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O presente trabalho foi elaborado no âmbito da série de Discussões Dirigidas do Curso de Defesa Nacional 2012-2013, do Instituto de Defesa Nacional. A sua finalidade é suportar uma exposição a ser proferida pelos seus autores, bem como a subsequente argumentação que o debate do tema estabelecido vier a suscitar. Na análise inicialmente desenvolvida no seio do Grupo de Trabalho com vista à tomada de decisão relativa à forma de abordar o tema, identificou-se uma questão transversal ao título e aos tópicos de desenvolvimento propostos, que se considerou conveniente tratar previamente, a saber: os fatores condicionantes da geopolítica do Brasil. Considerou-se ainda que, de forma a dar resposta ao título deste trabalho, se impunha desenvolver igualmente os tópicos “A Geopolítica do Brasil para o Atlântico Sul” e as “Implicações para a Segurança Nacional”.
Citation preview
O Brasil e o Atlântico Sul - Implicações para a Segurança Nacional
José DanielAndré MarquetTeresa Ribeiro
30 Abril 2013
Curso de Defesa Nacional 2012-2013
9ª DISCUSSÃO DIRIGIDA
11-04-23
• APRESENTAÇÃO
• FINALIDADE
– Proceder à apresentação crítica e debater o tema
“O Brasil e o Atlântico Sul
- Implicações para a Segurança Nacional”
INTRODUÇÃO
11-04-23
INTRODUÇÃO
SUMÁRIO
• Introdução
• Factores condicionantes da geopolítica do Brasil
• A estratégia brasileira nas instâncias multilaterais
• Continuidade e descontinuidade na política externa entre Lula e Dilma
• A relação com a China: aliados ou rivais
• A importância da lusofonia para o Brasil
• Implicações para a segurança nacional
• Conclusões
11-04-23
INTRODUÇÃO
SUMÁRIO
• Introdução
• Factores condicionantes da geopolítica do Brasil
• A política externa brasileira
– Continuidade e descontinuidade na política externa entre Lula e Dilma
– A relação com a China: aliados ou rivais – A importância da lusofonia para o Brasil
• Implicações para a segurança nacional
• Conclusões
FACTORES CONDICIONANTES DA GEOPOLÍTICA DO BRASIL
11-04-23
FACTORES CONDICIONANTES DA GEOPOLÍTICA DO BRASIL
• Área e fronteiras
• Demografia e Índice de Desenvolvimento Humano
• Políticos
• Economia – Recursos económicos– A Amazónia Azul
• A Ameaça marítima
• Orçamento da Defesa (e a sua tendência)
FACTORES CONDICIONANTES DA GEOPOLÍTICA DO BRASIL
ÁREA E FRONTEIRAS
• 5ª maior Área territorial do mundo = 47% do território sul-americano
• Fronteiras terrestres com todos os países sul-americanos, com exceção do Equador e Chile.
• Litoral de 7.491 km (a maior costa Atlântica)
• Não tem acesso direto ao Oceano Pacífico
DEMOGRAFIA E ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
• 5ª maior população do mundo (>192 M habitantes)– Concentrada no litoral; especialmente no Sudeste– Densidade demográfica inferior à média do planeta
• 85º IDH: Desenvolvimento Humano Alto
FACTORES CONDICIONANTES DA GEOPOLÍTICA DO BRASIL
POLÍTICOS
• Princípios orientadores do relacionamento do Brasil com outros países e organismos multilaterais– Não-intervenção– Autodeterminação dos povos– Cooperação internacional– Solução pacífica de conflitos
ECONOMIA
• A 6ª maior do mundo (PIB nominal)– O 5º maior mercado consumidor do mundo em 2030
• Taxa média de crescimento até 2030: 4% ao ano
FACTORES CONDICIONANTES DA GEOPOLÍTICA DO BRASIL
RECURSOS ECONÓMICOS
• Auto-suficiente em petróleo (Pré-Sal)– Em 2022, o Brasil estima produzir cerca de 12 M de barris / dia– “Amazónia Azul”: uma gigantesca Área Marítima Jurisdicional (ZEE + PC
= 52 % territ.)
