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Disciplina Estado e Relações de Poder
O pensamento de Maquiavel
Prof. Giorgio Romano 28 de maio de 2010
http://tidia.ufabc.edu.br:8080/Membership: Prof. Giorgio Romano
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Grande mudanças em governos e ideias
sobre o governo
Época medieval: Poder político disperso (feudalismo). Sociedade medieval era local (reflexo
organização econômica/ transporte)
Contexto histórico – Contexto histórico – 2ª metade sec. XV2ª metade sec. XV
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Novidade: unidade nacional + Rei superação ideias sobre papel igreja e impérioOrganização comércio em âmbito nacional +comércio longa distância. Era necessário poderpolítico nacional =>Monarquias absolutas substituíram ascidades livres e o sistema feudal(revolucionando instituições e civilização medieval)
Contexto histórico – Contexto histórico – 2ª metade sec. XV (2)2ª metade sec. XV (2)
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Classe emergente dos comerciantes , inimiga dosnobres, aliou-se ao Rei.
Espanha: união Fernando Aragão/Isabella Castilla
Inglaterra: Henry VII – reino absoluto Tudor França: exemplo mais clássico de surgimento
consolidação poder centralizado: tributação nacional para financiar o exército cidadão
Contexto histórico – Contexto histórico – 2ª metade sec. XV (2)2ª metade sec. XV (2)
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E a Itália?
País dividido entre cinco centros de poder: Veneza, Milão, Florença (Firenze), Roma e Nápoles
Lógica política: Evitar invasões estrangeiras Manutenção do equilíbrio de poder
Preocupação MaquiavelPreocupação Maquiavel
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Itália deve adaptar-se à nova situação: precisade um líder para criar um Estado nacional. A organização das cidades livres não poderiaresistir.No livro “Comentários (Discorsi) sobre aprimeira década de Tito Lívio”:
Um país nunca pode ser unido e feliz quando não obedece um só governo, republicano ou monárquico, como nos casos da França e Espanha.
Preocupação MaquiavelPreocupação Maquiavel
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O que diferencia Espanha e França da desordem e corrupção na Itália? É que eles têm um rei que os une.Percepção do novo fenômeno das nações-Estado.Cap XXVI:É preciso um novo monarca na Itália (umlibertador). Uma nova forma de governo. Epara isso fala-se até em “guerra justa”.
Preocupação MaquiavelPreocupação Maquiavel
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Combinação de:• Experiência concreta• Observação processos políticos• Estudo da história
Dirigido ao Lorenzo de Medici (potencial“salvador” da Itália)Empirismo senso comum: não há aindatentativa de empirismo indutivo (testarhipóteses). Exemplos históricos sãoselecionados para sustentar suas teses.
O PríncipeO Príncipe
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Sucesso ou fracasso da política depende dolíder. O Princípe é o governante, o poderExecutivo, a autoridade legítima.
Logo no início do Cap II:
“Discorrerei somente sobre os principados, examinando de que modo suas várias
modalidades...podem ser mantidas e governadas”.
O PríncipeO Príncipe
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O livro pode ser lido de várias formas
Na tradição diplomática (precursora RI), balanço de poder entre cidades-estados
Manual sobre liderança (psicologia superficial)
Tratado político sobre a oportunidade histórica de criar um Estado na Itália e a necessidade de um príncipe assumir essa tarefa
O PríncipeO Príncipe
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Virtú => capacidade de realizar; poder humano de efetuar mudanças
Fortuna=> o acaso; o curso da história
Entre Fortuna e Virtú: a oportunidade“...não devemos nada à fortuna, senão àoportunidade (l´ocassione)...”
“...sem sua virtude, a ocasião teria vindo em vão”.
Fortuna e Virtú: contra o determinismoFortuna e Virtú: contra o determinismo
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Maquiavel se posiciona contra o fatalismo que seconformava com o comando do mundo pelaProvidência divina (determinismo) ou pelo acaso.
Por isso a importância do conhecimento do mundo:apoderar-se da oportunidade, permacendo imunesàs surpresas do acaso =>
• Política como exercício da escolha• É preferível o príncipe ser audacioso do que
prudente.
Fortuna e Virtú: contra o determinismoFortuna e Virtú: contra o determinismo
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Cap XXIV/ XXV:
Sorte - mostra todo o seu poder quando não
foi posto nenhum empenho para lhe resistir.
