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Celso Cunha Lindley Cintra Terceira edição revista Nova Apresentação ti 17 ) A

Nova gramatica do portugues contemporâneo

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Nova gramatica do portugues contemporâneo - Celso Cunha

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  • 1. CelsoC u nhaL i n d l e y Ci ntraTerceira edio revista NovaApresentaoti 1 7 )A

2. Esta Gramtica uma descrio do por tugus atual em sua forma culta, ou seja, da lngua como a tm utilizado os escritores brasileiros, portugueses e africanos do Romantismo para c, com privilgio conce dido aos autores de nossos dias. Como pretende ela mostrar a superior unidade da lngua portuguesa dentro da sua natural diversidade, uma ateno particular foi dada s diferenas no uso entre as modalidades nacionais e regionais do idio ma, sobretudo as que se observam entre a variedade nacional europia e a americana. Houve uma preocupao no s de exa minar a palavra em sua forma e em sua funo, de acordo com os princpios da morfossintaxe, mas tambm de salientar e valorizar os meios expressivos do idioma, o que torna este livro, a um tempo, uma gra mtica e uma estilstica do portugus con temporneo. Termina a obra uma atualizada sntese dos problemas concernentes nossa versi ficao.SEMPRE UM BOM LIVRO3 8 5 -2 0 9 -1 1 3 7 -4 NEDITORA NOVA FRONTEIRA 3. Gramtica. Do grego, hi: gmmmatikb tkhne, a arte de ler e escrever, ou mais con temporaneamente, o estudo ou tratado que define a estrutura de uma lngua e estabelece regras de normatizao para o seu uso, e tambm assinala as transformaes que ocorCELSO CUNHA LUS F LINDLEY CINTRA .rem, durante o perodo de sua existncia, naquela estrutura a partir deste uso. Dos gregos aos gramticos e lingistas de hoje, no foram s a especificidade de uma palavra e as caractersticas de um saber que se alteraram profundamente, mas a prpria relao do homem com a lngua e sua maneira de pens-la. De uma gramtica que se confundia com a filosofia e buscava igualmente investigar a adequao dos nomes pela sua capacidade de traduzir a es sncia inteligvel dos seres e das coisas a queNova Gramtica do Portugus Contemporneocies se referiam, passou-se a uma cincia par ticularizada, que se voltou para um objeto espcdfico, determinado e delimitado, desen volveu mtodo e nomenclatura prprios, e se I,unificou em subdivises, como a morfolo gia, .1 lonologia e a sintaxe, para se tornar iiiml.i mais precisa. I asi evoluo cientfica compreendeu de liiiin.i abrangente o objeto estudado: identie classificaram-se todos os caracI..... ....... das lnguas, seus elementos puderam, i ui.m. let um nome especfico e o comporl.ilncniii, atravs da histria ou em registros ,| liinuagucm diferentes, avaliado. Mas, i iiiiiii partiSo da unidade lingstica,itiM V,,'ii.i ao conhecimento e fundamental , ui , 1 |inin'sso, deixou-se de reconhecer a tll0, halo, mato. I, I lAiiu >JBNTAis, formadas pela constrio do ar entre o lbio inferior e os den1 lt'N incisivos superiores. So as consoantes [f], [v ]: fa ca , vaca.'I llllllO dissemos, na pronncia normal de Portugal, do Rio de Janeiro e de alguns pontos do Brasil, a fricativa palatal surda [J] aparece em formas como trs e dez, e a IIHtOr |jj| em formas como desde e mesmo.1I1 uiNtil I 36. NOVA3.GRAMTICADOPORTUGUSCONTEMPORNEOL in g u o d e n ta is ( o u d o r s o d e n t a is ),FONTICAformadas pela aproximao do pr-E FONOLOGIA0 PAPEL DAS C A VIDA DES BUCAL E NASALdorso da lngua face interna dos dentes incisivos superiores, ou pelo contacto desses rgos. So as consoantes [s], [z ], [t], [d]: c i n c o , z i n co, ta r d o , d a r d o .4.Como as vogais, as consoantes podem ser o r a is [ - n a s a is ] o u n a s a is [ + n a Por outras palavras: na sua emisso, a corrente expiratria pode passar apenas pela cavidade bucal, ou ressoar na cavidade nasal, caso encontre abaixa do 0 vu palatino. s a is ] .(ou p i c o - a l v e o l a r e s ) , formadas pelo contacto da ponta da ln gua com os alvolos dos dentes incisivos superiores. So as consoantes [n],A lve o lar e sSo n a s a is as consoantes [m ], [n], [ji] : a m o , a n o , a n h o . Todas as outras so o r a is .[1], [r], [r]: n a d a , c a la , c a r a , c a r r o (na pronncia de certas regies de Portu gal e do Brasil).Observao: 5.P a l a t a is ,formadas pelo contacto do dorso da lngua com o palato duro, ouQuanto ao modo de articulao (bucal), as consoantes nasais so o c l u s i v a s [ - c o n tinuas]. Atendendo, no entanto, forte individualidade que lhes confere o seu trao nasal, costuma-se isol-las das outras oclusivas, tratando-as como classe parte.cu da boca. So as consoantes [J], [ 3 ], [A.], [ji]: a c h o , a jo , a lh o , a n h o .6.V ela r e s ,formadas pelo contacto da parte posterior da lngua com o palatomole, ou vu palatino. So as consoantes[ k ] , [ g ] , [ r ]: ca lo , g a lo , ra lo .Se considerarmos a zona em que se situam o contacto ou a constrio que caracterizam a consoante, a classificao com base nos traos distintivos ser a seguinte: 1. C o n s o a n t e s[ + a n t e r io r e s ] ,QUADRO DAS CONSOANTES Resumindo, podemos dizer que o conjunto das consoantes da lngua portllgliesa constitudo por dezenove unidades, cuja classificao se expe esquemitticamente no quadro seguinte:formadas na zona anterior da cavidade bucal:[p], [b], [f], [v], [m ], [t], [d], [s], [z], [n], [ 1], [r] e [r]; C o n s o a n t e s [ - a n t e r io r e s ],Lf], [3 ], Lp1>O r a isN asaisBUCAL E NASAL 2.P a p i l das cavidades[ - nasais][+ nasais]formadas na zona posterior da cavidade bucal:Constritivas[R];Modo de ARTICULAO[ - contnuas][+ contnuas]OclusivasOclusivas FricativasLateraisVibrantesformadas com a interveno da coroa , ou seja,[ - soantes][+ soantes] [+ soantes]do dorso (pr-dorso, mdio dorso) da lngua: [t], [d], [s], [z], [J], [3 ], [n],3.[ - laterais][+ laterais] [- laterais]C o n s o a n t e s [ + c o r o n a is ],Ip], [1], [A.], [r];P a p e l das 1ORD VOCAIS AS4.[-contnuas][-C o n so a n tesc o r o n a is ],formadas sem a interveno do dorso da lngua:[p], [b], [m ], [k], [g], [f], [v ],S urdasS onorasS urdasS o noras[+ anteriores][P ][b ]0 PAPEL DAS CORDAS V O CA ISM Enquanto as vogais so normalmente sonoras (s excepcionalmente apare ! ! | rSo[ - sonoras]sonoras[+as consoantes: [p], [t], [k], [f],sonoras]Ir I, Ir], [ r ], [m ], [n], [ji[.[s ],[J].as consoantes: [b], [d], [g], [v], [z], [3 ], [1], [,],; lab ioden tals [t anteriores][f ][V][s][ 2][~ coronais]cem ensurdecidas), as consoantes podem ser ou no produzidas com vibrao surdasS onoras[+ sonoras][m ][ - coronais]SoS onorasBilabiais[ r ],das cordas vocais.S onoras1- sonoras] [+ sonoras] [- sonoras] [+ sonoras] [+sonoras] [tsonoras] [Lliujuodentais lf+ anteriores]f iTl[+ coronais][t][d ] 37. 44NOVAGRAMTICADOP O R T U GU SCONTEMPORNEOFONTICAOrais [- nasais]Papel das cavidades BUCAL E NASAL[+ nasais][- contnuas]ARTICULAOPapelS urdasdasCORDAS VOCAIS-S onorasOclusivas FricativasLateraisVibrantes[- soantes][+ soantes] [+ soantes] l' contm uasJ [- laterais] [+ laterais] [- laterais] S urdasS onorasS onorasS o norassonoras] [+ sonoras] [ - sonoras] [ + sonoras] [+sonoras] [+sonoras]S onoras [+ sonoras]0)TJ rc 0 C ir o 0 U* N fOcoronais][l][r][n][-coronais]m[3 ][P][-alveo larm l t ip l a[r] mantm-se, no entanto,o Rio Grande do Sul. Uma realizaod orso-uvu larm l t ip l aocorre tambm porvezes em Lisboa e no portugus popular do Rio de Janeiro. Aponte-se, por fim, a realizaol in g u o p a l a t a lv e l a r iz a d a,que se observa na regio Norte de So Paulo,Sul de Minas e outras reas do Brasil7 e conhecida por r-caipira. Em Portugal caracterstica da fala popular de Setbal, no s a realizaov ib r a n t eu vu lardo rslaba, velarizada; a sua articulao aproxima-se, pelo recuo da lngua, de um [u]['alttu], m al ['m at]. Na pronncia normal do Rio de Janeiro e de vastas zonas do vocaliza-se, ou seja, transforma-se na semivogal [w [: a lto ['awtu], m al [m aw ]. AnuVelares anteriores]v ib r a n t eBrasil, por perder-se o contacto entre os rgos da articulao, o / final de slabaf [-por ser esta a sua pronncia mais corrente no portugus de Lisboa5e dorepresentando-se o ltimo por [1] e a consoante velarizada por [i]: lad o [lau ], altoanteriores],ou [w ]. Na transcrio fontica, costume distinguir este / do l inicial de slaba,Palatais[+ 3a n t e r io r3.a) Na pronncia normal do portugus europeu, a consoante / quando final de ,anteriores][+],[-mltiplo de rua, carro, como a do r simples de caro, andar.Alveolares [+c o r o n alvelar o uviva na maior parte de Portugal e em extensas zonas do Brasil, como, por exemplo,[+ contnuas]Oclusivas-Rio de Janeiro6. A antigaConstritivas Modo de2.a) Classificamos a vibrante forte ou mltipla [R] comoN a saisE FONOLOGIAcoronais][k ][R][g ]lam-se, deste modo, as oposies entre alto / auto, m al / m au. 4.a) N o portugus do Brasil, as consoantes t e d, antes de i vogal ou semivogal, sofrem a sua influncia e palatalizam-se em grau maior ou menor, conforme as re gies e at as pessoas de cada regio. Podem ser pronunciadas [t], [d], ou realizar-seObservaes:como africadas palatais [tf] e [d j]: noite ['nojti] ou ['n ojtfi], tio ['tiju] ou ['tfiju],l.a) Neste quadro, procuramos integrar a classificao por traos distintivos e ad ia ['d ija] ou ['d3ija], d io ['o d ju] ou ['od 3 ju], sede ['sedi] ou ['sed3 i].classificao tradicional de base articulatria. Para se fazer a anlise em traos distin tivos de qualquer som consonntico do portugus, bastar juntar os vrios traosA POSIO DAS CONSOANTESassociados no quadro sua classificao articulatria corrente. Por exemplo: as consoantes [p] e [b] sero analisadas deste modo: - contnua[b]- contnua- sonora+ sonora- nasalS em posio intervoclica possvel encontrar as dezenove consoantes portuguesas que acabamos de descrever e classificar. Noutras posies, o n mero de consoantes possveis reduz-se sensivelmente.- nasal+ anterior+ anterior- coronal- coronale as consoantes [1] e [A,], do seguinte: + contnua[A]+ contnua+ soante+ soante+ lateral+ lateral- nasal- nasal+ anterior- anterior+ coronal+ coronal* Pode-se dizer mesmo que a pronncia mais corrente no portugus normal contempor&neo, ao contrrio do que sucedia h poucos anos, segundo a descrio dos foneticistas. " l a pronncia normal do Rio de Janeiro e de extensas reas do pas. Sobre o assunto, leia-se a importante contribuio de Dinah Maria Isensee Callou: Variao e distribuio dii vibrante na fa la urbana culta do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 1979 (Tese de doutora do policopiada). 