segundo essa mesma autora a concepção de
espaço e sua organização são subjacentes à análise geográfica em qualquer nível.
O fato dos professores das séries iniciais do primeiro grau do sudeste piauiense terem
pouca intimidade com a Cartografia compromete o trabalho com metodologias que facilitam a
compreensão das noções espaciais pelos alunos. Nesse sentido foi constatado na pesquisa que 65%
dos alunos do PARFOR nunca trabalharam com “mapeamento do eu, confecção de maquetes e
mapeamento da sala de aula”. No primeiro caso (mapeamento do eu), conforme aponta Almeida
(2008, p.47) é uma ação não muito explorada pelos professores e livros didáticos. No entanto, essa
mesma autora esclarece que é passo importante para aprendizagem das noções espaciais. Quanto ao
uso da maquete, a mesma coloca:
Servirá de base para explorar a projeção dos elementos do espaço vivido (a sala de
aula) para o espaço representado (planta); as relações espaciais topológicas desses
objetos em função de um ponto de referência; desses objetos entre se; e dos
mesmos em relação aos sujeitos (alunos) (ALMEIDA, 2008, p.52).
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Conforme aponta a autora, o espaço vivido e seus elementos devem ser explorados
principalmente com relação as suas projeções de forma a facilitar ao aluno as primeiras percepções
espaciais relacionadas às vivencias do cotidiano escolar.
“O mapeamento de sala de aula” é outra atividade que deve ser desenvolvida pelo
professor para ajudar o aluno a construir noções espaciais em espaços conhecidos (ALMEIDA,
2008). Essa mesma autora justifica a representação da sala de aula e não de outros ambientes como
o quarto em que a criança dorme, esclarecendo o seguinte:
Seria possível trabalhar o quarto da criança, que também é o espaço conhecido dela
e efetivamente significativo, porem deparam-se com dois problemas: nem todas as
crianças dormem em quarto próprio – muitas não possuem sequer cama individual;
a professora não conhece o quarto da criança o que a impede de acompanhar os
deslocamentos pelo espaço com vistas ao mapeamento (ALMEIDA, 2008, p.52)
A alfabetização cartográfica ou espacial está associada à aprendizagem das noções e de
representação de fenômenos espaciais adquiridos pela criança simultaneamente à alfabetização em
letras e números. Alfabetizar espacialmente e cartograficamente é, ao mesmo tempo, o processo de
aquisição tanto das percepções e conceitos espaciais, assim como a representação do espaço.
Durante a alfabetização Cartografia espacial da criança é importante e recomenda-se que o aluno
tome consciência do espaço próximo, não de forma concêntrica, mas numa relação contínua com o
distante. É conveniente e necessário para a leitura de mapas que o aluno aprenda construindo
representações do espaço próximo, ou seja, antes de ser decodificador, terá que codificar.
CONCLUSÃO
Os resultados apontam como são graves as condições de ensino, consequentemente as de
aprendizagem, dos conhecimentos referentes à ciência geográfica nas séries iniciais. Grande parte
dos professores do interior do Estado do Piauí que atuam nessa fase da educação ainda não possui
graduação em licenciatura, justamente por essa razão fazem parte do Plano Nacional de Formação
de Professores da Educação Básica – PARFOR. No entanto, embora estejam cursando o ensino
superior, a literatura especializada nessa questão aponta que os próprios programas curriculares dos
cursos de licenciatura não fornecem o subsídio teórico necessário para os futuros docentes
trabalharem de maneira a levar o aluno a dominar conceitos espaciais e sua representação. No curso
em questão, os alunos tem apenas uma disciplina de 75 h/a voltada para o aprendizado de conteúdos
específicos da Geografia. Essa situação fica explícita nos dados encontrados pela pesquisa, pois
entre 29 pesquisados 75,86% afirma não estar preparado para trabalharem com esse saber. Diante
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do exposto, fica evidente a necessidade de que as secretarias municipais e estaduais de educação
ofereçam capacitações na área de Cartografia. Os dados mostram também que as Universidades
podem, através de programas de extensão, firmar parcerias com as secretarias e escolas, de modo a
possibilitar essa formação aos professores da rede básica do ensino público.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, R. D.; PASSINI, E. Y. O espaço geográfico: ensino e aprendizagem. 15. Ed. São
Paulo: Contexto, 2008.
CASTROGIOVANNI, A. C. Apreensão e compreensão do espaço geográfico. In: Ensino de
geografia: práticas e textualizações no cotidiano. Porto alegre: Mediação, 2000.
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O ENSINO DE GEOGRAFIA DO PIAUÍ E OS LIVROS DIDÁTICOS
Rafaela dos Santos LEAL
Graduada em Licenciatura Plena em Geografia pela UFPI
Mugiany de Oliveira Brito PORTELA
Orientadora professora do Departamento de Geografia e História UFPI
RESUMO A organização da Geografia como disciplina nas escolas no Brasil teve seu inicio ainda no período imperial
com a implantação do Colégio Pedro II, desde então, o professor na sua prática educacional busca na
diversidade de recursos disponíveis, suportes que os auxiliem, e o mais utilizado é o livro didático. Esse é de
fundamental importância no processo de ensino aprendizagem, pois tem sido disponibilizado a todo alunado
e, muitas vezes é o único acessível. É a partir dessa hipótese que objetivou-se analisar quatro livros didáticos
da área de Geografia do Piauí, ou seja, os que estão disponíveis aos alunos do ensino médio da educação
pública. A pesquisa alicerçou-se em levantamentos de informações bibliográficos sobre o tema, como
também da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da educação federal do Brasil, sobre a temática. Assim, em
consonância com os Parâmetros Curriculares Nacionais de Geografia e com os princípios estabelecidos pelo
PNDL (Plano Nacional do Livro Didático) organizaram-se alguns parâmetros que indicaram se, pelo menos
alguns conteúdos comuns a todos os livros estudados, seguem as diretrizes necessárias ao livro didático
ideal. Constatou-se que apesar dos esforços na condução e organização do livro didático para o ensino de
Geografia do Piauí, alguns conteúdos deixam a desejar, contudo houve um avanço no que diz respeito à
apresentação e organização das matérias pertinentes a essa temática.
Palavras- chaves: Ensino de Geografia. Lei de diretrizes e bases. Plano do livro didático
INTRODUÇÃO
Este presente trabalho tem como objetivo analisar como os conteúdos de Geografia do Piauí
têm sido abordados pelos livros didáticos adotados nas escolas do presente Estado. O que move a
presente discussão é a necessidade de revisão teórico-metodológica do conteúdo de Geografia do
Piauí, mais precisamente do conteúdo estudos naturais, tendo em vista que é um assunto recorrente
em todos os quatro livros didáticos verificados. A pesquisa alicerçou-se de levantamentos de
informações bibliográficas, textos específicos sobre o tema, tais como manuais, artigos, livros e a
leitura dos Parâmetros Nacionais e das Diretrizes Curriculares do Estado, como também da Lei de
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Diretrizes e Bases (LDB) da educação federal do Brasil. Foram caracterizadas as principais
abordagens da ciência geográfica para melhor entendimento do objeto geográfico. Com objetivo
geral Analisar se os livros didáticos voltados para o ensino médio do estado do Piauí estão
atendendo ao que determinam as Leis de Diretrizes e Bases da educação brasileira. E específico
Discutir os Parâmetros Nacional, Estadual, considerando seus objetivos e conteúdos recomendados
para o ensino de Geografia; Caracterizar os livros didáticos para o ensino de Geografia do Piauí e
verificar a estrutura e conteúdos dos livros didáticos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O processo de consolidação do ensino no Piauí foi lento, uma das justificativas seria a falta
de investimentos nessa área. O começo do avanço do ensino no Piauí registra-se pelo primeiro
vestígio de educação, quando padres jesuítas do ciclo maranhense fundaram o “Externato Hospício
da Companhia de Jesus”, estabelecimento de ensino que não conseguiu êxito, devido a situações
contrárias ao próprio ambiente, tais como pobreza, dispersão demográfica dos núcleos
populacionais e precárias condições de comunicação. (BRITO, 1996).
No Piauí, o Ensino Normal foi estabelecido à formação de professores, na segunda metade
do século XIX, em consequência da Lei Provincial nº 599 de 09 de outubro de 1867, contudo seu
firmamento se deu na primeira metade do século XX. O currículo do curso fornecido pela Escola
Normal compreendia: português, literatura portuguesa, francês, aritmética, geografia e cosmografia,
história universal e do Brasil, noções de física, química e meteorologia, noções de história natural,
agronomia e higiene, pedagogia, metodologia, educação moral e cívica, desenho e caligrafia,
música, trabalhos manuais e cartografia, tendo duração média de três anos (BARBOSA;
OLIVEIRA; EULÁLIO, 2010).
É também na metade do século XX que, maior ímpeto foi dado para a ciência, isso
fortaleceu a ciência geográfica no Piauí, especialmente após a instalação ocorrida em abril de 1958,
da Faculdade Católica de Filosofia do Piauí (FAFI) (SILVA, 2007, p. 60). Essa faculdade tinha
como intenção a formação de profissionais para o magistério, seus primeiros alunos saíram com os
títulos de Bacharéis em Geografia e História ou Licenciatura em Geografia e História, ou com a
licenciatura especifica em umas das ciências.
O fortalecimento desse curso trouxe em seu bojo a necessidade de ampliação da sua atuação,
como tem acontecido com a agregação da disciplina Geografia do Piauí em rede pública e privada
do Estado.
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Contudo, uma das grandes dificuldades de quem é professor dessa área é encontrar material
de apoio didático e pedagógico. Assim, um dos objetivos deste trabalho é observar alguns
conteúdos que são apontados pelas diretrizes curriculares elaboradas pela Secretaria de Educação e
Cultura do Estado do Piauí (SEDUC-PI), a fim de diagnosticar as semelhanças e diferenças contidas
nos livros didáticos mais usados pelos professores da rede pública no estado, sobretudo para o
ensino médio.
O que move a presente pesquisa é se o estudo da Geografia do Piauí, mas precisamente o
estudo do meio natural do estado, se essa temática contempla a realidade do que os PCN‟S sugerem
para a educação de Geografia no ensino médio. (MEC, 1998). O Programa Nacional do Livro
Didático (PNLD) é o mais antigo dos programas para distribuição de obras didáticas aos estudantes
da rede pública da educação básica no Brasil, teve inicio com outra denominação, em 1929. Ao
longo dos 80 anos, o programa foi melhorado e teve diferentes nomes e formas de cumprimento.
Ultimamente, o PNLD é voltado à educação básica, tendo como exceção os alunos da educação
infantil. (MEC/FNDE/SEB, 2010).
Em 1996 é iniciado o processo de avaliação pedagógica dos livros inscritos para o PNLD,
no qual foi publicado o primeiro “Guia de Livros Didáticos” de 1ª a 4ª série. Esse processo vem
sendo aperfeiçoado, aplicado até hoje. Os livros que apresentam erros conceituais, indução a erros,
desatualização, preconceito ou discriminação de qualquer tipo são excluídos do Guia do Livro
Didático (MEC/FNDE/SEB, 2010).
CONCLUSÃO
Ao selecionar o material didático, o professor deve procurar compreender a relação que este
apresenta e fazer questionamentos, buscando compreender se este oferece condições para uma
reflexão sobre a produção do conhecimento da Geografia. No uso do livro didático, o professor
deve entender se este oferece ao aluno uma possibilidade de uma análise para além dos aspectos,
estimulando este a adquirir um pensamento crítico e, ao mesmo tempo, possibilitando a construção
do seu conhecimento sobre determinados conceitos e temas.
No processo de construção de ensino o aluno, ao formular seus conhecimentos, vai agindo
com os conceitos do cotidiano e os conceitos científicos que são abordados nos livros didáticos,
ficando visível a importância do mesmo.
O trabalho em sala de aula, com o auxílio do livro didático se torna em um instrumento
eficaz para a reafirmação ou contraposição dos conceitos trazidos pelos alunos em sua prática
diária, através do ensino em classe. O livro didático não precisa ser a única ferramenta utilizada
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pelo professor em suas aulas, pois o mesmo nem sempre oferece as discussões epistemológicas
necessárias para o crescimento do saber geográfico dos alunos. Contudo, apesar de ainda não ser o
ideal, os livros didáticos são uma ferramenta indispensável para auxiliar o aluno e o professor.
Antes de apresentar as limitações, tem-se que reconhecer o seu papel social de acessibilidade a
informação e político como fomentador da cidadania.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, José Luis Lopes. (Org). Atlas escolar do Piauí: geo-histórico e cultural. João Pessoa, PB:
Ed. Grafset, 2006.
BRASIL. LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: lei nº 9.394, de 20 de dezembro de
1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. – 6. ed. – Brasília: Câmara dos
Deputados, Edições Câmara, 2011.
_______. MEC. Ciências humanas e suas tecnologias / Secretaria de Educação Básica. Brasília:
Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006. 133 p. (Orientações curriculares para
o ensino médio; volume 3).
_______. MEC. Parâmetros curriculares nacionais. Ensino Médio – Geografia. Brasília – DF. 1999.
_______. Guia de livros didáticos: PNLD 2013: geografia. – Brasília: Ministério da Educação,
Secretaria de Educação Básica, 2012. 216 p. <http://www.fnde.gov.br/programas/livro-
didatico/guia-do-livro/item/3773-guia-pnld- 2013-%E2%80%93-ensino-fundamental.>acesso em
01 dez. 2012
BRITO, Jean Carlos de. COSTA, Alessandro Ramos da. Geografia do Piauí: conhecer para
valorizar. Teresina: EDUFPI, 2012. 249p.
BRITO, Itamar de Sousa. 1923 – História da Educação no Piauí. Teresina: EDUFPI, 1996.
GOVERNO DO ESTADO PIAUÍ. Secretaria de educação e cultura: SEDUC. 2003.
NETO, Adrião. Geografia e História do Piauí para estudantes- da pré-história à atualidade. 4ª ed.
Teresina: Edições Geração 70, 2006. 322p.
PONTUSCHKA, Nídia Nacib. A Geografia: Pesquisa e Ensino. In: CARLOS, A. F. A. (Org.).
Novos Caminhos da Geografia. 111 ed. São Paulo: Contexto, 1999, v. p. 111- 142.
RODRIGUES, Joselina Lima Pereira. Geografia e História do Piauí: Estudos Regionais. Teresina,
Halley S.A. 5ª ed. 2012.
SILVA, Josélia Saraiva e. Habitus docente e representação social do “ensinar Geografia” na
educação básica de Teresina- PI. 2007. 201 f. Tese (Doutorado em Educação). Universidade
Federal do Rio Grande do Norte. Natal. 2007.
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SILVA, Gil Anderson Ferreira; VELOSO FILHO, Francisco de Assis. A educação brasileira e as
orientações para a Geografia numa perspectiva histórica a partir das Leis. In: VI Encontro de
Pesquisa em Educação da UFPI, 2010, Teresina. Estado e Políticas Educacionais, 2010. p. 1-12.
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O ENSINO DE GEOGRAFIA E A METODOLOGIA: DESAFIOS NA ATUALIDADE
Lineu Aparecido Paz e SILVA
Mestrando em Geografia pela UFPI
RESUMO Existem diferentes formas de trabalhar através da metodologia no processo ensino aprendizagem
relacionadas com á área de geografia, tendo como finalidade a aquisição de conhecimentos geográficos. Na
atualidade muito se discute sobre a utilização dos métodos e as principais ferramentas para o ensino de
geografia, em virtude disso, e levando se em consideração a realidade enfrentada pelos professores da rede
pública de ensino e também da rede privada, existe a indagação sobre a forma em que esta ocorrendo a
utilização dos métodos no ensino de geografia. Para o Professor de geografia é importante analisar as
diferentes formas de utilização dos instrumentos didáticos no ensino de geografia, levando se em
consideração os resultados e as consequências para com a aprendizagem dos alunos e identificar os
principais problemas ao se utilizar os métodos no ensino de geografia. Em virtude disso se questiona qual o
método ao se ministrar uma aula? A rede pública e também a rede privada de ensino, no que tange a
utilização dos métodos de ensino, carecem melhorias, e por isso, aos professores de geografia torna se
necessário refletir sobre as ferramentas de ensino no campo do desempenho escolar assim como o cenário da
educação na formação do aluno como um indivíduo voltado para a cidadania, trata-se de uma necessidade
fundamental para uma prática educativa mais justa e igualitária, levando se em consideração as
características locais e a realidade do aluno. É importante que haja uma exposição dialogada com a
participação interativa dos alunos pois a aquisição efetiva desses conceitos, relacionados com outros, torna
possível a compreensão dos fenômenos que fazem parte da realidade objetiva dos conhecimentos
geográficos. Palavras-chave: ensino, geografia, método.
INTRODUÇÃO
Este trabalho foi realizado, em razão de haver diferentes formas de métodos utilizados
pelos professores no processo ensino aprendizagem relacionados ao ensino de geografia, tendo
como finalidade a aprendizagem dos alunos no que tange aos conhecimentos geográficos. No
Brasil, este fenômeno se observa através da geografia ministrada em sala de aula e das diferentes
realidades sociais e ambientais vivenciadas neste país.
METODOLOGIA
Este trabalho tem o interesse de analisar os aspectos gerais da metodologia em geografia, e
diante disso, surgiu-nos a ideia de desenvolver este trabalho com a finalidade de discutir as
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diferentes situações relativas á didático da geografia que caracteriza a formação de diferentes
formas de se trabalhar os conteúdos de geografia em sala de aula. Este trabalho ocorreu através do
estudo bibliográfico e analises de artigos em periódicos da capes com certificado web qualis,
abordando as ideias dena área de ensino de geografia, que constituiu na base teórica para a
fundamentação deste trabalho, ajudando no enriquecimento desta temática em questão.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Para o Professor de geografia é importante analisar as diferentes formas de utilização do
método no ensino de geografia, seja uma aula expositiva e dialogada, leitura e interpretação de
textos, seminários, grupos de discussão, levando se em consideração os resultados e os reflexos para
com a aprendizagem dos alunos e identificar os principais problemas ao se utilizar os métodos no
ensino de geografia sempre investigando se recursos utilizados no ensino de geografia estão sendo
adequados a realidade dos alunos da rede pública de ensino com base na observação da realidade e,
nesse sentido:
Essa observação da realidade não é mera identificação de elementos. A partir do
levantamento de dados e a utilização de recursos didáticos, sua classificação, comparação
com outros dados, etc., e consequentemente representação espacial, que na maior parte dos
casos é feita através do recurso didático, o aluno chega a generalizações – percebe diversas
áreas em que pode ser identificada a mesma situação (Almeida, 2010, p.27).
Assim Compreendendo o significado e a importância da utilização do método em geografia
para a formação de cidadãos críticos e conscientes do mundo em que vivem. Em virtude disso, os
reflexos da utilização do método no ensino de geografia, irá refletir diretamente para o nível de
conhecimento dos alunos frente ás novas realidades vivenciadas na aprendizagem. Dessa forma, os
fatos são revelados a partir da inserção do pesquisador no cotidiano do investigado e é isto que
torna o pesquisador parte fundamental da pesquisa. Desse modo, pretende-se contribuir para o
enriquecimento deste assunto de estudar acerca da temática no ensino de geografia.
O ENSINO DE GEOGRAFIA E O MÉTODO DE ENSINO
O ensino de geografia na atualidade passa por um momento de intensas modificações,
novas tecnologias são lançadas no ambiente escolar, novas metodologias aparecem para melhorar a
qualidade do ensino e, por vez, novas formas de utilização dos instrumentos didáticos surgem para
modificar a sistemática usada antigamente. Em virtude dessas transformações, a utilização do
método na geografia não representa algo além do simples ato de ministrar uma aula. Existe a
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necessidade de mostrar o método de ensino como uma maneira de contribuir para o
desenvolvimento cognitivo do aluno.
Dentro do cenário do ensino de geografia, tem se discutido sobre a utilização do método
nestes últimos anos. O simples ato de trabalhar com um determinado tipo de método deve ser feito
com responsabilidade e muito respeito a quem deve estar sendo ensinado e sempre levando em
consideração um preparo espacial e nesse sentido:
O preparo para esse domínio espacial é, em grande parte, desenvolvido na escola,
assim o domínio da língua escrita, da raciocínio matemático e do pensamento
científico, além do desenvolvimento de habilidades artísticas e da educação corporal
(Almeida, 2010, p.27).
O trabalho com o método de ensino na geografia não pode estar fundamentada em
pressupostos tradicionais e apenas quantitativos, mas sim na qualidade da aula a ser ministradas
pelos professores de geografia, contudo devemos refletir sobre este cenário tendo em vista as novas
demandas sociais. Ainda neste contexto, vale pontuar que o método de ensino não deve ser somente
dar informações aleatórias, mas perceber uma concepção filosófica política que este universo nos
remete.
Quando mencionamos metodologia em geografia que esteja relacionada com a
aprendizagem do aluno, somos remetidos a pensar sobre a eficácia do processo de ensino. Nesse
sentido, os educadores na área de geografia precisam estar atentos para que os conceitos colocados
para os alunos não sejam meras definições ou descrições de fatos, é preciso que os conceitos
ensinados estejam relacionados com o mundo objetivo, com o cotidiano desses alunos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Ao consideramos os métodos como um processo essencial para o processo de ensino e
aprendizagem, nos propusemos neste estudo a analisar a e verificar se essa prática contribui
realmente para a aprendizagem dos alunos no processo educativo. Com relação à concepção de
metodologia, verificamos que grande parte das professores conceituam o método como processo de
melhoria da aprendizagens mas que ainda não estão interados das novas maneiras de se lidar com as
situações didáticas e com a realidade do aluno.
A partir dessa concepção manifestada, observamos que mesmo tentando renovar o
processo de ensino das escolas, o recurso didático ainda traz resquícios da metodologia tradicional.
Apesar das docentes possuírem uma consciência a respeito da existência dos diversos instrumentos
didáticos, existem ainda professores que adotam o livro como o principal método de recurso a ser
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utilizado e em se tratando de século Século XXI, onde existem inúmeras possibilidades de recursos
é inadmissível a utilização de apenas um tipo de método em sala de aula.
O que nos interessa em ressaltar é que a geografia é produtiva, requerendo assim, a cada
instante, novas descobertas e alternativas para continuar sendo o que é, um instrumento de formação
e capacidade de interagir o meio ao fim. Por isso o ensino de geografia tem que ser mais do que a
ciência do espaço e dos lugares. A aprendizagem depende da vinculação do debate e da discussão
do cotidiano do aluno devendo sair da esfera da excentricidade do ensino continuador da
conservação do que já existe.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É preciso descobrir novas formas de ver o mundo em que nós seres humanos vivemos, para
descobrir também novas alternativas sobre a utilização do método de ensino, há a necessidade da
relação entre a geografia, as outras ciências e a linguagem cotidiana. É interessante ressaltar que
para que haja mudanças necessárias no ensino da geografia, é preciso mostrar aos alunos o que é
propriamente o uso da geografia e suas inúmeras aplicações. Estudar a geografia é mais que abstrair
dos conteúdos as regras de estruturação deste conhecimento.
E, para finalizar, a utilização da metodologia em geografia não pode ficar preso à
conteúdos específicos e a verbalização apenas de determinados conteúdos, sem que os mesmos
estejam relacionados com outros conceitos e com a realidade do município do aluno. Pois a
aquisição efetiva desses conceitos, relacionados com outros, torna possível a compreensão dos
fenômenos que fazem parte da realidade objetiva. Dessa forma, o aluno estará apto a resolver
problemas não somente no âmbito escolar, mas também fora dele.
REFERÊNCIAS:
ALMEIDA, R. D. PASSINI, E. O espaço geográfico ensino e representação. 15 ed. São Paulo:
Contexto, 2010.
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O ENSINO DE GEOGRAFIA NA CONTEMPORANEIDADE COM USO DE
TECNOLOGIAS E A FORMAÇÃO DOCENTE
Rosana Soares de LACERDA
Professora substituta da UESPI
Judson Jorge da SILVA
Professor Assistente da UESPI
RESUMO Com o advento das tecnologias o ensino de Geografia tornou-se objeto de atualização devido à necessidade
induzida pela técnica da informação que se insere no processo de ensino. Com isso, o professor, profissional
responsável pela mediação entre o aluno e os conteúdos geográficos, tem a missão de buscar o
aperfeiçoamento contínuo de seus conhecimentos no tocante às novas tecnologias e também de seu próprio
conhecimento científico por meio da pesquisa contínua, para não tornar-se obsoleto no mundo docente e
atender as expectativas do ensino que paira na contemporaneidade.
Palavras – chave: Geografia – ensino – pesquisa – contemporaneidade.
INTRODUÇÃO
Diante dos desafios que se apresentam para a sociedade e, mais especificamente, para a
educação brasileira na contemporaneidade, faz-se mister salientar a importância do ensino da
Geografia na contribuição para a formação de cidadãos críticos e conhecedores de sua realidade,
sobretudo com implicações à gênese da ideia de contextualização e de pluralização que permeia
hoje na sociedade, considerando os meios de comunicação que ocupam lugar importante na vida
das pessoas, influenciando diretamente na sua forma de pensar e agir.
Este trabalho pretende abordar sobre a importância do ensino de geografia na atualidade,
explicitando uma concepção de ensino coerente com as demandas sociais contemporâneas, bem
como a respeito da importância da atitude do professor em assumir uma postura de constante
pesquisa ao longo de sua vida profissional, tendo em vista que o contexto atual é marcado por um
momento particular que se caracteriza pela inserção de novas tecnologias junto a novos métodos de
ensino, o que nos leva a crer que os professores tem de estar cada vez mais atentos a esta questão,
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uma vez que precisam manter-se atualizados e bem preparados para lhe dar com essas
peculiaridades dentro do sistema de ensino, incorporando em suas práticas o uso de tecnologias
relevantes para a formação cultural dos alunos.
DESENVOLVIMENTO
“A Geografia é a ciência do presente, ou seja, é inspirada na realidade contemporânea.”
(PCN, 2000, p. 30) e por intermédio de pesquisa bibliográfica constatou-se que esta se encontra
dentro de uma perspectiva evolutiva, mantendo-se moderna como sugere seus pressupostos, de
maneira que contribui para a formação de cidadãos críticos e conhecedores de suas realidades, por
meio do processo de ensino, como disciplina escolar, objetivando prepará-los para um agir em seu
cotidiano de forma consciente.
Diante do binômio ensinar-aprender leva-se em consideração uma série de aspectos, dentre
os quais, psicológicos, lógicos, pedagógicos e sociológicos e logo se deve pensar nos conteúdos a
serem ensinados, como ensiná-los, além de ter a percepção de como motivar o estudante aprender a
aprender. Segundo Cavalcanti (1998) nesse processo não são passivos nem o professor e nem o
aluno. O primeiro é ativo por fazer a mediação entre aluno e os objetos de conhecimento, já o
segundo, por ser o sujeito do processo.
O acesso aos conhecimentos por meio das tecnologias disponíveis como a internet, por
exemplo, contribui para que em muitas vezes o aluno esteja bem mais informado que o professor,
ou seja, já detém um conhecimento prévio em relação ao que se coloca em sala de aula. Dessa
forma, torna-se urgente, a adequação no tocante a formação dos jovens às necessidades da
sociedade refém do mundo globalizado. Nesse caso tende-se a considerar os saberes prévios dos
discentes buscando-se inseri-los em sua realidade próxima e concreta e da realidade da própria
escola, de forma a problematizá-los.
Delizoicov, Angotti e Pernambuco (2009) destacam que:
O universo das contribuições paradigmátias, como livros, revistas, suplementos de jornais
(impressos e digitais), videocassetes, CD-ROMs, TVs educativas e de divulgação científica
(sinal a cabo ou antena parabólica) e rede web precisa estar presente e de modo sistemático
na educação escolar (p. 37).
Tais autores sugerem que o uso desses recursos ocorra de forma racional e crítica e não
devido a interesses comerciais do meio tecnológico.
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Existem outros instrumentais que também podem e devem ser utilizados no ensino da
ciência geográfica, tais como jogos via internet, já que o público estudantil atual é bastante
familiarizado com o mundo informatizado e domina com facilidade as técnicas impostas por esse
meio. Pode ser utilizado o jogo de memória “Descobrindo o Brasil”, em aulas de Geografia do
Brasil. E em aulas sobre, população, meio ambiente, economia, indicadores sociais de qualquer
país, para não falar de outros temas, é pertinente o uso do site IBGE Países@, nele está disponível o
Mapa-múndi Digital do IBGE, contendo informações gerais de todos os países do globo. É
pertinente lembrar que essas ferramentas são utilizadas por intermédio do computador e deve ser
projetado através de Datashow para visualização e aprendizagem coletiva, porém alguns docentes
não os utilizam devido à falta de habilidades no manuseio desses recursos didáticos, o que torna seu
uso restrito, ou até mesmo o não uso. Sob esse enfoque cabe destacar que os profissionais do ensino
devem ser capacitados também nesse setor para conseguirem atuar com eficiência nos moldes atuais
do sistema de ensino.
Além de buscar desenvolver essas habilidades, o verdadeiro docente deve também
permanecer em constante mundo de pesquisa a qual se torna importante no tocante a valorização da
formação e da profissão. Segundo Pontuschka, Paganelli e Cacete (2009) citando Lüdke (2001),
essa prática “pode ser considerada um processo aglutinador de reflexão e crítica, uma facilitadora
da prática crítico-reflexiva, embora não seja necessariamente um desdobramento natural de
qualquer prática reflexiva” (p. 95). “Essa é a primeira condição para que o professor desempenhe
bem o seu papel” (PONTUSCHKA, In: 2002, p. 131).
É também fator condicionante no processo de ensino, ter domínio dos conteúdos e
desenvolver a capacidade de usá-los de maneira que possa desvendar e compreender a realidade
contemporânea, fazendo emergir sentido e significado na aprendizagem. Na concepção de Filizola
(2009, p. 35) “de nada adianta o professor ter conhecimento sobre determinada metodologia de
ensino se não tiver um conhecimento aprofundado sobre o que ensina”. É necessário que esse
profissional possua tal domínio porque os discentes chegam à escola com saberes e informações
desordenadas, cabendo à escola, com o auxílio do professor, sua ordenação e estruturação por meio
de um processo de decomposição dos conteúdos garantindo a consolidação da aprendizagem, e esta
decomposição está exatamente sob a incumbência do professor como mediador de conhecimentos.
Tendo em vista a magnitude dos fatos, fica evidente que se faz necessário uma formação
mais contundente que permita a esses profissionais uma postura autônoma, onde não temam no
momento de abrir mão de hábitos diários, garantindo que possam trilhar novos caminhos no
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Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1
processo de ensino. E para alguém se tornar um bom profissional de geografia essa formação deve
ser específica e continuada onde o docente consiga conhecimentos significativos que garantam a
compreensão de sua função social. Dentro dessa perspectiva o professor deve ter a preocupação de,
além de buscar sempre a continuação de sua formação, manter-se também atualizado com os
recursos tecnológicos para saber intervir e aproveitar essas nuances e não se prejudicar enquanto
educador.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, percebe-se que o professor além de precisar passar por uma formação de
qualidade precisa estar preparado para as peculiaridades no processo de ensino no mundo
contemporâneo. E enquanto atuante em sala de aula, deve trazer novas metodologias de ensino,
deixando de trabalhar somente com o livro didático como única fonte. No entanto, as boas
possibilidades de melhorias, tais como as habilidades dos alunos com o mundo tecnológico, ainda
não são aproveitadas de forma efetiva no ensino/aprendizagem, e também professores acomodados
ou desabilitados não utilizam, ao menos, o computador e o Datashow com uso de slides para
facilitar a compreensão do conteúdo por parte dos alunos.
O professor de Geografia que detém habilidades sobre esses recursos deve aproveitar-se da
familiaridade que o público estudantil da atualidade possui para com estes e incorporá-los no
processo de ensino, fazendo uso de jogos que contenham conhecimentos da ciência/disciplina, bem
como navegar pela internet, em sites confiáveis e seguros, utilizando-se destas ferramentas que os
discentes conhecem e incentivá-los a conhecer diversos lugares por meio de dados e imagens
cartográficas e fotográficas disponíveis na web, pois essa é uma boa possibilidade de despertar o
interesse dos alunos pelos conteúdos da disciplina. E aqueles docentes que não possuem tais
habilidades devem buscar adquiri-las o quanto antes, pois a dinamicidade atual do sistema de ensino
requer reciclagem e pesquisa constante do profissional que atua nessa área. E essa realidade só será
mudada através de uma mudança de postura do referido profissional como garantia de melhorias no
processo de ensino/aprendizagem e consequentemente no ensino de Geografia.
REFERÊNCIAS
CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia, escola e construção do conhecimento. Campinas,
SP: Papirus, 1998.
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Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1
DELIZOICOV, Demétrio; ANGOTTI, José André; PERNAMBUCO, Marta Maria. Ensino de
ciências: fundamentos e métodos. – 3ª ed. – São Paulo: Cortez, 2009.
FILIZOLA, Roberto. Didática da Geografia: proposições metodológicas e conteúdos entrelaçados
com a avaliação. Curitiba: Base Editorial, 2009.
LÜDKE, Menga. A pesquisa na formação do professor. In: ENCONTRO NACIONAL DE
DIDÁTICA E PRÁTICA DE ENSINO, 7., 1994, Goiânia. Anais... Goiânia, 1994. p. 297-303.
Apud, PONTUSCHKA, Nídia Nacib; PAGANELLI, Tomoko Iyda; CACETE, Núria Hanglei. Para
ensinar e aprender geografia. – 3ª ed. – São Paulo: Cortez, 2009.
PONTUSCHKA, Nídia Nacib. A Geografia: pesquisa e ensino. In:_____. CARLOS, Ana Fani
Alessandri. (Org). Novos caminhos da geografia. – São Paulo: Contexto, 2002. p. 111-139.
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OS CONCEITOS GEOGRÁFICOS E A INCLUSÃO DAS PESSOAS COM
NECESSIDADES ESPECIAIS NA ESCOLA PÚBLICA DE TERESINA- PI
Elayne Cristina Rocha DIAS
Graduanda do Curso de Lic. em Geografia pela UFPI- PARFOR
Cledimar Ferreira BARBOSA
Graduanda do Curso de Lic. em Geografia pela UFPI- PARFOR
Mugiany Oliveira Brito PORTELA
Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente DGH- UFPI
RESUMO
O presente estudo tem o objetivo de analisar as práticas pedagógicas utilizadas pelos docentes para o
processo de aprendizagem dos conceitos geográficos pelas crianças especiais nas séries iniciais do ensino
fundamental na escola pública de Teresina- Piauí. No embasamento teórico, foram considerados alguns
autores como: Castrogiovanni (2000); Correa (1982) e Lisboa (2007). Realizou-se uma pesquisa qualitativa,
através da observação direta e descrição das estratégias abordadas pelos professores das séries inicias,
aplicação de questionários do tipo semiestruturados, com amostra de oito (8) docentes que ministram aulas
de geografia nessa instituição. A pesquisa constatou que os professores das séries iniciais do ensino
fundamental da Escola Municipal Mário Covas, reconhecem que necessitam ter uma formação mais voltada
para o ensino de geografia; fazem o uso de poucos recursos didáticos voltados para a compreensão dos
conteúdos.
Palavras-chave: Geografia. Ensino. Inclusão
INTRODUÇÃO
Um dos temas bastante discutidos no meio acadêmico corresponde à inclusão de alunos
especiais em sala de aula regular. Poucos estudos têm investigado a forma de aprendizagem dos
conceitos das diversificadas disciplinas no ensino regular, como também elencar as dificuldades
enfrentadas pelos docentes e alunos para a aquisição do conhecimento e as práticas eficazes para a
aprendizagem de todos. A pesquisa apresentada foi realizada na Escola Municipal Mário Covas,
localizada na zona Sudeste de Teresina.
Assim, o objetivo geral proposto nesta pesquisa é analisar as práticas pedagógicas dos
professores das séries iniciais para o ensino da Geografia para com os alunos com deficiência; os
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específicos consiste em identificar a importância da Geografia, enquanto disciplina escolar, na
formação dos alunos especiais; identificar a disposição e utilização dos recursos didáticos
disponíveis na instituição de ensino e investigar os métodos de ensino utilizados pelos professores
voltados para o processo de aprendizagem desse grupo.
Neste sentido, a escolha deste tema justifica-se pela necessidade de dimensionar as estratégias
pedagógicas e a formação continuada dos professores de Geografia, resultando na maior preparação
das instituições de ensino para compreender esse grupo em suas potencialidades e diferenças diante
do seu cotidiano.
CONCEITOS E METODOLOGIAS APLICADAS NO ENSINO DE GEOGRAFIA
A Geografia é uma das ciências que nos auxilia na compreensão da relação intrínseca entre o
homem e o meio ambiente. Mesmo que seja através do conhecimento do senso comum, o indivíduo
consegue perceber a importância dessa disciplina em sua vida, por exemplo: através da localização
de um determinado local, sem perceber o educando se utiliza desse conhecimento. Dentro dos
conteúdos geográficos a categoria de lugar é um dos fundamentais para a aprendizagem dos
educandos. De acordo com Castrogiovanni (2000, p. 84)
Compreender o lugar em que vive, permite ao sujeito conhecer a sua história e
conseguir entender as coisas que ali acontecem. Nenhum lugar é neutro, pelo
contrário, é repleto de história e com pessoas historicamente situadas em um tempo
e em um espaço, que pode ser o recorte de um espaço maior, mas por hipótese
alguma é isolado, independente.
Assim, o professor ao repassar essa categoria de lugar para as crianças deve levar em
consideração não somente a parte estética do lugar, mas sim realizar juntamente com os alunos uma
reflexão crítica sobre os acontecimentos históricos e suas condições geográficas. Pode está
trabalhando com diversos recursos como: maquetes que auxiliam principalmente aos com
deficiência visual, permitindo a compreensão de aspectos fundamentais da Geografia,
documentários; filmes com uso de legendas irá facilitar a aquisição de conhecimentos por parte dos
deficientes auditivos.
A cartografia tátil como também o uso de computadores com programas específicos ocupam-se
da confecção de mapas e outros produtos cartográficos que podem ser utilizados por pessoas com
qualquer deficiência, mas especificamente para a visual. Sobre o conceito de paisagem Lisboa
(2007;p. 27) “relaciona a tudo que os sentidos humanos podem perceber e apreender da realidade de
determinado espaço geográfico ou parte dele, está diretamente relacionado à sensibilidade humana”.
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O espaço segundo Correa (1982;p.26 ) “o espaço geográfico é a morada do homem e abrange a
superfície da Terra”. Outro aspecto que deve ser considerado, que o espaço é um fator social e
inseparável do tempo. Assim, vale ressaltar que os profissionais de Geografia devem apresentar
atividades diversificadas que concilie os conteúdos com os conhecimentos do cotidiano do aluno
com necessidades especiais.
METODOLOGIA
Realizou-se uma pesquisa qualitativa, com observações participantes das aulas de geografia das
séries iniciais do ensino fundamental 1, analisando as técnicas e recursos adotados pelos professores
para o ensino de Geografia para com os alunos com necessidades especiais e sua compatibilidade
aos conteúdos propostos aos das diretrizes curriculares. Para um melhor embasamento desta
pesquisa utilizou-se questionários do tipo semiestruturados com oito (8) professores que ministram
aulas de geografia na condição de formados em outra especialidade.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A pesquisa demonstrou que na escola Municipal Mário Covas que o tempo de experiência
docente pelos professores nas séries iniciais do ensino fundamental, dos oitos (8) docentes quatro
(4) possui experiência acima de 10 anos, dois (2) com 1 à 5 anos, como também dois(2) professores
tem uma prática entre 6 à 10 anos. O gráfico 1 demonstra claramente o resultado.
Gráfico 1: tempo de experiência docente
Fonte: Pesquisa Direta, 2013
Com relação aos equipamentos e materiais, a instituição possui data show, vídeos, DVD, TV,
mapas, globos, aparelhos de som, quebra- cabeça, material dourado, revistas, livros, jornais,
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dicionários, atlas. Desses recursos, os utilizados em sala de aula com os alunos especiais para
explicação dos conceitos geográficos são: mapas e globos; livro didático e o quadro de acrílico.
Segundo o depoimento dos professores, sobre as metodologias e técnicas desenvolvidas na aula
de Geografia especificamente para com os alunos especiais, os resultados remetem à exposição oral
dos conteúdos com o uso do livro didático. Utilizam de vez em quando o trabalho com mapas e
atividade de campo.
No processo de ensino-aprendizagem os recursos aliado a motivação são estratégias
insubstituíveis para ser usada como estímulo na construção do conhecimento humano e é uma
importante ferramenta de progressão pessoal e de alcance de objetivos institucionais.
CONCLUSÃO
A pesquisa revelou que as dificuldades enfrentadas pela maioria dos professores da escola
Mário Covas está relacionada à falta de formação na área da geografia o que dificulta a explicação
mais aprofundada de questões inerentes da própria disciplina, necessitando ter uma formação
continuada específica o que não é proposto pela secretaria do município de Teresina.
Outro aspecto observado consiste na utilização das metodologias empregadas pelos professores,
sendo está uma prática oralista dos conteúdos e com uso de poucos recursos lúdicos para fixação da
aprendizagem significativa dos alunos especiais, o que leva muitas vezes a desmotivação e o
desinteresse dos mesmos.
REFERÊNCIAS
CASTROGIOVANNI; Antonio Carlos. Ensino de Geografia: práticas e textualizações no
cotidiano. Porto Alegre: Mediação; 2000.
CORREA, Roberto Lobato. Espaço Geográfico: algumas considerações. São Paulo: Hucitec,
1982, p. 25-34.
LISBOA; Severiana Sarah. Revista Ponto de Vista. Universidade Federal de Viçosa; v.4, n. 4;
2007
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OS RECURSOS DIDÁTICOS AUXILIANDO NO ENSINO DA GEOGRAFIA
Ana Carolina Nunes dos SANTOS
Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UEMA
Vanda Silva SANTOS
Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UEMA
Maria Tereza de ALENCAR
Professora Doutora em Geografia
RESUMO
Este trabalho tem como finalidade identificar o uso dos recursos didáticos no Ensino de Geografia,
procurando identificar as dificuldades encontradas na utilização em sala de aula. A pesquisa foi realizada em
uma escola pública estadual em Caxias - MA, com aplicação de questionário com o professor de Geografia e
com a diretora da escola. Podemos constatar que nas escolas já existem vários recursos disponíveis (Data
Show, TV, DVD), porém o recurso didático mais utilizado em sala de aula é o livro didático.
Palavras chave: Ensino de Geografia, Livro Didático, Recursos Didáticos.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho teve como objetivo verificar o uso dos recursos didáticos pelos professores
de Geografia procurando identificar as dificuldades encontradas no uso dos mesmos e a
contribuição no ensino de Geografia. A produção e utilização de recursos são elementos de grande
importância para o bom andamento do processo ensino-aprendizagem, em especial na atualidade,
com as novas linguagens e tecnologias que fazem parte da vida do aluno fora da sala de aula e que
devem está presente na escola e nas aulas de Geografia.
O trabalho foi desenvolvido a partir da pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo que foi
realizada em uma Escola Pública Estadual de Caxias – MA; com aplicação de questionário com o
Diretor e o professor de Geografia da escola para obter informações sobre os recursos didáticos
utilizados nas aulas de Geografia, além da observação de uma aula ministrada pelo professor de
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Geografia.
A pesquisa foi relevante para a vida dos acadêmicos, pois possibilitou o primeiro contato
direto com a escola e com o Professor de Geografia, observando seu trabalho em sala de aula,
recursos didáticos utilizados e as dificuldades encontradas na sua prática, permitindo maior
interação da universidade com a escola.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Os recursos didáticos são as ferramentas utilizadas pelo professor para facilitar o processo de
ensino aprendizagem, eles podem ser os mais simples, como pincel, apagador e os mais
sofisticados, como computador, data show, câmara digital. Estes auxiliam no processo ensino
aprendizagem, seu principal objetivo é facilitar o trabalho de mediação do professor para despertar
o interesse do aluno na aquisição do conhecimento. O processo de aprendizagem é realizado de
acordo com a metodologia de cada docente, alguns trabalham com o modelo tradicional utilizando
apenas livro e lousa para ensinar determinados assuntos, outros procuraram ser mais diferentes, ou
seja, mais modernos e práticos fazendo uso da tecnologia como base de ensino. (SANT‟ANNA;
SANT‟ANNA, 2004 )
Observamos que hoje nas aulas de Geografia os professores já trabalham com filmes, pois
através deles pode-se refletir a cerca das transformações contemporâneas não só no campo
educacional, mas no campo econômico. É importante ressaltar que todas essas técnicas de
conhecimento vêm por intermédio dos Retroprojetores, DVD, entre outros recursos que estimulam
o ensino aprendizagem. A intenção é proporcionar uma maneira mais didática de aprender
Geografia, levando em consideração o conteúdo a serem ministrados, os objetivos a serem atingidos
e o público alvo. Cabe ao professor a função de utilizar estas ferramentas como recurso
complementar ao livro didático de Geografia, com o fim de despertar no aluno uma percepção
crítica da realidade. (CASTROGIOVANNI, 1999)
Segundo Sant‟anna (2004), o professor é o maior componente da aprendizagem. Sua fala
tem não apenas poder de estímulo, mas atua inclusive como força geradora para a manifestação e
desenvolvimento de uma atitude crítica, inquisidora e realizadora por parte do aluno.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A presente pesquisa foi realizada na Escola Estadual Centro de Ensino Odolfo Medeiros,
localizado na Rua Clodomiro Cardoso Bairro Cangalheiro, Caxias – MA.
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Ao chegamos á escola procuramos a direção, onde nos apresentamos e perguntamos o nível de
ensino da escola, ela nos respondeu que é de nível fundamental e médio, é pública estadual com
uma grande quantidade de alunos matriculados.
Questionamos a diretora sobre os recursos audiovisuais existentes na escola, obtivemos como
resposta: TV, DVD, Retroprojetor, Computador, mapas, Data show, jornal, na qual os professores
de Português, Geografia, Inglês, Espanhol, fazem constante uso desses recursos.
Perguntamos ainda quais as dificuldades enfrentadas pela direção da escola quanto ao uso e a
manutenção dos recursos didáticos e a mesma ressaltou que grande parte dos professores não tem
habilidades necessárias para utilizar os recursos didáticos especialmente os de nível médio.
Questionamos também quantos professores de geografia existe na escola, a mesma respondeu
três, onde todos têm formação em licenciatura em geografia e que todo o corpo docente e discente
da escola possui o livro didático e, além disso, a escola realiza planejamento mensalmente.
Já terminando nossa entrevista a diretora explica que a escola possui biblioteca, laboratório de
informática e que os alunos frequentam periodicamente os respectivos ambientes com o
acompanhamento devido dos professores..
Na entrevista com o professor, questionarmos qual a sua formação, ano e tempo de experiência,
o mesmo respondeu que é pós-graduado em metodologia para o ensino de geografia, tendo
concluindo sua graduação em 2006, e que já possui 12 anos de experiência no magistério.
Perguntamos qual o livro didático adotado na escola o professor (a) respondeu: Conexões
Estudos de Geografia Geral e do Brasil, autores: Ligia Terra, Regina Araújo, Raul Borges
Guimarães, e que todos os alunos possuem um de uso individual, alegando que o livro é essencial
para uma melhor educação, utilizando assim outras fontes de ensino que facilita o ensino
aprendizagem.
O professor nos comunicou que os recursos didáticos utilizados em suas aulas são o quadro,
data show, livro, explicando que estes deixam as aulas prazerosas, e que os recursos audiovisuais
são de grande importância. O que nos chamou atenção, quando perguntamos se ele confeccionava
recursos didáticos para utilizar nas aulas de Geografia, falou que são criados mapas, globo, jogos
educativos, sendo de grande auxílio ás aulas de Geografia.
Indagamos também quais os critérios que ele elege para escolha do recurso didático que vai ser
utilizado na aula, o mesmo falou que são aqueles com conteúdo onde aparecem gravuras de mapas,
outros com questões baseados no ENEM (exame nacional do ensino médio) e desde que seja
adequada a realidade do educando.
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Partindo desses comentários perguntamos quais as dificuldades que ele encontra na utilização
dos recursos didáticos, obtivemos como resposta à disposição dos horários da escola, pois se tem 2
datas show, mais as vezes seu agendamento não é permitido pois outros professores irão utilizá-lo.
Outro fato importante foi quando perguntamos quais os recursos que tem maior aceitação dos
alunos, e a resposta obtida é que eles preferem filmes e muitas vezes não agradando a todos, pois
preferem um meio diferente.
O professor nos apresenta como sugestão para uma melhor otimização dos recursos didáticos: a
escola disponibilizar mais matérias como globo, mapas, bússola, alegando que a aprendizagem terá
melhor resultados.
Além do questionário, observamos que o professor (a) ministrou suas aulas com o uso de
mapas, globo, fazendo com que os alunos observem as localizações geográficas, pois o tema da aula
era “os mapas e as visões de mundo”, despertando assim a atenção de todos que ali estavam. Para
Castrogeovanni (1999) o uso do mapa como auxílio didático possibilita ao aluno mecanismos de
percepção visual e processos mentais que interacionam o entendimento e a memória em níveis
variáveis de abstração.
CONCLUSÃO
Os recursos didáticos são de fundamental importância à vida escolar, pois a partir do momento
que se discute as formas de ensinar e aprender, podemos observar inúmeras possibilidades de
recursos que estão a disposição dos professores de Geografia na Escola e que podem ser utilizados
de forma diversificada, dinamizando o processo ensino-aprendizagem. O papel da direção da escola
nesta transformação é fundamental, pois a mesma poderá ajudar o professor disponibilizando os
recursos ou ate mesmo solicitando certos recursos como forma de aprimoramento ao ensino.
REFERÊNCIAS
CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos (Orgs.) et al. Geografia em sala de aula. Porto Alegre:
Editora da UFRGS, 1999.
SANT‟ANNA, Ilza Martins; SANT‟ANNA, Victor Martins. Recursos educacionais para o
ensino. Quando e Por quê? Petrópolis. Vozes, 2004.
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OS RECURSOS LÚDICOS APLICADOS AO ENSINO DE GEOGRAFIA: UM
DIAGNÓSTICO DA ESCOLA MUNICIPAL MÁRIO COVAS
Elayne Cristina Rocha DIAS
Graduanda do Curso de Lic. em Geografia pela UFPI- PARFOR
Cledimar Ferreira BARBOSA
Graduanda do Curso de Lic. em Geografia pela UFPI- PARFOR
Mugiany Oliveira Brito PORTELA
Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente DGH- UFPI
RESUMO O presente trabalho tem como objetivos: analisar as estratégias, os métodos e a disposição dos recursos
lúdicos adotados pelos docentes para o ensino de geografia no ensino fundamental 1, na Escola Municipal
Mário Covas. A pesquisa é do tipo qualitativa, com aplicação de questionários do tipo semiestruturados, à
professores do 2º ano do ensino básico e a dois pedagogos desta instituição. Constatou-se a utilização de
poucos recursos lúdicos utilizados pelos educadores, como também a falta de qualificação dos mesmos para
ministrarem a disciplina, apesar de possuírem uma relevante experiência docente.
Palavras-chave: Lúdico. Professor. Geografia. Educando
INTRODUÇÃO
Acredita-se que por meio do lúdico o aluno satisfaz em grande parte seus desejos e
interesses particulares, permitindo a inserção na realidade, expressando sua maneira de refletir, de
ordenar, construir e reconstruir o mundo que o cerca. A pesquisa apresentada foi realizada na
Escola Municipal Mário Covas, localizada na zona Sudeste de Teresina.
O presente trabalho tem como objetivo geral analisar as estratégias adotadas pelos professores
do ensino fundamental 1 durante as aulas de Geografia, os específicos são: identificar a disposição e
os métodos utilizados pelos mesmos; conhecer os conteúdos de Geografia trabalhados no 2° ano da
educação básica da escola pública e sua relação com os recursos lúdicos.
A escolha do tema justifica-se pelo fato da constante desvalorização da geografia no ensino
fundamental menor, como também, por que muitas crianças chegam ao ensino fundamental maior
(6º ao 9ºano), com poucos ou nenhum conhecimento geográfico, acarretando insatisfação dos
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professores graduados nessa disciplina.
OS RECURSOS LÚDICOS COMO INSTRUMENTO FACILITADOR DO PROCESSO DE
ENSINO E APRENDIZAGEM
Acredita-se que brincando e jogando, o educando direciona seus esquemas mentais para a
realidade que o cerca, assimilando-a melhor. Por meio das atividades lúdicas é possível expressar,
assimilar e construir a realidade. Segundo Negrine (2000, p. 38)
A capacidade lúdica está diretamente relacionada à sua pré-história de vida.
Acredita ser, antes de mais nada, um estado de espírito e um saber que
progressivamente vai se instalando na conduta do ser devido ao seu modo de vida.
Nesse sentido, faz-se necessária a utilização de metodologias inovadoras e estimulantes, partindo
sempre do espaço vivido pelo aluno, permitindo a reflexão e identificação de diversificados
aspectos da realidade principalmente da relação entre a sociedade e o meio ambiente. Conforme os
Parâmetros Curriculares Nacionais,
O ensino de Geografia pode levar os alunos a compreenderem de forma mais
ampla a realidade, possibilitando que nela interfiram de maneira mais consciente e
propositiva. Para tanto, porém, é preciso que eles adquiram conhecimentos,
dominem categorias, conceitos e procedimentos básicos [...]. (BRASIL, 1998,
p.108).
Com relação à turma do 2º ano do ensino fundamental 1, o conteúdo geográfico abordado
corresponde a categoria do Lugar, sendo essa relacionada aos espaços afetivos vinculados às
pessoas. Segundo Lisboa (2006, p. 29) lugar é “como parte do espaço geográfico apropriado para a
vida, onde se desenvolvem atividades cotidianas ligadas à sobrevivência e às diversas relações
estabelecidas pelos indivíduos”.
O docente pode adotar ainda outras metodologias pertinentes para o estudo do lugar que
poderão ser de grande utilidade e adequados para a sala de aula, tais como, artigos de revistas,
jornais, fotografias, livro didático etc. Músicas, expressa nas melodias a relação das pessoas com o
seu meio, seus comportamentos e sentimentos diante do lugar. É importante ressaltar que a
atividade lúdica, independente do recurso ou material utilizado, não trará os resultados almejados se
não forem bem direcionadas e planejadas corretamente.
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METODOLOGIA
Realizou-se uma pesquisa qualitativa, com observações participantes das aulas de geografia do
2° ano do ensino fundamental 1, analisando as técnicas e recursos adotados pelos educadores e sua
compatibilidade aos conteúdos propostos aos das diretrizes curriculares. Para um melhor
embasamento desta pesquisa utilizou-se questionários do tipo semiestruturados com três (3)
professores que ministram aulas de geografia na condição de formados em outra especialidade, e
dois (2) pedagogos desta respectiva classe escolar.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
No sentido de identificar as metodologias aplicadas no ensino de Geografia da educação básica
do fundamental 1, foi questionado aos professores desse ano sobre a formação acadêmica, em que
apenas uma professora apresenta curso de especialização na área de alfabetização e duas possuem
apenas a graduação em Pedagogia. Sobre as metodologias e técnicas empregadas na aula de
Geografia, os resultados remetem à exposição oral dos conteúdos com o auxílio do livro didático, a
partir dos conhecimentos prévios dos educandos.
A fotografia 1 a seguir mostra alguns dos recursos lúdicos disponíveis na escola municipal
Mário Covas e alguns são utilizados pelas professoras durante as aulas de Geografia, com o objetivo
de aprofundar os conceitos geográficos no ensino fundamental menor.
Fotografia 1: Recursos cartográficos
Fonte: Barbosa, (2012).
Os recursos principalmente os cartográficos, são importantes instrumentos de auxílio ao
professor no processo de explanação de conteúdos geográficos relacionados à orientação e
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localização no espaço geográfico. Com sua utilização, o aluno pode obter informações relacionadas
não somente à localização, mas sobre o clima, relevo dentre outros aspectos de um determinado
lugar.
CONCLUSÃO
A pesquisa demonstrou que as professoras do ensino fundamental 1 da Escola Municipal Mário
Covas, reconhecem que necessitam ter uma formação mais voltada para o ensino de geografia no
fundamental 1, mas enfatizam que a própria Secretaria de Educação e Cultura de Teresina- SEMEC,
possibilitam aos docentes uma capacitação voltada para as outras áreas de conhecimento.
A partir do exposto pode-se concluir que há uma necessidade de valorização da disciplina de
geografia por parte das professoras de modo geral e também da própria Secretaria de Educação,
pois a mesma contribui para as discussões e aprofundamento de questões relacionadas ao espaço
vivenciado pelos discentes e sua comparação com outros lugares.
De acordo com os dados obtidos faz-se necessária uma mudança metodológica das professoras
no ensino da disciplina de Geografia, devendo enriquecer suas aulas com atividades mais lúdicas e
com uso de vários recursos didáticos que estão disponíveis na escola. Portanto, os educadores do
ensino fundamental 1, deveriam considerar o lúdico amplamente em suas práticas pedagógicas
como um instrumento de auxílio no desenvolvimento e na aprendizagem desses alunos, pois o
“brincar”, não é apenas um mero passatempo, mas sim um meio de construção de novas habilidades
e conhecimentos.
REFERÊNCIAS
BARBOSA, Cledimar Ferreira. 1 fotografia colorida, 2012.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares
Nacionais: Geografia. (3º e 4º ciclos do ensino fundamental). Brasília: MEC, 1998.
LISBOA, Severina Shara. A importância dos conceitos da geografia para a aprendizagem de
conteúdos geográficos escolares. Revista Ponto de Vista, v. 4, 23-35, 2006.
NEGRINE, Airton. Aprendizagem e desenvolvimento infantil. Porto Alegre: Propil, 2000.
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XIII SIMPÓSIO DE GEOGRAFIA DA UESPI – “Reflexões e desafios do pensar e do fazer geográfico frente à complexidade do
mundo atual” – Teresina (PI): 22 a 25 de outubro de 2013.
Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1
RECURSOS DIDATICOS E ENSINO DE GEOGRAFIA
H. M. ALMEIDA
Raquel dos Santos LIMA
Maria Tereza de ALENCAR
RESUMO
Os recursos didáticos passaram a ocupar um espaço significativo na sociedade a escola não pode ignorar a
realidade dos educandos, e desse modo surge à necessidade do uso de novos procedimentos didáticos que
envolvem práticas tecnológicas de informação. Utilizar os recursos didáticos a fim de facilitar a
aprendizagem é de suma importância em qualquer disciplina, porém a utilização destes recursos nas aulas de
Geografia é mais importante ainda, pois esta permite a compreensão do lugar, da região e do mundo. A
partir de pesquisa realizada em uma Escola Pública Municipal de Caxias- MA, foi constatado que o recurso
didático mais utilizado pelo professor de Geografia, é o livro didático.
Palavras-chave: Recursos didáticos, geografia, ensino, professor, aluno.
INTRODUÇÃO
A utilização dos recursos didáticos tais como: TV, filmes, internet, e demais tecnologias
implica em uma tomada de atitude do professor em buscar conhecê-los e fazer uso corretamente em
sala de aula. O importante é que os professores observem se há aspectos significativos relacionados
com a sua matéria e os recursos audiovisuais, e procurem estabelecer uma estratégia coerente com o
conteúdo e objetivos a serem alcançados na disciplina Geografia.
A pesquisa foi realizada na escola Nossa Senhora dos Remédios em Caxias-MA, com o
objetivo de identificar os recursos didáticos existentes na escola, verificar como eles são usados
pelos professores de geografia na sala de aula. No primeiro momento foi realizada a pesquisa
bibliográfica, seguida de pesquisa na escola com aplicação de questionário ao Diretor da Escola e ao
Professor de Geografia para obtenção dos dados visando atender aos objetivos propostos.
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Foi realizada observação das aulas proporcionando momentos de proximidade dos
acadêmicos de Geografia do CESC/UEAMA com os alunos em sala de aula, percebendo que tipo
de relação eles tem com os conteúdos de Geografia e os recursos didáticos utilizados pelo professor,
o que eles esperam aprender nas aulas e como a Geografia pode ajudá-los em suas vidas.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Os recursos didáticos tem a importância de prender a atenção dos educandos deixando a aula
dinâmica e participativa para que eles se interessem pelo assunto. Assim o professor de geografia
tem que buscar recursos que aproximem a realidade do aluno, como a música e a televisão, aliada a
documentários e slides que ajudam a refletir e tirar dúvidas do cotidiano. Esses recursos didáticos
tornam as aulas mais dinâmicas e menos monótonas, sendo mais um suporte para o educador
manter a atenção dos alunos, (MASETTO, 1997).
