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SOCIOLOGIA PARA O ENSINO MÉDIO TÍTULO: A População Brasileira - Diversidade Nacional e Regional SUBTÍTULO: Casa Grande e Senzala – Gilberto Freyre Luiza Maria Silva de Almeida

Apresentação Casa Grande e Senzala

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SOCIOLOGIA PARA O ENSINO MÉDIO 

 TÍTULO: A População Brasileira -

Diversidade Nacional e Regional

SUBTÍTULO: Casa Grande e Senzala – Gilberto Freyre

Luiza Maria Silva de Almeida

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POVOEm diferentes fases históricas o conceito de povo corresponde a diferentes agrupamentos de forças sociais: não é

uma situação eterna e imutável. Sempre se encontra um traço geral, permanente, que atravessa a história e se repete, algo que existe em

qualquer tempo e em qualquer lugar. Em todas as situações, povo é o conjunto das classes, camadas e grupos sociais empenhados na solução

objetiva das tarefas do desenvolvimento progressista e revolucionário na área em que vive.

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Formação do Povo Brasileiro

“Todo brasileiro, mesmo o mais alvo, de cabelo louro, traz na alma, quando não na alma e no corpo, a sombra, ou pelo menos a pinta, do indígena ou do negro”. ...............................................................

Durante os três séculos do período colonial desenvolveu-se  no Brasil uma cultura que, sendo portuguesa em sua temática e estilo, incorporou não apenas motivos locais mas também valores das culturas dominadas. .................................. .

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MATRIZ PORTUGUESA

Durante todo período colonial os portugueses foram no Brasil uma minoria em face da presença indígena e também da presença da população de origem africana, que logo começa a afluir como força de trabalho. 

O peso dessa minoria na formação da cultura brasileira  é contudo, considerável. Não apenas porque os portugueses eram os senhores e, os demais, escravos ou quase escravos. O que importa é que os portugueses dispunham de técnicas mais avançadas e continuavam a alimentar-se de suas fontes culturais europeias, enquanto os aborígenes e os africanos foram isolados das matrizes culturais respectivas e privados de memória histórica.

A matriz portuguesa, expressa sua força maior na arquitetura. As estruturas de dominação social estavam constituídas pelos senhores de terras e pelos estamentos burocráticos  civil, religioso e militar. Na ausência de uma classe mercantil poderosa, tudo dependia do Estado e da Igreja..

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O português tinha comportamento flexível, rico em aptidões incoerentes e difíceis de se conciliarem.

Não havia um tipo determinado, com presença de genesia violenta, gosto pelas anedotas de fundo erótico, brio, franqueza, lealdade, patriotismo vibrante, imprevidência, inteligência, fatalismo e uma primorosa aptidão para imitar. Generoso, com espírito prático, atento à realidade útil, dotado de um espírito de honra escrupuloso, vivo e fácil e compreender as coisas, porém sempre a espera de algum milagre para sanar todas as dificuldades.

Hereditariamente predisposto a vida nos trópicos por um longo habitat natural, o português já possuía as condições físicas para obter êxito em sua permanência no Brasil.

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A mobilidade é outro segredo da vitória portuguesa.

Dominando espaços enormes, tinham filhos com as nativas. Esta mobilidade gerava a miscigenação que compensava a deficiência de massa humana essencialmente portuguesa. A mulher morena sempre foi a preferida do português celebrada pela sua beleza. ...........................................................................

Por isso a formação do brasileiro, com uma sociedade agrária ou ainda dos grandes desbravadores deu-se pela miscigenação, pois o português já era duvidoso de sua pureza étnica. Pela capacidade do mestiço, formado pela união sem escrúpulo com as mulheres da terra originou-se um povo novo.

Unindo-se com a mulher índia ou negra multiplicou-se numa população mestiça ainda mais adaptável ao clima tropical.

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MATRIZ INDÍGENA

A reciprocidade cultural do ameríndio com o português gerou uma sociedade cristã na superestrutura com a mulher índia recém-batizada por esposa e mãe de família.

Trouxe para a economia e a vida domestica suas tradições, experiências e utensílios. A índia cedeu a rede para embalar o sono ou a volúpia, o óleo de coco para os cabelos, animais domésticos amansados pelas mãos. O asseio pessoal, a higiene do corpo. O milho, o caju, o mingau.

Nos sertões o indígena foi o guia, o canoeiro, o guerreiro, o caçador e o pescador. Ágil em mobilidade, atrevimento e ardor guerreiro, não se adaptou as lavouras de cana. Portador de uma bravura heroica e militar, colaborou na defesa da colônia contra os inimigos.

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Ensinou a caça, pesca, cultura de mandioca, tabaco , coca, milho, inhame ou cará, jerimum, pimenta. Ensinou a usar toda a vida animal aproveitada para alimento. O uso do mel, a farinha ou bolo de mandioca, a caça pequena conservada em caldo grosso apimentado, o conhecimento e uso de curare e outros venenos. O uso de flecha, lança, arco e remo, rede, cerâmica, cestos, instrumentos de madeira, canoas escavadas na madeira, frequente deslocamento de populações e o terreno ao redor da casa limpo, todos foram herdados da cultura da floresta.

Não havia entre os indígenas nenhum problema no fato do homem e companheiro tomar outra ou outras mulheres. A mulher deixada tomava outro, ou esta mesmo deixava o marido e tomava outro. Por isso a facilidade da união do português com a mulher indígena gerando a maior parte da população brasileira da época.

