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1 5 - Principais Técnicas de Análise e Avaliação de Riscos Os acidentes são materializações dos riscos associados a atividades, procedimentos, projetos e instalações, máquinas e equipamentos. Os riscos, por estarem intrínsecos a natureza da atividade desenvolvida, nem sempre podem ser eliminados. Nestes casos o gerenciamento do risco é essencial, sendo este composto pela formulação e a execução de medidas e procedimentos técnicos e administrativos que têm o objetivo de prever, controlar ou reduzir os riscos existentes na instalação industrial, objetivando mantê-la operando dentro dos requerimentos de segurança considerados toleráveis. A análise de riscos é um conjunto de métodos e técnicas que aplicado a uma atividade identifica e avalia qualitativa e quantitativamente os riscos que essa atividade representa para a população exposta, para o meio ambiente e para a empresa, de uma forma geral. Os principais resultados de uma análise de riscos são: a identificação de cenários de acidentes, suas freqüências esperadas de ocorrência e a magnitude das possíveis conseqüências, devendo incluir medidas de controle dos riscos e prevenção de acidentes e suas conseqüências. As metodologias empregadas na análise de riscos representam os tipos de processos ou de técnicas de execução destas análises. Alguns exemplos dessas técnicas são apresentados a seguir com uma pequena descrição do método. 5.1 - WHAT-IF (WI) O procedimento What-If é uma técnica de análise geral, qualitativa, cuja aplicação é bastante simples e útil para uma abordagem em primeira instância na detecção de riscos, tanto na fase de processo, projeto ou pré-operacional, não sendo sua utilização unicamente limitada às empresas de processo. A finalidade do What-If é testar possíveis omissões em projetos, procedimentos e normas e ainda aferir comportamento, capacitação pessoal e etc. nos ambientes de trabalho, com o objetivo de proceder à identificação e tratamento de riscos. A técnica se desenvolve através de reuniões de questionamento entre duas equipes. Os questionamentos englobam procedimentos, instalações, processo da situação analisada. A equipe questionadora é a conhecedora e familiarizada com o sistema a ser analisado,

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5 - Principais Técnicas de Análise e Avaliação de Riscos

Os acidentes são materializações dos riscos associados a atividades, procedimentos,

projetos e instalações, máquinas e equipamentos. Os riscos, por estarem intrínsecos a

natureza da atividade desenvolvida, nem sempre podem ser eliminados. Nestes casos o

gerenciamento do risco é essencial, sendo este composto pela formulação e a execução de

medidas e procedimentos técnicos e administrativos que têm o objetivo de prever, controlar ou

reduzir os riscos existentes na instalação industrial, objetivando mantê-la operando dentro dos

requerimentos de segurança considerados toleráveis.

A análise de riscos é um conjunto de métodos e técnicas que aplicado a uma atividade

identifica e avalia qualitativa e quantitativamente os riscos que essa atividade representa para

a população exposta, para o meio ambiente e para a empresa, de uma forma geral.

Os principais resultados de uma análise de riscos são: a identificação de cenários de

acidentes, suas freqüências esperadas de ocorrência e a magnitude das possíveis

conseqüências, devendo incluir medidas de controle dos riscos e prevenção de acidentes e

suas conseqüências.

As metodologias empregadas na análise de riscos representam os tipos de processos

ou de técnicas de execução destas análises. Alguns exemplos dessas técnicas são

apresentados a seguir com uma pequena descrição do método.

5.1 - WHAT-IF (WI)

O procedimento What-If é uma técnica de análise geral, qualitativa, cuja aplicação é

bastante simples e útil para uma abordagem em primeira instância na detecção de riscos,

tanto na fase de processo, projeto ou pré-operacional, não sendo sua utilização unicamente

limitada às empresas de processo.

A finalidade do What-If é testar possíveis omissões em projetos, procedimentos e

normas e ainda aferir comportamento, capacitação pessoal e etc. nos ambientes de trabalho,

com o objetivo de proceder à identificação e tratamento de riscos.

A técnica se desenvolve através de reuniões de questionamento entre duas equipes.

Os questionamentos englobam procedimentos, instalações, processo da situação analisada. A

equipe questionadora é a conhecedora e familiarizada com o sistema a ser analisado,

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devendo a mesma formular uma série de quesitos com antecedência, com a simples finalidade

de guia para a discussão. Para a aplicação o What-If utiliza-se de uma sistemática técnico-

administrativa que inclui princípios de dinâmica de grupo, devendo ser utilizado

periodicamente. A utilização periódica do procedimento é o que garante o bom resultado do

mesmo no que se refere à revisão de riscos do processo.

Da aplicação do What-If resultam uma revisão de um largo espectro de riscos, bem

como a geração de possíveis soluções para os problemas levantados, além disso, estabelece

um consenso entre as áreas de atuação como produção, processo e segurança quanto à

forma mais segura de operacionalizar a planta. O relatório do procedimento fornece também

um material de fácil entendimento que serve como fonte de treinamento e base para revisões

futuras.

Para aplicação desta técnica, alguns passos básicos são sugeridos por alguns autores,

dentre eles podemos observar os seguintes passos:

a) Formação do comitê de revisão: montagens das equipes e seus integrantes;

b) Planejamento prévio: planejamento das atividades e pontos a serem

abordados na aplicação da técnica;

c) Reunião Organizacional: com a finalidade de discutir procedimentos,

programação de novas reuniões, definição de metas para as tarefas e

informação aos integrantes sobre o funcionamento do sistema sob análise;

d) Reunião de revisão de processo: para os integrantes ainda não familiarizados

com o sistema em estudo;

e) Reunião de formulação de questões: formulação de questões "O QUE - SE..."

ou “E SE...?”, começando do início do processo e continuando ao longo do

mesmo, passo a passo, até o produto acabado colocado na planta do cliente;

f) Reunião de respostas às questões (formulação consensual): em seqüência à

reunião de formulação das questões, cabe a responsabilidade individual para

o desenvolvimento de respostas escritas às questões. As respostas serão

analisadas durante a reunião de resposta às questões, sendo cada resposta

categorizada como: - resposta aceita pelo grupo tal como submetida; -

resposta aceita após discussão e/ou modificação; - aceitação postergada, em

dependência de investigação adicional. O consenso grupal é o ponta chave

desta etapa, onde a análise de riscos tende a se fortalecer;

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g) Relatório de revisão dos riscos do processo: o objetivo é documentar os

riscos identificados na revisão, bem como registrar as ações recomendadas

para eliminação ou controle dos mesmos.

