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Sobre o autor… Herberto Helder de Oliveira Nasceu no Funchal em 1930; Considerado o "maior poeta português da segunda metade do século XX“; Frequentou a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra; Foi jornalista, bibliotecário, tradutor, trabalhou em programas de rádio; foi redator da revista Notícia em Luanda;

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Sobre o autor…

Herberto Helder de Oliveira

• Nasceu no Funchal em 1930;

• Considerado o "maior poeta português da segunda metade do século XX“;

• Frequentou a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra;

• Foi jornalista, bibliotecário,tradutor, trabalhou em programas de rádio;

• foi redator da revista Notícia em Luanda;

Sobre o autor…Herberto Helder de Oliveira

• Recusava prémios e não dava entrevistas;

• A sua escrita começou por se situar no âmbito de um surrealismo tardio;

• Faleceu no dia 23 de março de 2015 em Cascais.

• Herberto Helder tinha 84 anos e publicara há pouco A Morte Sem Mestre, livro onde se mostrava a morrer.

A morte do “poeta obscuro”

Transcendentalismo; Um homem que tenta descobrir o

sentido da sua existência; Este homem parte à procura da sua

existência em Deus; Afasta-se do mundo normalizado, com

regras instituídas; Personagens imperfeitas, loucos,

bêbados, prostitutas, vagabundos, homens que fogem à polícia;

Vários narradores que identificamos nos contos são ficções do mesmo autor;

Busca de ordem que se opõe ao caos, resultante da complexidade da realidade;

Utiliza o processo de esvaziar palavras, repetindo-as até perderem o seu significado.

“Uma perspetiva sobre a vida, com a intenção de expandir a mente e os

mistérios de nossa existência.”

Transcendentalismo…

Tenta descobrir o sentido da sua existência:

“ A pequena luz do fósforo levanta de repente a massa das sombras, a

camisa caída sobre a cadeira ganha um volume impossível, a nossa

vida…compreende?...a nossa vida, a vida inteira, está ali como…como um

acontecimento excessivo…Tem de se arrumar muito depressa.” (Estilo)

Afasta-se do mundo normalizado, recorrendo a personagens imperfeitas:

“ Annemarie era francesa, de Lyon. Abandonara um filho de dois anos. O

marido combatia na Argélia, talvez estivesse morto. (…) Mas vivia na

Bélgica sem documentos. Fora já posta na fronteira duas vezes: voltara,

voltaria sempre.” (Polícia)

“Sabe ao menos do que estive a falar? Da vida? da maneira de se desembaraçar dela? Bem, o

senhor não é estúpido, mas também não é muito inteligente. Conheço. Conheço muito bem

esse gênero.” (Estilo – Os Passos em Volta)

Diálogo com o leitor.

O conto “Estilo”

Fuga à loucura, tentativa de simplificação, etc

• O narrador/personagem alcança o seu estilo: “estudando matemática e ouvindo um pouco

de música”.

Estátua Falsa

Só de oiro falso os meus olhos se douram;

Sou esfinge sem mistério no poente,

A tristeza das coisa que não foram

Na minh’alma desceu veladamente.

Na minha dor quebram-se espadas de ânsia,

Gomos de luz em treva se misturam.

As sombras que eu dinamo não perduram,

Como Ontem, para mim, Hoje é distância.

Já não estremeço em face do segredo;

Nada me aloira já, nada me aterra:

A vida corre sobre mim em guerra,

E nem sequer um arrepio de medo!

Sou estrela ébria que perdeu os céus,

Sereia louca que deixou o mar;

Sou templo prestes a ruir sem deus,

Estátua falsa ainda erguida no ar…

Mário de Sá Carneiro

PIL LITERATURA – ROMANCE

URBANO TAVARES RODRIGUES

ESTRUTURA EXTERNA

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Analepse (noite)

dia (presente)

“NOITE DE VERÃO”

Quando é no Verão das noites claras

e faz calor dentro da gente,

… aquela menina casadoira,

que mora junto ao largo,

vem à varanda ver a Lua.