A adoção do uso de recursos didáticos no ensino da Geografia contribui para uma maior
compreensão da sociedade, do processo de uso e ocupação dos espaços naturais, baseado nas
relações do homem com o ambiente e seus desdobramentos políticos sociais, culturais e
econômicos. O ensino de Geografia deve estimular o aluno a compreender e intervir
significativamente na realidade em construção e os recursos são indispensáveis na mediação desse
processo. (PASSINI, 2011)
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A presente pesquisa foi realizada na escola Nossa Senhora do Remédio localizada no bairro
Castelo Branco, Rua Bela Vista, S/N – Caxias - MA.
Para a pesquisa de campo foi realizada utilizando como técnicas de coletas de dados o
questionário aplicado com a diretora da escola e o professor de geografia, além de observações das
aulas com o objetivo de realizar um diagnóstico sobre a utilização dos recursos didáticos pelos
professores de geografia.
Ao perguntarmos ao Diretor da Escola quais recursos didáticos que a escola dispõe, foi
respondido, televisão, DVD, computador, data show e revistas. Questionamos sobre qual disciplina
o professor utiliza com mais frequência recursos didáticos, foi apresentado às disciplinas de
Geografia, Português, História. Perguntamos sobre quais dificuldades enfrentadas pela direção da
escola quanto o uso da manutenção dos recursos didáticos, foi respondido que a dificuldade esta na
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resistência de alguns professores ao fazerem uso dos recursos em suas aulas. Ao questionamos
sobre a quantidade de professores de Geografia existente na escola, a diretora respondeu que existe
dois professores, com graduação e especialização.
Questionamos ao professor se todos os alunos possuem o livro didático e foi respondido que
sim. Perguntamos qual o recurso didático mais utilizado em suas aulas, e por que, foi apresentado o
data show por ser um recurso que estimula a observação e atenção dos alunos, tornando a aula
dinâmica. Sobre os recursos audiovisuais disponíveis na escola, foi respondido o data show,
televisão e aparelho de som. Quanto aos recursos didáticos utilizados nas aulas de Geografia que
tem maior aceitação pelos alunos e por que, foi respondido que o data show, revistas e músicas, que
são os que mais atraem a atenção dos alunos; as imagens e os sons tornam as aulas mais ilustrativas.
Ao perguntamos sobre a sua formação e o ano de conclusão de curso foi respondido que possui
Licenciatura Plena em Geografia e conclui em 2008. Perguntamos qual o livro didático adotado na
escola, foi apresentado o livro projeto Araribá.
CONCLUSÃO
Devemos perceber que a Geografia está presente no nosso dia-dia e não apenas nas salas de
aula quando estamos estudando. Temos que partir do estudo com o auxilio de elementos visíveis,
que facilitam mais nossa compressão ao se comparar com o uso de conceitos, afinal o livro é apenas
um instrumento que auxilia na didática do ensino. O uso de vários recursos nas aulas torna-as mais
dinâmicas e prazerosas, oferecendo aos alunos diversas fontes para o entendimento de determinado
assunto; os recursos didáticos auxiliam para uma aprendizagem mais significativa.
REFERENCIAS
PASSINI, Elza Yasuko. Prática de Ensino de Geografia e estágio supervisionado. São Paulo:
Contexto, 2011.
MASETTO, Marcos. Didática. A aula como centro. São Paulo: FTD, 1997.
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EIXO 02:
GEOGRAFIA E QUESTÕES
AMBIENTAIS
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A CONTRIBUIÇÃO DA GEOMORFOLOGIA AMBIENTAL NA ANÁLISE DE ÁREAS
DEGRADADAS NO PERÍMETRO URBANO DE TIMON-MA
Rafael José MARQUES
Graduado em Geografia - Universidade Estadual do Piauí - UESPI
Esp. em Geografia e Especializando em Gestão Ambiental - UESPI
Profª. Msc. Elisângela Guimarães MOURA FÉ.
Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente - UFPI
RESUMO
O presente trabalho aborda a importância do conhecimento geomorfológico na análise de áreas degradadas
causada pela atividade de extração de minerais não metálicos, como massará, seixo e outros, considerando
diversas alterações negativas ao meio ambiente como: degradação da paisagem, do solo, do relevo. O
objetivo geral é relacionar os estudos geomorfológicos nas questões ambientais, na degradação do relevo e
solo, analisando os impactos ambientais decorrentes da mineração no perímetro urbano de Timon/MA,
localizando-se nas proximidades do bairro Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Os objetivos específicos são:
fazer a revisão do conceito da geomorfologia ambiental; Identificar os fatores de degradação do solo;
Apresentar estudo de caso identificando possíveis meios para a mitigação, recuperação da área degradada. A
metodologia utilizada inicial foi a pesquisa bibliográfica disponível, pesquisa de campo para observação do
local degradado com registro fotográfico e análise de imagens do google earth. Os resultados obtidos foram
identificação in loco dos efeitos negativos da mineração, causando alterações bastante visíveis, nas
proximidades do Conjunto Residencial Padre Delfino I e II, na região oeste da cidade; identificação da
participação do órgão ambiental do município que está presente em algumas fiscalizações e defende como
maior problema a ausência do Plano de Controle Ambiental (PCA), e a inexistência de Plano de Recuperação
de Área Degradada (PRAD) no local de extração mineral.
Palavras-chave: geomorfologia ambiental, degradação, Timon-MA.
INTRODUÇÃO
O conhecimento da ciência do relevo, a Geomorfologia, tem sido cada vez mais relevante no
que diz respeito aos aspectos relacionados nas questões ambientais, particularmente, nos estudos de
áreas degradadas. A Geomorfologia é a ciência que integra aspectos que envolvem conhecimento
das atividades sócias e ambientais, que são fundamentais aos estudos e pesquisas voltados às ações
de caráter aplicativo, ou seja, usar verdadeiramente a teoria em atividades de campo Christofoletti
(1980) e Marques (2007). Ela tem como principal objeto de estudo as formas de relevo,
investigando os processos que deram origem a essas formas e os materiais que foram trabalhados
nesses processos que implicam suas diferentes formas. A Geomorfologia passa a ter um importante
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papel, juntamente com a Pedologia, no diagnóstico de áreas degradadas, porque todas, ou quase
todas, as atividades que os seres humanos desenvolvem na superfície terrestre, estão sobre alguma
forma de relevo e algum tipo de solo.
A ciência geomorfológica procura compreender as formas de relevo em diferentes escalas
espaciais e temporais, explicando sua gênese e evolução, Marques (2007). Para tanto, associa os
conhecimentos em vários campos do saber, como a Pedologia, Climatologia, a Geologia, a
Biogeografia, e a própria Geografia. Isso porque as formas de relevo e os processos associados têm
sua origem na combinação dos eventos que ocorrem no interior do planeta (forças endógenas) e no
exterior (forças exógenas). Este trabalho tem como objetivo geral relacionar os estudos
geomorfológicos nas questões ambientais, na degradação do relevo e solo, analisando os impactos
ambientais decorrentes da mineração no perímetro urbano de Timon/MA, localizando-se nas
proximidades do bairro Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Os objetivos específicos são: fazer a
revisão do conceito da Geomorfologia Ambiental; Identificar os fatores de degradação do solo;
Apresentar estudo de caso identificando possíveis meios para a mitigação, recuperação da área
degradada. A metodologia utilizada inicial foi a pesquisa bibliográfica disponível, pesquisa de
campo para observação do local degradado com registro fotográfico e análise de imagens adaptadas
do google earth. A Geomorfologia é uma ciência que integra atividades sociais e ambientais, por
isso este trabalho justifica-se sendo relevante relacionado está ciência na análise de áreas
degradadas considerando a degradação da paisagem, do solo, do relevo.
DESENVOLVIMENTO
A Geomorfologia Ambiental é o ramo da ciência que dá suporte teórico e conceitual para o
levantamento de questões relacionadas ao uso dos recursos naturais análise das propriedades do
terreno, como também aponta medidas a serem tomadas para amenizar a ação impactante das ações
humanas sobre o ambiente. Guerra e Marçal (2009) define a geomorfologia como estudos das
formas de relevo, lavando-se em conta a sua natureza, origem, desenvolvimento de processos e a
composição dos materiais envolvidos. E ainda diz:
Geomorfologia ambiental tem como tema integrar as questões sociais às análises da
natureza e deve incorporar, em suas observações e análises, as relações políticas e
econômicas e sociais que são fundamentais na determinação dos processos e nas
possíveis mudanças que acontecem e podem acontecer no ambiente. (GUERRA e
MARÇAL, 2009).
A Geomorfologia Ambiental procura abordar as temáticas que se relacionam às questões
ambientais no âmbito urbano e rural e ao planejamento, destacando diversas aplicações do
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conhecimento geomorfológico em várias atividades socioeconômicas, como turismo, recursos
minerais, recursos hídricos, em estudos ambientais, erosão de solos, diagnóstico de áreas
degradadas e sua recuperação e tantos outros. Ressalta-se, segundo Guerra e Marçal (2009) que o
conhecimento no aporte teórico que envolve o conceito de paisagem é fundamental para que
possam ser estabelecidas propostas de trabalhos, no âmbito da Geomorfologia Ambiental. A própria
Geomorfologia, através de seu caráter ambiental, pode ser privilegiada, tendo em vista possuir
metodologias e ferramentas de grande importância para as pesquisas ambientais que podem definir
e espacializar as interações entre os diferentes componentes do meio natural. A discussão sobre a
ação do trabalho da Geomorfologia ambiental na análise de degradação ambiental e ou áreas
degradadas é dita por Guerra e Cunha (2010, p. 337), diz:
O estudo da degradação ambiental não deve ser realizado, para que o problema
possa ser entendido de forma global, integrada, holística, deve-se levar em contar as
relações existentes entre a degradação ambiental e a sociedade causadora dessa
degradação que, ao mesmo tempo, sofre os efeitos e procura resolver, recuperar,
reconstituir as áreas degradadas. CUNHA e GUERRA, (2010).
De acordo com Williams, Bugin e Reis (1990), a degradação de uma área ocorre quando a
vegetação nativa e a fauna forem destruídas, removidas, e a qualidade e regime de vazão do sistema
hídrico forem alterados. A degradação ambiental ocorre quando há perda de adaptação às
características físicas, químicas e biológicas e é inviabilizado o desenvolvimento socioeconômico.
Em Timon-MA contendo uma população estimada de 161.721 mil habitantes. E com uma área da
territorial de 1.743,246 Km² e densidade demográfica de 89,18 hab/Km², segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, 2013. Na cidade Possui áreas de extração de minerais
não metálicos, sendo extraídos, com destaque para o Conjunto Residencial Padre Delfino I e II em
Timon, região oeste da cidade, tendo em torno de 600m², são quase que exclusivamente os
materiais para construção civil e que constituem matéria- prima, essenciais para o sistema de
urbanização municipal e desenvolvimento integrado da região, a exemplo da areia, da argila, da
pedra de revestimento e dos calcários. A figura a seguir caracteriza o local que ocorre a degradação.
Figura 01; próprio autor, 2013.
Área degradada nas proximidades do Conjunto Residencial Padre Delfino I
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Os minerais extraídos verificados na pesquisa são: massará, areia, pedras para pavimentação
em paralelepípedo e Argilas. Sobre os processos de extração de materiais e também quanto ao
minerador apresentar o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas - PRAD ou plano de controle
ambiental - PCA, não existe nenhum requerimento neste sentido. No que se refere no perímetro
urbano do município. No que se refere às ações dos gestores públicos em relação à questão, existem
várias no município, através do seu órgão ambiental, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e
Recursos Naturais (SEMMARN) de Timon-MA. Sendo que os exploradores de tais áreas serão
chamados e obrigados apresentar um PRAD para a área em que atua, deverá ser acompanhado
através da assinatura de termo de compromisso e ajustamento de conduta ou lavratura de Autos de
Infração (AI), o que pode resultar em multas. Logo abaixo está a localização da área, sem o devido
PRAD.
CONCLUSÃO
Práticas de alterações ambientais sem o devido controle, planejamento e uso da legislação
devem ser evitadas, extintas, pois coloca em risco a qualidade do ambiente e da sociedade. Na
extração mineral, devem ser tomadas medidas para controle da erosão, da impermeabilização do
solo, da perda de fertilidade pela remoção contínua de nutrientes, da perda da matéria orgânica,
planejamento para implantação da revegetação da área. E a Geomorfologia Ambiental é de
fundamental importância no auxilia de diagnósticos de espaços degradados e seu prognóstico, para
uma possível recuperação e conservação ambiental. Entende-se assim que a atividade de mineração
tem que ser feita de acordo com a legislação ambiental, como exemplo a Política Nacional do Meio
Ambiente e o código de mineração, de forma a garantir uma exploração sustentável dos recursos
Figura 02; imagem adaptada do google earth, 2013.
Localização da área degradada I
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naturais, com o mínimo de impacto.
REFERÊNCIAS
BRASIL, Instituto de Geografia e Estatística - IBGE. Disponível em: http://www.ibge.gov.br.
Acesso em: 19 set. de 2013.
CHRISTOFOLETTI, Antônio. Geomorfologia. 2ª ed - São Paulo. Blucher, 1980.
GUERRA, A. J. T.; CUNHA, S. B. Geomorfologia e Meio Ambiente. 8ª. ed. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 2010.
______; MARÇAL, Mônica dos Santos. Geomorfologia Ambiental. Rio de Janeiro, Bertrand
Brasil. 2009, 190p.
MARQUES, Jorge Soares. Ciência Geomorfológica. In: GUERRA, A. J. T.; CUNHA, S. B. Org.
Geomorfologia: uma atualização de bases e conceitos. 7ª Ed. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil,
2007, 23 – 45.
WILLIAMS, D. D.; BUGIN, A; REIS, J. L. B. C. Manual de recuperação de áreas degradadas
pela mineração: técnicas de revegetação. Brasília: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais – IBAMA,1990. 96p.
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A PROBLEMÁTICA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS EM TERESINA – PIAUÍ
Sergio Carlos dos Santos VIANA
Graduando do curso de Gestão Ambiental da UNOPAR/TERESINA
Bartira Araújo da Silva VIANA
Orientadora: Professora Doutora de Geografia da UFPI
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo analisar a problemática do lixo urbano em Teresina-Piauí, enfocando
a importância dos catadores de lixo na segregação informal ou formal do lixo para minimizar a degradação
ambiental. A pesquisa partiu da percepção de que o acúmulo de lixo nas grandes cidades tem aumentado
muito, e com o crescimento populacional, esses centros urbanos têm encontrado dificuldades em conseguir
locais para instalarem depósitos para todo o lixo produzido. A metodologia utilizada no trabalho foi a
pesquisa bibliográfica em textos e artigos científicos, principalmente em sítios da internet, pesquisa de
campo para registro fotográfico e realização de entrevista não-estruturada. Constatou-se na pesquisa que o
trabalho realizado por catadores de lixo e cooperativas em Teresina possui grande importância para região
onde está inserida, pois além de promover empregos diretos e indiretamente atua na remoção de resíduos
sólidos, diminuindo a quantidade de lixo gerado na cidade, proporcionando o estabelecimento de uma
sustentabilidade urbana.
Palavras-Chave: Resíduos Sólidos. Catadores de lixo. Teresina.
INTRODUÇÃO
O acúmulo de lixo nas grandes cidades tem aumentado muito, e com grande crescimento
populacional, esses centros urbanos têm encontrado dificuldades em conseguir locais para instalarem
depósitos para todo esse lixo. Logo, a reciclagem tem sido estimulada como forma de colaborar para sanar
esse problema.
Assim, a participação de catadores na segregação do lixo, seja nas ruas, nos lixões ou nos aterros,
permite compreender a relação da população marginalizada com o lixo, a partir do estabelecimento de
estratégia de sobrevivência com a comercialização desses materiais. O vidro, o plástico, o papel e o metal
entre outros podem ser reciclados e reutilizados, minimizando a poluição da natureza e amenizando os
impactos futuros ao meio ambiente.
Dessa forma, o trabalho justifica-se pela necessidade de sensibilização social quanto às questões
relacionadas ao reaproveitamento dos resíduos sólidos, pois este permitirá um ambiente menos poluído
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proporcionando à sociedade uma melhor qualidade de vida. Nessas condições, constitui-se objetivo deste
trabalho analisar a problemática do lixo urbano em Teresina-Piauí, enfocando a importância dos catadores de
lixo na segregação informal ou formal do lixo para minimizar a degradação ambiental.
DESENVOLVIMENTO
Fundamentação Teórica
Calderoni (2003 citado por RIBEIRO FILHO; SANTOS, 2008) considera que “O conceito de lixo e
de resíduo pode variar conforme a época e o lugar. Depende de fatores jurídicos, econômicos, ambientais,
sociais e tecnológicos”. O fato é que, de uma forma geral, lixo e resíduo denotam termos com significação
muito próximas uma da outra.
Dessa forma, a disposição final dos resíduos sólidos, “[...] é um dos graves problemas
ambientais enfrentados pelos grandes centros urbanos de todo o planeta e tende a agravar-se com o
aumento do consumo de bens descartáveis”. (ENSINAS, 2003 citado por LANDIM; AZEVEDO,
2008, p. 62). De acordo com Barros et al (1995 citado por LANDIM; AZEVEDO, 2008), várias
doenças podem ser transmitidas quando não há coleta e disposição adequada do lixo. Os
mecanismos de transmissão são complexos e ainda não totalmente compreendidos.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) conforme previsto na Lei 12.305/2010
(BRASIL, 2010) tem vigência por prazo indeterminado e horizonte de 20 (vinte) anos, com
atualização a cada 04 (quatro) anos e contemplará o conteúdo mínimo conforme segue: I -
diagnóstico da situação atual dos resíduos sólidos; II - proposição de cenários, incluindo tendências
internacionais e macroeconômicas; [...]; V - metas para a eliminação e recuperação de lixões,
associadas à inclusão social e à emancipação econômica de catadores de materiais reutilizáveis e
recicláveis; [...]; X - normas e diretrizes para a disposição final de rejeitos e, quando couber, de
resíduos; [...]. (BRASIL, 2011).
Dessa forma, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída em 2010, contribuirá para
minimização da problemática dos lixões e aterros controlados nas diversas cidades brasileiras, a
exemplo de Teresina.
METODOLOGIA
A metodologia utilizada no trabalho foi a pesquisa bibliográfica em textos e artigos
científicos, principalmente em sítios da internet, pesquisa de campo para registro fotográfico e
realização de entrevista não-estruturada.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Gestão de resíduos sólidos no município de Teresina
Na cidade de Teresina está presente uma secretaria estadual para tratar das questões
ambientais, recebendo a denominação de Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do
Piauí (SEMAR), que é responsável pela formulação da Política Estadual de Meio Ambiente e de
Recursos Hídricos. Além desta Secretaria existem as Superintendências de Desenvolvimento
Urbano (SDU‟s), distribuídas pelas quatro zonas da cidade.
A Lei federal 12.305/2010 que trata dos Resíduos Sólidos obriga a todo gerador desse
material a fazer não só a gestão completa dos seus resíduos como também a destinação correta.
(BRASIL, 2010). Atualmente os resíduos sólidos de Teresina são dispostos em um aterro
controlado de 50 ha localizado na altura da BR 316 na Zona Sul à 17 km do centro da cidade. O
acesso à área é realizado por via vicinal com pavimentação primária. O depósito de lixo é de
propriedade da Prefeitura Municipal a qual também é responsável por sua operacionalização.
(TERESINA, 2007).
Em Teresina a disposição final de resíduos é realizada de forma precária, não atendendo aos
padrões sanitários de referência pois é utilizado um aterro controlado. Também se verifica a
disposição de lixo a descoberto, provocando a presença de urubus, não atendendo aos padrões,
desprovido de sistema de tratamento de efluentes líquidos, gases e de resíduos diferenciados
(TERESINA, 2007). Vale lembrar que a gestão pública de resíduos no estado ainda é deficiente e se
dá nos moldes tradicionais, tratando os resíduos como lixo, no sentido de algo inservível,
desprezando a potencialidade de gerar renda com materiais descartados, reforçando, por outro lado,
posturas de uma sociedade cada vez mais consumista.
Lixo urbano e os catadores de lixo em Teresina
Foi realizada uma entrevista a presidente da Cooperativa de Catadores de Lixo do Parque
Dagmar Mazza, localizado na zona Sul de Teresina, no dia 02 de junho de 2013 para obter
informações sobre o sistema de Coleta seletiva desenvolvido por Cooperativas em Teresina. De
acordo com as informações obtidas na entrevista com 365 famílias moradores do Parque foram
cadastradas para realizar coleta seletiva de lixo destinada à referida Cooperativa, porém devido à
demora no processo de implantação, somente 22 famílias, numa primeira etapa de implantação da
mesma foram treinadas pelo SEBRAE com cursos de Reciclagem, Administração, Relações
Humanas e Meio Ambiente, entre outros, para permitir um trabalho mais profissional (COSTA,
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2013).
Na entrevista a presidente relatou a importância da implantação efetiva da Cooperativa dos
Catadores de Lixo do Parque Dagmar Mazza prevista para ocorrer no mês julho de 2013. A mesma
relatou que o empreendimento é resultado da união de forças das esferas públicas e Organizações
Não-governamentais (ONG‟s). Percebeu-se durante a entrevista o interesse financeiro no trabalho
realizado, pois é uma importante fonte de renda para diversas famílias da comunidade, assim como
se percebeu a existência de grande concorrência entre os atravessadores, ou seja, pessoas que
compram o lixo dos catadores e revendem para as empresas por valores bem superiores aos
contratos com os trabalhadores.
Vale enfatizar que a reciclagem diminui o volume de lixo, melhorando a questão ambiental
e sanitária do município de Teresina, o volume de lixo que precisa ser aterrado diminui, gera vários
empregos diretos e indiretos gera renda e promove o sentimento de cidadania.
CONCLUSÃO
Constatou-se na pesquisa que a legislação, a exemplo da Lei dos Resíduos Sólidos, está
sendo modificada para criar um novo ambiente para captação, tratamento e destinação do lixo a fim
de garantir um meio ambiente mais limpo e sustentável diante dos avanços sociais e econômicos
alcançados na capital.
Essa nova política propõe uma integração na gestão dos resíduos sólidos a partir da
cooperação entre as diferentes esferas do poder público, o setor empresarial e demais segmentos da
sociedade diante da gestão do ciclo de vida dos produtos consumidos.
Vale enfatizar que o trabalho realizado por catadores de lixo e cooperativas em Teresina
possui grande importância para região onde está inserida, pois além de promover empregos diretos
e indiretamente atua na remoção de resíduos sólidos, diminuindo a quantidade de lixo gerado na
cidade, proporcionando o estabelecimento de cidades mais sustentáveis.
Faz-se necessário, portanto, fomentar o planejamento integrado em Teresina, para
equacionar este problema, levando em conta os aspectos ambientais, urbanísticos, tecnológicos,
sociais e econômicos, para que se garanta a eficácia da aplicabilidade de uma política que atenda
aos interesses da sociedade sem degradar o meio ambiente.
REFERENCIAS
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Plano Nacional de Resíduos Sólidos: Versão Preliminar
para Consulta Pública. Brasília, 2011. Disponível em:
http://www.mma.gov.br/estruturas/253/_publicacao/253_publicacao02022012041757.pdf. Acesso
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Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1
em: 28 abr. 2013.
______. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos;
Altera a lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Diário Oficial da União.
Brasília, DF, 03 ago. 2010. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
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LANDIM, Ana Luiza Pinto Ferreira; AZEVEDO, Lizandra Prado de. O aproveitamento
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RIBEIRO FILHO, F. G.; SANTOS, L. P. dos. A questão da coleta seletiva de resíduos sólidos para
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Coordenação, 2007.
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mundo atual” – Teresina (PI): 22 a 25 de outubro de 2013.
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AÇÃO ANTRÓPICA NA BACIA DO RIO POTI NO PERÍMETRO URBANO DE
TERESINA
Adalgiso Barbosa de ARAÚJO NETO
Graduando do curso de Licenciatura em Geografia da UFPI
Gracielly Portela da SILVA
Graduanda do curso de Licenciatura em Geografia da UFPI
Bartira Araújo da Silva VIANA
Professora Doutora de Geografia da UFPI
RESUMO O presente trabalho tem como objetivo expor a problemática da poluição do rio Poti na zona urbana de
Teresina. A pesquisa partir da percepção da notória quantidade excessiva de dejetos poluentes que são
despejados diariamente nesse rio. A metodologia empregada no trabalho se deu mediante a pesquisa
bibliográfica em livros e artigos, como também em sites. Constatou-se na pesquisa que em decorrência da
poluição do rio Poti ocorre à proliferação rápida do número de aguapés e canaranas, principalmente no
período na qual há pouca vazão desse recurso hídrico. Conclui-se, para que se tenha uma diminuição da
poluição no rio é necessária uma ação conjunta das autoridades competentes e da sociedade de forma geral.
Palavras-Chave: Poluição. Rio Poti. Aguapés. Teresina
INTRODUÇÃO
Está cada vez mais presente o debate sobre a importância da prevenção contra a poluição da
água, em vista que o uso irracional e a poluição dos rios e lagos podem provocar a diminuição das
reservas de fontes de águas doces, caso não há nenhuma tomada de precaução a respeito da
poluição.
O maior causador da poluição das águas é o próprio ser humano, através principalmente do
lixo produzido em suas atividades diárias que são despejados constantemente nos rios, sem
nenhuma ou pouca fiscalização por partes das autoridades, provocando a deteriorização dos rios,
sobretudo aqueles que cortam grandes e médias cidades.
O presente trabalho tem como objetivo expor a problemática da poluição do rio Poti na zona
urbana de Teresina. A pesquisa parte da percepção notória da quantidade de dejetos poluentes que
são despejados diariamente no rio. Sendo possível perceber a poluição do rio Poti através do
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surgimento anual de um exorbitante número de aguapés, principalmente no período na qual há
pouca vazão desse recurso hídrico.
DESENVOLVIMENTO
Fundamentação Teórica
A cidade de Teresina surgiu em 1852, mais especificamente em 21 de julho de 1852 através
da Resolução 315, publicada pela Assembleia Legislativa Provincial, que elevava a Vila Nova do
Poti a categoria de cidade (MELO; BRUNA, 2009), no entanto a data oficial de aniversário de
Teresina é do dia 16 de agosto. Segundo Façanha (2004), durante os primeiros anos de fundação da
cidade de Teresina, tentou-se implantar um modelo de padrão colonial, na qual se caracterizava por
um traçado composto de 18 quadras no sentido Norte-Sul e 12 quadras no sentido Leste-Oeste.
Façanha (2004) destaca também que a década de 1950 é considerada um “divisor de águas”
no que se refere às mudanças na organização interna da cidade de Teresina, onde se pode destacar
desse período a construção da ponte dos Noivos sobre o rio Poti, construção essa que ligou a zona
leste de Teresina a região do centro da cidade e outras áreas da capital. Essa construção facilitou o
povoamento de novos bairros nessa área, tais como o Bairro de Fátima, Jóquei e o Bairro São
Cristóvão e consequentemente contribuiu para a expansão física e populacional da cidade de
Teresina.
Entre os anos de 1950 e 1980 aconteceram mudanças significativas na organização espacial
interna da cidade de Teresina, pois além da construção da ponte dos Noivos houve também a
construção de novas avenidas, como por exemplo, a construção na Zona Sul da Avenida Barão de
Gurguéia e Avenida Miguel Rosa. A partir do surgimento dessas avenidas houve também a
construção de conjuntos habitacionais na Zona Sul, onde se pode destaca a construção do bairro
Parque Piauí, Promorar, Bela Vista e outros.
Desde sua criação, a cidade de Teresina, atrai pessoas e investimentos públicos nas áreas de
habitação e estrutura urbana, o que vem fazendo com que o número de habitantes se eleve e
consequentemente novas áreas são ocupadas. Com essas novas ocupações, as áreas de mata nativa é
reduzida, a demanda por água potável cresce, assim como o lixo gerado na cidade aumenta.
Uma das principais áreas afetadas diretamente com esse processo de expansão urbana da
cidade de Teresina são as regiões próximas aos rios Poti e Parnaíba. Entre essas áreas, o rio Poti
passa a ser degradado, principalmente por causa dos esgotos lançados sem tratamento e a expansão
imobiliária próxima as suas margens, na zona urbana de Teresina.
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No que se refere às características gerais do rio Poti, desde a nascente até sua foz em
Teresina, pode-se destacar que essa Bacia Hidrográfica desse rio abrange os estados do Ceará e do
Piauí possuindo no total uma área de 49.800 Km², na qual segundo a Semar (PIAUÍ, 2010), no
estado do Piauí a Bacia Hidrográfica do rio Poti possui uma extensão total de 39.050 Km².
O rio Poti nasce no estado do Ceará através da junção dos riachos Santa Maria e Algodões
nas proximidades da cidade de Algodões. De acordo com Lima (1982), o alto curso do rio Poti
localiza-se em área de escudo cristalino, já no seu médio e baixo curso as características geológicas
são de áreas de bacia sedimentar com camadas de formações justapostas sucessivamente e
paralelamente, em camadas sub-horizontais.
Ao longo de sua extensão o rio Poti passa a ter um caráter permanente somente a partir da
cidade de Prata do Piauí quando recebe o seu maior tributário, o rio Berlengas que oferece um
processo de alimentação interna, ao fim do período chuvoso, devido à baixa profundidade do seu
lençol freático (LIMA, 1982).
Metodologia
A metodologia empregada no presente trabalho se deu mediante a pesquisa bibliográfica em
livros e artigos, como também em sítios eletrônicos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em Teresina, devido ao péssimo sistema de esgotos somado com a falta de consciência
ambiental da população, tem-se percebido uma iminente degradação ambiental, que poderá levar o
rio Poti à morte, em razão da exorbitante quantidade de efluentes que são despejados diariamente
nesse recurso hídrico, gerando assim, o aparecimento anual de aguapés e canaranas no período de
uma menor vazão, que corresponde os meses de agosto a setembro (TERESINA, 2013).
Segundo a Agência Municipal de Regulação de Serviços Públicos de Teresina, apenas 17%
da cidade de Teresina tem o sistema de rede de coleta e tratamento de esgotos (TERESINA, 2013).
Dessa forma, em decorrência da pequena cobertura da rede de esgotamento sanitário, somado ao
mau planejamento urbano de Teresina, os esgotos domésticos acabam que sendo despejado
diretamente no rio Poti sem receber o devido tratamento, ocasionando a formação dos aguapés e
canaranas ao longo do leito desse rio, transformando-o em uma grande lagoa de decantação, por
falta de saneamento.
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O aparecimento dos aguapés e canaranas é fruto da grande quantidade de efluentes que são
jogados no rio pelas as galerias de esgotos localizadas a margem do Poti. O secretário estadual de
Meio Ambiente e Recursos Hídricos, professor Dalton Melo Macambira diz que infelizmente o rio
vem sendo tomado em quase toda sua extensão pelos os aguapés e canaranas, principalmente no
período de menor vazão, época em que o rio perde sua maior capacidade de autodepuração (PIAUÍ,
2010).
CONCLUSÕES
O crescimento desordenando dos aglomerados urbanos provoca cada vez mais a destruição
do meio ambiente, devido aos vários fatores que não são encarados com a devida importância,
como por exemplo: o uso e a ocupação desordenada do solo próximo às margens dos rios nas
grandes e médias cidades, a diminuição das áreas verdes e o aumento da pavimentação, são causas
que proporciona um desequilíbrio maior no meio natural.
A ocupação próxima às margens do rio Poti em Teresina é bem perceptível, pois são áreas
que estão localizados inúmeros prédios residenciais e comerciais, sendo que estes estão ligados
diretamente à problemática da poluição do rio, porque são essas construções as maiores lançadoras
de efluentes e resíduos sólidos no Poti.
Para que se tenha uma diminuição da poluição no rio é necessária uma ação conjunta das
autoridades competentes e da sociedade de forma geral, só assim haverá uma diminuição das cargas
poluentes recebidas diariamente pelo rio Poti. Saber preservar a natureza é o meio mais sensato para
a prolongação da vida humana na Terra. Assim, deve-se atuar de forma racional e consciente com
relação aos recursos naturais, visando um desenvolvimento mais sustentável, a partir da
minimização dos impactos ambientais.
REFERÊNCIAS
FAÇANHA, Antonio Cardoso. A evolução urbana de Teresina um olhar panorâmico da cidade. In:
Desmitificando a Geografia: Espaço, Tempo e Imagens. Teresina: EDUFPI, 2004.
LIMA, Iracilde Maria M. F. Caracterização Geomorfológica da Bacia Hidrográfica do Poti.
Tese de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro,
1982.
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MELO, Constance de Carvalho Correia Jacob; BRUNA, Gilda Collet. Desenvolvimento urbano e
regional de Teresina, Piauí, Brasil e sua importância no atual quadro de influência na Rede Urbana
Regional no Brasil. In: CONGRESSO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL DE CABO
VERDE, 1, CONGRESSO LUSÓFONO DE CIÊNCIA REGIONAL, 2, 2009, Cidade da Praia,
Cabo Verde. Anais... Cidade da Praia: UniPiaget, 2009. Disponível em: <
http://www.apdr.pt/congresso/2009/pdf/Sess%C3%A3o%2037/245A.pdf >. Acesso em: 12 fev.
2013.
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do Estado do Piauí. Relatório síntese. Piauí. 2010.
TERESINA, Prefeitura Municipal. Agência Municipal de Regulação de Serviços Públicos de
Teresina - ARSETE. Teresina: 2013.
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ANÁLISE DO USO E OCUPAÇÃO (DO SOLO) NO ENTORNO DA PLANÍCIE DE
INUNDAÇÃO NO BAIRRO SÃO JOÃO MUNICÍPIO DE TERESINA – PIAUÍ
Aline de Araújo LIMA
Pós-graduada em Gestão Ambiental pelo Centro de Ensino Unificado de Teresina e Licenciada em Geografia pela
Universidade Federal do Piauí.
RESUMO
Entender o processo de uso e ocupação de uma determinada porção do espaço requer uma profunda análise
do grau de ocupação que esse solo pode suportar bem como a se há adequação no uso desse lugar.
Atualmente, todo e qualquer porção do solo urbano merece estudo referente ao uso. Dessa forma, este estudo
tem como objetivo fazer uma análise do uso e ocupação do solo em torno da lagoa localizada no bairro São
João, no município de Teresina, capital do Piauí através de pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo e
análise mapas e imagens de satélite, para avaliar a atual situação da instalação de pessoas no referido espaço.
A conclusão foi que a ocupação e o uso indevidos deste espaço bem como a instalação de equipamentos
urbanos têm provocado transtornos incalculáveis especialmente para população residente.
Palavras-chave: Planejamento, Ocupação do Solo, Qualidade ambiental, Ecologia da paisagem.
INTRODUÇÃO
O limite do meio ambiente, a capacidade de suporte e a ausência de planejamento no uso e
ocupação do solo, especialmente o urbano, têm gerado transtornos incalculáveis àqueles que
residem nas cidades. Quanto ao uso do solo, os fatores econômicos têm ditado regras na utilização
dessa fração do espaço geográfico. No entanto, há fatores relevantes a serem considerados, pois se
referem ao limite no uso desse solo tais como os fatores ecológicos, biológicos, humanos e físicos.
Entender o quanto o espaço é afetado pelo o uso inadequado e excessivo leva especialistas
a elaborar inúmeros questionamentos que colaboram para entender o quanto o meio ambiente é
relegado nos processos de planejamento e de gestão dos órgãos governamentais. Pois o fenômeno
da urbanização acentuou-se no Brasil a partir da década de 1960 e só tem se acentuado ao longo do
tempo (IBGE, 2010, p. 10-11).
Contudo, é no espaço que se assentam os seres humanos, e isso é inevitável, bem como
suas realizações, e é neste mesmo local que sofrerão as consequências das decisões equivocadas dos
incluindo de gestores locais.
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Este artigo tem como objetivo realizar estudo de caso sobre os impactos ambientais
gerados a partir do uso e ocupação do solo no entorno da lagoa (área de inundação) no Bairro São
João, no município de Teresina – Piauí.
No espaço a ser estudado nesse trabalho procura-se analisar a atual situação do grau de
ocupação que esse lugar pode suportar tendo em vista que essa área consiste em um ecossistema
lacustre, que foi densamente ocupada de forma inadequada provocando inclusive transtornos à
população residente às suas margens, em especial no período chuvoso, já que a planície de
inundação natural, que outrora se caracteriza como uma lagoa, do rio Poti não foi protegida e
respeitada, causando enchentes e alagamentos típicos desse período no município de Teresina.
Dessa forma, o estudo pretendeu preencher essa lacuna no planejamento urbano da capital
piauiense, sendo que este é apenas um dos lugares nessa cidade em que o meio ambiente foi
desconsiderado no processo de assentamento humano, seja institucionalizado ou não.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Considerar os aspectos naturais e físicos no processo de assentamento da população
urbana, a fim de se evitar futuros transtornos não só aos ocupantes daquela área, mas também a
gastos públicos com soluções paliativos ou que poderiam ter sido evitados. Os aspectos econômicos
e sociais são os mais considerados em sanar as necessidades por moradia.
Ao planejar, a incapacidade em integrar os elementos da paisagem, entende-se recursos
naturais e humanos, está presente na obra de Tricart (1977), tratando se suscetibilidade do solo e
certos usos. Para ele a organização ou reorganização do território exige um diagnóstico preliminar
ao estudo do zoneamento, torna-se necessário conhecer as aptidões dos terrenos para construção,
principalmente as limitações por eles impostas. (apud. NUCCI, 2006, p. 6)
Com isso, o homem passa a se apropriar do espaço, independente das condições físicas que
este apresenta, mas para suprir suas necessidades básicas e sociais, cabendo assim ao poder público
instituído zelar pelo bem-estar de seus cidadãos, garantindo e eles condições favoráveis de
sobrevivência, assentando-se em lugares seguros e salubres.
Nos ambientes lacustres, ou em torno destes, no caso do objeto de estudo deste trabalho, as
áreas construídas ficam inundadas com uma chuva forte, pois esse é o comportamento natural da
lagoa, e essas inundações acabam atingindo as regiões adjacentes, trazendo congestionamentos,
estragos as habitações e prejuízos à população residente.
Monteiro coloca que “a inundação não é apenas uma questão ligada às componentes
lineares de um rio, estando mais comprometida com as características areolares do
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escoamento superficial e ao uso do solo urbano” (Monteiro, 1980, p. 71). Ou seja, o
comportamento dos corpos hídricos é natural e a interferência da população é que acaba por
comprometer o aspecto natural de deslocamento de avanço e recuo das águas.
O Novo Código Florestal (lei nº 12.651, de 25.05.12, art. 4º, alínea II) declara, em linhas
gerais, como área de preservação permanente as localizadas ao longo dos rios, ao redor de lagoas,
reservatórios, nas nascentes, no topo de morros, montes, montanhas e serras, nas encostas com
declividade superior a 45°. Na mesma lei a prática do aterramento de lagoas continua a ser realizada
livremente pela população, mesmo sendo tão prejudicial ao município, por todas as razões
apresentadas anteriormente.
Com isso, a área objeto de estudo desse trabalho deveria ser considerada uma região
prioritária no que diz respeito à preservação e planejamento adequado do seu uso e seu aterramento
deveria ter sido impedido tanto no que diz respeito aos aspectos legais quanto por aspectos naturais
impactados.
As planícies de inundação caracterizam-se pela existência de vários habitats aquáticos e
transicionais entre o ambiente aquático e terrestre, que se diferenciam quanto a morfometria, grau
de comunicação com o rio principal e com tributários secundários e quanto a hidrodinâmica. O
estudo da origem de lagos é um dos ramos mais fascinantes da geomorfologia, e tem sido objeto de
estudo de vários ramos da ciência, especialmente a Geologia, a Geografia e a Biologia (JUNK e
FURCH, 1984 apud ESTEVES, 1988, p. 33).
Dessa forma, ao longo do seu curso muitos riachos que formam lagoas que são tributários
do rio Poti, somadas às planícies de inundação que são alimentados especialmente no período
chuvoso formando assim um ecossistema típico principalmente no perímetro urbano de Teresina.
METODOLOGIA
O presente trabalho foi realizado através de pesquisa bibliográfica sobre a temática
abordada, bem como em websites de instituições científicas sejam públicas ou privadas, e mais duas
visitas de campo foram realizadas, a primeira com intuito de fazer uma análise prévia, e a segunda
para constatação das conclusões elaboradas após os dados recolhidos e efetuar observações in loco.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Duas representações cartográficas foram resultantes desse trabalho a primeira
representando a extensão e localização da área estudada, adaptada pela autora a partir do trabalho de
VERAS (2010), que desenvolveu seu trabalho utilizando os softwares ArcGIS 9.3 (ESRI), licença
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ArcView; e a segunda um mapa temático de uso e ocupação da área estudada a partir de imagem do
Google Earth, com o SIG Global Mapper, delimitada a partir das coordenadas geográficas com
demarcação das ocupações de maior relevância com as cores lilás e branco, e da área da lagoa em
verde. Identificando dessa forma, a intensidade no grau de ocupação em torno da área.
Dentre as conclusões deste trabalho a mais evidente é a despreocupação do poder público
ou da comunidade com o meio ambiente que o cerca, com a fragilidade e grau de suporte dos
terrenos em que se instala. As consequências são prejuízos tanto localizados quanto regionais,
comprometendo a qualidade de vida da população e gerando impactos ambientais graves.
Foi possível também classificar qual tipo de lagoa a partir de sua gênese, baseados nos
princípios da limnologia, contribuindo para ações de planejamento mais adequadas ao tipo de
ambiente a qual se pretende interferir.
Apesar de um sistema de drenagem existente na área, esta não é adequada ao tipo de
material que acaba sendo carreado, prejudicando o desempenho e comprometendo a manutenção
desse equipamento tão necessário a manutenção do leito do rio.
Dessa forma, apesar dos danos serem irreversíveis e irreparáveis, ainda é possível propor e
interferir nessa realidade, com ações mais adequadas e procurando minimizar o que for possível.
CONCLUSÃO
Pensar o espaço geográfico de forma integrada é um desafio para a ciência, estados,
sociedade em geral. Mas, não pode ser relegado a uma utopia. Faz-se necessário que todos os ramos
da sociedade possam tentar ultrapassar essa barreira.
Essa área estudada é apenas uma que reflete essa lacuna e para a qual todos devem
preencher em prol de uma qualidade de vida para todos, e meio ambiente sustentável e equilibrado.
Integrar os anseios da população e a preservação dos recursos naturais é mais do que um
desafio, é uma necessidade de sobrevivência da humanidade.
REFERÊNCIAS
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ESTEVES, Francisco de Assis. Fundamentos de Limnologia. Editora Interciência. FINEP, 1988.
IBGE. Censo Demográfico 2001 – 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2010.
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MONTEIRO, Carlos Augusto. A questão ambiental no Brasil (1960-1982). São Paulo: GEOG/USP,
Série Teses e Monografias, 1980.
NUCCI, José. Carlos. Qualidade ambiental e adensamento urbano. Curitiba: Edição do autor,
2006.
TRICART, Jean. Ecodinâmica. Rio de Janeiro: IBGE, 1977.
VERAS. Daniel Silva. Desenvolvimento de aplicativo webmapping para disponibilização na web
de dados da rede hospitalar pública do bairro Centro Teresina – Piauí. Teresina: IFPI, 2010.
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ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DO RIO PIAUÍ EM SÃO RAIMUNDO
NONATO-PI
Gláucio Fernando NEGREIROS
Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI
Elizabeth Abreu de Sousa SANTANA
Professora da Universidade Estadual do Piauí (UESPI)
RESUMO O meio ambiente em especial os recursos naturais como a água, vem sofrendo com a ação imensurável do
homem na natureza A poluição, seja atmosférica, hídrica ou sonora dentre outras, é um dos principais
problemas que a sociedade atual tem que enfrentar e encontrar meios de evitar ou mitigar. Com isso o Rio
Piauí tem sido pauta de vários debates na cidade de São Raimundo Nonato, nesses mesmos debates a
revitalização do Rio apresenta-se sempre entre as três prioridades de planejamento ambiental da cidade. No
entanto, passam-se anos e nada vem acontecendo para mudar a realidade do Rio Piauí. O presente trabalho
tem por finalidade, fazer uma análise dos impactos negativos ocasionados no Rio Piauí através de uma
percepção ambiental dessas causas.
Palavras-chave: Percepção; ambiental, rio Piauí, revitalização, análise.
INTRODUÇÃO
O Rio Piauí é um afluente do Rio Canindé e nasce na Serra das Confusões em Caracol,
passando pelos municípios de Caracol, Jurema, Anísio de Abreu, Várzea Branca, Bonfim do Piauí,
passando pelo município de São Raimundo Nonato, Coronel José dias, Dom Inocêncio, São João,
Canto do Buriti e outros até desaguar no Rio Canindé abaixo da Cidade de Oeiras, mas os impactos
estudados nessa pesquisa serão limitados à cidade de São Raimundo Nonato.
Impacto ambiental é uma alteração no Meio Ambiente ou em um dos seus componentes por
ação de uma determinada atividade. Os resultados dos Impactos Ambientais, ou seja, as alterações
no meio ambiente têm consequências negativas e positivas, em geral, negativas. No entanto, deve-
se buscar de forma rigorosa mitigar os impactos negativos ao meio ambiente e os seus efeitos
nocivos. O trabalho aqui apresentado buscou levantar o seguinte questionamento: como se dão os
impactos ambientais presentes no Rio Piauí? A partir daí objetiva-se executar a elaboração do
estudo ora proposto. Junto a isso, pressupõe-se que à sociedade após conhecer os aspectos
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específicos e locais da poluição do corpo d‟água do Rio Piauí a mesma se preocupará e/ou com a
situação ora vivida, de escassez de água potável.
ESTUDO DOS IMPACTOS
A poluição da água e da atmosfera, o desflorestamento, o uso incorreto da terra, a degradação
dos recursos hídricos entre outros, caracterizam os problemas ambientais mais agravantes no mundo
contemporâneo. Com o crescimento populacional, onde o ser humano tem cada vez mais a
necessidade de consumir, principalmente nas ultimas décadas, com as práticas de descarte dos
resíduos. Vê-se que essa prática hoje generalizada tanto nos grandes centros urbanos, como também
na zona rural e principalmente nas periferias. No entanto, a „culpa‟ não pode ser dada somente a
estas gerações, tendo em vista que se pode observar essa prática desde o princípio das sociedades.
Quanto ao conceito de Impacto Ambiental, vale citar o que consta no Art. 1º da Resolução
CONAMA. (BRASIL, 1986). onde menciona que qualquer alteração das propriedades físicas,
químicas ou biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia
resultante das atividades humanas, que direta ou indiretamente afetem:
I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II - as atividades sociais e econômicas;
III - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
IV - a qualidade dos recursos ambientais
Sabe-se que os impactos ambientais prejudicam a vida da população de um modo geral, e para
conservar é preciso conhecer a dinâmica do local. No entanto, a sociedade atual prioriza os recursos
econômicos meta principal, essa busca por lucro no sistema capitalista acarreta na poluição do meio
ambiente, pois, não há preocupação e nem educação ambiental.
Isso se assemelha com a abordagem de (Mendonça 2010, p38) enfatiza que: “ a busca da
produtividade de matérias prima muito se destruiu em termos de sociedade e de ambiente dos países
subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, e a industrialização, que neles deveria promover
desenvolvimento social, agravando as desigualdades sociais. Diante desse contexto, um estudo mais
aprofundado do rio que tem o nome homônimo do estado Piauí é necessário e relevante para
compreensão de fatores que ocasionam sua degradação.
O rio Piauí sofre com constantemente ações antrópicas como: lixo lançados nos terrenos baldios
e principalmente no rio Piauí em grande quantidade, o assoreamento causado pela população, existe
também o lançamento de grande quantidade de esgotos, oriundos de residências, estabelecimentos
comerciais provocando uma grande poluição. Claro, que estudos detalhados em laboratório quanto à
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poluição da água também são necessários, mas o questionamento feito no início dessa pesquisa foi
respondido de forma satisfatória. Uma vez, que percebido os impactos apresentados, deve-se
aprofundar na pesquisa para melhor compreensão e estudo dos fatores e grau de impactos negativos
ocasionados por tais ações.
Quando, ainda, o desconhecimento das consequências dos impactos ambientais fazia as
populações a se despreocupar com certas atitudes ecologicamente corretas. Como lembra (Sadler,
1996) apud et all (Iris 2004, p. 24), “as atividades humanas são impactantes a todos compartimentos
ecológicos da terra como atmosfera, clima, hidrosfera, litosfera, pedosfera, biosfera, população
humana, economia, energia, transporte e fatores sociais”.
Para que os objetivos deste projeto fossem atingidos, o presente trabalho faz referência em sua
pesquisa aos principais problemas do Rio Piauí localizado no trecho urbano do município de São
Raimundo Nonato, que em sua maioria são causados pelos homens, tornando os principais
contribuintes na transformação, e modificação do meio ambiente, e a paisagem tornou-se resultado
da intervenção humana, e a partir dos diversos contatos do homem para com a natureza, e com o
passar dos anos essas relações se tornaram conflitantes a ponto de nos dias atuais percebermos cada
vez mais a necessidade de preservação do meio ambiente. Isso Permite que o estudo fosse realizado
seguindo os métodos quantitativo (guiado por pesquisa de campo e questionários fechados de coleta
de opinião) e qualitativo (sendo desenvolvido a partir de pesquisas bibliográficas em livros, artigos
científicos, monografias, teses, etc).
CONCLUSÃO
Planejar é uma atividade intrínseca do ser humano que deseja obter sucesso em qualquer
atividade, e no contexto da Geografia e do Meio Ambiente não é diferente. O planejamento
transforma em sinônimo de qualidade e de maiores possibilidades de êxito por criar condições para
avaliar os riscos, verificar os passos a serem seguidos, abrandar os erros e assegurar os resultados.
Desta forma, este trabalho buscou enfatizar a importância de um planejamento ambiental para
proteção dos recursos naturais existentes. Através desse estudo sobre a percepção dos impactos
ambientais no Rio Piauí no município de São Raimundo Nonato (PI).
Para tanto a população precisa ser inserida nesses planejamentos uma vez que, os problemas
ocasionados são principalmente por ação do homem. Quanto às propostas de revitalização do Rio
Piauí já foram sugeridos na cidade até na campanha da Fraternidade a fim de chamar atenção da
população, partindo de autoridades municipais e estaduais para contribuir com a revitalização do
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Rio. No entanto, não adianta as ações do Governo, se população não se sensibilizar para que as
transformações e conservação do patrimônio natural aconteçam. Para modificar a situação em que a
população sanraimundense se encontra em relação ao Rio Piauí é preciso mudar o modo de agir,
entretanto, isso só será possível se houver a mudança de pensamento e atitude. O que nos levará a
uma mudança de paradigmas, passando de um paradigma econômico para o paradigma ambiental,
buscando um presente e um futuro mais promissor. E essa construção se dá a partir de novas
relações entre o homem e a natureza dentro do contexto ambiental.
REFERÊNCIAS:
BRASIL. Resolução CONAMA nº 001 de 1986. Disponível em: BRASIL. Ministério do Meio
Ambiente. Resolução CONAMA nº 001 de 1986. Disponível em:
http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html. Acesso em 26/05/2013.
IRIAS, L. J. M.; GEBLER, L.; PALHARES, J. C. P.; ROSA, M. F.; RODRIGUES, G. S.
Avaliação de impacto ambiental de inovação tecnológica agropecuária. Aplicação do Sistema
Ambitec. Agric. São Paulo, São Paulo, v. 51, n. 1, p. 23-39, jan./jun. 2004.
MEDONÇA, F. A. Geografia e meio ambiente. 8 ed., 3ª reimpressão. São Paulo: Editora,
contexto Atlas, 2011.
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AS REPERCUSSÕES DA SECA DE 2012 NA COMUNIDADE LAGOA DO CABOCLO,
ANÍSIO DE ABREU-PI.
Luana Ribeiro dos SANTOS
Graduanda do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI
Ícaro Cardoso MAIA
Professor do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI
RESUMO Esta pesquisa tem como objetivo compreender as repercussões da seca na vida do homem do campo na
comunidade Lagoa do Caboclo no ano de 2012, zona rural de Anísio de Abreu. Pois é necessário
compreendermos a dinâmica da região, seja em aspectos culturais, sociais, seja em aspectos climáticos,
buscando assim entender a estiagem e conviver com a mesma. Sabemos que a estiagem é característica da
região semiárida, entretanto, seu prolongamento acarretou na seca do ano de 2012, provocando uma serie de
consequências que, para a maioria, trouxe dificuldades na convivência com a mesma. Já para os donos dos
carros-pipa, ao lado de alguns agentes políticos, a seca se torna um negócio lucrativo. É de grande
relevância para todos da região como também para estudiosos interessados nessa área conhecer e buscar
meios que ajudem a enfrentar possíveis secas que ainda estão por vir, sem afetar tantos os hábitos das
pessoas como a rotina dos animais, que tem sofrido muito com esse fenômeno, chegando a morrer por falta
de água. A vegetação também tem sentido as consequências da seca, podendo ser citado como exemplo o
caso do marmeleiro (Cróton Sonderianus) que em alguns trechos da comunidade não renasceu com as
primeiras chuvas, pois essa planta tem a característica de renascer e florescer com as primeiras chuvas que
caem no bioma caatinga.
Palavras chaves: seca; semiárido; sertanejo; repercussões.
INTRODUÇAO
Cada uma das grandes secas que ocorreram foi desastrosa para a economia, pois
provocaram a morte de vários animais, trazendo um declínio na quantidade de carnes que saiam das
regiões afetadas para abastecer outras regiões, influenciando na produção agrícola, que se torna
mínima nestes períodos, e ate mesmo de pessoas que não tinham o que beber ou comer chegando a
falecer.
Atualmente ocorre ainda uma intensa migração de pessoas da região do semiárido
piauiense para outros locais em busca de emprego, principalmente, para São Paulo, e retornam
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quando começa a chover para cuidarem das roças, principalmente do plantio de feijão e milho,
produtos que são armazenados, pra ser utilizados no período não chuvoso, e quando há excedente
eles vendem, auxiliando na renda. Entretanto, em anos de ocorrência das secas, não conseguem
guardar para o consumo, e não há excedente.
Alencar (2010. P,17) faz alusão ao fato de o abandono das áreas rurais estar ligado às
atividades econômicas nelas desenvolvidas, além da concentração fundiária e a falta de apoio aos
agricultores familiares. Isso faz com que saiam dessas áreas rurais em busca de novas
possibilidades, no entanto, convém destacar que mesmo assim a agropecuária é a principal a
atividade existente no semiárido.
A região semiárida gera incerteza, pois tem anos que chove no período esperado e ate mais
que o previsto, e anos em que chove abaixo da média causando esses dramas aos sertanejos,
levando-os a procurar outros meios de sobrevivência, ou tornando-os dependente da assistência do
governo. Este deveria investir mais na região, que apesar dessas características o semiárido dificulta
mais não impede a convivência, já que a seca não pode ser combatida.
Isso se assemelha ao que Schistek e Araújo (2007) ressaltam sobre o semiárido, ou seja,
que a característica primordial do semiárido não é a falta de chuva, mas sim a irregularidade da
precipitação no tempo, pois não se sabe quanto demorará entre uma chuva e a próxima. E também
no espaço, nesse caso a chuva pode cair longe do local em que a primeira chuva caiu, ou seja, as
chuvas no semiárido são mal distribuídas. Além do caráter torrencial das chuvas do semiárido, cujas
enxurradas na maioria das vezes agridem o solo e as raízes nele contidas.
Ainda de acordo com os autores supracitados, dois fatores climáticos influenciam na
distribuição das chuvas, quais sejam El niño e La niña. Quando o primeiro ocorre, o tempo
meteorológico muda em varias regiões do mundo. No Brasil, enquanto o sul tende ficar mais
chuvoso, o nordeste do Brasil fica mais seco. O segundo fenômeno é contrario ao primeiro: ocorre
um resfriamento das aguas superficiais da parte central do pacifico, trazendo condições mais úmidas
para o sudeste da África e para o norte e o nordeste do Brasil. Isso implica dizer que há previsão de
chuva para o Nordeste, entretanto, pode ser que em algumas regiões nordestinas chova menos ate
mesmo abaixo da media esperada, pois como vimos, as chuvas no semiárido têm uma irregularidade
intrínseca quanto ao índice de precipitação anual.
A movimentação desses fenômenos afeta a conjuntura climática mundial, pois
movimentação das massas de ar é diferente a cada ano, fazendo com que na região semiárida as
chuvas cheguem mais cedo ou com atraso, menos intensas ou não.
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DESENVOLVIMENTO
Este trabalho teve como problemática analisar quais as consequências oriundas da seca no
contexto da comunidade Lagoa do Caboclo em Anísio de Abreu- PI? A metodologia deu-se por
meio de entrevistas a algumas famílias, e de registro fotográfico realizado no ano da referida seca.
A comunidade “Lagoa do Caboclo”, zona rural, localizada aos 9º13‟ 34,3” de latitude sul e
43º1‟53,4” de longitude oeste, é relativamente pequena, possuindo cerca de 40 famílias, segundo a
agente comunitária de saúde da referida comunidade. Lá, todos cultivam plantações mesmo que em
pequena escala, e alguns criam gado, cabras, ovelhas, galinhas, porcos etc. A população local retira
da roça parte de seu sustento nos anos onde o índice pluviométrico é maior, o que não foi o caso do
ano de 2012.
Agora imaginemos a situação de um sertanejo que luta para permanecer na sua terra,
porém a comunidade em que reside está enfrentando dificuldades por causa da seca. Com isso,
todos os reservatórios de agua se esgotam, e eles dependem dos carros pipas para abastecer as
cisternas. Este sertanejo possui dez cabeças de gado, considerando que uma cabeça gado por dia
precisa beber 53 litros de água, e que ele terá de buscar agua na comunidade vizinha. Nesse caso,
teria que buscar o equivalente a 530 litros de agua por dia, para manter o rebanho vivo, pois ate
vender seria difícil, já que o valor dos animais estaria abaixo da media, além do que encontrar quem
quisesse compra-los não seria tarefa fácil. É lamentável, mas a seca causa situações como esta, que
se agravam por falta de assistência aos atingidos.
Nesta comunidade há uma deficiência hídrica presente. Com isso, no ano de 2012, seus
moradores sofreram com a falta de agua, que segundo os mesmos é mais escassa para os animais.
Esse fato fez com que os criadores de animais tivessem que buscar agua cerca de 3 km, com o
auxílio de carro, uns com carros maiores como a caminhonete “D20”, outros com carros menores
que tinham que realizar mais de uma viagem, cerca de três vezes ao dia, gastando nesse caso, cerca
de 60 reais por semana. Essa trajetória era uma necessidade, apesar de na comunidade haverem dois
poços, que se encontram sem alguns equipamentos que permitam o funcionamento dos mesmos.
E quanto à alimentação dos animais tornou-se uma necessidade comprar ração como: casca
de arroz, bagaço de cana, resíduo de algodão e milho, além do extrativismo de mandacaru e
macambira para servir aos animais.
Há o relato da experiência de um pequeno criador, segundo o qual, chegou a possuir cerca
de 50 cabeças de gado, sendo que destas vendeu quinze. Mesmo assim, gastou mais de 15 mil reais
só com alimentação dos animais, além do gasto com combustível para buscar água e outras ações.
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Com isso, sua aposentadoria era gasta em função de conseguir manter seu pequeno rebanho. Além
disso, precisou ainda fazer um empréstimo bancário.
CONCLUSÃO
Por fim, percebemos que mesmo a seca sendo um fenômeno natural, é necessário que
ocorra debate entorno dessa temática, a fim de entender melhor a real situação enfrentada pela
população, mesmo que de uma pequena parcela da população, como da comunidade da zona rural,
que vive migrando para outras regiões em busca de emprego, mantendo a ideia de retorno, outros se
mantem com os auxílios do governo como: bolsa família, auxilio estiagem, seguro safra, e alguns
empréstimos com facilidade para o homem do campo. No entanto, o homem não deve viver apenas
de politicas assistencialistas vindas do governo, precisa de emprego, e de ações efetivas que lhe
permita permanecer na terra.