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Com a aptidão natural da mulher indígena para a estabilidade, a contribuição dela para a formação social do brasileiro começa com a geração de filhos. ...........................

Na alimentação a principal contribuição eram os alimentos preparados com a massa ou farinha de mandioca que substituiu o trigo. Era ainda da mandioca que se preparava o mingau para as crianças, bolos de carimã, tapioca, entre outros. Do milho preparavam a farinha, a canjica, a pamonha, a pipoca. Também a alimentação a base de peixe, a moqueca. O uso de pimenta, limão, gengibre, plantas e ervas medicinais. ................................... ......................................................

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Ainda o uso de fibras para tecelagem, algodão, peipeçaba para fazer vassouras, cabaços como vasilhas de carregar água e guardar farinha e a gamela.

O conhecimento de madeira e outros elementos vegetais de construção (cipó, tibó, sapê), animais para alimentação, com uso dos cascos, penas, peles, lanugem e couro na vida íntima e diária (cuias, agasalho, enchimento de travesseiros, almofadas, colchões), junco para esteiras, herdamos dos indígenas. Havia ainda tinta de várias cores: branco da tabatinga, vermelho de araribá, pau-brasil e de urucum, preto de jenipapo, amarelo de tatajuba e o uso de goma e resinas.

Sem o indígena não haveria o poder de tirar proveito da natureza, tão comum no brasileiro.

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MATRIZ AFRO

A disposição psíquica de adaptação talvez biológica ao clima quente, explicam em parte ter sido o negro na América portuguesa o maior e mais plástico colaborador do branco na obra da colonização agrária.

O negro também mudou a forma de falar o português. Criaram um novo jeito de falar caracteristicamente brasileiro: me diga, me faça, me espere.

A figura boa da ama negra, que criava o menino lhe dando de mamar, que embalava o berço, ensinava as primeiras palavras, que lhe dava na boca o primeiro pirão de carne e molho de ferrugem. O negro velho contador de histórias. A mucama e a cozinheira.

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Mudaram as relações com o meio, com a vida, com o mundo; experiências que se realizavam através do escravo ou à sua sombra de guia, de cúmplice, de curandeiro.

As mães pretas ocupavam lugar de honra no seio das famílias patriarcais. Era a negra quem dava de mamar ao nhonhô, mimava, preparava o banho morno, cuidava da roupa, contava histórias e algumas vezes até substituía a própria mãe.

Eram negras as parteiras e curandeiras. Era também das negras que vinham os filhos mestiços. O desejo do sinhô-moço pela escrava gerava filhos não por vontade própria, mas por ordem de seu Senhor. ..................................................................

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Houve muitos meninos brancos que aprenderam a ler, escrever e

contar, com professores negros; eles era bons e doces, ao contrário dos padres e frades. Havia também músicos, acrobatas de circo. Também eram africanos os barbeiros e dentistas. Eram os negros que plantavam a cana, que a cortavam. Responsáveis pela moenda, purgação e branqueamento do açúcar e a destilação do aguardente. Havia a mão do negro em todos os afazeres domésticos. ...................

Também na culinária a cultura negra se manifestou. Introduziu o azeite de dendê e a pimenta malagueta. O quiabo, a banana, variadas maneiras de se preparar a galinha e o peixe. A farofa, o quibebe, o vatapá. O bolo de tabuleiro e doces feitos em casa, doces secos, bolinhos de goma, sequilhos, confeitos. Mocotós, vatapás, arroz de coco, feijão de coco, angus, pão-de-ló de arroz e de milho, o acarajé e o caruru.

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Do negro vem também a animação, a alegria. A risada do negro quebrou a vil tristeza do português. Deu alegria ao São João, animou o bumba-meu-boi, o carnaval, a festa de reis. Nos engenhos, tanto nas plantações como dentro de casa, nas cidades carregando sacos de açúcar, pianos, os negros trabalhavam sempre cantando: seus cantos de trabalho, tanto de xangô como os de festas, os de ninar menino encheram de alegria africana a vida brasileira. ..............................................................................

Dos negros herdamos o samba, o carnaval, a capoeira. Herdamos a esperança, a perseverança e a força, tão característicos em nossa luta diária pela sobrevivência.

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Assim a hibridação da sociedade portuguesa facilitou a “mistura” que originaria o brasileiro. Não houve um Brasil já formado, mas originário do português e da miscigenação. O Brasil de Freyre é o Brasil do parentesco, da familiaridade, um Brasil escravocrata e patrimonialista. Um Brasil que se mostra a partir da sua cultura, onde esta cultura se manifesta até mesmo por meio da culinária e exerce grande influência na vida social e em sua estrutura. Essa mistura possibilitou enxergar o Brasil com um ângulo diferente. .................................................................. .

Um povo novo, pronto para o futuro e para mostrar ao mundo que aqui prevalece o verdadeiro sentido da socialização. .................................................

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Bibliografia:

. FREYRE, Gilberto. Casa Grande e Senzala. Global Editora. Recife. 2003.

. FURTADO, Celso. Que somos? Revista do Brasil. Secretaria de Estado da Cultura e Prefeitura do Rio de Janeiro, ano 1, n.2, 1984.

. SODRE, Nelson Werneck. Cadernos do Povo Brasileiro. Quem é o povo brasileiro? Civilização Brasileira. Rio. 1967