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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE FACULDADE DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E LETRAS DE IGUATU - FECLI CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS SABRINA ASSUNÇÃO DE OLIVEIRA NOBRE MÉTODOS E PRÁTICAS DO ENSINO DE BIOLOGIA PARA JOVENS ESPECIAIS NA ESCOLA DE ENSINO MÉDIO LICEU DE IGUATU DR. JOSÉ GONDIM IGUATU/CE 2014

Métodos e práticas do ensino de biologia para jovens especiais na escola de ensino médio liceu de iguatu dr. josé gondim sabrina assunção de olive

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE

FACULDADE DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E LETRAS DE IGUATU - FECLI

CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

SABRINA ASSUNÇÃO DE OLIVEIRA NOBRE

MÉTODOS E PRÁTICAS DO ENSINO DE BIOLOGIA PARA JOVENS

ESPECIAIS NA ESCOLA DE ENSINO MÉDIO LICEU DE IGUATU DR.

JOSÉ GONDIM

IGUATU/CE 2014

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SABRINA ASSUNÇÃO DE OLIVEIRA NOBRE

MÉTODOS E PRÁTICAS DO ENSINO DE BIOLOGIA PARA JOVENS

ESPECIAIS NA ESCOLA DE ENSINO MÉDIO LICEU DE IGUATU DR.

JOSÉ GONDIM

Monografia submetida à Coordenação do Curso de Ciências Biológicas da Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Iguatu, da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para aprovação na disciplina de Monografia. Orientador: Prof. Dr. Fernando Roberto Ferreira

Silva.

IGUATU/CE 2014

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N754m Nobre, Sabrina Assunção de Oliveira.

Métodos e Práticas do Ensino de Biologia para Jovens

Especiais na Escola de Ensino Médio Liceu de Iguatu Dr.

José Gondim / Sabrina Assunção de Oliveira Nobre.

[Orientada por] Fernando Roberto Ferreira Silva. – Iguatu,

2014.

40 p.

Monografia (Graduação) – Universidade Estadual do

Ceará, Coordenação do Curso de Licenciatura Plena em

Ciências Biológicas, Iguatu, 2014.

1. Educação Especial 2. Ensino de Biologia 3 Deficiência Visual e Auditiva I. Silva, Fernando Roberto Ferreira (Orient.) II. Universidade

Estadual do Ceará – UECE – Graduação (Licenciatura) em

Ciências Biológicas

III. Título

CDD: 371.9

CDD: 371.9

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SABRINA ASSUNÇÃO DE OLIVEIRA NOBRE

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Dedico este trabalho aos meus pais, Helmo

Assunção de Oliveira e Terezinha Ferreira

Nobre, por todo apoio e atenção, em especial à

minha mãe, pelo esforço e dedicação

direcionados a mim. Dedico à minha irmã

Marina, por acreditar que eu seria capaz e a

todos os meus amigos e companheiros de sala.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela dádiva da vida, por me encorajar e estar sempre

ao meu lado.

Aos meus pais e à minha irmã, por todo amor e atenção a mim dedicados.

À minha grande amiga Cristiane Rodrigues, por estar presente em todos

os momentos desta longa caminhada.

A todos os professores do curso, em especial às professoras Mayle

Bezerra e Ana Cristina Falconi e ao professor Ricardo Rodrigues, pessoas muito

importantes na minha vida acadêmica e exemplos de profissionais.

Ao PIBID- Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, pelas

experiências proporcionadas para que eu me tornasse mais capacitada.

Às supervisoras do PIBID, Clarice Cartaxo e Lucicleide Carlos, por todo

ensinamento, acolhimento, compreensão, carinho e amizade.

Ao meu orientador, Fernando Roberto, pela paciência e atenção.

A todos os companheiros de sala, por tantos momentos de alegria e

descontração, pelo carinho, pelas risadas, pelo apoio, pelo respeito.

Aos meus amados amigos, Alzeir Machado, Danyelle Limeira e Diogo

Luiz, por sempre terem me estendido a mão nos momentos que mais precisei.

A todas as pessoas que contribuíram de forma direta ou indireta para que

eu chegasse até aqui.

A todos, o meu MUITO OBRIGADA!

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RESUMO Há um certo tempo, as pessoas que apresentavam necessidades especiais eram excluídas da sociedade e não frequentavam escolas ou qualquer outra instituição de ensino. Com o passar dos anos, essas pessoas passaram a ser vistas de outra forma. Desse modo foi percebida a importância do ingresso de jovens com necessidades especiais nas escolas, para o desenvolvimento intelectual e emocional. A educação é um direito de todos os cidadãos e todos os sistemas de ensinos federais, estaduais e municipais têm o desafio de desenvolver projetos que incluam todas as crianças e jovens nas escolas, apresentando ou não de deficiências. Para isso é necessário o desenvolvimento de uma Educação Especial e uma Educação Inclusiva. A Educação Especial é o ensino desenvolvido para pessoas com necessidades especiais em instituições especializadas, exclusivamente para o atendimento dessas pessoas. Educação Inclusiva consiste na inclusão de pessoas com necessidades especiais nas redes comuns de ensino regular. O processo de inclusão nas escolas é uma iniciativa mundial, com visão política, social, cultural e pedagógica defendendo o direito de todos os alunos de aprenderem juntos, barrando a discriminação. O estudo de ciências explica os processos biológicos da vida, trazendo para os alunos respostas ligadas aos acontecimentos do dia-a-dia e, o conhecimento sobre a ciência é indispensável para que a sociedade se desenvolva. Sendo assim, objetivou-se observar como acontece o processo de ensino-aprendizagem na disciplina de Biologia para alunos com necessidades especiais e propor novas metodologias de ensino para esses jovens, identificando as maiores dificuldades enfrentadas pelos professores e estudantes, na escola de Ensino Médio Liceu de Iguatu- Dr. José Gondim. Os dados foram coletados a partir da observação das aulas nas salas do 1º ano C e 1º ano G onde estão matriculados quatro estudantes com deficiência visual e quatro com deficiência auditiva. Para auxiliar a coleta dos dados, foi utilizada uma ficha de observação, imagens e anotações. Dessa forma, concluiu-se que a Educação Inclusiva ainda tem um longo caminho a percorrer e que todos os professores, são responsáveis por tornar esse caminho mais tranquilo e menos tortuoso.

Palavras-chaves: Educação Especial. Ensino de Biologia. Deficiências visuais e auditivas.

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ABSTRACT

Some time ago, people who had special needs were excluded from society and not attending school or any other educational institution. Over the years, these people came to be seen otherwise. Thus was realized the importance of the entry of young people with special needs in schools, for intellectual and emotional development. Education is a right of all citizens and all systems of federal, state and municipal teachings are challenged to develop projects that include all children and young people in schools, with or without disabilities. This requires the development of an Inclusive Education and Special Education. Special Education is designed to teach people with special needs in specialized institutions exclusively for the care of these people. Inclusive education is the inclusion of people with special needs in regular education public networks. The process of inclusion in schools is a worldwide initiative, with political, social, cultural and pedagogical vision defending the right of all students to learn together, barring discrimination. The study of science explains the biological processes of life, bringing students responses linked to the events of the day to day and knowledge about science is essential for society to develop. Thus, the objective was to observe how does the process of teaching and learning in the discipline of biology for students with special needs and propose new methodologies for teaching these young people, identifying the major difficulties faced by teachers and students in secondary school Lycée Iguatu - José Gondim. Data were collected from the observation of lessons in the rooms of 1st year and 1st year where G are enrolled four students with visual disabilities -four with hearing disabilities. To assist the collection of data, a record of observations, notes and images was used. Thus, it was concluded that inclusive education still has a long way to go and that all teachers are responsible for making this more relaxed and less tortuous path. Keywords: Special Education. Teaching of Biology. Visual and hearing impairments.

