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Aprendendo a viver com C ONFÚCIO COMO O SÁBIO CHINÊS AJUDA A ENFRENTAR OS DESAFIOS DA VIDA MODERNA

Aprendendo a viver com confúcio

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Como o sábio chinês ajuda a enfrentar os desafios da vida moderna Compilada por Kuijie Zhou Tradução de Gilson B. Soares

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Page 1: Aprendendo a viver com confúcio

Aprendendo a viver com

CONFÚCIOCOMO O SÁBIO CHINÊS AJUDA A ENFRENTAR OS

DESAFIOS DA VIDA MODERNA

Aprendendo a viver

CO

NF

ÚC

IO

Nascido por volta de 550 a.C., Confúcio viveu

durante um período de grande incerteza polí-

tica na história da China. Seus ensinamentos

sobre conduta social e moral, honestidade e hu-

manidade vêm atravessando gerações. Apren-

dendo a viver com Confúcio é uma fascinante in-

trodução a uma sabedoria milenar que nos ins-

pira e ajuda a enfrentar os desafios angustiantes

com que nos deparamos na época atual.

SOBRE O AUTO-APERFEIÇOAMENTO

Não imponha aos outros o que não desejaver imposto a si mesmo.

SOBRE A BUSCA DO CONHECIMENTO

Para ser capaz, a pessoa deve estudar; para ser intelectual, deve aprender com

os outros.

SOBRE GOVERNAR

Quem é bom servidor público contrata agraça; quem não o é, contrata o ódio.

SOBRE FILOSOFIA

Ir longe demais é tão ruim quanto não irlonge o suficiente.

Os ensinamentos de Confúcio, um dos pilares

da civilização chinesa, continuam tão relevantes

na atualidade quanto foram há mais de dois mil

anos. Aprendendo a viver com Confúcio reúne uma

seleção desses pensamentos. É um guia indis-

pensável para a contemplação filosófica, o aper-

feiçoamento individual e a conquista do sucesso.

9 788522 008353

ISBN 978-85-220-0835-3

com

capa FOTOLITO 4 - maior.qxp 18/12/2008 16:11 Page 1

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Aprendendo a viver com ConfúcioComo o sábio chinês ajuda a enfrentar

os desafios da vida moderna

Compilada por Kuijie Zhou

Tradução de Gilson B. Soares

Page 3: Aprendendo a viver com confúcio

Título originalA Basic Confucius

Copyright © 2008 by Long River PressCopyright da tradução © Agir Editora Ltda., 2008

Capa: Júlio MoreiraFoto: © Keren Su/CORBIS/LatinStock

Copidesque: Carla Mühlhaus

Revisão: Hermínia Totti

Produção editorial: Paulo Cesar Veiga

CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte. Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.

ConfúcioAprendendo a viver com Confúcio: como o sábio chinês ajuda a

enfrentar os desafi os da vida moderna / compilado por Kuijie Zhou; tradução de Gilson B. Soares. — Rio de Janeiro: Agir, 2008.

il.

Tradução de: A basic ConfuciusISBN 978-85-220-0835-3

1. Confúcio. 2. Filosofi a confucionista. I. Zhou, Kuijie. II. Título.

C759a

CDD: 181.112CDU: 1(315)08-3820

Todos os direitos reservados à

AGIR EDITORA LTDA. – Uma empresa Ediouro Publicações Ltda.

Rua Nova Jerusalém, 345 – CEP 21042-235 – Bonsucesso – Rio de Janeiro – RJ

Telefone (21)3882-8200 – Fax (21)3882-8212/8313www.ediouro.com.br

Este livro foi composto em New York e Century Old Style e impresso pela RR Donnelley sobre papel Pólen Bold 90g

para a Agir em outubro de 2008.

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Introdução 5

CAPÍTULO UM

Sobre o auto-aperfeiçoamento 11

CAPÍTULO DOIS

Sobre a busca do conhecimento 31

CAPÍTULO TRÊS

Sobre honestidade e credibilidade 57

CAPÍTULO QUATRO

Sobre ser modesto 69

CAPÍTULO CINCO

Sobre como corrigir erros 85

CAPÍTULO SEIS

Sobre o dever fi lial 93

CAPÍTULO SETE

Sobre como fazer amigos 107

CAPÍTULO OITO

Sobre como se portar em sociedade 129

Sumário

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CAPÍTULO NOVE

Sobre governar 147

CAPÍTULO DEZ

Sobre filosofia 171

CAPÍTULO ONZE

Sobre a vida cotidiana 191

Notas para as ilustrações 206

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Introdução

Confúcio é provavelmente o maior fi lósofo da história

chinesa, e também um dos fi lósofos mais estudados na his-

tória da humanidade. Sua obra, composta por ensinamentos

e interpretações, foi transmitida através de gerações, e

vem orientando e infl uenciando quase todos os aspectos

da sociedade chinesa por milhares de anos. É comprovado

que os ensinamentos de Confúcio tiveram o maior impacto

individual na história chinesa, mais do que qualquer outro

fator social ou histórico.