1 O professor Brian F. Head vem estudando, ultimamente, a vitalidade do r-caipira em vrias regies do Brasil. Leiam-se, a propsito, os seus trabalhos: O estudo do r-caipira 1 0 contexto social. Revista de Cultura Vozes: 67(8): 43-49, ano 67, 1973; Subsdios do 1 Alias prvio dos falares baianos para 0 estudo de um a variante dialetal controvertida (texto policopiado).45 38. NOVAGRAMTICADO P O R T U G U SC ONTEMPORNEOFONTICAAssim, em posio inicial de palavra, alm das consoantes o c l u s i v a s e s aparecem: das l a t e r a is , o [1 ]; das v ib r a n t e s , o [ r ] ou o[r]; das n a s a is , o [m] e o [n]. So casos isolados os de emprstimos, principalmente do espanhol, em que ocorrem [X] ou [p]: lhano, lham a, nhato.Ullitndo a semivogal antecede a vogal, od it o n g odiz-seE FONOLOGIAcrescente.Assim:f r ic a t iv a s ,Em posio final de slaba ou de palavra, s se encontram normalmente as consoantes: a) / a que correspondem as pronncias atrs mencionadas [i] ou [w ]; , b) r, a que corresponde, nas pronncias normais de Portugal e do Brasil, o [r] simples apical, algumas vezes perdido na pronncia popular brasileira, quan do em final absoluta; c) s ou z (esta s em final de palavra), a que correspondem, na pronncia nor mal de Portugal, na do Rio de Janeiro e de outras zonas costeiras do Brasil, as realizaes [J], em posio final absoluta ou se se lhes segue uma conso ante surda, e [3 ], se antepostas a uma consoante sonora. As grafias m e n nesta posio representam normalmente apenas a nasalidade da vogal anterior. Outras consoantes podem ainda aparecer em final de slaba ou de palavra, principalmente em formas cultas ou estrangeiras (por exemplo: ritm o, apto, club, chic). Manifesta-se, ento, particularmente no portugus do Brasil, uma tendncia para apoiar a sua articulao numa breve vogal epenttica ou paraggica (por exemplo: [ ntimu], [ apitu], [Tdubi], ['JikiJ. Paralelamente, possvel encontrar, em final absoluta de palavras cultas, a articulao picoalveolar da consoante n: abdm en , dlm en, regmen.|iiulDITONGOS s e m iv o g a l , o ude umas e m iv o g a l+ umad e c r e sc e n t e ssod ito n g o sestveis. Osd it o n g o sM i m ll lil l n apresentam estabilidade aqueles que tm a semivogal [w ] precedida P# I h I (grafado r/ ou de [g]. Assim: )Pi|9Ktrcigual goelaquando lingetaenxaguando qinqniot|UOlaqiproqutranqilosagiguauDitongos orais e nasais I lllin as vogais, os d it o n g o s podem ser lllill nil nasal dos seus elementos.I , Nfln on seguintes oso r a isen a s a is ,segundo a naturezad i t o n g o s o r a is d e c r e s c e n t e s :I it I I pal N I Mfl, no portugus normal de PortugalIMw I mau I M I ncI, no portugus normal do Brasil | 111 I papisboiI ii| I heri I m|I it/.uisvogala)d ec re sc en tes) M KNTItl aparecem com freqncia no verso. Mas na linguagem do colquio euliijl encontro de uma v o g a l + uma recebe o nome de d i t o n g o . Os ditongos podem ser:portugus apenas osI 'l l lfreqente|tnv| meu I r w I i u 11WI viuENCONTROS VOCLICOSOlingia(Hntrvaes:e c rescentes;Ib ) o r a is e n a s a is .,*) Nem na pronncia normal de Portugal nem na do Brasil se conserva o anti-| ililon^o |ow|, que ainda se mantm vivo em falares regionais do Norte de Portu(nDitongos decrescentes e crescenteste.Quando a vogal vem em primeiro lugar, o Assim: paicuHil r no galego. Na pronncia normal reduziu-se a [o], desaparecendo assim a dis> llii(,n(i de formas como poupa /popa, bouba / boba. d it o n g ose denominadecrescen2.') No portugus do Rio de Janeiro e de algumas outras regies do Brasil, ilevld ft vocalizao do l em final absoluta ou em final de slaba, ouvem-se osmuitoditongos |ow| e |ow] em palavras como gol [gow], soltar [sow'tar]; sol ['sow], IHOldt I 'mowdi|. 39. 48NOVAGRAMTICADOPORTUGUSC ONTEMPORNEOFONTICA3.a) Normalmente, se representam por i e u as semivogais dos ditongos orais.E FONOLOGIAas l.a, 2.a e 3.a pessoas do singular do presente do subjuntivo, bem como a 3.a| wj | correspondente, no portugus normal do Brasil e em falares meridio nais de Portugal, grafia uem (em posio final de palavra): delin qem.pessoa do singular do imperativo dos verbos terminados em -o a r escrevem-se| Wj ]Oberve-se, porm, que: a)c o rres p o n d en te g r a fia ue.sagu es.com -oe, e no -oi:HIATOS abenoeamaldioesperdoeb) as mesmas pessoas dos verbos terminados em -u a r escrevem-se com -ue, e no -ui: cultuehabitues2. Existem os seguintes[ jpreceitued it o n g o s n a s a is d e c r e s c e n t e s :] correspondente s grafias e, i e, no portugus normal de Portugal, em (em posio final absoluta) e en (no interior de palavras deriva das): me, cibra; no portugus normal de Portugal: vem, levem, benzinho.[ w ] correspondente s grafias o e am : mo, vejam. [ j[ j [ j] correspondente, no portugus do Brasil e em falares meridionais de Portugal, s grafias em (em posio final de palavra) e en (no interior de palavras derivadas): vem, levem, benzinho. ] correspondente grafia e: pe, sermes. ] correspondente grafia ui: muito.I )-se o nome de h i a t o ao encontro de duas vogais. Assim, comparando-se ttHpalavras p ais (plural de p ai) e p as (regio), verificamos que: il) na primeira, o encontro ai soa numa s slaba: ['pajj]. h) na segunda, o a pertence a uma slaba e o i a outra: [pa'ij'|. Observao:Quando tonos finais, os encontros escritos -ia , -ie, -io, -o a , -u a , -u e e -u o so normalmente d i t o n g o screscentes:gl-ria, c-rie, v-rio, m -goa, -g u a , t-nue, rduo. Podem, no entanto, ser emitidos com separao dos dois elementos, formandoassim um h i a t o : g l-ri-a , c-ri-e, v-ri-o, etc. Ressalte-se, porm, que na escrita, em hiptese alguma, os elementos desses encontros voclicos se separam no fim da li nha, como salientamos no captulo 4. ENCONTROS IN T R A V E R B A IS E IN T ER V E R B A IS Os e n c o n t r o s v o c l i c o s podem ocorrer no interior do vocbulo ou entre dois vocbulos, isto , podem ser in t r a v e r b a is (= i n t r a v o c a b u la r e s ) o u in t e r v e r b a isTRITONGOS( * INTKRVOCABULARES).Denomina-se t r i t o n g o o encontro form ado de s e m i v o g a l + v o g a l + SEMivoGAL. De acordo com a natureza (oral ou nasal) dos seus componentes, classificam-se tambm os t r i t o n g o s em o r a is e nasais.H e n c o n t r o s absolutamente estveis. Assim, quer no verso, quer na prosa, ii palavra lua possuir sempre duas slabas, ao passo que as palavras m au e quais Icirlo invariavelmente uma. O hiato [ua], da primeira, bem como o ditongo |llv|, da segunda, e o tritongo [waj], da terceira, so, pois, as nicas pronnililN que a lngua admite para tais e n c o n t r o s nessas palavras.1. So t r i t o n g o s [ w aj ] Uruguaio r a is :[ w ej ] enxagei, no portugus normal do Brasil e em falares meridionais de Portugal. [ w iw ] delinqiuMuitos, porm, so instveis. Por exemplo: numa pronncia normal, as pulavras lu a r e reais so disslabos: [lu ar], [Ri ajj]. Emitidas rapidamente, potlrm elas, no entanto, passar a monosslabos pela transformao do hiato [ua] lio ditongo [wa] e pela criao do tritongo [jaj]. Por outro lado, palavras como Vaidade e saudade, trisslabos na lngua viva atual, costumam aparecer no verso * oin quatro slabas mtricas.2. SoW lHBSE. E chama-se direse o fenm eno contrrio, ou seja, a transformao W[ w a j ] enxagei, no portugus normal de Portugal passagem de um hiato a ditongo no interior da palavra d-se o nom e de t r i t o n g o s n a s a is :[w w ] correspondente s grafias uo, uam : saguo, enxguam. [ w j ] correspondente, no portugus normal de Portugal, grafia uem (em posio final de palavra): delinqem.iIp um ditongo normal em hiato. Quando a ditongao do hiato se verifica entre vocbulos, diz-se que h MNAI.IIPA.49 40. 50NOVAGRAMTICADOPORTUGUSCONTEMPORNEOFONTI CAEsses fenmenos tm importncia particular no verso, e deles tratamos com o necessrio desenvolvimento no captulo 22.E FONOLOGIANao raro, temos de admitir a existncia desta vogal epenttica, embora no escrita, para que versos de poetas brasileiros conservem a regularidade. Por exemplo, nestes setisslabos:ENCONTROS CONSONANTAIS Deixa-me ouvir teus cantores, Admirar teus verdores.D-se o nome de e n c o n t r o c o n s o n a n t a l ao agrupamento de consoantes num vocbulo. Entre os e n c o n t r o s c o n s o n a n t a is , merecem realce, pela freqncia(Gonalves Dias, PCPE, 376.)com que se apresentam, aqueles inseparveis cuja segunda consoante l ou r. A tua carne no fremia A idia da dana inerte Que teu corpo danaria N o plago submerso?Assim: EncontroEncontro Exemplificao CONSONANTALExemplificao consonantalblb loco,abluirgiglu to,brbranco,rubrogrgrande,regraclclaro,teclapiplano,trip locrcravo,Acreprprato,soprodrdrago,vidrotl ,atlasflflor,rufiartrtribo,atrsfrfrancs,refrovr ,palavra(V. de Moraes, PCP, 342.)aglutinar30NTR0S c o n s o n a n t a iscomo gn, mn, pn, ps, pt, tm e outros no aparecemem muitos vocbulos. Quando iniciais, so naturalmente inseparveis: gno-mo mne-m-ni-copneu-m-ti-co psi-c-lo-gopti-a-li-na tme-sen palavras ad m ira r e subm erso devem ser emitidas em quatro slabas ( a -d i-m iu nir e su -bi-m er-so) para que os versos a que pertencem mantenham aquela medida.DGRAFOS No demais recordar ainda uma vez que no se devem confundir c o n s o e v o g a is com l e t r a s , que so sinais representativos daqueles sons. Assim, nas palavras carro, pssego, chave, m alh o e can h oto no h e n c o n l u t c o n s o n a n t a l , pois as letras rr, ss, ch, lh e nh representam uma s consoani tCi Tambm no se pode afirmar que exista e n c o n t r o c o n s o n a n t a l em pala vra,s como cam p o e p on to, embora a anlise de palavras como estas, em fontica experimental, revele a existncia de um resduo de consoante nasal imperi tfpllvel ao ouvido; o m e o n funcionam portanto nelas essencialmente como tllial de nasalidade da vogal anterior, equivalendo, no caso, a um t i l ( c p o, ANTUSflflto). A esses grupos de letras que simbolizam apenas um som d-se o nome deQuando mediais, em pronncia tensa, podem ser articulados numa s slaI ill iUAIK )S.ba, ou em slabas distintas:Silo a-pto ap-todi-gno dig-nori-tmo rit-moNa linguagem coloquial brasileira h, porm, como dissemos, uma acentua da tendncia de destruir estes encontros de difcil pronncia pela intercalao da vogal i (ou e):DlGRAFOS,pois:H Ch, que simboliza a palatal [J] tambm representada por x ficha (compareI n com lixa); p 10 III c nh, nicas formas de representar na lngua a lateral [A,] e a nasal palatal |ji|: velho, tenho; t )rr p ss, que s se empregam entre letras-vogais para representar os mesmos aoiin ( |R] ou [r] e [s]) que se escrevem com re ssimples no incio de palaV I I ! prorrogar (compare-se com rogar), assim etria (comparece-se com si-d-gui-nope-neur-ti-mom ttria). 41. 52NOVAGRAMTICADOPORTUGUSFONTICAC ONTEMPORNEOEntre os d g r a f o s devem ainda ser includas as combinaes de letras: a) gu e qu antes de e e i, quando representam os mesmos sons oclusivos que se escrevem, respectivamente, g e cantes de a, o e u: guerra, seguir (comparar a: galo, gole, gula); querer, quilo (comparar a: calar, cobre, cubro); b) sc, s t x c , que, entre letras-vogais, podem representar, no portugus normal do Brasil e no de algumas regies de Portugal, o mesmo som que se trans creve tambm por cou florescer (comparar a: am an h ecer), desa (compa rar a: parea), exceder (comparar a: preceder); c) am , an, em, en, im, in, om , on, um, un, que servem para representar as vogais2. Diz-sefechadaefonoiOGIAa slaba que termina por uma consoante:al-tarop-tarCLA SSIFIC A O DAS PALAVRAS QUANTO AO NMERO DE S L A B A S Q u a n t o a o n m e r o d e s l a b a s , c la s s ific a m - s e as p a la v r a s e m m o n o s s l a b a s , DISSLABAS, TRISSLABAS e POLISSLABAS. M o n o s s l a b a s ,quando constitudas de uma s slaba:nasais: tam po, tanto, tempo, tento, lim bo, lindo, pom bo, tonto, com um , mundo. a tiSLABA Quando pronunciamos lentamente uma palavra, sentimos que no o faze mos separando um som de outro, mas dividindo a palavra em pequenos segmen tos fnicos que sero tantos quantos forem as vogais. Assim, uma palavra comoD is s l a b a s ,eu groumo quaisquando constitudas de duas slabas:ru-a -guahe-ri li-vrosa-guo so-nharalegrou, T r is s l a b a s ,quando constitudas de trs slabas:no ser por ns emitida a-lu-noEu-ro-paban-dei-racri-an-aa-l-e-g-r-o-upor-tu-gusen-xa-guoumas sim: P o l is s l a b a s ,quando constitudas de mais de trs slabas:a-le-grou A cada vogal ou grupo de sons pronunciados numa s expirao damos o nome de s l a b a . A s l a b a p o d e s e r fo r m a d a : a) por uma vogal, um ditongo ou um tritongo:es-tu-dan-te li-ber-da-deu-ni-ver-si-da-de em-pre-en-di-men-toObservao:Embora a sua unidade seja normalmente percebida pela competncia lingstica euuai!b) por uma vogal, um ditongo ou um tritongo acompanhados de consoantes: a-plau-dirtrans-porabertaa-pa-ga-doBohuslav Hla. La slaba: su naturaleza, su origen y sus transformaciones. Trad. de E . R. Palavecino y A. Quilis. Madrid, C.S.I.C., 1966.U-ru-guaiS L A B A S ABERTAS E S L A B A S FECHADAS I. Chama-seilos usurios de um idioma, a slaba no uma noo caracterizada de modo pacfi co pelos foneticistas. Uma breve introduo problemtica da slaba pode ler-se ema slaba que termina por uma vogal:ACENTO TNICO Examinemos este perodo de Raul Bopp: Dias e noites os horizontes se repetem. 