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 09

2 OBJETIVOS...................................................................................................... 13

2.1 OBJETIVO GERAL..................................................................................... 13

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS....................................................................... 13

3 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................... 14

3.1 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA ......................... 14

3.2 EDUCAÇÃO INCLUSIVA E O ENSINO DE BIOLOGIA............................. 16

3.3 DEFICIÊNCIA VISUAL E AUDITIVA.......................................................... 16

3.4 LIBRAS E BRAILLE.................................................................................... 17

4 METODOLOGIA................................................................................................ 19

4.1 TIPO DE PESQUISA................................................................................... 19

4.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA....................................................................... 19

4.3 LOCAL DE ESTUDO................................................................................... 19

4.4 COLETAS DE DADOS................................................................................ 20

4.5 ANÁLISE DE DADOS................................................................................. 20

4.6 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS DA PESQUISA....................................... 21

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................... 22

5.1 CARACTERIZAÇÃO DAS SALAS............................................................. 22

5.2 A INTERAÇÃO ENTRE OS ALUNOS COM DEFICIÊNCIAS E OS

DEMAIS ESTUDANTES DA SALA......................................................................

24

5.3 METODOLOGIAS DE ENSINO E OS ALUNOS COM DEFICIÊNCIAS..... 26

5.4 A INTERAÇÃO ENTRE OS PROFESSORES E OS ALUNOS COM

DEFICIÊNCIAS.....................................................................................................

29

6 CONCLUSÃO ................................................................................................... 31

REFERENCIAS.................................................................................................... 32

APÊNDICES......................................................................................................... 36

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1 INTRODUÇÃO

As pessoas com necessidades especiais, ao longo do tempo, eram

consideradas incapazes de realizar atividades simples do cotidiano e, portanto,

viviam excluídas da sociedade, do mercado de trabalho e muitas vezes pela própria

família. Consequentemente, na maioria dos casos, elas não frequentavam escolas

ou qualquer outra instituição que tivesse o intuito de desenvolver o lado intelectual

delas. Desse modo, elas viviam cercadas pelo preconceito e raramente superavam e

aceitavam as suas dificuldades. Com o passar do tempo, a sociedade passou a

enxergar essas pessoas de outra forma, percebendo nelas a competência para a

realização de determinadas atividades laborais e/ou intelectuais, integrando-as à

sociedade.

A educação é um direito de todo cidadão e de fundamental importância

para o desenvolvimento intelectual da criança, com isso os sistemas de ensino

federal, estadual e municipal têm como desafio garantir a oferta de vagas e o acesso

a todas as crianças nas escolas, com deficiências ou não.

As necessidades especiais precisam ser conhecidas para que as

limitações sejam compreendidas, dessa forma, a cegueira pode ser descrita como a

perda total da visão e ela pode ser gerada por vários fatores, sejam eles hereditários

ou acidentais. A baixa visão ou visão subnormal é a perda parcial da visão, às vezes

mecanismos como os óculos ou o uso de lupas podem diminuir esse problema.

Nessas pessoas, o tato, a audição, o olfato e o paladar são mais desenvolvidos, por

recorrerem com mais frequência a esses sentidos, uma vez que eles ajudam o

deficiente visual a ter noções de formatos, distâncias, gostos e cheiros.

Assim como a cegueira, a surdez é resultado da falta de audição e pode

ser congênita, ou seja, desde o nascimento. Quando a surdez é congênita, pode na

maioria das vezes prejudicar a fala, uma vez que o indivíduo não escuta, não

aprenderá com facilidade a pronunciar as palavras. A deficiência auditiva pode ser

adquirida por lesões no aparelho auditivo, algumas doenças, o mau uso de alguns

medicamentos, dentre outros motivos.

Os estudantes com necessidades especiais têm maiores dificuldades

para aprender, por toda a questão de adaptação das escolas às suas deficiências,

portanto as deficiências físicas, visuais ou intelectuais nas escolas devem ser

tratadas de forma acolhedora, para que esses jovens desenvolvam a leitura, o

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convívio em sociedade, a autoestima e futuramente estejam preparados para

enfrentar o mercado de trabalho, independente de suas limitações. As escolas que

recebem esses estudantes realizam a Educação Especial ou a Educação Inclusiva e

algumas diferenças que precisam ser entendidas:

A Educação Especial, de certa forma ainda exclui o aluno com

necessidade especial do convívio e interação com a sociedade. Ao manter contato

apenas com estudantes também especiais, esses jovens têm a sua capacidade de

aprender limitada, pois os profissionais educadores precisam desenvolver para

esses jovens atividades interativas que busquem o desenvolvimento grupal. Para

isso todas as limitações desses jovens precisam sem percebidas e trabalhadas em

conjuntos dentro das salas de aula.

As escolas de Ensino Especial, não ministram os conteúdos presentes em

uma escola de ensino regular, tais como: Português, Matemática, Biologia. A

instituição ajuda a desenvolver o controle emocional, a coordenação motora e

promove a capacidade artística e intelectual do aluno, através de práticas e

dinâmicas com arte (pinturas, desenhos), fabricação de objetos artesanais, tendo um

trabalho voltado para a interação desses jovens no convívio em sociedade.

A Educação Inclusiva é mais abrangente, consiste no processo de

inclusão de pessoas portadoras de deficiências ou com dificuldades na

aprendizagem na rede comum de ensino. A educação inclusiva busca tornar viável

para todas as pessoas uma educação de qualidade, para que sejam vistas de forma

igualitária, respeitando suas limitações. Serão apresentados para esses estudantes

todos os conteúdos presentes na grade curricular, assim eles serão cobrados da

mesma forma que os outros alunos da escola.

Desta forma, a Inclusão nas escolas é um trabalho planejado de forma

coletiva, mas deve ser realizado de forma singular por cada profissional que compõe

tal instituição. A escola inclusiva merece destaque em relação às demais, tendo

como objetivo fazer com que esses jovens atinjam o seu potencial máximo de

aprendizagem. Nessas instituições, os professores tornam-se cada vez mais

próximos a esses alunos, conhecendo as suas dificuldades. Esses profissionais

buscam formas interativas para a transmissão do conteúdo e contam com o apoio de

outros profissionais como: intérpretes, instrutores de libras e psicólogos.

O ensino de biologia para alunos com necessidades especiais exige de

todo corpo docente bastante agilidade para despertar a atenção do aluno e transmitir

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o conhecimento, uma vez que a Biologia envolve imagens, símbolos e muita

imaginação. Assim, as deficiências não podem ser ignoradas, tendo o professor o

papel de buscar formas que facilitem ou que tornem possível o aprendizado do

aluno.

O professor de Biologia deve tentar utilizar novas metodologias para que

as aulas não aconteçam apenas pelo método tradicional, com o uso do quadro,

pincel e o livro didático. As aulas devem acontecer de forma atrativa, despertando no

aluno o interesse em aprender. As metodologias de ensino devem ser diferenciadas,

com o uso de objetos, maquetes, áudios, etc. Esses jovens especiais precisam

adquirir através da Biologia respostas para acontecimentos do cotidiano.