Roçando o corpo, devagar,

descem por ela as mãos da noite:

sente-se nua.

Sente-se nua, na varanda,

já tão senhora do seu destino,

sem medo às estrelas nem às mãos da noite

– mas baixa os olhos se algum homem passa.

in “Poemas Completos”, Manuel da Fonseca

AMOR DE PERDIÇÃO

Camilo Castelo Branco

Informações da Obra

Novela Portuguesa, escrita em 1862;

Inspirada em factos reais.

O narrador apresenta-se na 3ª pessoa, identificando-se apenas no final como sobrinho de Simão;

Insere-se na segunda parte do Romantismo;

Foi traduzida em 4 línguas e adaptada para televisão e cinema;

Capítulo I

Domingos José Correia Botelho de Mesquita e Meneses

Manuel Simão Maria Ana Rita

D. Rita Teresa Margarida Preciosa da

Veiga Caldeirão Castelo Branco

Domingos José Correia Botelho de Mesquita e Meneses

Homem feio;

Faltavam-lhe bens de fortuna;

Torna-se corregedor de Viseu;

Os filhos vão estudar para Coimbra e as filhas ficam em casa com a Mãe;

D. Rita Teresa Margarida Preciosa da Veiga Caldeirão Castelo Branco

Muito ambiciosa e formosa;

Critica a família do marido;

Recebia as pessoas com o maior dos luxos;

Manda construir um palacete, subsidiado pela Rainha, devido à falta de recursos do marido;

Era alvo de muitos olhares, o que criava ciúme no marido, que não o demonstrava com medo que a mulher se sentisse “injuriada da suspeita”.

Simão & Teresa

Chega a Viseu com os exames feitos e aprovados, o que provoca orgulho no pai;

Mais tarde, devido a crimes que Simão cometeu, resultantes das suas companhias, o pai manda prendê-lo mas D.Rita dá-lhe dinheiro para que ele possa fugir para Coimbra;

Em Coimbra, chega a ser preso mas é libertado 6 meses depois devido a amigos e parentes da família. (16 anos).

Volta para Viseu, seu pai ameaça expulsá-lo de casa e, no espaço de 3 meses, muda a sua forma de ser.

Simão amava a sua vizinha Teresa (15 anos, rica, bonita)

“Da janela do seu quarto é que ele a vira pela primeira vez, para amá-la para sempre”.

Era um amor discreto e cauteloso devido ao ódio que as suas famílias tinham uma à outra;

Teresa é apanhada na janela com Simão e, mais tarde, Simão recebe uma carta dela, anunciando a sua ida para um convento a mando do pai;

Simão parte para Coimbra novamente devido aos estudos e quem cria uma amizade com Teresa é Rita, a irmã mais nova;

Tadeu de Albuquerque, pai de Teresa, tem intenções de a casar com o seu primo Baltasar, que se apaixona mal a vê e cuida que ela sente o mesmo;

Teresa trata de esclarecer os seus sentimentos, Baltazar tenta dissuadi-la relembrando-a dos crimes de Simão e, uma vez que ela não se deixa manipular com isso, o pai avança com a ideia do convento;

Teresa preferia morrer a casar com alguém a quem o coração não pertencia;

Ela e Simão iam trocando cartas e combinaram encontrar-se no dia do seu aniversário;

Teresa estava constantemente a ser seguida pelo primo Baltasar e, quando se encontra com Simão, pede para ele se ir embora, escrevendo-lhe, mais tarde, uma carta a pedir perdão;

Simão refugia-se em casa de um ferreiro, amigo de seu pai, que se compromete a ficar ao seu lado para o proteger, uma vez que sabia que Baltasar o queria ver morto;

Simão afirma não ter medo de ser atacado;

Na noite seguinte, Baltasar ficou à espera de Simão para o apanhar, juntamente com dois vultos. Todos observaram o ferreiro, João da Cruz, e o cunhado mas não o associaram a Simão.

Simão dirigiu-se até ao lugar marcado com Teresa e, ao sinal do ferreiro, apertou-lhe a mão como despedida e fugiu.