5.2 - Checklist

A Checklist ou Lista de Verificação é composta por uma série de perguntas sobre

sistema ou unidade em análise visando detectar anomalias existentes ou potenciais que

possam causar algum problema ou danos materiais, a pessoas ou ao meio ambiente. As

perguntas do checklist direcionadas para verificar se o projeto, a construção, a montagem ou a

operação do processo está em conformidade com as suas especificações técnicas e se o

responsável pela execução destas etapas cumpriu as suas tarefas de forma adequada.

Assim, uma checklist tem por objetivo a identificação de riscos e de exposição a riscos

(perigos) através da avaliação direta de atos e condições encontradas no trabalho estão

atendendo os padrões estabelecidos por normas e procedimentos de segurança adotados.

Pode ser tão detalhada quanto se desejar, de modo a satisfazer uma situação especifica.

As Listas de Verificação são de fácil aplicação e podem ser usadas para:

• Controlar o desenvolvimento de um projeto;

• Para o acompanhamento da operação da planta, principalmente na execução de

procedimentos operacionais;

• Como forma de aprovação das etapas de execução ou anteriores de um

empreendimento;

• Durante a fabricação de equipamentos, construção e montagem;

• Comissionamento, teste de aceitação, partida, operação, parada de plantas. etc.

O conhecimento dos processos, da planta, do sistema ou da unidade e a existência de

procedimentos padrões são importantes para a confecção da checklist, bem como a

participação de pessoal experiente no uso da técnica é de grande utilidade para a sua

confecção. As informações necessárias podem ser obtidas através da documentação técnica

e operacional da planta, bem como de normas e recomendações. A seguir podemos observar

algumas sugestões de referências de pesquisas para confecções de checklists:

• Padrões técnicos e normas;

• Memorial descritivo das instalações;

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• Folhas de dados de equipamentos;

• Fluxogramas de engenharia;

• Fluxogramas de processo;

• Fluxogramas de utilidades (elétrico, hidráulico, ar comprimido, etc);

• Procedimentos operacionais ou instruções de operação do processo;

• Relatórios de ocorrências anormais, etc.

Os resultados obtidos por esta técnica são qualitativos e variam de caso para caso e

usualmente levam às decisões do tipo "sim” ou “não" a cerca da conformidade com normas e

procedimentos padrões.

Etapas para criação de um checklist

Primeiramente é feita uma reunião de natureza organizacional, onde serão

discutidos padrões, procedimentos e linhas de ação a serem utilizados. Programadas as

reuniões e estabelecido o planejamento das atividades e o cronograma para a elaboração

da lista de Verificação.

Visando uniformizar os conhecimentos dos membros da equipe sobre o sistema

ou unidade em estudo, um especialista deverá fazer uma apresentação aprofundada do

mesmo. Esta reunião deverá ser feita durante ou imediatamente após a reunião

organizacional. A equipe poderá fazer uma visita "in loco" a fim de dirimir dúvidas a

respeito do sistema ou da unidade (caso a instalação já exista).

Após a definição dos padrões a serem utilizados e a uniformização do

conhecimento, a reunião seguinte deverá ocorrer dentro de uma a duas semanas após a

reunião organizacional. Inicia-se a reunião fazendo perguntas desde o inicio do

sistema/unidade (recebimento dos materiais), continuando-se ao longo do mesmo, passo

a passo, sem se preocupar em respondê-tas, até atingir o fim do sistema/unidade (onde se

tem o produto acabado).

Cada membro se prepara para a formulação de questões a serem respondidas em

reuniões subseqüentes. Durante o período de formulação de questões deve-se ter em mente

que todas as perguntas possíveis devem ser consideradas a respeito do assunto tratado.

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O próximo passo é a reunião de formulação de questões. Nesta reunião cada questão

deve ser feita, registrada e exposta em tamanho suficiente de maneira que o formulador possa

confirmar se o registro foi correto. Não é indicado responder as questões neste momento, de

maneira a não inibir a própria geração de questões.

Após esgotar-se o levantamento de questões, será preparado um checklist inicial,

sendo distribuído cópias aos participantes para ser seguido ponto a ponto, sendo aberto para

a criação de questões adicionais. Todas as questões adicionais devem ser registradas.

Uma vez elaboradas as questões da Lista de Verificação do sistema ou da unidade

em estudo, na reunião seguinte a equipe passará a respondê-las, verificando sua adequação

ao assunto tratado.

A seguir podemos observar um exemplo de checklist desenvolvido pelo site

http://segurancadotrabalhonwn.com/ sobre as rotinas a serem desenvolvidas por técnico se

segurança do trabalho.

