Upload
claudineia-barbosa
View
27.093
Download
14
Embed Size (px)
DESCRIPTION
As atuais discussões acerca desse assunto apontam diferentes procedimentos de acompanhamento pedagógico que se configuram na organização de instrumentos e recursos utilizados na Prática Avaliativa para o Desenvolvimento Global das Crianças na Educação Infantil. Como instrumentos há o Portfólio da Criança, As Fichas com Indicadores de Aprendizagem, Os Pareceres Descritivos ou Relatórios. Estes dois últimos fazem parte dos componentes que junto a outros componentes constituem o Diário Escolar específico para a Educação Infantil.
Citation preview
Instrumentos e Recursos utilizados na Prática Avaliativa do Desenvolvimento das Crianças na Educação Infantil.
Claudinéia da Silva Barbosa1 [email protected]
A Educação Infantil vem ocupando importância significativa e devida no nosso
país. Sua história vem sendo tecida desde a década de 90, alcançando maior
visibilidade nos dias atuais. Esse segmento educativo institucionalizado tem como
finalidade promover o desenvolvimento integral da criança em seus aspectos físico,
psicológico, intelectual e sócio cultural, complementando a ação da família e da
comunidade. Além de proposta pedagógica, de mediação e orientação específicas
para o atendimento à infância, outro documento norteador dos procedimentos da
Educação Infantil é a proposta de avaliação. De acordo com o Art. 10 da Resolução nº
05 de 17 de Dezembro de 20092 que fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Infantil:
As instituições de Educação Infantil devem criar procedimentos para acompanhamento do trabalho pedagógico e para avaliação do desenvolvimento das crianças, sem objetivo de seleção, promoção ou classificação, [...]
As atuais discussões acerca desse assunto apontam diferentes procedimentos
de acompanhamento pedagógico que se configuram na organização de instrumentos
e recursos utilizados na Prática Avaliativa para o Desenvolvimento Global das
Crianças na Educação Infantil. Como instrumentos há o Portfólio da Criança, As
Fichas com Indicadores de Aprendizagem, Os Pareceres Descritivos ou Relatórios.
Estes dois últimos fazem parte dos componentes que junto a outros componentes
constituem o Diário Escolar específico para a Educação Infantil.
Instrumentos da Prática Avaliativa na Educação Infantil
1.Portfólio da Criança.
Este é um instrumento que será organizado pelos docentes com a participação
efetiva da criança. Contendo elementos e recursos que auxiliam na organização de
análise das informações.
“O portfólio constitui-se de no conjunto de produções resultantes das
atividades supervisionadas sugeridas nos materiais de estudo do aluno,
pelo menos uma por disciplina.” FACINTER (2007, p.33).
1 Pedagoga pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB (2012) e Especialista em Educação Infantil pela
Universidade Internacional de Curitiba – UNINTER (2013). 2 Resolução CNE/CEB 5/2009. Diário Oficial da União, Brasília, 18 de dezembro de 2009, Seção 1, p. 18.
No caso da Educação Infantil, além das produções resultantes das atividades,
anexar uma por Eixo de Conhecimento. O portfólio é composto por elementos como
desenhos, produções das crianças, conter recursos fotográficos, registros escritos
pelo docente representando os relatos das crianças em situações relevantes.
É um instrumento que servirá como arquivo das produções da criança, que
poderá ser analisados pelos docentes, coordenador pedagógico, familiares da criança
e outros profissionais conforme a necessidade.
Além das produções e registros da criança, este instrumento deve estar
organizado com outras informações que identificam o processo do seu
desenvolvimento, contextualizando-o.
2.Ficha (Indicadores do Processo de Aprendizagem).