Para que o portador da deficiência consiga um bom aproveitamento na

escola, é preciso também que a família caminhe lado a lado com a instituição, para

que juntos se sintam mais fortes, através dos incentivos das pessoas mais próximas,

e assim se sintam capazes de enfrentar as próprias dificuldades e o preconceito

imposto pela sociedade.

As deficiências devem ser trabalhadas de formas diferentes, assim, para

cada tipo de deficiência deve haver uma metodologia de ensino que facilite a

aprendizagem dos alunos. Essas dificuldades não podem ser vistas como “falta de

capacidade”, elas precisam ser compreendidas, respeitando o limite e o tempo que

cada um leva para aprender.

Sendo assim, é necessário que a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS)

seja utilizada nas escolas para que a comunicação entre essas pessoas seja

facilitada. A LIBRAS ainda não está inserida na grade curricular em muitas

instituições de ensino, não sendo reconhecida como disciplina, é vista como um

simples meio de comunicação entre surdos. O uso da LIBRAS como faz com que as

pessoas com deficiência auditiva consiga se comunicar com os demais, devendo ser

ministrada em vários cursos superiores e em todas as áreas das licenciaturas,

desenvolvendo nos profissionais docentes a capacidade de maior interação com os

alunos deficientes auditivos.

Atualmente o Sistema Braille é utilizado em todo Brasil, várias escolas já

aplicam esta técnica para o desenvolvimento da leitura e escrita entre seus alunos

deficientes visuais tornando possível às pessoas cegas uma maior independência.

Tendo em vista a importância da Educação Especial e da Educação

Inclusiva nas escolas, viu-se a necessidade do desenvolvimento deste trabalho para

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verificar como o processo de ensino-aprendizagem na disciplina de Biologia está

sendo desenvolvido na Escola de Ensino Médio Liceu de Iguatu Dr. José Gondim e

propor novas metodologias para que os professores de Biologia da instituição

desenvolvam com seus alunos. Atualmente a escola recebe treze alunos com

necessidades especiais (auditiva e visual) distribuídos nos turnos matutino e

vespertino.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Averiguar as técnicas de ensino e suas limitações na disciplina de

Biologia e propor novas metodologias a serem trabalhadas com os alunos com

necessidades especiais na Escola de Ensino Médio Liceu de Iguatu Dr. José

Gondim.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Observar as metodologias utilizadas na transmissão do conhecimento de

Biologia para alunos com necessidades especiais;

Verificar se os alunos com necessidades especiais conseguem compreender

as aulas de Biologia;

Identificar as maiores dificuldades enfrentadas pelos professores e pelos

alunos com necessidades especiais no ensino de Biologia;

Constatar se há interferências dos outros alunos na aprendizagem dos alunos

com necessidades especiais.

Propor novas metodologias de ensino para a disciplina de Biologia.

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3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA

O Ensino Superior deve ser outro ponto cobiçado por esses estudantes,

uma vez que os bons resultados obtidos no ensino médio podem levá-los até as

universidades. Para isso é necessário o desenvolvimento de uma Educação

Especial e uma Educação Inclusiva que visa tornar o conhecimento acessível a

todas as pessoas com deficiência (BRASIL, S/D). Para que os jovens com

necessidades especiais cobicem a chegada à universidade, é preciso que eles

primeiramente sejam inseridos nas escolas e nelas encontrem possibilidades para a

obtenção do conhecimento, de forma igualitária.

Por isso, o processo de inclusão nas escolas é uma iniciativa mundial,

com visão política, social, cultural e pedagógica defendendo o direito de todos os

alunos de aprenderem juntos, barrando a discriminação, como está embasado na

concepção dos direitos humanos, que defende a igualdade e confronta as práticas

discriminatórias, criando alternativas para o ensino-aprendizagem (BRASIL, 2007).

Dessa forma foi desenvolvida a Educação Inclusiva que segundo Mrech

(1998), a educação inclusiva originou-se nos Estados Unidos em 1975, através da

Lei Pública 94.142, onde existem vários programas destinados ao melhoramento

dessa prática. Boa parte dos estados norteamericanos aplicam a Educação

Inclusiva: New York, Massachussets, Minessota, Daytona, Siracusa e West Virgínia.

Ainda de acordo com a autora supracitada, o mais conhecido centro de

estudos a respeito da Educação Inclusiva está situado em Bristol (Inglaterra), é o

Centre for Studies on Inclusive Education- CSIE, é dele que tem partido os principais

documentos da área da Educação Especial. Um dos principais documentos atuais é

o Provision for Children with Special Educational Needs in the Asia Region incluindo

os países: Bangladesh, Brunei, China, Hong Kong, Índia, Indonésia, Japão, Coréia,

Malásia, Nepal, Paquistão, Filipinas, Singapura, Sri Lanka e Tailândia. Há também

programas de inclusão nas escolas em todos os principais países do mundo como:

Inglaterra, França e Canadá.

A partir do que foi descrito pela autora, percebe-se que a Educação

Inclusiva ganha espaço em todo o mundo e, muito se trabalha para que todos os

cidadãos que têm necessidades especiais tenham o direito ao conhecimento.

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No Brasil, o atendimento às pessoas portadoras de deficiências se deu na

época do Império, com a criação das instituições no Rio de Janeiro: o Imperial

Instituto dos Meninos Cegos em 1854 (atual Instituto Benjamin Constant - IBC) e o

Instituto dos Surdos Mudos em 1857 (hoje Instituto Nacional da Educação dos

Surdos) (BRASIL, 2007). Desde muito cedo viu-se a necessidade de integrar as

pessoas com necessidades especiais à sociedade, minimizando as barreiras de tais

deficiências.

Em 11 de dezembro de 1954 foi fundada a Associação de Pais e Amigos

dos Excepcionais - APAE, associação filantrópica, de caráter assistencial e

educacional que tem como principais objetivos, assegurar a esses cidadãos o direito

ao desenvolvimento, sensibilização, habilitação e inserção no mercado de trabalho.

(MELETTI, 2008).

Na década de 90, o Brasil deu um importante passo na área da educação

quando assegurou que crianças deficientes tenham o direito de frequentar escolas

de pessoas tidas como “normais”, assim está previsto na Lei de Diretrizes e Bases

da Educação Nacional nº 9394 em 1996, que crianças com deficiências mentais ou

físicas podem e devem frequentar escolas de ensino regular normal. (BRASIL,

1996a).

O decreto nº 3.298 que regulamenta a Lei nº 7.853/89 do ano de 1999 ao

defender a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, define a Educação

Especial como modalidade transversal de todos os níveis do ensino regular.

(BRASIL, 2007).

A Educação Especial desenvolve-se em instituições especializadas

somente no atendimento de pessoas com déficits, sem integração desses

estudantes com os demais alunos sem deficiências (NORONHA, PINTO, 2011).

O desenvolvimento da Educação Especial para crianças cegas e surdas

ofereceu a oportunidade para outros tipos de deficientes como, deficientes mentais,

físicos (BUENO, 1993, p.29).

A Educação Inclusiva aceita as diferenças e as insere na sociedade,

desenvolvendo a convivência apesar das desigualdades, onde preconiza uma

sociedade mais justa (ARANHA, 2000).

A Educação Inclusiva é uma proposta complexa, nela a escola terá que

desenvolver trabalhos voltados para todos os tipos de estudantes, devendo estar

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devidamente preparada para reconhecer inúmeras especificidades (OLIVEIRA;

POKER, 2002).

O que antes era desenvolvido individualmente para pessoas com

necessidades especiais, passa a ser realizado em conjunto, combatendo o

preconceito imposto pela sociedade (NORONHA; PINTO, 2011).