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NOME DA SUA EMPRESA

SEG. NO TRABALHO CHECK LIST DE ROTINAS

Data:_____/_____/ 20

ÁREA:_________________

ROTINAS DIÁRIAS C NC NA COMENTÁRIOS:

Sinalização dos extintores DDS: Realizar Diálogo Diário de Segurança; EPI: Verificar uso, guarda e conservação; EPI: Fornecimento gratuito aos colaboradores; Água: Fornecer fresca com copos individuais; Verificar se Caixa de Primeiros Socorros está completa;

Há sinalização ou avisos de não fume em locais com inflamáveis;

Treinamento admissional: Verificar necessidade e treinar;

Check-List Diário: Verificar Check-List diário de máquinas;

Fichas de EPI preenchidas corretamente; Os funcionários estão usando EPI; Ambientes com risco de queda estão isolados; Verificar validade dos extintores;

ROTINAS SEMANAIS C NC NA COMENTÁRIOS:

EPI: Verificar fichas de entrega de EPI; EPI: Checar estoque de EPIs existente no estabelecimento;

Eletricidade: Verificar instalações elétricas; Eletricidade: Isolar cabeamento elétrico/sinalizar; Instalações sanitárias: Verificar condições e limpeza; Higiene: Verificar refeitórios, bebedouros e vestiários;

DDS: Verificar documentação e não conformidades; Revisar, pesquisar e/ou criar temas para DDS; Check-List diário: Cobrar manutenção preventiva e corretiva;

ROTINAS MENSAIS C NC NA COMENTÁRIOS:

CIPA: Livro da CIPA, assinaturas e reuniões; Verificar a realização da reunião ordinária da CIPA; Verificar se Mapa de Risco está em bom estado e atende a realidade;

Verificar validade dos Atestados de Saúde Ocupacional – ASO;

Check-List de Extintores: checar condições e validade; Treinamentos: Verificar necessidade e registrá-los; PCMAT/PPRA/PCMSO: Verificar cumprimento dos

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Programas; PCMAT/PPRA/PCMSO: Verificar cumprimento do cronograma de ações;

Verificar através do CA a validade dos EPIs; Teste prático do sistema fixo de combate a incêndio; Os alarmes de incêndio estão ok; Acompanhar Brigada de Incêndio;

ROTINAS ANUAIS C NC NA COMENTÁRIOS:

CIPA: Providenciar renovação/eleição de nova CIPA; CIPA: Checar comprovantes: eleição, treinamento e Atas; Realizar SIPAT e guardar documentação Socorrista: possuir colaborador treinamento em 1º Socorros;

Socorrista: Fornecer certificado de treinamento; PCMAT/PPRA/PCMSO: Verificar/atualizar validade; Verificar se Exames periódicos estão sendo realizados – ASO;

Verificar relatório anual do PCMSO; Renovação do Treinamento de Brigada de Incêndio; Criar cronograma anual de palestras;

Legenda: N: Conforme. Significa que a situação está dentro do padrão desejado. NC: Não Conforme. Significa que a situação está fora do padrão desejado. NA: Não Aplicável. Significa que a o item do Check list não se aplica a realidade da empresa, por qualquer motivo.

Observações:

Inspecionado, por:

Data:_____/_____/ 20

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5.3 - Análise Preliminar de Riscos (APR)

Método de estudo preliminar e sumário de riscos normalmente conduzido em conjunto

com o grupo de trabalhadores expostos com o objetivo de identificar os acidentes potenciais

de maiores freqüências na tarefa e as características intrínsecas destes.

É uma técnica qualitativa cujo objetivo consiste na identificação dos riscos/perigos

potenciais decorrentes de novas instalações ou da operação das já existentes. Normalmente

é realizada durante a fase de planejamento e desenvolvimento de um determinado processo,

tarefa ou planta industrial com a finalidade de prever e prevenir riscos de acidentes que

possam acontecer durante a fase operacional e de execução da tarefa. Pode também ser

utilizada nos casos que novos riscos foram identificados em processos já existentes, porém

não foram contemplados por métodos e procedimentos de controle.

Em uma dada instalação, para cada evento perigoso identificado em conjunto com as

respectivas conseqüências, um conjunto de causas é levantado, possibilitando a classificação

qualitativa do risco associado, de acordo com categorias preestabelecidas de freqüência de

ocorrência do cenário de acidente e de severidade das conseqüências.

A Análise Preliminar de Riscos (APR), ou Análise Preliminar de Perigo (APP) como

também é conhecida, permite uma ordenação qualitativa dos cenários de acidentes

encontrados, facilitando a proposição e a priorização de medidas para redução dos riscos da

instalação, quando julgadas necessárias, além da avaliação da necessidade de aplicação de

técnicas complementares de análise.

A metodologia adotada nas Análises Preliminares de Riscos ou Perigos compreende a

execução das seguintes tarefas:

a) Definição dos objetivos e do escopo da análise;

b) Definição das fronteiras das instalações analisadas;

c) Coleta de informações sobre a região, as instalações, as substâncias perigosas

envolvidas e os processos;

d) Subdivisão da instalação em módulos de análise;

e) Realização da APR/APP propriamente dita (preenchimento da planilha);

f) Elaboração das estatísticas dos cenários identificados por categorias de freqüência e

de severidade;

g) Análise dos resultados, elaboração de recomendações e preparação do relatório.

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As principais informações requeridas para a realização de uma APR/APP são:

• sobre as instalações: especificações técnicas de projeto, especificações de

equipamentos, lay-out das instalações e descrição dos principais sistemas de

proteção e segurança;

• sobre os processos: descrição dos processos envolvidos; e

• sobre as substâncias: características e propriedades físicas e químicas.

Para simplificar a realização da análise, as instalações estudadas são divididas em

"módulos de análise", os quais podem ser: unidades completas, locais de serviço elétrico,

partes de locais de serviço elétrico ou partes específicas das instalações, tais como

subestações, painéis, etc. A divisão das instalações é feita com base em critérios de

funcionalidade, complexidade e proximidade física.

A realização da análise propriamente dita é feita através do preenchimento de uma

planilha de APR/APP para cada módulo de análise da instalação. O número de colunas desta

tabela depende do tipo de informação que será tratado na APR/APP. A planilha utilizada nesta

APP, mostrada a seguir, contém 5 colunas, as quais devem ser preenchidas conforme a

descrição apresentada a seguir.

1ª coluna: Etapa

Esta coluna deve descrever, sucintamente, as diversas etapas da atividade/operação.

2ª coluna: Risco/perigo

Esta coluna deve conter os riscos/perigos identificados para o módulo de análise em

estudo. De uma forma geral, os riscos/perigos são eventos acidentais que têm potencial para

causar danos às instalações, aos trabalhadores, ao público ou ao meio ambiente.