É um dos campos que compõe o Diário de registros avaliativos na Educação
Infantil. A Ficha é composta pelos indicadores do processo de aprendizagem por
Eixos de Conhecimento (Identidade e Autonomia, Artes Visuais, Música, Movimento,
Linguagem Oral e Escrita e Matemática) de acordo com a faixa etária/grupo/período
em consonância com as expectativas de aprendizagens descritas nas Diretrizes
Curriculares para esse segmento educativo. É um documento para registro com
periodicidade bimestral ou semestral sinalizado por legenda (S - sim), (AN - ainda
não) e (NO – não observado), que irá apontar os avanços expressos nas habilidades
das crianças. Este instrumento deve ser preenchido a partir da observação e do
acompanhamento feito pelos profissionais docentes.
As legendas (S) e (AN) servem para indicar se a criança apresenta ou ainda
não apresenta avanços nas expectativas de aprendizagens que já foram
desenvolvidas junto à prática docente. A legenda (NO) sinaliza aquilo que não foi
desenvolvido ou trabalhado, portanto não observado na aprendizagem da criança. É
um documento que precisa ter período para ser preenchido, como já mencionado,
porém nada impede de ser analisado frequentemente em virtude da ação-reflexão-
ação da prática pedagógica. Portanto é também um norteador para o replanejamento.
3.Pareceres Descritivos ou Relatórios sobre o Desenvolvimento Global da
Criança.
Assim como a Ficha, os Pareceres Descritivos ou Relatório também é um dos
campos que compõe o Diário de registros avaliativos na Educação Infantil. A
periodicidade para que se finalize este registro é semestral, ou seja, deve ser o
resultado de registros e reflexões feitos pelos docentes a partir das observações, dos
acompanhamentos e das mediações realizadas ao longo dos bimestres e
acontecimentos relevantes do cotidiano. Como nos elucida Both, este instrumento
deve descrever o como está o processo de desenvolvimento da criança de forma
global, ou seja, considerando os diferentes aspectos do ser integral.
“O processo de avaliação na Educação Infantil concretiza-se eminentemente por
procedimentos de orientação com consequência das ações de observação e
acompanhamento pelos professores do comportamento e do desenvolvimento social,
psicológico, físico e cultural harmonioso da criança.” BOTH (2011, p.114)
Ao registrar Pareceres Descritivos ou Relatórios dos níveis aprendizagens das
crianças, os profissionais docentes precisam considerar os aspectos globais do
desenvolvimento, ou seja, considerar a criança como um ser integral que interage,
aprende e se expressa através dos diferentes aspectos: Cognitivo, Psicomotor,
Afetivo/Emocional, Linguístico e Sócio Cultural. Alguns autores consideram os quatro
primeiros aspectos, outros acrescentam que ainda aspecto sócio cultural. É
interessante porque a criança é um sujeito histórico e de direitos que vivencia suas
experiências, inserida em contexto.
A criança nas suas vivências e experiências, apresentando ou não o nível de
habilidade e competências específicos de sua fase, isso precisa ser registrado. E não
apenas registrado, mas como Jussara Hoffman já afirmou sobre o três tempos da
avaliação mediadora:
1. Tempo de admiração dos alunos;
2. Tempo de reflexão sobre suas tarefas e manifestações de
aprendizagem;
3. Tempo de reconstrução das práticas avaliativas para promover melhores
oportunidades de aprendizagem.
Traduz um pensar sobre o desenvolvimento da criança como processo de
significação do mundo, sendo sempre dinâmico, de aprendizagem gradual e, portanto,
de evolução contínua. O que pressupõe olhar para trás e para agora, captar as
experiências vividas para projetar o futuro das decisões e ações pedagógicas,
estando sempre atentos às dimensões em que deve ser desafiadas para avançar em
todas as áreas do saber.
A escrita desses pareceres ou relatórios devem expressar de forma clara níveis
aprendizagens das crianças, demonstrando através de descrições como a criança
aprende, como interage, como se expressa. Deve apresentar em quais aspectos a
criança está com satisfatório nível de desenvolvimento e em quais aspectos está com
baixo aproveitamento. Os pareceres descritivos ou relatórios feitos pelos profissionais
docentes devem ser descritivos. Resultado de analises feito a partir das observações
e acompanhamentos nos momentos de interações e mediações junto à criança. Os
profissionais docentes não devem criar hipóteses, nem dar diagnósticos.