• Maior produtor mundial de– Café– Carne
• 2ª maior reserva de ferro do mundo
• Maior produtor sul-americano de borracha
• Posição de destaque mundial na produção de diversos produtos agrícolas
FACTORES CONDICIONANTES DA GEOPOLÍTICA DO BRASIL
A AMAZÓNIA AZUL (e o Pré Sal) … 4.451.766 km2
(52 % do território)
PRÉ-SAL A maior reserva de petróleo inexplorada do mundo…
FACTORES CONDICIONANTES DA GEOPOLÍTICA DO BRASIL
A AMEAÇA MARÍTIMA
• EUA não são signatários da Convenção da ONU sobre o Direito do Mar, não reconhecem as 200 milhas brasileiras (Lei do Mar, de 1994)– …e muito menos qualquer extensão desse limite– Para os EUA, toda área do Pré-Sal está em águas internacionais, uma
vez que se encontra no limite das 200 milhas náuticas que o Brasil considera como sendo da sua exploração exclusiva.
• Reactivação da IV Esquadra (2008)– Reflecte a preocupação estratégico-militar de Washington para com a
América do Sul e África Ocidental.– “É intenção dos EUA respeitar as reivindicações marítimas do Brasil,
inclusive das reservas petrolíferas de alto-mar […]”
FACTORES CONDICIONANTES DA GEOPOLÍTICA DO BRASIL
A AMEAÇA MARÍTIMA
• 85 % da produção de gás e petróleo do Brasil está baseada no Oceano Atlântico
• 80 % das exportações e 75 % das importações brasileiras são transportadas por via marítima
• Comprometimento da segurança das rotas marítimas, dos FPSO’s e dos portos principais, dentro da zona de influência brasileira.
FACTORES CONDICIONANTES DA GEOPOLÍTICA DO BRASIL
A AMEAÇA MARÍTIMA
ROTAS DO TRAFEGO MARÍTIMO MUNDIAL
FACTORES CONDICIONANTES DA GEOPOLÍTICA DO BRASIL
O ORÇAMENTO DA DEFESA (e a sua tendência)
• 10º maior orçamento de Defesa do mundo (43,7% da UNASUL)
• O MDB considera que o país não está vulnerável– Que não tem conflitos de fronteiras. – Que a sua Defesa se faz em conjunto com os vizinhos, através,
inclusive, do acordo da UNASUL
… ainda assim, o Brasil investe presentemente: – Na ampliação dos seus efetivos militares – Na modernização dos seus sistemas de vigilância remota– Na aquisição de equipamentos, de que se destaca o Projeto FX-2
• Aquisição de 36 aviões de combate para a Força Aérea Brasileira• Construção de um submarino nuclear para a Marinha
A POLITICA EXTERNA BRASILEIRA
11-04-23
CONTINUIDADE E DESCONTINUIDADE NA POLÍTICA EXTERNA
CONTEXTO EXTERNO E INTERNO / A RELAÇÃO DIALÉTICA
• Traços caracterizadores da cena internacional
– A multipolaridade
– A emergência económica de um conjunto de Países
– A revolução tecnológica
– A desregulação financeira
– A distribuição desigual de poder • A ambição do novo Brasil
– Papel internacionalmente mais activo, projectando o seu potencial estratégico (território, população, recursos, desenvolvimento económico)
– Capacidade transformacional da distribuição de poder
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CONTINUIDADE E DESCONTINUIDADE NA POLÍTICA EXTERNA
AS APOSTAS NO PLANO EXTERNO
• Projeção de um compromisso com a mudança
• Retórica ideologicamente comprometida
• Democratização do processo de decisão internacional (criação do G-20, reforma do Conselho de Segurança das NU’s)
• Afirmação do estatuto de potência hegemónica regional e estratégia de equilíbrio face à potência global
• Expansão e intensificação das relações com África
• Aprofundamento da parceria estratégica com a China
• Flexibilização do roteiro diplomático no segundo mandato
• Recurso ao soft power para atração de eventos de projeção mediática global (Jogos Olímpicos e Copa do Mundo)
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CONTINUIDADE E DESCONTINUIDADE NA POLÍTICA EXTERNA
A DIPLOMACIA DA PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF
A CONTINUIDADE DA POLÍTICA EXTERNA
• Brevíssimo balanço
OS ASPECTOS DIFERENCIADORES
• As alterações de contexto interno e externo
• As caraterísticas distintas de personalidade
• O abandono de uma certa estridência contra a potência global
• A articulação do relacionamento Sul-Sul com o relançamento do diálogo e cooperação com os EUA
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CONTINUIDADE E DESCONTINUIDADE NA POLÍTICA EXTERNA
A DIPLOMACIA DA PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF
OS ASPECTOS DIFERENCIADORES (cont.)