3ª coluna: Modos de detecção

Os modos disponíveis na instalação para a detecção do risco/perigo identificado na

segunda coluna devem ser relacionados nesta coluna. A detecção da ocorrência do

risco/perigo tanto pode ser realizada através da instrumentação (alarmes de pressão, de

temperatura, etc.) como através da percepção humana (visual, odor, etc.).

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4ª coluna: Efeitos

Os possíveis efeitos danosos de cada risco/perigo identificado devem ser listados nesta

coluna.

5ª coluna: Recomendações/observações

Esta coluna deve conter as recomendações de medidas mitigadoras de risco propostas

pela equipe de realização da APR/APP ou quaisquer observações pertinentes ao cenário de

acidente em estudo.

Exemplo: Análise de riscos para a troca de transformador sem auxílio de guindaste.

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ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS OU PERIGOS (APR/APP) Atividade: Troca de Transformador usando guindaste

Referência: Procedimento 00123 Data: 11/6/2004 Revisão:

ETAPA RISCO/PERIGO DETECÇÃO EFEITO RECOMENDAÇÕES/ MEDIDAS DE CONTROLE

Choque elétrico Detector de Tensão

Queimaduras, lesões graves, amputações e morte;

- Utilização do procedimento completo de desenergização (P00201); - Realizar a abertura da chave seccionadora; - Uso de detector de tensão antes de iniciar a tarefa; - Realização de aterramento de proteção antes de iniciar tarefa, mantendo durante toda a realização da tarefa;

Subida do Eletricista no poste

Queda do Eletricista;

Visual Fraturas no eletricista;

- Uso de EPIs e EPCs adequados; - Seleção de trabalhador capacitado autorizado a realizar trabalho em altura;

Choque Detector de Tensão

Queimaduras, lesões graves, amputações e morte;

- Utilização do procedimento completo de desenergização (P00201); - Realizar a abertura da chave seccionadora; - Uso de detector de tensão antes de iniciar a tarefa; - Realização de aterramento de proteção antes de iniciar tarefa, mantendo durante toda a realização da tarefa; - Uso de ferramentas isoladas para realização da tarefa

Queda do Eletricista

Visual Fraturas no eletricista;

- Posicionamento correto do eletricista; - Uso de EPIs e EPCs Adequados; - Seleção de Profissional Capacitado e Autorizado a realizar trabalho em altura;

Queda de materiais e ferramentas

Visual Danos materiais; Lesões e fraturas nos transeuntes;

- Seleção de Profissional Capacitado e Autorizado a realização da tarefa; - Isolamento e sinalização da área; - Uso de porta ferramentas e sacola de descida de material adequado;

Desconexão dos cabos do primário e secundário

Ferimentos provocados por cabos da instalação do Transformador

Visual Lesões no eletricista

Uso de EPIs, EPCs e Ferramentas Adequadas; Seleção de Profissional Capacitado e Autorizado a realização da tarefa;

Retirada e descida do Transformador

Queda do Transformador

Visual Danos Materiais; Lesões; Espalhamento de óleo mineral isolantes; Danos ao meio ambiente;

Uso de amarras apropriadas para o peso do transformador; Adoção de procedimentos de contenção e limpeza do óleo derramado;

Exemplo de Planilha de APR

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5.4 - HAZOP

A técnica denominada HAZOP (HAZARD AND OPERABILITY STUDIES - Estudo de

Perigos e Operabilidade) visa identificar os riscos, perigos e os problemas de operabilidade de

uma instalação. Esta metodologia é baseada em um procedimento que gera perguntas de

maneira estruturada e sistemática através do uso apropriado de um conjunto de palavras-guia.

O principal objetivo de um Estudo de Perigos e Operabilidade (HAZOP) é investigar

cada segmento de um processo, visando descobrir todos os possíveis desvios das condições

normais de operação, identificando as causas responsáveis por tais desvios e as respectivas

conseqüências. Uma vez verificadas as causas e as conseqüências de cada tipo de desvio

esta metodologia procura propor medidas para eliminar ou controlar o perigo ou para sanar o

problema de operabilidade da instalação.

O HAZOP enfoca tanto os problemas de segurança, como os problemas de

operabilidade que, embora não sejam perigosos, possam causar perda de produção, afetar a

qualidade do produto ou a eficiência do processo. Portanto o HAZOP identifica tanto

problemas que possam comprometer a segurança da instalação como aqueles que possam

causar perda de continuidade operacional da instalação ou perda de produção.

A técnica de HAZOP, como é uma metodologia estruturada para identificar desvios

operacionais, pode ser usada na fase de projeto de novos sistemas/unidades que já disponha

dos fluxogramas de engenharia e de processo da instalação, durante modificações ou

ampliações de sistemas/unidades de processo já em operação ou ainda como revisão geral de

segurança de unidades de processo já em operação. Portanto, esta técnica pode ser utilizada

em qualquer estágio da vida de uma instalação. A análise por HAZOP foi desenvolvida

originalmente para ser aplicada a processos de operação contínua, podendo, com algumas

modificações ser empregada para processos que operam por bateladas.

Dados Necessários A execução de um HAZOP de boa qualidade exige, além da participação de

especialistas experientes, informações precisas, detalhadas e atualizadas a respeito do

projeto e operação da instalação analisada. Para execução do HAZOP devem-se dispor de

diagramas e fluxogramas do processo atualizados, informações sobre o processo, a

instrumentação e a operação da instalação. Estas informações podem ser obtidas através de

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documentação, tais como, especificações técnicas, procedimentos de operação e de

manutenção ou por pessoas com qualificação técnica e experiência. A documentação,

devidamente atualizada, que pode ser necessária para execução do HAZOP está indicada a

seguir:. 1. Fluxogramas de engenharia (Diagramas de Tubulação e Instrumentação - P&ID's).