Ao fugir, Simão é perseguido e acaba por ser ferido. João da Cruz acaba por matar os perseguidores.

Simão recebe uma carta de Teresa a falar das mortes e esta quer saber novas dele. Para a tranquilizar, não menciona o seu acidente e promete ir para Coimbra como ela lhe tinha pedido.

Tadeu descobre que o motivo das saídas da filha eram devido à estadia de Simão na região e colocou-a num convento em Viseu.

“Não gosto de deixar nada a meio.”

“- Estou mais livre do que nunca.”

Teresa escreve a Simão e diz não ser nada aquilo porque estava a passar, comparando com o amor de ambos. Pede para, mesmo assim, ele continuar a amá-la.

Mariana, filha do ferreiro, passar a cuidar de Simão e começa a mostrar compaixão, preocupação, gratidão para com ele.

Mariana conta a Simão dos sonhos que tem tido e dá a entender que uma desgraça se avizinha.

Simão escreve a Teresa e afirma que a vida de nada lhe serve se não a sacrificar por ela.

Simão encontra-se sem dinheiro e é Mariana que, juntamente com o pai, lhe dá dinheiro, escondendo a sua origem.

Simão reconhece os sentimentos de Mariana por ele.

É anunciada a decisão de Tadeu sobre levar a filha para perto de uma tia, em Monchique.

Teresa escreve a Simão a avisar, e este planeia a sua fuga, escrevendo-a numa carta que Mariana, lutando contra o seu coração, leva a Teresa.

Teresa diz a Mariana que de madrugada irá para o Porto e, por isso, pede para dizer a Simão para ir lá ter ao invés de aparecer no convento.

Simão, por mais que o ferreiro e a filha lhe alertassem dos perigos, não desistiu de ir vê-la.

Entretanto, escreve uma carta de despedida para entregar a Teresa e outra para entregar a João da Cruz. Depois disso, sai pela janela em direção ao convento.

Simão vê Tadeu e Baltasar aproximarem-se do convento e, passado minutos, vê Teresa.

Teresa vê Simão, trocam algumas palavras e logo Baltasar se lança para cima dele mas sem sucesso, pois Simão dá-lhe um tiro na cabeça.

Tanto João da Cruz como o meirinho-geral dizem a Simão para fugir mas este recusa e afirma querer ser preso.

Os pais de Simão ficam a saber do crime do filho mas Domingos Botelho não quer saber se não da justiça que tinha de ser feita.

“Significa que sou corregedor desta comarca, e que não protejo assassinos por ciúmes da filha dum homem que eu detesto. Eu antes queria ver mil vezes morto Simão que ligado a essa família. Escrevi-lhe muitas vezes dizendo-lhe que o expulsava de minha casa, se alguém me desse certeza de que ele tinha correspondência com tal mulher. Não há-de querer a senhora que eu vá sacrificar a minha integridade a um filho rebelde, e demais a mais homicida.”

Simão, na cadeia, recebe uma carta da mãe. Esta afirma que ele está perdido e que não o poderá ajudar e não ser mandando-lhe o almoço. Diz-se magoada por saber que ele se encontrava na região sem conhecimento dela e promete tentar arranjar-lhe dinheiro.

Simão recusa o almoço e tudo o que tem a ver com a família.

Mariana chega para fazer companhia a Simão e este manda-lhe comprar, essencialmente, tinteiro e papel.

Toda a família de Simão sai de Viseu e o pai impede que a mãe e as irmãs tenham qualquer tipo de contacto com ele.

“Pois minha mãe não mandou chamar João da Cruz? E não foi ela quem mandou o dinheiro?”

Passam-se 7 meses e descobre-se que Simão tinha sido condenado a morrer na forca.

Mariana, perante esta decisão, pede que a matem primeiro. Acaba por ficar doente devido a toda a situação e volta a Viseu.

António da Veiga, parente de D.Rita, mal sabe do que está acontecer, aparece e ameaça Domingos Botelho.