Segundo Mantoan e Marques (1997) na escola em que a inclusão social é

praticada, alunos e professores aprendem juntos a respeitar as diferenças,

construindo uma sociedade mais justa.

3.2 EDUCAÇÃO INCLUSIVA E O ENSINO DE BIOLOGIA

O estudo de Biologia explica os processos biológicos da vida, trazendo

para os alunos respostas ligadas aos acontecimentos do dia- a- dia. O conhecimento

sobre ciências é indispensável para que a sociedade se desenvolva, é o caminho

mais eficiente para resolução de muitos problemas da humanidade (COSTA apud

VALE, 1998).

Para Costa (apud KRASILCHIK, 2004), atualmente no ensino brasileiro a

formação biológica deve fazer com que os indivíduos compreendam os conceitos

biológicos e sua importância juntamente com a tecnologia na vida contemporânea, e

que todo esse conhecimento seja utilizado para tomar decisões, sejam elas coletivas

ou individuais.

3.3 DEFICIÊNCIA VISUAL E AUDITIVA

A visão é um dos principais sentidos, o que permite a percepção de

tamanhos, cores e formas, e é um elo de ligação para os outros sentidos. A cegueira

afeta de modo grave ou irremediável esse sentido, podendo ser congênita (desde o

nascimento) ou adquirida (ocasionada por causas orgânicas ou acidentais) (SÁ;

CAMPOS; SILVA, 2007).

A baixa visão ou Ambliopia é a redução das informações que o indivíduo

recebe do ambiente, diminuindo fatores importantes para o conhecimento do mundo

exterior, em alguns casos observa-se o movimento involuntário dos olhos

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(nistagmo). Uma pessoa com baixa visão apresenta oscilação da visão, o que é

bastante angustiante (SANTOS; MANGA, 2009).

Os conteúdos escolares necessitam da visualização, em um universo de

símbolos, gráficos, imagens, letras e números, dessa forma, é preciso descobrir e

inventar atividades pedagógicas condizentes com as necessidades visuais dos

alunos (SÁ; CAMPOS; SILVA, 2007).

A compreensão estar diretamente ligada aos recursos didáticos utilizados

pelo professor e se tratando de alunos com deficiências visuais, esses recursos

devem estar ligados e adaptados para o bom desenvolvimento do aluno, dessa

forma o professor precisa desenvolver metodologias que favoreçam o

desenvolvimento deste aluno e que o mesmo esteja em ambientes motivadores e de

acordo com suas necessidades sendo esse o desafio da Inclusão Escolar (VAZ et

al., 2012).

Pereira (2005) afirma que ainda há uma disparidade no convívio do

professor com o seu aluno sem deficiência e seu aluno deficiente visual, ressaltando

que essa desigualdade ainda está longe de ser solucionada.

Pode-se conceituar surdez como a perda da capacidade de ouvir, ou a

incapacidade de compreender a fala humana e outros sons. Assim, a comunicação

deve ser feita através de gestos e expressões corporais para que haja a

compreensão por parte do deficiente auditivo (INÁCIO apud SKLIAR, 1998).

A surdez não irá comprometer o intelecto do aluno, nem diminuir a sua

capacidade de aprender, mas pode ter problemas emocionais com alteração de

aprendizado, insatisfação e solidão (DEUS, s/d).

Afirma Inácio (apud GOLDFELD, 2001) que a linguagem proporciona

trocas culturais, uma vez que o homem está inserido num contexto social,

evidenciando que a linguagem é um fator linguístico e cultural.

3.4 LIBRAS E BRAILLE

A LIBRAS é a língua de sinais das pessoas surdas e para cada

comunidade de surdos existem diferentes línguas de sinais. A LIBRAS é formada

por um conjunto finito de gestos que apresentam categorias gramaticais

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semelhantes às línguas orais e que organizados formam as frases (KARNOPP;

QUADROS, 2001).

A regulamentação da Lei nº 10.436/2002, através do Decreto-Lei nº

5.626/2005, proporcionou uma revisão nos estudos e procedimentos a respeito do

ensino da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS – no contexto educacional do nosso

país. Novos profissionais surgiram no cenário educativo: o professor de LIBRAS e o

Intérprete de Língua de Sinais, como figuras imprescindíveis para que o acesso aos

conhecimentos fosse possível aos alunos surdos usuários da LS (BASSO;

STROBEL; MASUTTI, 2009).

O Sistema Braille é uma forma de leitura em relevo para pessoas cegas, é

universal e foi criado na França em 1825 por Louis Braille. Esse sistema proporciona

a leitura e a escrita para pessoas cegas, estando organizado em seis pontos em

relevo que podem formar mais de cinquenta símbolos (SENAI, 2007).

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4 METODOLOGIA

4.1 TIPO DE PESQUISA

Tratou-se de uma pesquisa exploratória e descritiva com abordagem do

tipo qualitativa. Segundo Gil (2008), pesquisas exploratórias são desenvolvidas para

proporcionar uma visão geral, para aproximar o pesquisador do fato. Pesquisas

descritivas têm como objetivo a descrição de determinadas características ou o

estabelecimento de relações entre variáveis.

Para Godoy (1995), numa pesquisa do tipo qualitativa, o pesquisador vai

a campo objetivando captar o fato a partir das reações das pessoas nele envolvidas.

4.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA

A população do estudo foi composta pelos alunos regularmente

matriculados na Escola de Ensino Médio Liceu de Iguatu – Dr. José Gondim.

Segundo dados fornecidos pela escola, estão matriculados 962 alunos distribuídos

nos turnos matutino e vespertino.

Para seleção da amostra, utilizamos como critério selecionar as salas de

aula com o maior número de alunos com necessidades especiais. Nesse sentido, a

amostra foi composta por duas turmas do 1º ano do Ensino Médio (1º C – matutino e

1º G – vespertino) que foram indicadas pela direção da escola como sendo as que

apresentavam o maior número de alunos deficientes: 04 em cada sala.

4.3 LOCAL DE ESTUDO

O presente estudo foi realizado na Escola de Ensino Médio Liceu de

Iguatu Dr. José Gondim, localizada na Rua 25 de Março s/n, no bairro Brasília,

Iguatu/CE. A escola oferece Ensino Médio regular e atende a uma clientela oriunda

da zona rural e urbana, com níveis socioeconômicos baixos. O processo de inclusão

iniciou-se no ano de 2009 recebendo apenas 01 aluno surdo e atualmente a escola

recebe 13 alunos com necessidades especiais, sendo 07 com deficiência auditiva e

06 com deficiência visual. A escola foi escolhida por trabalhar com uma grande

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20

quantidade de jovens deficientes visuais e auditivos e também por apresentar em

seu corpo docente uma professora deficiente visual.

4.4 COLETA DOS DADOS

Os dados foram coletados através da observação, uma técnica de coleta

de dados para conseguir informações de determinados aspectos da realidade. A

observação faz com que o observador esteja em um contato mais direto com a

realidade, permite a coleta de dados sobre um conjunto de atitudes

comportamentais e possibilita meios diretos e satisfatórios para estudar uma ampla

variedade de fenômenos (MARCONI; LAKATOS, 2003).

Nesse trabalho utilizou-se a observação não participante onde o

observador participa apenas como expectador, devendo se abster de todo e

qualquer contato com os sujeitos observados. Esse método possui como principal

vantagem a obtenção de uma informação rica na presença direta do observador com

o fenômeno observado (ESTRELA, 1994).