Considerar em tempos tranquilos as coisas
que podem mudar (“lembrar da tempestade
durante a calmaria”) => defesa de planejamento (p. 145/146)
Fortuna e Virtú: contra o determinismoFortuna e Virtú: contra o determinismo
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Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
(Geraldo Vandré)
Que Deus me dê a serenidade de aceitar as coisas
que não posso mudar, coragem de mudar as
coisas que posso e a sabedoria de ver a
diferença.
(Francisco de Assis, Sec XII/XIII)
Fortuna e Virtú: contra o determinismoFortuna e Virtú: contra o determinismo
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Descrição das coisas como são, não a defesa do
que elas deveriam ser.
• Objetivo da política: a conquista do poder e a sua manutenção.
• O Príncipe como estudo sobre a dinâmica do
poder: disputa de poder permanente• Elemente a-histórico: condição humana,
independe de lugar e época.
Realismo políticoRealismo político
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“...exaggerate the importance of the game for its own sake and to minimize the purposes for which the game is presumably played. Politics is an end in itself”. (Sabine/Thorson)
Governo de sucesso garante segurança da
propriedade.
“O homem mais facilmente esquece do
assassinato do pai do que do confisco do
seu patrimônio”
=> desenvolvido por Thomas Hobbes (meados século 17)
Realismo políticoRealismo político
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Cap III
Organização de colônias
Cap VI
Fala na dificuldade de instituir uma nova
ordem das coisas. Quem toma tal iniciativa
suscita a inimizade de todos os que são
beneficiados pela ordem antiga.
Cap XII/ XIII
Não confiar em tropas mercenárias e/ou
forças auxiliares (de vizinhos poderosos).
Realismo políticoRealismo político
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Profetas armados vencem, são arruinados osdesarmados.
Justificativa:
“...a natureza dos povos é lábil: é fácil persuadi-los de uma coisa, mas é difícil que mantenhamsua opinião. Por isso, convém ordenar tudo demodo que , quando não mais acreditam, se lhespossa fazer crer pela força”.
Natureza humanaNatureza humana
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Cap XVIIIPríncipe não precisa agir com boa fé: “...quando, para fazê-lo, precisa agir contra seusinteresses...Este preceito não seria bom se todosos homens fossem bons”.
Cap XXIII “...os homens falam sempre com falsidade,a não ser quando a necessidade os obriga aserem verídicos” (Na mesma linha: conselheiros/assessores pensamtodos nos seus próprios interesses)
Natureza humanaNatureza humana
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Thomaso de Aquino (século 13) em “Sobrea Realeza” dava conselhos ao príncipecristão: piedade, moderação, caridade,generosidade, honestidade.
Maquiavel: “...para se manter o príncipedeve adquirir a capacidade e não ser bom, eque faça ou não uso dela de acordo com anecessidade”.
Ética e Moral em MaquiavelÉtica e Moral em Maquiavel
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O Bem e o Mal não têm sentido na vidasociopolítica se forem abstratamentedissociados.
Indiferença ao uso de meios imorais paraobjetivos políticos: o governo depende de força.
Critério de legitimidade do mal: umaminimização do uso dos instrumentos depoder + maximização da eficácia dosresultados (proporcionalidade)
Ética e Moral em MaquiavelÉtica e Moral em Maquiavel
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Cap VIII - “Uso adequado ou não da crueldade”.Usar a crueldade bem:
“...uma só vez, com o objetivo de se garantir, sem dar-lhe continuidade, mas ao contráriosubstituíram por medidas tão benéficas a seus súditos quanto possível”.
Crueldade mal-empregada: “...a que sendo aprincípio pouca, cresce com o tempo, em vez dediminuir”.
“praticar todas as necessárias crueldades ao mesmo tempo”. (pg 68/69)
Ética e Moral em MaquiavelÉtica e Moral em Maquiavel
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Nos Comentários Tito Lívio:“...enquanto o ato o acusa, o resultado oescusa..(ações repreensíveis podem serjustificadas por seu efeito) quando oresultado for bom, como o caso doRomulus, ele sempre justifica a ação. Poiscensurável é o homem que usa da violênciapara estragar as coisas, e não aquele quefaz uso dela para consertá-la.”
Ética e Moral em MaquiavelÉtica e Moral em Maquiavel
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Cap XVIII
Evitar desviar-se do bem quando foi possível, mas
guardando a capacidade de praticar o mal, se
forçado pela necessidade: “...os fins justificam os
meios”.
Cap XIX
“..quando um partido cujo apoio lhe seja
necessário para manter sua posição é corrupto,
precisa amoldar-se a ele e satisfazê-lo...”