2. Fluxogramas de processo e balanço de materiais.

3. Memoriais descritivos, incluindo a filosofia de projeto.

4. Folhas de dados de todos os equipamentos da instalação.

5. Dados de projeto de instrumentos, válvulas de controle, etc.

6. Dados de projeto e setpoints de todas as válvulas de alívio, discos de ruptura, etc.

7. Especificações e padrões dos materiais das tubulações.

8. Diagrama lógico de intertravamento, juntamente com descrição completa.

9. Matrizes de causa e efeito.

10. Diagrama unificar elétrico.

11. Especificações das utilidades, tais como vapor, água de refrigeração, ar

comprimido, etc.

12. Desenhos mostrando interfaces e conexões com outros equipamentos na fronteira

da unidade/sistema analisados.

Natureza dos Resultados

Tipicamente os principais resultados fornecidos pelo HAZOP são a identificação de

todos os desvios acreditáveis que possam conduzir a eventos perigosos ou a problemas

operacionais e uma avaliação das conseqüências (efeitos) destes desvios sobre processo.

Portanto, os resultados obtidos na HAZOP são puramente qualitativos, não fornecendo

estimativas numéricas nem qualquer tipo de classificação em categorias.

A partir do exame dos desvios e avaliação de suas conseqüências, podem ser

recomendadas mudanças no projeto ou mudança nos procedimentos operacionais, teste e

manutenção que possam corrigir tais desvios.

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Apresentação da Técnica de HAZOP

Para melhor entendimento do HAZOP é necessário o entendimento de alguns

termos específicos que são utilizados no seu desenvolvimento:

• Nós-de-estudo (Study Nodes): são os pontos do processo, localizados através

dos fluxogramas da planta, que serão analisados nos casos em que ocorram

desvios.

• Intenção de operação: a intenção de operação define os parâmetros de

funcionamento normal da planta, na ausência de desvios, nos nós-de-estudo.

• Desvios: os desvios são afastamentos das intenções de operação, que são

evidenciados pela aplicação sistemática das palavras-guia aos nós-de-estudo

(p. ex.,mais pressão), ou seja, são distúrbios provocados no equilíbrio do

sistema.

• Causas: são os motivos pelos quais os desvios ocorrem. A partir do momento

em que um desvio tenha demonstrado possuir uma causa aceitável, ele pode

ser tratado como uma ocorrência significativa e analisado adequadamente. As

causas dos desvios podem advir de falhas do sistema, erro humano, um

estado de operação do processo não previsto (p. ex., mudança de composição

de um gás), distúrbios externos (p. ex., perda de potência devido à queda de

energia elétrica), etc.

• Conseqüências: as conseqüências são os resultados decorrentes de um

desvio da intenção de operação em um determinado nó-de-estudo (p. ex.,

liberação de material tóxico para o ambiente de trabalho).

• Parâmetros de processo: são os fatores ou componentes da intenção de

operação, ou seja, são as variáveis físicas do processo (p. ex., vazão,

pressão, temperatura) e os procedimentos operacionais (p. ex., operação,

transferência).

• Palavras-guia ou Palavras-chave (Guide Words): são palavras simples

utilizadas para qualificar os desvios da intenção de operação e para guiar e

estimular o grupo de estudo ao brainstorming. As palavras-guia são aplicadas

aos parâmetros de processo que permanecem dentro dos padrões

estabelecidos pela intenção de operação. Aplicando as palavras-guia aos

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parâmetros de processo, em cada nó-de-estudo da planta em análise, procura-

se descobrir os desvios passíveis de ocorrência na intenção de operação do

sistema. Assim, as palavras-guia são utilizadas para levantar questões como,

por exemplo: "O que ocorreria se houvesse mais... ?" ou "O que aconteceria

se ocorresse fluxo reverso?".

A técnica de HAZOP é essencialmente um procedimento Indutivo qualitativo na

qual um grupo examina um processo, gerando, de uma maneira sistemática perguntas

sobre o mesmo. As perguntas, embora instigadas por uma lista de palavras-guia, surgem

naturalmente através da interação entre os membros da equipe. Portanto, esta técnica de

identificação de perigos consiste, fundamentalmente, em uma busca estruturada das

causas de possíveis desvios em variáveis de processo, ou seja, na temperatura, pressão,

vazão e composição, em diferentes pontos (denominados nós) do sistema, durante a

operação do mesmo. A busca dos desvios é feita através da aplicação sistemática de

uma lista de "palavras-guia" para cada nó do sistema. Esta lista deve ser tal que promova

um amplo e irrestrito raciocínio lógico, visando detectar virtualmente todas as

anormalidades concebíveis do processo.

Uma lista de palavras-guia, juntamente com os tipos de desvios considerados são

mostrados na Tabela a seguir:

Palavras-Guia Desvios Considerados NÃO, NENHUM Negação do propósito do projeto. (ex.:

nenhum fluxo) MENOS Decréscimo quantitativo. (ex.: menos

temperatura) MAIS, MAIOR Acréscimo quantitativo. (ex.: mais

pressão) TAMBÉM, BEM COMO

Acréscimo qualitativo. (ex.: também)

PARTE DE Decréscimo qualitativo. (ex.: parte de concentração)

REVERSO Oposição lógica do propósito do projeto.

(ex.: fluxo)

OUTRO QUE, SENÃO Substituição completa. (ex.: outro que ar) Tipos de Desvios Associados com as “Palavras –Guias”

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A Tabela a seguir apresenta uma lista de desvios aplicáveis a processos contínuos.

Parâmetro Palavra-Guia Desvio Fluxo Nenhum

Menos Mais Reverso Também

Nenhum fluxo Menos fluxo Mais Fluxo Fluxo reverso Contaminação

Pressão Menos Mais

Pressão baixa Pressão alta

Temperatura Menos Mais

Temperatura baixa Temperatura alta

Nível Menos Mais

Nível baixo Nível alto

Viscosidade Menos Mais

Viscosidade baixa Viscosidade alta

Reação Nenhum Menos Mais Reverso Também

Nenhuma reação Reação incompleta Reação descontrolada Reação reversa Reação secundária

Fase 1 Bem como Fase 2 Lista Desvios para HAZOP de Processos Contínuos

O procedimento para execução do HAZOP pode ser sintetizado nos seguintes

passos:

1) Divisão da unidade/sistema em sub-sistemas a fim de facilita- a realização do

HAZOP.