As observações foram realizadas semanalmente, nos meses de setembro

e outubro, de acordo com os horários das aulas de Biologia. Foram realizadas 20

observações, sendo 10 em cada sala. Para auxiliar na coleta dos dados foi utilizada

uma ficha de observação (APÊNDICE A) que contém os principais aspectos para

registro.

4.5 ANÁLISE DOS DADOS

Após a observação, os dados foram analisados e descritos de acordo

com as informações contidas na ficha de observação, nas imagens e anotações

feitas. Foi relatado como as aulas ocorreram, a didática usada pelo professor, o

comportamento dos alunos deficientes em relação ao conteúdo de Biologia, a

interferência dos outros alunos da sala e as maiores dificuldades. Para melhor

compreensão, os alunos com deficiência visual foram reportados ao longo do texto

como V1, V2,...; por outro lado, os alunos com deficiência auditiva, por A1, A2,... Ao

final, foi feita uma comparação dos dados entre o andamento das aulas nas salas

acompanhadas.

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21

4.6 ASPETOS ÉTICOS E LEGAIS DA PESQUISA

A pesquisa está de acordo com o que preceitua a resolução 196/96 do

Conselho Nacional de Saúde, que estabelece as diretrizes e normas

regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos (BRASIL, 1996b).

As observações realizadas na escola ocorreram mediante autorização por

escrito da diretora da escola de Ensino Médio Liceu de Iguatu – Dr. José Gondim,

Cláudia Medeiros, através de um Termo de Autorização (APÊNDICE B). Além disso,

como já evidenciado no item anterior, foi preservado o anonimato.

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22

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 CARACTERIZAÇÃO DAS SALAS

Cada sala de aula, foco da pesquisa é formada por trinta e cinco alunos,

conforme os dados coletados no SIGE e têm faixa etária entre quatorze e dezesseis

anos e os alunos são oriundos da zona rural e urbana.

No 1º ano C estão matriculados 03 alunos com deficiência auditiva (02 do

sexo feminino e 01 do sexo masculino) e 01 com deficiência visual (sexo feminino); e

no 1º ano G, estão matriculados 03 alunos com deficiência visual (02 do sexo

feminino e 01 do sexo masculino) e 01 deficiente auditivo (sexo feminino). Uma das

deficientes visuais do 1º G apresenta baixa visão, que pode ser definida como o

comprometimento da visão em ambos os olhos, mas não de forma total, com

percepção da luz, podendo ser causada por processos patológicos ou cerebrais

(NAPNE, 2009). Para a leitura, a aluna V1, faz uso da lupa, que é um instrumento de

ampliação para a leitura, proporcionando ao deficiente visual a possibilidade de

leitura (SÁ; CAMPOS; SILVA, 2007).

As salas de aula que recebem os alunos com deficiência visual estão

posicionadas de maneira que o aluno venha a ter facilidade para se locomover

dentro da escola. Em todo o percurso para chegar até os banheiros, cantina e

bebedouro existem pisos táteis (linhas-guias) para que o aluno cego possa se situar

e chegar até eles de forma mais independente, sendo tal procedimento de suma

importância para esses alunos. Sá (2006) defende essa ideia afirmando que as

atividades escolares, profissionais e de vida diária das pessoas cegas ou com baixa

visão tornam-se mais fáceis de serem realizadas quando existem meios que

facilitam o seu desenvolvimento. Deve existir acessibilidade para alunos com

deficiências, eliminando barreiras físicas, assim como barreiras na informação

(BRASIL, 2007).

Os alunos deficientes visuais são, em sua maioria, alfabetizados pelo

Sistema Braille, alguns deles aprenderam a técnica em outras instituições, ainda

durante o Ensino Fundamental, mas alguns aprenderam mais recentemente, já no

Ensino Médio, em horários de contra turno nas salas de Atendimento Especial

Especializado – AEE. As salas de AEE organizam recursos pedagógicos e de

acessibilidade, complementar e/ou suplementar a formação do aluno, apoia o

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desenvolvimento do aluno com deficiência, disponibiliza o ensino de linguagens e de

códigos específicos de comunicação e sinalização (BRASIL, 2008).

Na sala de AEE o aluno tem todo o apoio necessário para um bom

desenvolvimento escolar, nela estão presentes vários profissionais capacitados e

aptos para trabalhar com jovens deficientes especiais, dentre esses profissionais

está presente uma professora também deficiente visual, que recebe esses alunos e

os ensina o Sistema Braille, nesse espaço são transcritas para o Sistema Braille as

avaliações desses alunos. Na sala de AEE os alunos aprendem a assinar o próprio

nome, para isso utilizam o Assinador, aparelho usado como guia para que a pessoa

cega possa escrever em letra comum o próprio nome para assinar documentos,

cheques, dentre outros (PUC- MINAS GERAIS, s/d). Para escrever no caderno eles

utilizam a grade, que é definida por como uma peça de metal com dobradiças do

lado esquerdo para que possa ser aberta, dentro das grades existem orifícios

retangulares chamados de Celas (SENAI, 2007).

Ainda nas salas de AEE, os alunos aprendem a utilizar os computadores

pelo sistema Dosvox, que é um sistema de microcomputadores PC que guia o

indivíduo pela voz. O sistema foi desenvolvido em 1993 pelo professor Antônio

Borges com a finalidade de fazer com que o seu aluno Leonardo Pimentel

conseguisse usar o computador e melhorar seus estudos (SOUZA; FREITAS, 2010).

Com os alunos deficientes auditivos, a situação se repete: alguns já

chegaram ao Ensino Médio compreendendo a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS),

outros ainda apresentam algumas dificuldades e recebem auxilio nas salas de AEE.

Trevisan (2008) salienta que os alunos que têm um contato tardio com a LIBRAS

têm defasagem do conhecimento, não conseguindo entender palavras complexas,

dificultando a aprendizagem.

Durante o período de contra turno os alunos com necessidades especiais

visuais recebem aulas de reforço nas salas de AEE, lá tiram suas dúvidas e têm

todo apoio de vários profissionais especializados, tais especializações são:

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5.2 A INTERAÇÃO ENTRE OS ALUNOS COM DEFICIÊNCIAS E OS DEMAIS

ESTUDANTES DA SALA

Durante as observações, verificou-se que os alunos deficientes visuais

tiveram o apoio dos colegas de sala para a leitura dos conteúdos do livro didático

bem como para as demais leituras necessárias durante as aulas, uma vez que esses

materiais, principalmente o livro didático, não apresenta uma versão em Braille. É

essencial que o aluno deficiente visual receba o seu material de acompanhamento

das aulas de todo ano letivo na versão em Braille, assim a aprendizagem fluiria

melhor.

O Decreto 7.611 de 17 de novembro de 2011, ressalta a importância de

materiais didáticos para a Educação Inclusiva no país. Em seu artigo 5º afirma que a

União prestará apoio técnico e financeiro aos sistemas públicos de ensino dos

Estados, Municípios e Municípios e Distrito Federal, e a instituições comunitárias,

confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, com a finalidade de ampliar a

oferta do atendimento educacional especializado aos estudantes com deficiência,

transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação,

matriculados na rede pública de ensino regular (BRASIL 2011).