REFERÊNCIAS
ALENCAR, Maria Tereza de. Caracterização da macrorregião do semiárido piauiense. IN
SILVA, Conceição de Maria de Sousa et al. Semiárido piauiense: educação e contexto. INSA,
campina grande, 2010. (p 15 a 57).
SCHISTEK, Harald; ARAÚJO, Lucineide Martins. A convivência com o semi-árido. 2ª ed. São
Paulo: Petrópolis: Juazeiro- BA: selo editorial RESAB, 2007.
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ATIVIDADE PRODUTIVA DE EXTRAÇÃO MINERAL DE AREIA NO LEITO DO RIO
POTI, EM TERESINA – PI.
Allan Richardson Maciel dos SANTOS
Graduando do Curso de Licenciatura Plena em Geografia (UESPI)
Ana Beatriz Ribeiro dos SANTOS
Graduanda do Curso de Licenciatura Plena em Geografia (UESPI)
Hikaro Kayo de Brito NUNES
Graduando do Curso de Licenciatura Plena em Geografia (UESPI)
Profª. Dra. Elisabeth Mary de Carvalho BAPTISTA
Orientadora, Professora da UESPI e Doutora em Geografia (UFSC)
RESUMO
O leito do rio Poti, na cidade de Teresina – PI vem sofrendo intervenções humanas ao longo do tempo e, a
extração mineral de areia através de dragas contribui significativamente para por em risco a biota, o fluxo
hidráulico e a beleza cênica do rio. Esse mineral é caracterizado como sendo grãos essencialmente de quartzo
resultantes da desagregação ou da decomposição das rochas em que entra a sílica, que podem ser
transportados pelos rios ou pelos mares, recebendo assim certo grau de polimento, podendo desgastá-los.
Assim, este estudo teve como objetivo caracterizar os aspectos sociais, econômicos e ambientais em torno da
atividade de extração mineral de areia no leito do referido rio. Para o desenvolvimento desse trabalho fez-se
necessário os seguintes procedimentos metodológicos: pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo, registro
fotográfico, além da utilização de GPS e recursos do Google Earth. Confrontando os dados obtidos na
pesquisa considerando-se a relação natureza e sociedade, pôde-se observar na área estudada uma intensa
dinâmica sócio-econômica-ambiental geradora de situações que favorecem o surgimento de impactos
positivos e negativos frutos da interferência humana na mesma, notadamente no que se refere à extração de
areia.
Palavras-chave: Rio Poti. Atividade produtiva. Mineração de areia.
INTRODUÇÃO
A extração dos recursos naturais faz parte do desenvolvimento da sociedade. Todavia, tem-
se, uma intensa discussão em conciliar a necessidade da exploração destes recursos e os impactos
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ambientais decorrentes dessa atividade. O uso e ocupação das margens do rio Poti impõe
características próprias ao seu leito na cidade de Teresina – PI, e a economia da extração mineral
(como a extração de seixo, areia e massará) para a construção civil é um ponto que individualiza o
mesmo. É a partir desse ponto, que o presente trabalho teve como foco estudar a atividade produtiva
da extração mineral de areia no leito do rio Poti, na área da Estrada da Alegria, zona rural da cidade,
realizada através de dragas, fazendo as devidas relações socioeconômicas e ambientais.
Para o desenvolvimento deste estudo fez-se necessário a delimitação da área de extração
mineral em estudo, pesquisas in loco, de levantamento bibliográfico e relatórios técnicos sobre o
tema, utilização do Google Earth, além de registro fotográfico e utilização de aparelho de GPS.
DINÂMICA SÓCIO-ECONÔMICA-AMBIENTAL DA EXTRAÇÃO DE AREIA NO RIO
POTI
Os rios sempre foram importantes para a humanidade desde os primórdios, se caracterizando
pelas mais variadas formas de utilização, tanto é que inúmeras civilizações surgiram às margens de
rios, como: o Egito, Israel/Palestina e a Mesopotâmia, além da Índia e da China. A cidade de
Teresina (capital do Piauí) se caracteriza como sendo uma das primeiras capitais brasileiras a ser
planejada. Um dos pontos favoráveis a escolha do local está no fato do mesmo ser cortado por dois
grandes rios: o Parnaíba e o Poti. A sub-bacia do Poti, segundo Lima (1982), compõe a Bacia
Hidrográfica do Parnaíba, representando cerca de 16% desta, sendo este um de seus principais
afluentes. Em Teresina, a bacia do Poti vem sofrendo uma série de intervenções antrópicas que
põem em risco a biota, o fluxo hidráulico e a beleza cênica do rio, e uma dessas ações é a dragagem
para a obtenção de minerais. De acordo com Torres (2000), dragagem é uma operação definida
como a escavação ou remoção de solo ou rochas do fundo de rios, lagos, e outros corpos d‟água,
utilizando equipamentos denominados “dragas”, que são embarcações ou plataformas flutuantes
equipadas com mecanismos necessários para se efetuar a remoção do solo.
Aspectos ambientais da extração de areia no leito do rio Poti
A mineração de areia ocorre em locais onde houve a disposição de material sedimentar
erodido ao longo das eras geológicas. Normalmente esses locais estão próximos a fundo de vales e
aos rios, coincidindo muitas vezes com matas ciliares, consideradas áreas de preservação ambiental,
o que pode acarretar impactos ambientais. A extração por dragas hidráulicas de sucção é feita pela
escavação e a remoção do solo submerso para que depois haja a sucção e o bombeamento da água
para fora do rio Poti. Conforme Viana (2007), impacto ambiental é definido como sendo uma
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mudança sensível, nas condições de saúde e bem estar das pessoas e na estabilidade do ecossistema
do qual depende a sobrevivência humana. Essas mudanças podem resultar de ações acidentais ou
planejadas, provocando alterações direta ou indiretamente.
Os impactos causados pela mineração, associados à competição pelo uso e ocupação do
solo, geram conflitos socioambientais pela falta de metodologias de intervenção, que reconheçam a
pluralidade dos interesses envolvidos. Os conflitos gerados pela mineração, inclusive em várias
regiões metropolitanas no Brasil, devido à expansão desordenada e sem controle dos loteamentos
nas áreas limítrofes, exigem uma constante evolução na condução dessa atividade para evitar
situações de impasse (FARIAS, 2002).
Conforme Dias (2006), a atividade de extração através de dragas é feita em Teresina desde a
década de 1970, e os impactos ambientais desta atividade no rio Poti estão relacionados com a
dragagem, a escavação e tráfego de máquinas pesadas, além da retirada de parte das matas ciliares
provocada pelas dragas. Essa exploração expõe o meio físico a inúmeros riscos de modificações
ambientais, frente à fragilidade do referido meio.
Dentre os impactos ambientais decorrentes dessa atividade estão: geração de áreas
degradadas, a compactação do solo pelos caminhões que transportam o mineral extraído; a poluição
do ar, causada pela poeira das cargas descobertas dos caminhões que transportam esses materiais,
mesmo sendo ilegal essa falta de proteção; a descaracterização da forma do canal fluvial,
acarretando a formação de sulcos profundos (popularmente chamados de buracos) no leito do rio; a
ocupação irregular de espaços para a estocagem do material; a poluição das águas, visto que é
necessária uma grande quantidade deste líquido para a lavagem dos minérios, ação essa que gera
resíduos que normalmente fluem para o rio, causando assoreamento e poluição, ou seja, a extração
desses materiais aluvionares causa desequilíbrios na dinâmica fluvial, podendo ainda ter uma
redução da biodiversidade.
Aspectos socioeconômicos da extração de areia no leito do rio Poti
O crescente consumo de bens naturais é intimamente relacionado com o crescimento da
população de qualquer região. As areias (mineral em questão) se apresentam através da sua grande
utilização e pela sua abundância como matéria-prima. O método utilizado em Teresina para a
extração da areia é por meio de dragas no leito do rio Poti.
A dragagem, como atividade econômica contribui, mesmo que indiretamente, para a
prevenção das inundações, visto que, ela diminui o nível de assoreamento do rio Poti, que é
geralmente causado pela redução da correnteza. Essa atividade traz uma série de benefícios para
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cidade, como incremento da construção civil decorrente do baixo custo do produto (uma vez que
existem várias jazidas próximas ao mercado consumidor), geração de emprego e renda, articulação
da economia regional, e de ser a matéria-prima para o desenvolvimento vertical e horizontal da
cidade. Dentre os empregos gerados pela extração de areia, há empregos diretos e indiretos, sendo
que os últimos se caracterizam pelos caminhoneiros que transportam o produto, e pelos
trabalhadores da construção civil; ao mesmo tempo, essa atividade gera impostos que revertem em
benefícios para a população.
A “dualidade” natureza e sociedade se apresenta de maneira forte na relação extração de
areia e preservação do meio ambiente. Buarque (2002) diz que, as atividades econômicas, a
exemplo da atividade extrativa mineral, para ser consistente e sustentável, deve mobilizar e explorar
as potencialidades locais e contribuir para elevar as oportunidades sociais, a viabilidade e a
competitividade da economia local, ao mesmo tempo, deve assegurar a conservação dos recursos
naturais locais, que são base da sua potencialidade e condição para a qualidade de vida da
população local.
Esta atividade é de grande importância para o desenvolvimento social, mas igualmente
responsável por impactos ambientais negativos, alguns inclusive irreversíveis. Associa-se aos dois
pontos, a geração de empregos, valorização do setor comercial e captação de recursos por parte dos
órgãos públicos; paralelo a isso tem-se alterações na calha do rio, poluição da água e do ar, e riscos
para a biota da área.
CONCLUSÃO
Em virtude dos resultados obtidos, nota-se a importância da extração mineral de areia para o
desenvolvimento econômico de Teresina, e em contrapartida percebe-se os danos ambientais
decorrentes da mesma atividade. O estudo demonstrou a existência de um intenso fluxo oriundo da
dinâmica socioeconômica e ambiental do rio Poti, comprovando assim a relação estritamente
capitalista que a sociedade mantém com a natureza, sendo que esta, no seu processo de evolução
vem desenvolvendo habilidades, que ao utilizá-las em seu benefício acaba por prejudicar o meio em
que está inserida.
REFERÊNCIAS
BUARQUE, S. C. Construindo o desenvolvimento local sustentável: metodologia de
planejamento. Rio de Janeiro: Garamond, 2002.
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DIAS, M. P. S. P. O processo produtivo na mineração de areia no rio Poti em Teresina - Piauí:
um olhar para a saúde, o trabalho e o ambiente. 2006. 105p. Dissertação (Mestrado em Saúde
Pública) – Universidade Federal do Ceará, 2006.
FARIAS, C. E. G. Mineração e meio ambiente no Brasil. Rio de Janeiro: s.e., 2002. (Relatório
preparado para o CGEE).
LIMA, I. M. M. F. Caracterização Geomorfológica da Bacia Hidrográfica do Poti. 1982. 106p.
Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,
1982.
TORRES, R. J. Uma análise preliminar dos processos de dragagem do porto de Rio Grande,
RS. 2000. 190p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Oceânica). Fundação Universidade Federal
do Rio Grande, Rio Grande do Sul, 2000.
VIANA, B. A. S. Mineração de materiais para construção civil em áreas urbanas: impactos
socioambientais dessa atividade em Teresina, PI/Brasil. 2007. 246p. Dissertação (Mestrado em
Desenvolvimento e Meio Ambiente) – Universidade Federal do Piauí, 2007.
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CARACTERIZAÇÃO DO PARQUE NACIONAL SERRA DA CAPIVARA
Wilson dos Santos Paiva;
Marcelo Pereira da Silva;
Raimundo Nonato da Silva Junior
Graduandos em Geografia pela Universidade Estadual do Piauí
Orientadora: DRA. Elisabeth Mary de Carvalho Baptista
Professora de Geografia em Universidade Estadual do Piauí
RESUMO O presente trabalho foi realizado no Parque Nacional da Serra da Capivara, tendo como objetivo, a caracterização geral
da área de estudo e apresentação de seu histórico, justificativa de criação, categoria da unidade, finalidades e objetivos e
atividades desenvolvidas no local. A metodologia utilizada consistiu em registros fotográficos, utilização de mapas,
GPS e anotações feitas, com base nos argumentos da professora orientadora e dos guias turísticos, bem como a
observação realizada no percurso da aula de campo. Onde foi feito a caracterização da área abordando seus aspectos
naturais e culturais mostrando sua infra-estrutura além da sua relação com seu entorno. O Parque Nacional da Serra da
Capivara uma das mais importantes unidades de conservação do Brasil, localizado no estado do Piauí na região nordeste
do Brasil, ocupa áreas dos municípios de São Raimundo Nonato, João Costa, Brejo do Piauí e Coronel José Dias. O
reconhecimento do Parque como patrimônio nacional com inscrição no Livro de Tombo Arqueológico, Etnográfico e
Paisagístico, em 1993, reforçou sua relevância cultural. Em 1973 iniciaram-se as pesquisas na região por uma
cooperação científica binacional (França Brasil).
Palavras Chaves: Unidades de Conservação, Caracterização, Histórico, Atividades Desenvolvidas.
INTRODUÇÃO
A importância histórica do Parque Nacional Serra da Capivara, como uma unidade de
conservação ambiental de uso indireto, permite além de sua preservação, que pesquisadores das
mais variadas ciências possam utilizar este ambiente para desenvolver estudos, sejam eles humanos
ou naturais, neste sentido, a geografia pode contribuir buscando compreender a relação dos povos
antigos com a natureza, relação esta que pode ser compreendida através dos vestígios históricos
encontrados no parque. O presente trabalho visa destacar a caracterização geral da área do Parque
Nacional da Serra da Capivara e apresentação de seu histórico, justificativa de criação, categoria da
unidade, finalidades e objetivos e atividades desenvolvidas. O estudo sobre o Parque Nacional da
Serra da Capivara se deu nos dias 22 e 23 de Junho de 2013, tendo como proposta de pesquisa da
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Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1
disciplina de Geografia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Tendo como objetivo geral da
pesquisa de campo, compreender a organização espacial e a dinâmica ambiental do Parque Nacional
da Serra da Capivara e sua contribuição para conservação do meio ambiente brasileiro, a partir de
técnicas e instrumentos específicos da Geografia. O Parque Nacional Serra da Capivara – PI é uma
reserva de preservação patrimonial, localizada no interior do Brasil, de importância local, regional,
nacional e mundial por abrigar a maior concentração de pinturas rupestres e sítios arqueológicos do
continente americano e não dissociado de uma beleza cênica exuberante e peculiar. É o único
parque nacional situado no domínio morfoclimático das caatingas, sendo uma das ultimas áreas do
semi-árido possuidora de importante diversidade biológica. A metodologia empregada constou
de estudo bibliográfico com elaboração de um roteiro e pesquisa de campo com observação das
condições socioambientais do Parque Serra da Capivara com registro fotográfico depois análise e
discussão dos dados coletados para elaboração do relatório para apresentação.
RESULTADOS
O Parque Nacional da Serra da Capivara localizado no estado do Piauí na região nordeste do
Brasil é um dos mais importantes Parques Nacionais a proteger o ecossistema da Caatinga.
Localizado regionalmente no sudeste do Estado do Piauí, ocupando áreas dos municípios de São
Raimundo Nonato, João Costa, Brejo do Piauí e Coronel José Dias. Com relação aos aspectos
naturais o parque está localizado dentro de uma região de clima semiárido, com uma presença de
vegetação predominantemente de Caatinga com ilhas de florestas tropicais úmidas que se
conservam em boqueirões estreitos, no período chuvoso entre novembro e maio, a vegetação
apresenta uma surpreendente exuberância de flores e tonalidades de verde e no mês de junho as
folhas da maior parte das espécies caem.
O acesso é feito através da BR-343 até a cidade de Floriano, seguindo pela PI-140 até
chega a São Raimundo Nonato. Outra opção para quem vem do sul do país é vir por Petrolina/PE,
que fica a 300 km de São Raimundo Nonato. O Parque possui como infraestrutura 01 centro de
visitantes (com auditório, loja de souvenir, lanchonete, exposição montada e banheiros); 04
portarias (Baixão das Andorinhas, Pedra Furada, Desfiladeiro da Capivara e Serra Branca); 06
postos de vigilância (Serra Vermelha, Camaçari, Angical, Gongo, Toca do Morcego e Imburana);
100 km de estradas internas meio ambiente; rede elétrica e hidráulica (poço tubular) e por está
situada em uma região com pouca ocorrência de chuvas foram, feitas intervenções no parque com o
objetivo de amenizar a situação de consumo de água dos animais e também para manter os animais
dentro do parque, com a criação de tanques. No ano de 1973 iniciaram-se as pesquisas na região
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por uma cooperação científica binacional (França Brasil). Segundo Guidon (1997) em 1986 foi
criada em São Raimundo Nonato a Fundação do Museu do Homem Americano (FUMDHAM)
uma entidade científica, sem fins lucrativos e responsável pela preservação do patrimônio em
parceria com os ministérios do Meio Ambiente e da Cultura. Segundo Ministério de Minas e
Energia (2011) a criação do Parque Nacional da Serra da Capivara, segundo decreto nº 83548, de
05 de junho de 1979 teve por finalidade principal fornecer os instrumentos jurídicos de sustentação
para proteção de uma área com uma das maiores concentrações de sítios pré-históricos do país. As
Unidades de Conservação de uso indireto são aquelas onde estão totalmente restringidas à
exploração ou aproveitamento dos recursos naturais, admitindo-se apenas o aproveitamento indireto
dos seus benefícios. Entre as atividades desenvolvidas estão projetos comunitários nos arredores do
Parque, ligados à apicultura, cerâmica artesanal e implantação de quatro escolas no seu entorno, na
zona rural, oferecendo ensino básico, baseado em um programa de educação ambiental no qual os
conteúdos atendem a legislação vigente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A prática de campo, técnica indispensável para pesquisas geográficas, permitiu aos alunos
um contato direto com a realidade do Parque Nacional Serra da Capivara. Esse contato
proporcionou conhecer uma unidade de conservação. Este Parque se enquadra no grupo nas
Unidades de Proteção Integral com o objetivo preservar toda uma área de importância ambiental e
neste caso cientifica histórica, arqueológica e cultural. As unidades de conservação também devem
desenvolver pesquisas e promover o desenvolvimento de pesquisas científicas, desenvolver
atividades educacionais, turismo ecológico e recreação. No caso do Parque Nacional Serra da
Capivara, constatamos que o envolvimento dos indivíduos e o desenvolvimento sócio econômico da
região ainda é muito tímido. Consideramos, portanto, que por se tratar de uma unidade de
conservação internacionalmente reconhecida, as autoridades nacionais, estaduais e municipais,
deveriam planejar ações que efetivamente explorasse o eco-turismo que o parque proporciona e que
com isso, possa promover um desenvolvimento ambiental e sócio econômico do entorno do parque.
REFERÊNCIAS
ARRUDA, Moacir Bueno. Ecologia e Antropismo na Àrea do Município de São Raimundo
Nonato e Parque Nacional da Serra da Capivara (PI). Dissertação de mestrado em Ecologia.
Departamento de Ecologia, Universidade de Brasília, 1993.
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BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Projeto Geoparques: Geoparque Serra da capivara – PI,
2011.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Sistema Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza. Brasília, 2002.
GUIDON, Niède. Patrimônio e Unidades de Conservação no Brasil = Cultural Assets and
Conservation Units in Brazil. In: Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (1: 1997:
Curitiba). Anais do Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, 15 a 23 de novembro.
Apresentado: Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, Curitiba, 1997.
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CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-AMBIENTAL DO LITORAL PIAUIENSE: UMA SÍNTESE
BIBLIOGRÁFICA E DOCUMENTAL
Edileia Barbosa REIS
Graduada em Licenciatura em Geografia
Manoel Gustavo Siqueira SOUSA
Graduado em Licenciatura em Geografia
Elisabeth Mary de Carvalho BAPTISTA
Orientadora. Profª. Dra. do Curso de Geografia da UESPI
RESUMO
Esta pesquisa teve como objetivo estabelecer a caracterização dos condicionantes sócio-ambientais do litoral
piauiense, agrupando as informações mais relevantes sobre o mesmo, visando entender sua dinâmica pelo
reconhecimento das feições naturais presentes e atividades produtivas relacionadas. A metodologia constou
de pesquisa bibliográfica e documental e levantamento fotográfico, em quatro etapas. Na discussão sobre os
aspectos sociais e ambientais relacionados às zonas costeiras e sua importância para a dinâmica espacial das
mesmas, percebe-se que a utilização adequada e sustentável dos espaços litorâneos requer conhecimento
sobre seus diferentes aspectos visando possibilitar a compreensão das limitações e potenciais, através de
pesquisas que utilizem abordagem integrada e interdisciplinar. Os resultados mostraram que o litoral
piauiense é dotado de uma variedade de ecossistemas, distribuídos pelos municípios que o compõem. No
aspecto físico-natural destaca-se, na Geologia, a Formação Barreiras, na Geomorfologia, planícies, praias e
campos de dunas, Clima sub-úmido na maior parte do ano, Hidrografia representada pelas águas oceânicas e
delta do rio Parnaíba, Solo com predominância arenosa, Vegetação com diversidade de espécies e Fauna
terrestre e aquática típica. No aspecto socioeconômico infere-se que a organização espacial se concebeu em
função da utilização dos recursos naturais, com heterogeneidade em relação à estrutura disponível em cada
município. Apresenta distribuição populacional, oferta de serviço e atividades econômicas distintas, com
destaque para o turismo. O litoral piauiense detém, então, recursos naturais que podem ser utilizados de
múltiplas formas, com organização espacial consolidada através da exploração destes, inclusive degradando-
os. É necessário, assim, repensar o planejamento para a região na perspectiva de sua conservação com
participação de todos os setores da sociedade.
Palavras-chave: Zona Costeira Piauí. Pesquisa Bibliográfica. Pesquisa Documental.
INTRODUÇÃO
Considerando o conjunto de atividades que se desenvolvem nas zonas costeiras por diferentes
setores da sociedade humana, a partir do caráter de usos múltiplos que estas áreas apresentam e, em
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função da necessidade de se conservar estas áreas e seus recursos naturais, justifica-se a realização
de estudos sobre essas regiões. Dessa forma, o objetivo desta pesquisa foi caracterizar o litoral
piauiense nos seus aspectos sócio-ambientais através de textos acadêmicos e estudo documental.
Este trabalho foi motivado pela necessidade da conformação do conjunto das características
sócio-ambientais do litoral piauiense no sentido de se reunir as informações básicas para que se
possa compreender de forma suscita e objetiva a dinâmica dos processos naturais, socioeconômicos
e culturais que nele se desenvolvem.
A pesquisa foi realizada em etapas, entre elas levantamento bibliográfico em diversos autores
e respectivas pesquisas, bem como de relatórios técnicos e outros documentos, com construção de
quadros sínteses e painel fotográfico, para a apresentação dos resultados obtidos.
CARACTERIZAÇÃO DO LITORAL PIAUIENSE: CONDICIONANTES NATURAIS E
SÓCIO-ECONÔMICOS
A zona litorânea piauiense fica situada na parte norte do estado e possui pequena extensão com
apenas 66 km, correspondendo a 0,89% do litoral nacional. Detendo uma diversidade de ambientes
com riqueza nos aspectos físicos naturais, também vivencia a transformação antrópica que tem
concebido a mesma como um espaço singular em processo de desenvolvimento que tenta conciliar a
convivência harmônica da sociedade com a natureza. Entre essas características destacam-se os
aspectos naturais, resumidos no quadro 1.
Quadro 1 – Síntese dos condicionantes naturais
Geologia
Pelo embasamento cristalino na era Paleo-Mesozóica (bacia do Parnaíba) com
Formação Barreiras e sedimentos quaternários (FUNDAÇÃO CEPRO, 1996);
Ocorreu no período holocênico na era Terciaria com Formação Barreiras e
Dunas no quaternário (CAVALCANTI, 1996);
Formação Barreiras para designar os terrenos sedimentares do terciário
ocorrentes na zona costeira e sedimentos quaternários depositados sobre esta
(BAPTISTA, 2010)
Geomorfologia
Processos morfodinâmicos atuantes: marinhos, eólicos, fluviais combinados
com influência paleogeográficas. (FUNDAÇÃO CEPRO, 1996)
Através de processos físicos, químicos, biológicos, além da formação na
deposição sedimentar (CAVALCANTE, 2000)
Relacionada aos processos que atuam na configuração da linha da costa
continental sendo atribuída a deposição sedimentar (LIMA, 2005);
As características geomorfológicas mais tipicamente litorâneas se esboçam nas
áreas de sedimentos inconsolidados da Formação Barreiras e dos depósitos
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quaternários (LIMA, 2005)
Clima
A ZCTI é o principal regularizador do período chuvoso gerada na faixa de
convergência dos alísios. Clima quente e úmido possui duas estações bem
definidas verão (chuvoso) e inverno seco (FUNDAÇÂO CEPRO, 1996)
Interferência climática referente ao sistema de correntes a oeste traz umidade
gerada na Amazônia (CAVALCANTE, 2000)
Clima quente e úmido do tipo, Aw‟ tropical chuvoso, com chuvas no verão
(LIMA, 2005)
A proximidade com oceano ameniza a influência da latitude e as fontes
ventanias acontecem o ano todo (BAPTISTA, 2010)
Hidrografia
Regime das lagoas possui alimentação pluvial e fluvial superficial pelos campos
de dunas origem freática (FUNDAÇÂO CEPRO, 1996)
Formada pela bacia hidrográfica do rio Parnaíba e bacia litorânea ou dos rios
Portinho Camurupim (BAPTISTA, 2010)
Solo
Predominância de areias quartzosas continentais e marinhas distróficas
quartzosas associadas aos solos podzolicos vermelho amarelos (FUNDAÇÂO
CEPRO, 1996);
Aluvias eutróficos, indiscriminados de mangue, areias quartzosas marinhas e
quartzosas distróficas (CAVALCANTE, 1996)
Vegetação
De praias, dunas, manguezal, tabuleiros litorâneos e ao longo d‟água
(CAVALCANTE, 1996)
Pioneira Psamófila, Perenifólia de Mangue, Subperenifólia de Dunas, de várzea
e estacional de tabuleiro (FUNDAÇÂO CEPRO, 1996)
Rhizophora mangle (mangue-vermelho), Avicennia germinans e A. schaueriana
(mangue siriúba), Laguncularia racemosa (mangue-branco) e Conorcarpus
eretus (mangue-botão ou de bolota) (LIMA, 2005)
Fauna
Peixes dos manguezais de origem marinha: serras, pescadas, baiacus, corós,
camurupins, bagres e outros. As espécies de água doce são oriundas do rio
Parnaíba (CAVALCANTI, 2000)
Composta por aves, peixes, moluscos e crustáceos, representadas por espécies
características do manguezal, apresenta-se totalmente adaptada a esta unidade
ambiental (LIMA, 2005)
Aquática, terrestre e marinhas com diversidade de espécies (BAPTISTA, 2010)
Fonte: Reis, 2012.
Os condicionantes naturais apontados nos mostram as características predominantes descritas
pelos autores citados. Em busca de um desenvolvimento sustentável no litoral piauiense foi criada a
Área de Proteção Ambiental (APA) Delta do Rio Parnaíba e nela têm sido executados projetos
como o RELAX, que trabalha a exploração dos caranguejos regulamentada pelo IBAMA e do
peixe-boi que busca a preservação dessa espécie em Cajueiro da Praia. Além da adoção de política
de utilização de energias sustentáveis como é caso das instalações de usina eólica que trouxe toda
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uma dinâmica de alternativa limpa para moradores do litoral.
A organização espacial no litoral piauiense valoriza as condições ambientais promovendo
uma integração entre as potencialidades locais nos mais diversos setores para desenvolvimento das
atividades econômicas, sociais e culturais, sendo o turismo uma das atividades que mais vem se
desenvolvendo e promovendo uma reorganização do espaço. O quadro 2 resume os aspectos
socioeconômicos.
Quadro 2 – Síntese dos condicionantes socioeconômicos
Economia
Agricultura, comércio, turismo (FUNDAÇÃO CEPRO, 1996)
Atividades comerciais carcinocultura, agricultura, extrativismo vegetal, pecuária,
apicultura, turismo, artesanato (LUSTOSA, 2005)
Pesca tradicional (LIMA, 2005)
Serviços
Telecomunicação, energia elétrica, abastecimento de água, variados
estabelecimentos (CAVALCANTE, 2000)
Educação, saúde (IBGE, 2010)
Turismo de veraneio (LIMA, 2005)
Educação
Baixo nível de eficiência (FUNDAÇÃO CEPRO, 1996)
Distribuição do ensino ofertado nas mais variadas modalidades atendendo assim as
localidades (CAVALCANTE, 2000)
Nº de Instituições de Ensino: Parnaíba: 161, Buriti dos Lopes 34, Bom Principio 28,
Cajueiro da Praia 19, Ilha Grande 15 e Luis Correa 83, entre públicas e privadas
(IBGE, 2010)
População
Desigualdade na distribuição da população rural e urbana (FUNDAÇÃO CEPRO,
1996)
Densidade demográfica demonstra um aumento significativo na população nos
municípios (CAVALCANTE, 2000)
População por gênero: Parnaíba 145.705 sendo homens 69.727 e mulheres 75.978,
Buriti dos Lopes 19.074 sendo homens 9.622 e mulheres 9.452, Bom Principio
5.304 sendo homens 2.747 e mulheres 2557, Cajueiro da Praia 7.163 sendo homens
3.742 e mulheres 3.421, Ilha Grande 8.919 sendo homens 4.557 e mulheres 4.357,
Luís Correa 28.406 sendo homens 14.593 e mulheres 13.813 (IBGE, 2010).
Turismo
Lugar amplo em atrativos naturais (FUNDAÇÃO CEPRO, 1996)
Turismo/veraneio é praticado na localidade com oferta de serviços de hotelaria,
restaurantes e bares, aluguel e vigilância de casas, passeios de barcos, dentre outros
(LIMA, 2005)
Habitação
Parnaíba 50.634 urbanas 47.857 rurais 2.777 morador por domicilio 3,76 / Buriti
dos Lopes 6.540 urbanas 3.521 rural 3.019 por domicilio 3,91 / Bom Principio 1778
urbanos 614 rurais 1.164 por domicilio 3,94 / Cajueiro da Praia 2.643, urbano 996,
rural 1.647 por domicilio 3,92 / Ilha Grande 2.989 urbanos 2.539 rural 450 por
domicilio 4,04 / Luís Correa 5.478 urbano 7.105, rural 5.478 por domicilio 4,01.
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Maioria das habitações com condições inadequadas de saneamento (IBGE , 2010)
Transporte
Estrutura deficitária (FUNDAÇÃO CEPRO, 1996)
Constitui-se na BR 343 Parnaíba, além de estrada de ferro em condições deficitárias
(CAVALCANTE, 2000)
Luís Correia é cortada pela rodovia BR-343, principal via de integração com o
restante do Estado e pelas rodovias PI-116, que liga este município ao povoado
Camurupim e a PI-210, que faz a conexão deste município com o Estado do Ceará
(LIMA, 2005)
Fonte: Reis, 2012.
Infere-se, então, que o litoral piauiense, apresenta uma diversidade de características naturais
e socioeconômicas, sendo sua organização espacial influenciada pelo uso dos usos dos seus
recursos, que se estabelece de forma heterogênea considerando a estrutura disponível em cada
município. A partir do estudo realizado, pode-se indicar ainda a possibilidade de se rever o
planejamento para a região na perspectiva de sua conservação, com a participação de todos os
setores da sociedade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O litoral piauiense detém, então, recursos naturais que podem ser utilizados de múltiplas
formas, com organização espacial consolidada através da exploração destes, inclusive degradando-
os. É necessário, assim, repensar o planejamento urbano das cidades e a utilização da APA para a
região na perspectiva de sua conservação visando à participação de todos os setores da sociedade.
REFERÊNCIAS
CAVALCANTI, A. P. B. Caracterização e análise das unidades geoambientais na planície
deltáica do rio Parnaíba. Rio Claro. 192p. Dissertação de Mestrado em Geografia, Universidade
Estadual Paulista – UNESP, 1996.
______. Impactos e condições ambientais da zona costeira do Estado do Piauí. Rio Claro.
356p. Tese de Doutorado em Geografia, Universidade Estadual Paulista – UNESP, 2000.
BAPTISTA, E. M. C. Estudo morfossedimentar dos recifes de arenito da zona litorânea do
estado do Piauí, Brasil. Florianópolis. 305p. Tese de Doutorado em Geografia, Universidade
Federal de Santa Catarina – UFSC, 2010.
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FUNDAÇÃO CENTRO DE PESQUISAS ECONÔMICAS E SOCIAIS DO PIAUÍ – FUNDAÇÂO
CEPRO. Macrozoneamento Costeiro do Estado do Piauí: Relatório Geoambiental e Sócio-
econômico. Teresina: s.e., 1996. 221p. ilust.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATITICA–IBGE.Censo 2010.Disponivel
em: www. censo2010.ibge.govacessoem 04 agosto 2012.
LIMA,F.C S Condicionates Geoambientais e alternativas de sustentabilidade –Macapá/ Luis
Correa–Piauí.Teresina 155pg Dissertação de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente –
PRODEMA/TROPEN/UFPI,2005.
LUSTOSA, A. H .M. Práticas produtivas e (In) sustentável: catadores de caranguejo do delta do
parnaiba.teresina.172 p. Dissertação de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente,
PRODEMA/TROPEN/UFPI,2005.
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CARACTERIZAÇÃO SOCIOAMBIENTAL DOS PARQUES URBANOS DE TERESINA:
NOVA POTYCABANA, BEIRA RIO E ENCONTRO DOS RIOS
Solange de Abreu GALVÃO
Graduanda do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI
Elizabeth Mary de Carvalho BAPTISTA
Orientadora. Profª. Dra. do Curso de Geografia da UESPI
RESUMO O presente artigo faz uma análise sobre as unidades de conservação presentes em áreas urbanas com ênfase
nos parques ambientais: Nova Potycabana, Beira Rio e Encontro dos Rios, que delimitam as margens do rio
Poti na cidade de Teresina-Piauí. Teve com objetivo fazer uma caracterização do estado atual, bem como de
sua conservação e uso. Considerando a questão socioambiental, com a importância e utilização dos recursos
disponíveis para a população em cada um dos parques e as transformações que ocorreram ao longo dos anos
nessas unidades e no rio Poti. A metodologia empregada constou de pesquisa bibliográfica, documental e de
campo. Os resultados obtidos apresentam a necessidade de mais proteção nos parques estudados em função
de se localizarem em uma área de proteção permanente e por se encontrarem em proximidades do rio. Os
parques têm uma grande importância como potencialidades do espaço urbano, sendo necessário elaborar
planos e investimentos para suas reais necessidades e utilização.
Palavras-chaves: Unidades de Conservação. Parques Ambientais. Teresina.
INTRODUÇÃO
A preservação de áreas verdes em Teresina é de tamanha importância no município, já sendo
nomeada de cidade verde, por ser considerada uma cidade com um significativo porte arbóreo nas
ruas e no seu centro, embora recentemente a mesma não tenha mantido essa condição. No entanto, a
Prefeitura Municipal, desenvolve uma política de criação de parques ambientais, que se encontram
entre as áreas urbanizadas da cidade.
Conforme destaca Lima (1996, p.5):
[...] a cidade de Teresina conta com várias Unidades de Conservação de Uso Indireto- Os
Parques Ambientais- muitos destes localizados principalmente nas margens dos rios,
consideradas pela legislação ambiental como áreas de preservação permanente.
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O Código Florestal, Lei Federal n. 4771, de 15 de setembro de 1965, já estabelecia que a
criação dos parques deve ter como finalidade resguardar atributos excepcionais da natureza,
conciliando a proteção integral da flora, da fauna e das belezas naturais, com sua utilização para
objetivos educacionais, recreativos e científicos (BRASIL, 1965).
A Lei Federal nº 9.985 de julho de 2000, institui o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação – SNUC estabelecendo os critérios e normas para a criação, implantação e gestão
destas unidades no Brasil. Considerando esta lei os Parques Urbanos poderiam se enquadrar na
categoria dos Parques Nacionais, quando criados pelos estados ou municípios, podendo adaptar os
objetivo básico dos PARNA no que se refere principalmente ao “desenvolvimento de atividades de
educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo
ecológico” (BRASIL, 2000).
A partir do exposto, o presente artigo teve como objetivo analisar os parques urbanos
localizados em pontos diversificados em Teresina, o modo como a população local vem utilizando e
cuidando dos mesmos e como se encontra seu atual estado de conservação, já que são bastante
utilizados para lazer, recreação e inúmeras atividades que são praticadas nos mesmos.
Devido à importância dos parques ambientais na qualidade de vida humana, o seguinte
trabalho buscou fazer um levantamento de três parques ambientais que se encontram as margens do
rio Poti (dois na zona leste e um na zona norte, de Teresina), onde a visitação e observação foram
destinadas a análise dessas áreas verdes de conservação.
Unidades de Conservação: breves considerações.
As Unidades de Conservação (UC‟s) consideradas espaços territoriais e com recursos
ambientais, legalmente instituídas pelo poder público, e que tem como objetivo a conservação do
meio ambiente. Possuem essas áreas a função de proteger a natureza seja através da proibição do
uso direto dos seus recursos naturais, seja através da limitação do uso destes recursos por meio da
imposição dos limites da sustentabilidade nas atividades que utilizam tais recursos. As unidades de
conservação possuem diversos formatos que se enquadram em uma das duas categorias são dividas
em unidades de proteção integral e de uso sustentável (PELICIONI,2005).
Fazendo-se uma breve distinção das UC‟s, onde as de proteção integral permitem apenas o
uso indireto dos recursos naturais englobando, os Parques Nacionais, Estaduais e Municipais,
Estações Ecológicas e as Reservas Biológicas. Em todas essas unidades o acesso humano só pode
ter como objetivo a educação ambiental, a realização de pesquisas e trabalho científicos e em
algumas delas, o turismo ecológico. Já nas UC‟s de uso sustentável, é permitido o uso direto dos
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recursos naturais, porém, como sugere o nome, estes devem ser utilizados de forma sustentável,
buscando perpetuar a disponibilidade dos mesmos para as futuras gerações (BRASIL, 2000).
Dentro das unidades de conservação de proteção integral temos os nossos Parques, sendo que
estado do Piauí caracteriza-se por possuir tanto Parques Nacionais como outras unidades e alguns
parques ambientais urbanos, como os distribuídos por todas as zonas da cidade de Teresina, dentre
os quais se selecionou os três que se constituem objeto de estudo deste trabalho.
Parques urbanos de Teresina
Para o desenvolvimento da pesquisa fez-se um percurso de visita e registro fotográfico dos
parques selecionados: Nova Potycabana, Beira Rio e Encontro dos Rios, visando a observação da
área, e o levantamento de dados e informações sobre os parques urbanos que se encontram as
margens do Rio Poti, cujos resultados se apresenta a seguir.
Parque Nova Potycabana: Localizado na av. Raul Lopes no bairro dos Noivos, zona leste
de Teresina, ao lado do rio Poti sendo considerado uma espécie de dique que amortece a água do
rio. É um parque bastante amplo, com uma boa visão ambiental e um público muito grande de
visitantes. Devido ter passado recente por uma reforma e ter boa infraestrutura, principalmente com
uma grande área para realização de atividades esportivas e lazer, o parque encontra-se em um bom
estado de conservação, com cestos de lixos espalhados em diversos locais e banheiros públicos.
Parque Ambiental Beira Rio: Localizado na av. Ininga, na zona leste de Teresina, ao lado
da margem do rio Poti, com localização que vai do Shopping da natureza embaixo da ponte, até as
proximidades da Ponte Estaiada, tendo como referência o Shopping Riverside Walk, pois o mesmo
se encontra a frente do Parque Ambiental. Possuindo árvores de grande porte entre elas o caneleiro,
árvore símbolo da cidade e plantas ornamentais, o parque com uma avenida bastante movimentada
tem um grande fluxo de pessoas, tornou-se uma pista de Cooper no fim da tarde e uma área
comercial com a presença de quiosques nas proximidades do rio, onde essa área encontra-se
bastante desmatada por conta desses pontos.
Parque Ambiental Encontro dos Rios: Localizado na av. Boa Esperança, no bairro Poti
Velho, zona norte de Teresina, onde se encontra a confluência entre os rios Parnaíba e Poti, no lado
esquerdo da foz do rio Poti que deságua no rio Parnaíba. É um parque com uma área de preservação
permanente que promove o turismo ecológico, onde observamos nos rios depósitos inconsolidados
de areias, causados pela erosão da margem do rio como consequência da retirada da mata ciliar. É
também um parque de lazer, turismo e cultura.
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Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1
Deste modo, percebeu-se que cada parque apresentado possui características, formas de uso,
público e entre outras diferenciações, mas todos tem um objetivo em comum, ser uma unidade de
conservação de uso sustentável, que devem ser utilizada de forma correta para que o meio ambiente
não desenvolva outros problemas principalmente no rio que se encontra ao lado deles. Merece ser
destacada também a importância que esses parques têm na prática de atividades de lazer, visitação,
prática de educação ambiental, ou até mesmo contemplação da natureza, para a população da
cidade.
A partir da análise realizada infere-se que se necessita de mais proteção dos parques
estudados em função de se localizarem em uma área de proteção permanente, no caso a margem do
rio, e ao mesmo tempo evidencia-se a falta de segurança e também a infraestrutura que necessita
melhorias nos dois parques Beira Rio e Encontro dos Rios, que são os mais abertos e com um
grande fluxo de pessoas que o frequentam diariamente. A população necessita desses parques, mas
esquece de que se não conservá-los eles podem acabar ou até mesmos deixados de ser frequentados
devidos ao seu uso inadequado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Cada área verde dos ambientes urbanos retrata uma função relevante na vida populacional. A
presença de parques ambientais na cidade de Teresina tem um papel de desenvolver a melhoria na
qualidade de vida, seja ela ambiental ou cultural. A partir da conservação da natureza, intenciona-se
promover uma gestão racional dos recursos naturais, que requer uma maior conscientização por
parte dos seus usuários, pois todos são beneficiados com a utilização de cada um desses parques e
os seus recursos disponíveis.
Não se pode esquecer a importância do rio Poti, em cujas margens estão localizados esses
parques, e que vem sofrendo com os processos de degradação decorrentes muitas vezes do uso
inadequado por parte de frequentadores.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n° 4.771, de 15 de setembro de 1965. Que institui o novo código Florestal.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4771.htm. Acesso em 05 ago. 2013.
BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1º, incisos I, II, III e VII
da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá
outras providências. Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/sbf/dap/doc/snuc.pdf. Acesso em
05 ago. 2013.
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Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1
LIMA, Iracilde Maria de Moura Fé. Revalorizando o verde em Teresina: o papel das unidades
ambientais. Cadernos de Teresina. Teresina: Fundação Mons. Chaves. Ano X, n°24, dez.1996.
PELICIONI, Maria Cecília Focesi; JR, Arlindo Philippi. Educação Ambiental e sustentabilidade.
Coleção Ambiental. Barueri, SP: Manole, 2005.
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CONCEITO DE MEIO AMBIENTE: AS PROPOSTAS DE ENRIQUE LEFF E GERALDO
MÁRIO ROHDE
Denilson da Silva ROCHA
Especialista em Meio Ambiente pela UESPI
Marcelo Francisco Souza dos SANTOS
Especialista em Meio Ambiente pela UESPI
Francílio de Amorim dos SANTOS
Mestrando em Geografia pela UFPI
RESUMO
O conceito de meio ambiente é proposto de diferentes maneiras entre os diversos autores, a exemplo de Leff
(2007) e Rohde (2005). No entanto, alguns pontos comuns podem ser constatados entre as idéias acerca do
conceito de meio ambiente. Definir a noção do citado conceito é uma tarefa árdua e deve contemplar seus
aspectos inerentes. O objetivo deste estudo consistiu em analisar e correlacionar os conceitos de meio
ambiente propostos por alguns autores, principalmente Leff (2007) e Rohde (2005). Este trabalho
desenvolveu-se com base em uma pesquisa bibliográfica reunindo diferentes abordagens sobre o referido
conceito. Pode-se perceber que o conceito de meio ambiente é tomado de forma simplória por alguns
autores, desconsiderando as argumentações que expressem sua verdadeira complexidade. Porém, verificou-
se que o meio ambiente envolve uma abstração difícil de ser apreendida e sua noção transcende os aspectos
contemplados pelo senso comum. Além disso, o meio ambiente é ao mesmo tempo sujeito e produto da ação
antrópica, servindo como sustentáculo para a sobrevivência das sociedades. Ele é dotado de uma
complexidade na qual devem ser considerados tantos os elementos naturais quanto sociais, que interagem
para a sua construção. Ao relacionar as ideias de Leff (2007) e Rohde (2005) constatou-se que o ambiente
enfoca as noções de processo e produto na relação entre natureza e sociedade.
Palavras-chave: Meio ambiente. Complexidade. Processo e produto.
INTRODUÇÃO
Nos dias atuais e com a problemática ambiental em evidência, definir a noção de meio
ambiente é, no mínimo, uma tarefa árdua. Esta, não deve ignorar os aspectos imprescindíveis que
permearão este conceito, entre eles a sua totalidade.
As abordagens ambientais tomadas pelas várias ciências que se propõem a ocupar esse
campo não deram conta de tal empreendimento, haja vista que aderiram ao paradigma naturalista,
que toma a natureza como algo intocável da qual o homem é um mero observador. Com a
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emergência da problemática ambiental decorrente da evolução tecnológica e do conhecimento
humano, esse paradigma tornou-se incapaz de dar conta da explicação da realidade contemporânea.
O presente estudo buscou analisar como alguns autores enfocam o conceito de meio
ambiente, haja vista as diferentes ciências em que estão inseridos e as peculiares formas de
apreensão do mesmo.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
No campo científico, as várias ciências existentes, bem como as diversas correntes de
pensamentos seguidas pelos pesquisadores, procuram conceituar meio ambiente de formas
heterogêneas, levando em consideração as bases epistemológicas dos diferentes campos de estudo.
Uma idéia bastante usual é de que o meio ambiente é aquele “[...] que cerca ou envolve os
seres vivos e as coisas” (FERREIRA, 2001, p.38). Pode-se perceber neste conceito que o termo
ambiente é tomado de forma simplória, sem contemplar as argumentações que expressem sua
verdadeira complexidade.
Kloetzel (1998, p. 8), por sua vez, argumenta que:
[...] o meio ambiente é uma coisa viva, inconstante, sempre disposta a inovações.
Sua superfície – a própria atmosfera – foi refeita milhares de vezes, por força de
fenômenos vulcânicos, o impacto de algum asteróide ou meteoro, o recuo ou
avanço das geleiras, o vento, a água.
Reconhece-se, então, por meio deste conceito que a constituição do meio ambiente reúne
uma grande diversidade de fenômenos naturais. Diferentemente do conceito abordado por Ferreira
(2001), no qual o meio ambiente é tomado apenas como mero “invólucro”, pode-se notar que na
conceituação de Kloetzel surge o termo inconstante, passando a idéia de uma certa complexidade,
acentuando o estado transitório dos elementos que estão envolvidos.
Outro conceito de meio ambiente seria o “[...] conjunto dos agentes físicos, químicos,
biológicos e dos fatores sociais susceptíveis de exercerem um efeito direto ou mesmo indireto,
imediato ou a longo prazo, sobre todos os seres vivos, inclusive o homem” (IBGE, 2004, p.210).
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o conceito de meio ambiente é usado para
representar “[...] um “espaço” (com seus componentes bióticos e abióticos e suas interações) em
que um ser vive e se desenvolve, trocando energia e interagindo com ele, sendo transformado e
transformando-o” (BRASIL, 1997, p.233). Nota-se que este conceito apresenta-se de forma mais
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complexa, ao envolver a interação dos aspectos físicos e os seres vivos na natureza, resultando em
transformação mútua.
Passando para um campo estritamente epistemológico, verifica-se que o meio ambiente
envolve uma abstração difícil de ser apreendida. Com base nessa premissa, faz-se necessário
enfatizar o pensamento de Leff (2007, p.160), no qual
[...] o ambiente não é o meio que circunda as espécies e as populações biológicas;
é uma categoria sociológica (e não biológica) relativa a uma racionalidade social,
configurada por comportamentos, valores e saberes, bem como por novos
potenciais produtivos.
Neste sentido, verifica-se que a noção de ambiente transcende os aspectos contemplados
pelo senso comum. Leff (2007) afirma com propriedade que o ambiente a ser considerado em sua
completude apresenta uma grande complexidade de relações importantes aos diversos elementos
que fazem parte dessa totalidade.
Além disso, ele (Op. Cit., 2007) acrescenta que o ambiente não pode ser tomado como um
simples produto da ação antrópica, como sugerem as mais variadas definições empíricas, mas como
um sujeito que estabelece potenciais e limites às formas e ritmos de exploração dos recursos que ele
próprio oferece, condicionando dessa forma os processos de valorização, acumulação e produção do
capital, que são essenciais à estruturação da sobrevivência humana.
Por sua vez, Rohde (2005, p.91) entende ambiente como o “[...] resultado das relações
complexas que se estabelecem entre a natureza e as sociedades”. Neste sentido, depreende-se que a
natureza serve como sustentáculo para “as sociedades”, independentemente da forma e da
intensidade de exploração dos recursos naturais, que servem à sua sobrevivência.
O autor ainda destaca que a noção de ambiente é multicêntrica, visto que ela muda de
conteúdo em decorrência da abordagem disciplinar central em função da qual ela é alternativamente
posta e pensada. Este fato, o aspecto multicêntrico do ambiente, provoca a exigência da relação
entre as disciplinas, a multi, inter ou transdisciplinaridade.
Para Rohde (2005), além de multicêntrica, a noção de meio ambiente é complexa e
multiescalar. Essa complexidade decorre da amplitude do campo de fenômenos a abranger e da
natureza não-linear das interações que fazem do ambiente um sistema. Essa noção exige também
uma multiplicidade de escalas de aproximação, tanto espaciais como temporais, devido a
diversidade de processos que ela recobre.
Leff (2007) e Rohde (2005) defendem a ideia de ambiente enfocando as noções de processo
e produto na relação entre natureza e sociedade. E com base na complexidade que o ambiente
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apresenta, torna-se necessária a convergência de saberes científicos. Sendo assim, o meio ambiente
não é um mero invólucro dos seres vivos, mas uma categoria sociológica dotada de uma grande
complexidade, pois abrange elementos tanto naturais quanto sociais.
METODOLOGIA
O estudo alicerçou-se no método dialético, pois segundo Prodanov; Freitas (2013), buscou
interpretar a realidade partindo da ideia de que todos os fenômenos apresentam características
contraditórias, porém unidos e indissolúveis. Visto que o presente trabalho desenvolveu-se sob a
perspectiva com base em uma pesquisa bibliográfica reunindo alguns conceitos sobre o meio
ambiente, procurando contrapô-los e identificando pontos comuns e divergentes, principalmente
entre Leff (2007) e Rohde (2005).
CONCLUSÕES
Diante das ideias aqui apresentadas, infere-se que os vários conceitos de meio ambiente
abordados apresentam formas divergentes de contemplação, diante dos vários elementos pertinentes
a este conceito. Logo, não deve ser tomado como um termo simplório, como presumiu Ferreira
(2001), pois a complexidade de sua abordagem vai muito além de um ecossistema no qual habitam
os seres vivos e seu enfoque transcende os aspectos meramente contemplativos que fazem parte da
natureza.
Portanto, o meio ambiente é dotado de uma complexidade na qual devem ser considerados
tantos os fenômenos naturais quanto elementos sociais, que, ao interagirem, possibilitarão a sua
(re)construção e as respectivas formas resultantes dessa interação. Em suma, as ideias de Leff
(2007) e Rohde (2005) enfocam o meio ambiente enquanto processo e produto na relação entre
natureza e sociedade. E é a partir dessa premissa que o ambiente deve ser pensado e analisado, isto
é, tomado em sua totalidade.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: meio
ambiente. Brasília, 1997.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. O mini dicionário da Língua Portuguesa. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
IBGE. Vocabulário Básico de Recursos Naturais e Meio Ambiente. 2ª Edição. Rio de Janeiro:
IBGE, 2004.
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KLOETZEL, Kurt. O que é meio ambiente. São Paulo: Brasiliense, 1998.
LEFF, Enrique. Epistemologia Ambiental. São Paulo: Cortez, 2007.
PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar. Metodologia do trabalho científico
[recurso eletrônico]: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. – 2. ed. – Novo
Hamburgo: Feevale, 2013.
ROHDE, Geraldo Mário. Epistemologia Ambiental: uma abordagem filosófico-científica sobre a
efetuação humana alopoiética da Terra e de seus arredores planetários. 2ª Edição. Porto Alegre:
EDIPUCRS, 2005.
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ESTADO NORMATIVO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE DA
MICROBACIA DO RIACHO DO RONCADOR, TIMON (MA)
Josenete Assunção CARDOSO
Mestre em Geografia pela Universidade Federal do Piauí – UFPI.
Cláudia Maria Sabóia de AQUINO
Profª Drª do Dpto. de História e Geografia da Universidade Federal do Piauí - UFPI. [email protected].
RESUMO
A expansão desordenada das atividades antrópicas tem se tornado cada vez mais preocupante porque tem
avançado sobre áreas reconhecidamente protetoras dos recursos naturais, dentre as quais destacam-se as
Áreas de Preservação Permanente (APP‟s). Assim, o presente trabalho objetivou identificar as APP‟s da
microbacia do riacho do Roncador (MBRR) em Timon (MA) em desacordo com a legislação ambiental. Os
resultados foram obtidos a partir da sobreposição do mapa de uso e cobertura das terras e o mapa das APP‟s
da MBRR, gerando um terceiro mapa: o de conflitos de uso. A pesquisa revelou que 9,2 km2 da área da
MBRR correspondem a APP‟s. Destes, 0,3 km2 correspondem à APP‟s de nascentes; 8,0 km
2, a APP‟s de
margens; 0,6 km2, a APP‟s de reservatórios naturais (lagoas) e 0,3 km
2 correspondem a APP‟s de
reservatórios artificiais. Dos 9,2 km2 de APP‟s da microbacia, 2,5 km
2 estão em desacordo com a legislação
ambiental.
Palavras-chave: Uso e cobertura das terras. Áreas de Preservação Permanente. Conflitos. Timon (MA).
INTRODUÇÃO
Ao longo dos tempos, a expansão das atividades antrópicas provocou uma carga de impactos
negativos decorrentes da exploração insustentável dos recursos naturais, notadamente os recursos
hídricos e suas zonas de recarga localizadas nas pequenas bacias de cabeceiras ou microbacias
hidrográficas (MAGALHÃES e FERREIRA, 2000). Tal problema tem se tornado cada vez mais
preocupante porque tem avançado sobre áreas reconhecidamente protetoras dos recursos naturais,
comprometendo sua função ambiental.
Neste contexto, procurou-se analisar o estado normativo das Áreas de Preservação
Permanente (APP‟s) da Microbacia do Riacho do Roncador (MBRR), em Timon (MA),
objetivando: i) mapear suas Áreas de Preservação Permanente (APP‟s); ii) mapear suas formas de
uso e cobertura das terras; e iii) identificar conflitos de uso baseado nas normas da legislação
ambiental, gerando informações para subsidiar ações futuras de fiscalização, conservação e
monitoramento ambiental das mesmas.
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O fato do município de Timon ter seu abastecimento d‟água através de poços tubulares, do
conhecimento da área da pesquisa e da sua importância histórica para o povoamento do município,
por abrigar número representativo dos balneários mais tradicionais (identidade local) identificados
como potencialidades para o fomento da economia local, pela sua importância econômica para a
piscicultura, exploração mineral, agricultura etc., e por ser alvo dos atuais vetores de crescimento da
cidade são alguns do fatores que permitem uma análise integrada no contexto das relações entre
sociedade-natureza, justificando assim a escolha do tema da pesquisa.
Fundamentação teórica
As APP‟s foram oficialmente criadas pela Lei Nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, que
instituiu o Código Florestal Brasileiro. Segundo o Código as APP‟s são
Áreas protegidas, cobertas ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de
preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o
fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações
humanas (Brasil, 2010, p. 24).
O Código foi atualizado pelas Leis nºs 5.870/73 e 7.803/89, pela Medida Provisória nº
2.166-67 de 24/08/2001, Resoluções do CONAMA Nº 302 e 303 de 2002 e Lei nº 12.651/12, sendo
que o mapeamento das APP‟s em uma microbacia hidrográfica e o amparo legal para preservação e
recuperação das mesmas constituem os aspectos mais importantes voltados para a conservação dos
recursos naturais presentes nestas áreas. São assim, Áreas de Preservação Permanente, conforme a
legislação brasileira, as florestas e demais formas de vegetação natural localizadas conforme
critérios descritos no Quadro1.
Quadro 1 - Dimensões mínimas de faixa marginal a serem preservadas
Curso d´água (largura), nascentes,
reservatórios artificiais e lagoas
Faixa a ser Preservada
Até 10 metros 30 m em cada margem
Entre 10 e 50 metros 50 m em cada margem
Entre 50 e 200 metros 100 m em cada margem
Entre 200 e 600 metros 200 m em cada margem
Superior a 600 metros 500 m de cada margem
Nascentes 50 m no entorno da nascente
Reservatório artificial (em zona rural) 15 m no entorno do reservatório
Lagoas 50 m em torno das lagoas ou lagos naturais
Fonte: Resolução CONAMA nº 303 e 302/2002.
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Destaca-se neste processo o uso das geotecnologias que ultimamente têm sido
imprescindíveis no mapeamento dos mais diversos conflitos decorrentes das transformações do
espaço geográfico.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo
A MBRR, localiza-se entre as coordenadas 43°01‟18” e 42°50‟27” de longitude oeste e
5°01‟07” e 5°09‟11” de latitude sul, no município de Timon (MA). Esta microbacia encontra-se
inserida na bacia hidrográfica do rio Parnaíba: uma bacia limítrofe com o estado do Piauí e que
possui, em território maranhense, uma área de 69.000,00 km2, correspondendo a aproximadamente
21,15 % da área do Estado (IMESC, 2008).
Metodologia
Para a pesquisa utilizou-se as cartas topográficas da Diretoria de Serviço Geográfico (DSG),
na escala de 1:100.000, Folha SB 23 X-D-II, MI – 886 (Teresina, PI/1984) e a Folha SB 23 X-D-I,
MI – 885 (Buriti Cortado, MA/1974), imagens de alta resolução espacial de 26 de outubro de 2011,
disponíveis gratuitamente no sítio Google Earth, e o software ArcGis 9.3 para o processamento de
dados espaciais.
Para identificação das APP‟s da MBRR considerou-se as Resoluções do CONAMA ns
302/2002, e a Lei Nº 4.771/65, atualizada pela Lei nº 12.651/12. Nesta pesquisa identificou-se as
APP‟s de nascente, margens, reservatórios artificiais e lagoas. Para a identificação das APP‟s em
conflito fez-se a sobreposição do mapa de uso e cobertura das terras com o mapa das APP‟s da
MBRR.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A MBRR possui 200,2 km2. Os mapeamentos identificaram 14 classes de usos e cobertura
das terras, alem de uma área total de 9,2 km2
de APP‟s na microbacia, conforme Tabela 1.
Tabela 1 – Total de APP‟s da MBRR, APP‟s preservadas e APP‟s em desacordo com a Legislação
Ambiental
APP´s Total APP Preservada
APP em
Desacordo
(km2) (%) (km
2) (%) (km
2) (%)
Nascente 0,3 3,3 0,2 2,2 0,1 1,1
Margens 8,0 86,9 5,8 63,0 2,2 23,9
Reservatórios naturais 0,6 6,5 0,5 5,4 0,1 1,1
Reservatórios artificiais 0,3 3,3 0,2 2,2 0,1 1,1
Total 9,2 100 6,7 72,8 2,5 27,2 Fonte: Pesquisa direta, 2012
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Os dados revelam maior conflito sobre as APP‟s de margens (23,9%). Os principais usos em
conflito com a área correspondem à: especulação imobiliária e agricultura de vazante. A análise dos
dados também permitiu identificar o total de áreas preservadas e em desacordo com as normas da
legislação ambiental, correspondendo a 6,7 km2 e 2,5 km
2, respectivamente. O balanço das APP‟s
preservadas e APP‟s em desacordo com a legislação ambiental ser observado no Mapa1.
Mapa 1 - APP’s em conflito com o uso das terras da MBRR
Fonte: DSG, Folhas Buriti Cortado/MA (1974) e Teresina/PI (1984); Imagem do Google
Earth (26.10.2011).