Confúcio nasceu por volta de 550 a.C. no estado de

Lu, situado no que é hoje a província de Shandong. Como

muitos chineses de sua época, Confúcio tinha aspirações

políticas. A China estava dividida, tanto geográfi ca quanto

fi losofi camente. Vários estados e regiões competiam pelo

controle político e social. Alianças eram feitas e depois

rompidas. Guerras eram travadas. Esse período, conhe-

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Aprendendo a viver com Confúcio

cido como Primavera e Outono e Estados Antagônicos

(c.770-221 a.C.), deu origem a muitas escolas diferentes

de pensamento fi losófi co e cultural, tais como os escritos

daoístas de Laozi (Lao-tzu) e Zhuangzi (Xhuang-tzu), e os

tratados militares de fi lósofos como Sunzi (Sun--tzu).

O pensamento confuciano afetou cada aspecto da vida

chinesa, assim como a maneira pela qual tais aspectos se

ligavam a uma série de relacionamentos rigidamente es-

truturados. Em seus elementos básicos, esse pensamento

é um guia para os valores morais e para a conduta social

apropriada. Ser justo e de elevado caráter moral era respon-

sabilidade do governante, o que por sua vez capacitaria o

povo a seguir seu exemplo.

Confúcio defendia a idéia de reciprocidade e governo

responsável. O paradigma do pensamento confuciano é que

não deveríamos fazer aos outros aquilo que nos desagrada.

O que, aliás, não é diferente do conceito de carma. Com essa

idéia veio a defesa do governo benevolente: se o governante

ou sábio estiver simplesmente no uso do poder, o povo o

seguirá; do contrário, será derrubado.

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Introdução

Não é de surpreender, dado o ambiente social da época,

que os governantes considerassem as idéias de Confúcio

pouco práticas na luta pelo poder. Não há dúvidas de

que Confúcio falhou em alcançar uma posição política de

alguma importância. Sua vida parecia um fracasso, ainda

que ele saísse em campo atraindo leais discípulos. Por 14

anos ele viajou pela China. Embora fosse recebido com

algum respeito pelos governantes locais, seus pontos de

vista, quando não eram inteiramente descartados, não

eram levados a sério. Um governante assim equivalia, para

Confúcio, a um cão perdido à procura de um lar.

O confucionismo foi falsamente rotulado como uma

religião. Na realidade, confi gurou-se como um sistema de

pensamentos e ritos sociais preocupado com as necessidades

da sociedade chinesa e seus relacionamentos sociais. Ao con-

trário do budismo e do taoísmo, o confucionismo nada tinha

a ver com o papel da natureza ou com vida após a morte.

Historicamente falando, o pensamento confuciano con-

tinha muitos paradoxos, e seria mais ou menos aceito de

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Aprendendo a viver com Confúcio

acordo com as dinastias chinesas que se encontravam no

poder. Os ensinamentos de Confúcio eram também consi-

derados perigosos, e governantes temiam que o povo se

rebelasse. O primeiro imperador da China, Qin Shi Huang,

chegou a ordenar a destruição dos textos confucianos e a

execução dos eruditos da doutrina.

Confúcio era contra a tirania e a opressão. Ao mesmo

tempo, acreditava na superioridade inviolável da classe

dirigente. Ele também prescrevia que a esposa devia ser

completamente dedicada ao marido; o fi lho, ao pai; e o

aluno, ao professor. Originalmente, esses relacionamentos

delineavam com clareza características de “superior” versus

“inferior”. No entanto, menos do que se concentrar em

“classes” diferentes da sociedade, os elementos mais impor-

tantes do pensamento confuciano promovem simplesmente

o aperfeiçoamento do indivíduo, independentemente dos

contextos históricos.