2) Escolha do ponto de um dos subsistemas a ser analisado, denominado de nó.

3) Aplicação das palavras-guias, verificando quais os desvios que são possíveis de

ocorrer naquele nó. Para cada desvio, investigar as causas possíveis de provocá-lo,

procurando levantar todas as causas. Para cada uma das causas, verificar quais são os meios

disponíveis na unidade/sistema para detecção desta causa e quais seriam as suas possíveis

conseqüências. Em seguida, procura-se verificar se não existe alguma coisa que possa ser

feita para eliminar a causa do desvio ou para minimizar as suas conseqüências. Caso surja

durante a discussão, alguma dúvida ou alguma pendência, deve-se anotá-Ia para ser dirimida

posteriormente. Finalmente, no caso de ser feita alguma recomendação, deve-se especificar

qual o órgão que ficará responsável pela sua avaliação e implementação. Uma vez

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analisados todos os desvios, procede-se à escolha do próximo nó, prosseguindo com a

análise.

Para realização do HAZOP, utiliza-se de planilhas mostradas nas Tabelas a seguir. O

cabeçalho desta planilha identifica o subsistema que está sendo analisado, o fluxograma de

engenharia usado e o nó escolhido,

Análise de Perigos e Operabilidade

Unidade

Sistema: Equipe: Data:

Localização do Nó: Página:

Item Desvio Causas Conseqüências Salvaguardas Observações

Análise de Perigos e Operabilidade

Unidade

Sistema: Equipe: Data:

Parâmetro: Nó: Página:

Palavra Guia Desvio Causas Detecção Conseqüências Providencias

Exemplos de Planilhas utilizadas na HAZOP

As colunas 1, 2 e 3 fornecem, respectivamente, o parâmetro, a palavra-guia e o desvio

que está sendo considerado. O desvio consiste a combinação do parâmetro com a palavra-

guia, por exemplo: "menos fluxo", "mais pressão", etc. A Quarta coluna lista as causas que

podem acarretar o desvio e a quinta coluna Indica os meios de detecção disponíveis para

identificação da ocorrência do desvio. A sexta coluna relata as conseqüências associadas a

cada uma das causas ou conjunto de causas, a sétima coluna enumera as recomendações ou

observações pertinentes e a última, o órgão responsável pela avaliação das implicações e

pela implementação das recomendações.

As principais vantagens da análise por HAZOP estão relacionadas com a

sistematicidade, flexibilidade e abrangência para identificação de perigos e problemas

Page 18: Pcp   5 semana - tecnicas de analise de riscos

18

operacionais. Além disso, as reuniões de HAZOP promovem a troca de idéias entre os

membros da equipe uniformizando o grau de conhecimento e gerando informações úteis

para análises subseqüentes e, principalmente, para Análise Quantitativa de Risco (AQR).

Além disso, o HAZOP serve para os membros da equipe adquirirem um maior

entendimento do funcionamento da unidade em condições normais e, principalmente,

quando da ocorrência de desvios.

A desvantagem associada a HAZOP é que ele avalia apenas as falhas de processo

(T, P, Q, pH,...) para determinar as potenciais anormalidades de engenharia. Requer uma

equipe multidisciplinar com larga experiência para implementação da técnica.

Especialistas em projeto, processo, operação do processo, instrumentação, química,

segurança e manutenção.

Para ilustrar o método de HAZOP, tomemos como exemplo uma operação de

descarregamento de combustível de um compartimento de um caminha tanque em um posto,

sendo investigado somente 2 nós (nó 1:a boca do tanque e nó 2: a válvula de saída do

caminhão). Os nós, parâmetros, palavras guia e desvio deste exemplo podem ser observados

a seguir:

Nós de Referência Parâmetros Palavras Guia Desvio 1 Nível Mais Mais Nível 2 Vazão Menos Menos Vazão

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Análise de Perigos e Operabilidade

Unidade: Posto “O Adulterado”

Sistema: Transferência de Produto Combustível do Caminhão para o Tanque

Equipe: João (Motorista do Caminhão) e José (frentista)

Data: 8/6/98

Parâmetro: Nível Nó: 1 Página:1/2

Palavra Guia

Desvio Causas Detecção Conseqüências Providencias

Mais Mais Nível

•Caminhão com quantidade de produto maior do que o tanque comporta; •Erro na hora de selecionar o compartimento do tanque a descarregar;• •O dreno do tanque está entupido; •Não medição do nível do tanque antes de iniciar descarga; •Não visualização do nível de combustível no tanque durante a descarga; •

Visual •Transbordamento do tanque de combustível com perda de produto; • Danos a estrutura do tanque; • Danos aos equipamentos atingidos pelo combustível; • Gastos com desperdício de combustível; • Gastos na manutenção do tanque e equipamentos; • Gastos na limpeza do local; • Gastos na descontaminação do local;

• Recebimento e conferência da nota fiscal antes de iniciar a descarga para checar se a quantidade de combustível do caminhão é a quantidade requisitada; • Conferência da quantidade solicitada com o nº de compartimento a ser descarregado; • Verificar e fazer limpeza periódica do dreno;• Instalação de um medidor de nível para o tanque;

Exemplos de Planilhas utilizadas na HAZOP

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Análise de Perigos e Operabilidade

Unidade: Posto “O Adulterado”

Sistema: Transferência de Produto Combustível do Caminhão para o Tanque

Equipe: João (Motorista do Caminhão) e José (frentista)

Data: 8/6/98

Parâmetro: Nível Nó: 2 Página:2/2

Palavra Guia Desvio Causas Detecção Conseqüências Providencias

Menos Menos Vazão

• Obstrução da mangueira com sujeiras e animais de pequeno porte; •Vazamento nas conexões da mangueira com válvula; •Boca de visita fechada; •Boca de visita aberta do compartimento errado; •Válvula fechada;

