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apresentação na escola Sesc sobre o impacto da tecnologia nas minhas práticas de leitura
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Leitura vs Tecnologia – Moreno Barros
10 anos atrás leitura significava basicamente papel
hoje há novas formas de leitura, a maior parte direcionada pela tecnologia de vanguarda
como a tecnologia interfere nas minhas práticas de leitura?
ANTES DEPOIS
distração vs concentração: supõe-se que a distração está na web, mas na verdade o que me distrai e não atrai mais a minha atenção são livros
não consigo me concentrar mais em livros...
mas não só livros....
menor concentração para apresentações lineares, extensas
maior concentração para apresentações dinâmicas, velozes
MENOS
MAIS
menor retenção de atenção para enredos longos, densos
maior retenção de atenção para enredos curtos, efêmeros
MENOS MAIS
e pra quem era leitor voraz no coletivo
agora dorme quando não está com o ipod
ANTES DEPOIS
ANTES DEPOIS
de um modelo vitruviano para um modelo homer simpson
mas, essa ruptura é boa ou ruim?
meodeos, WTF comigo?
melhor estudar…
a neurociência explica elasticidade e atrofia do cérebro
a web altera a nossa rede neural (Nicholas Carr, 2008); tese plausível
mas as pesquisas empíricas a respeito ainda são inconclusíveis...
a pergunta então permanece: o cérebro funciona diferente quando lemos uma história e quando navegamos na web?
o cyberespaço é diferente do espaço da literatura (Sven Birkerts, 2008); condições opostas de sentiência
cyberespaço:múltiplas conexões entre um volume imenso de informações e a sua imediatez
espaço da literatura: processos sofisticados que impulsionam a compreensão e inclui habilidades dedutivas, análise crítica, reflexão e insight
dois modelos de imersão experiencial no mundo por meio da linguagem
IIINTRANSITIVO TRANSITIVO
se a discussão é em favor da excepcionalidade da leitura, onde reside toda a beleza, então precisamos nos lembrar que nós de fato lemos na internet
bem, então talvez a grandeza não consista na leitura em si, mas nos livros (Kevin Kelly, 2008)
e para concluir que a internet é ruim para a disseminação de conhecimentos científicos ou experimentais, você teria que abordar esse tema diretamente (Shirky, 2008)
[obviamente, um assunto diferente da influência da web na cognição]
Eu leio o tempo inteiro. Na verdade, nunca li tanto
toda tecnologia do passado que conseguiu aumentar o número de produtores e consumidores de material escrito, do alfabeto e o papiro até o telégrafo e o livro de bolso, tem sido boa para a humanidade. Pode ser que um meio que radicalmente amplia a nossa capacidade de criar e compartilhar documentos escritos vai acabar sendo ruim para a humanidade. Mas esse seria o primeiro caso, nos três mil anos entre o alfabeto fenício e agora (Clay Shirky, 08)
Sempre que a abundância de material escrito explode, a qualidade média do material escrito cai, como um efeito colateral do volume. Novas formas começam provisórias e incompletas, e só podem competir por atenção com a literatura mais antiga entre as pessoas que valorizam a experimentação. A abundância propriamente cria uma distração conforme as pessoas lidam com a sobrecarga de informações. Instituições surgidas em torno da escassez anterior alertam, muitas vezes corretamente, para o fim da sociedade como a conhecemos. E o ato de institucionalização da nova abundância exige mudanças complexas, e ocasionalmente, revolucionárias (Shirky, 08)
a tendência é que novas formas de expressão surjam. Precisamos perder a ingenuidade de achar que a tecnologia não afeta a nossa essência
Mas e o e-reader? Quando você está lendo um livro no Kindle, como que isso difere de lê-lo na web? Ou da leitura da versão impressa do mesmo livro?