CONCLUSÃO
O baixo valor de APP‟s em desacordo com as normas da legislação ambiental permite
inferir que a MBRR encontra-se em uma situação “confortável” diante dos crescentes índices de
degradação em todo o país; por outro lado, este fato revela-se preocupante à medida que se
considera a função ambiental destas áreas, o fato de o abastecimento do município de Timon
depender da captação de água subterrânea, além do comprometimento da prática do lazer
(identidade local) através dos balneários. A preservação das APP‟s da MBRR é, portanto, condição
primária para a existência e qualidade destes usos.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965. Institui o Código Florestal. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 16 set. 1965. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/L4771.htm>. Acesso em: 19 de jun. 2012.
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Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1
_______. Conselho Nacional do Meio Ambiente Resolução nº 302, de 20 de março de 2002a.
Dispõe sobre os parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente de
reservatórios artificiais e o regime de uso do entorno. Diário Oficial da União, Brasília, DF,
13mai.2002. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/Conam
a/res /res02/res30202.html>. Acesso em: 15 ago. 2012.
_______. Conselho Nacional do Meio Ambiente Resolução nº 303, de 20 de março de
2002b.Dispõe sobre parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente. Diário
Oficial da União, Brasília, DF, 13 de mai. 2002. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res02/res30302.html>. Acesso em: 15 ago.20
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CÂMARA DOS DEPUTADOS. Legislação Brasileira sobre Meio Ambiente – 3ª. ed. – Brasília :
Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2010.
______. Cartas Topográficas. Folhas: Teresina/PI. SB-23 X-D-II/886 (1984). Brasília:IBGE,
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______. Cartas Topográficas. Folhas: Buriti Cortado/MA SB-23 X-D-I/885 (1974).
Brasília:IBGE, 1984. (Escala 1:100.000), disponível em: www.ibge.gov.br, acesso: 18 de abr. de
2011.
INSTITUTO MARANHENSE DE ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS E CARTOGRÁFICOS
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MAGALHÃES, C. S; FERREIRA, R. M. A. Áreas de Preservação Permanente em uma microbacia.
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mundo atual” – Teresina (PI): 22 a 25 de outubro de 2013.
Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1
FORMAS DE DEGRADAÇÃO NO RIO POTI EM TERESINA-PI
Adonys Roney Muniz da SILVA
Graduando do Curso de Geografia da UESPI
Ana Flávia Moura de SOUSA
Graduanda do Curso de Geografia da UESPI
Rosélia Teixeira FERNANDES
Graduanda do Curso de Geografia da UESPI
Elisabeth Mary de Carvalho BAPTISTA
Orientadora. Profª. Dra. do Curso de Geografia da UESPI
RESUMO O presente trabalho teve como objetivo estudar os recursos hídricos de Teresina na perspectiva da
compreensão de sua dinâmica natural, focando as degradações do rio Poti observadas nos trechos visitados:
Estrada da Alegria na zona Sul de Teresina e na Avenida Raul Lopes nas proximidades dos Shoppings e da
Ponte Estaiada na zona Leste. Para realização desse trabalho, foram realizadas pesquisas bibliográficas e
pesquisa de campo. O crescimento desordenado da cidade de Teresina associado à pavimentação das ruas e a
construção de edifícios de luxos nas margens dos rios, fez com que os esgotos passassem a correr pelos
canais destinados às águas pluviais, poluindo assim os rios, principalmente o Poti. Outro fator que tem
contribuído em larga escala para poluição do Poti é o processo de dragagem, em que os sedimentos são
retirados do fundo do rio contribuindo para a turbidez das águas e o desmatamento ciliar sem a devida
recuperação vegetal das encostas. Para que o Poti continue a contribuir vitalmente para população que
usufrui dos seus benefícios é necessário, portanto, a ação conjunta de governo e sociedade civil organizada
em defesa da qualidade das águas desse importante rio.
Palavras-chaves: Degradação. Rio Poti. Teresina.
INTRODUÇÃO
A cidade de Teresina localiza- se na confluência de dois rios federais, o Parnaíba e o Poti,
sendo este último, o foco do presente trabalho. O crescimento urbano desordenado nas últimas
décadas, somado a uma gestão ineficaz dos seus recursos hídricos tem deixado esses rios
vulneráveis ao aumento da poluição e a diversos impactos que podem trazer malefícios
socioeconômicos e sanitários para a população local.
Devido sua importância econômica, ecológica e social que o rio Poti apresenta para
Teresina, este estudo teve por objetivo analisar a situação de degradação num determinado trecho
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do rio Poti, sendo este escolhido pelo motivo das diversas utilizações a que ele é submetido pela
sociedade. Deste modo, buscou-se compreender a dinâmica natural do rio tendo como foco a
degradação pela ação de agentes antrópicos. Para realização deste trabalho e alcance dos objetivos
traçados, foram realizadas pesquisas bibliográficas, com consulta de livros e artigos publicados e
pesquisa de campo, através da observação e registro fotográfico.
ASPECTOS GERAIS SOBRE O RIO POTI
A Bacia Hidrográfica do rio Poti abrange os estados do Piauí e Ceará, onde percorre cerca
de 150 km banhando cinco municípios cearenses. Já no Piauí são muitos os municípios na bacia
deste rio, que adentra no estado pela cidade de Castelo do Piauí e chega a Teresina despejando suas
águas no rio Parnaíba (BAPTISTA, 1981).
Sobre o mesmo Lima (1982 apud Teresina, 2012 p. 13) discorre que,
O rio Poti possui sua cabeceira nos contrafortes orientais do Planalto da Ibiapaba no
Estado do Ceará, com altitude de cerca de 600 m. Todo o seu curso tem direção definida
pela estrutura geológica, encaixando-se em fraturas e falhas regionais. O seu alto curso
localiza-se no escudo cristalino, formado predominantemente por granitos, gnaisses e
xistos e, ao adentrar o domínio sedimentar, o rio orienta-se para Oeste, formando um
amplo boqueirão (ou canyon) de cerca 300 m de profundidade. A partir daí encaixa-se
em fraturas de reflexo da falha Pedro II, na direção Nordeste/Sudoeste, estendendo-se até
o município de Prata do Piauí. Nesse ponto sofre uma inflexão de 45°, tomando direção
noroeste e passando a ter um curso perene até desaguar no rio Parnaíba, no bairro Poti
Velho, em Teresina, numa altitude de cerca 55 metros.
Embora o rio Poti seja um rio muito importante não só para Teresina, mas também para
outras cidades que são banhadas por ele, este está passando por um processo de degradação em
nível preocupante, tendo sido possível a observação durante a prática de campo nos trechos
visitados: Estrada da Alegria na zona Sul de Teresina e na Avenida Raul Lopes nas proximidades
dos Shoppings e da Ponte Estaiada na zona Leste.
RESULTADOS E DISCUSÕES
No primeiro trecho visitado, observou-se que o fator socioeconômico que se destaca na área,
constitui- se na exploração de minerais do fundo do rio através do processo de dragagem, sendo
também umas das principais formas de degradação do rio Poti. Essa área também possui ocorrência
de processos erosivos ocasionados pelo impacto da chuva, como pequenos sulcos nas encostas do
rio, devido à ausência de cobertura vegetal.
Segundo Viana (2007) o contínuo crescimento da população e a intensa efetivação da
urbanização de Teresina propiciaram maior demanda por materiais de construção civil como,
massará, seixo e areia. A mineração desenvolvida pela dragagem no rio Poti amplia os problemas
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ambientais provocando o desmatamento de encostas, o aumento da turbidez, o desenvolvimento de
voçorocas e o assoreamento do rio. Além disso, existem os problemas ocasionados pelo abandono
da área degradada sem nenhum tipo de recuperação desta.
Já no trecho que compreende a Avenida Raul Lopes na zona leste de Teresina por ser uma
área de lazer, os fatores antrópicos estão em maior evidência se comparado à Estrada da Alegria na
zona sul, pois ali se concentram os shoppings, pontos comerciais, academias ao ar livre, quiosques,
prédios e a Ponte Estaiada Mestre Isidoro França. Dentre esses fatores antrópicos os que mais
causam degradação ao rio Poti estão os dois shoppings de Teresina e toda área pavimentada em seu
entorno, que no passado era um complexo de lagoas hoje aterradas para a construção destes.
De acordo com Oliveira (2012) devido ao crescimento desordenado da cidade de Teresina
associado à pavimentação das ruas e a construção de edifícios de luxo nas margens dos rios, os
esgotos passaram a correr pelos canais destinados às águas pluviais, poluindo assim os rios,
principalmente o rio Poti.
O lançamento de esgotos nos corpos hídricos naturais é uma questão muito grave, pois
prejudicam esses recursos diminuindo a qualidade da água dos rios, devido à adição não gerenciada
e em grande escala de efluentes. Isto acontece, sobretudo, nas cidades densamente povoadas,
especialmente durante os meses de baixa vazão do rio (BHATTI; LATIF, 2011 apud OLIVEIRA,
2012). Teresina está entre essas cidades e o rio Poti é vítima desses desmandos, tendo sido
observado na área estudada despejos de resíduos sem tratamento.
Sendo assim, cabe aos seguimentos da sociedade civil organizada reivindicar junto ao poder
público (secretarias municipais, estaduais e federais), fiscalizar e cobrar dos órgãos gestores do
meio ambiente, políticas públicas para diminuir o impacto da atuação negativa dos agentes que
poluem o rio Poti.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Deste modo, o presente trabalho buscou compreender a dinâmica natural do rio Poti tendo
como foco a degradação causada por agentes antrópicos. Através da pesquisa de campo, observou-
se que tanto o processo de extração mineral como o lançamento de esgoto, somado a pavimentação
das áreas ao redor do rio, são os agentes que se destacam na área estudada como causadores do
processo de degradação.
Apesar da importância econômica, ecológica e social que o rio representa para a população
teresinense, é preocupante o nível de degradação a que está submetido. Faz- se necessário e urgente,
portanto, aplicação de políticas públicas para diminuir o impacto dos agentes que poluem o rio.
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REFERÊNCIAS
BAPTISTA, João Gabriel. Geografia Física do Piauí. 2 ed. rev. e aum. Teresina: COMEPI, 1981.
LIMA, Dinael David Ferreira; RODRIGUES, Thiciane Maria Barreto. A degradação do rio Poti
observada entre as pontes Presidente Juscelino Kubitschek e Mestre Isidoro França no
município de Teresina-PI. In: Congresso Norte e Nordeste de Pesquisa e Inovação, 7., 2012,
Palmas. Anais do VII CONNEPI. Palmas: IFTO, 2012. p. 1- 5.
OLIVEIRA, Livânia Norberta de. Estudo da variabilidade sazonal da qualidade da água do rio
Poti em Teresina e suas implicações na população local. Teresina: UFPI, 2012. 113 p.
Dissertação (Mestrado) - Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio
Ambiente, Universidade Federal do Piauí, Teresina, 2012.
TERESINA. Prefeitura Municipal. Secretaria Municipal de Planejamento e Coordenação Geral.
Teresina: Agenda 2015 – Plano de Desenvolvimento Sustentável. Teresina, 2002.
VIANA, Bartira Araújo da Silva. Mineração de materiais para construção civil em áreas
urbanas: impactos socioambientais dessa atividade em Teresina, PI/Brasil. Teresina: UFPI, 2007.
244 p. Dissertação (Mestrado) - Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio
Ambiente, Universidade Federal do Piauí, Teresina, 2007.
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GEOCONSERVAÇÃO E GEODIVERSIDADE NO GEOPARK ARARIPE
Brenda Rafaele Viana da SILVA
Graduanda em Licenciatura em Geografia (UESPI)
Orientadora: Laryssa Sheydder de O. LOPES
Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente (UFPI)
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo demonstrar a importância do patrimônio geológico, geoconservação e
geoturismo presente no Geopark Araripe em meio aos seus geossítios e comunidade. Geoparque é uma área
onde sítios do patrimônio geológico representam parte de um conceito holístico de conservação, educação e
desenvolvimento sustentável. Para a elaboração deste trabalho, foi realizado um levantamento bibliográfico e
uma pesquisa de campo nos principais geossítios, para levantamento de dados e registro fotográfico. O
trabalho feito no Geopark Araripe é importante, para todas as comunidades envolvidas, uma vez que é uma
forma de preservar e descobrir as riquezas territoriais daquela região, assim como para a valorização,
divulgação e conservação dos geossítios.
Palavras-chaves: Geoparque Araripe. Geossítios. Geoconservação.
INTRODUÇÃO
Geoparque é um conceito, atribuído, pela Rede Global de Geoparques (RGG) sob os
auspícios da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) a uma
área onde sítios do patrimônio geológico representam parte de um conceito holístico de proteção,
educação e desenvolvimento sustentável. (CPRM, 2006).
Em 21 de setembro de 2006, após se submeter aos procedimentos padrões de vistoria e
avaliação pela comissão oficial da UNESCO, Divisão de Ciências da Terra o Geopark Araripe foi
aprovado e oficializado na II Conferência Mundial dos Geoparks, realizada na Irlanda do Norte, em
Belfast (CPRM, 2006).
O objetivo do presente trabalho é demonstrar a importância da geodiversidade,
geoconservação e geoturismo presente no Geopark Araripe em meio aos seus geossítios e
comunidade.
A criação de geoparques pode constituir um importante instrumento na concretização do
desenvolvimento sustentável. Um geoparque é uma área em que se conjuga a geoconservação e o
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desenvolvimento econômico sustentável das populações que a habitam. Procura-se estimular a
criação de atividades econômicas suportadas na geodiversidade da região, com o envolvimento
empenhado das comunidades locais (UNESCO, 2013).
DESENVOLVIMENTO
Brilha (2005) faz uma importante consideração quando afirma que a geoconservação não
pretende proteger toda a geodiversidade, mas apenas os elementos com valores científico, cultural e
educativo superlativo, ou seja, o patrimônio geológico. Pereira & Brilha (2010) conceitua
geoconservação no sentido amplo como a conservação de toda a geodiversidade e geoconservação
no sentido restrito como as estratégias adotadas para conservar o patrimônio geológico.
A conservação promove o manejo dinâmico dos geossítios mantendo sua integridade
ambiental enquanto a preservação objetiva a manutenção estática dos geossítios sem permitir
qualquer tipo de alteração (BUREK e PROSSER, 2008).
Sharples (2002, p.79) resume que o conceito de geoconservação “tem como objetivo a
preservação da diversidade natural (ou geodiversidade) de significativos aspectos e processos
geológicos (substrato) geomorfológicos (formas de paisagem) e de solo, mantendo a evolução
natural (velocidade e intensidade) desses aspectos e processos”.
Segundo a UNESCO (2013), um geoparque é uma área com limites bem definidos que
envolvem geossítios com especial relevância científica, estética, raridade e educativos, devendo
possuir territórios grandes o suficiente para o desenvolvimento de atividades econômicas que
promovam o desenvolvimento sustentável das comunidades envolvidas. É uma área em que se
conjuga a geoconservação e o desenvolvimento econômico sustentável das populações que a
habitam, portanto, um importante instrumento para a promoção da geoconservação das áreas de
relevante interesse geológico.
Metodologia
Foi realizado um levantamento bibliográfico e pesquisa de campo nos principais geossítios,
sendo feito registro fotográfico, observação e levantamento cartográfico. Por fim, os dados foram
organizados para a elaboração da redação final.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O Geopark Araripe está localizado no sul do Estado do Ceará, na porção cearense da Bacia
Sedimentar do Araripe e abrange 06 municípios da região do Cariri. Possui uma área de
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aproximadamente 3.520,52 km² e que corresponde ao contexto territorial das cidades de Crato,
Juazeiro do Norte, Barbalha, Missão Velha, Nova Olinda e Santana do Cariri.
Os geossítios do Geoparque Araripe são: Geossítio Colina do Horto, Cachoeira de Missão
Velha, Floresta Petrificada do Cariri, Batateiras, Parque dos Pterossauros, Riacho do Meio, Pedra
Cariri, Ponte de Pedra e Pontal da Santa Cruz. Destes, os três últimos foram visitados em
decorrência da proximidade entre eles, durante uma pesquisa de campo da disciplina de Geologia,
realizada em julho de 2012.
O geossítio Ponte de Pedra, localizado em Nova Olinda, é uma geoforma esculpida no
arenito, resultado da erosão provocada pela água ao longo dos últimos milhões de anos. Próximo à
ponte há vestígios arqueológicos (figuras, material lítico e cerâmico) das populações pré-históricas.
A ponte serviu como trilha para as populações antigas, índios e vaqueiros que colonizaram a região
A geoconservação é totalmente necessária em meio a esse geossítio, de modo a proteger e conservar
as formas geomorfológicas e geológicas da geodiversidade presente neste (Fig. 01).
O geossítio Pedra do Cariri, também localizado em Nova Olinda, é ponto de mineração e
extração da “pedra Cariri”, que servem para a construção civil desde o século XIX. Há casas
construídas com estas pedras na região, mas o uso mais comum é no revestimento de paredes,
calçadas e piso. Além disso, há neste geossítio, um elevado valor científico, devido à concentração
de fósseis de insetos, pterossauros, peixes e vegetais (Fig. 2).
O Pontal da Santa Cruz, em Santana do Cariri, é o geossítio de observação panorâmica, pois
está situado no topo da Chapada do Araripe, com uma altitude de 750m. Há uma capelinha, erguida
em meados do século XX, um restaurante e um parque infantil. Este ponto revela uma bela
paisagem da Chapada do Araripe, o vale do rio Carius e a sede do município de Santana do Cariri,
permitindo uma interpretação geológica e geomorfológica da paisagem (Fig. 03).
Figura 01: Geossítio Ponte de Pedra
Fonte: LOPES (2012)
Figura 02: Geossítio Pedra Cariri
Fonte: Lopes (2012)
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Figura 03: Geossítio Pontal de Santa Cruz
Fonte: LOPES (2012)
Em meio a esses geossítios pode-se observar a importância e necessidade da
valorização e valoração dos atributos geológicos e geomorfológicos que estes
apresentam, inserindo o uso da geoconservação como ferramenta para a proteção e
preservação em geral dos geossítios que o Geopark Araripe apresenta.
CONCLUSÃO
Os trabalhos e pesquisas que são feitos no Geopark Araripe são de fundamental
importância para o desenvolvimento, evolução e aperfeiçoamento deste, levando-se em
conta que é imprescindível que se divulgue ainda mais os valores da geoconservação
presentes nesses geossítios como: valor intrínseco, valor cultural, valor estético, valor
econômico, valor funcional e o valor científico e educativo, sempre prevalecendo o uso
sustentável desses valores, integrado com a importância da geodiversidade que estes
apresentam.
REFERÊNCIAS
BRILHA J.B.R. Patrimônio geológico e geoconservação: a conservação da natureza
na sua vertente geológica. São Paulo: Palimage, 2005.
BUREK, C. V. e PROSSER, C. D. (eds). The History of Geoconservation. The
Geological Society,London, Special Publications, Londres, 2008.
PEREIRA, R.F; BRILHA, J.B.R. Proposta de quantificação do patrimônio geológico da
Chapada Diamantina (Bahia-Brasil). Geosciences on line journal. Portugal, v.18, n.08,
2010.
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Disponível em: http://www.unb.br/ig/sigep/destaques/PROJETO_GEOPARQUES.pdf .
Acesso em: 09 mar. 2013.
SHARPLES, C. Concepts and principles of geoconservation. Published electronically
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UNESCO – Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura.
Disponível em: www.visites.und.br/ig/sigep. Acesso em: agosto, 2013.
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IMPACTOS AMBIENTAIS DA ATIVIDADE EXTRATIVA DE MASSÁRA EM
TERESINA – PIAUÍ
Bartira Araújo da Silva VIANA
Professora Doutora de Geografia da UFPI
Cristiane Valéria de OLIVIEIRA
Orientadora: Professora da UFMG
RESUMO
O trabalho objetiva caracterizar os impactos ambientais decorrentes da atividade extrativa de
massará desenvolvida em Teresina e adjacências. A expansão urbana dessa capital nas últimas
décadas motivou uma maior exploração de minerais como o massará, ampliando essa atividade
e, também, provocando impactos ambientais. Foram utilizadas, como base da pesquisa,
diferentes fontes bibliográficas sobre a temática. Além disso, foram realizados entrevistas,
aplicados questionários e observações in locu dos diferentes impactos ambientais associados à
essa atividade antrópica. Constatou-se que os impactos ambientais positivos são de natureza
socioeconômica, e estão relacionados à geração de emprego e renda e ao abastecimento da
cidade com materiais essenciais para a construção civil. Os impactos negativos são
representados pelos desmatamentos, processos erosivos, escorregamentos e queda de blocos das
encostas dos morros, assim como o carreamento de material para os rios, córregos e lagoas, e
alteração da drenagem local. Os impactos da mineração em área urbana estão relacionados,
portanto, ao alto grau de ocupação, que são agravados, em razão da proximidade entre as áreas
mineradas e as áreas habitadas. Assim, pelo exposto, percebe-se que a possibilidade de
exploração mineral na capital piauiense está sendo cada vez mais limitada devido a uma
extração predatória desses recursos naturais e, também, em decorrência da expansão horizontal
da cidade, ou seja, pela construção de grandes conjuntos habitacionais pelo poder público.
Palavras-Chave: Massará. Expansão urbana. Impactos ambientais.
INTRODUÇÃO
A configuração espacial urbana de Teresina adquiriu nova expansão a partir da
década de 1970, através dos fluxos migratórios, da intensificação da política
habitacional e da modernização do sistema viário. Essa expansão pode ser expressa pelo
crescimento da população urbana, que triplicou entre as décadas de 1970 e 1990,
passando de um total de 181.062 habitantes para 555.985 e quase quadruplicou entre a
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década de 1970 e o ano 2000, passando a corresponder a 677.470 habitantes
(TERESINA, 2002). No ano de 2010, o município de Teresina contava com 814.439
habitantes, sendo 767.777 pessoas vivendo na zona urbana (IBGE, 2010).
A expansão acelerada da área urbana de Teresina deve-se ao crescimento
natural, associado aos elevados contingentes de imigrantes. Estes são oriundos tanto da
zona rural, quanto de outras cidades piauienses, além de estados como Maranhão, Ceará
e outros, atraídos pelo desenvolvimento e pela adoção de inovações tecnológicas e,
principalmente, pelos serviços de educação e saúde oferecidos na capital piauiense
(FAÇANHA, 1998).
A grande expansão urbana das últimas décadas trouxe, como efeito colateral, o
aumento da utilização do “massará” como matéria-prima em construções. Portanto, o
crescimento populacional e o aumento das taxas de desenvolvimento urbano impõem a
maior necessidade de consumo desses materiais presentes em Teresina e em áreas de
seu entorno gerando impactos ambientais.
DESENVOLVIMENTO
Fundamentação Teórica
Conforme a Norma Brasileira (NBR) ISO 14001 (ABNT, 2004, p. 2), impacto
ambiental “é qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte,
no todo ou em parte, dos aspectos ambientais de uma organização”. Assim, as alterações
no ambiente causadas por atividades antrópicas podem ser negativas, quando
destruidoras ou degradadoras dos recursos naturais, ou positivas, quando regeneradoras
de áreas e/ou funções naturais anteriormente destruídas.
Com o intuito de tentar explicitar a dinâmica espaço-temporal, La Rovere (2001)
enfatiza as classificações de impacto ambiental. Eis as classificações: a) impactos
diretos (ou primários) e indiretos (ou secundários), que consistem na alteração de
determinados aspectos ambientais por ação do homem, sendo de mais fácil
identificação; b) impactos de curto e longo prazo, sendo que impactos ambientais de
curto prazo ocorrem normalmente logo após a realização da ação, podendo até
desaparecer em seguida. c) impactos reversíveis e irreversíveis, em que está em jogo o
caráter reversível ou não das alterações provocadas sobre o meio; d) impactos
cumulativos e sinérgicos, que consideram a acumulação no tempo e no espaço de efeitos
sobre o meio ambiente.
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“O impacto ambiental não é, obviamente, só resultado (de uma determinada
ação realizada sobre o ambiente): é relação (de mudanças sociais e ecológicas em
movimento)”. (COELHO, 2004, p. 25). Dessa forma, tomando como base essas
definições, constata-se, nas áreas de extração mineral de materiais voltados para a
construção civil em Teresina, a exemplo do massará, a ocorrência de impactos
ambientais positivos e negativos de natureza física e socioeconômica.
O massará é um termo regional, conhecido, apenas na região de Teresina, sendo
que esta expressão serve para definir um sedimento conglomerático de cores e coloração
variadas, creme, vinho, rosa, esbranquiçada, amarelada, arroxada e avermelhada, com
matriz areno-argilosa, média a grosseira e, até conglomerático, ligante, de pouca
consistência, facilmente desagregável (friável), contendo seixos brancos de sílica bem
arredondados (CORREIA FILHO; MOITA, 1997).
Metodologia
Foram utilizadas, como base da pesquisa, diferentes fontes bibliográficas sobre a
temática. Além disso, foram realizados entrevistas, aplicados questionários e
observações in locu dos diferentes impactos ambientais associados à essa atividade
antrópica.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O estudo se desenvolveu a partir da análise da atividade extrativa mineral
desenvolvida em Teresina e adjacências. Nesta, constatou-se a ocorrência de impactos
ambientais benéficos e adversos, diretos e indiretos, de curto e longo prazo, reversíveis
e irreversíveis, presentes no meio físico, biótico e antrópico da capital. Estes estão bem
visíveis na paisagem urbana, especialmente na direção dos vetores espaciais de
crescimento Norte e Sul da cidade, assim como no vetor Oeste, em Timon (MA), pois o
desenvolvimento de uma cidade impacta o crescimento dos espaços urbanos localizados
no entorno da área metropolitana.
Os aspectos benéficos, geradores de impactos diretos, se relacionam à geração
de empregos, ao aumento da renda municipal e ao índice de desenvolvimento da região,
assim como ao abastecimento da cidade com materiais essenciais a um preço razoável.
O crescimento da cidade sobre as jazidas de massará pode ser considerado, sob outra
perspectiva, como um aspecto positivo, devido à preservação desse material, pois o
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mesmo não poderá mais ser explorado.
Em contrapartida, os impactos negativos, em sua maioria considerados impactos
diretos e de curto prazo, decorrem de diversas alterações ambientais, como a poluição
do ar e das águas; as vibrações e ruídos; impactos visuais e o desconforto ambiental.
Também são gerados conflitos devido ao uso irregular do solo, à depreciação de
imóveis circunvizinhos e aos transtornos causados ao tráfego urbano.
A atividade extrativa mineral de materiais para construção civil também
colabora para a geração de áreas degradadas, em decorrência dos desmatamentos, dos
processos erosivos, dos escorregamentos e queda de blocos das encostas dos morros,
assim como contribui para o carreamento de material para os rios, córregos e lagoas, e
para a alteração da drenagem local, sendo esses considerados impactos diretos e de
longo prazo.
O esgotamento das jazidas de massará impacta negativa e irreversivelmente, pois
a população de baixa renda não terá mais como usar o massará para reduzir os custos de
construção. Importante frisar que os grandes conjuntos habitacionais construídos pelo
poder público também utilizam massará. Dessa forma, o esgotamento das reservas
existentes torna-se um aspecto preocupante, assim como a construção de casas em áreas
sedimentares, com material altamente friável.
Os impactos da mineração em área urbana estão relacionados, portanto, ao alto
grau de ocupação, que são agravados, em razão da proximidade entre as áreas
mineradas e as áreas habitadas. Esse fato decorre também das ações dos agentes
públicos e privados ao realizarem empreendimentos de grande porte, a exemplo dos
Conjuntos habitacionais e dos Condomínios horizontais de alto padrão,
respectivamente, no limite do urbano com o rural, ou seja, na franja urbana,
contribuindo para o espraiamento da malha e para a especulação imobiliária.
CONCLUSÃO
A partir do exposto, conclui-se que a mineração, importante setor da setor da
economia local, propicia muitos benefícios na área de habitação, infraestrutura e
emprego. Mas é preciso, também, que se dê especial atenção aos impactos ambientais,
gerados pela retirada de minerais para a construção civil, pois se percebe que a
possibilidade de exploração mineral na capital piauiense está sendo cada vez mais
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limitada devido a uma extração predatória desses recursos naturais e, também, em
decorrência da expansão horizontal da cidade, ou seja, pela construção de grandes
conjuntos habitacionais pelo poder público.
REFERENCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NRBR ISO
14001. 2004. Disponível em: <http://www. qsp.org.br/pdf./o_que_mudou_iso
14001.pdf.>. Acesso em: 17 dez. 2006.
COELHO, Maria Célia Nunes. Impactos ambientais em áreas urbanas – teorias,
conceitos e métodos de pesquisa. In: GUERRA, Antonio José Teixeira; CUNHA,
Sandra Baptista da (Org.). Impactos ambientais urbanos no Brasil. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 2004. p. 19 – 45.
CORREIA FILHO, Francisco Lages; MOITA, José Henrique A. Projeto Avaliação de
Depósitos Minerais para Construção Civil PI/MA. Teresina: CPRM, 1997. 2 v.
FAÇANHA, Antonio Cardoso. A evolução urbana de Teresina: agentes, processos e
formas espaciais. 1998. 233f. Dissertação (Mestrado em Geografia) - Universidade
Federal de Pernambuco, Recife, 1998.
IBGE. Censo 2010. 2010. Disponível em:
http://www.censo2010.ibge.gov.br/dados_divulgados/index.php?uf=22. Acesso em: 04
abr. 2011.
LA ROVERE, Emilio Lèbre. Instrumentos de planejamento e gestão ambiental para
a Amazônia, cerrado e pantanal: demandas e propostas: metodologia de avaliação de
impacto ambiental. Brasília : Ed. IBAMA, 2001. (Série Meio Ambiente em debate; 37).
TERESINA, Prefeitura Municipal. Teresina Agenda 2015: plano de desenvolvimento
sustentável. Teresina: PMT: Conselho Estratégico de Teresina, 2002.
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IMPORTÂNCIA DA CRIAÇÃO DE PARQUES DE LAZER PARA O
DESENVOLVIMENTO LOCAL
Maria Tércia Oliveira dos SANTOS
Graduanda do Curso de Bacharelado em Turismo da UESPI
Tiago Caminha de LIMA
Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI
Elisabeth Mary de Carvalho BAPTISTA
Orientadora. Profª. Dra. do Curso de Geografia da UESPI
RESUMO O presente trabalho discute sobre a importância da implantação de parques de lazer de uso
público como alternativa de desenvolvimento local. Destacando como estudo o Parque Lagoas
do Norte, localizado na zona norte de Teresina – Piauí. Inaugurado no ano de 2010, o referido
Parque apresentou uma grande oportunidade para o desenvolvimento da região, pois além de
contribuir para uma melhor qualidade de vida da comunidade do seu entorno, através de obras
de saneamento básico e infraestruturas adequadas, favoreceu também opções para a geração de
renda da comunidade, visto que após a inauguração, recebeu muitos visitantes colocando-o
como o mais novo ponto turístico da cidade. O objetivo deste trabalho foi analisar a importância
da criação de parques de lazer para o desenvolvimento local, com ênfase no Parque Lagoas do
Norte. De caráter exploratório esta investigação empregou como procedimentos metodológicos
a pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo. Os resultados encontrados indicaram que o parque
além de proporcionar lazer também é gerador de renda para a comunidade, que nele desenvolve
atividades comerciais. Destaca-se ainda o fato de que, ainda em obra, o parque já está se
tornando esquecido pela população teresinense, o que pode prejudicar os empreendimentos
estabelecidos no seu entorno pela comunidade. Também se evidencia a falta de planejamento
adequado na implementação do parque, bem como a necessidade de conservação e manutenção
de sua boa imagem e o desenvolvimento de políticas de gestão participativa envolvendo a
comunidade local para melhorias e novas oportunidades econômicas.
Palavras Chave: Lagoas do Norte, Desenvolvimento local. Comunidade local.
INTRODUÇÃO
A área escolhida para o estudo foi o Parque Lagoas do Norte, localizado na zona
norte de Teresina, e se trata de uma opção de visitação dos teresinenses como também
uma nova alternativa para os turistas que chegam a Teresina. Muitos comerciantes e
ambulantes que montaram seus negócios com o objetivo de obter renda a partir da
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implantação do parque encontram-se agora desanimados pela falta de atividades que
favoreçam ao aumento dos fluxos de visitantes no local.
Sabe-se que grandes espaços de lazer quando bem estruturados para a atividade
turística, exigem a participação da comunidade bem como da relação entre os órgãos
interinstitucionais nesse processo. Dessa forma eles serão capazes de gerar benefícios
para a comunidade na qual está inserido, benefícios esses econômicos, sociais e
culturais, favorecendo de forma ampla para o desenvolvimento local. Esse artigo tem
por finalidade apresentar os resultados obtidos durante a pesquisa que trata sobre a
importância de parques de uso público através do lazer e aliado a expectativa da
prestação dos serviços turísticos como possibilidade de desenvolvimento local.
Dessa forma, este artigo possui como objetivo a análise da importância da criação
de parques de lazer para o desenvolvimento local, a partir do Parque Lagoas do Norte.
Além de analisar a perspectiva da comunidade em relação à criação do Parque;
identificar as atividades econômicas desenvolvidas a partir da inauguração do mesmo;
levantar os impactos econômicos a partir da visitação de pessoas ao atrativo; e por fim,
sugerir propostas para o incremento da economia local.
Metodologicamente a pesquisa teve caráter exploratório, realizada no parque,
onde foram utilizados métodos quantitativos e qualitativos para identificação dos
impactos econômicos que a estruturação do parque trouxe a comunidade que vive no
seu entorno. No primeiro momento foram feitas pesquisas bibliográficas através de
livros e artigos referentes ao lazer, geografia dos espaços turísticos, economia e turismo.
Fez-se também pesquisa de campo com coleta de dados através da aplicação de
questionários junto aos moradores proprietários de empreendimentos do local,
totalizando cerca de 60, que constituiu a população do estudo. Desta população
selecionou-se uma amostra aleatória de 30 moradores, na qual todos tiveram a
possibilidade de participar da pesquisa, correspondendo aproximadamente a 50 % do
total.
ESPAÇO URBANO: DESENVOLVIMENTO E LAZER
Sabe-se que com as mudanças ocorridas após a revolução industrial no século
XVIII, como a conquista do tempo livre, diminuição das jornadas de trabalho, direito a
férias e outros fatores, contribuíram também para o direito ao lazer.
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Castro (2002, p.101), destaca que “o lazer esta ligado ao contexto social e cultural
de forma intrínseca; o lazer é definido pelo tempo e pelo espaço em que acontece o fato
ou por outros aspectos configuracionais, com destaque para o conteúdo cultural”.
Entende-se por lazer uma atividade não obrigatória voltada para a busca do prazer
onde o indivíduo tem liberdade para fazer e realizar o que gosta. E a principio essa
busca pelo prazer começou através da utilização de espaços. Para Stucchi (2001, p. 105)
os espaços, culturalmente, são dados para que as pessoas possam
exercer seus comportamentos de acordo com os movimentos
produtivos, dependendo das suas condições físicas, mentais e sociais,
para que dessa forma elas possam aprender e racionar o espaço,
relacionar-se e se movimentar, para uma linha de produção dentro de
um sistema.
O autor trata dos espaços de forma em geral, destacando que qualquer tipo de
intervenção das pessoas no espaço seja no espaço de trabalho ou no espaço de lazer
refere-se aos tipos de comportamentos e a forma de viver de cada pessoa. Os espaços de
lazer hoje, principalmente os urbanos estão cada vez mais diversificados.
Na visão do turismo os parques são vistos como um ambiente de consumo onde
envolve diversos fatores sejam eles culturais, sociais e econômicos. E todos esses
fatores quando bem planejados são capazes de contribuir para o desenvolvimento do
local onde está inserido. Dessa forma, pode-se introduzir que desenvolvimento local
que, segundo Coriolano (2012, p.64):
É aquele realizado dentro de pequenos lugares e de forma participativa
onde a comunidade possua autonomia para explorar seus próprios
recursos territoriais e que estes sejam capazes de gerar mudanças
socioestruturais beneficiando a todos os envolvidos.
A autora destaca a comunidade como o principal agente no processo de
desenvolvimento e também prioriza a questão das relações interpessoais e entre
instituições que juntos devem trabalhar como conseguir benefícios com vista na
coletividade.
Logo, os parques se constituem em significativo recurso disponível que pode ser
utilizado para o desenvolvimento através de empreendimentos que visem à geração de
emprego e renda para a comunidade local, destacando a questão do desenvolvimento
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econômico que o parque pode proporcionar a comunidade do entorno do parque lagoas
do norte.
No turismo a demanda turística é a grande propulsora de desenvolvimento
econômico de um atrativo. Pois como os parques constituem um espaço de consumo ou
conduzem ao consumo de outras atividades. O fluxo de turistas a um atrativo permitem
gastos dos mais variados, pois além do próprio consumo de equipamentos de lazer, os
visitantes ainda gastam com outros setores produtivos como transporte, alimentação e
outros.
Muitos turistas que frequentam Teresina, principalmente os que formam o
segmento de turismo de negócios e eventos são os que mais costumam gastar com o
turismo na cidade, pois além desses gastos pré-estabelecidos com o negócio em que ele
veio a realizar na cidade eles ainda buscam consumir equipamentos de lazer, isso
favorece para entrada de divisas no município.
PARQUE LAGOAS DO NORTE: LAZER E DESENVOLVIMENTO LOCAL
Visando a análise da importância do parque em estudo como espaço de lazer em
Teresina, realizaram-se entrevistas junto à comunidade, cujos resultados ora se
apresentam.
Em relação aos benefícios trazidos pelo parque a maioria dos entrevistados
concordou que o parque trouxe benefícios para a comunidade. Porém esses benefícios
referem-se mais a questão de saneamento básico, melhor qualidade de vida, melhor
infraestrutura, acessos, do que para a questão de benefícios econômicos. Quanto a estes
últimos, o parque só trouxe nos primeiros meses de inauguração, pois se tornou
esquecido e, muitos moradores que possuem empreendimentos no local, estão pensando
em fechá-los por falta de visitantes.
Quanto à realização de atividades todos o fazem, sendo possível observar que a
maioria dos empreendimentos turísticos montados no local refere-se ao ramo
alimentício como bares, comércios, sorveterias, lanchonetes e outros.
No que se refere aos problemas que existem na área foi colocado como os
principais a questão dos assaltos e da presença de usuários de drogas no local, que tem
contribuído, segundo os moradores, para o afastamento dos visitantes do parque. Este
aspecto levanta a necessidade de um policiamento que propicie um maior conforto e
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segurança para quem deseja visitar o parque, bem como também para os próprios
moradores da região.
No quesito sobre sugestões pela comunidade que vive no entorno do parque,
foram abordados temas como a necessidade de atrações noturnas, a legalização dos
vendedores ambulantes que favoreça melhores condições para a venda de produtos e
serviços no parque, a existência de cursos de profissionalização dos moradores que
possuem empreendimentos no local. Houve ainda a sugestão de um restaurante
flutuante nas lagoas com o objetivo de gerar mais renda e emprego para a população
local.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa realizada indicou que alem de ser utilizado para o lazer, o Parque
Lagoas do Norte constitui-se também como fonte de renda para a população local. No
entanto, ainda encontra-se em fase de obras e já está se tornando esquecido pela
população teresinense colocando em risco os empreendimentos que foram estabelecidos
no seu entorno pela comunidade.
Neste sentido é necessário, destacar a inexistência de um planejamento adequado
em sua implementação e a necessidade de conservação e manutenção da boa imagem do
parque para a expansão dos fluxos turísticos no local. Além disso, indica-se ser
relevante o desenvolvimento de políticas que trabalhe na forma de gestão participativa
com a comunidade local buscando melhorias e novas oportunidades econômicas para a
área.
REFERÊNCIAS
CASTRO, Celso Antonio Pinheiro de. Sociologia aplicada ao turismo. São Paulo:
Atlas, 2002.
CORIOLANO, Luiza Neide. A contribuição do turismo no desenvolvimento local. In:
PORTUGUEZ, Anderson Pereira, SEABRA, Giovanni de Farias; QUEIROZ, Odaléia
Telles M. M. (Orgs.) Turismo, espaço e estratégia de desenvolvimento local. João
Pessoa: EDUFPB, 2012.
STUCCHI, Sérgio. Espaços e equipamentos de recreação e lazer. In: BRUHNS, Heloisa
Turini. Introdução aos estudos do lazer. Campinas: UNICAMP, 2001.
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MAPEAMENTO TEMÁTICO DA ERODIBILIDADE DAS ASSOCIAÇÕES DE
SOLOS, DA PRECIPITAÇÃO MÉDIA ANUAL E DA VEGETAÇÃO DO
ESTADO DO PIAUÍ COM O USO DA CARTOGRAFIA DIGITAL
Rafael Magno Batista LIMA
Graduando do curso de Licenciatura Plena em Geografia UFPI [email protected]
Cláudia Maria Sabóia de AQUINO
Prof.ª Drª do Departamento de História e Geografia da UFPI [email protected]
Resumo Esta pesquisa é uma atividade de iniciação científica voluntária – ICV sobre orientação da Profª
Dr. Claudia Maria Saboia de Aquino e apresenta como tema central o mapeamento temático da
erodibilidade das associações de solos, da precipitação média anual e da vegetação do estado do
Piauí com o uso da cartografia digital. O seguinte relatório busca apresentar informações
referentes a pesquisa em questão, buscando-se mostrar os dados que aqui foram levantados e
que levaram ao desenvolvimento da mesma. Inicia-se com um levantamento geral sobre os SIGs
e sua aplicação. Em seguida é feito mapeamentos do Estado do Piauí referente as associações de
solos, precipitação e vegetação, no intuito de determinar o nível de erodibilidade dos solos do
Estado, relacionando tal informações foi possível demonstrar a eficácia dos SIGs como suporte
ao planejamento conservacionista e para o uso sustentável das terras do Estado. Palavras-chaves: SIGs; Potencial de Erodibilidade; Clima; Vegetação; Planejamento.
INTRODUÇÃO
A necessidade de informações relativa a estudos geográficos específicos, à exemplo
do monitoramento dos recursos naturais renováveis ou não, impõem o uso das tecnologias de
forma a responder e atender a tais necessidades, BRITTO (2009). Ainda de acordo com a
autora, o geoprocessamento vem nesse contexto, como um conjunto de tecnologias para
processamento de dados geográficos, que permite uma visão espacial dos fenômenos e do
espaço de forma privilegiada, possibilitando o mapeamento e a observação geográfica,
facilitando e dando apoio a tais exigências. Neste contexto as ferramentas relativas a cartografia
digital e a geoprocessamento constituem importantes instrumentos que permitem a
espacialização e análise de atributos físicos e sociais.
O presente trabalho objetivou a espacialização do fator erodibilidade das associações
de solos presentes no Estado do Piauí. Posterior a esta espacialização foram realizadas análises
dos níveis de erodibilidade com dados relativos à precipitação e a cobertura vegetal, como
forma de auxiliar nas tomada de decisões, relativas ao uso e ocupação das Terras do Estado.
Metodologia
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Fora realizado trabalho de gabinete com o emprego dos softwares CartaLinx e Idrisi
32.2. No CartaLinx foi realizado todo o processo de vetorização partindo de mapas de
associações de solo, mapa de clima e fitogeográfico previamente digitalizados (escaneados).
Depois de vetorizados os dados foram exportados para o programa Idrisi 32.2, onde foram
transformados em matriz raster. Por fim uma analise comparativa entre os valores de
erodibilidade, da distribuição da precipitação e da vegetação no Estado, é realizada a fim de
identificar relações existentes entre os referidos mapas.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Associações de solos
Métodos indiretos a partir do uso de Equações foram utilizados por Sousa (2012) para
determinar o valor K das 162 associações de solos piauienses, mapeadas por Jacomine (1986).
Os 162 valores que expressam as diferentes associações de solos, presente no Estado, foram
substituídos por um conjunto de seis novos valores, variando de 1 a 6 e que são representativos
do grau/nível de erodibilidade (K) das associações de solos do Estado, estes variando entre
muito baixa (< 0,009), baixa (0,0090 a 0,0150), média (0,0150 a 0,300), alta (0,0300 a 0,0450),
muito alta (0,0450 a 0,0600), e extremamente alta (.>0,0600), unidade Ton.ha.h/ ha.MJ.mm..
Onde não foi identificada nenhuma classe “Muito Baixa”. A Área Urbana
representada no mapa é a capital do Estado, a cidade de Teresina corresponde a 0,01% da área
analisada e os espelhos d‟água apresentados correspondem a 0,17%. A classe Baixa ocupa
0,71% do território piauiense. As Classes Média e Alta distribuem-se de forma descontínua em
todo o Estado e ocupam 94,57% da área de estudo. As Classes Muito Alta e Extremamente Alta
fazem um total de 4,54% da área de estudo. O predomínio na área de estudo das Classes Média
e Alta (94,57%) exige que sejam empreendidas medidas de uso racional das terras do Estado.
Precipitação
Utilizando dados disponíveis em SUDENE (1990), foram geradas a partir da
interpolação de dados isolinhas. A média anual de precipitação do Estado é bem variada e meio
que segue uma linha crescente partindo de valores menores que 500 mm/ano situados nas áreas
sudeste do Estado e chegando a valores maiores que 1700 mm/ano na porção noroeste.
Correspondendo estas duas classes a 2,67% e 0,50% do território respectivamente. Valores
variando entre > 500 e 901-1100 correspondem a 67,66 % do território do Estado. Estes valores
ocorrem na região do semiárido piauiense. Há predominância no Estado de valores de
precipitação de 1101-1300 mm/ano. Esta classe ocupa 21,23%. Os valores de precipitação
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superiores têm participações menores, onde, 1301-1500 mm/ano equivale a 6,94%, 1501-1700
mm/ano representa 3,67% e por último os valores acima de 1700 mm/ano ocorrem em apenas
de 0,50% do território.
Nas regiões semiáridas a baixa precipitação, concentrada no tempo e no espaço, é
responsável pela ocorrência de solos rasos, pedregosos e uma vegetação com característica de
caducifólia. Resultando numa fragilidade natural a degradação.
Vegetação
As diferentes condições pedológicas e climáticas na área de estudo resultam em uma
diversidade de fisionomias vegetacionais, a saber: Caatinga Arbustiva (Eu), Caatinga Arbórea
(Ea), Faixa de contato: Cerrado/Caatinga (SEm), Campo Cerrado (Sr), Cerradão (Sc), Parque
Cerrado (Sp), Florestas: Decidual, Secundária e Decidual. Secundária. Latifoliada (Fsl),
Agropecuária (Ap), Floresta: Babaçual (Fsb), Faixa de contato: Caatinga/Cerrado e
Caatinga/Floresta (FSm/SEm), Parque Caatinga (Ep), Florestas: Decidual Secundária e
Decidual Secundária Mista (Fsm), Formação Pioneira: Dunas (Dn), Mangues (Pm,), Restinga
(Pr). Sendo nítida a predominância da formação vegetacional do tipo cerrado. Onde esta ocupa
55,87 % do território, variando em campo cerrado (Sr), ecossistema de maior participação no
território, bem distribuído (áreas secas e úmidas); cerradão (Sc), concentrasse principalmente na
porção nordeste, sendo que os valores de suscetibilidade erosiva variam de média, alta e muito
alta; os cerrados parques (Sp), distribuem-se na parte noroeste e sudoeste do Estado, com
precipitação variando de 1101 e 1700 mm/ano. O potencial de erodibilidade das associações de
solos varia entre médio e alto.
A caatinga ocupa 34,73 % do território piauiense, segmentada em fitos fisionomais, a
saber: i) caatinga arbustiva (Eu), ii) arbórea (Ea) e iii) parques (Ep). A caatinga arbustiva (Eu)
encontrasse distribuída nas porções sul, sudeste e nordeste do Estado em áreas de média
suscetibilidade natural à erosão. Outro ecossistema encontrado, é o das áreas florestais, estes
ocupam 4,29 % do território piauiense, variando entre babaçual (Fsb), floresta decidual,
secundária e decidual secundária latifoliada (Fsl) e mista (Fsm). As áreas ocupadas pelas
formações pioneiras correspondem a 0,82 % variando entre mangues, dunas e restingas,
localizadas exclusivamente na parte norte do território (litoral).
CONCLUSÕES
Para CARVALHO et al. (2010) a ocupação de áreas sem o conhecimento prévio de
suas suscetibilidades e restrições de uso, podem gerar desequilíbrio ao ambiente natural,
acarretando muitas vezes, em prejuízo ambiental e social. Por essa razão esse conhecimento
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prévio serve para auxiliar no ordenamento do uso, ocupação e gestão sustentável dos sistemas
ambientais. Tal afirmativa ressalta a necessidade de levantamentos/diagnósticos preliminares
acerca de características geoambientais dos diferentes ambientes, a exemplo do aqui proposto.
Por fim, a presença de cobertura vegetal de caatinga em significativa parte do Estado,
típica de ambientes frágeis climaticamente a exemplo semiárido piauiense, o desenvolvimento
de atividades agropecuárias, distribuídas por todo o território, mas, concentrando-se, sobretudo
próximo aos cursos dos rios, sendo que estas áreas apresentam um potencial de erodibilidade
principalmente alto. Todos esses fatores aliados a uma predisposição dos solos à erosão e
somado ao uso inadequado da terra, amplia a possibilidade de degradação destes ambientes.
Visto isso, é notória a importância das técnicas de geoprocessamento no sentido de
permitir a espacialização de diferentes temas, a exemplo: da erodibilidade, da distribuição
climática e vegetacional do Estado. A elaboração destes mapas temáticos aliada a análises
integradas dos mesmos constituem-se ferramentas importantes para o planejamento
conservacionista e para o uso sustentável das terras do Estado.
REFERÊNCIAS
BRITTO, D. A.. A contribuição do geoprocessamento para o estudo de bacias hidrográficas:
aplicações no baixo curso do Rio Pojuca - BA. Salvador, 2009. CARVALHO, E. M. de; PINTO S. dos A. F.; SEPE P. M.; ROSSETTI, L. A. F. G. Utili- zação
do geoprocessamento para avaliação de riscos de erosão do solo em uma bacia hidrográfica:
estudo de caso da bacia do Rio Passa Cinco/SP. In: III Simpósio Brasileiro de Ciências
Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação. Recife – PE, 2010. JACOMINE, P.K.T. et al.. Levantamento exploratório – reconhecimento de solos do Estado do
Piauí. Rio de Janeiro. EMBRAPA-SNLCS/SUDENE-DRN. 1986. SOUSA, E. C. de. Estimativa da erodibilidade das associações de solos piauienses. Teresina,
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SUDENE. Dados pluviométricos mensais do Nordeste: Piauí. Recife, 1990. 236p.
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O PROCESSO DE DEGRADAÇÃO AMBIENTAL DO RIO PARNAÍBA NO
TRECHO URBANO CENTRO ADMINISTRATIVO – IATE CLUBE, EM
TERESINA, PI
Caroline da Silva MATEUS
Graduanda do curso de Licenciatura em Geografia da UFPI
Karoline Veloso RIBEIRO
Graduanda do curso de Licenciatura em Geografia da UFPI.
Raimundo Lenilde de ARAÚJO
Professor doutor do curso de Licenciatura em Geografia da UFPI.
Universidade Federal do Piauí – UFPI. Campus Petrônio Portela.
RESUMO
Atualmente as preocupações com a degradação tornam urgente a compreensão da temática
ambiental. O índice de consumo e a conseqüente industrialização esgotam ao longo do tempo os
recursos da terra, que levaram milhões de anos para se compor. Muitos desastres naturais são
causados pela ação do homem no meio ambiente. É importante haver um processo participativo
e sustentável, cada um fazendo a sua parte e respeitando o ciclo de cada ser existente no planeta.
(BERRY, 1991). As discussões sobre os problemas ambientais apontam visões diferentes
quanto às suas causas. Na perspectiva do desenvolvimento sustentável, a principal ameaça ao
ambiente não é o crescimento demográfico, mas o alto padrão de consumo das sociedades.
Palavras Chaves: Degradação; Consumo; Sustentabilidade; Desenvolvimento;
OBJETIVOS
O objetivo geral desta pesquisa foi analisar e apresentar a situação de
degradação ambiental do rio Parnaíba em Teresina-Pi, no trecho urbano compreendido
entre o centro administrativo e Iate Clube da mesma cidade. Como objetivos específicos
foram estabelecidos: a) Conhecer o histórico de degradação da área; b) Analisar a
aplicabilidade das políticas públicas na resolução dos problemas ambientais na pesquisa
detectados; c) Identificar os principais impactos ambientais na localidade.
INTRODUÇÃO
As sociedades humanas se estabeleceram durante um longo tempo de sua
história em margens de rios ou nas proximidades de reservas que lhe proporcionassem
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água para sua sobrevivência, além de servir como via de transporte e de escoamento de
resíduos e fonte de irrigação e energia para o desenvolvimento da atividade industrial.
Atualmente as preocupações com a degradação tornam urgente a compreensão
da temática ambiental. O índice de consumo e a conseqüente industrialização esgotam
ao longo do tempo os recursos da terra, que levaram milhões de anos para se compor.
Muitos desastres naturais são causados pela ação do homem no meio ambiente. É
importante haver um processo participativo e sustentável, cada um fazendo a sua parte e
respeitando o ciclo de cada ser existente no planeta. (BERRY, 1991).
Com o crescimento industrial, o uso intensivo e inadequado dos recursos
naturais resultou no aumento dos impactos em todas as esferas terrestres: hidrosfera,
atmosfera, litosfera e biosfera. À medida que a tecnologia se desenvolvia, também
crescia a capacidade de consumir, desperdiçar e poluir da população.
Para Araújo (2008), grande parte dos danos ambientais que ocorrem na
superfície terrestre está situada nas bacias hidrográficas. Nesse sentido, é preciso
conhecer a sua formação, constituição e dinâmica, para que as obras de recuperação não
sejam temporárias e sem grande eficácia.
Com relação a esse contexto essa pesquisa aborda um estudo sobre o processo de
degradação ambiental do rio Parnaíba, em Teresina-PI, tendo como área de pesquisa o
trecho urbano centro administrativo – Iate Clube da mesma Capital, Teresina.
O estudo foi realizado por meio da observação de um trecho do rio, que passa
por um intenso processo de degradação ambiental, e pela sua grande importância para o
estado do Piauí.
METODOLOGIA
Na elaboração dessa pesquisa empregaram-se procedimentos e abordagens
descritivas e qualitativas como estudos bibliográficos, para uma melhor apresentação e
compreensão da temática, além de um contato direto dos pesquisadores com o ambiente
em questão. Na aquisição das informações cruciais desta análise foram utilizados os
procedimentos de visitas ao local de estudo, na obtenção de fotos e informações e
observação in loco. Para que com isso, fosse possível o desenvolvimento de um
diagnóstico participativo, com as opiniões do grupo de lavadores de carro que trabalham
às margens do rio no trecho pesquisado.
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XIII SIMPÓSIO DE GEOGRAFIA DA UESPI – “Reflexões e desafios do pensar e do fazer geográfico frente à
complexidade do mundo atual” – Teresina (PI): 22 a 25 de outubro de 2013.
Publicação: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1
RESULTADOS OBTIDOS
A ocupação humana crescente e desordenada em torno das bacias hidrográficas
coloca desafios para o profissional da área de degradação ambiental. Conforme a
urbanização acontece, as mudanças na hidrologia natural na área tornam-se inevitáveis
(SCHUELER, 1995, apud ARAÚJO, ALMEIDA e GUERRA, 2005).
O rio Parnaíba, nosso objeto de estudo, desempenha um importante papel na
identidade e na vida do Teresinense. As constantes agressões ao mesmo nos levam a
repensar a ação da sociedade sobre sua utilização como um fator econômico. Ao tempo
em que essas ações geram impactos positivos, como emprego e renda, também geram
impactos socioambientais, a exemplo, o retorno ao rio, das águas - então contaminadas -
utilizadas na lavagem dos carros, às suas margens.
Portanto, cabem aos demais seguimentos da sociedade junto ao poder público
fiscalizar e cobrar dos órgãos gestores do meio ambiente, alternativas para diminuir o
impacto da atuação negativa dos agentes que poluem o rio.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A própria forma de divertimento do homem, ligada à sua insuficiente percepção
ambiental, faz com que os arredores fluviais sejam mais degradados por meio do
descarte de lixo em suas proximidades. Junto a isso, se somam os esgotos sem
tratamento que despejam materiais poluentes nas águas fluviais, o que se podem
estabelecer como causadores de problemas à saúde pública.
O desenvolvimento sustentável exige que as sociedades atendam às necessidades
humanas, tanto aumentando o potencial de produção quanto assegurando a todos as
mesmas oportunidades (BRUNDTLAND, 1991).
Com base nas observações foi possível compreender que as práticas de uma
parte da sociedade teresinense permanecem muito ligadas aos ecossistemas fluviais, e a
conservação destes locais exerce influência no abastecimento de água e na saúde em
geral. Entretanto, se torna necessária a constante utilização de políticas públicas que
tendam ao amparo de medidas de manutenção constante destas áreas. Para que com isso
haja a melhoria da qualidade de vida não só da sociedade que trabalha em suas margens,
mas também, da sociedade como um todo que depende em vários quesitos do mesmo
rio, como exemplo, o fornecimento de água realizado na cidade, que se abastece das
águas de tal localidade.
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REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Gustavo Henrique de Sousa; ALMEIDA, Josimar Ribeiro de; GUERRA,
Antonio José Teixeira.; Gestão Ambiental de áreas degradadas. – 3ª ed. – Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.
BERRY, Thomas. O Sonho da Terra. Petrópolis: Vozes, 1991.
BRUNDTLAND, Gro Harlem. Nosso futuro comum: Comissão Mundial Sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento. Rio de Janeiro: FGV, 1991. P. 47.
OLIVEIRA, L. N. Estudo da variabilidade sazonal da qualidade da água do Rio
Poti em Teresina e suas implicações na população local. Teresina, 2006. Dissertação
(Mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento). Coordenadoria de Pós-Graduação,
Universidade Federal do Piauí.
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PARQUE AMBIENTAL FLORESTA FÓSSIL DE TERESINA: AÇÃO
ANTRÓPICA E SUA DESVALORIZAÇÃO
Kamila Keila de Sousa ROSA
Graduando do curso de Licenciatura Plena em Geografia da UESPI
E-mail: [email protected]
Rafaela Santiago de MENEZES
Graduando do curso de Licenciatura Plena em Geografia da UESPI
E-mail: [email protected]
José Egnaldo da Silva BELO
Especialização em Ciências Ambientais - Núcleo de Referência em Ciências Ambientais do Trópico
Ecotonal do Nordeste - TROPEN (UFPI)
E-mail: [email protected]
RESUMO O Parque Ambiental Floresta Fóssil de Teresina abriga um acervo paleontológico raro
possuindo valor cientifico imensurável e, assim, é visto como um patrimônio a ser preservado
para as futuras gerações. Esse trabalho tem como objetivo abordar as características históricas,
físicas e ambientais do Parque Ambiental Floresta Fóssil de Teresina, apresentando sua
importância como patrimônio ambiental e a necessidade de conservação. Levando em
consideração a ação antrópica, que tem contribuído para a degradação do Parque.
Palavras chave: Floresta Fóssil. Preservação. Conservação. Ações Antrópicas. Teresina.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objeto de estudo o Parque Ambiental Floresta
Fóssil, que está localizado a margem direita e esquerda do rio Poti, dentro do perímetro
urbano de Teresina capital do estado do Piauí. O trabalho tem por justificativa
identificar os principais impactos ambientais no parque urbano Floresta Fóssil do Poti,
destacando a singularidade da fossilização e as condições físicas e ambientais do
mesmo, considerando a ação antropica e sua desvalorização.
Os procedimentos metodológicos adotados para a realização do trabalho foram:
Pesquisa, levantamento de referenciais bibliográficos. Em campo pode-se observar seus
agrupamentos de rochas fossilizadas, onde são expostas de forma vulnerável. Também
houve registros fotográficos e as anotações de acordo com o que foi visto.
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A área pesquisada está localizada espacialmente na cidade de Teresina no estado
do Piauí à margem direita e esquerda do rio Poti, entre os bairros dos Noivos e Ilhotas,
que abrange uma área de 9.000 m².
A formação deste sítio paleontológico envolveu provavelmente, um
soterramento muito rápido dos troncos, após este soterramento, segundo pesquisas já
realizada, as partes porosas dos troncos foram preenchidas por matéria mineral em
equilíbrio com o meio ambiente da época, tornando-os petrificados.