Visual •Demora no processo de descarga de combustível; •Gastos com desperdício de combustível; •Gastos na manutenção do tanque e equipamentos; • Gastos na limpeza do local; •Gastos na descontaminação do local; •Gastos com multa e interdição do local por órgãos fiscalizadores;

•Verificar interior das mangueiras antes de fazer conexão; •Verificar as conexões antes de iniciar a descarga; •Verificar o número da tampa da boca de visita e conferir a abertura do compartimento a ser descarregado; •Verificar a posição das válvulas para conferir a total abertura da mesma;

Exemplos de Planilhas utilizadas na HAZOP

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5.5 - Análise de modos de falha e efeito (AMFE) A Análise de Modos e Efeitos de Falhas (AMFE), também conhecida pela sigla FMEA

("Failure Mode and Effects Analysis"), é uma técnica para ser aplicada principalmente ao nível

de componentes, cujo objetivo primordial é radiografar cada um dos componentes de um

sistema a fim de levantar todas as maneiras pelas quais o componente pode vir a falhar e

avaliar quais os efeitos que estas falhas acarretam sobre os demais componentes e sobre o

sistema/instalação.

Apesar de ser uma técnica de análise essencialmente qualitativa, uma extensão da

FMEA, denominada Análise de Modos Efeitos e Criticalidade das Falhas, em inglês FMECA

("Failure Modes, Effects and Criticality Analysis"), pode fornecer também estimativas para as

freqüências de ocorrência dos modos de falhas, bem como, para o grau de severidade dos

seus efeitos.

É um método de análise de riscos tecnológicos que consiste:

• na tabulação de todos os sistemas e equipamentos existentes numa instituição ou planta industrial;

• na identificação das modalidades de falhas possíveis em cada um deles; • na especificação dos efeitos desfavoráveis destas falhas sobre o sistema e sobre o

conjunto das instalações. Os objetivos deste método são:

• revisão sistemática dos modos de falha de um componente, para garantir danos mínimos ao sistema;

• determinação dos efeitos que tais falhas terão em outros componentes; • determinação dos componentes cujas falhas teriam efeito crítico na operação do sistema

(falhas críticas); e • determinação dos responsáveis para realizar as ações preventivas ou corretivas.

A metodologia deste método se baseia em determinar os modos de falha de

componentes e seus efeitos em outros componentes e no sistema; determinar meios de

detecção e compensação de falhas e reparos necessários; categorizar falhas para priorização

das ações corretivas.

Como resultados deste método temos o relacionamento das contra-medidas e formas

de detecção precoce das falhas, muito úteis em emergências de processos ou utilidades e o

aumento da confiabilidade de equipamentos e sistemas através do tratamento de

componentes críticos.

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É um método de grande utilidade na associação das ações de manutenção e

prevenção de perdas.

A estimativa das freqüências de ocorrência de cada um dos modos de falhas pode ser

feita através do histórico de falhas de componentes similares, banco de dados ou através da

avaliação de peritos. As freqüências são classificadas em categorias conforme mostrado a

seguir:

Categoria Denominação Faixa de Freqüência

(anual) Descrição

A EXTREMAMENTE REMOTA f < 10-4

Conceitualmente possível, mas extremamente improvável de ocorrer durante a vida útil do processo/ instalação.

B REMOTA 10-4< f < 10-3 Não esperado ocorrer durante a vida útil do processo/ instalação.

C IMPROVÁVEL 10-3< f < 10-2 Pouco provável de ocorrer durante a vida útil do processo/ instalação.

D PROVÁVEL 10-2< f < 10-1 Esperado ocorrer até uma vez durante a vida útil do processo/ instalação.

E FREQUENTE f > 10-1 Esperado de ocorrer várias vezes durante a vida útil do processo/ instalação.

Categorias de Freqüências de ocorrência dos cenários As falhas também podem ser associadas a categorias de severidade ou criticidade, as

quais fornecem uma indicação qualitativa do grau de severidade dos efeitos da falha sobre a

continuidade operacional de um sistema, sobre a qualidade do produto ou sobre a segurança

do pessoal de operação etc. O Quadro a seguir mostra as categorias de severidade em uso

atualmente.

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Categoria Denominação Descrição/ Características

I DESPREZÍVEL

- Sem danos ou danos insignificantes aos equipamentos, à propriedade e/ ou ao meio ambiente; - Não ocorrem lesões/ mortes de funcionários, de terceiros (não funcionários) e/ ou pessoas (indústrias e comunidade); o máximo que pode ocorrer são casos de primeiros socorros ou tratamento médico menor;

II MARGINAL

- Danos leves aos equipamentos, à propriedade e/ou ao meio ambiente (os danos materiais são controláveis e/ ou de baixo custo de reparo); - Lesões leves em empregados, prestadores de serviço ou em membros da comunidade;

III CRÍTICA

- Danos severos aos equipamentos, à propriedade e/ou ao meio ambiente; - Lesões de gravidade moderada em empregados, prestadores de serviço ou em membros da comunidade (probabilidade remota de morte); - Exige ações corretivas imediatas para evitar seu desdobramento em catástrofe;

IV CATASTRÓFICA

- Danos irreparáveis aos equipamentos, à propriedade e/ ou ao meio ambiente (reparação lenta ou impossível); - Provoca mortes ou lesões graves em várias pessoas (empregados, prestadores de serviços ou em membros da comunidade).

Categorias de severidade dos perigos identificados A seguir podemos observar um exemplo prático de uma planilha AMFE desenvolvida

sobre uma caixa de água:

COMPONENTE FALHA EFEITOS OUTROS

COMPONENTES

NO SUBSIT RISCO

MÉTODOS DE

DETEÇÃO

AÇÕES DE COMPENSAÇÃO REPAROS OBS.

Flutuador (bóia)

Falha em flutuar

Válvula de entrada abre; Recipiente pode ir ao nível máximo.

não II Observar saída do ladrão; consumo excessivo.

Excesso de água pelo ladrão (válvula de alívio); reparar ou substituir bóia; cortar suprimento.