Mas o primeiro e-book é de 40 anos atrás. Por que só despontaram hoje? - Tecnologia
Após meses de reuniões, Bezos e a equipe do Amazon concordaram com um conceito particular: a melhor coisa sobre um livro é que ele desaparece. Você começa a ler, e não percebe o livro físico em si, apenas as palavras e idéias sobre a página
Concluiram que o aparelho deveria desaparecer, exatamente como um livro físico, mas ao mesmo tempo você deveria ser capaz de realizar coisas que nunca poderia fazer com um livro físico
Embora o livro "desapareça", o que os editores não têm prestado muita atenção é o que conduziu previamente as mudanças na indústria da música e do cinema: o dispositivo
Há três maneiras de se ganhar dinheiro a partir do dispositivo de mídia: re-venda do conteúdo, a venda do aparelho, propriamente, e o licenciamento de como o conteúdo é codificado
Existem três tipos básicos de dispositivos tentando substituir o produto impresso: o computador, o celular e o "leitor de e-books" (Kindle, Sony Reader, Nook)
Se o custo de um Kindle (e-readers) cair, e se a facilidade de compra e armazenamento de livros e conteúdo textual (especialmente rss) através dele puder destituir a comodidade de comprar e armazenar livros físicos, então o consumidor poderá, finalmente, descobrir que o apelo tangível pelo livro impresso e outros dispositivos de leitura não é tão difícil de ser superado
Do lado da experiência de leitura, o e-reader caiu em um terreno instável, também. Para as pessoas que amam os livros, existem alguns elementos tangiveis e intangíveis que um dispositivo eletrônico nunca vai ser completamente capaz de reproduzir
HYPE?
certamente há muito hype e em longo prazo o Kindle pode não "mudar o mundo", mas o modelo chegou para ficar
a minha geração talvez seja a última a enxergar o o livro impresso como o ápice da cultura humana
Nunca se produziram tantos livros impressos no mundo (há controvérsias, na verdade se trata mais de um long tail), mas os tomos de Harry Potter, Senhor do Anéis e Crepúsculo estão aí
Se há uma queda geral no nível cultural, se hoje vemos até pessoas das artes e das idéias com formação geral deficiente, não é por causa de alguma incompatibilidade fundamental entre o homem contemporâneo e a superfície impressa. O que há é uma perda do valor desse conceito, “formação”, num mundo tão bombardeado de informações e de tantas horas perdidas em trânsito, distração e consumismo. Pois quem deseja tomar contato com o que se escreveu de melhor no passado tem ampla oferta de produtos e eventos (Daniel Piza, 2009)
Se a internet, com seus recursos de som, imagem, busca e interatividade, tem o potencial – ainda não realizado – de levar a narrativa a um hibridismo tridimensional em que provavelmente já não caberá falar de “literatura”, talvez o Kindle e semelhantes venham a trabalhar no sentido contrário, o de preservar as formas literárias que nos foram legadas pela tradição. Aquilo não é papel, mas e daí? A matéria-prima dos escritores não é a celulose.
Por trás de sua aparência moderninha, os e-readers são na verdade engenhocas produndamente conservadoras –paladinos digitais do livro como o conhecemos (Sérgio Rodrigues, 2009)
A boa literatura é uma questão de identidade, não consigo imaginar-me lendo um livro como "A Montanha Mágica" hoje.
Se a densidade de um clássico é a sublimação da individualidade, então a pergunta que se coloca é: hiperconectados perdemos este distanciamento necessário?
(Fabiano Caruso, 2009)
No final das contas é politicamente correto dizer que as coisas podem coexistir e não são excludentes, digital vs impresso
E que cada pessoa tem a responsabilidade individual sobre como a leitura digital impacta a sua cognição
Outra coisa que eu queria falar é...impressão sob demanda é diferente de auto-publicação
Meu sonho particular é poder imprimir livros unitários, preço justo, com conteúdo customizado e qualidade gráfica
Eu por exemplo tenho uma tag no delicious (leituras) que se acumula com o tempo e eventualmente poderia se tornar um livro impresso
Espresso Book Machine
auto-publicação
Livro com texto meu,editado colaborativamente e publicado no Lulu (versão pdf grátis)
NOVA ORDEM DIGITAL
@moreno