METODOLOGIA
Os procedimentos metodológicos adotados para a realização do trabalho foram:
Pesquisa, levantamento de referenciais bibliográficos. Em campo pode-se observar seus
agrupamentos de rochas fossilizadas, onde são expostas de forma vulnerável. Também
houve registros fotográficos e as anotações de acordo com o que foi visto.
CONHECENDO O PARQUE AMBIENTAL FLORESTA FOSSIL
O Parque Ambiental Floresta Fóssil é um sítio natural, datado do Paleozoico,
período Permiano, localizado em Teresina capital do Piauí, à margem direita e esquerda
do rio Poti, entre os bairros dos Noivos e Ilhotas. Abrange uma área de 9.000 m², onde
33 troncos fossilizados permanecem em posição de vida (SCABELO; SILVA; ROCHA;
ALENCAR; GOMES, 2010).
Os primeiros estudos sobre a Floresta Fóssil datam de 1909 quando Miguel
Arrojado Lisboa foi contratado, para realizar um levantamento geológico, pelo Instituto
Geológico Brasileiro. Durante este trabalho Lisboa localizou troncos petrificados em
várias áreas da capital, vestígios do que teria sido uma densa floresta. A formação deste
sítio paleontológico envolveu provavelmente, um soterramento muito rápido dos
troncos, após este soterramento, segundo pesquisas já realizada, as partes porosas dos
troncos foram preenchidas por matéria mineral em equilíbrio com o meio ambiente da
época, tornando-os petrificados (SCABELO; SILVA; ROCHA; ALENCAR; GOMES,
2010).
Em 08 de janeiro de 1993 foi criado através do Decreto Municipal 2.195 o
Parque Municipal Floresta Fóssil fruto da luta de estudiosos e ambientalistas. Em 2008
o Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional -
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IPHAN inscreveu a Floresta Fóssil no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e
Paisagístico, idealizando uma ação integrada de tombamento do patrimônio, aprovando
a proteção da Floresta Fóssil do Poti. Deste modo a Floresta Fóssil do Poti ficou
reconhecida pelo seu valor científico e paisagístico notadamente um patrimônio natural
situado dentro do perímetro urbano de Teresina (SCABELO; SILVA; ROCHA;
ALENCAR; GOMES, 2010).
Na esfera estadual a Lei nº 4.515 (09 de novembro de 1992) dispõe sobre a
proteção do Patrimônio Cultural do Estado do Piauí, aqui compreendidos os bens de
qualquer natureza, origem ou procedência, tais como: históricos, arquitetônicos,
ambientais, naturais, paisagísticos, arqueológicos, museológicos, etnográficos,
arquivísticas, bibliográficos, documentais ou quaisquer outros de interesse das
demais artes ou ciências. Os bens tombados, inclusive os do seu entorno e os que ainda
se sujeitam ao processo de tombamento, serão inspecionados, permanentemente, pelo
Departamento do Patrimônio Histórico, Artístico e Natural e pela Fundação Cultural do
Piauí FUNDAC.
O PARQUE FLORESTA FÓSSIL E OS IMPACTOS AMBIENTAIS
O Parque Ambiental Floresta Fóssil é um sítio natural, datado do Paleozoico,
período Permiano, durante esse período o território teresinense era ocupado por uma
densa floresta que passou pelo processo de fossilização.
A formação desse sítio envolveu provavelmente, um soterramento muito rápido
dos troncos. Após este soterramento, segundo pesquisas já realizada, as partes porosas
dos troncos foram preenchidas por matéria mineral em equilíbrio com o meio ambiente
da época, tornando-os petrificados.
A legislação fornece o amparo legal para proteção, preservação e conservação do
Parque Ambiental Floresta Fóssil, contudo o Parque vem sofrendo grande impacto
ambiental por parte do homem. De acordo com a ACIESP (1987) “toda e qualquer
atividade, natural ou antrópica, que produz alterações bruscas em todo meio ambiente
ou apenas em alguns de seus componentes (...)” é caracterizado como sendo impacto
ambiental. Nesse sentido analisamos especificamente as alterações ambientais
encontrados no Parque Ambiental Floresta Fóssil, decorrente das atividades
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socioeconômicas e culturais desenvolvidas nas proximidades do Parque, por estar
desprotegido vem sofrendo impacto direto.
Além dos impactos naturais com as cheias do Rio Poti e o clima quente de
Teresina o Parque também sofre intervenções antrópicas quanto ao seu uso e ocupação
de forma indevida, onde as margens do rio estão cada vez mais degradadas, o lixo é
notório podendo ser encontrado garrafas plásticas, vidros, ferros, resto de comidas
deixadas por pescadores, lavadeiras e banhistas que se utilizam do local para o lazer.
Destacando também as queimadas no período de estiagem, que resultam na destruição
da vegetação da margem do rio e o aquecimento das rochas fossilizadas causando
degradação e possível destruição do patrimônio, podendo causar sua extinção.
A Constituição deixa bem claro que a preservação é um direito de todo cidadão
para com o meio ambiente. Cabe ao poder publico preservar, por intermédio da
aplicação de legislação específica, bens de valor histórico, cultural, arquitetônico,
ambiental e também de valor afetivo para a população, impedindo que venham a ser
destruídos ou descaracterizados.
É importante que a sociedade tenha consciência da importância desse patrimônio
para conservar esse recurso natural, pois atualmente o meio ambiente do Parque da
Floresta Fóssil passa por indiscriminada ação antrópica, o que vem ocasionado
impactos ambientais ao referido recurso natural.
Parece que os moradores de Teresina fecham os olhos aos problemas relacionados
à preservação do Parque. Faltam discussões sobre a gestão e a criação de políticas
públicas voltadas para a valorização e conservação deste sítio paleontológico, assim
como, para outras áreas igualmente importantes existentes na cidade. Como também a
necessidade de campanhas educativas para conscientização da população local.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Parque Ambiental Floresta Fóssil de Teresina possui um grande potencial que
poderia ser explorado por pesquisadores e turistas, mas o parque não oferece uma
estrutura física adequada, com ausência de guias, placas indicadoras e outros fatores que
possibilitam uma melhor preservação da área.
Diante do que foi abordado sobre a Floresta Fóssil de Teresina pode-se constatar
a falta de compromisso do homem com o meio ambiente, apesar da importância
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científica e cultural, alem do descaso por parte das autoridades quanto a sua preservação
e conservação. Muito se tem falado sobre a degradação e ação do homem no Parque
Ambiental Floresta Fóssil, mas nada tem sido feito pra mudar essa situação, o poder
público Estadual diz que o Parque é responsabilidade do poder Municipal e vice versa, o
certo é que nenhum dos poderes se conscientiza de que o Parque Ambiental Floresta
Fóssil deve ser preservado, cuidado e valorizado, pois ele tem valor histórico e
científico.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL, Art.225 da Constituição da Republica Federativa do Brasil de 05 de
outubro de 1988. Brasília, p.143,2008.
BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA Nº 001, de 23
de janeiro de 1986, que dispõe sobre as definições, as responsabilidades, os critérios
básicos e as diretrizes gerais para o uso e implementação da Avaliação de Impacto
Ambiental. Brasília, DF, 1986. Disponível em:
http://www.mma.gov.br/pot/conama/res/res86/res0186.html. Acesso em: Acesso em 04
dez 2009.
SANTOS FILHO, Francisco Soares dos. A paleoflora de Teresina. Serie Paleontologia.
Teresina, n° 01.2008, jan 2008.
SANTOS FILHO, Francisco Soares dos. Floresta Fóssil de Teresina. Vestibular
Biologia. Teresina, 2001. Disponível em: http://www.algosobre.com.br/biologia/flores-
tafossil-de-teresina-.html. Acesso em 04 dez 2009.
SCABELO, A. L. M; SILVA, Ana Flavia Souza; ROCHA, Eugenio Bezerra;
ALENCAR, Lucídio Lopes de; GOMES, Helena Karoline T. Sitio Paleontológico
Floresta Fóssil do Rio Poti (Teresina-Pi): Vulnerabilidade na Preservação Dos
Fosseis. História e- Histório, v.S.N,p. SN-SN, 2010.
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EIXO 03:
GEOGRAFIA, ESPAÇOS
URBANO E RURAL
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A ATIVIDADE COMERCIAL E A CONSTITUIÇÃO DO MOCAMBINHO
COMO NOVA CENTRALIDADE URBANA EM TERESINA-PI
Poliana Santos FERRAZ
Graduada do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI
Dinamara de carvalho LOPES
Graduada do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI
RESUMO
Este trabalho tem como objeto de estudo o bairro do Mocambinho, bairro periférico da zona
Norte de Teresina, onde se analisou a atividade comercial e seu papel na constituição do
referido bairro como uma das novas centralidades urbanas de Teresina. Buscou-se entender o
papel das atividades comerciais para a produção de uma nova centralidade urbana, identificando
suas dinâmicas e empreendimentos comerciais e sua contribuição para o processo de
valorização do bairro do bairro Mocambinho. A proposta partiu da análise da concentração de
atividades comerciais em áreas centrais e sua expansão nas últimas décadas para áreas
periféricas. Este trabalho foi realizado por meio de pesquisa bibliográfica, documental e de
campo, com a aplicação de questionários e a realização de entrevistas. O estudo aponta que o
crescimento comercial do bairro atende parcial e, em alguns casos totalmente, às necessidades
comerciais de seus habitantes, evitando-se o deslocamento ao centro de Teresina. Assim,
espera-se contribuir para os estudos urbanos sobre a cidade de Teresina e com o entendimento
das novas dinâmicas da urbanização na capital piauiense.
Palavras-chave: Centralidade urbana. Comércio. Mocambinho.
INTRODUÇÃO
O espaço urbano contemporâneo caracteriza-se essencialmente por uma relação
social capitalista, embora a origem das cidades remeta a um tempo bem anterior à
constituição deste modo de produção. A dinâmica da cidade é movida principalmente
pela circulação de capital que é responsável por grande parte das transformações que
ocorrem no espaço urbano. O entendimento dessa circulação é fundamental, pois a
dinâmica nesse processo concede-nos esclarecer a questão da centralização e
descentralização territorial.
As áreas centrais das cidades passam por uma transformação constante por conta
do crescimento de suas atividades, fato que contribui para o surgimento de novas
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centralidades no entorno destas áreas, criando-se assim uma cidade polinucleada. A
descentralização é um processo de expansão das atividades exercidas no centro das
cidades e cuja aglomeração ocorre em áreas que sejam propícias a novos
empreendimentos, motivo desencadeador de um processo contínuo de valorização
daquele novo espaço de concentração.
Esse processo de centralização e descentralização determina como objeto
principal a atividade comercial, que busca áreas dinâmicas noutros pontos do espaço
citadino, possuidoras de estoques de terrenos a custo mais baratos e situados em áreas
com possibilidades de acesso por meios de transporte variados. Em Teresina a
concentração das atividades comerciais dá-se inicialmente no centro da cidade e exige
da população o deslocamento até essa região central para poder adquirir algumas
mercadorias para consumo direto ou para uso em pequenos comércios situados noutras
áreas da capital.
Assim, ao apropriar-se do potencial de consumo ligado às necessidades da
população que habita regiões afastadas do centro tradicional, essas atividades
começaram a migrar para alguns bairros da própria cidade de Teresina. Hoje se percebe,
a partir da expansão dessas atividades para outras áreas, o crescimento da cidade
impulsionado pela produção de novas centralidades, espaços antes periféricos do ponto
de vista da circulação de capital, agora tornados dinâmicos, espaços luminosos
apresentam-se como novas centralidades urbanas na cidade de Teresina, como é o caso
do bairros Dirceu, Parque Piauí e Mocambinho
O Mocambinho, por exemplo, é visto como uma nova centralidade por se fazer
crescente, em sua região, a dinâmica no seu setor terciário, rico pelas suas distribuições
comerciais, principalmente no setor informal. Atualmente o bairro passa por uma série
de transições e consequências no espaço urbano devido ao crescimento das atividades
comerciais. Isso gera, entretanto, um ponto desencadeador de dinâmicas que merecem
reflexão e questionamentos.Partimos do entendimento da cidade como produto de
relações sociais de produção, espaço que se reestrutura a partir de novas dinâmicas de
circulação de capital e consequentemente, novas relações sociais.
DESENVOLVIMENTO
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Existem inúmeros fatores responsáveis pela produção do espaço urbano, um
deles é a atividade comercial. É através desta que pode-se compreender a forma como o
capital se movimenta visando novas áreas que receberão transformações em virtude
desse processo que ocorrerá de forma distinta apresentando pontos positivos e negativos
no ambiente citadino. Corrêa (2000, p. 9) mostrar que o espaço urbano é tido como
“fragmentado e articulado, reflexo e condicionante social, um conjunto de símbolos e
campo de lutas”.
O processo de produção do espaço e os seus agentes produtores são fatores
fundamentais para compreender os processos espaciais que acontecem no meio urbano.
A centralização e descentralização destacam-se entre os processos citados acima que
modificam o ambiente citadino. Uma vez que o sistema capitalista propicia a expansão
de novas áreas que passam a se transformar em razão da demanda de fluxo de capital
antes localizada somente em uma parte da cidade, agora passam a integrar novos pontos
de concentração comercial. Essa nova realidade se deu a partir do processo de
industrialização que passa a caracterizar o espaço urbano conforme destaca Sposito
(2008, p. 43):
Ainda que a indústria seja a forma através da qual a sociedade apropria-se da
natureza e transforma-a, a industrialização é um processo mais amplo, que
marca a chamada Idade Contemporânea, e que se caracteriza pelo predomínio
da atividade industrial sobre as outras atividades econômicas. Dado o caráter
urbano da produção industrial (produção essa totalmente diferenciada das
atividades das atividades produtivas que se desenvolvem de forma extensiva
no campo, como a agricultura e a pecuária) as cidades se tornaram sua base
territorial, já que nelas se concentram capital e força de trabalho.
Logo, as áreas centrais das cidades passam a se descentralizar em razão do
crescimento de novas áreas como vem ocorrendo em alguns bairros da cidade de
Teresina especialmente no Mocambinho que vem sendo considerado como uma nova
centralidade urbana na capital. Para entender esse processo foi fundamental a aplicação
de questionários entrevistas com algumas lojas de grande porte para saber o que
motivou a instalação dessas no referido bairro.
De forma geral, o comercio desenvolvido no Mocambinho é tido como
propriedade dos moradores que acompanharam o desenvolvimento do mesmo. O
desenvolvimento do comércio permitiu aos moradores um acesso mais flexível e uma
grande variedade de estabelecimentos encontrados no bairro. Com o passar do tempo
passou a receber a instalação de empreendimentos de grande porte como o Armazém
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Paraíba, Comercial Carvalho, entre outros que ajudaram a dinamizar a atividade
comercial naquela área.
Tais dinâmicas comerciais indicam um fortalecimento da economia no
Mocambinho, uma vez que, tanto os fluxos de capital quanto a criação de um mercado
de trabalho local fortalecem as relações econômicas. Assim, percebe-se que esse
crescimento comercial, além de trazer ao bairro Mocambinho mais fluxo de dinheiro e
mercadorias, também traz alguns problemas, à medida que se intensificam as
desigualdades. Entretanto, cabe ressaltar que seus moradores dependem muitas vezes
desse comércio e o vêem como uma única fonte de renda de sua família, sendo esse
crescimento uma esperança para aqueles que vivem diretamente da comercialização dos
mais variados produtos no bairro.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo objetivou refletir sobre o espaço urbano de Teresina, voltando o
olhar para o papel da atividade comercial na produção de uma nova centralidade urbana
em um bairro periférico situado na Zona Norte da capital, o bairro Mocambinho.
O fortalecimento apresentado por essas atividades comerciais acaba por
necessitar de novas áreas, motivando o processo de descentralização das áreas centrais.
A compreensão do processo de descentralização das atividades comerciais para
formação de nova centralidade urbana, como é o caso da área de estudo (o bairro
Mocambinho), se dá a partir da saturação e transformação do espaço do centro
tradicional da cidade, fazendo com que as necessidades do comércio busquem
subcentros com mais força. Tal processo se intensifica na cidade de Teresina, pois o que
se percebe na realidade diária da mesma é essa busca e esse crescimento nessas áreas
que julgam ter potencialidade econômica para o comércio.
No Mocambinho foi identificado um número significativo de empreendimentos
comerciais, com produtos e serviços diversificados, como varejo, cosméticos, serviços
de beleza, lazer, dentre outros que passam a atender melhor sua população,
estabelecendo sua concentração maior nas Avenidas Josípio Lustosa e Freitas Neto.
A contribuição do trabalho informal e dos pequenos empreendimentos
comerciais atrai empreendimentos externos, de maior porte, muitos vinculados a grupos
empresariais com grande número de filiais. A instalação dessas unidades empresariais
promove uma valorização do bairro, além de dinamizar sua economia. Percebe-se a
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crescente vinda de empresas de grande porte para o bairro em busca de mais opções de
retorno financeiro e melhor “atender” a comunidade da região, como é o caso hoje da
instalação da loja Armazém Paraíba, do Comercial Carvalho e da Academia Eugênio
Fortes.
Assim, acredita-se que a atividade comercial tem papel preponderante no
estabelecimento de novas centralidades urbanas em Teresina, cidade notadamente
vinculada ao setor terciário e às atividades comerciais. Tal processo dá-se em distintos
pontos da capital, onde o Mocambinho aparece como parte de uma dinâmica maior que
se reproduz em bairros como Parque Piauí e Dirceu e seus arredores.
REFERÊCIA BIBLIOGRAFIA
CORRÊA, Roberto Lobato. O espaço urbano. 4. ed. São Paulo: Ática, 2000.
SPOSITO, Maria Encarnação Beltrão. Capitalismo e Urbanização. São Paulo:
Contexto, 2008.
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CARACTERIZAÇÃO AGRÍCOLA DE JATOBÁ DO PIAUÍ: ABORDAGENS
SOBRE A PRODUÇÃO DE MELANCIA
Antonio Delfino de OLIVEIRA
Graduando do curso de Licenciatura Plena em Geografia UESPI
Cíntia dos Santos LINS
Orientadora. Professora do curso de geografia da UESPI
RESUMO A visão que temos da estrutura fundiária brasileira é reflexo das formas de ocupação espacial do
início da colonização. Nas últimas décadas, por exemplo, o uso de tecnologia no meio rural e
nas práticas agrícolas tem modificado as formas de agricultura empregadas no Brasil e no
mundo. Tais avanços tecnológicos diversificaram a produção e/ou as formas de espacialização
da agricultura. A dinâmica agrícola gira em torno do atrativo mercado consumidor e
comercialização capitalista. A influência capitalista tem se estendido para além dos centros
urbanos. As formas de ocupação da terra têm-se modificado ao longo do tempo. Terras antes
impróprias para o cultivo tornam-se hoje centros de grandes produções, frutos principalmente
do agronegócio. Essa diversificação do setor agrícola impacta significativamente nas pequenas
cidades brasileiras onde inclui-se a visualização desse processo nas pequenas cidades como é o
caso de Jatobá do Piauí. Com economia agrária e a principal fonte de renda da população deriva
de produtos agrícolas, como a melancia.
Palavras-chave: Agronegócio, produção agrícola, Jatobá do Piauí.
INTRODUÇÃO
A mecanização do campo tem alcançado todos os níveis de produção, seja em
grandes, médias ou pequenas propriedades. O uso da agricultura, especialmente a
irrigada em regiões áridas, caso verificado com frequência no Nordeste brasileiro, tem
influenciado diretamente no uso da terra. Os procedimentos tecnológicos têm ocupado
esses espaços, às vezes parcialmente, transformando e tornando-os centros de produção
econômica, frutos da globalização. Esses novos espaços produtivos proporcionam
lucratividade para grandes empreendimentos, em detrimento dos espaços utilizados para
a produção e organização da agricultura familiar.
Diante das variadas formas de produção agrícola e como se desenvolvem as
técnicas de produção familiar, observa-se que os ânimos provocados pela Segunda
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Revolução Agrícola trouxeram impactos positivos e negativos. O cultivo de terras antes
inativas foi um avanço significativo para a agricultura em contraste com os impactos
sofridos diretamente por famílias agrícolas (MAROUELLI, 2003).
Segundo o IBGE, a produção de melancia é realizada em pequenas, médias e
grandes propriedades com formas variadas de produção. A visualização da agricultura
familiar da região de Tamarina no município de Jatobá do Piauí-PI no cenário da
integração agrícola global e a importância da produção de melancia realizada dentro da
área territorial do município justifica a iniciativa deste trabalho.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Para desenvolver o projeto, autores como CARNEIRO, M. J. (1997) que
trabalha a modernização da agricultura por meio dos espaços produtivos como
modificadores da vida e das transformações rurais, e MAROUELLI, R. P.(2003) que
apresenta o cerrado brasileiro como um novo potencial para a produção agrícola
visualizando as consequências das intervenções nesse espaço, tiveram papéis
importantes na dissertação teórica. Além de outras abordagens teóricas para
complementação do debate e análise reflexiva.
Para Carneiro (1997) a modernização da agricultura é adaptada conforme as
necessidades da produção.
A análise da produção agrícola via agricultura familiar considerando nesse
cenário a importância do pequeno agricultor é fator relevante principalmente para as
pequenas cidades. A economia agrária de Jatobá do Piauí é um ponto relevante para o
estudo das disseminações da agricultura modernizante e da introdução dos fatores de
produção capitalista que se incorporam em todos os cenários agrícolas.
Carneiro considera a mecanização do campo como um dos fatores cruciais para
as mudanças da vida no campo. Tais peculiaridades demonstram as variações no
comportamento do pequeno agricultor.
METODOLOGIA
Para o desenvolvimento da pesquisa, a metodologia usada delimita os princípios
fundamentais para a sua execução. A escolha do objeto de estudo foi o primeiro passo.
Assim foi escolhida a região de Tamarina, localidade pertencente à jurisdição de Jatobá
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do Piauí.
Depois seguiu a escolha do termo temporalidade: a importância da agricultura
para as famílias da região, determinação da análise do objeto de pesquisa mediante
consulta de dados que se inserem entre os anos de 2010 e 2013; pesquisa bibliográfica
que fornece sumariamente os processos e bases teóricos.
Outros pontos que são abordados na pesquisa: coleta de dados seja sobre
aspectos estatísticos, locais, culturais, costumes ou econômicos; visita ao local da
pesquisa, a órgãos ligados à agricultura do município, à Secretaria de Planejamento do
município e materiais que documentem informações cruciais sobre as práticas agrícolas
do município; aplicação de questionário qualitativo e quantitativo.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os procedimentos tecnológicos fundamentados na busca pela “melhoria
principalmente no desempenho dos índices de produtividade agrícola” (MAROUELLI,
2003) tem sido um sucesso tanto quanto nos anos que se seguem à chamada Revolução
Verde. Isso tem acentuado e condicionado ainda mais a expansão das terras usadas para
a produção agrícola em grandes propriedades.
A distribuição da agricultura irrigada tem funcionado como um mecanismo de
saída para a produção familiar da região de Tamarina, Jatobá do Piauí, em períodos de
estiagem como é possível verificar nas propriedades que se localizam nos entornos PI
322. No entanto, um fator é expressivo, os altos custos da agricultura mecanizada
excluem quase que totalmente os pequenos produtores da participação nos avanços
tecnológicos. Sem poder arcar com os custos, ficam estocados no espaço-tempo. Uma
saída é apresentada, a intervenção do poder público local nesse cenário.
O cultivo de melancia é temporário estabelecendo-se nos períodos chuvosos,
exceto algumas propriedades com cultivo irrigado que perduram durante a época da
estiagem. A área total utilizada para essa agricultura tanto para o plantio quanto para a
colheita no município é de 480 hectares.
De fato, a melancia (Crimson Sweet) cultivada na região, de ótima qualidade e
de caráter lucrativo, é de origem africana propícia para climas tropicais e subtropicais
(ROCHA, 2010, p. 16).
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Dessa forma, se desenvolve uma série de questões que serão analisadas durante
os processos finais da pesquisa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O cultivo de melancia é de fundamental importância tanto para os agricultores
quanto para a economia de Jatobá do Piauí.
Diversas questões são visíveis na região como a prática da agricultura irrigada e
o processo de produção agrícola fundamentado no mercado consumidor que embora
pequeno, vem demonstrando avanços sucessivos nos últimos anos.
A investigação que gira em torno da região de Tamarina apresenta variações
quanto aos níveis produções, além de outras diferenças que se impõem pelo relevante
poder aquisitivo dos produtores, a influência que exercem sobre a produção e economia
municipal e a intervenção do poder público local.
REFERÊNCIAS
CARNEIRO, Maria José. Ruralidades: novas identidades em construção. In: XXXV
Congresso da Sociedade Brasileira de Sociologia e Economia Rural, Natal, Agosto,
1997. Disponível em: <http://r1.ufrrj.br/esa/art/199810-053-075.pdf>. Acesso em: 16 de
Abril de 2013.
MAROUELLI, Rodrigo Pedrosa. O desenvolvimento sustentável da agricultura no
cerrado brasileiro. 2003. 63 f. Monografia (Especialização Latu Sensu) - Gestão
Sustentável da Agricultura Irrigada, com área de concentração em Planejamento
Estratégico. ISEA-FGV/ECOBUSINESS SCHOOL, Brasília, Distrito Federal, 2003.
Disponível em:
<http://ag20.cnptia.embrapa.br/Repositorio/Desenvolvimento_sustentavel_agricultura_c
erradoID-UkZstU83ek.pdf>. Acesso em: 13 de Abril de 2013.
ROCHA, Marta Rodrigues. Sistemas de cultivo para a cultura da melancia. 2010. 76
f. Dissertação (Mestrado em Ciência do Solo) - Programa de Pós-Graduação em Ciência
do Solo – Área de Concentração Biodinâmica e Manejo do Solo, do Centro de Ciências
Rurais da Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, 2010. Disponível em:
<http://w3.ufsm.br/ppgcs/disserta%E7%F5es%20e%20teses/ROCHA,%20Marta%20R..
pdf>. Acesso em: 16 de Abril de 2103.
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CIDADES MÉDIAS DO MEIO-NORTE DO NORDESTE: UM ESTUDO DO
CASO DE PARNAÍBA (PI)
Elias Paulo da SILVA
Graduando do curso de Licenciatura Plena em Geografia UFPI
Gracielly Portela da SILVA
Graduanda do curso de Licenciatura Plena em Geografia UFPI
Antonio Cardoso Façanha
Professor Doutor de Geografia da UFPI
RESUMO Esta pesquisa é uma atividade de iniciação científica- PIBIC sobre orientação do Profº Dr.
Antonio Cardoso Façanha e apresenta como tema central as Cidades Médias do Meio-Norte do
Nordeste: Um Estudo do Caso de Parnaíba (PI). O seguinte trabalho busca apresentar
informações sobre a cidade de Parnaíba, mostrando dados que motivaram o desenvolvimento da
mesma. Inicialmente foi feito um levantamento geral sobre o Estado do Piauí, o seu processo
histórico de formação e o que levou a sua atual situação. Em seguida, faz-se um levantamento
mais detalhado da cidade de Parnaíba (PI), foco de estudo dessa pesquisa, no contexto das
cidades médias do meio-norte do nordeste. Por fim, há uma apresentação de dados gerais sobre
a demografia e os indicadores sociais da cidade de Parnaíba. Além disso, aborda-se ainda o
comércio e a prestação de serviços, a infraestrutura, a habitação e a dimensão socioambiental
desse município.
Palavras-Chave: Cidades Médias. Meio-Norte. Parnaíba.
INTRODUÇÃO
Este trabalho apresenta informações referentes à pesquisa denominada de
“Cidades Médias do Meio-Norte do Nordeste: Um estudo do caso de Parnaíba (PI)”.
Esta é uma pesquisa oriunda da atividade cientifica (PIBIC-Cnpq), e foi elaborada com
o intuito de se fazer um levantamento sobre a cidade de Parnaíba (PI), mostrando os
dados mais relevantes a cerca desse município. Inicia-se com um levantamento geral
sobre o Estado do Piauí, o seu processo histórico de formação e o que levou a atual
situação do mesmo.
Em seguida fez-se uma abordagem mais detalhada da cidade de Parnaíba (PI),
que é o foco de objetivo de estudo dessa pesquisa, no contexto das cidades médias do
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meio-norte do nordeste. A pesquisa apresenta dados gerais sobre a sua demografia,
indicadores sociais, o comércio, a prestação de serviços, a infraestrutura, a habitação e a
dimensão socioambiental desse município.
DESENVOLVIMENTO
Fundamentação Teórica
Conforme Rêgo (2012), o reconhecimento da inserção de uma cidade média no
âmbito de uma rede urbana tornou-se extremamente complexo, pois continua a compor
a estrutura da rede hierárquica na qual seus papéis intermediários se definiram, mas há
um vasto conjunto de possibilidades de estabelecimento de relações com outras cidades
e espaços que não compõem, de fato, a rede a que pertence essa cidade.
Já para Leite (s./d.), as cidades médias deixam de ser pequenas cidades, para se
tornarem grandes polos de trabalho, de desenvolvimento , influenciando as pequenas
cidades e distritos vizinhos, e de certa forma mostrando a fragilidade dos organismos
governamentais em estarem preparados para essas mudanças. Corrêa (2007) afirma que
conceituar cidade média implica em um grande esforço de abstração, de dar uma
unidade aquilo que é pouco conhecido, que é muito diversificado. Tem que se analisar o
tamanho demográfico, a escala espacial e o recorte temporal.
Segundo Lima (2006), o critério de tamanho da população entre 100 mil e 500
mil habitantes pode ser utilizado para definir as cidades de porte médio. Assim, cidade
média é aquela com população urbana de 100 mil a 500 mil habitantes no Censo
Demográfico de 1991. A cidade média ainda tem uma grande importância em relação
direta com a sua área de influência em razão do seu poder de atração efetivado pelo
acesso ao consumo de bens e serviços.
Metodologia
Na presente pesquisa, utilizou-se como base metodológica o levantamento
bibliográfico, a pesquisa em sites da internet relacionados ao tema e a leitura de artigos,
revistas e documentos de dispusessem informações sobre o tema aqui em discussão.
Visitou-se ainda órgãos como o IBGE, CEPRO e SEPLAN, com o intuito de coletar
informações que pudessem contribuir para o desenvolvimento desse trabalho. Autores
com RÊGO (2012), LIMA (2006) e LEITE (s./d.) serviram de base para a definição do
que seria cidade de porte médio.
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RESULTADOS E DISCUSSÕES
Segundo Santana (2008), o processo de colonização do Piauí influenciou muito
na sua formação, não só política e econômica, mas também social. O Estado procurou
se desenvolver, porém tal desenvolvimento não levou o crescimento necessário que
promovesse a melhoria social da população, a renda não se distribuía a ponto de dá uma
boa qualidade de vida a sociedade piauiense, contribuindo para a atual situação que se
encontra o mesmo.
Conforme o IBGE (2010), as cidades do Estado do Piauí que possuem maior
número de habitantes são: Teresina, Parnaíba, Picos e Piripiri. Teresina, por ser a capital
do estado, apresenta o maior número de habitantes, ultrapassando a faixa de 800.000. A
cidade de Parnaíba possui a segunda maior população do estado, conforme dados do
censo demográfico de 2010, uma população de 145.729 habitantes, sendo considerada
uma cidade média, por possuir uma população que ultrapassa 100 mil habitantes.
Constatou-se que Parnaíba é atualmente uma das cidades mais importantes do
Estado do Piauí, sendo uma das que apresenta os melhores indicadores sociais do
Estado. Essa importância se dá através de alguns indicadores, que tentam revelar a
realidade do município. Alguns desses indicadores foram analisados com base em
informações coletadas na Revista Multi Cidades (2012), tais como: agropecuária,
indústria, renda per capita, serviços, PIB, as receitas e despesas, ICMS, IPVA, IPTU,
ISS, ITBI, FPM, e as taxas.
Com base na leitura dos indicadores sociais, conforme a Revista Multi Cidades
(2012), entre as cidades do interior, com relação às despesas com investimentos, o
município piauiense de Parnaíba exibiu a maior taxa de crescimento ao elevar seus
investimentos em mais de três vezes em 2011, apresentando assim a maior taxa de
crescimento do Brasil, que foi de 229,2%. É um município que vem crescendo não só
em número populacional, mas também economicamente, mostrando ser uma área em
desenvolvimento, que ainda tem muito a contribuir para o desenvolvimento social e
econômico do Piauí.
A análise desses indicadores evidenciou que esse município através da sua
receita e também de suas despesas, vem crescendo significativamente e esse
crescimento é impulsionado pelo seu potencial turístico. Os dados mostraram que a
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receita parnaibana vem crescendo constantemente nos últimos anos, e os investimentos
também vem aumentando através das despesas.
Analisou-se ainda a questão do comércio e serviços desse município, e as
principais atividades analisadas foram: supermercados e hipermercados, serviços de
saúde, rede bancária, redes e filiais de venda de eletrodomésticos, construtoras, e ensino
superior. Nessa análise, percebeu-se que esse setor é de suma importância para o
município, pois cada vez mais é um setor crescente, que auxilia no desenvolvimento do
município.
Além disso, destacou-se ainda a análise da infraestrutura e equipamentos do
município, como: shoppings, aeroporto, rodovias de acesso, hotéis e distrito industrial
(ZPE de Parnaíba). Nessa parte evidenciou-se que o município tá crescendo e se
expandindo, prova disso é a construção de seus dois primeiros shoppings e o
desenvolvimento da ZPE. Mereceu destaque também a questão socioambiental,
centrada no lixão e no saneamento básico e a questão habitacional, calcada
principalmente nos investimentos do Governo, como o Projeto Minha Casa Minha Vida.
A parte habitacional está em ascensão, visto que cresce o número de residenciais nesse
município, e também surge o seu primeiro residencial de luxo, o Conviver Parnaíba
Residence, evidenciando-se que a mesma já possui uma classe capaz de consumir bens
próprios dos grandes centros.
CONCLUSÃO
Nota-se que a situação atual do Estado do Piauí tem raízes no seu processo de
colonização, pelas razões que aqui foram expostas anteriormente. É um Estado que
possui características peculiares, sendo o único do Nordeste a não apresentar uma
capital situada no litoral. Teresina é a cidade que apresenta maior desenvolvimento, por
ser a capital, porém, Parnaíba se mostra uma área promissora, não só como pólo
turístico do Piauí, mas também como uma área que se destaca pela prestação de
serviços.
Com base no levantamento exposto nessa pesquisa, percebe-se que a cidade de
Parnaíba vem adquirindo cada vez mais importância no contexto das cidades do Estado
do Piauí. É um município que vem crescendo não só em número populacional, mas
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também economicamente, mostrando-se ser uma área em desenvolvimento, que ainda
tem muito a contribuir para o desenvolvimento social e econômico do Piauí.
Em vista disso, nota-se que Parnaíba vem adquirindo importância não só no
contexto do Estado do Piauí, mas no Brasil. A sua dinâmica de desenvolvimento é
acentuada pelo comércio e prestação de serviços que aqui foram citados, e pela
infraestrutura que a mesma vem adquirindo nos últimos anos, devido aos grandes
investimentos que vem recebendo nos últimos anos. A instalação da ZPE possibilitará
que esse município se desenvolva ainda mais, com geração de emprego e renda,
alavancando a economia do município.
Mesmo com investimentos em habitação como o Projeto Minha Casa Minha
Vida, o Governo ainda precisa investir muito mais nessa cidade, visto que há áreas
bastante carentes, como o próprio aeroporto que não está em funcionamento, e que caso
tivesse, serviria como ponto de partida para os demais pontos turísticos do Nordeste,
devido a sua proximidade com as demais localidades turísticas.
Enfim, é uma cidade que está em constante ascensão, destacando como uma das
principais cidades do Piauí, e que tem potencial para se tornar uma cidade de
importância nacional. Caberá aos governantes desenvolver esse grande potencial do
município.
REFERÊNCIA
BRASIL. Multi Cidades: Finanças dos Municípios do Brasil. 8. ed. Vitória: Aequus
Consultoria, 2012.
CORRÊA, Roberto L. Construindo o conceito de cidade média. In: SPOSITO, Maria E.
B. Cidades Médias: espaços em transição. 1 ed. São Paulo: Expressão Popular, 2007,
pp. 23-33.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico 2010.
Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/estadosat>. Acesso em: 09 de fev. 2013.
LEITE, Maria de J. de B. A rede brasileira de cidades médias como instrumento de
conhecimento. In: XIV Encontro Nacional da ANPUR, (s./d.).
LIMA, Marcos C. Apontamentos para definições conceituais de cidades médias. In:
www.redbcom.com.br
RÊGO, Lucélia F. do. As Cidades Médias do Meio-Norte do Nordeste: Parnaíba
(PI) e Timon (MA). Teresina: 2013.
SANTANA, Raimundo Nonato Monteiro de. Evolução histórica da economia
piauiense e outros estudos. Teresina: FUNDAPI, 2008.
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CONTRIBUIÇÃO DO PARQUE FLORESTA FÓSSIL NO MEIO URBANO DE
TERESINA (PI)
Jackson Saraiva de FREITAS
Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI
Sheila Pereira PINHO
Graduanda do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI
Livânia Norberta de OLIVEIRA
Mestra Docente do quadro provisório da UESPI
RESUMO O presente trabalho tem como objetivo destacar a importância do Parque Floresta Fóssil na
cidade de Teresina-PI, destacando os aspectos que contribuirão para o desenvolvimento e
valorização dessa área de acordo com os processos que ocorrem na área onde se localiza. O
estudo desenvolveu-se a partir de pesquisa bibliografia e documental sobre os parques urbanos
em gerais, assim como visita técnica para identificar os impactos decorrentes, tendo em vista as
ações antrópicas que alteram sua importância paleontológica dotado de valor científico, cultural
e histórico imensurável. Procurou-se durante o artigo abordar os parques urbanos em gerais,
dando ênfase ao Parque Floresta Fóssil Teresina–PI, destacando os impactos decorrentes dos
mesmos estarem localizados no meio urbano, consequentemente, sofrendo transformações que
alteram sua importância paleontológica que o dota de valor científico, cultural e histórico
imensurável, tornando, assim, patrimônio da União.
Palavras-chave: Agentes sociais. Meio urbano. Produção do espaço. Parques Urbanos.
INTRODUÇÃO
O espaço urbano capitalista é um produto social, resultado de ações acumuladas
no decorrer do tempo e engendradas por agentes sociais que produzem e consomem o
espaço. A ação destes agentes se dá de forma complexa, incluindo práticas que levam a
um processo de reorganização espacial pela incorporação de novas áreas, densificação
no uso do solo, deteriorização de certas áreas, renovação urbana, realocação
diferenciada da infra-estrutura e mudança do conteúdo social e econômico de certas
áreas da cidade (CORRÊA, 1995).
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A partir do estudo do processo de produção do espaço e seus impactos
ambientais na região do Parque Ambiental Floresta Fóssil, torna-se essencial e
indispensável para o desenvolvimento do campo que possibilita a observação das
interações do homem e o meio em que ele está inserido, tornando-se elemento
modificador do espaço. Por isso a importância de ressaltar o estudo do Parque
Ambiental Floresta Fóssil no contexto urbano em função dos diferentes processos que
ocorrem na zona em que se encontra o parque.
PARQUES AMBIENTAIS URBANOS
Cavalheiro e Del Picchia (1992), afirmam que os municípios brasileiros
constituem-se de áreas urbanas, caracterizados por espaços com construções
identificados pelas habitações, indústrias, comércio, etc. e também, constituídos de
locais livres de construções como: praças, parques, etc. e por fim áreas de expansão
urbana.
Macedo e Sakata (2002) observam que no final do século XX, um interesse na
esfera política pela introdução e formação de parques públicos para atividade
paisagística, onde, no final desse século, iniciou-se um processo crescente de
implantação desse tipo de espaço nos médios e grandes aglomerados urbanos, sendo de
responsabilidade tanto dos municípios, como dos governos estaduais.
De acordo com Kallas e Machado (2005), o município de Teresina possui 31
parques. Dentre eles: Parque Ambiental Encontro dos Rios, Parque São Pedro; Parque
Mocambinho; Parque Ambiental de Teresina; Parque Floresta Fóssil; Parque
Potycabana; Parque Zoobotânico. O estudo específico da área contemplada para a
realização do referente artigo compreende o Parque Floresta Fóssil, abordando suas
características e sua problemática do local e sua contribuição no âmbito sócio urbano.
METODOLOGIA
Os métodos utilizados para a realização do referente artigo consistem na
delimitação, identificação e caracterização da área de estudo, através de pesquisas de
campo, pesquisas bibliográficas e levantamento fotográfico, bem como a análise dos
impactos ambientais, possibilitando o embasamento no estudo dos parques urbanos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
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O Parque Ambiental Floresta Fóssil localiza-se no município de Teresina, na
margem direita do rio Poti, nas proximidades do Parque Potycabana e do Centro de
Educação Ambiental do Piauí (CEAPI). O parque possui 23 hectares (9.000 km²),
criado no dia 08 de janeiro de 1993, através do decreto de número 2.195 (TERESINA,
1993).
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o qual
efetuou em 2008 o tombamento do parque como patrimônio nacional ambiental
destacando a importância do Sítio. São encontrados 33 troncos fossilizados, os quais
estão inseridos no pacote rochoso, denominado “pedra de fogo”, que foi datado do
período Permiano, baseado nos exemplares vegetais do gênero psaranius contidos nela
(SILVA apud, SOUSA, 1994, p.26-28) (Figura 01).
Figura 01: Troncos fossilizados próximos à entrada do parque ambiental.
Fonte: ANDRADE, 2011.
A vegetação atual da área é restrita e bastante influenciada pela antropização,
apresentando poucos exemplares nativos. A maior parte da vegetação encontrada é
resultado do reflorestamento efetuado. São encontrados resquícios de vegetação
composta por cerrado e caatinga, com estratos arbustivos e arbóreos, e pela mata ciliar
(SILVA apud, CALDAS et. al 1987).
Nota-se a falta de interesse por parte dos órgãos responsáveis, principalmente
em relação às visitações ao parque floresta fóssil, pelo fato do mesmo não possuir desde
o ano de 2002 um guarda e/ou fiscalizador na parte da entrada representado pela guarita,
facilitando, assim, a entrada de vândalos, além da segurança. Há também a inexistência
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de equipamentos de comunicação como: folders, placas informativas, por exemplo, que
possam fornecer informações sobre o paleoambiente e as espécies de vegetação ali
presentes, destacando a importância desse lugar, a importância no que diz respeito ao
valor ambiental e cultural, acarretando aos visitantes um sentimento de verdadeiro
abandono e descaso, com o patrimônio.
CONCLUSÃO
Conclui-se através deste estudo, que o Parque Floresta Fóssil em Teresina está
sofrendo interferências negativas tanto por parte do intemperismo (físico e químico),
como por parte dos homens, atuando na retirada de troncos do seu local de origem,
pichações dos mesmos, poluição com resíduos sólidos não há a fiscalização efetiva por
parte de nenhum órgão público, nem mesmo pelo instituto responsável pelo
tombamento do mesmo, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(IPHAN), favorecendo a pouca visitação ao parque. Além dos órgãos públicos, a
população deveria se mobilizar solicitando mais incentivos políticos, e exigindo a
melhor preservação do Parque Floresta Fóssil.
REFERÊNCIAS
CALDAS. E. B.; MUSSA. D. LIMA FILHO e RÖSLER O. Notas sobre a ocorrência
de uma floresta petrificada da idade permiana em Teresina, Piauí. Contribuição ao
Projeto PICG (IUGS-UNESCO) nº 237: “Floras of Gondwanic Continents” 1987.
CAVALHEIRO, F. & DEL PICCHIA, P.C.D. Áreas Verdes: conceitos, objetivos e
diretrizes para o planejamento. In: Congresso brasileiro sobre arborização urbana, I,
Vitória/ES. Anais I e II. 1992. p. 29-35.
CORRÊA, R. L. O Espaço Urbano. São Paulo, 3ª edição, Editora Ática, 1995.
KALLAS, L. M. E. e MACHADO, R. R. B. Parques Ambientais de Teresina-PI:
diagnóstico e recomendações. In: Cadernos de Teresina. Teresina: Fundação Cultural
Monsenhor Chaves. Ano XVII, Nº. 37, Agosto/2005.
MACEDO, S. S.; SAKATA, F. G. Parques urbanos no Brasil. 2ª ed. São Paulo:
Edusp, 2002. 206p.
SOUSA, C. A. V. de. Parque da Floresta Fóssil do Rio Poty. In: Cadernos de
Teresina. Ano VIII, n. 17, Agosto,1994. p.26-28.
TERESINA. Decreto Municipal n° 2.195 de 08/01/93, que cria a área do Parque
Municipal da Floresta Fóssil do Rio Poti. Disponível em:
<http://crcfundacpiaui.files.wordpress.com/2012/08/departamento-de-patrimc3b4nio-
natural-e-cultural.pdf>. Acesso em 07 de Junho de 2013.
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CRESCIMENTO URBANO DE TERESINA: PROCESSO DE EXPANSÃO DA
ZONA SUL
Maria Eunice Santos TEIXEIRA
Graduanda do curso Licenciatura Plena em Geografia da UESPI
Livânia Norberta de OLIVEIRA
Geógrafa, Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente- UFPI
RESUMO: Este trabalho faz um estudo do processo de urbanização de Teresina, relatando seu processo de
estruturação e expansão contínua. Optou-se por delimitar como campo de pesquisa o perímetro
entre o bairro Esplanada, zona sul da capital e o Povoado Cebola na zona rural. O objetivo é
analisar esse processo, procurando identificar os fatores responsáveis pela expansão, como esta
ocorrendo e verificar qual o planejamento previsto, além da identificação dos agentes
produtores atuantes no espaço. A metodologia aplicada foi pesquisa bibliográfica e documental,
assim como visitas a área em questão. Constatou-se que o processo de expansão da área
delimitada ocorre primeiramente devido a infra-estrutura prevista para o local, como a
duplicação da BR 316, instalação do anel viário de Teresina (Rodoanel), resultando no aumento
do fluxo e na atração e criação de Empresas, além do surgimento de novos bairros.
PALAVRAS-CHAVE: Urbanização, Processo de Expansão, Infra - Estrutura, Teresina.
INTRODUÇÃO
O Processo de Urbanização de Teresina se acentuou na década de 1950 com
migração campo-cidade, a partir disso tem se percebido uma constante expansão tanto
no sentido vertical como horizontal. Esse processo requer uma organização, onde os
agentes sociais são modeladores do espaço. O desenvolvimento deste trabalho ocorreu
devido a transformação contínua percebida na área delimitada, o qual tem como
objetivo a análise desse processo, bem como a identificação dos fatores responsáveis.
A expansão da zona Sul ocorre influenciada pelo processo de segregação, o qual
estrutura as classes sociais, onde a força da relação de trabalho e o capital é o
modelador. Nesse processo se encontra a realidade, onde a classe dominante separa-se
de outros grupos sociais na medida em que controla o mercado de terras, a incorporação
imobiliária e a construção, direcionando seletivamente a localização dos demais espaços
urbanos.
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XIII SIMPÓSIO DE GEOGRAFIA DA UESPI – “Reflexões e desafios do pensar e do fazer geográfico frente à
complexidade do mundo atual” – Teresina (PI): 22 a 25 de outubro de 2013.
Publicação: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1
Nos últimos anos observa-se na área delimitada um processo de transformação
contínua com a instalação de conjuntos habitacionais, construção de Conjuntos
Residenciais e Empresas. A análise nessa área permite a identificação da atuação dos
agentes produtores do espaço. Outro aspecto a destacar, é que o processo de expansão,
resulta na valorização da Terra, propiciando a especulação.
OS PROCESSOS E OS AGENTES PRODUTORES DO ESPAÇO
De acordo com Corrêa (1993, p.37), “os processos espaciais tem como principio
básico, a acumulação de capital e a reprodução social, dessa maneira o espaço pode se
apresentar de forma centralizada, descentralizada, coesa ou segregada”. Diante disso os
processos atuantes da cidade capitalista se desenvolveram primeiramente em uma área
Central onde se concentram as principais atividades comerciais, de serviços e de gestão
pública e privada, caracterizada pelo alto preço da terra e dos imóveis devido às
vantagens, também com área residencial de status social elevado restringindo aquela
área o acesso de pessoas de alto poder aquisitivo.
Com a concorrência e o alto custo das atividades, foram desenvolvidas outras que
se adaptassem dentro as condições existentes, a partir disso houve a ocupação em torno
dessa área central, como o custo mais acessível. Isso gera novos núcleos, onde há a
concentração de atividades, que apesar de não manterem ligações entre si, possui uma
interligação e formam o processo coeso.
Segundo Corrêa (1993), os agentes produtores do espaço são os proprietários dos
meios de produção, proprietários fundiários, promotores imobiliários, Estado e os
grupos sociais excluídos. A ação deles é complexa, derivando da dinâmica de
acumulação de capital, das necessidades mutáveis de reprodução das relações de
produção, e dos conflitos de classe que emergem. Essa complexidade da ação dos
agentes sociais inclui praticas que levam a um constante processo de reorganização
espacial que se faz via incorporação de novas áreas ao espaço urbano.
Dessa forma, na área de estudo o processo mais atuante é o de segregação, o onde
o capital modela a área no momento em que controla o mercado de terras, e assim
restringi o acesso à classe dominante observada sobre a forma de construção de
Empresas. Identificou – se ainda a presença dos cinco os agentes sociais, os
proprietários dos meios de produção são representados pelas Empresas instaladas; os
proprietários fundiários pelos donos das terras existentes sem ocupação; os promotores
imobiliários atuantes na instalação das formas e o Estado responsável criação dos
conjuntos habitacionais que proporciona aos grupos sociais excluídos uma melhor
condição de moradia, além de estar presente também propiciar a infra- estrutura
adequada pro local.
CRESCIMENTO URBANO DE TERESINA
Teresina é uma cidade planejada, cujas transformações espaciais foram ocorrendo
no sentido horizontal. As zonas Norte e Sul foram marcadas pelo surgimento de vários
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bairros como Matadouro e Piçarra respectivamente. O crescimento no sentido Leste-
Nordeste foi a partir da década de 1950, após a criação da ponte noivos que
proporcionou o desenvolvimento de novos bairros caracterizados pela presença de
pessoas de alto poder econômico como o bairro São Cristovão (VIANA, 2005).
Conforme a autora a dinâmica de ocupação da zona Sul nessa década foi à topografia
favorável, implementação de serviços e infra-estrutura com as duas avenidas a Barão de
Gurguéia e a Miguel Rosa.
A área em estudo (Figura 1) compreende o bairro Esplanada, com destaque maior
no pólo Empresarial Sul, os bairros Teresina Sul I e II e as margens da BR 316 em
constante transformação.
Figura 1: Localização da área de estudo
Fonte: modificado Google Maps, 2013.
METODOLOGIA
A metodologia utilizada, para desenvolvimento deste trabalho, foi realização de
pesquisa bibliográfica sobre o processo de urbanização de Teresina, em livros e
periódicos, buscando encontrar obras referentes à história de expansão da zona sul de
Teresina.
RESULTADOS E DISCURSÕES
No perímetro entre o bairro Esplanada, zona sul de Teresina e povoado Cebola
zona rural, nos últimos anos observou-se um processo de transformação contínua, com
obras de instalação de conjuntos habitacionais (Teresina I e II), construção de
residenciais (Residencial Eduardo Costa), e de Empresas. Essa expansão ocorre devido
a infra-estrutura prevista, como a duplicação da BR 316 e a instalação do Anel Viário de
Teresina (RODOANEL) resultando no fluxo maior, destacado como ponto positivo para
o desenvolvimento destas Empresas.
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Observou-se que a criação do Pólo Empresarial Sul teve como objetivo organizar
e ampliar a planta industrial de Teresina, promovendo o crescimento urbano de forma
racional e para proporcionar a adequada ocupação do solo urbano. É importante
destacar que as empresas não precisam, necessariamente, se instalarem dentro do Pólo
Empresarial, como a Empresa Relva Refrigerantes.
Constou-se ainda, que os proprietários dos meios de produção são grandes
consumidoras do espaço, comandam a vida econômica e política, além de pressionar o
Estado para instalação de infra-estruturas necessárias para o desenvolvimento de suas
atividades.
Desse modo, na área delimitada os aspectos destacados impressos na instalação de
Empresas, construção do conjunto habitacional, como o Teresina sul I e II (atuação do
Estado) e em terrenos sem ocupação, atraiu a especulação, resultando em intenso
movimento de transformação da área atualmente.
REFERÊNCIAS
CORRÊA, Roberto Lobato. O Espaço Urbano. Ática. 4ªed. São Paulo. 2005.
VIANA, Bartira Araújo da Silva. O Sentido da Cidade: entre a Evolução Urbana e o
Processo de Verticalização. Fundação Cepro. Teresina. 2005.
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ESTUDO DO PROCESSO DE VERTICALIZAÇÃO DA ZONA LESTE DE
TERESINA-PI
Adjhones de Souza SILVA
Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI
Antonio de Assis NETO
Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI
Marcos vinicios de ANDRADE
Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI
Livânia Norberta de Oliveira
Professora provisória do Curso de Geografia da UESPI
RESUMO: A verticalização é uma necessidade encontrada nas grandes cidades para solucionar os
problemas de uso e ocupação do solo. O presente trabalho tem como objetivo fazer uma
descrição do processo de verticalização na Zona Leste de Teresina. Para o desenvolvimento da
pesquisa foram realizadas pesquisas bibliográficas, através de consulta em livros, artigos
científicos, referentes a estudos realizados sobre o processo de verticalização, assim como, o
levantamento de dados em órgãos ligados ao setor da construção civil, principalmente a
Prefeitura Municipal, órgão responsável pela aprovação dos projetos para construções de
edifícios residenciais e comerciais na capital. Constatou-se que no final dos anos de 1980,
surgiu de forma acentuada e consolida na Zona Leste o processo de verticalização na cidade,
devido a ação dos agentes produtores imobiliários e fundiários do espaço urbano, os quais
estruturaram uma nova organização espacial na área em questão. Tal processo está relacionado à
valorização dos terrenos, à boa infraestrutura, à segurança e comodidade. Verificou-se também
que a verticalização aconteceu com o processo da evolução urbana, principalmente no Centro e
Zona Leste da capital, estando associada a ações das atividades econômicas e imobiliárias, que
atualmente passa por diversos investimentos do setor privado, ocasionando uma nova
modelagem na infraestrutura urbana na área em questão.
Palavras chave: Espaço urbano, Verticalização, Teresina.
INTRODUÇÃO
A verticalização é uma necessidade encontrada pela grandes cidades para
solucionar os problemas do grande aglomerado de pessoas que nela vive. Alguns
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pesquisadores aponta esse fator como uma verdadeira identidade da urbanização, para
uma modelagem da paisagem e do espaço urbano.
A verticalização tem dado um novo visual à cidade de Teresina, principalmente
na Zona Leste, onde a ação dos agentes modeladores é mais intensa. Entretanto esse
processo ocorreu de certa forma mal planejada, causando vários problemas naquela
região, como os alagamentos devido a impermeabilização do solo de uma área
localizada na margem do rio Poti, dentre outros.
Diante do exposto, objetiva-se discutir o processo de verticalização na Zona
Leste de Teresina, destacando a centralização que ocorreu naquela região, os problemas
socioambientais e o processo de segregação lá existente.
O PROCESSO DE VERTICALIZAÇÃO DE TERESINA-PI
Foi no início da década de 1990, que o processo de verticalização se desenvolveu
principalmente nas Zonas Centro e Leste da capital do Piauí, necessitando, desta forma,
um aprofundamento da análise da produção espacial, “através das ações do capital
financeiro, ou seja, da relação intrínseca entre os capitais imobiliários, financeiros,
fundiários e produtivos realizadores de estratégias mútuas” (FAÇANHA, 1998, p. 211).
O que vigorava nesse contexto, era as construções de edifícios públicos e
comerciais que tinha como fim centralizar a oferta de serviços com salas para escritórios
ou consultórios, na zona central de Teresina sem muitos fins lucrativos.
Embora acontecendo com certo atraso, em relação às outras capitais brasileiras,
as mudanças da paisagem urbana de Teresina, através do fenômeno da verticalização,
são conseqüências da ação de um agente social que começa a se consolidar enquanto
transformador do espaço urbano em Teresina: o promotor imobiliário privado.
A cidade cresce e a população excluída desse processo é jogada para fora da área
central, que se valoriza. “O resultado será, necessariamente, a segregação social gerada
pela disputa pelo acesso aos espaços da cidade [...]” (RIBEIRO, 1996, p.116, apud
DIAS, 2003).
É nesse período que ocorre a consolidação do processo de verticalização de
Teresina, deixando mais evidente a segregação existente na cidade e a atuação dos
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agentes imobiliários, que agem sobre o espaço urbano produzindo e reproduzindo o seu
capital.
METODOLOGIA
Para o desenvolvimento da pesquisa foram realizadas pesquisas bibliográficas,
através de consultas em livros, artigos científicos e fontes pesquisadas em web
sites, referentes a estudos realizados sobre o processo de verticalização na cidade de
Teresina.
Houve pesquisa de campo em setores ligado a construção civil e na Prefeitura
Municipal, órgão responsável pela aprovação dos projetos para construções edifícios
residenciais na nossa capital.
VERTICALIZAÇÃO NA ZONA LESTE DE TERESINA-PI
A ação dos agentes produtores incorporadores do espaço urbano estruturou uma
nova organização espacial na Zona Leste, relacionadas com a valorização dos terrenos,
a localização privilegiada, a proximidade do rio Poti, a vista panorâmica, a boa
infraestrutura, a segurança, o modismo e a comodidade.
Segundo Abreu (1993) a construção da habitação para as populações com mais
alto poder aquisitivo é o objetivo principal do capital imobiliário. As elites tendem por
constituição ideológica a se isolar dos demais grupos sociais que compõem a cidade,
vivendo uma auto-segregação, onde prefere viver em local fechado com maior
segurança, para fugir da violência, que na concepção dessa classe é causada pela parte
mais pobre da cidade.
A ação dos agentes produtores incorporadores do espaço urbano estruturou uma
nova organização espacial na Zona Leste, apresentando atrativos relacionados com a
valorização dos terrenos, a localização privilegiada, a proximidade do rio Poti, a vista
panorâmica, a boa infra-estrutura, a segurança e o status social.( SOUSA, 2010)
Vale lembrar que o processo de verticalização quando mal planejada causa
impactos ambientais, afetando o clima urbano, favorecendo o desenvolvimento de
microclimas. Na Zona Leste existe um grave problema de acúmulo de água nas ruas e
avenidas daquela região, devido à impermeabilização do solo, tendo em vista o
deficiente sistema de galerias para o escoamento das águas pluviais e a inexistência de
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projetos de sustentabilidade que venha minimizar esses problemas, Diminuindo assim,
os impactos para as famílias, que sofrem perdas econômicas e danos morais devido à
infra-estrutura deficiente em muitos prédios presentes na Zona Leste da capital.
CONCLUSÃO
A verticalização na Zona Leste atualmente está em um processo de aceleração,
devido a vários investimentos por parte do setor privado. Essa alta no mercado só
mostra que a capital piauiense passa por uma nova modelagem na infraestrutura e por
uma mudança na produção do espaço urbano, na construção de grandes edifícios.
Um fator para a grande procura de condomínios fechados em Teresina, se dá em
detrimento da violência urbana na cidade, causando a segregação sócio-espacial na
capital. É necessário ressaltar a importância de um planejamento adequado desse
processo de verticalização, como forma de evitar maiores danos à população e ao meio
ambiente.
REFERÊNCIAS
VIANA, B. A. da S. Impactos ambientais da mineração de materiais para
construção civil na Zona Norte de Teresina-PI. 2007. Dissertação (Mestrado) -
Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente.
Universidade Federal do Piauí, 2007.
FAÇANHA, A.C. A Evolução Urbana de Teresina: agentes, processos e formas
espaciais. 1998. Recife. Dissertação (Mestrado em Geografia) - Universidade Federal
de Pernambuco, 1998.
______. A verticalização em Teresina: sonho de muitos e realidade de poucos.
Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Ensino de Geografia),
Universidade Federal do Piauí. Teresina, 2003
ABREU, I. G. de. O Crescimento da zona Leste de Teresina — Um caso de
Segregação? Dissertação (Mestrado em Geografia) - Instituto de Geociências,
Programa de Pós-Graduação em Geografia. Universidade federal do Rio de Janeiro,
1993.
DIAS, R. A verticalização em Teresina. Cadernos de Teresina. Ano XV n. 35,
março/2003.
