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1 Un. Instituto Caivs Ivlivs Caesar UNICIC Curso de Pós-Graduação Latu Senso: Especialização em Psicopedagogia Clinica e Institucional ESTUDO DE CASO NICOLAS ROCHA Autores: Carmen Prigol Cimi, Devania Arruda da silva, Genésio zambenedetti, Naide Zambenedetti, Solange Zarth Resumo O presente trabalho tem como objetivo observar a interação entre o aluno surdo e seus colegas, entre ele e seus professores, explicitando como essa interação interfere na qualidade da aprendizagem do mesmo. A pesquisa objetiva, ainda, analisar a situação real do surdo que estuda no colégio estadual de Nova Guarita e sugerir estratégias, que auxiliem em sua trajetória escolar, e que influenciarão na vida dele, enquanto cidadão. A pesquisa é qualitativa, do tipo estudo de caso, realizada com um aluno surdo, do Ensino Fundamenta, da Escola Pública Estadual do município de Nova Guarita. O referido aluno foi observado na instituição escolar, inserido no ambiente da sala de aula, na sala de recursos multifuncional nos momentos de aulas lúdicas e recreações. Observando como está o desempenho de sua aprendizagem, a interação com os colegas, professores e demais funcionários da escola, tendo em vista tendo em vista a importância inclusão Os dados foram coletados através de observações e perguntas dirigidas a família e as professoras que trabalham com esse aluno, bem como através de testes ou provas operacionais. Sendo o aluno surdo chamado Nicolas Rocha”, o sujeito principal dessa pesquisa. Palavras - chave: surdos, aprendizagem, inclusão. ESTUDO DE CASO. Para preservar a identidade do aluno o denominei de “Nicolas Rocha”.

Estudo de caso nicola rocha

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Un. Instituto Caivs Ivlivs Caesar – UNICIC

Curso de Pós-Graduação Latu Senso: Especialização em Psicopedagogia

Clinica e Institucional

ESTUDO DE CASO – NICOLAS ROCHA

Autores: Carmen Prigol Cimi, Devania Arruda da

silva, Genésio zambenedetti, Naide Zambenedetti,

Solange Zarth

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo observar a interação entre o aluno

surdo e seus colegas, entre ele e seus professores, explicitando como essa

interação interfere na qualidade da aprendizagem do mesmo. A pesquisa

objetiva, ainda, analisar a situação real do surdo que estuda no colégio

estadual de Nova Guarita e sugerir estratégias, que auxiliem em sua trajetória

escolar, e que influenciarão na vida dele, enquanto cidadão. A pesquisa é

qualitativa, do tipo estudo de caso, realizada com um aluno surdo, do Ensino

Fundamenta, da Escola Pública Estadual do município de Nova Guarita. O

referido aluno foi observado na instituição escolar, inserido no ambiente da sala

de aula, na sala de recursos multifuncional nos momentos de aulas lúdicas e

recreações. Observando como está o desempenho de sua aprendizagem, a

interação com os colegas, professores e demais funcionários da escola, tendo

em vista tendo em vista a importância inclusão Os dados foram coletados

através de observações e perguntas dirigidas a família e as professoras que

trabalham com esse aluno, bem como através de testes ou provas

operacionais. Sendo o aluno surdo chamado “Nicolas Rocha”, o sujeito

principal dessa pesquisa.

Palavras - chave: surdos, aprendizagem, inclusão.

ESTUDO DE CASO.

Para preservar a identidade do aluno o denominei de “Nicolas Rocha”.

Page 2: Estudo de caso nicola rocha

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Psicopedagoga Clínica e Institucional: Carmen Prigol Cimi, Devania Arruda da

silva, Genésio zambenedetti, Naide Zambenedetti, Solange Zarth.