42. NOVAGRAMTICADOPORTUGUSFONTICACONTEMPORNEONele distinguimos, numa anlise fontica elementar, as slabas a c e n t u a d a s (em negrita) das in a c e n t u a d a s (em romano). A percepo distinta das slabas acentuadas (tnicas) das inacentuadas (tonas) provm da dosagem maior ou menor de certas qualidades fsicas que, vi mos, caracterizam os sons da fala humana: a) a in t e n s id a d e , isto , a fora expiratria com que so pronunciados; b) o t o m (ou altura musical), isto , a freqncia com que vibram as cordas vocais em sua emisso; c) o t im b r e (ou metal de voz), isto , o conjunto sonoro do tom fundamental e dos tons secundrios produzidos pela ressonncia daquele nas cavidades por onde passa o ar; d) a q u a n t i d a d e , isto , a durao com que so emitidos.CLA SSIFIC A O DAS PALAVRAS QUANTO AO ACENTO TNICO 1. Quanto aoas palavras de mais de uma slaba classificam-se em e PROPAROXTONAS. quando o acento recai na ltima slaba: acento ,OXlTONAS, p a r o x It o n a s O x It o n a s ,caf P a r o x It o n a s ,funilNiteriquando o acento recai na penltima slaba:baa P r o p a r o x t o n a s ,Assim, pela in t e n s id a d e , os sons podem ser f o r te s (tnicos) ou f r a c o s (tonos); pelo t o m , sero a g u d o s (altos) ou g r a v e s (baixos); pelo t im b r e , a b e r t o s ou f e c h a d o s ; pela q u a n t i d a d e , l o n g o s ou b r e v es . Em geral, porm, esses elementos esto intimamente associados, e o con junto deles, com predominncia da intensidade, do tom e da quantidade, que se chama a c e n t o t n i c o .E FONOLOGIAescolaretornoquando o acento recai na antepenltima slaba:exrcitopnduloquilmetro2. Quando se combinam certas formas verbais com pronomes tonos, for mando um s vocbulo fontico, possvel o acento recuar mais uma sla ba. Diz-se b is e s d r x u l a a acentuao dessas combinaes: amvamo-lofaa-se-lheObservaes: .a) Tanto a N om en clatu ra G ram atical B rasileira como a N om en clatu ra G ra m a ti1cal P ortuguesa classificam as slabas, quanto At o to mnas,(p r e t n ic a sep o s t n ic a spois, o mesmo que).acentointensidade, emt n ic a s,s u b t n ic a s3. Ospodem ser t o n o s ou t n i c o s . so aqueles pronunciados to fracamente que, na frase, precisam apoiar-se no acento tnico de um vocbulo vizinho, formando, por assim dizer, uma slaba deste. Por exemplo:ePela nomenclatura aconselhada nos dois pases, d e in t e n s id a d e.m o n o s s l a b o s to no sCabe advertir, no entanto, que, sena maioria dos casos os dois elementos vm unidos, por vezes eles no coincidem. Na linguagem, como na msica, qualquer som, seja agu do ou grave, pode tornar-seDiga-me / o preo / do livro.fo r t e ou db il, segundo convenha (Navarro Toms. M a n u a l d e p ro n u n cia ci n esp an ola, 14.a ed., Madrid, C.S.I.C., 1968, p. 25, nota 1). 2.a) A quantidade longa ou breve das vogais, fundamental em latim, no tem valor distintivo em portugus. Os contrastes que nos oferecem, numa pronnciaa) b)tensa, pares de formas como caatinga / catinga, coorte / corte explicam-se no pela oposio de quantidade voclica, mas pela de duas vogais em face de uma vogal. Sobre fenmeno semelhante em espanhol, veja-se A. Quilis. Phonologie de la quantit en espagnol. P hon etica, 13:82-85, 1965. Em nosso idioma, como nas demais lnguas romnicas, a durao maior de uma vogal recurso de nfase, e est condicionada pelo acento, pelo contexto fontico ouc) d) c)0So m o n o s s l a b o s t o n o s : o artigo definido (o, a, os, as) e o indefinido (um , uns); os pronomes pessoais oblquos me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes e suas combinaes: mo, to, lho, etc.; o pronome relativo que, as preposies a, com , de, em , por, sem, sob; as combinaes de preposio e artigo: , ao, da, do, na, no, num, etc.; as conjunes e, m as, nem, ou, que, se; as formas de tratamento dom , frei, so, seu (= senhor).por mltiplas razes de ordem afetiva.T nicos so aqueles emitidos fortemente. Por terem acento prprio, no necessitam apoiar-se noutro vocbulo. Exemplos: c, flor, m au, m o, m s, inirn, pr, vou, etc. 43. NOVAGRAMTICADOPORTUGUSCONTEMPORNEOFONTICAOBSERVAES SOBRE A PR O N N CIA CULTAPrefiram-se ainda as pronncias:1. Atente-se na exata pronncia das seguintes palavras, para evitar uma s il a b a d a , que a denominao que se d ao erro de prosdia: a) so o x t o n a s : alos GibraltarNobel novelrecm refmsutil ureterefebo erudito estalido xul filantropo glfo grcil gratuito (i) hosana Hungria iberoinaudito leucemia maquinaria matula misantropo mercancia menfar Normandia onagro opimo pegadapletora policromo pudico quiromancia refrega rubrica Salonica tctil txtil Tibulo tulipaarepago arete arqutipo autctone azfama azmola btega bvaro bgamo bmano blido (-e) brmane cfila cnhamo Crbero cotildone dito (ordem judicial)gide etope xodo fac-smile fagcito farndula frula grrulo hjira hipdromo idlatra mprobo nclito nterim invlucro leuccito Nigaranmida mega pramo Pgaso priplo pliade prstino prfugo prottipo quadrmano revrbero strapa Tmisa trnsfuga vgeto zfiro zniteROXTONAS:alanos avaro avito aziago barbaria batavo cartomancia ciclope decano diatribe edito (lei) c) soE FONOLOGIAbarbriebomiaestratgiasinonmia2. Para alguns vocbulos h, mesmo na lngua culta, oscilao de pronncia. o caso de: ambrosia ou ambrsia anidrido ou andrido crisntemo ou crisntemo hierglifo ou hierglifo Oceania ou Oceniaortoepia ou ortopia projtil ou projtil reptil ou rptil soror ou sror zango ou zngoObservao: H por vezes discordncia na pronncia mais corrente entre Portugal e o Brasil. Os portugueses dizem comumente p d ico e rbrica; os brasileiros, apegados acen tuao que a etimologia recomenda, pronunciam p u d ico e rubrica.VALO R D IST IN T IV O DO ACENTO TNICO Pela variabilidade de sua posio, o acento pode ter em portugus valor distintivo, fonolgico. Comparando, por exemplo, os vocbulos:p r o p a r o x t o n a s :dvida / duvida dvena aerdromo aerlito gape lacre lcali alcone alcolatra mago amlgama antema andrgino anmona andino antfona antfrase antstrofepercebemos que a posio do acento tnico suficiente para estabelecer uma oposio, uma distino significativa. Observao: liste fato ocorre com mais freqncia no portugus do Brasil, pois, no de Portugal, a mudana de posio do acento se faz acompanhar normalmente de uma alterao no timbre das vogais tnicas que passam a tonas. Assim sendo, a distino significati va assenta tambm nessa variao. Por exemplo, no portugus do Brasil correram o p e -s e a correro, vlido a valido, apenas pela posio do acento; no portugus dePortugal, porm, a oposio se d entre [k u 'R e r w ] e [k u R 9 'r w ], [validu] e [validu ].ACENTO P R IN C IP A L E ACENTO SECU N D R IO Normalmente os vocbulos de pequeno corpo s possuem uma slaba acenIlltulii em que se apiam as demais, tonas. Os vocbulos longos, principal mente OS derivados, costumam no entanto apresentar, alm da slaba tnica hliulamental, uma ou mais subtnicas. 44. 58NOVAGRAMTICADOPORTUGUSFONTICACONTEMPORNEODizemos, por exemplo, que as palavras decid id am en te e inacreditavelm ente so p a r o x I t o n a s , porque sentimos que em ambas o acento bsico recai na pe nltima slaba ( m en ). Mas percebemos tambm que, nas duas palavras, as sla bas restantes no so igualmente tonas. Em decididam ente, a slaba -di-, mais fraca do que a slaba -m en -, sem dvida mais forte do que as outras. Em inacre ditavelmente, as slabas -cre- e -ta-, embora mais dbeis do que a slaba -m en -, so sensivelmente mais fortes do que as demais. Da considerarmos p r i n c ip a l o acento que recai sobre a slaba - m en- (nos dois exemplos) e s e c u n d r io s o s que incidem sobre a slaba -di- (em decididam ente) ou sobre as slabas -cre- e -ta(em inacreditavelm ente). GRUPO ACENTUAL (OU DE IN T EN SID A D E ) As palavras no costumam vir isoladas. Geralmente se unem, articulando-se umas com as outras, para formar frases, que so as verdadeiras unidades da fala. Materialmente, a frase constitui uma cadeia sonora com seus acentos prin cipais e secundrios a que pode estar subordinado mais de um vocbulo. Cada segmento de frase dependente de um acento tnico chama-se g r u p o a c e n t u a l OU DF. INTENSIDADE.NCLISE E PRCLISE Denomina-se n c l is e a situao de uma palavra que depende do acento t nico da palavra anterior, com a qual forma, assim, um todo fontico. P r c l is e ti situao contrria: a vinculao de uma palavra tona palavra seguinte, a Cujo acento tnico se subordina. So p r o c l It i c o s , por exemplo, o artigo, as pre posies e as conjunes monossilbicas. So geralmente e n c l It ic o s o s prono mes pessoais tonos. A n c lise e, sobretudo, a p r c l is e so responsveis por freqentes alteraes vocabulares. Perdendo o seu acento tnico (a alma da palavra , no dizer de I )iomedes), um vocbulo perde o seu centro de resistncia e fica sujeito a redu es violentas.8 Vejam-se, por exemplo, estes versos de Raul Bopp: Vamos prs ndias! Olha! Melhor mesmo buscar vento mais pro fundo. que aparecem as formas p rs e pro, abreviaes de p a r a as e p a r a o provocadas pda p r c l is e . Tambm a forma seu (por senhor), que ocorre neste passo de Mnrques Rebelo:emPor exemplo, no perodo atrs mencionado: Dias e noites os horizontes se repetem. h sete vocbulos que, de acordo com a rapidez ou lentido da pronncia, po dem agrupar-se debaixo de trs ou quatro acentos principais. Numa emisso pausada, que ressalte os elementos significativos, o perodo em exame ter quatro grupos acentuais: / Dias / e noites / os horizontes / se repetem./ Se imprimirmos, porm, ritmo acelerado pronncia dos dois primeiros grupos:E FONOLOGIASegura esta,seuFagundes!...i1 um caso de reduo procltica. Se dissssemos, por exemplo: Fagundes, osen h orsegura esta!...Illo seria mais possvel a substituio de sen hor por seu, j que a autonomia rtCentual da palavra a resguardaria de qualquer mutilao. ACENTO DE IN S IS T N C IA dos acentos normais (p r in c ip a l e s e c u n d r io ), uma palavra pode rece outro, chamado de in s is t n c ia , que serve para real-la em determinado HHllexto, quer impregnando-a de afetividade (emoo), quer dando nfase ItliM que expressa. Da distinguirmos dois tipos de a c e n t o d e in sis t n cia : o a c e n t o ii Alil ivn c o a c e n t o i n t e l e c t u a l . A l mitei / Dias / e noites/ , verificamos que a slaba tnica da palavra dias se enfraquece, e esse enfraqueci mento impede que ela continue a servir de suporte fnico de um grupo acentual. O acento que nela recai de principal torna-se secundrio e, conseqentemente, o grupo que o tinha por centro de apoio passa a integrar o seguinte, subordina do ao acento da palavra noites: / Dias e noites /1 tU|i|luuu-sc tambm como conseqncia da p r c l i s e as formas cem (por cento), gro (|or grunde), qu o (por quanto), so (por santo), to (por tanto) e freqentes elises, InuIflilN e sinreses, que se observam no enunciado versificado ou na linguagem populill Vejn-sc, a propsito, Sousa da Silveira. Fontica sinttica. Rio de Janeiro, Simes, |U12, especialmente p. 86-125. 