SOUSA, L.O.A. Análise do Processo de Verticalização da Zona Leste da Cidade de
Teresina Piauí de 1980 a 2010. Disponível em: <
http://www.ufpi.br/19sic/Documentos/RESUMOS/Humanas/Lucineide Osterne Alencar
de Sousa.pdf> Acesso em: 12 de maio de 2013.
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LÓGICA DOS ASSENTAMENTOS RURAIS DO SEMIÁRIDO PIAUIENSE:
ESTUDO DE CASO DO ASSENTAMENTO CANA BRAVA – JUREMA –PI
Aldemir Monteiro de ASSIS
Graduando do curso de licenciatura em geografia da UESPI
Fernandes Pereira NUNES
Graduando do curso de licenciatura em geografia da UESPI
Judson Jorge da SILVA
Prof.Msc./Orientador – Dpto. Geografia – UESPI – Campus São Raimundo
Nonato
RESUMO Compreender a lógica em torno da implantação do assentamento rural Cana Brava, criado
através do Programa Banco da Terra, configura o foco principal de análise desse trabalho.
Localizado no município de Jurema, o mesmo se encontra inserido na área semiárida do Piauí.
Por essa razão, buscamos caracterizar as formas de organização, bem como a dinâmica
econômica e produtiva das famílias assentadas. As análises apontam sérios problemas de ordem
social e econômica, agravados pela seca vivenciada no período 2012-2013. É possível perceber
também que, na inexistência das ações de movimentos sociais de luta pela terra nessa área do
Piauí, vem se implementando na região programas da chamada “reforma agrária de mercado”.
Palavras-chave: Assentamento; Banco da Terra; Semiárido; Compra de terra; Governo FHC.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho apresenta uma caracterização do Assentamento Cana
Brava, situado no município de Jurema, semiárido Piauiense, no Território de
Desenvolvimento Serra da Capivara. Através do levantamento de dados buscou-se
identificar a forma pela qual se deu a criação do assentamento, a procedência das
famílias, o perfil dos assentados, além a organização política e econômica, bem como os
principais problemas enfrentados pelos camponeses. O desenvolvimento da pesquisa em
áreas de assentamentos rurais no semiárido piauiense faz-se necessário para que se
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forneçam subsídios que permitam transparecer a lógica inerente à construção desses
territórios nesse ambiente.
Nesse sentido, além da pesquisa empírica, dialogamos com autores que
discutem sobre a questão agrária, obtendo elementos teóricos que auxiliam a
compreender os processos de compra e venda de terras intermediadas pelo governo,
modo como foi realizada a aquisição da terra pelos assentados.
DESENVOLVIMENTO
O assentamento possuí uma área total de 1066 hectares (um mil e sessenta e
seis), beneficiando 26 famílias, que possuem um lote de terra com aproximadamente 41
hectares. Sua implantação ocorreu no ano de 2002, sendo financiado pelo Banco da
Terra, programa criado pelo governo Fernando Henrique Cardoso.
Segundo Fernandes, desde a sua primeira gestão, o governo Fernando Henrique
Cardoso criou
diversas políticas com o objetivo de impedir o avanço da luta pela terra. Para
tentar diminuir o crescimento das ocupações de terra foi criado o Banco da
Terra: uma política de compra e venda de terras. Igualmente, por meio de
medidas provisórias, iniciou uma série de políticas, como, por exemplo: não
realizar vistorias em terras ocupadas, não assentar as famílias que
participarem de ocupações, excluir os assentados que apoiarem outros sem-
terra na ocupação de terra, tentando, dessa forma, impedir o processo de
territorialização das lutas pela terra (FERNANDES 2001, p.22).
Nessa perspectiva, verifica-se que o Estado funciona como um agente
intermediador no processo de compra e venda de imóveis rurais, visando barrar as ações
dos movimentos sociais de luta pela terra ao adotar mecanismos de mercado que,
supostamente, permite a pequenos produtores adquirir a terra própria, mas os coloca em
uma situação de grave endividamento.
Para a realização da pesquisa, os dados foram obtidos através da aplicação e
análise de questionários aplicados às famílias assentadas e entrevistas com lideranças da
comunidade.
Constatou-se que 60% das famílias do assentamento são procedentes do
próprio município e 40% são oriundas do município de Anísio de Abreu – PI.
Verificou-se que foram 26 o número de famílias beneficiadas com a compra da terra no
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ano 2002. Porém, atualmente só residem no assentamento 57,7% dos assentados. Os
demais continuam com seus lotes, mas residem em comunidades vizinhas ou em Anísio
de Abreu – PI, que faz divisa com o município de Jurema.
De acordo com informações do senhor Adão Paes Landim Nascimento, 45
anos, morador do Cana Brava, o processo de negociação da compra da terra se deu pelo
fato de que o dono da mesma, na tentativa de vendê-la para particulares e não
conseguindo, propôs aos moradores da região que se organizassem na forma de
associação para que pudesse ser feito a negociação com o governo. Portanto, a proposta
partiu do próprio dono, que organizou também a divisão dos lotes da propriedade. Após
a realização da proposta, dentro de dois meses, com a documentação da associação
pronta e registrada em cartório, foi possível a concretização da compra das terras pelo
programa do governo.
Nessa perspectiva, Fernandes afirma que o programa de reforma agrária criado
durante o governo de FHC,
[...], em parte, abrindo mão de sua competência, criou o Banco da Terra,
beneficiando mais ainda os latifundiários, que passam a receber em dinheiro
e à vista, fortalecendo-os e enfraquecendo os trabalhadores. Nesse sentido, o
governo criou uma enorme desigualdade nas negociações políticas, já que
dessa forma é o mercado que passa a ser a condição de acesso à terra, e não
mais ações dos trabalhadores e a intervenção do Estado (2001, p.40).
Essa condição de compra e venda de terra acaba por beneficiar somente aos
grandes latifundiários, pois na maioria das vezes a negociação estipula valores acima
dos de mercado. Com isso, o grande proprietário acaba territorializando seus capitais na
compra de mais terras em outros locais.
Segundo Monte,
Uma „reforma agrária de mercado‟, proposta pelo Banco Mundial – BIRD,
com a utilização do mecanismo de crédito fundiário, foi imediatamente
incorporada pelo governo, contrapondo-se à proposta de reforma agrária
„imediata, ampla e massiva‟ e com prioridade na utilização do instrumento da
desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária defendida
pelos movimentos sociais e que passou então a ser objeto de severas críticas e
objeções, principalmente do MST, CPT, Fórum Nacional pela Reforma
Agrária e Justiça no Campo e pela CONTAG (2006 p.50).
Dessa maneira, os grandes latifúndios passaram a serem atrativos financeiros
para especulação imobiliária, ao mesmo instante em que esse mecanismo freia as ações
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dos movimentos sociais. Agindo dessa maneira, o Estado beneficia duplamente os
grandes produtores em detrimento dos sem terra.
No assentamento, as formas de organização da produção se dão com base nos
núcleos familiares e ocorre a pluriatividade de culturas associada à criação. Inexistem
práticas de trabalho coletivo. Conforme dados obtidos 17,14% dos moradores são
adolescentes, 80% são adultos e 2,85% são idosos ainda em plena atividade na
agricultura. No que diz respeito às atividades produtivas, as famílias produzem
alimentos que estão ligados à base alimentar regional. 93% delas plantam feijão em
áreas que vão de um a cinco hectares; 86,7% cultivam milho em áreas de um a cinco
hectares; 66,7% fazem plantio de mandioca em áreas de um a cinco hectares; Há ainda a
produção de capim por alguns dos assentados que criam animais como o gado vacum
(bovino), sendo que 66% das famílias exercem essa atividades de pecuária. As
atividades agrícolas citadas foram todas prejudicadas pela seca 2012 e 2013 que afetou
a região, sendo o resultado da produção totalmente nulo.
A produção agrícola do Assentamento Cana Brava serve para a alimentação
das famílias assentadas e, quando as condições climáticas permitem que sejam gerados
excedentes, os mesmo são vendidos na região para complementação da renda familiar
composta, principalmente, por benefícios do Governo Federal. Do total das famílias,
80% recebem o Bolsa Família. Já o Garantia Safra é recebido por 60%, pelo fato de não
terem realizado colheita nos anos de 2012 e 2013. Entre os produtores de gado, 66,7%
deles venderam parte completamente o rebanho bovino, pois as pastagens cultivadas
morreram em consequência das secas. A compra de insumos para alimentação do gado,
como milho dentre outros produtos, não seria viável devido aos elevados preços em que
os mesmos se encontram atualmente, tendo esses produtos que virem de fora do
município. Os assentados tiveram que vender o seu rebanho por um preço abaixo do
estimado, solução tomada para evitar a morte e perda completa do gado.
Associado ao problema da estiagem, os moradores apontam o descaso dos
governantes, no quesito assistência técnica. Os assentados carecem dos mesmos
problemas vivenciados por qualquer pequeno produtor da região, sendo atualmente os
efeitos da seca o mais preocupante.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pelo exposto fica evidente a gravidade da realidade enfrentada pelos assentados.
Isso fica claro quando a pesquisa aponta que parte dos mesmos mantém seus lotes no
Cana Brava, porém não residem na comunidade. Tal situação é condicionada pela
dificuldade de produção, sobretudo no período de estiagem. Isso é reflexo da falta de
assistência técnica, que nunca existiu no assentamento. É importante frisar que cabe ao
Estado à responsabilidade de promover políticas públicas capazes de subsidiar ou
amenizar tais problemas, bem como ser capaz de promover uma mudança radical no
âmbito das questões relacionadas ao desenvolvimento no campo, que atenda aos anseios
dos produtores pobres. Por estar inserido no semiárido piauiense, é preciso o estimulo
de políticas públicas voltadas para a convivência com o ambiente semiárido. Tais
medidas devem vir acompanhadas de assistência aos produtores, visando garantir
condições de vida digna, através do acesso a água e soberania produtiva e alimentar das
famílias assentadas.
Outro fato que merece atenção especial é modelo de “reforma agrária de
mercado” que vem sendo implantado na região. Cabe refletir por qual razão os
movimentos de caráter sócioterritoriais, como o MST, não tem especializado e
territorializado suas ações no sudoeste do Piauí.
REFERENCIAS FERNANDES, Bernardo Mançano. Questão agrária, pesquisa e MST. São Paulo: Cortez, 2001.
MONTE, Francisco Clesson Dias. A política de assentamentos rurais do INCRA no contexto do
semiárido nordestino. 2006. (Dissertação de Mestrado) <http://r1.ufrrj.br/cpda/wp-
content/uploads/2011/09/m_francisco_clesson_dias_monte_2006.pdf > Acesso em 09/09/2013 as 22:13.
NASCIMENTO, Adão Paes Landim. Entrevista [set.2013]. Entrevistador: Aldemir Monteiro de Assis.
Jurema:Assentamento Cana Brava, 2013. 1 arquivo mp3 (60min.).
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O CRESCIMENTO URBANO DE SÃO RAIMUNDO NONATO E SUAS
IMPLICAÇÕES NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO ATUAL
Anselmo Viana dos SANTOS
Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI
Romário Borges da COSTA
Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI
Stephanyo dos Reis OLIVEIRA
Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI
Elizabeth Abreu de Sousa SANTANA
Professora da Universidade Estadual do Piauí (UESPI)
RESUMO O presente trabalho tem por finalidade, mostrar o crescimento urbano bem como a sua
desproporcionalidade da aplicação das políticas públicas na cidade de São Raimundo Nonato,
que tem este nome por homenagem ao seu padroeiro com nome homônimo. Pretende-se através
da pesquisa fazer uma retrospectiva ao início da formação da cidade e fazer uma comparação
com a atual realidade focando a atuação do Estado frente aos problemas que surgem com o
crescimento desordenado. A urbanização é um processo natural, de modo geral se dá quando a
população urbana excede a população da zona rural e em São Raimundo Nonato não é diferente.
No entanto, o ritmo como este processo vem acontecendo é que se torna desigual. É importante
compreender a dinâmica da mesma em todos os aspectos, seja de forma cultural, natural, e seus
problemas urbanos que é marcado pelas desigualdades sociais. Apesar de São Raimundo
Nonato não ser uma cidade de grande porte, percebe-se através da pesquisa esses contrastes
dado por este processo acelerado dificultando um desenvolvimento mais igualitário.
Palavras-chave: Urbanização; processo; desenvolvimento;
INTRODUÇÃO
O objeto de estudo desta pesquisa é o município de São Raimundo Nonato que esta
localizado na mesorregião do sudeste piauiense, possui 32,327 e 2.607km². Foi fundado
no ano de 1912, com densidade demográfica de: 9,97 habitantes por km², área total
(IBGE, 2012). Já em 1912 quando a freguesia foi elevada a categoria de cidade, São
Raimundo Nonato nasce no auge da produção da borracha de maniçoba, o comércio já
demonstrava que teria um futuro próspero (SANTOS,2012). A economia ainda, nos dias
atuais depende da agricultura, mas outras fontes de renda também colaboram para o
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crescimento. A população também cresceu a taxas elevadas nos últimos anos. A
concentração de pessoas em São Raimundo Nonato advindas de vários lugares se
justifica por vários fatores: estudo, trabalho, pesquisas dentre outros. Sua localização e
importância histórica também corroboram para vindas de estudiosos e pesquisadores. O
município está localizado no sudeste do Piauí onde se localiza o Parque Nacional Serra
da Capivara, localizado no semiárido nordestino, fronteira entre duas formações
geológicas, com serras, vales e Planícies, abrigando fauna e flora específica da caatinga.
Com todo esse destaque através do Parque, outras fontes de renda começaram a
ser trabalhadas no município, dentre elas, o turismo. Ainda assim, verificam-se algumas
deficiências para melhor desenvolvimento urbano e econômico da cidade. Este trabalho
visa mostrar o crescimento de São Raimundo Nonato e qual o papel do Estado frente a
esse desenvolvimento. As dificuldades encontradas na economia, mobilidade urbana
dentre outros problemas urbanos decorrentes de um crescimento mal planejado.
Destacando também o processo de urbanização da cidade fazendo o comparativo do seu
avanço.
SÃO RAIMUNDO NONATO: SEU CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
Durante o processo de urbanização da cidade de São Raimundo Nonato a área
urbana passou a ser um importante ponto de comercio e reprodução do capital mesmo
que em uma escala pequena. Para Magnoli (2011, p.99) o processo de urbanização é um
fato mundial condicionado pela disseminação da economia de mercado e pela divisão
do trabalho cada vez mais intensa que acompanha.
A partir de 1922, com o declínio da maniçoba, o comércio ganhou força
baseado principalmente na diversidade dos produtos agrícolas. Atualmente a atividade
comercial é a fonte de renda de São Raimundo Nonato, lojas de tecidos, ao lado antiga
estação rodoviária funciona como feira de livre de produtos agrícolas, ainda existe o
mercado do produtor, onde nas dependências do prédio encontramos restaurantes, bares,
ponto de moto taxi e ao lado é uma feira livre de confecções, e novamente produtos
agrícolas. Para Carlos 2008, p.65:
Existe nitidamente com o desenvolvimento do comércio, e consequentemente
das cidades e das populações urbanas uma mudança de valores. A terra passa
a dividir com o comércio o papel de fonte de riquezas. O comércio começa a
se impor e a organizar um espaço compatível com seus valores no modo de
vida.
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O comércio tem se destacado na economia sanraimundense criando uma
competição também no setor de empregabilidade. Mesmo em processo de
desenvolvimento, a cidade tem crescido na sua densidade demográfica e muitos são os
que buscam no comércio o seu emprego e renda. Com o crescimento populacional
também cresce a procura por emprego. Isso se assemelha com o pensamento de
(Magnoli 2001 p. 100) onde afirma que: “as desigualdades no ritmo do processo de
urbanização refletem as disparidades econômicas regionais e a própria inserção
diferenciada de cada região na economia nacional”. Cada cidade tem um ritmo
diferenciado de crescimento, tendo anos com poucas mudanças no cenário urbano,
como também, anos com suas grandes transformações.
Percebe-se que a cidade de São Raimundo Nonato vem crescendo mais do que
as políticas públicas podem acompanhar ou não está sendo planejado como deveria. No
trânsito, nos comércios as transformações ocorridas ao longo do tempo são notórias. A
cidade teve um crescimento vertical acelerado, causando o desaparecimento do aspecto
colonial, ou seja, a paisagem urbana da cidade começa a sofrer modificações.
Atualmente possui poucas residências no centro, mas os bairros se expandiram bastante
ao longo dos anos e ainda hoje nota-se o crescimento imobiliário na cidade. O
crescimento da cidade não se dá apenas por influencia de trabalho, mas os estudos
colaboraram para esse crescimento. Isso ocorreu desde a época onde a escola “Madre
Lúcia” sendo a primeira escola normal da região, provocou o deslocamento de jovens
das cidades vizinhas para São Raimundo Nonato proporcionando o crescimento no
índice populacional do município.
Atualmente os estudantes vindos de outras cidades buscam bem mais que o
ensino médio, a cidade conta com uma Universidade Estadual do Piauí – UESPI,
Universidade do Vale do São Francisco UNIVASF, o Instituto Federal de Educação,
Ciências e Tecnologia (IFPI), que oferece cursos técnicos e Ensino Médio, além de
Possuir vários colégios públicos e privados de Ensino Fundamental e Médio
profissionalizante. Além de professores e estudiosos da área de arqueologia.
Os procedimentos metodológicos para esta pesquisa foi de caráter exploratório
de natureza aplicada, pois recupera conhecimentos teóricos isolados para resolução de
problemas específicos. O levantamento bibliográfico de livros, artigos de periódicos
sobre assuntos relacionados ao objetivo deste trabalho, foram amplamente explorados.
Figura 34: Avenida Profº João Menezes
atualmente
Fonte Romário Borges.
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Entrevistas, pesquisa de campo para busca de acervo da cidade além de registros
fotográficos.
Na cidade de São Raimundo Nonato juntamente com seu crescimento
populacional também vem crescendo os problemas urbanos como: trânsito caótico,
esgotos nas ruas, poluição sonora, visual e falta de mobilidade urbana consequência de
uma cidade sem estrutura, e nem saneamento básico para todos. A violência já tem
chegado à cidade, o lixo nas ruas, e não por fim suas desigualdades socioeconômicas já
se tornam cada vez mais fortes.
CONCLUSÃO
As transformações ocorridas na cidade mostram que com o tempo os aspectos
físicos vão sendo construindo de acordo com os valores de cada período. Desta forma a
mudança de período significa também a ruptura de muitos valores. Buscou-se
compreender o processo de urbanização da cidade que é uma realização humana no
produto e obra, e assim modificando a vida do cidadão. O presente trabalho fez
referência em sua pesquisa aos principais problemas advindos do processo acelerado de
urbanização, mas sabe-se que existem outros que não foram citados no texto.
Levando-nos a refletir no processo de urbanização e suas contradições. Que
embora seja um processo importante de desenvolvimento, quando não é acompanhado
por planejamento pode se tornar um “caos”. A cidade de São Raimundo Nonato tem
grandes potencialidades em vários setores da economia, contudo precisam de
investimentos, políticas públicas e um conjunto de ações para se construir uma cidade
planejada de acordo com seu crescimento urbano.
REFERÊNCIAS
CARLOS, Ana Fani Alessandri, A cidade,8 ed. 2ºreimpressão; São Paulo:
contexto,2008.
IBGE Instituto brasileiro de geografia e estatística disponível em
www.ibgecidades.com, acesso em 05-09-2012.
MAGNOLI, Demétrio; ARAUJO, Regina. Geografia geral e brasil: Paisagem e
território, São Paulo. Ed. Moderna, 2001.
SANTOS, Alex de Sousa, Cidade em cores: urbanização e iconografia em São
Raimundo Nonato(1949-2011). 2012
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O PAPEL DA POLÍTICA HABITACIONAL NA EXPANSÃO URBANA DE
TERESINA-PI
Léa Maria da Silva CARDOSO
Graduanda do curso de Licenciatura Plena em Geografia da UFPI
Bartira Araújo da Silva VIANA
Orientadora: Professora Doutora de Geografia da UFPI
RESUMO
Teresina teve seu crescimento populacional e urbano mais acentuado a partir da década de 1960,
graças ao desenvolvimento de inovações tecnológicas e da ampliação do setor de serviços, além
da crescente imigração e ao desenvolvimento das políticas habitacionais, em especial, a
construção dos conjuntos habitacionais. Este acelerado crescimento da capital contribuiu para
uma maior utilização do solo urbano. O presente trabalho tem como objetivo principal analisar a
expansão urbana da cidade de Teresina, tendo em vista o papel da construção dos conjuntos
habitacionais, com destaque para o Residencial Jacinta Andrade, Zona Norte da cidade,,
enfatizando os impactos ambientais envolvidos neste processo. A metodologia empregada no
trabalho se deu mediante a pesquisa bibliográfica em livros e artigos, em sites da internet, assim
como visitas in locu visando observar e coletas informações sobre o objeto de estudo em
questão. O trabalho, que está em fase de conclusão, justificando-se pela importância de se
conhecer os problemas urbanos de Teresina, uma vez que a acelerada expansão urbana da
cidade nas últimas décadas concorre para a ocupação cada vez maior da franja urbana; lugares,
muitas vezes, com condições ambientais impróprias para a construção dessas ocupações.
Palavras-chave: Teresina. Expansão Urbana. Conjuntos Habitacionais. Impactos.
INTRODUÇÃO
Teresina teve seu crescimento populacional e urbano mais acentuado a partir da
década de 1960, graças ao desenvolvimento de inovações tecnológicas e da ampliação
do setor de serviços, além da crescente imigração e ao desenvolvimento das políticas
habitacionais, em especial, a construção dos conjuntos habitacionais, sendo que este
acelerado crescimento da capital contribuiu para uma maior utilização do solo urbano.
Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo principal analisar a
expansão urbana da cidade de Teresina, tendo em vista o papel dos conjuntos
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habitacionais, com destaque para o Residencial Jacinta Andrade, Zona Norte da cidade,
enfatizando os impactos ambientais envolvidos neste processo.
O trabalho, que está em fase de conclusão, justificando-se pela importância de se
conhecer os problemas urbanos de Teresina, uma vez que a acelerada expansão urbana
da cidade nas últimas décadas concorre para a ocupação cada vez maior da franja
urbana; lugares, muitas vezes, com condições ambientais impróprias para a construção
dessas ocupações.
A metodologia empregada no trabalho se deu mediante a pesquisa bibliográfica
em livros e artigos, em sites da internet, assim como visitas in locu visando observar e
coletas informações sobre o objeto de estudo em questão.
DESENVOLVIMENTO
A expansão urbana e a política habitacional de Teresina
No final da década de 1950 o Piauí ingressou no processo de industrialização do
país. Tal fato concorreu devido ao rápido crescimento da população urbana do Estado,
especialmente em Teresina, onde havia maior concentração do comércio e dos serviços.
Aliam-se também para o crescimento dos centros urbanos no Piauí os problemas de
ordem naturais como as secas; estes obrigavam moradores do campo a buscarem
melhores condições de vida nas cidades (MELO, 2009).
Entre as décadas de 1950 e 1980, Teresina apresentava uma taxa de crescimento
populacional elevada (em torno de 5% ao ano), resultado do crescente êxodo rural. A
construção de rodovias integrando a capital a outros municípios facilitou o fluxo
migratório. Nesse período, Teresina contava com cerca de 40% do contingente urbano
do Estado (TERESINA, 1993 citado por MELO, 2009).
Em 2000, Teresina contava com uma população de 715.360 habitantes, com
613.767 residindo na zona urbana, o equivalente a 94,70%. Já no censo de 2010, a
população teresinense conta com 814.439 habitantes. Deste, 767.777 residem na zona
urbana e 46.662 na zona rural (CEPRO, 2011). Juntamente com o crescimento
populacional, cresceu também o déficit habitacional, pois muitos habitantes da cidade
detinham baixo poder aquisitivo, residindo em moradias insalubres. Na primeira metade
do século XX, diversas cidades sofriam com sérios problemas de infraestrutura
domiciliar (MELO, 2009).
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Foi somente com a Revolução de 1930 que o Governo Brasileiro começou a
pensar numa política para a habitação e os problemas urbanos passaram a ser discutidos.
O governo Estado Novo a partir de 1937 passa a tratar dos assuntos ligados aos
moradores das favelas de uma forma política, o que levou a adoção de uma política de
erradicação da favela. A principal característica da política habitacional populista foi a
criação da Fundação da Casa popular (FCP); criado para prover residências para a
população pobre (MOTTA, 2010?).
Ao longo da segunda metade do século XX, vários programas habitacionais
foram instituídos com o intuito de solucionar problemas relativos ao déficit habitacional
no país. Com a Ditadura Militar, houve a adoção do Banco Nacional de Habitação
(BNH). Posteriormente, houve o Programa de Ação Imediata para a Habitação no
governo Collor. No governo Fernando Henrique Cardoso, os principais programas
foram o Pró-Moradia e Habitar Brasil. E no governo Lula, os principais são o PAC
Habitação e o Programa Minha Casa, Minha Vida (MOTTA, 2010?).
A FCP foi extinta em 1964 com o Golpe Militar. Em seu lugar foi criado o Plano
Nacional de Habitação. Este, além de propor ações relacionadas com a habitação,
buscava a dinamização da economia e desenvolvimento do País. A fim de solucionar o
“caos” urbano e a proliferação das favelas o governo militar estimulou a elaboração de
planos diretores, que, no entanto, ignoravam as necessidades e problemas reais da
cidade. A produção de moradias e obras de infraestrutura não atendia à população de
baixa renda (MARICATO, 1998).
As Companhias Habitacionais (COAHBs) foram criadas entre 1964 e 1965 em
diversas cidades do país, inclusive em Teresina. Empresas públicas ou de capital misto,
tinham como objetivo principal atuar na elaboração e execução de políticas de redução
do déficit habitacional (MOTTA, 2010?).
As políticas habitacionais do Governo Federal chegaram em Teresina em 1965,
com a criação da COAHB-PI com o objetivo de funcionar como agente local promotor
da política habitacional do BNH. Foram construídos alguns conjuntos habitacionais na
cidade durante o governo militar a exemplo do Conjunto do Parque Piauí, concluído em
1968, com 2.294 casas edificadas distante do perímetro urbano da capital, o que deixou
um enorme vazio urbano, favorecendo a especulação (FAÇANHA, 1998).
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Entre 1966 e 1990 foram construídas aproximadamente 34.594 mil unidades
habitacionais distribuídos em 43 conjuntos habitacionais na cidade. Destacam-se nesse
período os conjuntos habitacionais Parque Piauí já citado, em 1968, com 2.294 unidades
habitacionais, Bela Vista I, em 1976, com 912 unidades habitacionais, Saci em 1979,
com 2.034 unidades habitacionais e Itararé, hoje renomeado de Dirceu Arcoverde em
1977, com 3.040 unidades habitacionais em sua primeira fase de implantação.
A referida autora complementa que na década de 2000 vários conjuntos
habitacionais foram construídos. No final dessa década, em 2008, iniciou-se a
construção de uma grande unidade habitacional em Teresina: o residencial Jacinta
Andrade. Localizado no bairro anta Maria da Codipi, Zona Norte da cidade, o
residencial pertence ao Programa Pró-Moradia, do Governo Federal, e é um dos maiores
projetos habitacionais financiados pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Melo (2009) ressalta ainda que ao finalizar do projeto serão 4.300 casas, as quais
atenderão a uma população em torno de 20 mil habitantes; número equivalente à
população de uma pequena cidade. No entanto, apesar de ainda estarem em fase de
conclusão, em 2011 as residências começaram a ser entregues (PORTAL O DIA, 2013).
Quanto aos impactos, oriundos da expansão urbana da capital, a Agenda 2015 da
cidade revelou vários problemas ambientais decorrentes do acelerado crescimento
urbano das últimas décadas. Esse processo é incompatível com o crescimento
populacional e desenvolvimento econômico, considerando a necessidade de proteção ao
ambiente e o estabelecimento de uma qualidade de vida (VIANA, 2007).
Nota-se que para a edificação dessas habitações faz-se necessário o
desmatamento da mata nativa, fator agravante para a perda de espécies vegetais e
animais, bem como a fragilidade do solo. Ressalta-se que as reclamações recentes dos
moradores do residencial alertam para o aparecimento de animais silvestres em suas
residências.
CONCLUSÃO
O crescimento urbano de Teresina acentuou-se mais especificamente na década
de 1960, com a implementação de conjuntos habitacionais destinados à população de
baixa renda. Dentre os grandes conjuntos estão Parque Piauí, Saci, Itararé, Promorar e
mais recentemente o residencial Jacinta Andrade.
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Portanto, a construção dos conjuntos habitacionais contribuiu significativamente
para a expansão urbana de Teresina, uma vez que estes foram edificados em áreas
distante do centro (na franja urbana); concorrendo para a ampliação dos equipamentos
urbanos nessas áreas.
Ressalta-se ainda que todo esse crescimento urbano contribui para uma maior
ocupação e degradação do solo, concorrendo para a perda de áreas verdes e fauna
silvestre. Em muitos casos o terreno onde os conjuntos são construídos é irregular
necessitando-se de prévia aplanação.
REFERÊNCIAS
CEPRO, Fundação. Diagnóstico socioeconômico Teresina. 2011. Disponível em:
http://www.cepro.pi.gov.br/download/201106/CEPRO21_5015e846a9.pdf. Acesso em:
09 ago. 2013.
FAÇANHA, Antônio Cardoso. A Evolução Urbana de Teresina: Agentes, Processos e
Formas Espaciais da Cidade. 1998. 233f. Dissertação (Mestrado em Geografia).
Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 1998.
MARICATO, Emília. Política Urbana e de Habitação Social: Um Assunto Pouco
Importante Para o Governo FHC. Revista Praga. São Paulo: HUCITEC, v. 1, n. 6, p.
67-78, 1998.
MELO, Constance de. C. C. J. Expansão urbana do município de Teresina e as
políticas habitacionais a partir de 1966. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-
Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Mackenzie. São Paulo, 2009.
MOTTA, Luana. D. A questão da habitação no Brasil: políticas públicas, conflitos
urbanos e o direito à cidade. MG, [2010?]. Disponível em: http://www. Conflitos
ambientaismg.lcc.ufmg.br. Acesso em: 30 nov. 2012.
PORTAL O DIA. Minha Casa, Minha Vida: O DIA flagra venda de casas por R$ 20
mil. 2013. Disponível em: http://www.portalodia.com/noticias/piaui/minha-casa-minha-
vida-o-dia-flagra-venda-de-casas-por-r-20-mil-172141.html. Acesso em: 22 ago. 2013.
VIANA, Bartira A. da S. Mineração de materiais para construção civil em áreas
urbanas: impactos socioambientais dessa atividade em Teresina, PI / BRASIL. 2007.
244f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação e Desenvolvimento e Meio
Ambiente. Universidade Federal do Piauí, Teresina, 2007.
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complexidade do mundo atual” – Teresina (PI): 22 a 25 de outubro de 2013.
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PLANEJAMENTO URBANO EM TERESINA PÓS-REDEMOCRATIZAÇÃO: O
II PLANO ESTRUTURAL DE TERESINA E A AGENDA 2015
Rodrigo da Silva RODRIGUES
Professor de Geografia da UESPI
Francisco de Assis VELOSO FILHO
Professor de Geografia da UFPI
RESUMO Este trabalho objetiva caracterizar o planejamento urbano de Teresina, especificamente os
planos urbanos elaborados na cidade, no período pós-redemocratização. Assim, fizemos o
levantamento dos dois planos que se situam neste período, a saber: o II Plano Estrutural de
Teresina (II PET), concebido em 1988; e por fim, o Plano Diretor de Teresina (Plano de
Desenvolvimento Sustentável - Teresina Agenda 2015), elaborado em 2001, mas reinstituído de
fato em 2006. Percebemos que estes dois últimos planos, ao passo que diminuíram o volume de
diagnósticos realizados, características dos três primeiros planos, politizaram-se, transformando-
se num conjunto de leis com o objetivo de dar diretrizes para o desenvolvimento socioespacial
da cidade.
Palavras-chave: Planeamento Urbano; Planos Urbanos; Teresina-PI.
INTRODUÇÃO
Este trabalho objetiva caracterizar o planejamento urbano de Teresina, na figura
dos planos urbanos elaborados na cidade, no período pós-redemocratização.
Primeiramente, fizemos uma rápida contextualização dos planos urbanos elaborados pra
cidade anterior a esse período e em seguida, buscamos caracterizar os dois planos
elaborados a partir deste momento destacado, a saber: o II Plano Estrutural de Teresina
(II PET), concebido em 1988; e por fim, o Plano Diretor de Teresina (Plano de
Desenvolvimento Sustentável - Teresina Agenda 2015), elaborado em 2001, mas
reinstituído de fato em 2006. Além da relevância do tema, esse trabalho justifica-se pelo
interesse pessoal dos autores.
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PLANEJAMENTO URBANO EM TERESINA PÓS-REDEMOCRATIZAÇÃO
Os planos urbanos de Teresina anterior à redemocratização
Podemos dizer que o planejamento urbano em Teresina, configurados na
elaboração de planos urbanos pra cidade, teve sua gênese em 1969, com a elaboração do
Plano de Desenvolvimento Local Integrado, o PDLI, contrato celebrado em outubro de
1968, entre Prefeitura de Teresina e a COPLAN, sendo interveniente o Serviço Federal
de Habitação e Urbanismo – SERFHAU, órgão do Ministério do Interior.
O segundo plano urbano da cidade foi o I PET, elaborado em 1977, durante a
gestão do Governador Dirceu Mendes Arcoverde que tinha na época como Secretário de
Planejamento, Felipe Mendes de Oliveira. O Plano foi construído num convênio da
SUDENE, CNPU, PMT com o IPAM (Instituto de Planejamento e Administração
Municipal) constituído por uma equipe de Brasília.
O terceiro plano urbano de Teresina, o Plano Diretor de Desenvolvimento
Urbano de Teresina, o PDDU, teve sua elaboração iniciada no ano de 1983, pela
Fundação Joaquim Nabuco, de Recife, e o Instituto Nacional de Administração para o
Desenvolvimento, no entanto, este plano não foi concluído (CAMPOS, 2011; MELO et
al., 2002). A priori, deveriam ter sido produzidos quatro relatórios, a saber: R1 -
Alternativas de Desenvolvimento, R2 - Formulação de Políticas e Estratégias, R3 -
Consolidação das Políticas e Estratégias e R4 - Consolidação do PDDU.
Os planos urbanos de Teresina pós-redemocratização
O quarto plano urbano de Teresina foi o II PET. Segundo Campos (2011), para
ajudar na elaboração dos planos urbanos da cidade, também foram realizados
seminários preparatórios. Assim, “Em 1987, ocorre o Seminário Planejando Teresina,
que contou com discussões técnicas junto à comunidade, aliadas aos estudos iniciais do
PDDU, para fundamentar o 2º PET, que em 1988 é concebido composto de
recomendações” (MELO et al., 2002, p. 20).
Segundo Villaça (1999), a partir do final dos anos 1980, os Planos Diretores no
Brasil entram numa fase de maior politização, transformando-se em leis, propriamente
ditas, deixando um pouco de lado os extensos diagnósticos que eram feitos em décadas
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anteriores. Assim, o II PET, é composto por um conjunto de 10 leis1 (TERESINA,
1988).
A partir do início do século XXI, entretanto, ocorre um grande movimento de
produção de planos diretores ocorre no país, principalmente, pela publicação, depois de
aproximadamente uma década tramitando nas instâncias legislativas, da lei 10.257, de
10 de julho de 2001, o Estatuto da Cidade, que regulamenta os arts. 182º e 183º da
Constituição Federal e estabelece diretrizes gerais da política urbana, entre elas, a
obrigatoriedade da elaboração de planos diretores pra boa parte das cidades no país2.
Além disso, o estatuto estabelece o prazo, de cinco anos, para que os municípios
elaborem e aprovem seus planos diretores (BRASIL, 2001).
É nesse contexto que Teresina cumprindo uma obrigação legislativa, elabora, em
2001, e posteriormente, aprova seu plano diretor, já seguindo as exigências e
incorporando os instrumentos previstos no Estatuto da Cidade, em 2006, ou seja, 5 anos
após aprovação do Estatuto, o limite do prazo legal estabelecido. Desta forma, este
plano foi elaborado em 2001, mesmo ano da aprovação do Estatuto da Cidade “e já
incluiu os princípios da política urbana federal [...] regulamentada. Em 2006, [...] sofreu
uma revisão e foi reinstituído, ocasião em que os instrumentos definidos no Estatuto [...]
foram incorporados ao seu conteúdo” (PÁDUA, 2011, p. 101). Campos (2011) analisa o
processo de elaboração do Plano de Desenvolvimento Sustentável – Teresina Agenda
2015
Dentro da proposta de metodologia estabelecida para a elaboração da Agenda
2015, foram divididos Grupos Temáticos e Grupos Consultivos. Os Grupos Temáticos
tinham a função de “realizar o diagnóstico, projetar cenários, apresentar propostas e era
1 A saber: a Lei nº 1932, que institui o II Plano Estrutural de Teresina, já mencionada; a Lei nº 1933, que
delimita o perímetro da zona urbana de Teresina e dá outras providências; a Lei nº 1934, que delimita o
perímetro dos bairros de Teresina e dá outras providências; a Lei nº 1935, que delimita o perímetro dos
setores urbanos de Teresina e dá outras providências; a Lei nº 1936, que define diretrizes para ocupação
do solo urbano e dá outras providências; a Lei nº 1937, que define diretrizes para o uso do solo urbano e
dá outras providências; a Lei nº 1938, que dispõe sobre o parcelamento do solo urbano do município de
Teresina e dá outras providências; a Lei nº 1939, que cria zonas de proteção ambiental, institui normas de
proteção dos bens de valor cultural e dá outras providências; a Lei nº 1940, que institui o Código
Municipal de Posturas e dá outras providências; e a Lei nº 1942, que dispõe sobre o tombamento e
preservação do patrimônio cultural, histórico, artístico e paisagístico, localizado no território do
município de Teresina, todas de 16 de agosto de 1988. 2 a saber: em cidades com mais de vinte mil habitantes, integrantes de regiões metropolitanas e
aglomerações urbanas, onde o Poder Público municipal pretenda utilizar os instrumentos previstos no 4º
do art. 182 da Constituição Federal, integrantes de áreas de especial interesse turístico, e ainda, aquelas
inseridas na área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental de
âmbito regional ou nacional.
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integrado por especialistas com estudos reconhecidos nas suas respectivas áreas de
atuação profissional” (CAMPOS, 2011, p. 54). Já os Grupos Consultivos tinham a
função de coordenar e acompanhar os Grupos Temáticos, e ainda “discutir e aprovar os
documentos produzidos, que seriam levados para validação final pelo Conselho
Estratégico. Desta maneira, assim como II PET, o último plano diretor elaborado para a
cidade até então, mais de uma década antes, a Agenda 2015, é composta de 11 leis3.
CONCLUSÕES
Assim, constatamos a evolução dos planos urbanos produzidos para Teresina
desde o PDLI, exemplar dos chamados “superplanos” seguindo uma orientação do
SERFHAU, com longos diagnósticos realizados e simbolizando a ideologia cientificista
da época, até a Agenda 2015, elaborada já num contexto onde os planos estão mais
politizados e com maior participação popular nos seus processos de elaboração,
seguindo as diretrizes do Estatuto da Cidade.
Observamos também que se os três primeiros planos urbanos da cidade
continham extensos e detalhados estudos e diagnósticos da cidade, os dois últimos
planos, em especial, ao passo que diminuíram esse volume de informações, politizaram-
se, transformando-se num conjunto de leis com o objetivo de dar diretrizes para o
desenvolvimento socioespacial da cidade.
REFERÊNCAS
BRASIL, Senado Federal. Lei n. 10.257, de 10 de julho de 2001, regulamenta o artigos
182 e 183 da Constituição, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras
providências. 2001.
3
A saber: a Lei nº 3.558, que reinstitui o Plano Diretor de Teresina, denominado Plano de Desenvolvimento Sustentável – Teresina Agenda 2015, e dá outras
providências; a Lei nº 3.559, que delimita o perímetro da zona urbana de Teresina e dá outras providências; a Lei Complementar n° 3.560, que define as diretrizes
para o uso do solo urbano do Município e dá outras providências; a Lei Complementar nº 3.561, que dispõe sobre o parcelamento do solo urbano do Município de
Teresina e dá outras providências; a Lei Complementar Nº 3.562, que define as diretrizes para a ocupação do solo urbano e dá outras providências; a Lei
Complementar nº 3.563, que cria zonas de preservação ambiental, institui normas de proteção de bens de valor cultural e dá outras providências; a Lei nº 3.564,
que dispõe sobre o direito de preempção e dá outras providências; a Lei Nº 3.565, que dispõe sobre o Estudo Prévio do Impacto de Vizinhança – EPIV e dá outras
providências (todas essas do dia de 20 de outubro de 2006); a Lei nº 3.600, de 22 de dezembro de 2006, que cria a Agência Municipal de Regulação de Serviços
Públicos de Teresina - ARSETE, dispõe sobre a sua organização e funcionamento, e dá outras providências; a Lei nº 3.602, de 27 de dezembro de 2006, que dispõe
sobre a preservação e o tombamento do Patrimônio Cultural do Município de Teresina e dá outras providências; e por fim, a Lei Complementar nº 3.610 de 11 de
janeiro de 2007, que dá nova redação ao Código Municipal de Posturas e dá outras providências.
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CAMPOS, Letícia Ferro Gomes Madeira. Da unha de gato ao florescer do caneleiro –
análise do processo de elaboração da agenda 21 local: Teresina agenda 2015 – plano de
desenvolvimento sustentável. Dissertação (Mestrado). Teresina: UFPI, 2011.
MELO, A. et al. Teresina Agenda 2015: a cidade que queremos. Diagnósticos e
cenários – Revitalização do Centro. Teresina, 2002.
PÁDUA, Carla Macedo de. Planejamento Urbano em Teresina de 1969 a 2006.
Dissertação (Mestrado). São Paulo: Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2010.
TERESINA. Plano de Desenvolvimento Sustentável - Teresina Agenda 2015. Teresina:
PMT, 2006.
__________. II Plano Estrutural de Teresina. PMT, 1988.
__________. Plano de Diretor de Desenvolvimento Urbano. PMT, 1983.
__________. I Plano Estrutural de Teresina. PMT, 1977.
__________. Plano de Desenvolvimento Local Integrado. PMT, 1969.
VILLAÇA, Flávio. Uma contribuição para a história do planejamento urbano no
Brasil. IN: DEÁK, Csaba; SCHIFFER, Sueli Ramos (org.) O processo de urbanização
no Brasil. São Paulo: EdUSP, 1999. p. 169 – 243.
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PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA NA CIDADE DE TERESINA:
POLÍTICA HABITACIONAL, PLANEJAMENTO URBANO E SEGREGAÇÃO
URBANA
Adalgiso Barbosa de ARAUJO NETO
Graduando do curso de Licenciatura em Geografia da UFPI
Antonio Cardoso FAÇANHA
Professor Doutor do Departamento de Geografia e História da UFPI
RESUMO O presente artigo irá caracterizar a atuação do Programa Minha Casa Minha Vida na cidade de
Teresina, através da análise de aspectos históricos da politica habitacional brasileira e
teresinense, além disso, irá destacar a atuação do Programa Minha Casa Minha Vida na zona
norte e na zona sul da cidade de Teresina analisando especialmente o Residencial Jacinta
Andrade, na zona norte, e o Residencial Teresina Sul na zona sul da cidade.
Palavras-chaves: Habitação, residencial, segregação.
INTRODUÇÃO
Atualmente um dos grandes problemas das cidades brasileiras é com relação à
questão da habitação, principalmente para a população de baixa renda. Essa
problemática é provocada principalmente pelos processos migratórios, fazendo com que
novas áreas sejam ocupadas para a habitação. Diante dessa problemática o Governo
Federal criou o Programa Minha Casa Minha Vida com o objetivo de fornecer moradias
de qualidades e regularizadas para a população de baixa renda.
Assim um dos principais objetivos do presente trabalho é analisar o Programa
Minha Casa Minha Vida, sobretudo, a sua atuação na cidade de Teresina através da
caracterização do residencial Jacinta Andrade, na zona norte da cidade, e o residencial
Teresina Sul, na zona sul. Destacando principalmente a localização desses
empreendimentos habitacionais e sua posterior ligação com outras áreas da cidade.
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Essa análise é realizada para mostrar que a maior parte dos empreendimentos
criados pelo Programa Minha Casa Minha Vida na cidade de Teresina localizam-se nos
limites da zona urbana da cidade, tornando essas áreas em verdadeiros pontos de
segregação urbana, pois inicialmente esses residenciais são desprovidos de vários
serviços básicos para a população, localizam-se em áreas extremas da cidade e
consequentemente a sua ligação com outras áreas da cidade seja difícil.
DESENVOLVIMENTO
Fundamentação Teórica
O Programa Minha Casa Minha Vida é um programa habitacional lançado pelo
Governo Federal em março de 2009, através da Medida Provisória 459/2009 sendo
convertida na lei n° 11.977 de 07 de julho de 2009. O PMCMV tem com objetivo,
incentivar a aquisição e produção de novas unidades habitacionais, e até mesmo a
requalificação e reforma de moradias existentes pelas famílias que possuem renda
mensal de até 10 salários mínimos (BRASIL, 2011).
No Piauí o Programa Minha Casa Minha Vida tem como principal órgão
executor a Caixa Econômica Federal, que pode fazer parcerias com as prefeituras
municipais e com o Governo do Estado através da Agência de Desenvolvimento
Habitacional (ADH). Foi através do convênio da Caixa Econômica Federal com o
Governo do Estado do Piauí que está sendo executadas as obras do Residencial Jacinta
Andrade.
O Residencial Jacinta Andrade é um empreendimento habitacional realizado
com recurso do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Caixa Econômica
Federal e com contrapartida do Governo do Estado. Localiza-se na zona norte de
Teresina, no bairro Santa Maria da Codipi, possui uma área total de 884.961,68 m², na
qual estão inseridos cerca de 4000 lotes com uma área média de 200m². Cada lote
residencial medem 10 x 20 m, possui três padrões de casa que variam de acordo com a
quantidade de quartos, áreas de serviço e aquelas destinadas para pessoas com
deficiência física (PIAUÍ, 2012).
Segundo Piauí (2012), o Residencial Jacinta Andrade está sendo realizado com
base em dois projetos distintos, onde o primeiro prevê a construção de 4.300 unidades
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habitacionais, e o segundo assinado 18 meses após a contração das casa, prevê a
construção de equipamentos públicos e infraestrutura básica. Com relação à primeira
etapa, a mesma teve inicio em junho de 2009 e deve ser terminado até março de 2014, já
a segunda etapa, referente à infraestrutura básica deve ser finalizado até dezembro de
2015.
Outro empreendimento habitacional do Programa Minha Casa Minha Vida
analisado é o residencial Teresina Sul, que subdivide-se em Teresina Sul 1 e Teresina
Sul 2 sendo ambos divididos apenas por uma avenida. O residencial Teresina Sul é o
resultado da parceira da Prefeitura Municipal de Teresina com a Caixa Econômica
Federal, realizado com recurso do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR).
Caracteriza-se por ser um empreendimento do tipo loteamento, localiza-se nas
proximidades do posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e com acesso feito através
da BR-316.
Em ambos os residenciais, Teresina Sul 1 e Teresina Sul 2, foram construídos
500 casa, totalizando assim um total de 1000 casas no empreendimento de maneira geral
(TERESINA, 2012). Para todo o residencial possui um grande galpão com vários
cômodos e que poderá ser utilizado pela população para as atividades comunitárias. As
casas são compostas de dois quartos, sala de estar, cozinha, circulação e um banheiro.
Segundo Corrêa (1989), o espaço urbano é um produto social resultado de
várias ações que foram acumuladas ao longo do tempo, e impulsionados por agentes
que produzem e consomem o espaço. Assim o Residencial Jacinta Andrade e Teresina
Sul são o resultado desses agentes, que nesse caso são o governo estadual e o governo
municipal, além disso, ambos induzem os demais agentes de capital privado a
modificarem o espaço urbano em áreas próximas a esses residenciais.
Metodologia
Para a realização do presente trabalho, a metodologia utilizada foi a pesquisa
bibliográfica em livros, artigos científicos e sites de internet. Além disso, foram
realizadas visitas em órgãos do governo estadual e governo municipal, na qual,
destacam-se a visita a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitacional
(SEMDUH), Superintendência de Desenvolvimento Urbano Centro-Norte (SDU
Centro-Norte) e a Agência de Desenvolvimento Urbano (ADH).
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RESULTADOS E DISCUSSÕES
Como principais resultados obtidos, pode-se destacar a localização geográfica da
maioria dos empreendimentos habitacionais do Programa Minha Casa Minha Vida na
cidade de Teresina, pois percebeu-se que os mesmos são construídos em áreas distantes
do centro da cidade, nos limites entre as zonas rural e urbana da cidade. Constatou-se
que o empreendimento está desprovido de estrutura básica para a permanência da
população, tais como segurança, saúde, educação e lazer. Essa ausência de
infraestrutura e a falta de uma gestão do programa faz com que haja algumas casas
desocupadas e o que gera problemas de ocupação das mesmas por pessoas que não
foram contempladas com suas casas.
Através desses resultados chega-se a algumas discussões, tais como o motivo
pelo qual esses residenciais foram construídos em áreas limites da zona urbana da
cidade, além disso, destacam-se os interesses particulares e fundiários, principalmente
nas áreas vazias próximas a esses empreendimentos habitacionais. Outro ponto
importante é com relação à infraestrutura básica da população, pois o que percebe-se é
que os moradores chegam primeiro que os itens básicos de infraestrutura.
CONCLUSÃO
Através do que foi exposto ao longo do trabalho pode-se perceber que as
políticas habitacionais tiveram um papel importante nas ocupações urbanas e
consequentemente mudanças no espaço geográfico das cidades. Além disso, percebeu-
se que as mesmas ao longo do tempo tiveram algumas características em comum, como
por exemplo, a construção de moradias populares nos limites da área urbana da cidade.
Assim, o Programa Minha Casa Minha Vida não difere das políticas
habitacionais anteriores, pois produz residenciais com casas padronizadas, que
produzem impactos ambientais e localizadas nos limites da cidade, fazendo com que no
inicio desses residenciais o acesso a serviços por parte da população seja limitado e
produzindo consequentemente áreas de segregação urbana.
Tais características estão presentes no Programa Minha Casa Minha Vida na
cidade de Teresina, a exemplo dos Residenciais Jacinta Andrade, na zona norte da
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cidade, e o Residencial Teresina Sul, na zona sul da cidade, fazendo com que nos
períodos iniciais de existência dos empreendimentos habitacionais haja falta de estrutura
básica para a população.
Portanto, em síntese, o Programa Minha Casa Minha Vida possui aspectos
positivos, no entanto, na sua execução prática acontecem vários equívocos de gestão
que compromete o programa. Esses erros podem ser evidenciados durante sua execução
na cidade de Teresina, pois a maioria de seus residenciais foram construídos sem haver
antes um planejamento urbano adequado e anterior a ocupação do residencial, fazendo
com que essas áreas se tornem verdadeiros espaços de segregação urbana.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei Nº 12.424, de 16 de junho de 2011. Altera a Lei Nº 11.977, de 7 de
julho de 2009, que dispõe sobre o Programa Minha Casa Minha Vida- PMCMV e
a regularização fundiária de assentamentos localizados em áreas urbanas.
Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para assuntos jurídicos. Brasília, DF,
2011. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2011/Lei/L12424.htm>. Acesso em: 25 jun. 2013.
CORRÊA, Roberto Lobato. O Espaço Urbano. São Paulo, SP: Ática, 1989.
PIAUÍ. Jacinta Andrade desenvolve e urbaniza zona Norte da capital. Diário Oficial
do Estado do Piauí. Teresina, PI, 2012. Disponível em: <
http://www.diariooficial.pi.gov.br/diario/201212/DIARIO21_8e9406d499.pdf>. Acesso
em: 26 jun. 2013.
TERESINA. Plano de Trabalho do Projeto de Trabalho Técnico Social: Residencial
Teresina Sul I e II. Teresina: Prefeitura Municipal de Teresina, 2012.
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REGIONALIZAÇÃO DA CIDADE DE TERESINA-PI: DESENVOLVIMENTO,
E ADENSAMENTO POPULACIONAL DA SDU CENTRO-NORTE
Marcilene de Oliveira ALVES
Graduanda do curso de Licenciatura em geografia da UESPI
Débora Virgínia Ferraz de OLIVEIRA
Professora do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI
RESUMO O processo de regionalização é a descentralização de um dado espaço visando à organização e
desenvolvimento através da distribuição de órgãos administrativos. Este processo tem por
objetivo viabilizar uma capacidade e utilização planejada dos gastos públicos visando à correção
das desigualdades sociais e territoriais. Visa-se neste artigo, analisar o processo de
regionalização e adensamento populacional da cidade de Teresina, destacando o sentido de
criação das Superintendências de Desenvolvimento Urbano - SDU, em especial a SDU Centro-
Norte. A metodologia adotada foi baseada em estudos bibliográficos e eletrônicos, tendo ainda
como fonte de pesquisa documentos na Secretaria de Planejamento Urbano do município.
Constatou que o processo de regionalização de Teresina tem como objetivo principal a
organização e ordenamento da população, assim como a implementação de políticas públicas
para o desenvolvimento, e bem estar da população. O Processo de adensamento faz com que
algumas áreas se afastem da SDU, e se tornem carente de serviços básicos.
Palavras-chave: Regionalização, Desenvolvimento, Adensamento, Centro-Norte.
INTRODUÇÃO
A regionalização é um processo político que envolve a distribuição de poder e o
estabelecimento de um sistema de inter-relações, entre diferentes atores sociais
(governos, organizações, cidadãos) no espaço geográfico bem como a criação de
instrumentos de planejamento, integração, e coordenação assistencial, regulação e
financiamento de uma rede de ações e serviços de saúde no território (LIMA, 2010).
O adensamento populacional é um dos motivos ao qual acontece a
descentralização, para uma maior organização do espaço, dando assim melhores
condições e acesso a serviços públicos de qualidade à população.
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Este trabalho tem como objetivo, analisar a importância das Superintendências
de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente- SDU‟s, bem como o adensamento
populacional, cabendo nos analisar apenas a região coberta pela SDU Centro-Norte.
CONCEITOS E CONDICIONANTES DE REGIONALIZAÇÃO E
ADENSAMENTO
O termo regionalização deriva de região e é de caráter muito amplo, no que
desrespeito à sua discussão e os seus conceitos, tornando assim bastante polêmico, o
que nos impede de dar uma conceituação mais precisa, nos cabendo apenas salientar sua
importância, para melhor entendimento a despeito de regionalização.
Para Santos (1994, p.45), “as regiões só existem por que há nelas arranjos
organizacionais, criadores de coesão organizacional baseadas em racionalidades de
origens diferentes, mas que são importantes para a definição dos subespaços”.
Para Haesbaert (2005) “Uma regionalização e uma análise regional que se
prezem devem envolver, sem dúvida, pelo menos, três grandes problemáticas: o
aumento das desigualdades (sócio-econômicas) e a precarização da “inclusão” sócio-
territorial, a constante (re) produção e/ou (re) invenção das diferenças culturais (e das
identidades), a crise de gestão (ou de “governança”), principalmente através da
reconfiguração do poder do Estado e dos novos movimentos sociais, e a crescente
importância da chamada questão ambiental”.
Quanto ao processo de adensamento, do ponto de vista da regionalização do
espaço como parâmetro político-administrativo, considera-se o fato do crescimento
populacional como um fator relevante para os critérios de direcionamento das ações de
políticas públicas. Os estudos populacionais comprovam sua autoridade nas análises
históricas e geográficas quando se objetiva acompanhar as necessidades atuais por que a
cidade vem demandando a partir de seus moradores.
Ao analisar a SDU Centro-Norte no que desrespeito ao seu distanciamento de
algumas áreas, de sua responsabilidade organizacional e de desenvolvimento, contatou-
se que essa área contém uma vasta necessidade de melhorias e mais atenção por parte da
SDU responsável, já que o grande adensamento nessas áreas, tomando como exemplo o
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Residencial Jacinta Andrade, há uma precarização de serviços, que venham a atuar na
melhoria de serviços básicos à população.
Com base na analise sobre a configuração e mapeamento atualizados dos
Bairros de Teresina, e as delimitações dos perímetros destes em 1988, através da Lei nº
1.934, observa-se que nos últimos 20 anos houve mudança no espaço teresinense como:
novos bairros e realinhamento no limite das zonas. De acordo com o IBGE, no ultimo
censo, houve crescimento populacional de 34,32%, em Teresina, e em uma década um
aumento de 12,67% em detrimento. A zona norte sofreu um adensamento, em
contrapartida, o perímetro urbano não foi alterado.
Diante da realidade expressa, é preciso que haja, em termos de políticas
publicas, uma melhor descentralização e melhor espacialização das sedes
administrativas das SDU‟s obedecendo aos critérios de localização, especificadas na Lei
nº 1.934 de 1988, art. 5º, diante das novas demandas populacionais em detrimento do
adensamento populacional e extensão das zonas.
METODOLOGIA
Para o desenvolvimento dessa pesquisa, foram adotados levantamentos teóricos
em livros, artigos, todos com assuntos relacionados à pesquisa em questão. Realizou-se
pesquisas documentais, e entrevista com um representante da coordenação de
articulação e planejamento urbano da prefeitura, no intuito de entender como o poder
público se posiciona em relação ao processo de organização político administrativo da
cidade diante do processo de adensamento e crescimento da cidade e de sua população.
Os dados coletados foram de grande valia para a pesquisa.
REGIONALIZAÇÃO E ADENSAMENTO POPULACIONAL DA CIDADE DE
TERESINA: SDU CENTRO-NORTE.
O processo de ocupação da Zona Norte é de suma importância para a cidade de
Teresina já que foi o primeiro núcleo de povoamento desta cidade.
A SDU Centro-Norte, responsável pela organização e desenvolvimento da Zona
Norte, fica localizada na Rua Clodoaldo Freitas no bairro Centro. Esta assim como as
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demais SDU‟s visa garantir melhor eficiência no atendimento às comunidades,
priorizando o interesse local ao favorecer as ações municipais.
“A contribuição do ordenamento territorial para o desenvolvimento regional
reside na sua qualidade de ser um processo de planificação, no qual há uma indução por
parte do organismo central, em parceria com as comunidade, e conhecedor da realidade
do lugar, que busque implementar cenários locais ideais concatenado com as aspirações
do próprio esquema de desenvolvimento” (RODRIGUES, 2006, p. 26).
A região Norte de Teresina vem crescendo consideravelmente nos últimos dez
anos, com isso, houve um grande crescimento populacional por conta de projetos
habitacionais do Governo Federal, principalmente, além do desenvolvimento comercial,
que contribui para que haja um maior fluxo de pessoas urbanizando cada vez mais esta
zona e aumentando o distanciamento entre população e SDU, contribuindo para que esta
não possa atender a demanda existente na área.
A proximidade das SDU‟s com suas áreas de atuação para o desenvolvimento é
de fundamental importância já que a mesma deve oferecer serviços de qualidade à
população, e isso será realizado com eficiência se estas estiverem verdadeiramente
próximas a essas áreas.
Atualmente existe um afastamento da SDU Centro-Norte com áreas que se
desenvolveram nos últimos 10 anos, e conseqüentemente a não resolução de problemas
cabíveis a essa SDU em suas resoluções, entre eles o residencial Jacinta Andrade, é
citado aqui como exemplo já que com o rápido adensamento vem se distanciando da
SDU Centro-Norte que tem responsabilidades de atender aquela população.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que o processo de regionalização de Teresina, tem o objetivo de
organizar o espaço, de maneira a desenvolver este através de políticas públicas, e
serviços de qualidades para a população, dos Zoneamentos, mas que na Zona norte por
haver um vasto crescimento da população, há consequentemente um afastamento entre a
população e a SDU, tornando assim as regiões distantes menos favorecidas, aos serviços
que deveria ser comumente oferecido a toda região.
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REFERÊNCIAS
HAESBAERT, Rogério. Região: Trajetos e Perspectivas in Primeira Jornada de
Economia Regional Comparada. Porto Alegre, 4 de outubro de 2005. Disponível em:
<http://www.fee.tche.br/sitefee/download/jornadas/2/e4-11.pdf> Acesso em 10 de
janeiro de 2013.