1 – APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA:

O referido aluno apresenta deficiência auditiva, provavelmente originada após o

nascimento. Ele tem nove anos e estuda na escola estadual monteiro lobato do

município de nova guarita estado de mato grosso. Conforme a professora da

escola regular em que esse aluno frequenta, ele possui uma boa coordenação

motora, reconhece algumas letras e números, associa números a pequenas

quantidades. Porém a dificuldade maior está em fazer com que esse aluno se

interesse pelas atividades de escrita e leitura e também em permanecer na

sala de aula durante a realização dessas atividades.

A queixa trazida pela professora é que em sala de aula esse aluno apresenta

agitação permanente, deslocando-se constantemente e muitas vezes saindo

desse ambiente sem pedir licença, visto que se interessa pouco pelas

atividades escritas e cálculos que requerem caderno e lápis.

Depois de inúmeras tentativas com diferentes propostas de atividade a

professora percebeu que ele compreende melhor as atividades de linguagem

em contexto de jogos, manifesta grande interesse por jogos e apresenta

facilidade na compreensão das regras exigindo o cumprimento delas por parte

dos colegas companheiros de jogos.

Escreve seu nome em língua portuguesa e também alguns nomes de desenho

ou figuras que ele gosta ou talvez seja mais utilizado por ele no dia-a-dia.

Seu relacionamento com colegas e professores é bom, faz amizades com

facilidade.

2 – ESCLARECIMENTO DO PROBLEMA:

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Para estudar o caso “Nicolas Rocha” foi necessário identificar diversos

aspectos relacionados ao seu desenvolvimento e aprendizagem que poderão

ou não explicar a natureza do problema. Por isso foi realizado o seguinte

questionário direcionado a professora da sala de aula regular:

Quais as potencialidades de “Nicolas Rocha” para a aprendizagem e para a

interação com os colegas?

P: Percebe-se que ele tem grande potencialidade para compreender regras de

jogos, filmes e desenho animado.

Ele interage bem com os colegas

Qual a provável causa de sua surdez?

P: De acordo com a Anamnese realizada com a mãe, a provável causa da

surdez foi o surgimento de uma otite aos oito meses de idade.

Em que situações em sala de aula ele demonstra maior interesse e resolve as

atividades?

P: Ele demonstra interesse apenas em situações de jogos e assistir filmes na

TV, porém é preciso diversificar as atividades, não se pode ficar às quatro

horas de aula somente com atividades de jogos ou vendo filmes.

2.1 – Encontro Com Os Pais:

No diálogo com os pais foi possível observar que ele tem um bom

relacionamento.

A comunicação utilizada entre o menino e seus pais é através de gestos e

mímicas, pareceu-me que se compreendem bem. Quanto ao uso das Libras

(Linguagem Brasileira de Sinal) oi pais comentaram que têm poucas noções e

o menino também. Ela disse que ensina o alfabeto em libras que a professora

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do AEE passou e que o menino está compreendendo a maioria das letras e

alguns números também.

A mãe abordou que às vezes o menino é birrento com o pai, mas que com ela

é diferente, o menino obedece ou aceita suas imposições. Porque às vezes o

pai fala não e ele faz manha, o pai fica com dó e aquele não acaba virando um

sim. A mãe disse: comigo quando é não é não, eu não volto atrás.

A família compreende a importância da participação na vida escolar do filho,

porém reconhece que não tem muito tempo, pois tem uma criança de apenas

dois anos e muito trabalho em casa, e o pai trabalha fora, sendo assim eles

acham difícil participar de todas as reuniões e eventos proporcionados pela

escola.

A mãe diz reconhecer as potencialidades do filho e também sente a

necessidade de compreender a libras para poder ajudá-lo. Ela lamenta a falta

de profissionais habilitados em Libras no seu Município, porém acrescenta que

os professores são empenhados e estão buscando formação.