45. NOVAGRAMTICADOPORTUGUSC ONTEMPORNEOAcento afetivo Se enunciarmos calmamente, sem inteno particular, a frase: um homem miservel, a pronncia da palavra m iservel caracteriza-se por apresentar acentuada ape nas a slaba -r-. E ela emitida com maior intensidade, com maior altura e, s vezes, com maior durao que as demais. Mas a mesma frase pode ser enunciada num momento em que nos acha mos presos de certa emoo. Podemos, por exemplo, estar possudos de um sentimento de clera ou de desprezo em relao ao indivduo que considera mos m iservel. Esse nosso sentimento exprime-se ento foneticamente por um realce particular dado slaba inicial m i-, que passa a competir na pala vra com a tnica - r-. Chega a igual-la, quanto intensidade e altura, e at a super-la, quanto durao da vogal e, principalmente, da consoante que a antecede. No primeiro caso, a palavra recebe apenas um acento; no segundo, ela pos sui dois, quase equivalentes. A esse novo acento, de carter emocional, chama mosACENTO AFETIVO.Acento intelectual Com o a c e n t o a f e t iv o impressionamos determinada palavra de emoo particular. ele uma espcie de comentrio sentimental que fazemos a um elemento do enunciado. Mas nem sempre o realce sonoro de uma slaba diversa da tnica normal pe em jogo a nossa sensibilidade aguada. por vezes um recurso eficaz de que dispomos para valorizar uma noo, para defini-la, para caracteriz-la, ge ralmente contrastando-a com outra. Por sua funo, denominamos a c e n t o i n t e l e c t u a l a esse tipo de a c e n t o d e in s is t n c ia . Exemplifiquemos com os seguintes dizeres: Esta medida arbitrria. Fez uso exclusivo e abusivo do carro. No se trata de um ato imoral, mas amoral. Quero razes objetivas e no subjetivas. Se quisermos dar relevo significativo s palavras arbitrria, exclusivo, abusivo, im oral, am oral, objetivas e subjetivas, imprimimos slaba inicial de cada uma delas maior durao, maior altura e, sobretudo, maior intensidade.FONTICAE FONOLOGIATal como o a c e n t o a f e t iv o , o a c e n t o i n t e l e c t u a l inesperado, brusco, vio lento, caractersticas que os estremam do acento tnico normal, suporte do grupo rtmico e, portanto, esperado, regular. So justamente essas peculiarida des dos dois tipos de a c e n t o d e in s is t n c ia que fazem ressaltar vivamente num contexto as palavras sobre as quais eles incidem.Distines fundamentais O a c e n t o in t e l e c t u a l distingue-se do mas tambm por particularidades fonticas. Assim:a c e n t o a f e t iv ono s pela funo,a) O a c e n t o in t e l e c t u a l recai sempre na primeira slaba da palavra, seja ela iniciada por consoante, seja por vogal. O a c e n t o a f e t iv o incide na primeira slaba da palavra quando esta se inicia por consoante, mas pode recair na sla ba seguinte, se ela comear por vogal. Nas palavras de pequeno corpo o a c e n t o a f e t iv o costuma coincidir com o acento tnico normal. Comparem-se: A c e n t o in t e l e c t u a lSo razes subjetivas! Foi uma ao arbitrria! Trata-se de ato ilegal!A c e n t o a f e t iv oE um homem miservel! E uma pessoa abominvel! Esta criana um amor!b) Ambos reforam a consoante inicial da slaba sobre que recaem, mas o real ce que do vogal seguinte de natureza diversa. O a c e n t o in t e l e c t u a l aumenta-a em durao, em altura e, sobretudo, em intensidade. O a c e n t o a f e t i v o aumenta-a em intensidade, mas principalmente em durao e altura. 46. Ca pitu Lo 4OrtografiaLETRA E ALFABETO I , Para r e p r o d u z ir m o s n a certo n m e r o d e s in a ise s c r ita as p a la v r a s d e n o s s a ln g u a , e m p r e g a m o s u m g r fic o s c h a m a d o s le t r a s .I ) c o n ju n t o o r d e n a d o d a s le tra s d e q u e n o s s e r v im o s p a r a tr a n s c r e v e r o s(tons d a ,lin g u a g e m fa la d a d e n o m in a - s e a l f a b e t o .O a lfa b eto da lngua portuguesa consta fundamentalmente das seguintes letras: a b c d e f g h i j l m n o p q r s t u v x zAlm dessas, h as letras k, w, e y, que hoje s se empregam em dois casos: a) na transcrio de nomes prprios estrangeiros e de seus derivados portu-gueses: Franklin franklinianoli) nasWagner wagnerianoByron byronianoa b r e v ia tu r a s e n o s s m b o lo s d e u s o in t e r n a c io n a l:K ( = p o t s s io )k g ( = q u ilo g r a m a )k m ( = q u il m e t r o )W. (= oeste)w (= watt)yd. (= jarda)Oburvaes: ( ) li usa-se apenas: 47. NOVAa)GRAMTICADOPORTUGUSC ONTEMPORNEOORTOGRAFIA sno incio de certas palavras: haverhoje3.c)oh!quilohomemb) no fim de algumas interjeies: ah!quele(s) quela(s)O acento c ir c u n f l e x o empregadopara indicar o timbre semifechadodas vogais tnicas a, e e o: cmara ms avuh!no interior de palavras compostas, em que o segundo elemento, iniciado por h, secnhamo demhispnico fmeapscmoroune ao primeiro por meio de hfen:OTIL anti-higinicopr-histricosuper-homemOt il( ~ ) emprega-se sobre o a e o para indicar a nasalidade dessas vogais:d) nos dgrafos c/, lh e nh:ma chavetalhomepocaixesbanhopesermesNOTAES LXICAS0 TREMAAlm das letras do alfabeto, servimo-nos, na lngua escrita, de um certo nmero de sinais auxiliares, destinados a indicar a pronncia exata da palavra. Estes sinais acessrios da escrita, chamados n o t a O es l x ic a s , so os seguintes.C) trema ( ) s se emprega na ortografia em vigor no Brasil, em que assinala o II que se pronuncia nas slabas gue, gui, que e qui: agentarO1. Oacentopode seracento ag u d oagudo(' ) , grave ( ') e c ir c u n f l e x o ().cinqentaargio0 ACENTOtranqilo0 APSTROFO empregado para assinalar:a) as vogais tnicas fechadas i e u: ahorrvelfsicobaacarO a p o s t r o f o ( ) serve para assinalar a supresso de um fonema geraliiwillc n de uma vogal no verso, em certas pronncias populares e em palaVltin Compostas ligadas pela preposio de:lgubreb) as vogais tnicas abertas e semi-abertas a, e e o:croa pau-dalhoesprana pau-darcot bem! (popular) galinha-d aguah pamvel tivsseisplido exrcitoA CEDILHApheriinspitoA i K li.i ia ( , ) coloca-se debaixo do c, antes de a, o e u, para representar a D PMMlivit linguodental surda [s]:2. Oa c e n t o g r a v e empregado para indicar a crase da preposio a com a forma feminina do artigo {a, as) e com os pronomes demonstrativos a{s),caaraqu ele{s), aqu ela{s), aquilo:praamacio cresoacar muulmano 48. 66NOVAGRAMTICADOPORTUGUSORTOGRAFIACONTEMPORNEO6.) nos compostos com sem, alm, aqum e recm: sem-cerimnia, almllliir, aqum-fronteiras, recm-casado.O HFEN Oh f e n(-) usa-se:a) para ligar os elementos de palavras compostas ou derivadas por prefixao: couve-flor pr-escolarguarda-marinha super-homempo-de-l ex-diretorAdvirta-se, por fim, que as abreviaturas e os derivados desses compostos i on,sorvam o h fe n : ten-cel. (= tenente-coronel), pra-quedista, bem-te-vizinho,>i'in cerimonioso.Emprego do hfen na prefixaob) para unir pronomes tonos a verbos: ofereceram-meretive-olev-la-eic) para, no fim da linha, separar uma palavra em duas partes:( ) prefixo escreve-se geralmente aglutinado ao radical. H casos, porm, em t|UC a ligao dos dois elementos se deve fazer por h fe n . Assim, nos vocbulos Iim mados pelos prefixos: ii) contra-, extra-, infra-, intra-, supra- e ultra-, quando seguidos de radicaliniciado por vogal, h, r ou s: contra-almirante, extra-regimental, infra-escriestudan- / teestu- / dantees- / tudanteEmprego do hfen nos compostos O emprego do h f e n simples conveno. Estabeleceu-se que s se ligam por h f e n os elementos das palavras compostas em que se mantm a noo da composio, isto , os elementos das palavras compostas que mantm a sua independncia fontica, conservando cada um a sua prpria acentuao, po rm formando o conjunto perfeita unidade de sentido . Dentro desse princpio, deve-se empregar o h f e n :1.) nos compostos cujos elementos, reduzidos ou no, perderam a sua sig nificao prpria: gua-m arinha, arco-ris, p-de-m eia (= peclio), pra-cho que, bel-prazer, s-sueste;2.) nos compostos com o primeiro elemento de forma adjetiva, reduzida ou no: afro-asitico, dlico-louro, galego-portugus, greco-romano, histricogeogrfico, nfero-anterior, latino-americano, luso-brasileiro, lusitano-castelhano-, 3.) nos compostos com os radicais (ou pseudoprefixos) auto-, neo-, proto-, pseudo- e semi-, quando o elemento seguinte comea por vogal, h, rou s: autoeducao, auto-retrato, auto-sugesto, neo-escolstica, neo-humanismo, neo-re pu blican o, p ro to - rico , proto-h istrico, proto-ren ascen a, proto-su lfu reto, pseudo-heri, pseudo-revelao, pseudo-sbio, sem i-hom em , sem i-reta, setniselvagem; 4.) nos compostos com os radicais pan- e mal-, quando o elemento seguin te comea por vogal ou h: pan-am ericano, pan-helnico, m al-educado, m alhumorado-, 5.) nos compostos com bem, quando o elemento seguinte tem vida aut noma, ou quando a pronncia o requer: bem-ditoso, bem-aventurana;to, intra-heptico, supra-sumo, ultra-rpido; exclui-se a palavra extraordin rio, cuja aglutinao est consagrada pelo uso; I') Utlte-, anti-, arqui- e sobre-, quando seguidos de radical principiado por h, r OU ante-histrico, anti-higinico, arqui-rabino, sobre-saia; i ) ttlper- e inter-, quando seguidos de radical comeado por h ou r. super-holiicin, super-revista, inter-helnico, inter-resistente; il) i l b ; ad -, ob-, sob- e sub-, quando seguidos de radical iniciado por r. abroyiir, ad-rogao, ob-reptcio, sob-roda, sub-reino;V) lOttt-, solo-, vice- (ou vizo-) e ex- (este ltimo com o sentido de cessamento ou SHtfldo anterior): sota-piloto, soto-ministro, vice-reitor, vizo-rei, ex-diretor, I ) l>iU; pr- e pr-, quando tm significado e acento prprios; ao contrrio das formas homgrafas inacentuadas, que se aglutinam com o radical seguinte: pAl'diluviano, mas pospor, pr-escolar, mas preestabelecer, pr-britnico, mas procnsul.t mpregodo hfen com as formas do verbo haverKm Portugal, a ortografia oficialmente adotada impe o emprego doh fe nHilii' tilt formas monossilbicas de haver e a preposio de: hei-de, hs-de, hiIt llilo tie, No Brasil, no se usa nestes casos o h fe n , escrevendo-se: hei de, hs t#r, Itil i/e, Imo de.ftrtiAo das palavras no fim da linha t Jiiiimlo no h espao no fim da linha para escrevermos uma palavra inteira,1'Mili iuim dividi-la em duas partes. Esta separao, que se indica por meio de um M M * tihedcee s regras de silabao. So inseparveis os elementos de cada slaba. H N 49. NOVAGRAMTICADO P O R T U G U SCONTEMPORNEOO G RTO RAFIAConvm, portanto, serem respeitadas