Observou-se também que para a resolução dos exercícios de fixação e

para a apresentação de um seminário, os alunos deficientes visuais contaram com o

auxílio dos colegas. Se todos os materiais de estudo estivessem a sua versão em

Braille e esses materiais permanecessem na sala de aula, não estando dispostos

apenas nas salas de AEE os alunos não precisariam estar sempre na companhia do

colega para realizar suas atividades e exercícios de fixação poderiam ser resolvidos

pelo aluno em casa. Além disso, os alunos com deficiência visual poderiam

acompanhar as aulas nos momentos de leitura, isso facilitaria bastante a

compreensão dos assuntos estudados e ainda faria com que o estudante

participasse das aulas de forma mais efetiva. Nunes e Lomônaco (2010) defende

que a adequação de materiais em Braille garante que o jovem deficiente visual tenha

acesso às mesmas informações que os outros alunos têm, não ficando em

desvantagem.

Verificou-se também que os alunos com deficiência visual estão sempre

em contato (em sala de aula, durante os intervalos e no horário do lanche) com

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algum aluno na qual têm maior afinidade, aumentando assim a desenvoltura do

aluno deficiente visual em suas atividades e proporcionando uma interação maior

com os outros alunos da sala e também de toda a escola.

Quanto aos alunos com deficiência auditiva, percebeu-se claramente que,

diferente do observado com os alunos com deficiência visual, o auxílio/ajuda que os

deficientes auditivos recebem para a realização de suas atividades não ocorre a

partir dos seus colegas de sala já que, em sua enorme maioria, esses não dominam

a LIBRAS. Por outro lado, nesse caso, notou-se nas observações a presença

constante do intérprete, o que auxilia bastante esses alunos uma vez que os

professores não são habilitados em LIBRAS. O intérprete é o profissional fluente em

LIBRAS e Língua Portuguesa que consegue traduzir para essas duas formas de

comunicação o que é repassado pelo professor ou pelo aluno deficiente auditivo,

sendo esses profissionais de suma importância para a inserção do aluno surdo em

salas de aula (DAMÁZIO, 2007).

Tudo o que acontece na sala é transmitido para o aluno surdo pelo

intérprete, seja conteúdo, informes da direção, reclamações dos professores, etc.

Vale ressaltar ainda que alguns alunos da sala buscaram um conhecimento em

LIBRAS através de cursos em outras instituições ou durante a convivência com os

intérpretes e, dessa forma, puderam, mesmo que de forma incipiente, aumentar a

comunicação com os estudantes surdos, tornando-os um pouco mais independentes

dos interpretes para se comunicar. É importante frisar que a presença do intérprete

na sala de aula pode trazer algum desconforto para os professores, sentindo-se

vigiados ou incapazes de ministrar as suas aulas sozinho.

Aspecto importante a se reportar é o fato dos professores não serem

habilitados em LIBRAS fato que dificulta e empobrece a comunicação

aluno/professor tão essencial. A Língua Brasileira de Sinais não é somente para

mera comunicação entre professores e alunos, mas sim o que irá dar significado a

todo o conteúdo ministrado, é o que defende Feltrini (2009). O professor fluente em

LIBRAS seria a pessoa mais apropriada para trabalhar com jovens deficientes

auditivos, assim os intérpretes não seriam necessários e não existiriam barreiras

para a comunicação em sala de aula (DAMÁZIO, 2007).

De uma forma geral, constatou-se que a maior parte dos alunos da sala

não faz distinção entre os colegas deficientes, interagindo com eles normalmente e

ajudando-os, na medida do possível, no desenvolvimento de suas tarefas diárias,

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tendo a consciência que esses jovens deficientes já apresentam grandes obstáculos

e assim necessitam da ajuda deles para conseguir acompanhá-los.

Alguns alunos da sala se referem aos colegas com necessidades

especiais de maneira maldosa, com o uso de apelidos. Essa falta de respeito com os

colegas que apresentam necessidades especiais é reflexo da falta de projetos

desenvolvidos dentro da escola que sensibilizem esses estudantes, expondo para

eles a importância de tratar todos com igualdade e respeito.

Os jovens com deficiências especiais já enfrentam grandes barreiras e a

falta de apoio dos colegas, professores e toda a gestão da escola pode desmotivá-

los, fazendo com que desistam dos estudos. Dessa forma, os pais desses

estudantes devem estar atentos em relação ao convívio de seus filhos com os outros

alunos da escola, o andamento de suas atividades e o aprendizado de modo geral.

5.3 METODOLOGIAS DE ENSINO E OS ALUNOS COM DEFICIÊNCIAS

Os conteúdos foram ministrados pelo método tradicional, apenas com o

auxílio do quadro, pincéis e livro didático, não trazendo uma metodologia nova e

diferenciada, tais como maquetes, vídeos traduzidos em LIBRAS ou textos em

Braille, o que facilitaria a aprendizagem dos alunos com deficiência.

Camargo, Nardi e Veraszto (2008) ao estudar o comportamento dos

professores e seus alunos com deficiências detectou que materiais tocáveis como as

maquetes configuram as estruturas mencionadas nos conteúdos, fazendo com que

os significados sejam formulados por alunos cegos e de baixa visão. Se os alunos

dispusessem desses materiais durante as aulas se sentiriam mais amparados pela

escola, percebendo que a instituição deu a devida importância para as suas

deficiências e teriam uma maior aprendizagem. Dessa forma fica evidente um

despreparo por parte de toda a escola e órgãos competentes em se adequar às

necessidades dos alunos deficientes.

As aulas de campo podem ajudar os alunos com deficiência visual,

melhorando a percepção da natureza,

Os estudos realizados por Nunes (2010) destacaram alguns pontos que

dificultam a aprendizagem dos alunos cegos nas escolas Brasileiras: a falta do

preparo do professor, a falta de recursos e a falta de conhecimento da capacidade

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do aluno cego. Ressaltando a falta de materiais para se trabalhar com alunos

deficientes visuais Monte Alegre (2003) afirma ser injusto esses alunos serem

educados por professores principiantes, sem preparo.

Ao ministrar “PROTEÍNAS” no 1º ano G (turno vespertino) o professor do

buscou várias formas de simplificar o conteúdo e facilitar a aprendizagem para os

estudantes deficientes visuais, aproximando-se várias vezes desses alunos e

utilizando pinceis ou as mãos para demonstrar através do tato algumas formas das

proteínas e a junção da enzima com o substrato (APÊNDICE C). Para explicar

sobre as proteínas, levar alguns alimentos para a sala facilita a aprendizagem de

todos os alunos, inclusive dos que apresentam necessidades especiais. Tocar os

alimentos com seus formatos e texturas ajuda o deficiente visual a fixar a informação

transmitida pelo professor e ao ver os alimentos, os alunos deficientes auditivos

memorizam a imagem, associando-a ao conteúdo.

Objetos improvisados para explicar algo ao aluno deficiente visual nem

sempre irão transmitir da mesma forma que um objeto feito exclusivamente para

aquilo, com todas as estruturas necessárias ficando tudo muito imaginário para o

aluno.

Os alunos afirmaram ter compreendido o que o professor queria

transmitir, mas terá mesmo o aluno compreendido da forma correta? Pensando

dessa forma Santos e Manga (2009) afirmam que modelos tridimensionais ou em

alto relevo são usadas como complemento do aprendizado, fortalecendo o

aprendizado, uma vez que a manipulação desses materiais melhora a compreensão

do conteúdo estudado. Ainda afirma que a diferença na textura e tamanhos desses

modelos, além das legendas em Braille são primordiais para o aprendizado de

estudantes com deficiência visual.