Ética e Moral em MaquiavelÉtica e Moral em Maquiavel
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• Não a ética da consciência, dos valores.Mas, a ética dos resultados, dasconseqüências da ação.
• A moral cristã não serve por ser de outro mundo.• Não é a intenção que valida o ato, mas seu
resultado (the proof of the pudding is in theeating)
• Por isso não condena a força quandonecessária.
Mas necessária para que?
Ética e Moral em MaquiavelÉtica e Moral em Maquiavel
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Abstração da política: non-moral mais queimoral?
Aristótoles, na sua obra sobre a política:considerações sobre a preservação dosEstados em referência a bem ou mal.
Cap XVII: “O príncipe, portanto, não deve se incomodarcom a reputação de cruel, se seu propósito émanter o povo unido e leal.”
Ética e Moral em MaquiavelÉtica e Moral em Maquiavel
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Cap. XVO Príncipe “...não deverá se importar com a
prática escandalosa daqueles vícios sem os quais seria difícil salvar o Estado”.
Poder pelo poder?
Objetivo do príncipe: uma ordem estável em meioa um mundo de contingência e acaso. Somentepor esse propósito é que a prática da tirania podeser usada.
Ética e Moral em MaquiavelÉtica e Moral em Maquiavel
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Robert Chisholm:A ética política de Maquiavel tem como um deseus componentes a lealdade e alguma instituiçãoque vai além da fortuna pessoal. Ou seja: não ésomente a conquista e a manutenção do poder. Elecoloca a ambição necessária do príncipe acima deinteresses imediatos: estabelecimento da ordemtemporal. Não fornece a base para umamoralidade universal, apenas para as relaçõesentre as cidadãos e entre governante e governado.
Ética e Moral em MaquiavelÉtica e Moral em Maquiavel
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Entusiasmo para governos populares como
na república romana desaparece no
Príncipe: seria impraticável naquela época
na Itália. Era preciso um príncipe absoluto.
Um nome forte, porque precisará combater
as elites aristocráticas que impedem a
consolidação de um Estado republicano.
Princípios democráticos em Princípios democráticos em Maquiavel?Maquiavel?
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Porém: afirma no Príncipe a importância
fundamental do consentimento e apoio
populares para o êxito de qualquer política:
o consentimento das massas é a melhor
garantia de estabilidade (precursor da
tradição democrática moderna?)
Princípios democráticos em Princípios democráticos em Maquiavel?Maquiavel?
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Cap III“...o príncipe precisará sempre do favor dos habitantes deum território para poder dominá-lo, por mais poderosoque seja seu exército”.“...precisa tratar bem os homens ou então aniquilá-los”.
Cap IX: “...é necessário que o príncipe tenhao favor do povo, senão, não encontrará seu apoio naadversidade.”
Cap XX: “...a melhor fortaleza é a construída sobre aestima dos súditos, pois as fortificações não salvarão umpríncipe odiado pelo povo”.
Princípios democráticos em MaquiavelPrincípios democráticos em MaquiavelO príncipe precisa do apoio do povoO príncipe precisa do apoio do povo
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Cap IX Governo civil – poder pelo favor de seusconcidadãos.Em todas as cidades duas facções: o povo eos poderosos. “Quando os ricos percebem que não podemresistir à pressão da massa, unem-se,prestigiando um dos seus e fazendo o príncipe, demodo a poder perseguir seus propósitos à sombrada autoridade soberana.” Mas: “Quem chega ao poder com a ajuda dos ricos
tem maior dificuldade em manter-se no governo do que quem é apoiado pelo povo”.
Princípios democráticos em MaquiavelPrincípios democráticos em MaquiavelO príncipe precisa do apoio do povoO príncipe precisa do apoio do povo
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Cap XVII É preciso evitar o ódio• abstiver de atentar contra o patrimônio e
suas mulheres• quando for preciso executar um cidadão,
que haja uma justificativa e uma razão
manifesta. • alcançar prestígio e grande reputação• instituir prêmios para quem melhore sua
cidade ou estado (Cap XXI)• organizar festas e espetáculos (Cap XXI)• dar atenção a todos as classes, corporações,
reunir-se com seus membros (Cap XXI)
Princípios democráticos em MaquiavelPrincípios democráticos em MaquiavelO príncipe precisa do apoio do povoO príncipe precisa do apoio do povo
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Ênfase na importância da liderança: impor confiança, governar é decidir. Só inspiracredibilidade na massa quem age com decisão.
Mito do líder absoluto que defende o destino danação (despotismo iluminado)
O Mito do líderO Mito do líder