• A adopção de um novo conceito – a Multipolaridade Benigna
• A política de direitos humanos
• O sinal de alguma insatisfação com a parceria Brasil-China
PERSPECTIVA FUTURA: AGRAVAMENTO DAS DIFERENÇAS?
• Menor tolerância com a Argentina, no quadro do Mercosul?
• Maior parcimónia na relação com a China?
A RELAÇÃO COM A CHINA: ALIADOS OU RIVAIS
A RELAÇÃO COM A CHINA: ALIADOS OU RIVAIS
• A China é o maior parceiro comercial do Brasil – Não é autossuficiente a nível alimentar– Principal destino das exportações brasileiras
• Relação dual com a China e com o Japão poderá fragilizar as relações externas brasileiras
• Condicionante “Sobrecusto Brasil” – Deficientes infraestruturas viárias, e de portos
• Ausência de acesso direto ao Oceano Pacífico:– Limita as possibilidades de atrito com a China – Condiciona o acesso ao Pacífico via canal do Panamá.
A IMPORTÂNCIA DA LUSOFONIA PARA O BRASIL
A IMPORTÂNCIA DA LUSOFONIA PARA O BRASIL
BRASIL E A LUSOFONIA
• Brasil - um dos principais interessados na utilização da língua portuguesa em termos internacionais
• Processo de construção da CPLP– Foi em larga medida liderado por Portugal– Contudo a atual realidade geopolítica é distinta da que presidiu à
construção da CPLP e sua constituição em 1996.
• Em 1996 o PIB brasileiro era cerca de 5 vezes superior ao português e em 2011 era já 10 vezes superior
• Atualmente mais de 250 milhões são «falantes nativos» de português
• “Efeito de rede” da língua portuguesa.
A IMPORTÂNCIA DA LUSOFONIA PARA O BRASIL
BRASIL E A LUSOFONIA
Evolução do PIB Agregado dos vários países lusófonos (1996-2011)
Fonte:World Bank
A IMPORTÂNCIA DA LUSOFONIA PARA O BRASIL
A IMPORTÂNCIA DA LÍNGUA PORTUGUESA PARA O BRASIL
AFIRMAÇÃO DE IDENTIDADE BRASILEIRA
• A língua portuguesa molda uma identidade distintiva na América do Sul.