Com relação aos alunos deficientes auditivos, na maioria das ocasiões,

eles tiraram suas dúvidas diretamente com o intérprete da sala, uma vez que o

professor não apresentava domínio em LIBRAS. Os alunos deficientes auditivos

ficam em sala como se fossem responsabilidade única e exclusiva do intérprete,

ficando o professor muito alheio a eles. Damázio (2007) destaca que o intérprete

está na sala de aula para mediar a comunicação e não facilitador da aprendizagem,

destaca ainda que o interprete não é o tutor do aluno e o professor não deve deixar

o aluno surdo totalmente dependente do intérprete.

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28

No 1º ano C toda a sala apresentou seminário, mas alguns alunos se

mostraram despreparados e inseguros em relação aos conteúdos. Na equipe onde

se falou sobre GLICÍDIOS, a aluna deficiente visual teve grande destaque, onde

falou por alguns minutos, tendo boa postura, com desenvoltura para falar em público

e também um bom entendimento do assunto, não se mostrou nervosa em nenhum

momento, o que levou a professora a elogiá-la várias vezes. A professora pareceu

surpresa com a atuação da aluna V1, como se ainda não conhecesse tal

comportamento. Na equipe que falou sobre LIPÍDIOS estavam os três alunos

deficientes auditivos da sala, eles mostraram entender do assunto, mas estavam

bastante envergonhados, por estarem de pé à frente da sala repassando o assunto

para os demais colegas. Em alguns momentos eles olhavam para o intérprete como

se pedissem ajuda para explicar, como se o intérprete fosse um refúgio para eles,

demonstrando total confiança no profissional. Conforme explicavam, o intérprete

traduzia para toda a sala, os outros colegas da sala ficaram quietos, parecendo

concordar e estarem curiosos com o que a equipe explicava.

Vários exercícios de fixação foram resolvidos individualmente, os alunos

deficientes visuais sentaram-se em dupla com outro colega da sala para que as

perguntas fossem lidas, uma vez que o livro didático não apresenta uma versão em

Braille, logo em seguida respondiam às questões nos seus cadernos em Braille. Os

estudantes que formavam as duplas com os deficientes visuais pareciam gostar de

estar ali, ajudando o colega a desenvolver suas tarefas, eles liam lentamente e

repetiam caso fosse solicitado pelo aluno deficiente visual. A aluna deficiente visual

com baixa visão V1, carrega sempre consigo uma lupa, para tentar fazer alguma

leitura, mas na maioria das vezes recorreu aos colegas para ouvir a leitura. Os

deficientes auditivos tiveram algumas dúvidas em relação às páginas e quais

questões eram para serem resolvidas, essas dúvidas foram tiradas pelo intérprete

da sala. Dúvidas sobre o conteúdo das atividades também existiram e o intérprete

buscava esclarecer da melhor forma, não necessariamente sabiam as respostas,

apenas explicavam o que cada questão pedia.

Em outro momento foi feita uma dinâmica (1º C) onde a sala foi dividida

em seis grupos, cada grupo com um ou dois alunos deficientes. A dinâmica foi uma

revisão do conteúdo “A ORIGEM DA VIDA”, que havia sido ministrado em aulas

anteriores, o professor fazia as perguntas e os grupos tinham que simultaneamente

levantar “plaquinhas” com a resposta correta, no grupo vencedor havia uma aluna

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deficiente auditiva (A1) que ajudou a responder às perguntas, tudo isso aconteceu

com a ajuda da intérprete da sala.

5.4 A INTERAÇÃO ENTRE OS PROFESSORES E OS ALUNOS COM

DEFICIÊNCIAS

Os professores buscaram formas para interagir com os alunos deficientes,

aproximando-se deles, mas mantiveram-se sempre mais próximos dos alunos

deficientes visuais, tentando repassar o conteúdo por meio do improviso, de forma

superficial. Como ressalta Pereira (2005), a didática entre o aluno deficiente visual

e o professor, ainda não se equipara com a didática entre o aluno normovisual e o

professor, não se tratando de má vontade do professor, mas mostrando a

dificuldade de fazer a “Escola Inclusiva” acontecer.

A comunicação entre os professores e os alunos deficientes auditivos foi

bem menor, talvez pela presença do intérprete, ou pelo despreparo para trabalhar

com os alunos deficientes auditivos, o professor não transmitiu a devida atenção

para esses alunos ou na maioria das vezes essa comunicação não teve êxito,

ficando assim para os intérpretes a comunicação com os alunos deficientes

auditivos. A comunicação é uma grande barreira enfrentada pelo professor quando

recebe em sua sala um aluno deficiente auditivo. O primeiro pensamento é na

maioria das vezes: “não sei lidar com ele”, “não estou preparado para trabalhar com

ele”. A falta de conhecimento em Libras impede a interação e a falta de

conhecimento, podendo levar até à exclusão desses alunos (DEUS, s/d).

Em uma das aulas o aluno A1 questionou sobre os tipos de diabetes, e o

professor sem entender o que o aluno tentava perguntar, pediu a ajuda do intérprete

que o ajudou a responder à pergunta. Algumas vezes a professora do 1º ano C

tentou se comunicar diretamente com os alunos deficientes auditivos A1, A2 e A3,

mas todas às vezes os intérpretes tiveram que intervir para que a comunicação

fluísse.

Em alguns momentos os funcionários da direção da escola

compareceram nas salas para dar a informes, algumas dúvidas surgiram por parte

dos alunos deficientes auditivos e os funcionários tiveram que pedir ajuda aos

intérpretes para entender o que os discentes perguntavam. Em todos os momentos

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de informes os alunos deficientes visuais mantiveram-se quietos, mas demonstrando

atenção, procurando por meio da voz, identificar onde o funcionário se encontrava

na sala.

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6 CONCLUSÃO

O processo de inclusão de alunos com deficiências especiais na escola

de Ensino Médio Liceu de Iguatu Dr. José Gondim ainda é incipiente, necessitando

de maior atenção e investimento por parte do poder público, dos gestores para

aquisição de materiais adequados para tais deficiências e utilização de novas

tecnologias que auxiliem o ensino de Biologia, promovendo a excelência da

aprendizagem.

Alguns pontos que nos levaram a essa conclusão podem ser destacados:

primeiro, a metodologia desenvolvida nas aulas de Biologia ainda apresenta grandes

falhas, devido a falta de recursos pedagógicos especializados para esses alunos

com Necessidades Especiais; segundo, os professores necessitam de cursos de

capacitação e aprendizagem continuada, para se tornar aptos a lidar com os

diversos tipos de alunos e suas necessidades especificas, na busca de uma

educação igualitária; terceiro, a metodologia desenvolvida nas aulas de Biologia

ainda apresenta grandes falhas, devido a falta de recursos pedagógicos

especializados para esses alunos com Necessidades Especiais.

Dessa forma, conclui-se que a Educação Inclusiva ainda tem um longo

caminho a percorrer e que todos nós, professores, somos responsáveis por tornar

esse caminho mais tranquilo e menos tortuoso.