2.2- Observação em sala comum e no pátio de recreações:

Na observação em sala comum ficou confirmado aquilo que a professora

abordou na entrevista. Ele sente prazer em realizar as atividades lúdicas

através de jogos, peças de montar, quebra-cabeça assistiu TV, porém no

momento de utilizar o caderno com a escrita e cálculos ele se recusa a realizar

e ausenta-se da sala sem pedir licença. Nesse momento a professora intervém

pedindo a ele que retorne a sala e explicar a necessidade de pedir licença no

momento que precisar sair da sala. Ele compreende, mas em poucos minutos

faz birra novamente e tenta sair sem avisar a professora.

2.3-Avaliação na Sala de Recursos Multifuncional.

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Com base nos trabalhos desenvolvidos nesse semestre, observou-se que

“Nicolas Rocha” tem um bom relacionamento com colegas e professores.

Gosta de atividades artísticas, reconhece algumas letras do alfabeto em Libras,

pois esse aluno apresenta surdez e estamos tentando introduzir Libras

juntamente com Língua Portuguesa. Ele reconhece alguns numerais e realiza

alguns cálculos simples. Escreve alguns nomes de desenho em Português.

Vêem apresentando raciocínio rápido na compreensão de jogos da memória,

quebra-cabeças e outros reconhecem as regras dos jogos e cobra o

cumprimento delas por parte dos colegas que estão jogando com ele.

Apresenta resistência em desenvolver algumas atividades, necessitando

incentivo e auxilio individualizado. Demonstra muito interesse em atividades de

jogos no computador e na televisão, na maioria das vezes é necessário que

haja negociação para que realize as atividades propostas sem a utilização

desses meios tecnológicos, pois após estar em frente a esses aparelhos não

permite que ninguém o faça sair, dedicando total atenção ao filme que está

assistindo ou ao jogo que está jogando. Demonstra compreensão ao assistir

filmes ficando atento a todos os detalhes e imagens e explicando aos colegas o

que está acontecendo nas cenas.

Esse aluno apesar de estar no terceiro ano, ele agora que está tendo um pouco

de contato com as Libras, estamos trabalhando algumas noções básicas de

Libras e associando-as a Língua Portuguesa.

3 – IDENTIFICAÇÃO DA NATUREZA DO PROBLEMA:

3.1 – Esfera Funcionamento Cognitivo E Linguagem Oral:

O que se pode constata é que a possível causa do desinteresse que “Nicolas

Rocha” apresenta diante de atividades que requerem leitura, escrita e cálculos

seja proveniente de sua falta de compreensão da comunicação, uma vez que

esse aluno passou quatro anos escolares sem contato com as Libras onde com

essa ele poderia ter a comunicação necessária para a aprendizagem de leitura

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e escrita. O aluno apresenta um bom desenvolvimento da área cognitiva, boa

percepção visual, memória, atenção, raciocínio, conceituação. Apenas no

quesito linguagem e comunicação escrita é que fica a interrogação, pois a falha

está em não ter profissionais habilitados em Libras para desenvolver essa

capacidade no aluno.

3.2 – Esfera Do Meio Ambiente:

Compreende e reconhece a importância da preservação ambiental para que

todos os seres vivos possam ter mais saúde e assim melhorar a qualidade de

vida.

3.3- Esfera das Aprendizagens Escolares:

Apesar das falhas existentes na comunicação por falta de conhecimento em

Libras tanto do aluno quanto dos profissionais que trabalham com ele, foi

possível observar que esse aluno tem um bom desempenho das

aprendizagens escolares, confirmando assim que sua dificuldade é apenas

auditiva, não apresentando nenhum problema de ordem neurológica,

psicológica e outros.

3.4- Esfera comportamentos e atitudes em situações de aprendizagens.

Como já citado anteriormente, o referido aluno dedica total atenção e

concentração nas atividades com jogos de todas as formas e em atividades no

computador e na televisão. Porém se recusa a realizar atividades no caderno

ou folha que requerem escrita, cálculos, desenhos e outras.

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Ele realiza também com muito interesse atividades artísticas como pintura em

tecido, dobraduras. Pintura em tela, confecção de animais e objetos utilizando-

se de sucatas entre outras.