“Mariana o amava até ao extremo de morrer”

“Guardou-me Deus a vida até aos 83. – Poderei viver mais dois ou três? Isto nem já é vida: mas foi – o, e honrada, e sem mancha até agora, e já agora há-de assim acabar, meus olhos não hão-de ver a desonra de sua família. Domingos Botelho, ou tu me prometes aqui de salvar teu filho da forca, ou eu na tua presença me mato”.

Domingos Botelho parte para o Porto e, mais tarde, sabe-se que Simão fora para as cadeias da Relação do Porto.

Teresa parte também para o Porto e leva consigo uma criada que é sua confidente durante a viagem.

Chegada a casa da Tia, Teresa foi muito bem recebida e também foi com ela que desabafou as suas desgraças.

Teresa queria escrever a Simão mas sua tia informou-a que tais cartas nunca lhe chegariam à mão. Quis, então, Teresa morrer.

Teresa consegue, finalmente, escrever a Simão, tendo a certeza que ele receberia a sua carta.

“Que não a desejava morta; mas, se Deus a levasse, morreria mais tranquilo, e com a sua honra sem mancha.”

Teresa sentia-se cada vez mais fraca e os médicos diziam já não haver cura para ela. Teresa estava a morrer.

Simão escreve a Teresa e ela atende às suas preces.

Teresa começa a sentir-se melhor e o pai quer levá-la para Viseu. Ela recusa.

Simão continua a escrever cartas a Teresa que são levadas por João da Cruz que diz serem de sua filha.

Mariana melhora mas Simão pede para ela não voltar a vê-lo pois sabia que a pobre rapariga estava a abdicar da sua vida pela dele. Mariana não respeita o seu pedido.

PAUSA

Manuel Botelho

Andou a estudar Matemáticas em Coimbra mas fugiu para Espanha com uma mulher casada.

Alimentava-se dos recursos da mãe.

D.Rita informa Manuel que não lhe pode dar mais dinheiro pois está a ajudar Simão e pede para ele voltar para junto dela.

Manuel visita Simão na prisão e, mais tarde, quando o desembargador e o corregedor perguntam quem é a senhora que traz consigo, mente e diz ser a irmã mais velha (Ana).

O Desembargador diz a Manuel que a sentença do irmão não se iria concretizar e que o tribunal tinha preparado para ele uma pena de 10 anos de degredo na Índia.

Os senhores ficam desconfiados da “irmã” e mandam uma carta a Domingos Botelho.

Domingos Botelho não quer ver o filho mas, quando recebe a carta, quer ver a senhora descrita.

Domingos Botelho diz à senhora que Manuel está preso e dá-lhe recursos para voltar a casa de sua mãe, nos Açores.

PAUSA

João da Cruz

Começa a ficar doente com a ausência da filha.

Aparece o filho de Bento Machado e diz querer pagar uma dívida. João da Cruz é morto.

PAUSA

Mariana

Recebe uma carta da tia, na prisão, que anunciava a morte do pai.

Fica devastada e Simão serve-lhe de amparo.

Volta a Viseu para receber a herança que o pai lhe deixara e, depois de vender toda a terra que tinha, volta para junto de Simão.

“Quando vir que não lhe sou precisa, acabo com a vida. Cuida que eu ponho muito em me matar? Não tenho pai, não tenho ninguém, a minha vida não faz falta a pessoa nenhuma. O senhor Simão pode viver sem mim? Paciência!... Eu é que não posso…”

Teresa pede a Simão para ele aceitar 10 anos de cadeia, de maneira a render-se por ela, mais tarde.

17 de Março de 1807 – Simão parte para a Índia.

Simão & Teresa

“Não esperes nada, mártir – escrevia-lhe ele. – A luta com a desgraça é inútil, e eu não posso já lutar. Foi um atroz engano o nosso encontro. Não temos nada neste mundo. Caminhemos ao encontro da morte… Há um segredo que só no sepulcro se sabe. Ver-nos-emos?(…)Esquece-te de mim, e adormece no seio do nada. Eu quero morrer, mas não aqui. Apague-se a luz dos meus olhos; mas a luz do céu quero-a! Quero ver o céu no meu último olhar.”