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Professores para o Atendimento Educacional Especializado Deficiência Visual. SEESP / SEED / MEC, Brasília/DF, 2007. SANTOS, C. R.; MANGA, V. P. B. B. Deficiência visual e ensino de Biologia: pressupostos inclusivos. Revista FACEVV. Vila Velha, n. 3, p. 13-22, Jul./Dez. 2009. SENAI. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional. Curso de capacitação da escrita do sistema Braille para docentes do SENAI: manual e cadernos. Brasília: SENAI/DN, 2007. SKLIAR, C. A surdez: Um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Dimensão, 1998. SOUZA, E. R. de.; FREITAS, S. F. de. Avaliação de usabilidade do sistema Dosvox na interação de cegos com a Web. Arcos Design, v. 5, p. 1-14, 2010. TREVISAN, P.F.F. Ensino de Ciências para Surdos através de Software educacional. 2008. Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino de Ciências na Amazônia)- Universidade do Estado do Amazonas, Manaus, 2008. VALE, J. M. F. do. Educação científica e sociedade. In: NARDI, R. (Org.). Questões atuais no ensino de ciências. São Paulo: Escrituras, 1998. p. 1-7. VAZ, J. M. C.; PAULINO, A. L. de S.; BAZON, F. V. M.; KIILL, K. B.; ORLANDO, T.C.; REIS, M.X. dos.; MELLO, C. Material Didático para Ensino de Biologia: Possibilidades de Inclusão. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências / Associação Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, v.12, n. 3, Set./Dez., Rio de Janeiro: ABRAPEC, 2012.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A – FICHA DE OBSERVAÇÃO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

FACULDADE DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E LETRAS DE IGUATU

CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

SALA: ________________ DATA:________________ TURNO: _______________

CONTEÚDO: __________________

Nº DE ALUNOS PRESENTES: _______________

Nº DE DEF. VISUAIS: ____________________ Nº DEF. AUDITIVOS: __________

1. RECURSOS UTILIZADOS PELO PROFESSOR:

a) Somente quadro e pincel ( )

b) Data show ( )

c) O professor expôs a aula oralmente ( )

Obs. _______________________________________________________________

2. HOUVE USO DO LIVRO DIDÁTICO?

a) sim ( ) b) não ( )

Obs. _______________________________________________________________

3. A AULA FLUIU NATURALMENTE?

a) sim ( ) b) não ( )

Obs. _______________________________________________________________

4. O PROFESSOR USOU ALGUMA METODOLOGIA DIFERENCIADA?

a) sim ( ) b) não( )

Obs. _______________________________________________________________

5. OS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA FIZERAM PERGUNTAS?

a) sim ( ) b) não ( )

Obs. _______________________________________________________________

6. OS ALUNOS DEFICIENTES DEMONSTRARAM ESTAR ENTENDENDO O

ASSUNTO D A AULA?

a) sim ( ) b) não ( )

Obs. _______________________________________________________________

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7. OS INTÉRPRETES PEDIRAM AJUDA AO PROFESSOR?

a) sim ( ) b) não ( )

Obs. _______________________________________________________________

8. AO EXPOR O CONTEÚDO, O PROFESSOR SE APROXIMOU MAIS DE ALGUM

ALUNO DEFICIENTE?

a) sim ( ) b) não ( )

Obs. _______________________________________________________________

9. O PROFESSOR DEMONSTROU SEGURANÇA AO EXPOR O CONTEÚDO

PARA OS ALUNOS?

a) sim ( ) b) não ( )

Obs. _______________________________________________________________

10. OS ALUNOS DEFICIENTES SÃO TRATADOS COM INDIFERENÇA PELOS

COLEGAS?

a) sim ( ) b) não ( )

Obs. _______________________________________________________________

11. OS DEMAIS ALUNOS DEMONSTRAM AFETO AOS COLEGAS

DEFICIENTES?

a) sim ( ) b) não ( )

Obs. _______________________________________________________________

12. OS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA SE COMUNICAM FACILMENTE COM O

PROFESSOR?

a) sim ( ) b) não ( )

Obs. _______________________________________________________________

13. OS PROFESSORES CONSEGUEM RESPONDER ÀS PERGUNTAS FEITAS

PELOS ALUNOS DEFICIENTES?

a) sim ( ) b) não ( )

Obs. _______________________________________________________________

14. AS DEFICIÊNCIAS DOS ALUNOS SÃO MENCIONADAS DURANTE AS

AULAS?

a) sim ( ) b) não ( )

Obs. _______________________________________________________________

15. HOUVE ALGUMA FORMA DE AVALIAÇÃO DURANTE A AULA?

a) sim ( ) b) não ( )

Obs. _______________________________________________________________

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APÊNDICE B – TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA REALIZAÇÃO DA PESQUISA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

FACULDADE DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E LETRAS DE IGUATU

CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Eu, Sabrina Assunção de Oliveira Nobre, estudo com o intuito de realizar um

levantamento sobre como se desenvolve o ensino-aprendizagem na disciplina de

biologia para jovens com deficiências especiais na Escola de Ensino Médio Liceu de

Iguatu Dr. José Gondim.

O referido trata-se de um estudo qualitativo que tem como finalidade colher

informações a cerca das ações realizadas por essa instituição com o intuito de

observar como o conteúdo de biologia é ministrado para jovens com deficiências

especiais, fazendo um levantamento das dificuldades enfrentadas por docentes e

alunos e assim poder sugerir outras metodologias de ensino. Desse modo

solicitamos, por meio deste, a autorização para a realização da pesquisa, intitulada

“MÉTODOS E PRÁTICAS DO ENSINO DE BIOLOGIA PARA JOVENS ESPECIAIS

NA ESCOLA DE ENSINO MÉDIO LICEU DE IGUATU DR. JOSÉ GONDIM.”

Coordenação do Curso de Ciências Biológicas da Faculdade de Educação, Ciências

e Letras de Iguatu.

Eu, _________________________________ nº RG__________________________

ciente das informações recebidas, concordo com a coleta de dados da pesquisa

intitulada “MÉTODOS E PRÁTICAS DO ENSINO DE BIOLOGIA PARA JOVENS

ESPECIAIS NA ESCOLA DE ENSINO MÉDIO LICEU DE IGUATU DR. JOSÉ

GONDIM”. A pesquisa será realizada sob a responsabilidade de Sabrina Assunção

de Oliveira Nobre, graduanda do Curso de Ciências Biológicas, da Faculdade de

Educação, Ciências e Letras de Iguatu – FECLI, informo ao Coordenador Fernando

Roberto Ferreira da Silva de que, em nenhum momento, a instituição estará exposta

a riscos causados pela liberação do estudo.

Estou ciente também de que os resultados encontrados no estudo serão usados

apenas para fins científicos. Fui informado de que a instituição não terá nenhum tipo

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de despesa ou gratificação pela referida participação, e que a não participação não

acarretará qualquer prejuízo no seu direito a receber assistência nessa instituição.

Ainda informo-lhe que os dados serão apresentados ao Curso de Ciências

Biológicas da Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Iguatu, podendo ser

utilizado também em eventos científicos, mas não mencionarei seu nome, pois este

será preservado, ficando em sigilo a identidade do participante.

Caso precise entrar em contato, informe-lhe que meu telefone é (88) 9600.7931.

_______________________________________

Sabrina Assunção de Oliveira Nobre

Tendo em vista, que fui satisfatoriamente informado sobre a pesquisa: MÉTODOS E

PRÁTICAS DO ENSINO DE BIOLOGIA PARA JOVENS ESPECIAIS NA ESCOLA

DE ENSINO MÉDIO LICEU DE IGUATU DR. JOSÉ GONDIM, realizada sob a

responsabilidade da pesquisadora Sabrina Assunção de Oliveira Nobre, concordo

em participar da mesma. Estou ciente de que meu nome não será divulgado e que o

pesquisador estará disponível para responder-me a quaisquer dúvidas.

Iguatu,________de ________________2013

___________________________________

Assinatura do participante

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APÊNDICE C – IMAGEM REVELANDO INTERAÇÃO PROFESSOR X ALUNO

DEFICIENTE