3.5- Esfera Desenvolvimento Psicomotor e saúde:

“Nicolas Rocha” apresenta um bom desenvolvimento intelectual, possui um

bom esquema corporal. Identifica e reconhece as partes do corpo e suas

principais funções, demonstra uma boa lateralidade, bom traçado na letra. Tem

consciência do lugar que ocupa e da orientação que pode ter em relação ás

pessoas e as coisas que o cercam. Apresenta capacidade de se situar no

tempo e no espaço. Não apresenta desequilíbrio ou vício de postura. Possui

capacidade óculo manual necessária para a aprendizagem das letras e dos

números. Domina gestos e movimentos com as mãos e os dedos.

3.6- Hipótese:

Depois de realizadas as observações e aplicados os testes, notou-se que o

aluno efetivou a todos com sucesso, não na primeira explicação, mas após três

explicações, pois como a sua maior dificuldade é compreender a comunicação

com os ouvintes nos sentimos na obrigação de repetir os exercícios para

obtermos um resultado mais eficaz. A hipótese a que se chegou é que o

desinteresse que esse aluno vem apresentando em certas atividades seja

decorrente da falta de compreensão da comunicação existente entre ele e a

professora da sala regular. Nesse sentido mais uma vez se salienta a

necessidade urgente das Libras, bem como de um instrutor ou professor surdo

com capacidades e competências nessa área para atender esse aluno.

Page 8: Estudo de caso nicola rocha

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4- Resoluções do Problema do Caso:

De acordo com a lei número 10.436 de 24 de abril de 2002 ficam reconhecidas

a Libras (Linguagem Brasileira de Sinal) e seu uso pelas comunidades surdas

com respaldo do poder e dos serviços públicos. Em seu Decreto nº 5.626 de 22

de dezembro de 2005, tornam obrigatório o ensino de libras nos cursos de

Fonoaudióloga, Letras, Pedagogia, Magistério e nos cursos de Educação

Especial. Com isso amplia as possibilidades de futuramente, o trabalho com

surdo ser desenvolvido de forma a respeitar sua condição lingüística

diferenciada. Os professores dessa Escola estão empenhados buscando

formação em Libras, pesquisando e aprendendo sempre para melhorar o

atendimento a esses alunos.

5 – ELABORAÇÃO DO PLANO DE AEE:

Somos sabedores que (Atendimento Educacional Especializado) para trabalhar

com esse aluno.

A elaboração do Plano de AEE inicia-se com o estudo das habilidades e

necessidades educacionais específicas dos alunos com surdez, bem como das

possibilidades se das barreiras que tais alunos encontram no processo de

escolarização. Conforme Damázio (2007), o AEE envolve três momentos

didático-pedagógicos:

Atendimento Educacional Especializado em Libras;

Atendimento Educacional Especializado de Libras;

Atendimento Educacional Especializado de Língua Portuguesa.

Nome da Criança: Dias de atendimento

Page 9: Estudo de caso nicola rocha

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Professor:

Serie/Ano que estuda no ensino regular:

Segunda - feira,

quarta-feira e sexta-

feira.

Área de

desenvolvimento

Objetivos Atividades Freqüência da

atividade

Avaliação

Evolução

Afetiva Assegurar o

desenvolvimento

intelectual da

criança, levando

em conta suas

possibilidades,

bem como ajudar

sua afetividade

Se expandir e se

equilibrar.

Desenvolver em

grupo, recreações e

jogos, contar e

recontar histórias.

Aproximadamente

25 minutos para

cada atividade,

lembrando que

algumas

atividades

desenvolvem mais

de uma área de

conhecimento.