as seguintes normas: 1.a) No se separam as letras com que representamos: a) os ditongos e os tritongos, bem como os grupos ia, ie, io, oa, ua, ue e t/o, que, quando tonos finais, soam normalmente numa slaba ( d i t o n g o c r e s c e n t e ) , mas podem ser pronunciados em duas ( h i a t o ): au-ro-ra mui-toPa-ra-guai gl-riam-goa r-guapar-tiu a-gen-tarc-rie M-riot-nue con-t-guo2.a) Embora o sistema ortogrfico vigente o permita, no se deve escrever no princpio ou no fim da linha uma s vogal. Evite-se, por conseguinte, a partio de vocbulos como gua, a, aqui, ba, rua, etc. Melhor ser tambm que se dividam vo cbulos como abrasar, agentar, agradar, eqidade, ortografia, pavio e outros apenas nos lugares indicados pelo h f e n : abra-sara-bro-lhosra-charpsi-c-lo-go mne-m-ni-coes-cla-re-cer re-gre-dirfi-lho ma-nh2.a) Separam-se as letras com que representamos: a) as vogais de hiatos:agra-daror-to-gra-fiapa-vioREGRAS DE ACENTUAOb) os encontros consonantais que iniciam slaba e os dgrafos ch, lh e nh: pneu-m-ti-coagen-tareqi-da-deA acentuao grfica obedece s seguintes regras: 1.") Assinalam-se com acento agudo os vocbulos oxtonos que terminam (I aberto, e t o semi-abertos, e com acento circunflexo os que acabam em e *' i) Nomifechados, seguidos, ou no, de s: caj, hs, jacar, ps, serid, ss; dend, lt trisav; etc.'IIIQbitrvao: Nesta regra se incluem as formas verbais em que, depois de a, e, o, se assimilaram0 0 s e o z ao /dos pronomes lo, la, los, las, caindo depois o primeiro l: d-lo, contco-or-de-nar ca--eisfi-el mi--dora-i-nha sa--deb) as consoantes seguidas que pertencem a slabas diferentes: ab-di-car abs-tra-irbis-ne-to oc-ci-pi-talsub-ju-gar subs-cre-verla, f-lo-, f-los, mov-las-ia, p-los, qu-los, sab-lo-emos, tr-lo-s, etc. 2,") Todas as palavras proparoxtonas devem ser acentuadas graficamente: Ml bem acento agudo as que tm na antepenltima slaba as vogais a aberta, e OU a Mmi-abertas, i ou u; e levam acento circunflexo aquelas em que figuram nu nilubn predominante as vogais a, e o u o semifechadas: rabe, exrcito, gtico, lllil/titlo, louvaram os, pblico, m brico; lm in a, lm p ad a, devssemos, lmures, l^iiililln, flego, recndito, etc.3.a) Separam-se tambm as letras dos dgrafos rr, ss, sc, s e xc.Ohwvaes: ter-ra pro-fes-sordes-cer abs-ces-socres-a ex-ce-derObservaes:l.a) Quando a palavra j se escreve com h f e n - quer por ser composta, quer por ser uma forma verbal seguida de pronome tono -, e coincidir o fim da linha com o lugar onde est o hfen, pode-se repeti-lo, por clareza, no incio da linha seguinte. Assim: couve-flor = couve- / -flor unamo-nos = unamo- / -nos1,*) Incluem-se neste preceito os vocbulos terminados em encontros voclicos * * * COItumam ser pronunciados como ditongos crescentes: rea, espontneo, igno11" imundcie, lrio, mgoa, rgua, vcuo, etc. 2,") Nas palavras proparoxtonas que tm na antepenltima slaba as vogais a, e * HMguidas de m ou n, estas so, no portugus-padro do Brasil, sempre semifechadas (fill (terul nasalizadas), razo por que levam acento circunflexo. No portugus-patllit) lit Portugal podem ser semifechadas ou semi-abertas, pelo que a ortografia em Vl||nr mnnda que se lhes ponha acento circunflexo, se so semifechadas, c acento IRtlilo, N semi-abertas. Por isso, de acordo com a pronncia-padro, escrevem-se c lin lllillll: mago, nimo, fm ea, smola, cmoro e, da mesma forma, acadmico, NHtlllOHil, cnico, Amaznia, Antnio, fenmeno, quilmetro; ao passo que em Portu- 50. ORTOGRAFIA NOVAGRAMTICADO P O R T U G U SCONTEMPORNEOgal, tambm de acordo com a pronncia-padro, se adotam as grafias mago, niacento agudo: assem blia, h ebria, idia; outro em que a vogal e semifechada e, pormo, fm ea, smola, cmoro, mas acadmico, anmona, cnico, Amaznia, Antnio, fenmeno, quilmetro.conseguinte, no se acentua graficamente: fe ia , m eia, passeia. N o portugus-padro de Portugal no se diferenciam fonicamente estes dois grupos de palavras, razo por que o e nunca vem acentuado. O ditongo no caso sempre pronunciado [aj].3 .a) O s v o c b u l o s p a r o x t o n o s fin a liz a d o s e mi o u u,s e g u id o s , o u n o , d e s,m a r c a m - s e c o m a c e n t o a g u d o q u a n d o n a s la b a t n ic a f ig u r a mos e m i- a b e r to s ,s e m ife c h a d o s :iouu;e comae ou a, e, oa b e rto ,c ir c u n fle x o q u a n d o n e la f ig u r a mlpis, beribri, miostis, ris, jri, dndi, tnis, bnus.5.a) As palavras paroxtonas terminadas em -oo, apesar de terem a mesma pro nncia em todo o domnio do idioma, no so acentuadas graficamente no portu gus de Portugal, ao passo que no portugus do Brasil recebem um acento circunfle xo no primeiro o. Assim: enjoo, voo (em Portugal), en jo, vo (no Brasil). 6.a) Tanto em Portugal como no Brasil emprega-se o acento circunflexo sobre aObservaes: 1.a) Paralelamente ao que ocorre com as palavras proparoxtonas, nas palavras paroxtonas que tm na penltima slaba as vogais a, e t o seguidas de m ou n, estas so, no portugus-padro do Brasil, sempre semifechadas (em geral nasalizadas), pelo que levam acento circunflexo. N o portugus-padro de Portugal podem ser ou semifechadas ou semi-abertas, pelo que recebem acento circunflexo, se so semifechadas, e acento agudo, se semi-abertas. Estas as razes por que se adotam, no Brasil, as grafias nus, certmen, e tambm fmur, Fnix, tnis, nus, bnus; ao passo que, em Portugal, se escrevem nus, certmen, mas fmur, Fnix, tnis, nus,bnus.vogal tnica semifechada da forma pd e, do pretrito perfeito do indicativo, para distingui-la de p od e, do presente do indicativo, com vogal tnica semi-aberta. 7.a) Pelos sistemas ortogrficos vigentes nos dois pases, os paroxtonos termi nados em -um , -uns recebem acento agudo na slaba tnica: lbu m , lbuns, etc. 8.a) Tambm comum aos dois sistemas ortogrficos no se acentuarem os pseudoprefixos paroxtonos terminados em -i: sem i-oficial, etc.4.a) pe-se acento agudo no i e no u tnicos que no formam ditongo com a vogal anterior: a, balastre, cafena, cas, contra-la, distribu-lo, egosta, fa s ca, herona, ju zo, pas, pega, saa, sade, tim bova, vivo, etc.2.a) Entre as palavras paroxtonas, cumpre ressaltar o caso da l.a pessoa do plural dos verbos da l.a conjugao, que, no presente e no pretrito perfeito do indicativo, apresentam a tnico seguido de m. N o portugus-padro do Brasil (e em vrios dialetos portugueses meridionais) a vogal igualmente semifechada nos dois tem pos, enquanto no portugus-padro de Portugal ela semifechada no presente e aberta no pretrito perfeito do indicativo.1 Assim sendo, nenhuma das formas acentuada no Brasil, ao passo que, pelo sistema ortogrfico portugus, recebe acento agudo a forma do pretrito perfeito: am amos (presente), am m os (pretrito perObservaes: 1.a) No se coloca o acento agudo no i e no u quando, precedidos de vogal que com eles no forma ditongo, so seguidos de l, m, n ,r ou z que no miciam slabas e, ainda, nh: adail, contribuinte, dem iurgo, ju iz, pau l, retribuirdes, ruim , tain ha, ven toi nha, etc. 2.a) Tambm no se assinala com acento agudo a base dos ditongos tnicos iu e ui quando precedidos de vogal: atraiu , contribuiu, pau is, etc.feito). 3.a) Tambm no portugus-padro do Brasil a forma demos pronuncia-se com e semifechado [e], seja ela 1,a pessoa do presente do subjuntivo ou do pretrito perfei to do indicativo, razo por que no recebe nenhum acento grfico. J no portuguspadro europeu, a vogal semifechada no presente do subjuntivo [e] e semi-aberta no pretrito perfeito do indicativo [e], pelo que a ortografia portuguesa manda apor-5.a) Assinala-se com o acento agudo o u tnico precedido de g ou q e segui do de e ou i: argi, argis, averige, averiges, obliqe, obliqes, etc.6.a) Pe-se o acento agudo na base dos ditongos semi-abertos i, u, i, quan do tnicos: bacharis, chapu, jib ia, lio, paran ico, rouxinis, etc.lhe um acento agudo no segundo caso. Da as grafias demos (presente do subjunti vo) e dmos (pretrito perfeito do indicativo). 4.a) N o portugus-padro do Brasil distinguem-se na pronncia dois grupos de palavras terminadas em -eia : um em que a vogal e semi-aberta e vem marcada comObservao: Quanto grafia das palavras terminadas em-eia , veja-se o que se disse na regra3.a, observao 4.a7.) Marca-se com o acento agudo o e da terminao em ou ens das palavra 1 Em certos dialetos portugueses setentrionais, a vogal a , em geral, aberta nos dois tempos.oxtonas: algum , arm azm , convm , convns, detm -no, m an tem -n a, ptim bi ns, rctm -no, tam bm , etc.71 51. NOVAGRAMTICADOPORTUGUSCONTEMPORNEOObservaes: 1.a) No se acentuam graficamente os vocbulos paroxtonos finalizados por em ou ens: on tem , origem , im agens, jovens, nuvens, etc. 2.a) A terceira pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos ter, vir eORTOGRAIIA13.a) O acento grave assinala as contraes da preposio a com o artigo a e com os pronomes demonstrativos a, aquele, aqueloutro, aquilo, as quais se es crevero assim: , s, quele, queles, quelas, quilo, qu eloutro, queloutra, queloutros, queloutras.seus compostos recebe acento circunflexo no e da slaba tnica: {eles) contm , ( elas) convm , (eles) tm , (elas) vm , etc. 3.a) Conserva-se, por clareza grfica, o acento circunflexo do singular cr, d, l,DIVERGNCIAS ENTRE AS ORTOGRAFIAS OFICIALMENTE ADOTADAS EM PORTUGAL E NO BRASILv no plural crem , d em , lem , vem e nos compostos desses verbos, como descrem , desdem , relem , revem , etc.8.a) Sobrepe-se o acento agudo ao a aberto, ao e ou o semi-abertos e ao i ou u da penltima slaba dos vocbulos paroxtonos que acabam em l, n, r, e x; e o acento circunflexo ao a, e e o semifechados: acar, afvel, alm en, crtex, ter, hfen, aljfar, m bar, cnon, xul, etc. Observao: No de acentuam graficamente os prefixos paroxtonos terminados em r. interh u m an o, su p er-h om em , etc.9.a) Marca-se com o competente acento, agudo ou circunflexo, a vogal da slaba tnica dos vocbulos paroxtonos acabados em ditongo oral: geis, devreis, escrevsseis, fa reis, frteis, fsseis, fsseis, im veis, j q u e i, pn seis, pussseis, quissseis, tnheis, tneis, teis, variveis, etc. 10.a) Usa-se o til para indicar a nasalizao, e vale como acento tnico se outro acento no figura no vocbulo: af, capites, corao, devoes, pem , etc. Observao: Se tona a slaba onde figura o til, acentua-se graficamente a predominante: a crdo, bn o, rf, etc.1Alm das divergncias atrs mencionadas que dizem respeito ao emprego do trema, do hfen e, principalmente, da acentuao divergncia esta que, vimos, corresponde, em geral, diversidade de pronncia de certas vogais tni cas , persiste ainda uma importante diferena entre os sistemas ortogrficos oficialmente adotados em Portugal2 e no Brasil3 o tratamento das chamadas : consoantes mudas . N o Brasil, por disposio do F orm u lrio ortogrfico de 1943, as consoantes etimolgicas finais de slaba (implosivas), quando no articuladas ou seja, quando mudas deixaram de se escrever. Em Portugal, no entanto, em conformidade com o texto do A cordo de 1945, continuaram a ser grafadas sem pre que se seguem s vogais tonas a (aberta), e ou o (semi-abertas), como forma de indicar a abertura dessas vogais.4 Por uma razo de coerncia, man tm-se tais consoantes em slaba tnica nas palavras pertencentes mesma famlia ou flexo. Essa forma de distinguir, no portugus europeu, as pretnicas abertas ou semi-abertas das reduzidas no se justifica no portugus do Brasil, em cuja pronncia-padro no h pretnicas reduzidas, tendo-se as vogais nesta posio neutralizado num a aberto e num e ou num o semifechados. Da escrever-se cm Portugal: acto, aco, accion ar, accion ista, bap tism o, b ap tiza r, director, correcto, correco, ptim o, optim ism o, adoptar, adopo; e no Brasil: ato, ao, acionar, acionista, batism o, batizar, diretor, correto, correo, tim o, otim ism o, tldotar, adoo.l.a) N o Brasil, de acordo com a ortografia oficial em vigor, emprega-se otrema no u que se pronuncia depois de g ou q e seguido de e ou i: agentar, do em todos os casos a partir do acordo ortogrfico de 1945. 