LIMA, L. D. de. Contexto e Condicionantes dos Processos de Regionalização em Saúde
nos Estados Brasileiros in I Encontro Estadual de Regionalização da Saúde no SUS-
BA. Os Colegiados de Gestão Regional como dispositivos da regionalização do
SUS: cenários e perspectivas. Salvador, 18 de novembro de 2010. Disponível em:
<http://www1.saude.ba.gov.br/dipro/cdgr/download/mostra_01/OficinaSalvador-nov-
2010.pdf> Acesso em 10 de janeiro de 2013.
RODRIGUES, M. M. B. Região, Regionalização e Rede Política: Um Estudo Sobre
a Atuação da Associação dos Municípios do Araguaia-Tocantins (Amat).
Dissertação de Mestrado em Geografia. UFPA, 2006. Disponível em:
<http://www.ufpa.br/ifch/dmdocuments/regiaoregionalizacaoeredepolitica.pdf > Acesso
em 10 de janeiro de 2013.
SANTOS, Milton. Técnica, Espaço e Tempo: Globalização e meio técnico-científico
informacional. São Paulo: Hucitec, 1994.
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REGIONALIZAÇÃO DA CIDADE DE TERESINA-PI: O CASO DAS ZONAS
SUDESTE E SUL
Núbia Araújo SENA
Graduanda do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI
José Maurício AMANCIO
Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI
Jorge MARTINS FILHO
Professor Assistente do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI
RESUMO A regionalização é um processo eminentemente político, que tem por finalidade descentralizar,
ou seja, distribuir as funções de órgãos administrativos. Objetiva-se neste trabalho, estudar o
processo de regionalização de Teresina com destaque nas zonas Sudeste e Sul através das
Superintendências de Desenvolvimento Urbano – SDU‟s, bem como analisar a importância
desses órgãos administrativos no desenvolvimento e organização do espaço urbano de tais
zonas. Adotou-se uma metodologia com base em levantamentos teóricos em fontes
bibliográficas e eletrônicas além de pesquisa documental na Secretaria de Planejamento do
município. Constatou-se que a expansão da cidade nas zonas Sudeste e Sul foi consequente das
ações dos movimentos sociais por moradia, levando à efetivação do seu crescimento através de
políticas públicas. Devido a expansão urbana da cidade, surgiu a necessidade de descentralizar a
gestão pública, e consequentemente criam-se as SDU‟s. Portanto, a descentralização dos órgãos
administrativos permite uma melhor organização dos recurso públicos e eficiência no
atendimento às reinvidicações populares, porém é importante que as SDU‟s viabilizem a
comunicação com a população das áreas mais distantes do perímetro urbano.
Palavras-chave: Regionalização, Desenvolvimento Urbano, Teresina.
INTRODUÇÃO
Acreditamos que a regionalização é um processo eminentemente político, que
tem por finalidade descentralizar, ou seja, distribuir as funções de órgãos
administrativos visando assim, um melhor desenvolvimento urbano da região, visto que,
é necessário um planejamento territorial para identificar os reais motivos da divisão
administrativa.
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XIII SIMPÓSIO DE GEOGRAFIA DA UESPI – “Reflexões e desafios do pensar e do fazer geográfico frente à
complexidade do mundo atual” – Teresina (PI): 22 a 25 de outubro de 2013.
Publicação: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1
A relevância deste trabalho está no processo de crescimento horizontal e vertical
de Teresina nos últimos quinze anos, através das políticas públicas implementadas
durante as atuações dos governos municipais, fatores que resultaram, tanto na produção
do espaço urbano teresinense, como no seu desenvolvimento e organização, através da
descentralização administrativa.
O presente trabalho tem como objetivos destacar o processo de regionalização de
Teresina a partir das Superintendências de Desenvolvimento Urbano - SDU‟s Sudeste e
Sul e analisar a importância desses órgãos administrativos no desenvolvimento e
organização do espaço urbano de Teresina.
REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO: ASPECTOS TEÓRICOS CONCEITUAIS
A definição científica do termo região na Geografia é marcada por uma trajetória
epistemológica e polêmica. Neste sentido, na análise de sua complexidade,
convencionou-se destacar aqui o significado de região adotado por Gomes (2000, p. 53)
onde região “[...] tem também um sentido bastante conhecido de unidade administrativa
e, neste caso, a divisão é o meio pelo qual se exerce frequentemente a hierarquia e o
controle na administração dos Estados”.
Para Santos (1994), as regiões existem porque sobre elas se impõem arranjos
organizacionais, criadores de coesão organizacional baseada em racionalidades de
origens distantes, mas que se tornam o fundamento da existência e da definição desses
subespaços. Santos ainda afirma que os nexos que definem a organização regional, são
os nexos da informação.
A regionalização é um processo político que envolve a distribuição de poder e o
estabelecimento de um sistema de inter-relações entre diferentes atores sociais
(governos, organizações, cidadãos) no espaço geográfico, bem como a criação de
instrumentos de planejamento integração e coordenação assistencial, regulação e
financiamento de uma rede de ações e serviços de saúde no território. (LIMA, 2010)
Haesbaert (2005) explica que uma regionalização e uma análise regional que se
prezem devem envolver, sem dúvida, pelo menos, três grandes problemáticas: o
aumento das desigualdades (sócio-econômicas) e a precarização da “inclusão” sócio-
territorial, a constante (re) produção e/ou (re) invenção das diferenças culturais (e das
identidades), a crise de gestão (ou de “governança”), principalmente através da
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reconfiguração do poder do Estado e dos novos movimentos sociais, e a crescente
importância da chamada questão ambiental.
Ao analisar-se o processo de crescimento e expansão urbana de Teresina,
verifica-se a precarização da inclusão sócio-territorial, através da apropriação ilegal de
terras por parte das populações, justificado no aumento expressivo do fluxo migratório.
Comumente a essa questão, resulta os problemas ambientais, principalmente por parte
da ocupação em lugares inviáveis para moradia, como em áreas alagadiças. E dessa
forma, surge a necessidade de regionalizar o município de Teresina, de modo a
solucionar de forma rápida e eficaz os problemas locais existentes.
METODOLOGIA
Utilizou-se neste trabalho, levantamentos teóricos em livros, em artigos e
trabalhos publicados em eventos e em revista científica a cerca de temas relacionados à
pesquisa.
Foram realizadas ainda, pesquisas documentais e visita técnica na Secretaria de
Planejamento do município, onde as quais foram de suma importância para atingir os
principais objetivos da pesquisa, através da análise e interpretação das informações
coletadas.
REGIONALIZAÇÃO DA CIDADE DE TERESINA-PI: ZONAS SUDESTE E
SUL
Conforme Rodrigues Neto e Lima (2007) explicam, a ocupação urbana de
Teresina nas zonas Sudeste e Sul apresenta uma trajetória conturbada, marcada de
movimentos sociais por moradia através dos grupos sociais excluídos durante a década
de 1990. Em razão desse ambiente de tensão por parte do aumento dos conflitos
urbanos, surge dessa forma, a necessidade de uma gestão democrática de forma a
amenizar e solucionar tais problemas.
O então prefeito da cidade na época, Firmino Filho, durante os seus dois
mandatos (1997 - 2004) cria estratégias objetivando a solução de questões relacionadas
a moradia, elaborando o Plano Municipal de Habitação e o Projeto Vila-Bairro, tendo o
Conselho como órgão responsável, além da Secretaria Municipal de Habitação e
Urbanismo (SEMHUR), de acordo com Rodrigues Neto e Lima (2007).
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Ao invés do gestor municipal adotar tais políticas públicas através de
assentamentos e conjuntos habitacionais em áreas centrais ou mais urbanizadas da
cidade com infraestrutura digna, privilegiou áreas distantes da região urbana, carentes
de infraestrutura básica, resultando assim, na segregação socioespacial. Dessa forma,
pode-se assim afirmar que a síntese dos resultados das ações dessas políticas públicas
foi a favelização da cidade de Teresina.
Corrêa (2005) diz que é na produção da favela, em terrenos públicos ou privados
invadidos, que os grupos sociais excluídos tornam-se, efetivamente, agentes
modeladores, produzindo seu próprio espaço, na maioria dos casos independentemente e
a despeito dos outros agentes.
O caso específico da oficialização das vilas Alto da Ressurreição na zona
Sudeste e Irmã Dulce na zona Sul, é um exemplo concreto de que os movimentos e
conflitos sociais urbanos tornaram-se definitivamente, agentes modeladores do espaço.
Com a expansão do perímetro urbano de Teresina e o aumento dos problemas
infraestruturais e ambientais, nasce a necessidade de descentralizar a administração da
cidade, com o objetivo de garantir melhor eficiência no atendimento a população,
através de suas reinvidicações. Criam-se então, as Superintendências de
Desenvolvimento Urbano – SDU‟s, extinguindo a SEMHUR, através da Lei nº 2960 de
26 de dezembro de 2000. A SDU Sudeste, antes vinculada com a SDU Leste (Leste-
Sudeste), é desmembrada através da Lei nº 3228, de 22 de setembro de 2003, conforme
é explicitado no documento Teresina em Dados (2009) obtido na SEMPLAN.
Contudo, a implementação de tais órgãos administrativos localizam-se próximos
à região central da cidade, em um mesmo raio de distância, dificultando a aproximação
da população das áreas periféricas (áreas muito distantes da zona urbana) na
comunicação com a SDU responsável por sua região. Sugere-se assim, a subdivisão ou
a duplicação das SDU‟s de forma a atender a população das regiões como um todo e
garantindo dessa forma a satisfação destes.
CONCLUSÃO
O presente trabalho partiu da premissa de que, o crescimento horizontal e
vertical da cidade, levou à necessidade de dividir a gestão da cidade em unidades
administrativas, no intuito de atender as reinvidicações locais e a enquadrar a população
na tomada de decisões, democratizando assim, as ações dos órgãos gestores. A
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expansão do perímetro urbano de Teresina se deu através da criação de assentamentos
urbanos, solução adotada pelo gestor municipal Firmino Filho (1997 – 2004) de forma a
atender os conflitos sociais urbanos por moradia.
A descentralização dos órgãos administrativos permite uma melhor organização,
tanto no controle do orçamento e das finanças públicas como na igualdade da
distribuição da verba pública, possibilitando assim, o desenvolvimento e manutenção do
espaço urbano regional.
REFERÊNCIAS
CORRÊA, R. L. O Espaço Urbano. 4. ed. São Paulo: Ática, 2005.
GOMES, P. C. C. O conceito de região e sua discussão. In: CASTRO, I. E; GOMES, P.
C. C; CORRÊA, R. L. (orgs). Geografia: Conceitos e Temas. 2. ed. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 2000.
HAESBAERT, R. Região: trajetos e perspectivas In: Primeira Jornada de Economia
Regional Comparada. Porto Alegre, 4 de outubro de 2005. Disponível em:
<http://www.fee.tche.br/sitefee/download/jornadas/2/e4-11.pdf>. Acesso em: 10 de
janeiro de 2013.
LIMA, L. D. de. Contexto e condicionantes dos processos de regionalização em saúde
nos estados brasileiros. 2010. Trabalho apresentado ao I Encontro Estadual de
Regionalização da Saúde no SUS-BA. Salvador, 2010. Disponível em:
<http://www1.saude.ba.gov.br/dipro/cdgr/download/mostra_01/OficinaSalvador-nov-
2010.pdf>. Acesso em: 10 de janeiro de 2013.
PREFEITURA MUNICIPAL DE TERESINA (PMT). Secretaria Municipal de
Planejamento. Teresina em Dados - Completo. Teresina, 2009. 206 p.
RODRIGUES NETO, E. X; LIMA, A. J. Governo Local e Movimentos Sociais Por
Moradia: dilemas da gestão urbana. Revista Textos & Contextos. Porto Alegre v. 6 n.
1 p. 105-125. jan./jun. 2007. Disponível em: < http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fass/article/download/1049/3235>
Acesso em: 07 de setembro de 2013.
SANTOS, M. Técnica, Espaço e Tempo: globalização e meio técnico-científico
informacional. São Paulo: Hucitec, 1994.
TERESINA. Lei Municipal nº 2.960 de 26 de Dezembro de 2000. Dispõe sobre criação
das Superintendências de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente Centro-Norte,
Leste-Sudeste e Sul – SDUs e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.pc.pi.gov.br/download/201011/PC23_e113182c61.pdf>. Acesso em: 03
de Setembro de 2013.
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SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL: ESTUDO DO LOTEAMENTO PLANALTO
URUGUAI E VILA SANTA BÁRBARA EM TERESINA-PI
Gilsione Miranda dos Santos CARVALHO
Graduação em geografia-UESPI, campos Pirajá.
Raimundo Nonato da Costa SILVA
Graduação em geografia-UESPI, campos Pirajá.
Rodrigo Daylan Alexandrino da SILVA
Graduação em geografia-UESPI, campos Pirajá.
Livânia Norberta de OLIVEIRA
Geógrafa Professora do quadro provisório da UESPI, campos Pirajá.
RESUMO
O presente trabalho objetiva estudar a segregação socioespacial no loteamento Planalto Uruguai
e Vila Santa Bárbara, ambos localizados na Zona Leste de Teresina. Tendo em vista que os
mesmos surgiram a partir da ação de agentes diferentes. A metodologia aplicada foi pesquisa
bibliográfica e documental, assim como visitas técnicas nos bairros em questão. Constatou-se a
existência de determinadas influencias dos promotores imobiliários e das classes excluídas na
valorização do solo urbano, assim como a importância do Estado em tal fenômeno.
Palavras-chave: Promotores imobiliários, Classes excluídas, Estado.
INTRODUÇÃO
Teresina começa a sua organização ocupacional em 1852, nas margens dos dois
rios que cortam a cidade o Parnaíbae o Poti, caracterizando um crescimento no sentido
norte-sul. A partir de 1957, com a inauguração da ponte de concreto sobre o rio Poti,
começa a ocupação da zona leste, “Este setor de Teresina era, no começo da década de
1960, considerado como área de lazer, em razão do seu melhor microclima, com
habitações esparsas, baixa densidade populacional e quase inexistência de
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infraestrutura”. (ABREU, 1983, p.44 apud LIMA 2001).
Com o surgimento da Zona Leste de Teresina, observa-se que foi uma área
ocupada por pessoas de alto poder aquisitivo, sendo procurada principalmente por quem
desejava sair da área central, em busca de conforto, pois era uma área ainda pouca
habitada, dessa forma, tornando-se um ambiente propício para quem queria se afastar
das áreas mais movimentadas. (FAÇANHA, 1998).
Diante do exposto o presente trabalho tem como objetivo, fazer um estudo sobre
a transformação do espaço produzido através da ação dos promotores imobiliários e das
classes excluídas, buscando identificar a diferença de valorização do solo urbano
influenciado por estes agentes. A pesquisa foi feita através de análise comparativa dos
bairros Vila Santa Bárbara e loteamento planalto Uruguai localizados na zona Leste da
cidade, por observar em ambos as influências da ação destes dois agentes na valorização
do solo urbano.
ESPAÇO URBANO
Para Corrêa (2005, p.12) os agentes que participam do processo de fazer e
refazer a cidade são os proprietários dos meios de produção, sobretudo os grandes
industriais; os proprietários fundiários; os promotores imobiliários; o Estado e os grupos
sociais excluídos.
Por promotores imobiliários, entende-se um conjunto de agentes que realizam,
parcialmente ou totalmente, as seguintes operações: incorporação; financiamento;
estudo técnico; construção ou produção física do imóvel; e comercialização do capital-
mercadoria em capital-dinheiro, agora acrescido de lucro (CORRÊA, 2005, p.20).
Os grupos sociais excluídos são aqueles que não possuem renda para pagar o
aluguel de uma habitação digna e muito menos para comprar um imóvel. Este é um dos
fatores, que ao lado do desemprego, doenças, subnutrição, delineiam a situação social
dos grupos excluídos. A estas pessoas restam como moradia: “cortiços, sistemas de
autoconstrução, conjuntos habitacionais fornecidos pelo agente estatal e as degradantes
favelas”. (CORRÊA, 2005, p.29)
Para Beloto (2004), dentre todos os agentes que produzem a cidade, o Estado é
de especial relevância, pois de suas decisões derivam as ações dos demais agentes que
atuam no espaço urbano, que é regulamentada através por um marco jurídico.
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As características da habitação diversificam no espaço e no tempo ocasionando
uma segregação espacial no seio da cidade, e não apenas nas estruturas das casas e
terrenos. Esta diversidade deve-se a uma produção diferenciada da cidade e refere-se à
capacidade de pagar dos possíveis compradores, tanto pela casa/terreno, quanto pelos
equipamentos e serviços coletivos (RODRIGUES, 1997).
METODOLOGIA
Para obter estas informações recorreu-se a pesquisas de campo, através de
entrevistas, sendo realizadas cinco entrevistas com os moradores que residem no
loteamento Planalto Uruguai e na Vila Santa Bárbara para melhor alcançar os objetivos
propostos, pois, os mesmos participaram da origem de ambos. Foram feitos também
levantamentos bibliográficos e documental respeito do tema proposto em artigos, livros
e periódicos.
RESULTADOS E DISCURSÕES
Em pesquisa constatou-se que o bairro Planalto Uruguai ate 1994 era composto
por grandes lotes de terrenos particulares, que com a valorização da área devido o
crescimento da zona leste de Teresina, favoreceu a venda de lotes menores de terras.
Contudo devida a deficiência em infraestrutura local, moradores relatam que os terrenos
chegavam a custar entre um mil e dois mil reais.
Atualmente este bairro conta com empreendimentos imobiliários e intervenções
de agentes produtores do espaço como comerciantes de médio e grande porte, dentre
outros.
Em 1999 surge a Vila Santa Bárbara, resultado de uma invasão. De acordo com
a pesquisa, constatou-se que grande parte dos invasores morava ou tinha morado no
loteamento Planalto Uruguai, que em virtude da valorização deste optaram por vender
seus terrenos e adquirir outro por meio de invasão.
CONCLUSÃO
Ao pesquisar sobre o surgimento, da Vila Santa Bárbara, e o loteamento Planalto
Uruguai observou-se que os agentes transformadores do espaço, influenciam nas
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práticas e na presença do Estado com seus serviços de infraestrutura e
consequentemente na valorização do solo urbano.
Constatou-se que o bairro Planalto Uruguai que surgiu de forma organizada
recebeu melhores serviços de infraestrutura e moradores de classe média a
alta.Enquanto, navila Santa Bárbara, iniciada pelo processo de invasão, residem pessoas
de baixo poder aquisitivo, há uma infraestrutura deficiente oferecida pelo Estado,
desvalorizando o solo urbano.
REFERÊNCIAS
BELOTO, G. Legislação Urbanística: instrumento de regulação e exclusão
territorial. Considerações sobre a cidade de Maringá. Maringá, UEM – PGE.
Dissertação de Mestrado, 2004.
CORRÊA, R. L.O espaço urbano. São Paulo, 6° edição, Editora Ática, 2005.
LIMA, P.H.G .Promoção Imobiliária em Teresina/PI:Uma análise do
desenvolvimento da produção privada de habitações – 1984/1999. Teresina,2001.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco.
RODRIGUES, Arlete Moysés. Moradia nas cidades brasileiras. 7ª ed. São Paulo:
Contexto, 1997.
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O TERRITÓRIO DOS FLANELINHAS NO CENTRO DE TERESINA.
Wilson dos Santos PAIVA
Marcelo Pereira da SILVA
Raimundo Nonato da S. Júnior
Graduandos em Geografia pela Universidade Estadual do Piauí
Orientadora: Mas. Débora Virgínia Ferraz de OLIVEIRA
Professora de Geografia em Universidade Estadual do Piauí
RESUMO
O território é uma porção do espaço, e pode ser conquistado ou imposto de acordo com a
necessidade de ordem coletiva e/ou individual de quem se apropria dele. É, o território, um
conceitos chave da geografia. O referido artigo debruça-se sobre a apropriação de territórios,
que fazem parte do contexto urbano, especificamente, nas ruas do centro do município de
Teresina, pelos flanelinhas. A produção do território, na definição das diferentes formas de
territorialidade, implica práticas sociais que diferenciam territórios e se diferenciam no
território. No caso dos flanelinhas, a apropriação do território, bem como suas práticas, estão
diretamente relacionados às condições socioeconômicas. Existe ainda uma questão relevante
para a análise territorial, pois não há dúvida de que, tradicionalmente, a concepção de território
sempre esteve mais próxima das idéias de controle, domínio e apropriação (políticos e/ou
simbólicos) do que da idéia de uso ou de função econômica. No Brasil a problemática da
ocupação no espaço urbano (público) pelos setores informais da sociedade tem causados
diversos conflitos principalmente quando falamos em territórialização, cabendo, portanto, às
autoridades e a sociedade civil aprofundar a discussão sobre a temática dos flanelinhas.
Palavras Chaves: Espaço urbano, Território, Flanelinhas e Territórialização.
INTRODUÇÃO
O termo território, até o século XVII, torna-se comum juntamente com a
expansão burguesa, a partir do século XVIII, é essencial compreender bem, que o
espaço é anterior ao território. O território se forma a partir do espaço, ou seja, o espaço
geográfico, que é aquele que já foi modificado pelo homem ao logo da historia. A partir
do espaço surge à noção de território, e a ciência geográfica, desde sua formação, se
propõe a estudar o termo território sendo um de seus conceitos chaves. Quem primeiro
trabalhou com o termo território foi o alemão Ratzel na teoria do “espaço vital” durante
o expansionismo alemão.
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O território nas ultimas décadas tem retornado ao debate acadêmico dotado de
uma polissemia de significados face à apropriação do termo por vários segmentos das
ciências sociais, no entanto, quando se busca verificar os embasamentos teóricos que
fundamenta as diferentes perspectivas, observa-se a carência de uma articulação clara
com algumas perspectivas teóricas que discute o território como conceito, como por
exemplo, é realizado na geografia, já que esse conceito é considerado chave da ciência
geográfica. Para Souza, (2011, p.78) Território, é “fundamentalmente um espaço
definido por e a partir de relações de poder”. Souza também destaca que a noção de
território, não se restringe a uma macro-escala, esta noção pode ser associada tanto para
uma micro-escala (por exemplo, da rua do bairro onde moro) como para uma macro-
escala espacial (uma grande área formada por países membros de um bloco econômico);
e também em diversas escalas temporais: séculos, décadas, anos, meses, dias ou horas.
Contribuindo com a discussão do termo território, Haesbaert afirma:
Podemos, então, sintetizar, afirmando que o território é o produto de uma
relação desigual de forças, envolvendo o domínio ou controle político-
econômico do espaço e sua apropriação simbólica, ora conjugados e
mutuamente reforçados, ora desconectados e contraditoriamente articulados.
Esta relação varia muito, por exemplo, conforme as classes sociais, os grupos
culturais e escalas geográficas que estivermos analisando. Como no mundo
contemporâneo vive-se concomitantemente uma multiplicidade de escalas,
numa simultaneidade atroz de eventos, vivenciam-se também, ao mesmo
tempo, múltiplos territórios. (HAESBAERT, 2012. P 121).
Diante da noção de território que pode ser entendido sob várias escalas
espaços-temporais, concordamos com os autores quando afirmam que o mesmo
território por menor que seja (por exemplo, uma rua) pode ser territorializado por
grupos distintos em escalas temporais também distintas, ou seja, pode variar por horas,
meses, anos etc. Com base nos autores, os diferentes espaços pode ser ocupados por
diferentes segmentos da sociedade tanto formais como informais e se referindo ao
segmento informal um grupo nos chamou atenção nas ruas da cidade de Teresina, os
flanelinhas, vimos portanto a necessidade de conhecer como se dá a relação destes e “
seus” territórios no centro desta cidade.
A APROPRIAÇÃO DO TERRITORIO E AS PRÁTICAS
CRIMINALIZANTES: FLANELINHAS VERSUS ESPAÇO PÚBLICO
Os flanelinhas que compõe a paisagem urbana em especial no centro de
Teresina muitas vezes são visto como problemas, Trabalhadores lutando por um espaço
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trabalham sempre em locais de concentração de veículos e para a execução desse
trabalho. Segundo Millen (2007) organizam o espaço em “pedaços” de modo que um
número maior de veículos fique estacionado, bem como para a identificação daqueles de
suas responsabilidades, esses locais onde são denominados por eles como, “pedaço”
pode ser compreendido dentro dos conceitos de espaço e território, esses pedaços são
demarcações baseadas nos elementos existentes nas suas áreas de atuação, tais
elementos podem ser um poste, uma árvore, placa de sinalização ou uma esquina, etc.
Cada flanelinha elege uma parcela do espaço para trabalhar, estabelecendo um território
particular em cada pedaço, os grupos que atuam nas ruas do centro de Teresina buscam
em suas ações uma base territorial, as fronteiras estabelecidas nas relações produzidas
no espaço, dependem do movimento de veículos e da clientela, até que encontre um
local definitivo para sua dominação territorial. Com a chegada de eventos grandiosos no
Brasil, como a copa do mundo, e as olimpíadas, a temática sobre a atuação dos
flanelinhas, passou a ser discutida de forma mais abrangente pelos mais diversos
segmentos da sociedade buscando-se assim possíveis soluções para os flanelinhas e os
donos de veículos.
Esta discussão torna-se necessária uma vez que, seria difícil é explicar para um
alemão, francês, inglês, japonês, italiano, o que é um flanelinha, qual sua função e
utilidade, se ele tem que pagar toda vez que precisar estacionar seu carro já que está
estacionando em local público, isso vai caber as autoridades a se posicionarem em
relação a essa problemática, ou regulamentando ou criminalizando está função de
flanelinha.
Nós últimos anos tem aumentado de forma significativa os guardadores de
carros conhecido popularmente como flanelinha, no centro de Teresina. Eles estão
praticamente em todos os lugares, estádio de futebol, áreas de lazer, clubes, etc. A
atuação destes ocorre de forma mais intensa no centro da cidade de Teresina como na
Rua Álvaro Mendes entre as Ruas 13 de maio, e a Gabriel Ferreira. Em apenas três
quarteirões incluindo a praça da liberdade, tem aproximadamente 10 flanelinha atuando,
cada um com seu território de atuação definidos, e um flanelinha não entra no território
do outro, isso é regra, esses flanelinha estão atuando na ilegalidade, já que não é uma
profissão regulamentada pelos órgãos públicos responsáveis.
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Com o aumento dos automóveis e poucos locais para estacionar nos horários de
pico no centro de Teresina os motoristas procuram por uma vaga, quando encontram é
um, alivio pensam logo - me livrei do pagamento do estacionamento - que hoje no
centro de Teresina tem preço mínimo de 3,50 a 4,00 reais à hora, quando de repente, os
flanelinhas surgem do “nada” e muitas vezes, com aspecto intimidador, bêbados ou
visivelmente drogados com medo, muitos motoristas pagam para não ter problemas com
esses flanelinhas, alegam que estão todos os dias no centro, e muitos são moradores de
ruas, ou que já tiveram problemas com a justiça. Os flanelinhas inserem-se na paisagem
da cidade, buscam demarcar e consolidar territórios, contrapondo-se às normas
legitimadoras de locais públicos e fazem uso dos mesmos como estacionamentos, para
tanto formam grupos sociais e utilizam-se de algumas estratégias de organização para
manterem o seu território, sendo assim uma conquista diária de novos clientes e a
manutenção dos clientes que já existem. Por outro lado tem muitas pessoas honestas,
muitos flanelinhas são cidadãos de bem, profissionais que por algum motivo estão às
margens de oportunidades de um trabalho digno se tivesse oportunidade de um trabalho
formal não estariam na ilegalidade, mais por necessidades, usam as ruas para conseguir
o sustento da sua família, muitos deles conquistaram clientes e pessoas que confiam
neles deixando até mesmo a chave do carro e pertences de valor.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse trabalho em nenhum momento tem como objetivo de criminalizar esta
função de flanelinha, pois sabemos que muitos deles são frutos de uma desigualdade
social estabelecida há séculos em nosso país, desigualdade essa que leva muitas pessoas
a atuar no mercado da informalidade, dentre muitos fatores que leva a uma desigualdade
social está na evasão escolar de boa parte da juventude, falta de profissionalização para
os mesmos, reconhecendo que esse tema sobre os flanelinhas é um tema ainda aberto
para o debate, uma das soluções é a regulamentação, estabelecendo direitos e deveres
para as duas partes, flanelinha e usuários, já que a criminalização vai trazer
consequências desastrosas para muitas famílias que dependem dessa função, e que
necessita de uma discussão mais aprofundada, envolvendo o meio acadêmico,
autoridades públicas, sociedade, e ouvir mais os próprios flanelinhas, para que se possa
encontrar uma solução que seja favorável a todas as partes.
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REFERÊNCIAS
CASTRO, Iná Elias de. et al (Org.) Geografia: conceitos e temas. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 2000.
HAESBAERT, R. L. Territórios Alternativos. São Paulo: Contexto, 2010
MILLEN, Millene. Flanelinhas no Espaço Urbano: um estudo sobre a inserção de
jovens. Juiz de Fora: UFJF, 2007. 124p. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós
Graduação em Educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Juiz de
Fora, Juiz de Fora, 2007.
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complexidade do mundo atual” – Teresina (PI): 22 a 25 de outubro de 2013.
Publicação: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1
TRANSFORMAÇÕES NA PAISAGEM URBANA NO TRECHO ENTRE O
PARQUE POTYCABANA A PONTE JOÃO ISIDORO FRANÇA (ESTAIADA)
NA AVENIDA RAUL LOPES ZONA LESTE – TERESINA/PI
Edileia Barbosa REIS
Graduada em Licenciatura em Geografia
Elisabeth Mary de Carvalho BAPTISTA
Orientadora. Profª. Dra. do Curso de Geografia da UESPI
RESUMO A identificação dos elementos e suas principais características torna a paisagem um ambiente
singular entre os demais, sendo condicionada por seu aspecto natural que vai se modificando de
acordo com a intervenção humana. Teresina foi a primeira capital planejada do país, e no século
XX sua estrutura arquitetônica e viária foram ampliadas com a construção de grandes avenidas
que interligam as zonas da cidade. Esta pesquisa foi realizada na Avenida Raul Lopes, Zona
Leste de Teresina, no trecho entre o Parque Potycabana a Ponte Mestre João Isidoro França
(Estaiada), com objetivo geral de reconhecer os agentes transformadores da paisagem urbana no
referido trecho. A metodologia empregou a pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo, com
aplicação de questionários na área de estudo e visitas aos órgãos competentes relacionados. Os
resultados indicaram que ocorreram inúmeras transformações de ordem natural com
modificação de sua configuração original tendo como consequência problemas ambientais como
desmatamento, poluição e erosão. A intervenção do Governo do Estado e da Prefeitura ocorre
através da urbanização e estruturação (pavimentação, ampliação, organização do trânsito etc.) e
o desenvolvimento do comércio com variados tipos de estabelecimentos (shoppings, prédios
empresariais, restaurantes, centros esportivos, escolas, quiosque e serviços de taxistas e
mototaxistas), sendo estes os principais agentes transformadores do espaço estudado.
Constatou-se o papel relevante exercido pelos serviços e lazer na Avenida Raul Lopes tanto para
a Zona Leste como para Teresina, e considera-se a mesma como ponto de referência devido sua
multifuncionalidade. Sugere-se repensar o gerenciamento de sua organização em função de sua
expansão, devido à crescente demanda do comércio, e a realização de campanhas educativas
para orientação em relação ao destino do lixo, tratamento do esgoto, controle do desmatamento
e erosão, bem como das práticas esportivas que nela se desenvolvem.
Palavras-chave: Avenida Raul Lopes. Paisagem Urbana. Transformações.
INTRODUÇÃO
A paisagem tem um papel de representação visual do espaço num dado
momento, mas a sua interpretação possibilita realizar uma leitura compreensiva sobre a
sua estrutura e os processos que contribuíram e atuam na sua configuração. O universo
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da pesquisa compreendeu o trecho referente ao Parque Potycabana à Ponte Mestre João
Isidoro França (Estaiada), localizado na Avenida Raul Lopes, Zona Leste de Teresina.
Sua configuração apresenta características singulares, pois exerce uma influência
econômica, social e turística valorizando um espaço com múltiplas funções.
Dessa forma, a preocupação da pesquisa foi a identificação dos agentes que
contribuíram e contribuem para as alterações na paisagem no recorte espacial entre a
Potycabana e a Ponte João Isidoro França (Estaiada). O objetivo geral constituiu-se em
reconhecer os agentes transformadores da paisagem urbana ocorridas na área no período
de 22 anos.
A metodologia empregada contou com a Pesquisa Bibliográfica bem como a
Pesquisa de Campo utilizando as técnicas de observação, aplicação de questionários
com trabalhadores do trecho delimitado e visita aos órgãos definidos. Realizou-se
também levantamento fotográfico.
Na pesquisa realizada discutiu-se os aspectos teóricos relacionados ao tema
abordado, apresenta os resultados da pesquisa de campo, as análises e interpretações
decorrentes bem como as recomendações e sugestões que se fizeram necessárias.
AVENIDA RAUL LOPES E AS TRANSFORMAÇÔES NA PAISAGEM
O conceito de paisagem em seu processo de evolução foi associado à ideia de
representação da totalidade espacial, pelo fato de demonstrar características
generalizadas como também especificas do ambiente, através de um recorte espacial.
Bertrand (1972, p. 2) abordava o conceito de paisagem como
A paisagem não é a simples adição de elementos geográficos disparatados. É,
numa determinada porção do espaço, o resultado da combinação dinâmica,
portanto instável, de elementos físicos, biológicos e antrópicos que, reagindo
dialeticamente uns sobre os outros, fazem da paisagem um conjunto
indissociável em perpétua evolução.
Neste sentido a área de estudo demonstra o contraste entre o passado e o presente,
notadamente em relação à expansão dos empreendimentos atuais, e ampliação da
própria avenida, como se apresenta evidente nas fotos 1 e 2.
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Dessa forma, a avenida é composta por uma diversidade de elementos que se
configuram desde sua construção, como também a cada dia são inseridos novos que se
agrupam formando uma estreita relação de dependência entre eles. A organização do
espaço é definida por seus atores sociais, no qual cada um exerce um papel na
configuração da paisagem.
Segundo Carlos (1992, p. 40) “da observação da paisagem urbana depreendem-se
dois elementos fundamentais: o primeiro diz respeito ao “espaço construído”,
imobilizado nas construções; o segundo diz respeito ao movimento da vida”. A
mobilidade dos frequentadores em fluxos contínuos nos permite entender a importância
que esse espaço exerce na vida das pessoas que trabalham, compram, vendem e o
utilizam como um lugar de lazer.
IDENTIFICAÇÃO DOS AGENTES TRANSFORMADORES
Infraestrutura e Serviços
Os resultados mostraram que a parceria entre o Estado e a Prefeitura foram os
elementos essenciais para estruturação da avenida, e a primeira manifestação está
representada pela ponte Juscelino Kubitscheck e posteriormente a construção do Parque
Potycabana. A intervenção do governo na ocupação da área, com a construção de obras
estruturantes, o processo de terraplanagem e o projeto de urbanização, consolidou a
mesma como ambiente diferenciado das demais avenidas, sendo este considerado pelos
resultados da pesquisa como um dos principais agentes produtores.
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Os grandes empreendimentos como os shoppings centers destacam-se, pois deram
vida ao local e dinamizam as atividades da área, e os elementos móveis também são
responsáveis, pois fazem parte do espaço presentes na paisagem. A concentração de
serviços e investimentos da iniciativa privada com a oferta de variados serviços
promoveu a valorização do espaço e a diversificação das atividades, pois atende ao
variado público que a frequenta. Esta contribui para desenvolvimento econômico da
Zona Leste, agregado a cada dia novas funções.
Aspectos naturais
A caracterização dos aspectos naturais da Avenida Raul Lopes demonstra uma
riqueza quanto à presença de elementos naturais dentre eles o rio, como também,
resquícios da mata ciliar e fauna. Contudo a intervenção humana tem sido agente
transformador promovendo assim mudanças significativas. Denota-se uma preocupação
com o estágio avançado de degradação da área em relação à fragilidade do solo
referente ao processo de erosão em função de aterramentos, impermeabilização do solo,
problemas decorrentes de poluição com as mais diversas naturezas e dimensões
(resíduos sólidos, líquidos, sonora) e desmatamento e substituição da área.
Os trabalhadores e a paisagem da Avenida Raul Lopes
A população que frequenta a área é heterogênea por representar várias classes
sociais de diferentes faixas etárias que procuram a região por vários motivos e entre eles
destaca-se a realização de compras, trabalho, lazer, esportes e outros serviços que são
disponibilizados.
Deste modo, as mudanças apontadas nas respostas foram, de forma geral,
direcionadas à infraestrutura oferecida pelo local, à construção de vias de acesso e o
interesse em melhorar as condições da acessibilidade e conforto para os usuários Notou-
se que existe uma evolução da estrutura presente na região e se registra a mesma, a
partir de um aumento considerável no número de construções, bem como também
ocorreu a ampliação da avenida, fazendo com que vivencie um constante processo de
transformação motivada pela expansão comercial com valorização do espaço.
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CONCLUSÃO
A proposta da pesquisa foi enfatizar a importância deste trecho afirmando que a
multifuncionalidade de sua utilização precisa ser repensada para atender uma demanda
crescente visando um desenvolvimento adequado. Considerada como uma área
planejada esta ainda necessita de um direcionamento para sua organização devido ao
movimento de expansão dos estabelecimentos e da própria via que a cada dia agrega
novos elementos e funções.
REFERÊNCIAS
BERTRAND, G. Paisagem e Geografia Física Global – Esboço Metodológico. Trad. de
Olga Cruz. Caderno de Ciências da Terra, n. 13, Instituto de Geografia da
Universidade de São Paulo, p. 01-27, 1972.
CARLOS, A. F. A cidade. São Paulo: Contexto, 1992. (Coleção Repensando a
Geografia)
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TRANSPORTE PÚBLICO COLETIVO EM TERESINA – PI: ESTUDO DO
SISTEMA OFERECIDO AO BAIRRO SANTO ANTÔNIO
Alex Couto BORGES
Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI
José Mauricio AMANCIO
Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI
Livânia Norberta de OLIVEIRA
Geógrafa Mestra, professora do quadro provisório da UESPI
RESUMO
O objetivo da pesquisa foi identificar as condições do transporte coletivo na cidade de Teresina,
através do sistema oferecido ao bairro Santo Antônio, localizado na zona sul da capital.
Buscando compreender o funcionamento do sistema de transporte coletivo na região, de
maneira a identificar as suas deficiências e relações deste com os usuários deste bairro. Para
tanto utilizou como metodologia o levantamento de dados sobre a infraestrutura das vias, as
condições das paradas de ônibus e das linhas ofertadas. Constatou-se que o transporte coletivo
do bairro Santo Antônio apresenta muitas carências na quantidade de linhas ofertadas e na
qualidade dos transportes oferecidos, proporcionando a superlotação e áreas do bairro que não
recebe linha. Verificando, portanto a falta de interesse por parte dos governantes em melhor
atender quanto a mobilidade urbana a população residente nos bairros mais periféricos como o
Santo Antônio.
Palavras-chaves: Transporte coletivo, infraestrutura, qualidade.
INTRODUÇÃO
O sistema de transporte coletivo nas grandes cidades vem crescendo
exponencialmente, nas áreas urbanas de maneira a influenciar no hábito das pessoas
que precisam utilizar esse meio de transporte para se locomover, principalmente em
virtude dos engarrafamentos e da falta de investimento em infraestrutura das vias
públicas para melhorar a mobilidade.
Para que o trânsito possa realizar sua função eminentemente social, faz-se
necessário o atendimento às demandas dos seus participantes. Dentre essas demandas,
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está a garantia à mobilidade. Esse conceito pode ser interpretado como “a capacidade
dos indivíduos se moverem de um lugar para outro” (Tagore & Skidar, 1995, apud
Cardoso, 2008, p.42).
Em Teresina não poderia ser diferente, o transporte coletivo da cidade é
precário como na maioria das cidades brasileiras. Sendo assim os usuários,
geralmente a população de baixo poder aquisitivo, são os que mais sofrem com o
sistema do transporte público, além de conviver com os constantes atrasos dos ônibus
e a pouca oferta de linhas para as periferias.
SISTEMA DE TRANSPORTE COLETIVO EM TERESINA
Observam-se deficiências no sistema de fiscalização na cidade, podendo a
Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (STRANS), cumprir seu
papel constitucional de fiscalizador do transporte coletivo para melhoria, buscando
evitar um sistema de transportes deficiente e sem nenhum conforto para os usuários.
Deste modo, “serviço público é todo aquele prestado a administração ou por seus
delegados, sob normas e controle estatais para satisfazer necessidades essenciais ou
secundárias da coletividade ou simples conveniência do Estado” (Direito
Administrativo Brasileiro, 2002, p.320).
O bairro Santo Antônio (Figura 01), localizado na zona sul da capital onde
apresenta uma população de 21.879 habitantes (IBGE, 2010). No qual encontra-se
com poucas ofertas de linhas de ônibus para os moradores da localidade com
simplesmente 4 ônibus no horário de pico e 1 somente a noite para atender a
população do bairro, além de paradas sem uma infraestrutura adequada, ou até mesmo
sinalização de paradas de ônibus. Além de haver uma demora considerada da
passagem do ônibus em algumas vilas e bairros da região.
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Figura 01: Localização do bairro Santo Antônio
Fonte: modificado, Google maps, 2013
METODOLOGIA
Para o desenvolvimento da pesquisa foram realizadas pesquisas bibliográficas,
através de consulta em artigos científicos e fontes pesquisadas em web
sites, referentes ao transporte coletivo em Teresina, a Pesquisa de campo e registros
fotográficos. Assim como o levantamento de dados sobre a infraestrutura das vias, as
condições das paradas de ônibus e das linhas ofertadas para o bairro Santo Antônio.
RESULTADO E DISCUSSÕES
Segundo moradores do bairro Santo Antônio o transporte público naquela
região, demonstra varias deficiências em relação à infraestrutura das paradas (figuras
2 e 3), que apresentam-se sem uma estrutura adequada para a população se proteger
do sol e da chuva. Outras dificuldades encontradas foram quanto acessibilidade aos
transportes coletivos para as pessoas que possuem necessidades especiais, em sua
maioria não atendem este público.
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Figura 02: Terminal de ônibus no bairro Betinho
Fonte: Amancio, 2013
Figura 03: Parada de ônibus na Rua Maria Araújo
Fonte: Amancio, 2013
CONCLUSÃO
No presente trabalho procurou-se caracterizar o transporte coletivo no bairro
Santo Antonio de maneira objetiva para que se tivesse uma melhor análise sobre os
serviços prestados na região como paradas, estrutura dos ônibus e a qualidade do
serviço, dos quais identificou deficiências no serviço ofertado pelo poder público, que
acaba por prejudicar o deslocamento e acessibilidade das pessoas que utilizam esse
transporte como meio de se locomoverem.
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Dessa maneira, percebe-se que o transporte coletivo é de fundamental
importância para a população, porém as carências que o sistema se encontra, dificultam
a vida dos cidadãos que necessitam desse meio de transportes para se locomover.
REFERÊNCIAS
CARDOSO, C. E. P. Análise do transporte coletivo urbano Sob a ótica dos riscos e
carências sociais. Tese de Doutorado, Programa de Pós-graduação em Serviço Social,
Pontifícia.
Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2008.
IBGE. Censo Demográfico 2010. Teresina, PI: FIBGE, 2010.
DIREITO ADMINISTRATIVO BRASILEIRO, Ed. Malheiros, 2002, p.320.
Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana.
(2004). Diretrizes para a Política Nacional de Mobilidade Urbana Sustentável.
Brasília, DF: Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana.
NETO, O. L. Um novo quadro institucional para os transportes públicos: condição sine
qua non para a melhoria da mobilidade e acessibilidade metropolitana. In E. Santos & J.
Aragão (Orgs.), Transporte em tempos de reforma: estudos sobre o transporte urbano
Natal: EDUFRN, 2004.p. 193-216.
RIZZARDO, A. Comentários ao código de trânsito brasileiro, 5ª ed. rev. atual. ampl.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004.
TAGORE, SKIDAR, 1995, apud Cardoso, 2008, p.42.
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EIXO 04:
GEOGRAFIA, CULTURA E
TURISMO
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A CAATINGA COMO LEITO: OS CEMITÉRIOS DO SEMIÁRIDO
PIAUIENSE
Alessandra de Araújo BASTOS
Marina Silva CARVALHO
Tainara de Santana CASTRO
Estudantes do Curso Técnico em Guia de Turismo – IFPI Campus São Raimundo Nonato
Projeto de Iniciação Científica PIBIC Jr FAPEPI/CNPq
Domingos Alves de CARVALHO JÚNIOR
Professor do Eixo de Hospitalidade e Lazer – IFPI – Campus São Raimundo
Nonato/Orientador
RESUMO
O sudeste do Piauí é conhecido nacional e internacionalmente pelo seu acervo de sítios
arqueológicos pré-históricos, levados a cabo pelas pesquisas desenvolvidas durante mais de 30
anos de forma interruptas pela equipe de pesquisadores ligados a Fundação Museu do Homem
Americano – FUMDHAM. Entretanto, no que tange ao patrimônio histórico tem sido silenciado
ou ofuscado pelos achados pré-históricos. Nessa perspectiva, a presente pesquisa voltou-se para
o patrimônio histórico - fúnebre dessa região do Estado. A pesquisa teve como objetivo
investigar e inventariar o acervo cemiterial ligado ao ciclo da borracha de maniçoba, focando
principalmente, o período de 1900 – 1950, entre o apogeu e declínio da maniçoba na região. O
objeto de análise são os cemitérios dos municípios de São Raimundo Nonato e Canto do Buriti,
localizados no semiárido piauiense detentores de um rico acervo patrimonial ligados a diferentes
períodos históricos.
Palavras-chave: patrimônio fúnebre, história, semiárido.
INTRODUÇÃO
De acordo com Queiroz (2006), muitos municípios do sudeste do Piauí
nasceram e ou prosperaram no alvorecer do século XX, motivados pela economia
proporcionada pelo ciclo da borracha de maniçoba, Canto do Buriti e São Raimundo
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Nonato são exemplos. A maniçoba (Manihot glaziowii) foi densamente explorada no
semiárido nordestino entre 1900 – 1920, a economia da borracha no Piauí, teve suas
tendências de produção e exportação determinadas pelo preço internacional do produto,
ou pela demanda externa. A alta dos preços verificada na conjuntura determinou o
plantio efetivado em diversas regiões do estado. Surgindo como resposta a conjuntura
favorável de preços internacionais, sucumbiu com a concorrência asiática e a queda
acentuada dos preços, a partir de 1911. Embora curto o ciclo da maniçoba no Piauí foi
muito significativo e possibilitou o enriquecimento de fazendeiros, arrendatários,
barraquistas, maniçobeiros. Entretanto, os catingueiros da borracha não lograram o
mesmo êxito. Disputa por terras, áreas devolutas geraram ora conflitos. Nesse cenário se
constitui parte significativa da história desse ciclo econômico.
Canto do Buriti, por sua localização geográfica – entreposto – São João do Piauí;
São Raimundo Nonato; Anísio de Abreu; Caracol se constituía em ponto estratégico da
comercialização da borracha. Parte dessa história se encontra gravada nas lápides
sepulcrais nos velhos cemitérios que permitem justamente este reencontro com o
passado. Estacas, pedras, lápides de arenito desgastadas apontando para o cenário de
simplicidades, túmulos suntuosos apontando para fazendeiros tradicionais da borracha.
Esta pesquisa busca incentivar a preservação destes lugares por meio do estudo
inventarial dos locais de sepultamentos encontrados nos municípios associados à
borracha.
Os túmulos constituem-se, em grande parte dos casos, em artefatos datáveis com
precisão, uma vez que nas lápides tumulares encontram-se, frequentemente impressas,
as datas de nascimento e morte daqueles que foram enterrados. Nome do morto,
ascendência e ou descendência familiar, profissão dentre outros, propiciam um universo
fértil para o estudo da hierarquia social e distribuição espacial. No contexto da
investigação, cada cemitério foi entendido como um sítio arqueológico histórico. A
pesquisa partiu de uma pesquisa bibliográfica e depois de campo onde foi elaborado
fichas para documentação de dados por túmulo. Depois foi realizada a confecção de
fichas resumos e para elaboração dos relatórios finais e a sistematização dos dados.
DESENVOLVIMENTO
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Os cemitérios do Carcará e de Nossa Senhora do Perpetuo Socorro em Canto do
Buriti, o de Nossa Senhora da Piedade em São Raimundo Nonato, tem seus acervos já
em estado bastante precário, situação constada nas pesquisas de campo, mais ainda
guardam um importante acervo a ser estudado. Vale ressaltar que esses sítios são locais
raramente alvos de pesquisas e visitação. Esta pesquisa buscou inventariar os
cemitérios. O inventário de bens são ferramentas que a Constituição de 1988 destacou
como instrumento de promoção e preservação do patrimônio cultural. De acordo com
Castro (2008) o valor de proteção ou preservação está na salvaguarda das informações
contidas.
O patrimônio fúnebre tem sido constantemente despertado o interesse pela
visitação turística, em alguns países como a Argentina, Cemitério da Recoleta além de
declarado patrimônio histórico argentino, constitui-se de importante atrativo da cidade
de Buenos Aires. No Brasil, entretanto, os de São João Batista no Rio de Janeiro e o do
Bonfim em Belo Horizonte tem atraído um público cada vez maior.
CONCLUSÕES
Os resultados ainda que preliminares, apontam para um importante nicho a ser
explorado, do ponto de vista da visitação turística na região, à medida que, a vocação do
sudeste do Piauí e um turismo cultural (arqueológico, histórico) que contempla os sítios
de natureza pré-histórica. Assim a pesquisa apresenta uma possibilidade a mais na
ampliação dos atrativos turísticos para a história do Piauí, ligado diretamente ao ciclo da
borracha de maniçoba.
REFERÊNCIAS
CASTRO, E. T. Entre terras e ossos: o cemitério como fonte para a construção da
História. In: I Encontro de Cemitérios Brasileiros, 2004, São Paulo. Anais..., 2004.
QUEIROZ, T. de J. M. A importância da borracha da maniçoba na economia do
Piauí: 1900-1920. 2. ed. Teresina: FUNDAPI, 2006.
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CIDADE DE TERESINA E SUAS POTENCIALIDADES TURÍSTICAS
Eduarda Ramos OLIVEIRA
Graduanda do Curso de Lic. Plena em Geografia da UESPI
Gessica Maria Mesquita MONTEIRO
Graduanda do Curso de Lic. Plena em Geografia da UESPI
Lya Raquell Moura FERREIRA
Graduanda do Curso de Lic. Plena em Geografia da UESPI
Maria Luzineide GOMES
Professora Adjunta I do Curso de Lic. Plena em Geografia da UESPI
RESUMO A atividade turística é um fator de grande relevância para o desenvolvimento de qualquer
região, este por sua vez articula diversas outras atividades como sistemas de transportes,
imóveis, hotelaria, entretenimento, restaurantes entre outros. Nas cidades brasileiras essa
atividade vem se desenvolvendo bastante e Teresina vem acompanhando esse crescimento da
atividade. Sendo a única capital do nordeste a não ser agraciada com a presença do litoral, se
diferencia entre as demais capitais apresentando outros potenciais turísticos diversificados e
atraentes. Tendo em vista esse aspecto, o presente artigo tem como tema Cidade de Teresina e
suas Potencialidades Turísticas. O objetivo geral do referente trabalho é mostrar as
Potencialidades Turísticas de Teresina, além de destacar as limitações que o turismo na cidade
em questão apresenta, como também de sugerir ideias ou opiniões acerca das limitações que a
mesma pode apresentar. A metodologia aplicada a este trabalho é de caráter qualitativo com
pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo.
Palavras-chave: Potencial. Limitação. Turismo.
INTRODUÇÃO
O Turismo é uma atividade dinâmica que tendo aspectos modernos sempre em
busca do novo, do que atrai. Diante da crescente atividade turística e da sua importância
econômica a Geografia tem se preocupado nos últimos anos em estudar as diversas
facetas dessa atividade já que a mesma segundo Cruz (2003) tem como objeto de
consumo o espaço geográfico. No caso específico da cidade de Teresina, verifica-se que
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apesar dela apresentar algumas deficiências relacionadas à prática do turismo e do lazer,
ela possui potencialidades que podem ser exploradas para estes fins, mesmo não sendo
uma cidade com grande atividade turística como acontece com as cidades litorâneas.
Desse modo, o objetivo geral deste trabalho é apresentar e discutir sobre algumas das
potencialidades turísticas de Teresina, além de destacar as deficiências que o turismo na
cidade de Teresina apresenta.
O interesse da Geografia no estudo do turismo esta voltado para relevância
social, política, cultural e econômica que esta atividade ganhou nos últimos tempos.
Além de que o mesmo é um elemento que contribui para desenvolvimento econômico
de diversas regiões, sendo este um tema pertinente nos estudos geográficos.
Segundo Coriolano (2007) essas reestruturações dos espaços mostra o poder que
lógica capitalista impõe sobre os locais que possuem eventual potencial turístico. Por
sua vez a prática turística constitui- se numa pratica social que apropria- se de espaços
naturais ou humanizados. O autor Ripoll, 2003 aponta ainda que o homem atual
necessita de divertir- se, ou seja, de lazer durante seu tempo livre através da influencia
de fatores sociais, econômicos, culturais, ambientais e psicológicos, sendo que para a
concretização do lazer faz- se necessário transformar o espaço.
METODOLOGIA
A pesquisa em questão apresenta um caráter fundamentalmente qualitativo,
tendo partido inicialmente da pesquisa bibliografia realizada a partir dos registros
disponíveis como documentos, livros, teses, etc. O outro recurso foi a Pesquisa de
Campo voltada para observação e coleta de dados acerca dos pontos de atrativo
turístico, onde foram escolhidos quatro pontos turísticos a serem visitados. Depois disso
foram analisados os dados coletados e os registros da atividade de campo, permitindo
trazer inferências sobre as potencialidades e limitação da atividade na cidade.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Teresina e suas potencialidades
Teresina é uma cidade ainda em fase de conhecimento do próprio potencial
turístico. A mesma foi fundada por Conselheiro Saraiva em 1852, passou a ser a Capital
do Piauí com nome em homenagem à Imperatriz Teresa Cristina. Esta cidade localiza-se
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no Meio-Norte brasileiro, sendo a única capital da Região Nordeste que não se localiza
no litoral. Teresina é ainda conhecida como “Mesopotâmia Piauiense” por estar situada
entre dois rios, o Parnaíba e o Poti.
O potencial turístico desta capital é bastante diversificado e atraente, apesar de
estar, no ponto de vista de muitos, em desvantagem pelo fato de ser a única capital
nordestina não ter litoral. Isso porque as capitais nordestinas litorâneas geralmente tem
sua economia incrementada pela prática da atividade turística. Mas no caso de Teresina,
o que mais se denota é o fato de não ser bem trabalhado o turismo na cidade. Em
contraponto, existem ainda outras cidades do Estado que mesmo não sendo localizadas
no litoral tem o turismo como atividade de destaque, como é o de Pedro II e Oeiras. Mas
essa escassez de roteiros turísticos muitas vezes está relacionada ao fato de que a cidade
de Teresina é muito mais vista como um espaço onde se ofertam muitos serviços (com
destaque para a saúde) bem como para produção e comercio de bens.
Iniciando a discussão sobre suas potencialidades destaca-se como principais
atrações turísticas, dentre muitas, a igreja São Benedito esta foi construída entre 1874 e
1886 pelo missionário capuchinho italiano Frei Serafim de Catânia, na elevação
conhecida como Alto da Jurubeba, limite oriental da cidade, hoje o início da Avenida
Frei Serafim. É uma imponente edificação, com torres que se elevam a mais de quarenta
metros de altura. A mesma tem uma importância histórica e sentimental muito grande
para capital.
Outro ponto expressivo na cidade é o Parque Ambiental Encontro dos Rios,
criado em 1993, que tem ainda o lúdico como fator favorável à prática do turismo, onde
conta-se na área a lenda do cabeça-de-cuia. O encontro dos rios é um dos pontos
turísticos mais visitados de Teresina, onde têm pequenas exposições, quiosques com
produtos artesanais, e trilhas ecológicas.
O Pólo Cerâmico do Poti Velho, localizado próximo ao parque supracitado,conta
com uma estrutura construída no espaço onde havia uma vila de pescadores que
produziam tijolos e potes. Hoje, tal estrutura conta com 23 boxes onde são
comercializadas as peças de cerâmica da região. As peças são expostas nas lojas e são
comercializadas em toda a cidade, sendo ainda exportadas para todo o Brasil, bem como
para outros países.
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Por fim, foi elencado o Museu de Teresina, que está instalado no antigo casarão
do comendador Jacob Manoel Almendra, construído em 1859. Entretanto, a instalação
do museu só aconteceu em 1934. O museu está localizado no Centro da Capital,
possuindo um acervo de peças pré-históricas, obras de arte contemporânea de artistas
piauienses, artesanato, roupas, mobiliários representando a historia do Piauí.
A escolha destes pontos turísticos e sua caracterização apresentam apenas alguns
exemplos dos atrativos da cidade, citados aqui com a finalidade de mostrar o quão rica é
Teresina, não só em termos de serviços, mas também de potenciais turísticos, cheia de
atrativos relacionados a aspectos históricos e culturais. Diante do exposto é possível
inferir que Teresina pode sim ser considerada como uma cidade dotada de espaços
turísticos, pois apresenta lugares com a funcionalidade de atração de turistas, sendo este
o elemento principal da atividade turística. Mas o que se verifica na cidade é que impera
a ausência de projetos que visem utilizar a cidade de maneira mais proveitosa e de
forma planejada para que o turismo traga consigo a face do desenvolvimento, ou seja,
melhoria e valorização do espaço. Isso agregaria valores aos atrativos e
consequentemente à comunidade ao seu entorno. Fato este já citado por Cruz (2003),
onde afirma que nenhum lugar turístico tem sentido se os contextos cultural e histórico
não estiverem inseridos no espaço que desenvolve a atividade turística, onde promove a
valorização dos mesmos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Teresina é, portanto, uma cidade de grande potencial turístico onde apresenta
uma infraestrutura pronta para receber o turista, como as vias de acesso, aeroporto,
hotéis, restaurantes, etc. Contudo existe uma deficiência da forma de utilização dos
espaços que poderiam ser melhor utilizados pelo turismo. Há ainda a falta de
profissionais qualificados na cidade, além de balcão de informações ao turista em
muitos pontos turísticos. Parques ambientais de grande valor natural, social e
econômico como O Parque Floresta Fóssil, o Jardim Botânico de Teresina, o Parque da
Cidade poderiam ser muito mais bem utilizados do que se vê hoje. A culinária local e
regional também é outro atrativo pouco explorado. O turismo com base na arquitetura e
suas influências coloniais também não é muito considerado. Assim, verifica-se que não
estão sendo feito trabalhos voltados para uma maior promoção da cidade, revitalização
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dos patrimônios históricos, inventários de novos roteiros etc. Percebe se a
desvalorização da influência histórica presente na arquitetura, prédios, museus, no
centro histórico da cidade de Teresina, pois estes são pouco utilizados nos roteiros
turísticos da cidade e pelos os residentes, esse fator pode ser percebido não só na parte
histórica como em outros pontos visitados onde pouco se viu a visitação de residentes,
sendo que a preferência é por shoppings, dentre outras atividades de lazer. Teresina
apresenta muitos potenciais turísticos que são subutilizados e pouco valorizados,
havendo necessidade de ser melhorada a infraestrutura de hotéis, restaurantes, bem
como a construção de um roteiro turístico para Teresina e mais quiosques de informação
ao turista pela cidade. Seria interessante a implementação de uma Secretaria voltada só
para o turismo, como também o uso da mídia para atrair tanto os residentes quanto os
visitantes, para que passem mais dias na cidade, conhecendo-a, desfrutando-a e
consumindo produtos locais e regionais, que acabam por sua vez deixando divisas para
a cidade resultante dessa atividade que se mostra bastante promissora para as cidades
que aprendem a aproveitá-la corretamente.
REFERÊNCIAS
CORIOLANO, L. N. M. T.; VASCONCELOS, F. P. (Orgs.). O turismo e a relação
sociedade- natureza: realidades, conflitos e resistências. Fortaleza. .Ed. UECE, 2007.
440p.
CRUZ, R. C. A. Introdução à geografia do turismo. 2. ed. São Paulo: Roca, 2003.