Avaliação de forma

contínua, verificando

se houve:

Aumento da

independência do

aluno;

Facilidade no

processo ensino-

aprendizagem;

Melhoria no

desenvolvimento

intelectual da criança;

Promoção de

inclusão;

Favorecimento da

participação do aluno;

Desenvolvimento da

leitura e escrita;

Melhoria na

participação,

percepção, memória,

atenção, raciocínio,

conceituação e

Page 10: Estudo de caso nicola rocha

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linguagem.

Sensorial Estimular a

percepção,

memória,

atenção,

raciocínio,

conceituação e

linguagem.

Possibilitar as

relações temporais

através da

marcação de tempo,

ontem, hoje e

amanhã.

Avaliação de forma contínua, verificando

se houve:

Aumento da independência do aluno;

Facilidade no processo ensino-

aprendizagem;

Melhoria no desenvolvimento intelectual

da criança;

Promoção de inclusão;

Favorecimento da participação do aluno;

Desenvolvimento da leitura e escrita;

Melhoria na participação, percepção,

memória, atenção, raciocínio,

conceituação e linguagem.

Motora Medir o

conhecimento e

utilização de

Trabalhos manuais:

Pintura e crochê em

tecidos,

Page 11: Estudo de caso nicola rocha

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materiais

manipuláveis em

libras e língua

portuguesa,. Mover

objetos rápidos e

lentamente, seguindo

instruções do

professor.

organização da sala

de recursos, jogos

de pega varetas,

dominó de metades

etc.

Cognitiva Seriar objetos de

acordo com o

tamanho, cor e

espessura.

Exercícios com

blocos lógicos de

vários tamanhos,

espessuras, cores e

formas.

Linguagem Desenvolver o ensino

da Língua

Portuguesa de forma

consciente,

promovendo o

processo educativo.

Jogos da Memória.

Ex. sinal x gravura,

alfabeto manual x

palavra, murais

contendo a língua

portuguesa e a

língua de sinais –

libras.

Avaliação de forma contínua, verificando

se houve:

Aumento da independência do aluno;

Facilidade no processo ensino-

aprendizagem;

Melhoria no desenvolvimento intelectual

da criança;

Promoção de inclusão;

Favorecimento da participação do aluno;

Desenvolvimento da leitura e escrita;

Melhoria na participação, percepção,

memória, atenção, raciocínio,

conceituação e linguagem.

Expressão

verbal

Realizar tarefas a

partir de instrução

Contar o que vê em

fotos ou gravuras,

Page 12: Estudo de caso nicola rocha

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oral e gestual. começar com

gravuras que

contenham poucos

elementos. Contar a

história de seus

próprios elementos.

Raciocínio

lógico-

matemático

Desenvolver a prática

de jogos visando

melhoramento dos

conhecimentos

matemáticos,

capacidade de

concentração e

principalmente a

socialização com

trabalhos em grupo.

Jogos de memória

com números e

quantidades,

fabricação de jogos

com formas

geométricas (blocos

lógicos), softwares

que desenvolvem a

percepção viso-

espacial.

Avaliação de forma contínua, verificando

se houve:

Aumento da independência do aluno;

Facilidade no processo ensino-

aprendizagem;

Melhoria no desenvolvimento intelectual

da criança;

Promoção de inclusão;

Favorecimento da participação do aluno;

Desenvolvimento da leitura e escrita;

Melhoria na participação, percepção,

memória, atenção, raciocínio,

conceituação e linguagem.

Materiais e Métodos:

Os dados obtidos no decorrer desse trabalho são resultados de estudos e

pesquisas em diferentes fontes como: Anamnese o encontro com os pais,

observação do aluno nos diversos ambientes de aprendizagem, leituras

informativas a respeito do assunto, estudo de algumas leis e decretos que

amparam a Educação Especial.

Page 13: Estudo de caso nicola rocha

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De acordo com Piaget (2002, p.4) a capacidade de aprender está diretamente

relacionada às oportunidades de trocas. Exemplo crianças que temais contato

com livros se alfabetizam mais rápido das aquelas onde a família não tem o

hábito de ler. Porém tais defasagens são transitórias. “Se tiverem mais

oportunidades, essas crianças podem perfeitamente superar essas diferenças”.