12.a) Recebem acento agudo os seguintes vocbulos que esto em homografia1 Hm Portugal, a ortografia oficialmente adotada a do Acordo ortogrfico de 1945, assina ilo em Lisboa, a 10 de agosto de 1945, por uma Comisso composta de membros da Auklcmia das Cincias de Lisboa e da Academia Brasileira de Letras. Esse Acordo n.in entrou em vigor no Brasil por no ter sido ratificado pelo Congresso Nacional.com outros: s (s. m.), cf. s (contr. da prep. a com o art. ou pron. as), p r a (v.),1N o Brasil vigoram oficialmente as normas do Form ulrio ortogrfico de 1943, consiihsiaii CUilils no Vocabulrio ortogrfico, publicado no mesmo ano, com as leves alteraes de Irrnilnndas pela Lei n. 5.765, de 18 de dezembro de 1971.II IA. porm, no portugus-padro de Portugal, vogais pretnicas, provenientes de iltign t hl*, que conservam o timbre aberto ([a ]) ou semi-aberto ([e ], |o|), sem servem para indicar, respectivamente, o lugar p a r a o n d e e o lugar donde.A propsito, leia-se o que escrevemos no captulo 15.145 88. 146NOVAGRAMTICADO P O R T U G U SFRASE,CONTEMPORNEOmodificador doPREDICATIVO DO OBJETOo b je to d ir e t o.0RAA0,PERI0D0Baseados nesse fato, fillogos como Epifnio da SilvaDias e Martinz de Aguiar preferem considerar o complemento no caso seja ex1. Tanto oobjetod ir e t ocom o oO p r e d i c a t iv o n a l , e expresso: a) por substantivo: p r e d i c a t iv o .presso pelo pronome lhe, seja por um substantivo antecedido de preposio comopodem ser m odificados por aparece no predicado v e r b o - n o m i -in d ir e t od o o b jeto s o b j e t o d ir e t o.AGENTE DA PASSIVAUns a nomeiam primavera. Eu lhe chamo estado de esprito. (C. Drummond de Andrade, FA, 125.) Chamo-me Aldemiro. (I. Lisboa, M CN, 94.)1.A g e n t e d a p a s s iv a o complemento que, na voz passiva com auxiliar, desig na o ser que pratica a ao sofrida ou recebida pelo sujeito. Este comple mento verbal normalmente introduzido pela preposio p o r (ou per) e, algumas vezes, por de pode ser representado: a) por substantivo ou palavra substantivada: Esta carta foi escrita por um marinheiro americano. (F. Namora, DT, 120.)b) por adjetivo: Os trabalhadores da Gamboa julgam-no assombrado. (O. Mendes, P, 140.) Naquele ano Ismael achou o av mais macambzio. (Autran Dourado, TA, 41.) 2. Como o p r e d i c a t iv o d o s u j e it o , o, ou do conectivo com o:o d o o b jetopode vir antecedido de preposiQuaresma ento explicou porque o tratavam por major. (Lima Barreto, TFPQ, 215.) Considero-o como o primeiro dos precursores do esprito moderno. (A. de Quental, C, 313.) Observao: Somente com o verbo chamar pode ocorrer opr e d ic at iv o do objeto in d ir e t o :Um jornal lido por muita gente. (C. Drummond de Andrade, CB, 30.) > b) por pronome: Ele dela ignorado. Ela para ele ningum. (F. Pessoa, OP, 117.) A mesma orao foi por mim proferida em So Jos dos Campos, minha cidade natal. (Cassiano Ricardo, VTE, 26.) () por numeral: Tudo quanto os leitores sabem de um e de outro foi ali exposto por ambos, e por ambos ouvido entre abatimento e clera. (Machado de Assis, OC, II, 212-213.)A gente s ouvia o Pancrio chamar-lhe ladro e mentiroso. (Castro Soromenho, V. 220.)No devem ser escutadas por todos; tm de ser ouvidas por um. (J. Pao dArcos, CVT, 350.)Chamam-lhe fascista por toda a parte. (C. dos Anjos, M, 277.) Com os demais verbos que admitem esse predicativo (por exemplo: crer, eleger, encontrar, estimar, fazer, julgar, nomear, proclamar e sinnimos), ele sempre um1 |t) por orao substantiva: E se a primeira pode no encontrar partidrios incondicionais, : se gunda certamente subscrita por quantos tenham uma expcrKn- 89. 148N OV A G R A M T I C AFRASE,DO P O R T U G U S C O N T E M P O R N E Ocia anloga, e no pensam a Amrica, mas se incorporam nela, semOR A O ,PERODOO seu esquema seria entao:deixarem de ser Europeus. (M . Torga, TU, 48.) Mariana era apreciada por todos quantos iam a nossa casa, homense senhoras. (Machado de Assis, OC, II, 746.) TRANSFO RM AO DA ORAO ATIVA EM PASSIV A 1. Quando uma orao contm um verbo construdo com objeto direto, ela pode assumir a forma passiva, mediante as seguintes transformaes: a) o objeto direto passa a ser sujeito da passiva; b) o verbo passa forma passiva analtica do mesmo tempo e modo; c) o sujeito converte-se em agente da passiva.os salriossao corrodosp e la in flaao2. Se numa orao da voz ativa o verbo estiver na 3.a pessoa do plural para indi car a indeterminao do sujeito, na transformao passiva cala-se o agente. Assim:Tomando-se como exemplo a seguinte orao ativa, VOZ ATIVAA inflao corri os salrios,VOZ PASSIVAAumentaram os salrios.Os salrios foram aumentados.Contiveram a inflao.A inflao foi contida.poderamos coloc-la no esquema: Observaes:orao1.a) Cumpre no esquecer que, na passagem de uma orao da voz ativa para a passiva, ou vice-versa, o agente e o paciente continuam os mesmos; apenas desem penham funo sinttica diferente. 2.) Na voz passiva pronominal, a lngua moderna omite sempre o agente:Aumentou-se o salrio dos grficos. Conteve-se a inflao em nveis razoveis.a in flaocorrios salriosA ORAO E OS SEUS TERMOS ACESSRIOS ( Ihumam-se a c e s s r io s osConvertida na orao passiva, teramos:term o sque se juntam a um nome ou a um ver-litt | uini precisar-lhes o significado. Embora tragam um dado novo orao,llrtii iflo eles indispensveis ao entendimento do enunciado. Da a sua deno Os salrios so corrodos pela inflao.OtW 0M M o TKRMOS a c e s s r io s :II) II Aim iNTO a h n o m in a l; ; p ) II AlU N T O a d v e r b i a l ;) (t AM ONTO.149 90. FRASE, 150NOVAGRAMTICADO P O R T U G U SORAO,PERODOCONTEMPORNEOVrios vendedores de artesanato expunham suas mercadorias.ADJUNTO A D N O M IN A L(R. Fonseca, C, 76-77.)A d j u n t o a d n o m i n a l o t e r m o d e v a l o r a d je t iv o q u e s e r v e p a r a e s p e c ific a r o u d e l i m i t a r o s ig n ific a d o d e u m s u b s t a n tiv o , q u a lq u e r q u e s eja a fu n o d e s te .Oa d j u n t o a d n o m in a le) numeral:pode vir expresso por:Casara-se havia duas semanas. (C. Drummond de Andrade, CB, 29.)a) adjetivo: Na areia podemos fazer at castelos soberbos, onde abrigar o nossoTinha uns seis a oito meses e eu, proporcionalmente, devia orarntimo sonho.pela sua idade. (A. Ribeiro, CRG, 17.)(R. Braga, CCE, 251.) Tenho pensado que toda esta geringona social precisa de umaf)orao adjetiva:grande volta. (C. de Oliveira, CD, 93.)Os cabelos, que tinha fartos e lisos, caram-lhe todos. (M . J. de Carvalho, AV, 116.)b) locuo adjetiva: Tinha uma memria de prodgio. (J. Lins do Rego, ME, 104.)Venho cumprir uma misso do sacerdcio que abracei. (Machado de Assis, OC, II, 155.) Observao:Era um homem de conscincia. (A. Abelaira, NC, 15.)O mesmo substantivo pode estar acompanhado por mais de umad ju ntoA d n o m in a l:O homem j estava acamado Dentro da noite sem cor. (M . Bandeira, PP, I, 339.) c)Ante o meu embezerramento, o paizinho sorria um sorriso benvolo e desenfadado.a r t ig o ( d e f i n i d o o u i n d e f i n i d o ) :(A. Ribeiro, CRG, 11.) Um Cristo barroco pendia da cruz, num altar lateral.(Vianna Moog, T, 86.) O ovo a cruz que a galinha carrega na vida. (C. Lispector, FC, 51.)As ondas rebentavam com estrondo, formando uma muralha de es puma, para l da qual o mar era um lago sereno e azul. (Branquinho da Fonseca, MS, 10.)ADJUNTO A D V E R B IA L A l 'JUNTO a d v e r b ia l , c o m o o n om e indica, o term o de va lo r adverbial que ili-linlit ulguma circunstncia d o fato expresso pelo verbo, ou intensifica o sentido ilc um adjetivo, o u de um advrbio.( ) amunto d) pronome adjetivo: Deposito a minha dona no limiar da sua moradia. (F. Botelho, X, 118.)a d v e r b ia lpode vir representado por:i ) fttlvlrbio: Aqui no passa ningum. (F. Namora, TJ, 205.) 91. NOVAGRAMTICADOPORTUGUSFRASE,CONTEMPORNEOAmou-a perdidamente. (L. Fagundes Telles, DA, 118.)c)ORAO,PERODOd e d v id a :Talvez Nina tivesse razao... b) por locuo ou expresso adverbial:(V. Nemsio, M TC, 105.)De sbito, eu, o Baro e a criada comeamos a danar no meio da sala.Acaso meu pai entenderia mesmo de poemas? (L. Jardim, MPM, 89.)(Branquinho da Fonseca, B, 61.) d)d e f im:L embaixo aparece Jacarecanga sob o sol do meio-dia. (. Verssimo, ML, 13.)H homens para nada, muitos para pouco, alguns para muito, ne nhum para tudo. (Marqus de Maric, M, 87.)c) por orao adverbial: Fechemos os olhos at que o sol comece a declinar. (A. M. Machado, C], 82.)Quando acordou, j Lisa ali estava.Viaja ento para se contrafazer, por penitncia? (A. Abelaira, NC, 19.) e)d e in s t r u m e n t o :(M . J. de Carvalho, AV, 141.) Anastcio estava no alto, na orla do mato, juntando, a ancinho, asClassificao dos adjuntos adverbiaisfolhas cadas. (Lima Barreto, TFPQ, 156.)E difcil enumerar todos os tipos de a d j u n t o s a d v e r b ia i s . Muitas vezes, s em face do texto se pode propor uma classificao exata. No obstante, convm conhecer os seguintes: a)Dou-te com o chicote, ouviste! (Luandino Vieira, L, 41.)de causa:I')d e in t e n s i d a d e :Por que lhes dais tanta dor?! (A. Gil, LJ, 25.)Gosto muito de ti. (M . Torga, NCM , 32.)No havia de perder o esforo daqueles anos todos, por causa de umexame s, o derradeiro.__ Ou ele estuda demais, ou no come bastante de manh, disse a(C. dos Anjos, MS, 343.)me. (C. Lispector, LF, 104.)b)d e c o m p a n h ia :| ) K m e ,a r | l! Lanchas, ide com Deus! Ide e voltai com ele Por esse mar de Cristo... (A. Nobre, S, 32.) Vivi com Daniel perto de dois anos. (C. Lispector, BF, 79.)a o n d e 3:Cheguei taberna do velho ao fim da tarde. (Alves Redol, BSL, 330.)*Nnltrc o emprego indiscriminado de onde e aonde, veja-se p. 352.153 92. 154NOVAGRAMTICADOPORTUGUSFRASE,CONTEMPORNEOPERODOCheguei de Paris, e encontrei uma carta de Irene, escrita na vspera do casamento. Era um adeus com raiva e lgrimas. (C. Castelo Branco, OS, II, 298.)Veja aonde vai. (A. M. Machado, CJ, 243.) h) DE LUGARORAO,o n de:n)d e m e ioN o ms passado estive algumas horas em Cartago. (A. Abelaira, NC, 19.):Estarei talvez confundindo as coisas, mas Anbal ainda viajava de bicicleta, imaginem! (A. Abelaira, NC, 19.)O vulto escuro entrou no jardim, sumiu-se em meio s rvores. (. Verssimo, LS, 133.) i)DE LUGARVoltamos de bote para a ponta do Caju. (Lima Barreto, REIC, 287.)do nde:Dos mares da China no mais viro as quinquilharias.o)de m o do:(M. Rubio, D, 144.) Vagarosam ente ela foi recolhendo o fio.(L. Fagundes Telles, ABV, 7.) Some-te daqui, ingrato! (F. Namora, TJ, 99.) j)Henriqueta subiu a escada, p ante p, como um ladro. (V. Nemsio, M TC, 79.)de lu g ar pa r a o n d e :Levaram a defunta numa rede para o cemitrio de S. Caetano. (L. Jardim, MP, 25.)p)de negao : No, senhor Cnego, vejo. Mas no concordo, no aceito. (B. Santareno, TPM, 109.)A chuva levou-os para casa. (C. de Oliveira, AC, 166.) No partas, no. Aqui todos te querem! 