125p.
PEARCE, D. G. Geografia do Turismo: fluxos e regiões no mercado de viagens. São
Paulo: Aleph, 2003. 388p.
RIPOLL, G. Turismo Popular: investimentos rentáveis. São Paulo: Roca, 2003. 222p.
RODRIGUES, A. B. Turismo e Espaço: rumo ao conhecimento transdisciplinar. São
Paulo: HUCITEC, 1999.
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CURRAL DE SERRAS: O ENCONTRO ENTRE GEOGRAFIA E
LITERATURA NA OBRA DE ALVINA GAMEIRO
Denise Raquel Barbosa SOARES
Especialista em Ensino e Geografia da UESPI
Elisabeth Mary de Carvalho BAPTISTA
Professora Adjunta da UESPI. Doutora em Geografia pela UFSC (2010).
RESUMO
Este estudo analisa os elementos geográficos presentes no romance Curral de Serras, de Alvina
Gameiro, numa pesquisa interdisciplinar entre Geografia e Literatura. A análise parte da
discussão da abordagem cultural na Geografia, das possibilidades de uma leitura geográfica do
espaço a partir de obras literárias, da importância desse tipo de estudo para alargar a pesquisa
em Geografia além do entendimento que obras literárias podem ser fontes materiais e
documentais para os geógrafos, como destacou Claval (1999). A partir deste embasamento
teórico e metodológico, é discutida a contribuição dos conteúdos geográficos para o
entendimento do romance. Para analisar a obra, foi construído um guia-síntese e de conteúdo,
do qual extraíram-se as informações necessárias para o estudo. De posse destas informações,
seguiram-se os resultados encontrados como resposta à problemática. Deste estudo pode-se
considerar que na obra são localizados os conteúdos geográficos clima, relevo, vegetação e
hidrografia, que permitem a compreensão dos fenômenos geográficos presentes na obra, pela
visão regional e ampla do Nordeste que apresenta.
Palavras-chave: Geografia, literatura, curral de serras, espaço geográfico.
INTRODUÇÃO
Este trabalho procura evidenciar as possibilidades de realização de uma leitura
geográfica do espaço, sob uma diferente perspectiva, partindo da aceitação da Geografia
enquanto ciência social, através da leitura de Curral de Serras, de Alvina Gameiro,
publicado em 1980, a partir do desenvolvimento da abordagem conhecida como nova
geografia cultural. Deste modo, objetiva analisar os elementos geográficos presentes no
livro através do contexto histórico, cultural e geográfico do enredo, e discutir a
contribuição dos conteúdos geográficos para seu entendimento.
A pesquisa foi dividida em três partes para uma melhor compreensão do que foi
proposto. A princípio, a discussão sobre a abordagem cultural na Geografia, que
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entende a cultura como via para a compreensão deste tipo de estudo. Em seguida uma
breve análise acerca do caráter interdisciplinar da Geografia e Literatura, e das
possibilidades desta relação. Na sequencia a apresentação do romance Curral de Serras,
suas principais características e a identificação dos conteúdos que formam o espaço
geográfico na obra. Por fim, realiza-se discussão da contribuição destes conteúdos
geográficos para o entendimento da mesma.
Para esta análise entre Geografia e Literatura inclui-se a identificação dos
conteúdos geográficos, que são as características do espaço geográfico com as quais o
leitor identifica a obra como um espaço conhecido ou algo novo que virá a conhecer
através do livro, que pode ser um porta voz fiel ao espaço geográfico ao qual se refere.
Estes conteúdos podem ser características do relevo, clima, vegetação, etc., e perfazem
o conjunto de saberes que formam a ciência geográfica, que a constroem e que, juntos,
dão uma visão geral do espaço geográfico.
A pesquisa é composta de revisão teórica acerca do tema proposto, com
abordagem qualitativa, usando como procedimentos metodológicos a pesquisa
bibliográfica, tendo o livro como objeto da análise. Foi criado para esse propósito um
guia de análise tendo como fim a síntese de dados, mostrando a importância dos
fenômenos geográficos para a trama desenvolvida na obra.
DESENVOLVIMENTO
A Geografia Cultural nos ajuda a desvendar os sentidos construídos na relação
homem-natureza, como este se apropria, e dá significado ao espaço em que vive e suas
experiências, não só de forma material como imaterial. A sociedade se apropria da
natureza não só tecnicamente, mas de forma simbólica criando significados, construindo
sentidos para com o espaço geográfico. Desta forma, Claval (2002, p. 20) define:
O objetivo da abordagem cultural é entender a experiência dos homens no
meio ambiente e social, compreender a significação que estes impõem ao
meio ambiente e o sentido dado às suas vidas. A abordagem cultural integra
as representações mentais e as reações subjetivas no campo da pesquisa
geográfica.
Ainda segundo Claval (2002), a perspectiva cultural não está vinculada só a
Geografia, mais a uma revolução que alcança outras áreas da ciência humana (2002, p.
20):
A abordagem cultural impõe a necessidade de repensar a Geografia Humana.
Deste repensar nasce uma primeira ideia, aquela de que a Geografia Humana
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não pode ser totalmente desvinculada da cultura onde se desenvolveu, dado
também válido para as demais Ciências Sociais, a Economia, as Ciências
Políticas, a Sociologia, a Etnologia.
Monteiro (2002, p. 14), em seu trabalho O Mapa e a Trama – Ensaios de
conteúdos geográficos em criações romanescas destaca o ponto de encontro entre a
Literatura, que chama “criação artística” e a Geografia “construção científica”, que se
dá na localização espacial do “lugar”, como elemento essencial para a construção de
sentido do texto:
A construção do “lugar” ou do conjunto de lugares que um romance contém
levaria à consideração de que o “espaço” é, ao mesmo tempo, “meio do
sentido e também seu „objeto‟”. A concretude do lugar, em tanto que
qualificado concretamente por um espaço exterior, geográfico, seria uma
necessidade corpórea, que se realiza num continuum local mais ou menos
definido e que a percepção do leitor tende a identificar uma realidade
concreta, geográfica.
Ainda segundo Monteiro (2002), o trabalho do geógrafo com a literatura não
deve ser confundido, mediante os interesses divergentes e limites que separam as
disciplinas. Monteiro, em seus ensaios sobre o uso da literatura e a geografia, deixa
clara a distinção que o pesquisador deve ter em mente ao adotar a literatura como objeto
de pesquisa.
A partir desses estudos e pesquisas tanto no âmbito nacional e internacional, a
Geografia Cultural e os estudos literários vem tomando corpo e possibilitando estudos
como o deste trabalho, que busca retratar no romance Curral de Serras, de Alvina
Gameiro, um pouco do espaço vivido do sertanejo e destacar o espaço geográfico
retratado pela autora.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O romance se desenrola numa fala cronológica, apresentada pelo seu
personagem principal Valente, que revela vinte e cinco anos de sua história,
desbravando o sertão do Nordeste à procura do irmão gêmeo desaparecido, chamado
Lino.
O espaço geográfico da obra privilegiado é a fazenda Curral de Serras, que fica
no estado de Pernambuco. Mas antes do personagem principal, Valente, chegar à
fazenda onde se desenrola a trama, ele perpassa por diversos estados nordestinos como
uma espécie de 'boticário itinerante', e por meio dessas "andanças" pode-se conhecer um
pouco mais do sertão nordestino e as regiões fronteiriças dos estados do Nordeste. Para
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a construção deste trabalho, foi necessário o uso de um guia síntese, com os seguintes
elementos analisados: os fenômenos geográficos encontrados na obra, sua localização
no texto, sua influencia na trama e a sua utilização na compreensão dos fenômenos
geográficos presentes.
O primeiro fenômeno geográfico encontrado foi a questão do clima. A passagem
do tempo é percebida na obra não através do calendário, que traz dias, meses e anos, ou
do relógio, que indica as horas, mas através das mudanças do clima e das
transformações que ocorrem na natureza como a passagem das estações, além da
orientação pelo sol ou pela lua, que serve como medida de passagem do tempo.
A construção do espaço da obra também se dá pelo próprio relevo característico
do lugar, descrição que o personagem principal faz no caminho que leva à fazenda e ao
avistá-la por cima das serras que a cercavam. A vegetação é descrita de forma menos
densa que as demais características, mas esclarece diretamente o espaço entre cerrado e
caatinga, com vegetação que vai de buritis a mandacarus. Relevo e hidrografia são
apresentados como pontos convergentes, pois tem a mesma ação que é fazer referência
aos caminhos percorridos por Valente, que se apropria da natureza de forma simbólica,
retratando nela a sua própria forma de ver o mundo, tomando os fenômenos naturais
como os próprios sentimentos humanos.
A partir da identificação dos conteúdos geográficos da obra literária em questão,
vimos que estes são essenciais na construção do enredo, fazem parte da própria
construção textual e auxiliam o leitor na identificação dos espaços em que a obra se
desenrola. Permitem, também, que os espaços geográficos sejam melhor analisados por
serem descritos de forma a envolver e prender a atenção do leitor, pelos recursos
próprios dos textos literários, diferentes da linguagem técnica utilizada pelo geógrafo,
além de destacar espaços e peculiaridades que poderiam não ser percebidas. Daí a
importância desse tipo de estudo interdisciplinar para o entendimento do espaço
geográfico.
CONCLUSÃO
Muitas obras de Geografia não conseguem transmitir, valorizar e recuperar os
fenômenos geográficos tão bem como certas obras literárias. Enquanto alguns textos se
mostram cansativos, desestimulantes e até de difícil compreensão, reside nos contos,
romances e poesias, dentre outros gêneros literários, um entendimento mais próximo da
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realidade. Dessa forma, as obras literárias podem ser utilizadas, juntamente a mapas e
ilustrações, como recursos educativos e ilustrativos, capazes de ampliar a compreensão
de espaços, lugares e paisagens, e são excelentes ferramentas didáticas. Este romance de
Alvina Gameiro pode ser um recurso no ensino de Geografia do Piauí, destacando a
questão da geografia regional.
Nesse cenário de ficção e realidade do romance é evidente que os espaços
retratados são, em sua maioria, reais. Ou seja, embora a maioria das obras sejam
histórias fictícias, muitos de seus elementos são tomados do real. Assim, conclui-se que
os elementos geográficos representados nos romances não se limitam às descrições, mas
também a sentimentos. O espaço é categoria essencial na literatura porque toda trama
literária precisa de um espaço para ser ambientada. No livro em questão, o espaço onde
é construído ou desenvolvido o enredo é o espaço rural, sem nenhuma referência ao
urbano ou a transformações sociais e históricas, como a Primeira Guerra Mundial e a
Era Vargas, ou tecnológicas, como cinema, automóveis ou a eletricidade.
Este estudo demonstra que o espaço geográfico é dinâmico, não apenas como
plano de fundo, mais determinante para as ações que se desenvolvem na obra. Localiza
e integra o leitor na atmosfera da fazenda a compreender a linguagem como
característica desse meio, do sertanejo -- como coloca Alvina -- que só conhece seu
"sistema". Também é possível fazer uma ligação direta entre memória e a paisagem
construída pelo personagem principal.
Esta pesquisa objetivou perceber de forma especifica o espaço geográfico no
livro "Curral de Serras", mas pela riqueza da obra são possíveis outras análises, como
estudos sobre memória e identidade, território, estudos da linguagem, aspectos culturais
do nordeste como religião, sincretismo religioso, música, etc.
REFERÊNCIAS
CLAVAL, Paul. "A volta da Cultura" na geografia. Mercator -- Revista de Geografia
da UFC, ano 01, n. 1, p. 19-28, 2002.
CORREA, Roberto Lobato; ROSENDAHL. Zeny. Introdução a Geografia Cultural.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.
GAMEIRO, Alvina. Curral de Serras. Rio de Janeiro: Nórdica. 1980. 228 p.
LIMA, S. T. Geografia e literatura: alguns pontos sobre a percepção de paisagem.
Geosul, Florianópolis, v.15, n. 30, p. 7-33, jul./dez. 2000.
MONTEIRO, Carlos Augusto Figueiredo. O mapa e a trama - ensaios sobre o
conteúdo geográfico em criações romanescas. Florianópolis: Editora da UFSC, 2002.
242 p.
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O PERFIL DO VISITANTE DO COMPLEXO TURÍSTICO DA PONTE
ESTAIADA MESTRE ISIDORO FRANÇA
Monnysy Monnyarha Brito dos SANTOS
Graduanda do curso de Licenciatura Plena em Geografia UFPI
Elias Paulo da SILVA
Graduando do curso de Licenciatura Plena em Geografia UFPI
Mugiany Oliveira Brito Portela
Professora Mestra do curso de Geografia – UFPI
RESUMO
O turismo é atualmente uma das principais atividades econômicas do mundo globalizado, sendo
uma importante ferramenta geradora de emprego e renda para os países que nele investem. O
objetivo dessa pesquisa é especificar as potencialidades turísticas do município de Teresina-
Piauí, com foco no Complexo Turístico Ponte Estaiada Mestre Isidoro França. Para isso,
utilizou-se como metodologia a aplicação de um questionário a uma amostra de cem pessoas
que visitavam o complexo, além do levantamento bibliográfico. A partir dos dados coletados na
data de realização do questionário, foi constatado, com relação ao local de residência dos
entrevistados e seu meio de transporte utilizado para chegar ao local, que a maioria reside na
zona leste (33%) de Teresina-Piauí e utiliza de meio de transporte próprio (75%). Com relação à
periodicidade de visitação ao complexo, a maioria conhecera o ponto naquele dia de aplicação
do questionário (59%) e os restantes eram reincidentes (41%). A motivação predominante era
que as pessoas estavam motivadas a conhecer o ponto turístico (27%), outros estavam ali a
passeio familiar (22%), para apreciação do espaço de lazer de Teresina (21%), por indicação de
terceiros (4%) e a trabalho e apresentação cultural (26%). Em relação aos aspectos que podem
incrementar a visitação do complexo turístico, destacou-se a realização de mais eventos
culturais (45%), restauração dos locais destinados à prática de esporte em toda a extensão do
complexo (22%), incrementação de bares e restaurantes no local (20%), realização de outras
práticas esportivas (11%) e a instalação de lojas de produtos artesanais e vestuário (2%).
Concluiu-se que por ser uma nova área de atração turística, a Ponte Estaiada vem recebendo
inúmeros visitantes, sendo que a maioria deles moram nas proximidades da área, porém, ainda
falta investimentos, principalmente, com relação ao acesso à esse ponto.
Palavras-chave: Turismo; Teresina; Complexo Turístico Ponte Estaiada Mestre Isidoro França.
INTRODUÇÃO
O turismo é uma das práticas mais comuns na sociedade de hoje devido ao
avanço dos meios de comunicação, transportes e facilidades financeiras. Sendo
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caracterizado como uma atividade de lazer que vai desde o “mochilão”, típico para
jovens que querem explorar ao máximo os lugares com aventura, ao passeio em família.
Geralmente, são atividades planejadas, visando uma análise de todo o custo de modo
que se tenha um ótimo custo-benefício.
Desse modo, este estudo procurou fazer uma análise qualitativa do serviço
oferecido na Ponte Mestre Isidoro França, assim como, conhecer melhor a concepção da
população acerca desse ponto turístico de modo a procurar desenvolver melhorias. Além
disso, procurou ser feito um reconhecimento do local, de modo, a identificar os atrativos
que o espaço oferece e projetar o que poderia ser implantado.
Segundo CUENTA (2001, p. 14, 39, citado por IBGE, 2010):
A Organização Mundial de Turismo – OMT define o turismo
como o conjunto de atividades que as pessoas realizam durante suas
viagens e estadias em lugares distintos a seu entorno habitual por um
período de tempo inferior a um ano, com fins de lazer, negócios e
outros motivos não relacionados com o exercício de uma atividade
remunerada no lugar visitado.
TURISMO NO PIAUÍ
Fundamentação Teórica
Quando se faz referência ao turismo do estado do Piauí, muitas pessoas pensam
que o estado é pobre nessa área, pensamento esse errado, pois nesse setor o território
piauiense é rico de áreas turísticas. Sendo que o turismo piauiense está estruturado
principalmente no ecoturismo, através das belezas naturais, como exemplo é possível
destacar o Delta do Parnaíba, Cachoeira do Urubu, Parque nacional Sete cidades e
outros.
Dentro da área turística do Piauí pode-se destacar a capital do estado, Teresina,
que até pouco tempo atrás não era vista como polo turístico. Mas atualmente isso
mudou, pois a capital piauiense, assim como outras áreas do Piauí, tem muito a oferecer
turisticamente. Como exemplo dessa oferta pode-se destacar a própria localização da
cidade entre os rios Poti e Parnaíba que resultou na criação do Parque Encontro dos
Rios no trecho da cidade onde esses rios se encontram, a presença de prédios luxuosos,
Palácio de Karnak, Museu do Piauí, Teatro 4 de Setembro, Igreja São Benedito,
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Avenida Frei Serafim e recentemente a Ponte Metre Isidoro França popularmente
conhecida como Ponte Estaiada que oferece um mirante no qual é possível observar a
cidade de ângulos diferentes.
Metodologia
Na presente pesquisa, utilizou-se como base metodológica o levantamento
bibliográfico, a pesquisa em sites da internet relacionados ao tema e a leitura de artigos,
revistas e documentos de dispusessem informações sobre o tema aqui em discussão e a
aplicação de questionário. Visitou-se ainda órgãos como o IBGE, com o intuito de
coletar informações que pudessem contribuir para o desenvolvimento desse trabalho. Na
aplicação do questionário, todo o registro foi feito sem manipulação, considerando
somente a opinião do entrevistado, sem influenciar na sua decisão.
A amostra utilizada para realização da pesquisa foi composta por 100 pessoas
que se encontravam visitando a Ponte Mestre Isidoro França. O grupo é constituído por
pessoas com idade variada, contudo a presença de idoso é insignificante, fazendo-se
mais presente casais que estavam a passear em família e grupos de amigos. As questões
continham alternativas simples e objetivas de modo a orientar as respostas para facilitar
a análise de campo. Foram abordadas questões como região onde mora, número de
visitas, a motivação da visita, que outros atrativos poderiam ser oferecidos, meio de
transporte utilizado para se chegar à ponte e a qualidade do serviço.
RESULTADOS OBTIDOS
A partir dos dados coletados através de pesquisa de campo com o grupo em
questão, foi possível obter informações sobre a visitação do complexo, o grau de
satisfação dos visitantes e as possíveis melhorias para incrementá-lo e torná-lo mais
atrativo para futuros visitantes.
A análise dos dados obtidos com relação à periodicidade de visitação ao
complexo turístico evidenciou que o público em questão, na maioria com 59%,
conhecera o ponto naquele dia de aplicação do questionário e que os 41% restantes já
eram reincidentes ao complexo turístico.
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Com relação ao local de residência dos visitantes é possível inferir que em
ligeira maioria, há a predominância do público residente naquela zona do local de
pesquisa, zona leste, sendo cerca de 33% dos entrevistados, contra 26% dos
entrevistados residentes na zona sul, 24% da zona norte, 10% da zona sudeste e 7%
compreendendo visitantes de outras cidades, dentre elas: Floriano-PI, Fortaleza-CE,
João Pessoa-PB, Natal-RN, São Luís- MA, Belém-PA e Rio de Janeiro-RJ.
Com relação à motivação predominante à visitação do complexo turístico, pode-
se concluir que a amostra mais significante revela que as pessoas que visitaram a ponte
estavam motivadas a conhecer o ponto turístico, 27% do total, contra 22% que estava
em passeio familiar, 21% em apreciação do espaço que Teresina oferece como forma de
lazer, 4% por indicação de terceiros e 26% motivados por trabalho e apresentação
cultural.
Em relação a aspectos que podem ser incrementados a visitação do complexo
turístico em questão, foi obtido no questionário aplicado a necessidade de realizar-se
mais eventos culturais, dentre eles apresentações musicais, de dança e teatro,
correspondendo a 45% do anseio dos visitantes, contra 22% que optaram pela
restauração dos locais destinados à prática de esporte em toda a extensão do complexo,
como exemplo os campos de futebol, 20% pela incrementação de bares e restaurantes
no local e em seu derredor, 11% pela realização de outras práticas esportivas fora o
rapel já realizado no local e 2% por instalação de lojas de produtos artesanais e
vestuário.
CONCLUSÃO
A Ponte Mestre Isidoro França por se constituir como o mais novo ponto
turístico da cidade de Teresina, se torna alvo de pesquisa visando à criação de políticas
públicas responsáveis pela conservação e valorização de projetos da mesma magnitude.
Vale ressaltar que essas políticas conservacionistas somente terão efeitos se junto a elas
estiverem atrelado à conscientização da população sobre a importância desses pontos
turísticos para a sociedade como um todo.
Apesar de não se obter dados sobre a quantidade absoluta de visitantes à Ponte
Estaiada, foi possível observar com a pesquisa realizada que esse ponto turístico deve
ser mais explorado socioeconomicamente e culturalmente, com a implementação de
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atrativos como: rede de bares e restaurantes, eventos culturais e maior investimento nas
vias de acesso. Proporcionando-se assim, a geração de empregos e consequentemente
um aumento na renda da população beneficiada.
REFERÊNCIAS
BRASIL, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Economia do Turismo: uma
perspectiva macroeconômica 2003-2007. Rio de Janeiro, 2010.
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OS DESAFIOS DO TURISMO EM SÃO RAIMUNDO NONATO – PI
Josilaine do Carmo RIBEIRO
Graduanda do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI
Rivania de Santana PEREIRA
Graduanda do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI
Valdiano Santos PEREIRA
Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI
Elizabeth Abreu de Sousa SANTANA
Professora da Universidade Estadual do Piauí (UESPI)
RESUMO O presente artigo trata principalmente dos desafios encontrados na cidade de São Raimundo
Nonato – PI para a atividade turística. Onde, mesmo apresentando alguns atrativos turísticos que
chamam a atenção dos visitantes, a cidade ainda necessita de investimentos infraestruturais, para
que se possam receber bem os turistas, dando-os maior apoio e qualidade na recepção dos
mesmos. Além disso, esse artigo traz um breve relato sobre a cidade em questão, mostrando sua
história e como a mesma foi se evoluindo ao longo dos tempos. O mesmo mostra também os
principais atrativos turísticos da cidade, além do Parque Nacional Serra da Capivara, que é o
principal cartão postal da região. Enfatizado que, mesmo com os desafios encontrados na
infraestrutura da cidade, a mesma é rica em atrativos. Ressaltando que a atividade turística em
São Raimundo Nonato é de fundamental importância e envolve as economias de todos os
municípios inseridos na mesorregião.
Palavras – chave: São Raimundo Nonato, turismo, desafios, atrativos.
INTRODUÇÃO
O Turismo surge em São Raimundo Nonato-PI como uma proposta de
contemplação e conservação da natureza, junto à necessidade de conservação do meio
ambiente. A atividade turística também é um meio de aproveitamento para vivenciar e
usufruir das paisagens naturais, valorizar espaços e consequentemente gerar renda,
movimentando assim a economia local. O turismo é um fenômeno crescente que gera
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emprego e renda diretos e indiretos, alimenta o comércio regional, contribui para a
sustentabilidade das regiões visitadas e movimenta a produção, distribuição e consumo
de bens e arte local.
A partir da criação do Parque Nacional Serra da Capivara, a cidade tornou-se um
pólo turístico conhecida por turistas do Brasil e do mundo, atraídos pela grande beleza
natural e considerável acervo com registros de vestígios arqueológicos, que comprovam
a remota ocupação da América.
Observa-se que há certas inquietações no que diz respeito ao planejamento e
desenvolvimento estrutural da cidade em relação à atividade turística. O
desenvolvimento de infraestrutura básica que devem contemplar principalmente as
comunidades receptoras, de modo a torná-las protagonistas do processo de
desenvolvimento da região percorre de forma morosa.
Considerando a temática abordada, o presente artigo parte da necessidade de
verificar os desafios do turismo em São Raimundo Nonato, que se desponta como uma
lacuna instigante em analisar se a mesma está preparada para incorporar a questão do
turismo em seu desenvolvimento. O tratamento desse tema é relevante devido à carência
de pesquisas dedicadas a promover discussão sobre o assunto. Debater a questão do
turismo em São Raimundo Nonato refere-se a aspectos de interesse das políticas
públicas e desenvolvimento econômico da cidade abordada. O que ressalva ainda mais a
importância de trabalhar esse tema, no sentido de despertar melhorias neste segmento.
A metodologia aplicada para esta pesquisa foi de caráter exploratório em
acervos bibliográficos, entrevistas com profissionais do turismo, órgãos municipais e
comunidade.
A falta de investimentos na área de capacitação profissional, infraestrutura de
apoio e de acesso, melhorias dos atrativos e plano de ação para o crescimento da
atividade turística, são alguns dos fatores encontrados na pesquisa que dificultam o
crescimento do turismo em São Raimundo Nonato.
SÃO RAIMUNDO NONATO: UM POTENCIAL TURÍSTICO
O turismo é antes de tudo uma prática social, que vem mudando ao longo da
história por seu dinamismo e complexidade. Vários autores discutem suas
conceituações, mas, todavia surge uma definição nova para o turismo. O conceito mais
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utilizado é da Organização Mundial de Turismo que inclui em seu discurso a seguinte
definição:
Uma modalidade de deslocamento espacial, que envolve a utilização de
algum meio de transporte e ao menos um pernoite no destino; esse
deslocamento pode ser motivado pelas mais diversas razões, como lazer,
negócios, congressos, saúde e outros motivos, desde que não correspondam a
formas de remuneração direta. (OMT , 2009. p.65)
Com base nesse conceito, verificamos que várias são as motivações que levam
os visitantes a conhecer uma cidade. Sendo assim, a cidade de São Raimundo Nonato
apresenta potencial para expansão da economia do turismo em várias vertentes, dentre
eles os atrativos pré-históricos do Parque Nacional Serra da Capivara, Museu do
Homem Americano com seu considerável acervo, além do potencial histórico-cultural,
eventos religiosos dentre outros. Seu povo, sua cultura se tornam um bem imaterial
extremamente apreciado pelo turismo e valorizado pela comunidade.
No entanto, mesmo com todas essas características potenciais há de superar
alguns desafios estruturais, como: melhoramento das vias de acesso, pavimentação das
ruas da cidade, deficiências da infraestrutura urbana, sinalização turística, limpeza
urbana, saneamento básico, organização de setores e órgão voltados exclusivamente a
atender necessidade básica ao desenvolvimento do turismo.
Os órgãos públicos e privados juntamente com profissionais auxiliam no
planejamento estratégico do turismo na cidade. Não adianta ter potenciais e não saber
utiliza-los. O centro de São Raimundo Nonato é um exemplo da falta de incentivo e
planejamento, pois parte da oferta de turismo cultural composta pelo seu patrimônio
arquitetônico, incluindo os casarões antigos datados do século XIX e XX
(RODRIGUES, 2004), está localizada no centro da cidade. Os artesanatos, as
manifestações populares e sua história concentrada naquele espaço apresentam elevado
potencial para desenvolvimento do turismo, porém muitas vezes é ignorado pelas as
agências receptivas.
Deste modo, a maioria dos turistas que se dirigem para a cidade não visitam os
atrativos localizados na área urbana, pois o principal atrativo visitado é o Parque
Nacional Serra da Capivara, por sua grande diversidade de sítios arqueológicos onde
são encontradas pinturas rupestres pré-históricas e sua beleza natural que se tornou
patrimônio da humanidade.
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Ainda existem outros fatores que corroboram para os desafios do turismo
sanraimundense: as dificuldades de vias de acesso para a cidade, estratégias de
marketing, promoção da cidade, implementação de planos de ações de desenvolvimento
do turismo e melhoria nos equipamentos de apoio e entretenimento.
Todos esses problemas são consequências da falta de iniciativa e participação do
poder público em investir nesse setor, pois na cidade há também carência de uma
secretaria de turismo mais preparada a suprir os desafios que São Raimundo Nonato
aponta. Todavia, dificulta a articulação da atividade turística, uma vez que, o turismo
necessita de planejamento órgãos responsáveis para atender as suas necessidades.
Segundo Cruz:
[...] Na verdade, os grandes pólos urbanos emissores de turistas tem
se destacado, também, nas estatísticas de turismo, como importantes pólos
receptores de fluxos. Isto se deve a dois fatores, basicamente. Um deles é o fato
de a cidade concentrar, espacialmente, os equipamentos necessários ao
desenvolvimento do chamado turismo de massa, ou seja, infra-estruturas de
acesso, de hospedagem, de apoio a atividade (atendimento médico, sistema
bancário e etc.) e de lazer. (CRUZ, 2003, p. 15).
Há que se investir no turismo para se conseguir retorno. É imprescindível
planejamento estratégico integrado ao desenvolvimento sustentável para se obter êxito,
como muitas cidades que se destacam e recorrem ao turismo como formas de dinamizar
a economia e ao mesmo tempo valorizar e conservar os recursos naturais e culturais
existentes.
Todo este potencial turístico atesta a vocação que a cidade possui para o turismo
cultural e outras modalidades de turismo, sendo este o maior anseio da comunidade
local. Um turismo que realmente seja visto de fato, na economia da cidade. Ainda que
exista, caminha em passos lentos por não ser prioridade nas ações do governo e
investimentos de empresas privadas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
São Raimundo Nonato é uma cidade que apresenta grandes recursos naturais e
culturais, que compõe o grupo dos atrativos turísticos da região. Porém é uma cidade
que carece muito de maiores investimentos no que concerne a estrutura física da mesma,
portanto vêm enfrentado grandes desafios para o desenvolvimento real do turismo.
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Sabe-se que uma cidade turística tem a necessidade de estar preparada e em boas
condições para receber visitantes de todos os lugares do mundo, e assim se desenvolver e
se destacar. Investimentos na área de capacitação profissional, infraestrutura de apoio e
de acesso, melhorias dos atrativos locais e plano de ação para o crescimento da
atividade turística na cidade são alguns fatores encontrados na pesquisa que dificultam o
crescimento do turismo em São Raimundo Nonato. Mesmo possuindo atrativos que
poderiam ser melhor explorados no turismo a cidade nãos os utiliza como sendo um
fator que geração de renda, de valorização do local colaborando dessa forma para o seu
desenvolvimento.
A cidade de São Raimundo Nonato presenta grandes desafios enfrente ao
enorme potencial tanto arqueológico como: histórico, arquitetônico e cultural, que
necessita ser aprimorado e, sobretudo valorizado. Contudo, ante a importância do
incremento do turismo em São Raimundo Nonato, ressalva-se a necessidade imediata de
investimentos nesta área, para que assim amplie sua competitividade turística no
mercado e de fato seja portador de desenvolvimento regional por meio do turismo na
cidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CRUZ, Rita de Cássia Ariza de. Introdução a Geografia do turismo. 2ª Ed. São
Paulo: Roca, 2003.
DIAS, Claudete Maria Miranda. Balaios e Bem-te-vis: a guerrilha sertaneja.
Teresina; Fundação Monsenhor Chaves, 2007.
RODRIGUES, Joselina Lima Pereira. Geografia e História do Piauí. 3ª Ed. Teresina:
Halley S/A, 2004.
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PRESSUPOSTOS BÁSICOS SOBRE A PERSPECTIVA DO TURISMO EM
RELAÇÃO AO MEIO AMBIENTE
Regina da Silva SOUZA.
Graduanda do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI.
Elizabeth Abreu de Sousa SANTANA.
Professora da Universidade Estadual do Piauí (UESPI). Especialista em Turismo e Meio
Ambiente (UECE). Bacharel em Turismo (FACE).
RESUMO O presente trabalho apresenta de forma abrangente as principais noções básicas à cerca do
embate empírico entre o turismo e o meio ambiente, partindo das perspectivas dos reais fatores
que impulsionam a demanda crescente por atividades que visem aperfeiçoar a sensibilidade da
população para que a mesma atente para as problemáticas existentes. É perceptível o
desencadear das situações que se configuram de forma que as análises vigentes sejam pautadas à
cerca da necessidade de se compreender o espaço geográfico como sendo o cenário
organizacional das paisagens, dos conceitos, dicotomias e ações antrópicas que tendem a
modificar o meio em que estão inseridos. Este trabalho propõe analisar esses espaços utilizados
pelo turismo e ações nele empregadas. É ainda possível verificar o teor dos impactos vigentes,
isto é, trabalha-se então a sua fragilidade, a qual depende também dos integrantes
contemporâneos, que vão se perpetuar ao longo do tempo.
Palavras-chave: Turismo; espaço geográfico; impactos.
INTRODUÇÃO
Ao longo do tempo podemos diagnosticar perfeitamente a ação antrópica no
meio físico, tendo em suas mãos o poder de escolha, se conserva ou se degrada tudo o
que lhes fora proporcionado a adquirir, ao mesmo tempo em que notamos o crescimento
da preocupação em torno dos sistemas social e ambiental, demonstrando se há ou não
fragilidades nas suas características.
Quando são citados os usos em relação à atividade turística nota-se que a mesma
compreende uma realidade de dicotomias, onde por muitas das vezes acabam por
descaracterizar o espaço habitado ou não. É preciso rever os principais conceitos de
degradação ambiental nessa vertente, pois, dependendo da atividade desenvolvida os
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impactos podem ser irreversíveis. Quando se faz referência da relação existente entre o
turismo e o meio ambiente, nota-se que há algo muito peculiar a ser estudado, trazendo
consigo alguns critérios que desde sempre são expostos e criticados. A problemática que
abarca o diagnóstico ambiental precisa e deve ser analisada criteriosamente, para evitar
então que tal se perpetue, podendo até fazer menção das distintas possibilidades
existentes para sanar ou mesmo erradicar os entraves preexistentes, dentre eles são
passíveis de citar a sustentabilidade em todas as atividades proporcionadas.
O MEIO AMBIENTE E A ATIVIDADE TURÍSTICA: práticas de
desenvolvimento sustentável.
Nos dias que se dizem contemporâneos há ainda muitos desafios à serem
superados, pois se fazem extremante importante trabalhar as diferenças em prol de
todos, sejam eles atores modificados ou modificadores socialmente.
O turismo como um todo, ainda em nossos dias por muitas das vezes é tido
como uma atividade analisadora do/no meio, é algo ainda complexo que embora não
seja novo, ainda julga-se recente. Segundo Coriolano e Silva (2005, p. 42) “o turismo é
uma fenômeno dos tempos modernos, portanto, relativamente recente”. É considerado
por muitos como um meio propício de ascensão econômica, sendo que seu principal
objeto atrativo é o meio ambiente, onde se usufruem do lugar, da paisagem e da cultura
da população local.
É perceptível que todas as manifestações turísticas são pautadas mais
especificamente no diálogo propício ao seu interesse. Várias são as vertentes que nos
guiam ao trabalhar da visão turística, sendo que é algo não deve até certo ponto ser tido
como tão somente avassalador, pois também faz parte da amplitude social, convergindo
então às realidades.
Realidade esta, tida como imediatista nesses novos tempos, a qualidade dos
objetos, dos espaços são praticamente descartáveis. Barreto (2003, p. 109) afirma que
“esta sociedade ocidental pós moderna é a sociedade da diferença, do individualismo,
do cetismo”.
Mesmo com todas as transformações ocorridas o turista passa a adquirir o papel
que é exigido pelo modelo, o de consumista, individualista, tornando o turismo uma
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atividade que necessita consumir os recursos naturais disponíveis, sem o menor
cuidado, não percebendo que muitos destes recursos não são renováveis. Para Faria e
Carneiro (2001, p. 70) “A relação do turismo com o meio ambiente dá-se
principalmente por meio da paisagem, transformada em produto a ser consumido”.
É nessas discussões que aos poucos vão emergindo a tensão sobre o meio
ambiente, os quais segundo Cruz (2003, p. 26), estes acabam por materializar-se no
espaço, se expandindo ou não, vai depender muito da pressão que as próprias relações
sociais vão exercer, seja para conservar, seja para devastar, ambos fazem parte de uma
mesma dicotomia, a qual permeia as formas de influência da atividade em questão. O
turismo por sua vez, entendido como uma atividade capitalista utiliza-se do espaço de
forma imediata. Embora, esta realidade esteja sendo discutida e sofrendo modificações.
Nos últimos anos, ocorreram algumas medidas que buscaram fomentar de forma
organizada a ação do turismo nas Unidades de Conservação. O Turismo atualmente é
uma das atividades que contribui para a sustentabilidade, mesmo entendendo que não há
como se trabalhar o turismo sem gerar impactos. Mas há maneiras de minimizar as
ações impactantes.
Nessa dinâmica contextual dos princípios e focos do turismo, mesmo que
contraditoriamente precisam ser articuladas as ações que visem o melhoramento da
qualidade dos serviços prestados, assim como o estreitamento das (co) relações onde
sejam buscados mecanismos para que os recursos sejam conservados, fazendo jus à sua
crescente demanda e a necessidades de as mesmas serem implementadas. A lógica do
desenvolvimento sustentável precisa ser abraçada tanto pelas lideranças, como também
pela própria comunidade de um modo geral, ampliando assim as visões de mundo até
então conhecidas e discutidas.
O conhecimento da problemática ambiental é a peça fundamental para se atingir
o nível da sustentabilidade necessária, experiências estas que devem ser colocadas em
prática o mais rápido possível, onde precisa contar com a participação de todos os atores
sociais, os quais devem compartilhar os saberes adquiridos com suas experiências. São
muitas as variáveis do conceito de turismo sustentável, uma vez que representa uma
magnitude excepcional e atua como agente modificador das relações interpessoais.
A sustentabilidade dos recursos turísticos depende do planejamento
ambiental dos recursos naturais que são componentes de ecossistemas e
sistemas ambientais. O meio ambiente é o sistema ambiental ou geossistema,
resultado da combinação do potencial ecológico (geomorfologia, clima,
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hidrologia, exploração biológica, vegetação, solo, fauna) e da ação humana.
(CHRISTOFOLETTI, 1999.).
Quando são feitas menções ao discurso sustentável, ou mesmo procura-se
elencar as suas possibilidades tratando-se de uma tentativa de reverter os desastres no
ambiente, onde para que isso aconteça todos tem que trabalhar em equipe, pois é claro
que os interesses vão se divergir, mas pode haver a união em prol de uma só causa, o
tão sonhado desenvolvimento sustentável, o qual talvez nem esteja muito distante como
muitos de nós pensamos.
Este trabalho teve como base a problemática da relação das atividades turísticas
com o meio ambiente e seu paradoxo quanto à utilização e conservação. A metodologia
aplicada a este trabalho foi qualitativa de caráter exploratório com entrevistas, pesquisas
em diferentes acervos bibliográficos com intuito de investigar os conceitos da ligação
do turismo e o espaço, o turismo e o meio ambiente.
CONCLUSÃO
Os pressupostos aqui elencados mostra-nos mais especificamente as dicotomias
dos conceitos de turismo e meio ambiente, onde quando aos seus entraves fica claro que
precisam ser desenvolvidos mecanismos para amenizar os impactos da atividade.
Embora a atividade turística, desde os primórdios até os dias que se dizem ser atuais
uma vez que muito se tem discutido e pouco se tem feito a esse respeito. Começa a
iniciar em etapas com planos de sustentabilidade, eventos para discutir um turismo mais
sustentável, o ecoturismo como uma idéia de conservação e principalmente uma
educação ambiental que é primordial para se consiga relacionar o turismo e o meio
ambiente de forma positiva.
A forma como serão colocadas em prática as discussões é outra etapa
importante, pois aqui está se tratando da sensibilização da população para que assim
possa compreender o espaço geográfico e as correlações possíveis de serem
desenvolvidas. O que esta faltando realmente é um choque de realidade tanto em
gestores, profissionais e população de forma em geral, configurando a racionalidade de
um discurso não só ideológico, mas também possível e necessário.
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REFERÊNCIAS
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atual. – Campinas: SP, 2003. (Coleção Turismo).
CARNEIRO, Kátia Saraiva; FARIA, Dóris Santos. Sustentabilidade ecológica no
turismo. Brasília: ed. UnB, 2001.
CHRISTOFOLETTI, Antônio. Modelagem de Sistemas Ambientais. São Paulo: Edgar
Blücher, 1999.
CORIOLANO, Luzia Neide Menezes Teixeira; SILVA, Sylvio C. Bandeira de Mello e.
Turismo e Geografia: Abordagens Críticas. – Fortaleza: Ed. UECE, 2005.
CRUZ, Rita de Cássia Ariza da. Introdução à Geografia do Turismo. – 2ª ed. São
Paulo: Roca, 2003.
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TURISMO E LAZER: SUAS RELAÇÕES E DIFERENÇAS
Valter Rocha BARROS
Graduando do curso de licenciatura plena em Geografia da UESPI
Iolanda do Nascimento Dias REIS
Graduanda do curso de licenciatura plena em Geografia da UESPI
Aline de Sousa Santos MENDES
Graduanda do curso de licenciatura plena em Geografia da UESPI
Elizabeth Abreu de Sousa SANTANA
RESUMO
Este trabalho trata das diferenciações entre o turismo e o lazer, que embora sejam bem
parecidos, tem significados diferentes, no entanto seguem a mesma linha, assim serão retratadas
as diferenciações entre os termos em discussão e destacar a presença do trabalho no turismo
onde surge a necessidade de descanso. Nesse ínterim pretende discorrer e compreender o uso
adequado do termo lazer e do termo turismo, onde com suas relações existentes e também suas
diferenças. Estudar estas temáticas está intimamente relacionado com a necessidade de melhor
compreensão acerca do turismo como um fenômeno social e como manifestação do lazer
contemporâneo.
Palavras-chave: Lazer; turismo, trabalho, relação
INTRODUÇÃO
O capitalismo, como modelo econômico vigente em grande parte do planeta visa
à obtenção do lucro, no qual reflete diretamente no consumo, que consequentemente
prega a venda da mão de obra. Ocasionando assim, um esgotamento físico, psíquico e
emocional na população. O ambiente de trabalho, o horário a ser cumprido, e as horas
extras impõem uma grande carga ao trabalhador, este regramento submete os
trabalhadores a um grande desgaste físico e emocional que desfavorece o seu
rendimento ante as atividades que deva desenvolver. Devido a esses fatores existentes
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na sociedade pós-moderna que estudos minuciosos do turismo vêm surgindo para
compreender a importância do lazer e turismo na qualidade de vida das pessoas.
O turismo e o descanso podem melhorar e recuperar a energia e vitalidade
através do tempo não trabalhado. Embora seja uma discussão nova no meio acadêmico é
de fundamental importância estes estudos, pois apresentam outros aspectos do turismo
que se desponta através do seu lado econômico e lucrativo em pesquisas relacionadas
acerca do tema. Mas, pouco é mostrado pelo lado de quem usufrui. Fazendo-se
necessária uma reflexão acerca do processo do fenômeno do turismo e da importância
do lazer na sociedade e na classe trabalhadora que esta pesquisa foi realizada.
TURISMO E SUAS RELAÇÕES
Inicialmente para que se possa compreender o uso adequado do termo lazer e do
termo turismo, é necessário fazer suas conceituações, ou seja, conhecer primeiramente
os fatores que os compõem. Coriolano e Silva (2005, p.04) afirma que “é comum
confundir o conceito de tais termos”. Para que possamos entender o fato em questão
procura-se a diferença entre tempo livre e ociosidade, sendo que na realidade o que
acontece é que esses termos são tão comuns que chegam a nos confundir no processo de
diferenciação, assim estudar o turismo é compreender que existe uma real ligação
trabalho, turismo (motivação) e lazer.
Segundo Barretto (2008) o turismo é um fenômeno complexo e diversificado
onde apresenta diversos tipos de turismo, afirma ainda que o mesmo pode ser de
natureza emissiva e receptiva, ou seja, tanto emite como recebem turistas. O conceito de
turismo aceito pela (OMT) Organização Mundial de Turismo apresenta o turismo como
à soma de relações e de serviços resultantes de uma mudança de residência, temporária
e voluntaria motivada por várias razões. Sendo assim no turismo existem várias
tipologias dentre elas: O turismo de negócio, o turismo de evento, de aventura,
ecoturismo, científico, de saúde, de lazer dentre outros.
Já o de lazer segundo Barretto (2008) nos trás uma conceituação do século XIX
onde era considerado como uma forma de recuperar suas forças de trabalho e como uma
forma de consumo que era realizado pelas pessoas. Desta forma, o lazer hoje também
atua como um descanso das rotinas de trabalhos que tem sido cada vez mais estressante.
Diferente do termo ócio, como afirma Dumazedier (1999) “o lazer não é a ociosidade,
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não supre o trabalho; o pressupõe. Corresponde a uma liberação periódica do trabalho
no fim do dia, da semana, do ano ou da vida de trabalho”.
O lazer insere-se, portanto, como opção para utilização de tempo livre. Acontece
que cada vez mais esse tempo livre torna-se raro na sociedade mesmo sendo importante
para qualidade de vida. As pessoas buscam utiliza-lo para se dedicar a outras funções
também ligadas ao trabalho, buscando preparação para o mercado, almejando progredir
em suas carreiras e deixando de passar mais tempo com suas famílias e repor suas
energias.
O cidadão assalariado e que não dispõe de condições financeiras suficientes para
fazer uma viagem turística, precisa ter o seu momento de lazer, que embora seja
parecido é bem distinto. O Turismo é considerado uma atividade de lazer, mas com
alguns critérios que prevalecem as atividades turísticas e deve haver deslocamento, ou
seja, viagem. Já o lazer é quando você escolhe uma atividade naquele momento do não
trabalho, ou seja, poderá realizar em qualquer lugar.
Há diferença em fazer uma viagem turística e desfrutar de um momento de
lazer, pois o turismo é algo implantado no meio econômico, que gera emprego e renda e
que depende do ato de consumo. Coriolano e Silva (2005, p.44) afirma que “Quem não
faz turismo, por não poder viajar precisa satisfazer essa necessidade no lazer local, que é
uma necessidade por indução do modelo econômico”. A atividade turística ainda que
esteja ativa em várias classes econômicas da sociedade, ainda é uma atividade
dispendiosa que seleciona seu público maior. Por esse motivo, é importante o
investimento das cidades em questão de infraestrutura não só para receber bem os
turistas, mas além de acomodar os seus visitantes, deve atender principalmente seus
moradores surgindo assim inúmeras opções de lazer e utilização do espaço local pelo
residente.
Assim percebemos novamente o quanto áreas de lazer e a presença do turismo
são de suma importância para uma localidade. De certa maneira, o turismo influencia os
residentes locais a conhecer o seu próprio lugar. Uma vez que investindo no turismo
desde a infraestrutura da cidade até a divulgação dos seus pontos turísticos, provoca-se
uma curiosidade nos residentes a frequentar tais lugares. Onde sem a presença ativa
dessa atividade econômica o lazer acaba que sendo esquecido em alguns espaços da
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cidade. Coriolano e Silva (2005, p.64) afirma que o “lazer não tinha valores em si era
apenas um meio de recuperação da força de trabalho”.
Com a influência do turismo acaba que as atividades turísticas sendo
vivenciadas para além de uma recuperação para retorno ao trabalho, mas para uma
construção de benefícios intangíveis de conhecimento, descanso, satisfação que são
imensuráveis na vida das pessoas. Como afirma (KRIPPENDORF, 2000, p. 14) “Nos
nossos dias, a necessidade de viajar é, sobretudo criada pela sociedade e marcada pelo
cotidiano. As pessoas viajam porque já não se sentem à vontade onde se encontram, seja
nos locais de trabalho, seja onde moram”.
Há uma necessidade de desvincular mesmo que momentaneamente das práticas
cotidianas e ampliar suas perspectivas através dos conhecimentos obtidos em cada
viagem. A indústria do turismo é transformadora e estar sempre à disposição de acordo
com o interesse de cada um, seja ela, de lazer ou qualquer outra motivação.
CONCLUSÃO
Portanto conclui-se que o turismo exerce uma forte ligação entre lazer e trabalho
apresentando-se de forma significativa na sociedade. A sua influência na utilização do
tempo livre, na empregabilidade do lazer dentro da motivação turística em meio ao um
sistema onde “trabalhar é a essência da vida e o lazer é considerado supérfluo”. Nos
desperta atenção pelo fato de que as pessoas vivem em uma sociedade do trabalho, mas
que hoje não obstar-se do seu momento de contentamento seja ele através do turismo,
lazer ou na junção dos dois.
O lazer é uma necessidade humana assim, como o trabalho. A grande questão
gira em torno de como distinguimos estes dois “tempos”. Pode-se concluir ainda que o
turismo estabelece uma diferença do lazer, uma vez que o turismo é a forma de lazer
com deslocamento espacial e motivação. Já o lazer é uma atividade de satisfação que
não implica critérios e nem lugar para acontecer. Portanto, o tempo “não-trabalhado” se
difere em várias relações na sociedade pós-modernidade.
REFERÊNCIAS
BARRETTO, Margarida. Manual de Iniciação ao Estudo do Turismo. Campinas. SP
13ªed.2008.
BELTRÃO, Otto di. Turismo A Indústria do Século XXI. Osasco, 2001.
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CORIOLANO, Luzia Neide Menezes Teixeira & SILVA, Sylvio C. bandeira de Melo e.
Turismo e Geografia: Abordagens críticas. Fortaleza. Ed. UECE, 2005.
DUMAZEDIER, J. Sociologia Empírica do Lazer. 2. ed. São Paulo: SESC,
Perspectiva, 1999.
KRIPPENDORF, J. Sociologia do Turismo: Para Uma Nova Compreensão do Lazer
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XIII SIMPÓSIO DE GEOGRAFIA DA UESPI – “Reflexões e desafios do pensar e do fazer geográfico frente à
complexidade do mundo atual” – Teresina (PI): 22 a 25 de outubro de 2013.
Publicação: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1
EIXO 05:
GEOGRAFIA E
MOVIMENTOS SOCIAIS
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CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DO ASSENTAMENTO OLHO D’ÁGUA NO
MUNICÍPIO DE SOCORRO DO PIAUÍ.
José Iomar Oliveira de CARVALHO
Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI
Zildene Paes SOARES
Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI
Judson Jorge da SILVA
Prof. Msc./ Orientador. Dpto. Geografia- UESPI- São Raimundo Nonato
RESUMO
Buscou-se nesse trabalho compreender o processo de surgimento do Assentamento Olho
D‟agua, situado na cidade de Socorro do Piauí, localizada no sudeste do Estado. Bem como
entender como tem se dado a ação dos pequenos produtores sem terra nos territórios onde os
movimentos de caráter sócioterritorial como o MST não atuam. Outro fator evidenciado na
pesquisa refere- se à produção, que em decorrência de resultados nulos em virtude da seca e da
baixa qualidade do solo, ocasiona a existência de assentados trabalhando como arrendatários nas
áreas de vazante das terras mais próximas.
Palavras-chave: Agricultura; Camponês; Latifúndio; Movimentos.
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos tem-se colocado entre as principais pautas no cenário
reflexivo a respeito da questão agrária brasileira a eficiência/ou não, dos assentamentos
rurais como unidades produtivas viáveis do ponto de vista econômico, social e
ambiental. Por essas razões, torna-se importante fortalecer o debate em escala local em
torno da reforma agrária e das características envoltas na política de criação de
assentamentos rurais.
No que diz respeito às ações do Estado voltadas para o campo, é possível
observar que suas intervenções se apresentam com instrumento desigual da produção
espacial rural. Pois, de um modo geral, beneficia médio e grandes produtores em
detrimento dos pequenos e pobres, seja nas políticas de crédito, financiamento,
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assistência técnica, entre outros. Um exemplo disso pode ser observado na política de
criação de assentamentos rurais, quando os mesmos não são resultantes da conquista de
porções do território a partir da pressão desempenhada pelos movimentos sociais
demandantes de terras. São comuns casos de assentamento criados em razão da
desterritorialização de camponeses em virtude da execução de empreendimentos, seja
pela criação de barragens, obras estruturantes, etc. Obras essas voltadas, na maioria das
vezes, para atender a estruturação de atividades ligadas ao grande capital. Já outros
assentamentos rurais são resultados da intervenção do estado no processo de negociação
entre grandes proprietários e pequenos produtores sem terra, fato que torna o Estado um
agente imobiliário ao invés de promotor da justiça social.
Fernandes (2001) aponta que dentro da lógica neoliberal propostas pelo Banco
Mundial para o campo dos países em desenvolvimento, que no Brasil ganhou espaço de
implantação durante o governo do Presidente FHC, propõem-se como modelo de
“reforma agrária” os processos de compra e venda de terras intermediadas pelo Estado.
Tais ações descaracterizam largamente os ideais de reforma agrária defendido pelos
movimentos sociais, pois as estratégias políticas tomadas para a execução desses atos
acabam deixando de lado a identidade camponesa de luta contra a estrutura agrária
vigente.
Visando entender como esse processo se desenvolve no sertão piauiense,
utiliza-se como lócus de estudo o assentamento Olho d‟Água, no Município de Socorro
do Piauí, localizado na microrregião do Alto Médio Canindé, região sudeste do estado,
que é fruto dos processos de compra e venda de Terras intermediadas pelo Governo
Federal.
DESENVOLVIMENTO
Na concepção de Fernandes (Id. Ibid) o debate sobre a questão agrária no
século XXI, traz como principais objetivos o entendimento da luta pela terra no cenário
rural brasileiro, no qual procura analisar as modificações que vem ocorrendo nesse
espaço, ocasionadas em sua maioria pela lógica do desenvolvimento do modo
capitalista de produção no campo e pela resistência do campesinato. O autor busca ainda
enfatizar a importância dos movimentos sociais de combate à territorialização do capital
no ambiente camponês. Sabendo que esses movimentos configuram-se como formas
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planejadas de ações contra esse tipo de produção, Fernandes atribui ao MST e a CPT,
principais agentes no contexto de mobilização camponesa, a categoria de movimentos
socioespaciais. Entretanto, embora a atuação desses movimentos tenham se
espacializado por praticamente todo o território brasileiro, ele não se territorializou em
todos os lugares em que existem problemas referentes à questão agrária.
Nesse sentido, é importante ressaltar a heterogeneidade do espaço brasileiro no
que se refere à existência de territórios, territorialidades e comportamento de grupos
sociais relacionados à sua situação fundiária. Assim, o diálogo almejado nas ideias aqui
versadas busca compreender as ações camponesas nos territórios onde os movimentos
sociais de luta pela terra não se territorializaram. Para tanto, colocamos como foco
principal da pesquisa o Assentamento Olho D‟água.
A escolha desse assentamento como foco de análise se deu pelo modo como os
assentados conseguiram realizar a aquisição de suas terras, baseada nos sistema de
compra e venda da chamada “reforma agrária de mercado”, sem que fosse efetuado
qualquer processo de articulação e organização das famílias camponesas através dos
movimentos sociais, haja vista o mesmo situar-se em área fora do campo de atuação de
movimentos sociais de luta pela terra no Piauí, pois não há presença de movimentos de
caráter sócioterritoriais como o MST no município de Socorro do Piauí.
Para a realização desse trabalho, além das leituras bibliográficas que nos
permitiram a definição dos quadros conceituais, foram realizados dois trabalhos de
campos. No primeiro os dados levantados pela pesquisa foram obtidos através de
questionários aplicados às famílias assentadas. Das 30 famílias residentes, foi possível
entrevistar representantes de 27 delas. No segundo trabalho de campo foram realizadas
entrevistas com lideranças da comunidade. Os questionários buscaram sondar sobre a
procedência das famílias assentadas, modo de organização, bem como identificar o tipo
e as práticas produtivas realizadas pelos assentados. Já as entrevistas versaram a
respeito do processo de criação do assentamento.
Segundo informações constantes na escritura de compra e venda de terras, o
Assentamento Olho D‟agua possui área de 878 ha. Sua aquisição pelos assentados
ocorreu no ano de 2005, financiado com recursos obtidos através do Fundo de Terras e
da Reforma Agrária, no âmbito do projeto de crédito fundiário e combate a pobreza
rural obtido junto ao Banco do Nordeste (BNB) através de autorização concedida pelo
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Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). A ideia de criação do assentamento,
segundo o atual presidente da associação Paulo Afonso de Oliveira, surge a partir da
iniciativa do então proprietário Sr. Casimiro Mariano dos Santos.
Rapaz esse assentamento surgiu porque o Cassimiro tinha umas terra aí pra
vender e tal. E ouviu falar desse negócio do Banco da Terra. Tava comprando
terra, né? Pra fazer assentar. Aí, saiu caçando as pessoas. O dono da terra era
quem saía caçando as pessoa. Aí nós cumeçemos pelo o Banco da Terra.
(PAULO AFONSO DE OLIVEIRA, entrevistado em setembro de 2013).
Duas análises se fazem pertinentes nesse caso. A primeira dela é a
descaracterização dos princípios pertinentes à reforma agrária, ao se proporcionar uma
solução mais eficaz ao dono do latifúndio, em detrimento do camponês, que se endivida
junto ao banco para obter a terra passível de reforma agrária por descumprir sua função
social de produção. O segundo ponto que merece ser destacado é o fato dessa prática ser
comum nas áreas de sertão, o que merece ser melhor estudado.
Inicialmente o assentamento contava com 30 (trinta) famílias, porém destas
permaneceram 11 (onze). Entretanto, as vagas surgidas foram preenchidas
posteriormente. A maior parte das famílias entrevistadas é oriunda das cidades de
Socorro e Flores do Piauí, ambas com 66,6% e 18,5% de naturalidade respectivamente.
A maior parte dessas famílias trabalhava na agricultura de subsistência no sistema de
renda ou meação. O trabalho no assentamento caracteriza-se por ser particularizado a
seus núcleos familiares, inexistindo práticas de trabalho coletivo.
Dos 27 entrevistados, 26 trabalham com agricultura e uma das entrevistadas é
professora em uma escola da cidade, sendo que nenhum membro da família exerce
atividade agrícola. Quanto à produção agrícola do assentamento, as três culturas mais
apontadas pelos 26 entrevistados que praticam agricultura foram: feijão, plantado por
92,3%, mandioca por 88,4% e milho, cultivado por 76,1% das famílias. Esse plantio é
efetivado de modo tradicional, sem o uso de instrumentos sofisticados, pois das
ferramentas usadas para o cultivo destaca-se a enxada e o facão, ambas apontadas por
100% dos entrevistados e a foice com 96,1% de utilização entre os agricultores.
No entanto, nos últimos anos, a produção agrícola obteve resultados nulos,
decorrentes da seca e da baixa qualidade do solo, vindo, desse modo, a ocasionar a
existência de assentados trabalhando como arrendatários nas terras mais próximas que
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possuem área de vazante. Outros moradores migraram em busca de trabalho assalariado
na área da construção civil.
Tal situação mostra que o modelo imposto por esse tipo de reforma está mais
atrelado aos interesses especulativos ex-proprietário vendedor das terras, do que a
realmente proporcionar condições de estrutura e avanço social para aqueles que
trabalham com a agricultura ou pequena criação no sertão, de modo que consigam se
reproduzir social e materialmente, de forma digna.
Colocando em análise o papel do estado nessa situação, percebe-se uma
política de incentivo à comercialização de terras, em que o mesmo age mais como
agente intermediador de negociações do que como órgão responsável por criar
condições motivadas a proporcionar a igualdade de direitos. Outro fator relevante e
intrigante é a inexistência dos movimentos sociais de luta pela terra nessa região, uma
vez que os latifúndios se fazem presentes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dentro das análises, percebe-se que a lógica de formulação do assentamento é
efetivada de um modo particular, pois os interesses iniciais de surgimento do mesmo é
fruto de anseios do próprio latifundiário, que arregimentou compradores para suas
terras. Outro fator importante é inexistência dos movimentos sociais como o MST,
despertando ideias e interesses característicos da ideologia camponesa, o que ocasiona
no cenário rural da região a existência de camponeses passivos e incapazes de refletir
sobre a sua realidade e os seus direitos. Por fim, do ponto de vista da organização
produtiva, a população assentada se insere na mesma realidade dos demais agricultores
da região, pois a seca e a falta de assistência técnica acabam ditando a capacidade ou
incapacidade produtiva do assentamento. Partindo desses pontos, pode-se inferir que o
modelo de reforma agrária adotado no local pesquisado, não possibilita condições para
o desenvolvimento social das famílias assentadas.
REFERÊNCIAS
FERNANDES, Bernardo Mançano. Questão agrária, pesquisa e MST. São Paulo:
Cortez, 2001.
OLIVEIRA, Paulo Afondo de. Entrevista [set.2013]. Entrevistador: J. I.O.de Carvalho.
Socorro do Piauí: Assentamento Olho D‟água, 2013. 1 arquivo mp3 (40min.)