A nau passa por Monchique e, do mirante do mosteiro, vê-se agitar um lenço. Simão responde de maneira igual.

Teresa morre.

Simão passa os dias agarrado às cartas que ele e Teresa trocaram, relendo-as várias vezes.

Simão fica muito doente e pede a Mariana para, após a sua morte, atirar todas as cartas ao mar.

Simão começa a delirar e, ao 10º dia da sua enfermidade, morre.

Mariana pega em tudo o que Simão tinha guardado para aquele dia e, depois de o cadáver ser embrulhado num lençol e atirado ao mar, Mariana faz o mesmo.

Poema

Poema: Este Amor Infinito e Imaculado

Querida, o teu viver era um letargo,Nenhuma aspiração te atormentava;Afeita já do jugo ao duro cargo,Teu peito nem sequer desafogava.Fui eu que te apontei um mundo largoDe novas sensações; teu peito ansiavaOuvindo-me contar entre caricias,Do livre e ardente amor tantas delicias!

Eu não! Se muitos crimes me desluzem,Se pôde transviar-me o seu encanto,Ao menos uma só não me recusem,Uma virtude só: amar-te tanto!Embora injúrias contra mim se cruzem,Cuspindo insultos neste amor tão santo,Diz tu quem fui, quem sou, e se é verdadeO opróbrio aviltador da sociedade.

Não te mentia, não. Sentiste-o, filha,Esse amor infinito e imaculado,Estrela maga que incessante brilhaDa alma pura ao casto amor sagrado;Afeto nobre que jamais partilhaO coração de vícios ulcerado.Não sentes, nem recordas, já sequer?Quem deste amor te despenhou, mulher ?

Camilo Castelo Branco, in 'Poema dedicado a Ana Plácido (1857)'

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“Bolor”

o Coimbra (1926);

o Lisboa (2003);

o Professor;

o Romancista;

o Dramaturgo;

o Jornalista;

o Movimentos anti-Salazar;

o Ironia;

BolorParasita;

Decadência;

Velhice;

Maria dos Remédios Catarina (Julieta)

Humberto (Daniel) Aleixo

Jantares fora;

Km de linhas;

atitude de auto-desculpa ou vitimização?

Frases inacabadas;

Aceitação dos acontecimentos (Empregada);

Conceito de amor conjugal é colocado em

questão;

Inquietação (Y/X);

“É mais fácil ser infeliz que feliz”;

Casamento como desculpa para o fracasso de

ambos;

A monotonia, a solidão, os clichés, o conformismo

e o inconformismo, a insegurança;

Bolor….

Não Sou Casado, Senhora

Não sou casado, senhora,

que ainda não dei a mão,

não casei o coração.

Antes que vos conhecesse,

sem errar contra vós nada,

uma só mão fiz casada,

sem que mais nisso metesse.

Dou-lhe que ela se perdesse!

solteiros e vossos são

os olhos e o coração.

Dizem que o bom casamento

se há de fazer de vontade.

Eu, a vós, a liberdade

vos dei, e o pensamento.

Nisto só me achei contento:

que, se a outrem dei a mão,

dei a vós o coração.

O casar não fez mudança

em meu antigo cuidado,

nem me negou a esperança

do galardão esperado.

Não me engeiteis por casado,

que, se a outra dei a mão,

a vós dei o coração.

Bernardim Ribeiro

CalmariaNada!

Horas e horas neste ponto morto

Onde caiu agora a minha vida...

Nem um desejo, ao menos!

Só instintos pequenos:

Apetite de cama e de comida!

Nem sequer ler um livro

Ou conversar comigo, discutir...

Nada!

Neutro, morno, a dormir

Com a carne acordada.