1)(Castro Alves, EF, 154.)DE LUGAR POR ONDE:Atravessou o Campo da Aclamao, enfiou pela Rua de So Pedro e meteu-se pelo Aterrado acima. (Machado de Assis, OC, II, 569.)t|) de t e m p o :Todas as manhs ele sentava-se cedo a essa mesa e escrevia at as dez, onze horas. (P. Nava, BO, 330.)Por sobre o navio voejavam ainda gaivotas, com movimentos len tos, ritmados. (J. Pao dArcos, CVL, 593.)A Custdia esteve cinco anos na clausura. (A. Ribeiro, CRG, 28.)m ) d e m a t r ia :APOSTO Obra de finado. Escrevi-a com a pena da galhofa e a tinta da melan Icolia. (Machado de Assis, OC, I, 413.)Amsro o termo de carter nominal que se junta a um substantivo, a um pronome, ou a um equivalente destes, a ttulo de explicao ou de apreciarto: 93. NOVAGRAMATICADOP ORTUGUSC ONTEMPORNEOFRASE,Eles, os pobres desesperados, tinham uma euforia de fantoches. (F. Namora, DT, 237.)ORAO,PERODOb) referir-se a uma orao inteira: Pediu que lhe fornecessem papel de carta e que lhe restitussem a sua caneta, o que lhe foi concedido.Mas como explicar que, logo em seguida, fossem recolhidos Jos Borges do Couto Leme, pessoa estimvel, o Chico das Cambraias,(J. Pao dArcos, CVL, 1183.)folgazo emrito, o escrivo Fabrcio, e ainda outros? (Machado de Assis, OC, II, 269.) 2. Entre oa po stoO importante saber para onde puxa mais a corredeira coisa, alis, sem grandes mistrios.e o termo a que ele se refere h em geral pausa, marcada naescrita por uma vrgula, como nos exemplos acima. Mas pode tambm no haver pausa entre o a p o s t o e a palavra principal, quando esta um termo genrico, especificado ou individualizado pelo(M. Palmrio, VC, 375.) c) ser enumerativo, ou recapitulativo:aposto.Tudo o fazia lembrar-se dela: a manh, os pssaros, o mar, o azulPor exemplo:do cu, as flores, os campos, os jardins, a relva, as casas, as fontes, sobretudo as fontes, principalmente as fontes!A cidade de Lisboa O poeta Bilac(Almada Negreiros, NG, 112.)O rei D. Manuel Os porcos do chiqueiro, as galinhas, os p de bogari, o cardeiro da estrada, as cajazeiras, o bode manso, tudo na casa de seu compadre parecia mais seguro do que dantes. (J. Lins do Rego, FM, 289.)O ms de junho Este a p o s t o , chamado de e s p e c if ic a o , no deve ser confundido com certas construes formalmente semelhantes, como O clima de Lisboa O soneto de Bilac A poca de D. Manuel As festas de junho em que d e L isboa, d e B ilac, d e D. M an u el e d e ju n h o equivalem a adjetivos (= lisboeta, bilaqu iano, m an u elin a e ju ninas) e funcionam, portanto, como a t r ib u t o s o u a d j u n t o s a d n o m i n a i s .3. O a p o s t o pode tambm: a) ser representado por uma orao: A outra metade tocara aos sobrinhos, com uma condio expressa:que o legado s lhes fosse entregue trinta anos depois. (J. Montello, LE, 202.) A verdade esta: no fala a bem dizer com acento algum. (M . de S-Carneiro, CF, 108.)Valor sinttico do aposto Oapostotem o mesmo valor sinttico do termo a que se refere. Pode, as-ilm, haver: tl) aposto no sujeito: Ela, Dora, foi, de resto, muitssimo discreta. (M. J. de Carvalho, AV, 105.) A espingarda lazarina, a melhor espingarda do mundo, no mentia fogo e alcanava longe, alcanava tanto quanto a vista do dono; a mulher, Cesria, fazia renda e adivinhava os pensamentos do marido. (G. Ramos, AOH, 25.) |t| HDOSto no predicativo:As escrituras eram duas: a do distrate da hipoteca e a da venda daspropriedades. (J. Pao dArcos, CVL, 550.)157 94. FRASE, N OV AGRAMATICADO P O R T U G U SO RAO,PERODOCONTEMPORNEOO meu projeto este: podamos obrigar toda a gente a ter manchasAs paredes foram levantadas por Toms Manuel, av do Engenheiro. (J. Cardoso Pires, D, 63.)no rosto. (G. Ramos, AOH, 143.)g) aposto no adjunto adverbial: c) aposto no complemento nominal:Uma vez empossado da licena comeou a construir a casa. Era naJoo Viegas est ansioso por um amigo que se demora, o Calisto. (Machado de Assis, OC, II, 521.)rua nova, a mais bela de Itagua. (Machado de Assis, OC, II, 256-257.)A vida um contnuo naufrgio de tudo: de seres e de coisas, deFoi em 14 de maio de 1542, uma segunda-feira.paixes e de indiferenas, de ambies e temores.(A. Ribeiro, PST, 272.)(A. F. Schmidt, F, 72.) h) aposto no aposto: d) aposto no objeto direto: As crnicas da vila de Itagua dizem que em tempos remotos vivera Assim, apontou com especialidade alguns personagens clebres, Scrates, que tinha um demnio familiar, Pascal, que via um abis mo esquerda, Maom, Caracala, Domiciano, Calgula... (Machado de Assis, OC, II, 262.) Jogamos uma partida de xadrez, uma luta renhida, quase duas ho ras... (A. Abelaira, NC, 54.)ali um certo mdico, o Dr. Simo Bacamarte, filho da nobreza daterra e o maior dos mdicos do Brasil, de Portugal e das Espanhas. (Machado de Assis, OC, II, 255.) N o Recolhimento morreram umas, ficaram desfeadas outras para todo o sempre, cegou a filha do Floriano, fidalgo de Rape, cunhado de meu padrinho, D. N icforo da Ula M onterroso Barbaleda Fernandes, moo fidalgo da Casa Real e par do Reino. (A Ribeiro, CRG, 29.)e) aposto no objeto indireto: Devorador da vida lhe chamaram, A ele, artista, sbio e pensador, Que denodadamente se procura! (M . Torga, CH, 79.) Meu pai cortava cana para a gua, sua montaria predileta. (J. Amado, MG, 13.) Foi o que sucedeu ao seu maior amigo, ao Abel, quando andavam n;i traineira do Domingos Peixe. (Alves Redol, FM, 173.)I) aposto no vocativo: Razo, irm do Amor e da Justia, Mais uma vez escuta a minha prece. (A. de Quental, SC, 71.) Tu, Deus, o Inspirador, Taumaturgo e Adivinho, D-me alvio ao pesar, prodigando-me o Vinho Que o nctar celestial da eterna Moradia. (A. de Guimaraens, OC, 313.)Aposto predicativo f)aposto no agente da passiva: Com o Esta frase foi proposta por Sebastio Freitas, o vereador dissidente, cuja defesa dos Canjicas tanto escandalizara os colegas. (Machado de Assis, OC, II, 274.)apo stoatribui-se a um substantivo a propriedade representada portilllio substantivo. Os dois termos designam sempre o mesmo ser, o mesmo lllljpto, o mesmo fato ou a mesma idia.159 95. NOV AGRAMTICAPor isso, oDOPORTUGUSCONTEMPORNEOFRASE,ORAO,PERODOno deve ser confundido com o adjetivo que, em funo de p r e d i c a t iv o , costuma vir separado do substantivo que modifica por uma pausa sensvel (indicada geralmente por vrgula na escrita). Numa orao comovemos que, neles, os termos M anuel e sinos de Satita Clara no esto su bordinados a nenhum outro termo da frase. Servem apenas para invocar, chamar ou nomear, com nfase maior ou menor, uma pessoa ou coisa persoa seguintenificada. A estes termos, de entoao exclamativa e isolados do resto da frase, d-se oapostoE a noite vai descendo muda e calma...nome dev o c a t iv o .(F. Espanca, S, 60.) . Embora no subordinado a nenhum outro termo da orao e isolado do resto da frase, o v o c a t i v o pode relacionar-se com algum dos termos.que tambm poderia ser enunciadaAssim, neste exemplo,E a noite, muda e calma, vai descendo...E, ao v-la, acordarei, meu Deus de Frana! (A. Nobre, S, 43.) E, muda e calma, a noite vai descendo..., o muda e calma p r e d i c a t iv od e u m p r e d ic a d o v e r b o - n o m in a l.O mesmo raciocnio aplica-se anlise de oraes elpticas, cujo corpo se reduz a um adjetivo, que nelas desempenha a funo deDizei-me vs, Senhor Deus! (Castro Alves, OC, 281.)Rico, desdenhava dos humildes. apo sto.Equivale a uma orao adverbial de causa [= porqueera rico], dentro da qual exerce a funo demeu Deus de Frana! no tem relao alguma com os demaisp r e d i c a t iv o . o caso de frases do tipo:em que rico nov o c a t iv otermos da frase. J nestes exemplos, lanchas, Deus vos leve pela mo! (A. Nobre, S, 31.)p r e d i c a t iv o .O adjetivo, enquanto adjetivo, no pode exercer a funo de a p o s t o , por que ele designa uma caracterstica do ser ou da coisa, e no o prprio ser ou ,i0 v o c a t iv oSenhor Deus! r e la c io n a - s e c o m o s u je it o vs, d a p r i m e i r a o r a o ;t! 0 v o c a t i v oprpria coisa 4 . lanchas c o m o o b j e t o d ir e t o vos, d a s e g u n d a .Olntrvaes:V 0CA TIV 01.") Quando se quer dar maior nfase frase, costuma-se preceder o1. Examinando estes versos de A. Nobre,Manuel, tens razo. Venho tarde. Desculpa.Por quem dobrais, quem morreu? (S, 47.)da m inha am ada, Que olhos os teus!(S, 51.) sinos de Santa Clara,v o c a tiv ollllrrjcio !, como neste exemplo de Vincius de Morais:(PCP, 334.) 2,*) Na escrita, o ( m iiiIu ilev o c a tiv ovem normalmente isolado por vrgula, ou seguido deexclamao, como nos mostram os exemplos acima.V") ( Aimpre distinguir ov o c a tiv odo substantivo que, acompanhado ou no detltlrillllnno, constitui por si mesmo o predicado em frases exclamativas do tipo: 4 Georges Galichet. G ram m aire structurale du fran ais m oderne. 2.a ed. Paris-Limo|,c Charles-Lavauzelle, 1968, p. 135.MKncio! [= Faa silncio!) MAos ao alto! [= Ponha as mos ao alto!] 96. FRASE, 162NOV AGRAMTICADOPORTUGUS0RA0,PERODOC ONTEMPORNEOAo contrrio, o realce doCOLOCAO DOS TERMOS NA ORAOADJUNTO a d v e r b ia lp r e d i c a t iv o ,doo b j et o( d ir e t o o u in d i r e t o )e do expresso de regra por sua antecipao ao verbo:ORDEM DIRETA E ORDEM IN V E R SAFraca foi a resistncia. (C. dos Anjos, MS, 313.)1. Em portugus, como nas demais lnguas romnicas, predomina a o r d e m dirh t a , isto , os termos da orao dispem-se preferencialmente na seqncia:Minha espada, pesada a braos lassos, Em mos viris e calmas entreguei. (F. Pessoa, OP, 67.)SUJEITO + VERBO + OBJETO DIRETO + OBJETO INDIRETOou SUJEITO + VERBO + PREDICATIVOA ela devia o meu estado psquico cinzento e melindroso. Essa preferncia pela o r d e m d ir e t a mais sensvel nas ou d e c l a r a t iv a s (afirmativas ou negativas). Assim:(F. Namora, DT, 59.)o r a e s e n u n c ia t iv a sAcol, na entrada do Catongo, uma festa de mutiro. (Adonias Filho, LP, 30.)Carlos ofereceu um livro ao colega. Carlos gentil. Paulo no perdoou a ofensa do colega. Paulo no generoso.IN VERS ES DE NATUREZA GRAM ATICAL Em outros lugares deste livro tratamos da colocao de termos da orao.2. Ao reconhecermos a predominncia da ordem direta em portugus, no devemos concluir que as inverses repugnem ao nosso idioma. Pelo contra rio, com muito mais facilidade do que outras lnguas (do que o francs, por exemplo), ele nos permite alterar a ordem normal dos termos da orao. Ha mesmo certas inverses que o uso consagrou, e se tornaram para ns uma exigncia gramatical.Nos captulos 10, 11 e 14 estudamos, respectivamente, a posio:ti) doa d j e t iv o10 dosc o m o a d j u n t o a d n o m in a l ;pro nom es,em particular dosp r o n o m e s pesso ais t o n o sque servem deo b jeto d ir e t o o u i n d i r e t o ;i ) doa d v r b ioe de outras classes de palavras em sua funao oracional.No captulo 19 examinamos as figuras de sintaxe denominadas IN V E R S E S DE NATUREZA E STILSTICA Dos fatores que normalmente concorrem para alterar a seqncia lgica dos termos de uma orao, o mais importante , sem dvida, a nfase. Assim, o realce do s u je it o provoca geralmente a sua posposico ao v e r b o : Quero levar-te a ddalos profundos, Onde refervem sis... e cus... e mundos... (Castro Alves, EF, 44.) s tu! s tu! Sempre vieste, enfim! (F. Espanca, S, 140.) No vs o que te dou eu? (V. de Morais, PCP, 297.)h ip r b a t o ,e s n q u i s e . Por isso, vamos restringir-nos aqui apenas a algumas consideraes quanto posio do v e r b o relativamente ao s u j e it o e ao p r e d i -ANASt r o f eIATIVO.Inverso verbo + sujeito | A inverso ,verbo+su je itoverifica-se em geral.D) nas oraes interrogativas: Que fazes tu de grande e bom, contudo? (A. de Quental, SC, 64.) Onde est a estrela da manh? (M . Bandeira, PP, I, 233.)163 97. NOVAGRAMATICADOP ORTUGUSFRASE,CONTEMPORNEOb) nas oraes que contm uma forma verbal imperativa:ORAO,PERODOf) nas oraoes reduzidas de infinitivo, de gerndio e de particpio:Ouve tu, meu cansado corao,Pelas madrugadas de So Joo, ao comearem a m orrer as fogueiO que te diz a voz da natureza:ras, mocinhas postavam-se diante do Solar.