Em meio à incerteza política e social, o pensamento

confuciano preconizava que uma civilização poderia ser

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Introdução

harmônica se governada por um sistema de métodos

padronizado e universalmente compreendido. Para tal

espírito de governo, Confúcio defendia cinco qualidades

básicas: benevolência, probidade, decoro, sabedoria e

honestidade. Entre elas, a benevolência era considerada

a pedra fundamental, englobando lealdade, piedade fi lial,

tolerância e bondade.

Quando Confúcio morreu, por volta de 479 a.C., suas

idéias não eram universalmente conhecidas e a noção do

pensamento confuciano como uma verdadeira fi losofi a não

havia criado raízes. Seus ensinamentos foram registrados

e compilados por muitas gerações de discípulos e são hoje

conhecidos como os “Quatro Livros”, textos essenciais que

formam a obra do pensamento confuciano: Os Analectos,

O grande aprendizado, A doutrina do método e O livro de

Mêncio.

As histórias da sabedoria de Confúcio que integram

este livro benefi ciam todos aqueles que pela primeira vez

entram em contato com o pensamento confuciano. Elas

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Aprendendo a viver com Confúcio

tanto representam os fundamentos fi losófi cos básicos da

sociedade chinesa quanto oferecem profundas (e ainda

assim sutis) lições para o aprimoramento individual.

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CAPÍTULO UM

Sobre o auto-aperfeiçoamento

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Aprendendo a viver com Confúcio

1414

Não imponha aos outros o que não deseja ver

imposto a si mesmo.

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Sobre o auto-aperfeiçoamento

15

Este é conhecido como o Método de Ouro do pen -

samento confuciano. Zhong Gong, discípulo de Con -

fú cio, perguntou certa vez o que era benevolência.

Confúcio respondeu: “Faça o seu trabalho tão diligente

e conscientemente como se fosse receber um distinto

convidado; convoque pessoas para realizar trabalho

braçal e admire-as como se estivesse assistindo a uma

cerimônia sacra; e nunca imponha aos outros o que não

deseja ver imposto a si mesmo. Assim procedendo, você

não atrairá ressentimento.”

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Aprendendo a viver com Confúcio

1616

Um cavalheiro de verdade é sempre receptivo, ao

passo que um homem mes-quinho é sempre ansioso.

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Sobre o auto-aperfeiçoamento

17

A imperatriz Wu Zetian (624-705 d.C.) ouviu de um

cortesão que um de seus súditos, chamado Di Renjie,

era bondoso e honesto. A imperatriz quis, ela mesma,

descobrir a verdade. Então perguntou a Di se ele gostaria

de saber quem andava falando mal dele pelas costas. Di

respondeu, calmamente: “Se fi z algo de errado, gostaria

de consertar. Mas não tenho qualquer interesse em saber

quem pode ter falado coisas desagradáveis sobre mim

com Vossa Majestade.”

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Aprendendo a viver com Confúcio

1818

Quando conhecer um homem de virtudes,

tente ser tão virtuoso quanto ele. Quando conhecer um homem sem virtudes, dê uma olhada em si mesmo para ver se possui os mesmos defeitos.

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Sobre o auto-aperfeiçoamento

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Durante o Período Primavera e Outono (772-481 a.C.),

um homem chamado Zi foi visitar seu amigo, o prín-

cipe Cheng. O príncipe serviu-lhe um prato feito de car-

ne de salamandra. Zi disse: “Não creio que cavalheiros

comam salamandra.” O príncipe então perguntou: “Você

é um cavalheiro?” Zi respondeu: “O cavalheiro sempre

estuda num esforço para melhorar sua integridade moral.

Se alguém apenas prossegue sem melhoramento, sua mo-

ralidade irá se deteriorar. Esta é a raiz da maldade. Como

eu ousaria pensar que sou um cavalheiro? Meramente

tenho o desejo de me tornar um cavalheiro.”

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Aprendendo a viver com Confúcio

2020

Orquídeas em lugares remotos podem ser

lindas e cheirar muito bem, embora ninguém as veja, cheire ou admire.

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Sobre o auto-aperfeiçoamento

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Confúcio foi apanhado num cerco feito contra os es-

tados de Chen e Cai, e passou muitos dias sem comida.

Todos os seus discípulos estavam igualmente famintos.