Nesse sentido vejo a importância de oportunizar as crianças diferentes formas

de aprendizagem para que ela descubra a forma que melhor se enquadra com

seu perfil de aprendiz, lembrando que a melhor forma é a aprender a aprender

tão comentada por Freire.

Para uma análise criteriosa de como está o desempenho desse aluno procurei

aplicar as provas operacionais que Jean Piaget (2002, p.27) utilizava para

observar as fases de desenvolvimento da criança. Para chegar ao conceito de

sujeito epistêmico, Piaget investigou características comuns a todos as

pessoas no processo de desenvolvimento da inteligência. De acordo com esse

autor o que há de comum em todos os sujeitos é a maneira como elas se

estruturam e organizam as coisas que conhecem: a capacidade de classificar,

relacionar, abstrair, separar e agrupar entre outras, o autor chama de

“coordenações de sistemas de ação”. O sujeito individual é único vive suas

épocas e culturas específicas, que influenciam suas crenças, religiões e

opiniões. Nesse sentido é necessário considerar a individualidade de cada um,

respeitando seu tempo, modo e condições de aprendizagem, acreditar que o

ser humano independente de ter ou não algum tipo de deficiência, tem a

capacidade de aprender basta que se proporcione um ensino que leve em

conta e contribua com suas especificidades.

Para a efetuação desse estudo de caso realizou – se também o encontro com

a família do aluno, observando como é o tratamento que os pais dedicam a ela

e também como a criança reage diante das ordens dos pais, fazendo uma

comparação nas diferenças de comportamentos diante de cada situação, pais,

professores, colegas e outros. No diálogo com os pais foi possível obter muitas

informações que contribuíram significativamente com o professor da sala de

aula regular, com o professor da sala de recursos multifuncional, enfim com

toda a equipe que trabalha nessa escola.

Page 14: Estudo de caso nicola rocha

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Observou-se também que nos intervalos o aluno brinca com os colegas, tem

bastantes amigos, porém há momentos em que se sente judiado e corre

chorando reclamar com a professora, basta esta ir até a criança que ele aponta

estar lhe incomodando, ele se acalma e retorna a brincadeira. Quando da o

sinal de retorno para a sala ele não ouve, mas observa e segue os colegas,

retornando a sala de aula.

Para chegar a um resultado mais eficaz apliquei alguns modelos de testes que

Piaget utilizou a fim de estudar os estágios de desenvolvimento cognitivo,

diagnosticando assim os possíveis problemas de aprendizagem:

1- Conservação de Número

2- Material utilizado: 11 tampinhas vermelhas e tampinhas 11 azuis

3- “Nicolas Rocha” recebeu um saquinho com as 22 tampinhas, expliquei a

ele que as tampas estavam divididas em dois grupos, um grupo de

tampas vermelhas e outro de tampas azuis. Procurei não deixar explicito

em momento algum as quantidades de fixas. O aluno contou as fichas e

apontou que havia mais tampinhas vermelhas. Como ele não percebeu

que as quantidades eram iguais montei uma fileira de tampinhas azuis

na horizontal e pedi ao aluno que montasse outra fileira com as tapinhas

vermelhas. Perguntei novamente se havia mais tampinhas vermelhas ou

mais azuis. “Nicolas Rocha” sinalizou que as quantidades eram iguais.

Conservação da Matéria

Material utilizado: duas caixas de massinha de modelar

O aluno deve perceber que a mudança de formato do objeto não interfere na

quantidade de matéria que ele é composto.

Apresentei uma caixa de massinha de modelar com seis unidades. Retirei da

caixa e mostrei que todas são do mesmo tamanho. Peguei uma massinha

amarela e outra vermelha e fiz duas bolinhas iguais. Em seguida perguntei a

“Nicolas Rocha” em qual das duas bolinhas havia mais massinha.