(A. de Quental, SC, 51.)Dize-me tu, cu deserto, dize-me tu se muito tarde. (C. Meireles, OP, 502.) c) nas oraes em que o verbo est na passiva pronominal:(G. Frana de Lima, JV, 5.)Tendo adoecido o nosso professor de portugus, padre Faria, ele o substituiu. (J. Amado, MG, 112.)Acabada a lengalenga, pretendi que bisasse. (A. Ribeiro, CRG, 16.)Formam-se bolhas na gua... (F. Pessoa, OP, 160.)Servia-se o almoo s dez. (C. dos Anjos, MS, 4.)H) nas oraes subordinadas adverbiais condicionais construdas sem con juno:Tivesse eu tomado em meus braos a rapariga e pagaria dentro em pouco em amarguras os momentos fugazes de felicidade.d) nas oraes absolutas construdas com o verbo no subjuntivo para denotar uma ordem, um desejo: Que venha essa coisa melhor! (M . Rubio, D, 17.)Chovam lrios e rosas no teu colo! (A. de Quental, SC, 35.)Durma, de tuas mos nas palmas sacrossantas, O meu remorso. (O. Bilac, T, 192.) e) nas oraes construdas com verbos do tipo dizer, sugerir, perguntar, rcs p on d er e sinnimos que arrematam enunciados em d is c u r s o d ir e t o ou neles de inserem:(A. F. Schmidt, AP, 68.)Viesse a ocasio, e ele havia de mostrar de que pau era a canoa... (Machado de Assis, OC, I, 505.) ! h) cm certas construes com verbos unipessoais: Aconteceu no Rio, como acontecem tantas coisas. (C. Drummond de Andrade, CB, 30.)Basta o amor ao trabalho... (A. Abelaira, NC, 14.) Zuz aproveitou para meter a parte dele, ainda doa-lhe no corao acabeada antiga. (Luandino Vieira, L, 48.) Isso no se faz, moo, protestou Fabiano. (G. Ramos, VS, 66.))) liiiN oraes que se iniciam pelo predicativo, pelo objeto (direto ou indireto) iui por adjunto adverbial: Traz-se-lhe as duas coisas disse o Baro aflorando a cabea no ombro da consorte, de mo na porta escura. (V. Nemsio, M TC, 363.)Este o destino dos versos. (F. Pessoa, OP, 165.)165 98. 166NOVAGRAMTICADO P O R T U G U SFRASE,CONTEMPORNEOEssa justia vulgar, porm, no me soube fazer o meu velho mestre.ORAO,PERODOI Inverso predicaticativo + verbo(R. Barbosa, R, 86.) 1.A ns, homens de letras, impe-se o dever da direo deste movimento.Op r e d i c a t iv osegue normalmente o verbo de ligao. Pode, no entanto,preced-lo: a) nas oraes interrogativas e exclamativas:(O. Bilac, DN, 112.)Que monstro seria ela? (J. Lins do Rego, E, 255.)Num paquete como este no existe a solido! (A. Abelaira, N C , 41.)Que lindos eram os lagartos nos terraos de suas luras a divisar-me com as duas gotas de nix lquido dos olhos pequeninos!2. A orao subordinada substantiva subjetiva coloca-se normalmente depois do verbo da principal: provvel que te sintas logo muito melhor. (A. O Neill, SO, 37.)(A. Ribeiro, CRG, 91.) [ b) em construes afetivas do tipo:Orgulhoso, apaixonado pela prpria imagem isso ele o foi! (A. F. Schmidt, F, 131.)Parece que vamos ter um belo dia de sol, depois de uma noite devento e chuva. (J. Montello, A, 178.)Probidade essa foi realmente a qualidade primacial de Verssimo. (M. Bandeira, PP, II, 415.) preciso que eles nos temam.2, Na voz passiva analtica, o p a r t i c p i o vem normalmente posposto s formas do auxiliar ser. Costuma, no entanto, preced-las em frases afetivas denota-(Castro Soromenho, V, 116.)doras de um desejo:3. Em princpio, os verbos intransitivos podem vir sempre antepostos ao sen sujeito:Abenoados sejam os nossos maiores, que nos deram esta Ptria li vre e formosa! (O. Bilac, DN, 81.)Desponta a lua. Adormeceu o vento, Adormeceram vales e campinas... (A. de Quental, SC, 114.)Amaldioados sejam eles, caiam-lhes as almas nas profundezas do inferno.Correm as horas, vem o Sol descambando; refresca a brisa, e sopra rijo o vento. No ciciam mais os buritis... (Visconde de Taunay, I, 33.)INTOAO 0 RACIONALObservaes:I1.a) Embora nos casos mencionados a tendncia da lngua seja manifestamente pela inverso(J. Saramago, LC, 121.)v e r b o + s u je ito ,reta a construos u ie ito+em quase todos elespossvel e perfeitamente coiverb o.2.a) O pronome relativo coloca-se no princpio da orao, quer desempenlu- > i funo de sujeito, quer a de objeto.|)oN elementos constitutivos da voz humana o t o m , ou altura musical, o ui,m sensvel s modificaes emocionais. Agrada-nos ou desagrada-nos 0 lom de voz de uma pessoa. Percebemos imediatamente se ela fala em tom lio li baix o, ou se, pobre de inflexes, a sua elocuo m ontona, isto , detini "n tom , o que vale dizer enfadonha . A fala expressiva exige vanedailt tlc tons e sua adequao ao pensamento. 99. NOVAGRAMTICADO P O R T U G U SFRASE,CONTEMPORNEOA linha ou curva meldica descrita pela voz ao pronunciar palavras, oraes e perodos chama-se e n t o a o . 2. Os diferentes problemas suscitados pelas tentativas de interpretao da cur va meldica tm posto prova a argcia dos lingistas contemporneos. Entre esses problemas de soluo delicada, sobreleva o de caracterizar o va lor da entoao na frase, isto , o de saber se nela a entoao desempenli.i uma funo lingstica (significativa ou distintiva) determinada. Por outras palavras: interessa-nos saber preliminarmente se, pela simples diversidadedog r u p o f n ic o.u n id a d e m e l d ic aPodemos, pois, considerar oORAO,g r u p o f n ic o oPERODOequivalente da,5Observao:Em poesia, os versos curtos (at sete slabas) constam geralmente de um s gru po fnico. Os versos longos costumam apresentar internamente uma deflexo da voz ( c e s u r a ) , que os divide em hemistquios. Cada hemistquio corresponde, de re gra, a um grupo fnico.da curva meldica, duas mensagens no mais foneticamente idnticas -podem ser interpretadas de maneira distinta pelos usurios de uma mesma lngua. Pelas razes que aduziremos a seguir, parece-nos lcito reconhecer a fim0 GRUPO FNICO E A ORAOcionalidade lingstica da entoao em nosso idioma.t e r r o g a t iv aCaracterizada a unidade meldica, passemos anlise das diferenas que se observam na curva tonal descrita por trs tipos de orao: a d e c l a r a t iv a , a i n e a e x c l a m a t iv a .GRUPO ACENTUAL E GRUPO FNICOOrao declarativaDissemos que g r u p o a c e n t u a l todo segmento de frase que se apia em um acento tnico principal. A um ou vrios grupos acentuais compreendidos en tre duas pausas (lgicas, expressivas, ou respiratrias) d-se o nome de g r u p oI . Examinando a seguinte orao, constituda de um s grupo fnico: Os alunos chegaram tardeFNICO.Por exemplo, numa elocuo lenta, o seguinte perodo de Marques Rebeloobservamos que a voz descreve, aproximadamente, esta curva meldica: luO aguaceiro / desabou, / com estrpito, / mas a folia / persistiu.ga nosapresenta cincog r u p o s a c e n t u a is ,nado. Mas encerra apenas trsramacujos limites marcamos com um trao inelig r u p o s f n ic o s :chetarOs deO aguaceiro desabou, / com estrpito, / mas a folia persistiu. / / que poderamos simplificar no esquema: que separamos por dois traos. J numa elocuo rpida, que omitisse a pausa (indicada pela vrgula) entre o verbo desabou e o seu adjunto adverbial com estrpito, o perodo em exame passaria a ter somente dois g r u p o s f n ic o s : O aguaceiro desabou com estrpito, / mas a folia persistiu. / 0 GRUPO FNICO, U N ID A D E M EL DICA A u n i d a d e m e l d i c a o segmento mnimo de um enunciado com sentido prprio e com forma musical determinada. Os seus limites coincidem com o* r * febre a identificao do grupo fnico unidade meldica leiam sc especialmente os (Mudos de T Navarro Toms: El grupo fnico como unidad meldica. Revista de Filologia IH,pnica. Buenos Aires-New York, J(l):3-19,1939; M anual de entonacin espanola. New York Hispanic Institute, 1948, particularmente p. 37 e ss.169 100. 170NOVAGRAMTICADO P O R T U G U SFRASE,CONTEMPORNEOORAO,PERODOque poderamos assim representar esquematicamente.2. Notamos, com base no traado acima, que o grupo fnico em exame com preende trs partes distintas: a) a parte inicial (ou a s c e n d e n t e ) , que comea em um nvel tonal mdio, ca racterstico das frases afirmativas, e apresenta, em seguida, uma ascenso da voz, que atinge o seu ponto culminante na primeira slaba tnica ( lu); b) a parte medial, em que a voz, com ligeiras ondulaes, permanece, aproxi madamente, no nvel tonal alcanado; c) a parte final (ou d e s c e n d e n t e ), em que a voz cai progressivamente a partir da slaba (tar), atingindo um nvel tonal baixo no final da frase.2. So caractersticas deste tipo de interrogao, em que se espera sempre uma3. Dessas trs partes, a inicial e a final so as mais importantes da figura da entoao. Toda o r a o d e c l a r a t i v a completa encerra uma parte inicial as cendente e uma parte final descendente, ambas muito ntidas.resposta categrica sim, ou no: u) o ataque da frase comear por um nvel tonal mais alto do que na oraaob) 4. N o caso de ser a orao declarativa constituda de mais de um grupo fnico, o primeiro grupo comea por uma parte ascendente, e o ltimo finaliza com uma descendente.declarativa; na parte medial do segmento meldico, haver uma queda da voz, que, em bora seja mais acentuada do que nas oraes declarativas, no altera o car ter ascendente desta modalidade de interrogao;c) subir a voz acentuadamente na ltima vogal tnica, ponto culminante dafrase; em seguida, sofrer uma queda brusca, apesar de se manter em nvelOrao interrogativa N o estudo datonal elevado.e n t o a o in t e r r o g a t iv a ,temos de considerar previamente ofato de iniciar-se ou no a frase por pronome ou advrbio interrogativo, pois que a curva tonal distinta nos dois casos.Oraes n o in iciad as p o r pronom e ou advrbio interrogativo 1. Tomando como exemplo a mesma orao declarativa, enunciada, porm, de forma interrogativa,1 Comparando esta curva da orao declarativa estudada, verificamos que , elas se assemelham por terem ambas a parte inicial ascendente e a parte medial relativamente uniforme. Distinguem-se, porm: d) quanto parte final: descendente, na declarativa; ascendente, na interroga tiva; , , , . It) quanto ao nvel tonal: mdio e baixo, na declarativa; alto e altssimo, na interrogativa; l ) quanto queda da voz a partir da ltima slaba tnica: progressiva, na de clarativa; brusca, na interrogativa.Os alunos chegaram tarde?4 |or S a curva meldica descrita pela voz o nico elemento que, na frase > erobservamos que ela descreve a curva meldicacm exame, contribui para o carter interrogativo da mensagem, temos de reconhecer que, em casos tais, a entoao apresenta inequvoco valor funtargacional em nossa lngua. ramchedeOnies in icia d a s p o r pronom e ou advrbio interrogativolu nosTomemos como exemplo a orao:a OsComo soube disto?171 101. 172N OV A G R A M T I C