Válvula de entrada Emperra; Aberta (falha quando o nível sobe)

Flutuador fica submerso; recipiente pode ir ao nível máximo

não II Observar saída do ladrão; consumo excessivo.

Excesso de água pelo ladrão (válvula de alívio); reparar ou substituir válvula; cortar suprimento

Recipiente (caixa)

Rachadura; colapso.

nenhum Suprimento

cessa

IV Umidade; Infiltração; choque nos registros; Consumo excessivo.

Cortar suprimento; reparar ou substituir.

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5.6 - Análise de Árvore de Falhas (AAF) A Análise de Árvores de Falhas (AAF) foi desenvolvida pelos Laboratórios Bell

Telephone, em 1962, a pedido da Força Aérea Americana, para uso no sistema do míssil

balístico intercontinental "Minuteman".

Técnica dedutiva de análise de riscos na qual, a partir da focalização de um

determinado acontecimento definido como evento-topo ou principal, se constrói um diagrama

lógico que especifica as várias combinações de falhas de equipamentos, erros humanos ou de

fenômenos ou ocorrências externas ao sistema que possam provocar o acontecimento.

Procura estabelecer o mecanismo de encadeamento das várias causas que poderão dar

origem a um evento.

No ápice da Árvore está o evento indesejável ("evento topo”). Nos vários braços, o mecanismo

lógico de sua produção. Cada "braço” ou "ramo” é introduzido por uma “entrada” ("gate”) que

poderá ser representada por "and” ou "or”.

Usamos "and” quando são necessários dois fatores concomitantes para produção do evento

indesejável. Usamos "or” quando o evento indesejável pode ser produzido por um ou outro

fator. (Em outras palavras, não é necessário que eles estejam presentes concomitantemente.

Basta um deles para que o evento se produza). And" e “or" são representados

respectivamente pelos seguintes símbolos gráficos:

and or

x +

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TIPOS DE CAUSAS

E (and)

X1

X X2

OU (or)

X1 X

X2 X

REPRESENTAÇÃO

EQUAÇÃO

X = X1 . X2

X = X1 + X2

Matematicamente, quando se deseja quantificar os riscos correspondentes a cada

evento (ou a cada "ramo”), "and” corresponderá a um produto de duas probabilidades e "or” a uma soma de duas probabilidades.

Seguem algumas breves explicações sobre alguns símbolos gráficos que serão usados para representação de eventos. São estas:

Significa um evento dependente (ou "causado" por) um ou mais eventos.

Significa um evento dependente de outros, mas que (por impossibilidade ou falta de necessidade) não será desenvolvido.

X

X1 X2

x (vezes)

X

X1 X2

+ (soma)

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Símbolo que representa um evento básico, não dependente de outros. É apenas uma ligação entre uma parte da árvore e outra. O método pode ser desenvolvido através dos seguintes passos:

• seleciona-se o evento indesejável, ou falha, cuja probabilidade de ocorrência deve ser determinada;

• são revisados todos os fatores intervenientes, como ambiente, dados de projeto, exigências do sistema etc., determinando-se as condições, eventos particulares ou falhas que poderiam contribuir para a ocorrência do evento indesejado;

• é preparada uma "árvore", através da diagramação dos eventos contribuintes e falhas, de modo sistemático, que irá mostrar o inter-relacionamento entre os mesmos em relação ao evento "topo" (em estudo). O processo inicia-se com os eventos que poderiam diretamente causar tal fato, formando o "primeiro nível". À medida que se retrocede passo a passo, as combinações de eventos e falhas contribuintes irão sendo adicionadas. Os diagramas assim preparados são chamados "Árvores de Falha". O relacionamento entre os eventos é feito através de comportas lógicas;

• através da Álgebra Booleana, são desenvolvidas expressões matemáticas adequadas, representando as "entradas" das árvores de falhas. Cada comporta lógica tem implícita uma operação matemática, e estas podem ser traduzidas, em última análise, por ações de adição ou multiplicação. A expressão é então simplificada o mais possível, através dos postulados da Álgebra Booleana;

• determina-se a probabilidade de falha de cada componente, ou a probabilidade de ocorrência de cada condição ou evento presentes na equação simplificada. Esses dados podem ser obtidos de tabelas específicas, dados dos fabricantes, experiência anterior, comparação com equipamentos similares ou, ainda, obtidos experimentalmente para o específico sistema em estudo.

• as probabilidades são aplicadas à expressão simplificada, calculando-se a probabilidade de ocorrência do evento indesejável investigado; além do que, a AAF leva ao analista um grande número de informações e conhecimento muito mais completo do sistema ou situação em estudo, propiciando-lhe uma visão bastante clara da questão e possibilidades imediatas de atuação, no sentido da correção de condições indesejadas. Os corolários das árvores de falhas podem ser: a determinação da seqüência mais crítica ou provável de eventos, dentre os "ramos" da árvore que levam ao "topo”; a identificação de falhas singulares ou localizadas, importantes no processo; e o descobrimento de elementos sensores cujo desenvolvimento possa reduzir a probabilidade do contratempo em estudo.

Normalmente, encontram-se certas seqüências de eventos, centenas de vezes, mais

prováveis na indução do evento indesejado do que outras. Portanto. é relativamente fácil

achar a principal combinação de eventos que precisa ser prevenida de modo a reduzir a

probabilidade de ocorrência do evento em estudo.

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5.7 - Árvore de eventos

Técnica dedutiva de análise de riscos utilizada para avaliar as possíveis conseqüências

de um acidente potencial, resultante de um evento inicial tomado como referência, o qual pode

ser um fenômeno natural ou ocorrência externa ao sistema, um erro humano ou uma falha do

equipamento. É um método que tem por objetivo antecipar e descrever, de forma

seqüenciada, a partir de um evento inicial, as conseqüências lógicas de um possível acidente.

Os resultados da análise da árvore de eventos caracterizam seqüências de eventos

intermediários, ou melhor, um conjunto cronológico de falhas e de erros que, a partir do evento

inicial, culminam no acidente ou evento-topo ou principal.