Um profissional de outra área seja na Educação ou outra, precisa reconhecer
na escrita do relatório, os aspectos do desenvolvimento da criança, por exemplo, um
fonoaudiólogo, precisa encontrar nos descritores o que há em desenvolvimento ou
com comprometimento no aspecto linguístico da criança. Ressaltando que este
poderá analisar e intervir especificamente neste aspecto, mas não deixará de
considerar a criança como um todo. Ou seja, além de seus aspectos globais, irá
considerar também os demais fatores como contexto familiar, contexto escolar,
relação professor-criança, fatores contemporâneos. Estes Pareceres Descritivos ou
Relatório feito pelo profissional docente será um importante documento para a análise
e intervenção do especialista.
Isso acontece com mais frequência no atendimento às crianças já
diagnosticadas com NEE. Os profissionais docentes precisam registrar os pareceres
descritivos e trabalhar junto com os especialistas. Segundo uma professora que
atende uma criança com síndrome de Down, e que precisa estar planejando de
acordo com os desafios que encontra diariamente em sua prática, a avaliação
assume sua devida função: “[...] o desafio ao mediar crianças já diagnosticadas com
NEE é maior por ter que garantir as especificidades delas na mediação é garantir a
interação delas com as demais crianças.”* Ou seja, toda avaliação deve servir para
compreender como está o nível desenvolvimento e integração das crianças. E para
nortear as estratégias pedagógicas a serem desenvolvidas.
Nos pareceres descritivos devem constar o que o nome já diz a descrição. A
função do profissional docente é descrever como está o nível de competências,
habilidades, expressividade e interação da criança, indicando isso através dos seus
aspectos de desenvolvimento: Cognitivo, Afetivo/Emocional, Psicomotor, Linguístico e
Sócio cultural.
Recursos que servem de apoio para o registro e análise avaliativa.
1. Fotografias
Inicialmente a ideia de se fazer registros fotográficos está muito ligada ao
sentimento de guardar os momentos que serão inesquecíveis. Fazer registro,
apreciação e análise fotográfica no âmbito da educação com o propósito avaliativo,
precisa ter essa intencionalidade definida. Desde o momento de fotografar, pensando
na estética, nos ângulos, nas situações e principalmente o foco nos que estarão
interagindo e expressando-se durante os acontecimentos. O olhar sensível que se
precisa ter para analisar uma fotografia é o mesmo olhar sensível que se precisa ter
para fazer a fotografia.
Quais seriam os usos da fotografia enquanto recurso que serve de apoio para a
análise e registro avaliativo? A fotografia é nesta situação um recurso que serve como
meio de coleta de informações e analise da criança na expressão de suas habilidades
e capacidades. A imagem fotográfica é também um recurso que serve para a criança
se autoavaliar. Normalmente as instituições constroem painéis ou exibição de slides,
expondo os registros fotográficos dos eventos ocorridos, como forma de socializar os
momentos e ações desenvolvidas.
Compartilhar estes registros com as famílias é uma excelente estratégia, que
pode ter sentido avaliativo também. Assim como o portfólio, que deve ser acessível
para a família, os registros fotográficos também podem servir como recurso para
análise junto com a família, sobre determinadas situações que envolva a criança.
Apreciar as fotografias das crianças junto com elas é outra estratégia muito
significativa para a prática avaliativa. Os olhares das crianças sobre elas mesmas
despertam e provocam a autoavaliação de uma forma natural. Esse processo de se
ver nas situações pretéritas e de falar sobre si mesmo, das suas impressões e
expressões estéticas e emotivas, proporciona à criança possibilidades de reflexão
sobre suas ações, atitudes e imagem. As crianças podem ser instigadas pelos
profissionais docentes, estimulando-as a expressarem, por exemplo, o que sentiam
naquele momento. Momentos como este são significativos para a prática educativa,
por que dinamizam as estratégias e configuram-se em importantes fontes de coletas
de informações para os registros avaliativos das crianças.