Miguel Torga

Manuel Alegre

• Nasceu a 12 de Maio de 1936 , em Águeda

• Estudou em Lisboa , no Porto e na FDUC

• Em 1961 foi mobilizado para Angola

• Foi preso pela PIDE, passando seis meses na fortaleza São Paulo, em Luanda

• É dirigente do PS desde 1974

“ O Homem do País Azul “

“ Libertando-se o povo oprimido conduz o opressor a libertar-se também “

Pablo Picasso

“ A grande Subversão “

“ Eram terríveis as rotinas, quase um rito iniciático, havia o dia de esfregar a casa, o dia de lavar a roupa, o dia de arear os metais e o dia de tomar banho”

“ Trova ao vento que passa “ – Manuel Alegre

Pergunto ao vento que passa

notícias do meu país

e o vento cala a desgraça

o vento nada me diz.

Pergunto aos rios que levam

tanto sonho à flor das águas

e os rios não me sossegam

levam sonhos deixam mágoas.

Levam sonhos deixam mágoas

ai rios do meu país

minha pátria à flor das águas

para onde vais? Ninguém diz.

Se o verde trevo desfolhas

pede notícias e diz

ao trevo de quatro folhas

que morro por meu país.

Pergunto à gente que passa

por que vai de olhos no chão.

Silêncio -- é tudo o que tem

quem vive na servidão.

Vi florir os verdes ramos

direitos e ao céu voltados.

E a quem gosta de ter amos

vi sempre os ombros curvados.

E o vento não me diz nada

ninguém diz nada de novo.

Vi minha pátria pregada

nos braços em cruz do povo.

Vi minha pátria na margem

dos rios que vão pró mar

como quem ama a viagem

mas tem sempre de ficar.

Vi navios a partir

(minha pátria à flor das águas)

vi minha pátria florir

(verdes folhas verdes mágoas).

Há quem te queira ignorada

e fale pátria em teu nome.

Eu vi-te crucificada

nos braços negros da fome.

E o vento não me diz nada

só o silêncio persiste.

Vi minha pátria parada

à beira de um rio triste.

Ninguém diz nada de novo

se notícias vou pedindo

nas mãos vazias do povo

vi minha pátria florindo.

E a noite cresce por dentro

dos homens do meu país.

Peço notícias ao vento

e o vento nada me diz.

Quatro folhas tem o trevo

liberdade quatro sílabas.

Não sabem ler é verdade

aqueles pra quem eu escrevo.

Mas há sempre uma candeia

dentro da própria desgraça

há sempre alguém que semeia

canções no vento que passa.

Mesmo na noite mais triste

em tempo de servidão

há sempre alguém que resiste

há sempre alguém que diz não

Carta a El-Rei D. ManuelPêro Vaz de Caminha

MensagemFernando PessoaIsa Ramos | 11º G | 13

Pêro Vaz de Caminha• Porto, Portugal - 1450

• Calecute, Índia - 1500

• Vereador no Porto

• Escritor, principalmente escrivão, da armada de Pedro Álvares Cabral

Carta a El-Rei Dom Manuel

Sobre o Achamento do

Brasil

9 março

14 março

22 março

21 abril

22 abril

25 abril

28 abril

30 abril

1 maio

Carta a El-Rei Dom Manuel Sobre o Achamento do Brasil

• 9 março

• 14 março

• 22 março

Carta a El-Rei Dom Manuel Sobre o Achamento do Brasil

• 21 abril

Carta a El-Rei Dom Manuel Sobre o Achamento do Brasil

• 22 abril

Carta a El-Rei Dom Manuel Sobre o Achamento do Brasil

• 25 abril

Carta a El-Rei Dom Manuel Sobre o Achamento do Brasil

• 26 abril

• 28 abril

Carta a El-Rei Dom Manuel Sobre o Achamento do Brasil

• 1 maio

Fernando Pessoa• Lisboa, Portugal - 13

Junho 1888

• Lisboa, Portugal- 30 Novembro 1935

• Poeta, filosofo e escritor

MensagemSEGUNDA PARTE

MAR PORTUGUÊS -

II. Horizonte

Ó mar anterior a nós, teus medos Tinham coral e praias e arvoredos. Desvendadas a noite e a cerração, As tormentas passadas e o mistério, Abria em flor o Longe, e o Sul sidério ’Splendia sobre as naus da iniciação.