• A língua portuguesa é o maior elemento agregador
• “Muro” de proteção cultural e linguístico
A IMPORTÂNCIA DA LUSOFONIA PARA O BRASIL
ATLÂNTICO SUL – “RIO DA LUSOFONIA”
• O reforço da cooperação no quadro da lusofonia (… e não só)– Acordos de cooperação na área da segurança, na luta contra a SIDA e
outras doenças, na área da educação, da pesquisa agropecuária– Revitalização da ZPCAS
• Desde 1980 o Brasil teve uma forte presença nas operações de paz nos países lusófonos, Guiné Bissau, Angola, Moçambique e Timor Leste
• Ser a potência dominante do Atlântico Sul
• Usar a lusofonia como ativo estratégico de legitimidade em caso de intervenção
A IMPORTÂNCIA DA LUSOFONIA PARA O BRASIL
A IMPORTÂNCIA DA LUSOFONIA PARA O BRASIL
INVESTIMENTO DIRETO BRASILEIRO NO ESPAÇO LUSOFONO
• Portugal é o primeiro destino estrangeiro de um investimento significativo na área da Defesa em 2011– A Embraer investiu mais de 170 milhões de € na construção de duas
fábricas aeronáuticas em Évora
• Existem bons racionais para que tal aconteça nomeadamente:– Trabalhadores que falam a mesma língua– Localização e logística dos portos portugueses– Experiência de trabalho com as especificações OTAN das empresas
portuguesas
IMPLICAÇÕES PARA A SEGURANÇA NACIONAL
11-04-23
IMPLICAÇÕES PARA A SEGURANÇA NACIONAL
OS PRINCÍPIOS ORIENTADORES DA POLITICA DE DEFESANACIONAL
• Garantia da integridade do território
• Preservação dos interesses nacionais
• Projecção internacional do País
ASSIMETRIA ENTRE O ESTATUTO DE POTÊNCIA REGIONALAMBICIONADO E A REAL CAPACIDADE MILITAR
• Evolução do PIB e dos gastos militares
11-04-23
IMPLICAÇÕES PARA A SEGURANÇA NACIONAL
VULNERABILIDADES E AMEAÇAS POTENCIAIS
• A multiplicidade de fronteiras
• A corrida ao armamento na Venezuela (consulado Chávez) e as incertezas quanto ao futuro político deste País
• As fragilidades económicas da Argentina
• Os conflitos latentes na Bolívia (reivindicação de maior autonomia de Sta. Cruz, onde o Brasil possui extensas plantações de soja)
• O interesse do Irão no estabelecimento de laços com a Região
• O excessivo condicionamento da China no plano económico
11-04-23
IMPLICAÇÕES PARA A SEGURANÇA NACIONAL
DESAFIOS
• Maior coordenação entre a política externa e a política de defesa
• Aposta numa indústria nacional de defesa
• Evolução organizacional das Forças armadas
• Reforço da presença militar nas fronteiras
CONCLUSÕES
11-04-23
CONCLUSÕES
• Maior país da América do Sul e o 5º maior do mundo em população e em área territorial (47% da AS)– População: >192 M habitantes (85º IDH)– Economia a crescer em contra-ciclo, cerca de 4% ao ano até 2030
• Atlântico Sul: área estratégica para o Brasil no século XXI– Mar de oportunidades e de acção externa– Ameaça marítima: IV Esquadra– Produção de petróleo; maiores disponibilidades para investimentos na
Defesa
– O Brasil pretende afirmar-se como potência regional e estratégica no equilíbrio face à potência global
11-04-23
CONCLUSÕES
• Política Externa: aposta na – Continuidade, no multilateralismo e soft power– Democratização do processo de decisão internacional
• A capacidade militar do Brasil encontra-se aquém do exigido pela sua ambição de liderança regional
• O Brasil olha para a China como um parceiro– Complementaridade das duas economias– Alinhamento estratégico nos principais fóruns e associado às boas
relações políticas
• A Lusofonia é um dos ativos estratégicos do Brasil
11-04-23
“Se demonstras força, todos querem ser teus aliados.
Ao contrário, se mostras fraqueza, ninguém te dará importância.
E, se tendo riquezas, não demonstras força, atrairás sobre a tua cabeça todas as ambições do mundo.”
(Ciro, Rei da Pérsia)
11-04-23
DÚVIDAS?
QUESTÕES?
11-04-23
OBRIGADOOBRIGADO
PELA ATENÇÃO DE V. EXAS!PELA ATENÇÃO DE V. EXAS!
FIMFIM