Confronto: realizei a transformação na frente da criança. Peguei a bolinha

amarela e fiz outras bolinhas. Perguntei novamente se havia mais massinha

Page 15: Estudo de caso nicola rocha

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nas bolinhas ou na cobrinha. Verifiquei que “Nicolas Rocha” compreende as a

prova de conservação de matéria e as transformações ocorridas diante de seus

olhares. Porém sem o acompanhamento com o olhar não foi possível chegar a

essa compreensão.

Conservação de Área

Material: duas pranchas verdes de EVA, 8 quadrados vermelhos de 4x4 e duas

vaquinhas de plástico

Coloquei diante da criança duas placas para representar pastos. Dei a ela duas

vaquinhas, explique que devia colocar as vacas nos pastos. Peguei dois

quadrados iguais para representar o capim. Distribui uma moita de capim em

cada pasto. Perguntei em qual dos pastos havia mais capim.

Confronto: peguei dois quadrados do mesmo tamanho e no quadrado da

esquerda coloquei as moitas lado a lado no sentido vertical e no quadrado da

direita acrescentei as duas moitas separadas no sentido horizontal. Repeti o

questionamento anterior, ou seja, em qual moita havia mais capim?

Conservação de Líquidos

Material: dois copos transparentes

De posse de dois copos cilíndricos do mesmo tamanho, com a ajuda do aluno

medimos a mesma quantidade de água em cada copo. Após questionei em

qual copo havia mais água.

Confronto: transportei a água de um dos copos iniciais para um copo fino e

comprido, em seguida interroguei em qual dos copos havia mais água. A

princípio ele assinalou que havia mais água no copo alto e fino, ao repetir a

tarefa ele sinalizou corretamente

Observação: durante a aplicação das provas procurei sempre proporcionar o

momento de confronto, fazendo a transformação na frente da criança a fim de

observar se ela entendeu realmente o processo de conservação, ou se

compreende apenas no aspecto visual.

Page 16: Estudo de caso nicola rocha

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De acordo com Vygotski (1993, p. 33) todos os seres humanos são capazes

de aprender, mas é necessário que adaptemos nossa forma de ensinar. Essa

citação me fez refletir sobre a importância do professor buscar, pesquisar,

observar com critério seu aluno, procurando adaptar a metodologia ás

necessidades do aluno. Nesse caso o aluno é surdo, então se deve oferecer

um ensino que privilegie a Libras como primeira língua e de preferência

ministradas por um professor surdo bilíngüe com habilidades em Língua

portuguesa e Libras. Compete a todos os profissionais da educação buscar

caminhos que favoreçam a aplicabilidade dessa lei, para que o aluno surdo

possa ter um ensino de qualidade, pois sem a compreensão da comunicação

se torna difícil dizer que esse aluno faz parte de uma comunidade.

Não podemos querer que o aluno acerte sempre, mas sim adquirir um novo

olhar sobre o erro na aprendizagem, pois o erro é um indicador de como o

aluno esta pensando e como ele compreendeu o que lhe foi ensinado.

Analisando com mais cuidado os erros dos alunos, pode-se elaborar e

reformular as práticas docentes de modo que elas fiquem perto das

necessidades do aluno e assim atende as dificuldades que o mesmo

apresenta.

É importante que os profissionais da educação reflitam sobre as causas do

fracasso escolar não para se culpar, mas para se responsabilizar. Isso significa

abraçar a causa e procurar alternativas para auxiliar na solução do problema.

Possibilitando aos surdos brasileiros escrever uma nova historia.

Referencial Bibliográfico:

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Escolar: abordagem bilíngue na escolarização de pessoas com surdez / Carla

Barbosa Alves, Josimário de Paula Ferreira, Mirlene Macedo Damázio. –

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WEISS, M.L. L Psicopedagogia Clínica: Uma visão diagnóstica. Porto

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www.psicopedagogiabrasil.com.br