Linha severa da longínqua costa —Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta Em árvores onde o Longe nada tinha; Mais perto, abre-se a terra em sons e cores: E, no desembarcar, há aves, flores, Onde era só, de longe a abstracta linha.

O sonho é ver as formas invisíveis Da distância imprecisa, e, com sensíveis Movimentos da esp’rança e da vontade, Buscar na linha fria do horizonte A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte —Os beijos merecidos da Verdade.

MensagemSEGUNDA PARTE

MAR PORTUGUÊS -X. Mar Português

Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu.

“O Amor é fodido”, Miguel

Esteves Cardoso

Inês Maria Macedo Silva nº10 11ºG

Miguel Esteves Cardoso

• Nasceu dia 25 de Julho de 1955

• Escritor e crítico português

• Aluno brilhante, fez estudos superiores no Reino Unido

• O facto de ser bilingue fez com que tivesse uma visão

distanciada de Portugal e dos portugueses

• Licenciou-se em Estudos Políticos, prosseguindo o

doutoramento em Filosofia Política, obtido em 1983

Excertos

“Quanto mais longe, mais perto me sinto de ti, como se os teus

passos estivessem aqui ao pé de mim e eu pudesse seguir-te e

falar-te e dizer-te quanto te amo e como te procuro, no meio de

uma destas ruas em que te vejo, zangado de saudade, no céu claro,

no dia frio. Devolve-me a minha vida e o meu tempo. Diz qualquer

coisa a este coração palerma que não sabe nada de nada, que julga

que andas aqui perto e chama sem parar por ti”

“Quanto mais vou sabendo de ti, mais gostaria que ainda estivesses

viva. Só dois ou três minutos: o suficiente para te matar. Merecias

uma morte mais violenta. Se eu soubesse, não te tinha deixado

suicidar com aquelas mariquices todas. Aposto que não sentiste

quase nada. Não está certo. Eu não morri e sofri mais do que tu.(...)”

“Quero ser o teu amor amigo. Nem demais e nem de menos. Nem tão longe e nem tão perto. Na medida mais precisa que eu puder. Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida, Da maneira mais discreta que eu souber. Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar. Sem forçar tua vontade. Sem falar, quando for hora de calar. E sem calar, quando for hora de falar. Nem ausente, nem presente por demais. Simplesmente, calmamente, ser-te paz. É bonito ser amor amigo, mas confesso é tão difícil aprender! E por isso eu te suplico paciência. Vou encher este teu rosto de lembranças, Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias..."

Fernando Pessoa

• https://www.youtube.com/watch?v=ixC1AHc8icE

Onde está a felicidade?

Camilo Castelo Branco

Personagens

João Antunes Barqueiro António Correia, por alcunha o Moiro Guilherme de Amaral Cecília Augusta Francisco (primo de Augusta) Ana Moiro (vizinha de Augusta) Poeta/Jornalista Leonor (prima de Guilherme Amaral)

O HOMEM DO PAÍS AZUL

- Manuel Alegre

"O Homem do país azul""A grande subversão"

"A última noite""Artur e os múltiplos de 3"

"O outro lado""A pedra""O aviso"

"Nevermore""Pessoa e nenhum"

"A senhora do retrato"

- 1898, 15 anos após o 25 de Abril

E alegre se fez triste

Aquela clara madrugada que

Viu lágrimas correrem do teu rosto

E alegre se fez triste como se

Chovesse de repente em pleno Agosto.

Ela só viu dedos nos teus dedos

meu nome no teu nome. E demorados

Viu nossos olhos juntos nos segredos

Que em silêncio dissemos separados.

A clara madrugada em que parti.

Só ela viu teu rosto olhando a estrada

Por onde um automóvel se afastava.

E viu que a pátria estava toda em ti.

E ouviu dizer-me adeus: essa palavra

Que fez tão triste a clara madrugada.

• Relato da natureza que o viu partir; • Referência à amada que chorava• A Natureza partilha do mesmo sentimento que o suj.

poético.

• Descrição da despedida

• Descrição da partida

• A amada como representação da pátria