Um deles, Zi Lu, perguntou: “Mestre, você realiza um

bom trabalho a cada dia. Por que ainda tem de passar por

um sofrimento desses?” Confúcio respondeu: “Quando

se tem talento mas não oportunidade, esse talento não

pode ser bem empregado. Uma vez que surja a oportu-

nidade, existe qualquer outro empecilho?” Além disso,

explicou: “Aquele que possui talento mas a quem não se

dá oportunidade é como a orquídea nas fl orestas inóspi-

tas e nos vales remotos: embora nunca pare de emanar

uma fragrância maravilhosa, ninguém

pode apreciá-la.”

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Aprendendo a viver com Confúcio

2222

Riqueza e alta posição são como nuvens efêmeras.

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Sobre o auto-aperfeiçoamento

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Confúcio estava empenhado numa discussão com

seus discípulos sobre o signifi cado da felicidade. Alguns

achavam que ser feliz signifi cava ter uma vida próspera,

enquanto outros acreditavam que uma elevada posição

social era o signifi cado da felicidade. Confúcio tinha uma

opinião diferente. Ele disse: “No meu ponto de vista, a

felicidade reside em comer alimento cru, beber água

fresca e dormir com a cabeça pousada no braço. Riqueza

e posição elevada não são mais que nuvens efêmeras.”

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Aprendendo a viver com Confúcio

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Pobre, mas não adulador. Rico, mas não arrogante.

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Sobre o auto-aperfeiçoamento

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Durante o Período dos Estados Antagônicos (481-

468 a.C.), Xinling Jun, um nobre do estado de Wei,

usufruía de elevada posição e grande riqueza, mas não

havia nada de despótico em seu comportamento. Havia

também um velho sábio chamado Hou Ying, que traba-

lhava como porteiro na capital de Wei. Notícias de sua

sabedoria acabaram chegando aos ouvidos de Xinling

Jun, que dirigiu ele próprio uma carruagem para se

encontrar com Hou Ying. Xinling Jun e Hou Ying mais

tarde visitaram um amigo de Hou, e Xinling Jun, mes-

mo sendo um nobre, esperou pacientemente enquanto

Hou Ying e seu amigo empenhavam-se na sua própria

conversa. Hou Ying fi cou surpreso com a modéstia e a

sinceridade de Xinling Jun, e a partir daí serviu ao nobre

com total dedicação.

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Aprendendo a viver com Confúcio

2626

Censurar os erros alheios não glorifi ca ninguém;

censurar a má conduta alheia não garante a conduta correta de ninguém.

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Sobre o auto-aperfeiçoamento

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Durante o Período Primavera e Outono, Shusun

Wushu, um funcionário sênior do estado de Lu, visitou

outro funcionário chamado Yan Hui, que o recebeu com

a devida cortesia. Shusun Wushu era perito em descobrir

os erros alheios e em fazer observações frívolas. Yan Hui

percebeu isto e por sua vez deu este conselho a Shusun

Wushu: “Se continuar agindo assim, não terá ninguém

mais para criticar senão a si mesmo. Meu mestre Confúcio

sempre disse que censurar os erros alheios não glorifi ca

ninguém, e censurar a má conduta alheia não garante a

conduta correta de ninguém. Um autêntico cavalheiro

deveria comentar suas próprias falhas, e não as dos

outros.”

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Aprendendo a viver com Confúcio

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Diga sim quando real-mente sabe. Diga não

quando não sabe. Esta é a maneira de tornar-se uma pessoa sábia.

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Sobre o auto-aperfeiçoamento

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Um discípulo de Confúcio, Zi Lu, o visitou um dia

trajando roupas fi nas. Confúcio perguntou-lhe: “O que

vai fazer vestindo tão refi nado traje? Quando o rio atra-

vessa a montanha Minshan, ele é estreito e lento. Mas

no trecho em Jiangin ele é tão torrencial que os barcos

precisam ser amarrados uns aos outros para atravessá-lo.

Isto não é por causa da confl uência da água nas partes

baixas? Como as pessoas ousam dar-lhe qualquer conse-

lho quando você está trajando roupas tão vistosas?” Ao

ouvir isto, Zi Lu apressou-se até sua casa para trocar de

roupa. Confúcio disse: “Você deve se lembrar: aqueles

que se gabam são superfi ciais. Somente um homem

banal é presunçoso e sente desdém pelos outros. Um

cavalheiro deveria saber que pode falar apenas daquilo

que entende e fazer somente o que é capaz de fazer. É

sábio falar verdadeiramente, e é benevolente portar-se

de modo adequado. O que não se pode aprender quando

se é sábio e benevolente?”

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