A fotografia é nesse sentido um recurso que auxilia os docentes tanto a
produzir seus relatórios sobre o desenvolvimento das crianças, quanto para a reflexão
e dinamização da sua prática.
2. Audiovisuais
A produção, apreciação, análise e registro de audiovisuais no âmbito da
educação com o propósito avaliativo, assim como a fotografia, precisa ter uma
intencionalidade definida. Diferente da fotografia que é uma imagem parada, o
recurso audiovisual, capta os acontecimentos de forma global. O que está em seu
foco, e o que acontece no seu perímetro. São gravados as falas, as expressões
imagéticas em movimento, as intervenções e são capitados também aspectos
sonoros que o ambiente proporcione.
Este recurso assim como o fotográfico, potencializa as estratégias da prática,
assim como a coleta de informações para análise e registros avaliativos. Compartilhar
com a família tendo foco apreciativo e também em momentos avaliativos é ação
relevante na prática educativa.
A apreciação de audiovisuais produzidos com as crianças a partir das
vivências, experiências, expressões e impressões das mesmas, geram inúmeras
possibilidades de estratégias pedagógicas, motiva a autoavaliação da prática docente
facilita a analise e registro avaliativo que o docente precisa fazer sobre o
desenvolvimento das crianças e proporciona instigantes momentos para a
autoavaliação das crianças.
O recurso audiovisual, assim como a fotografia é extremamente favorável para
as ações e práticas docentes tanto para produzir seus relatórios sobre o
desenvolvimento das crianças, quanto para a reflexão e dinamização do seu
planejamento, das suas mediações e intervenções, do desenvolvimento das práticas
pedagógicas e como também da organização das ações institucionais. Vale ressaltar
que o uso das imagens das crianças em divulgações que sejam para além do uso das
praticas educativas, precisam ser autorizado pela família.
Os instrumentos utilizados na prática avaliativa do desenvolvimento das
crianças na Educação Infantil são documentos institucionais, formatados, orientados e
monitorados pelos respectivos sistemas que os gerenciam. Os recursos que vão
servir de apoio para a observação e análise são estratégias que os profissionais
docentes podem desenvolver. Os instrumentos e recursos facilitam a prática e
documentação de todo o processo avaliativo nesta fase do desenvolvimento da
criança.
Referências:
BOTH, Ivo José. Avaliação: “voz da consciência” da aprendizagem / Ivo José
Both. – Curitiba: Ibpex, 2011.(Série Avaliação Educacional).
FACINTER – Faculdade Internacional de Curitiba. Coordenação Pedagógica de
Educação à Distância. Avaliação nos cursos de Graduação Pedagogia e Normal
Superior modalidade à distância. Curitiba, PR, 2007.
ITABERABA. Conselho Municipal de Educação. Secretaria Municipal de Educação.
Coordenação de Educação Básica e Apoio Pedagógico. Diretrizes Curriculares
Municipal para Educação Infantil – Revisão 2012. CME/SMED/CEBAP, 2012. –
Itaberaba – BA.
* Livro de Atas referentes aos Estudos de Avaliação, realizados por etapas, na
modalidade da Educação Infantil promovido pela Equipe Técnica da Educação Infantil
da Secretaria Municipal de Educação – 2013. Encontro dos termos Cognitivo,
Afetivo, Motor e Linguístico: Enriquecendo os pareceres descritivos sobre o
desenvolvimento da criança. I Encontro Formativo com Professores da Educação
Infantil da Rede Municipal – Itaberaba-Ba – 2013.
Resolução CNE/CEB 5/2009. Diário Oficial da União, Brasília, 18 de dezembro de 2009, Seção 1, p. 18.