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Mãos Rendeiras Tecendo histórias e disseminando conhecimentos das rendeiras de Renascença da Associação de Resistência da Comunidade de Cacimbinhas (ARCA) e da Cooperativa de Produção de Bens e Serviços de São João Tigre (Coopetigre).

Procasur, mãos rendeiras cartilha. Gestión de conocimiento para los proyectos FIDA en em ámbito del Programa SEMEAR, envolviendo también otras organizaciones e instituciones de

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Mãos RendeirasTecendo histórias e disseminando conhecimentos das rendeiras de

Renascença da Associação de Resistência da Comunidade de Cacimbinhas (ARCA) e da Cooperativa de Produção de Bens e Serviços de

São João Tigre (Coopetigre).

1ª EDIÇÃO

SÃO JOÃO DO TIGRE – PARAÍBA – BRASIL

- 2014 -

Mãos Rendeiras

Tecendo histórias e disseminando conhecimentos das

rendeiras de Renascença da Associação de Resistência da

Comunidade de Cacimbinhas (ARCA) e da Cooperativa

de Produção de Bens e Serviços de São João Tigre

(Coopetigre).

Aos grupos de mulheres rendeiras ARCA e Coopetigre;

Ao Projeto de Desenvolvimento Sustentável do Cariri, Seridó e Curimataú (Procase);

E as organizações parceiras Cunhã Coletivo Feminista e Centro Feminista 8 de Março.

AGRADECIMENTOS

SUMÁRIO

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Um bom começo para uma boa história ......................................

Parcerias que dão certo ................................................................

Tecendo a história da Renascença ................................................

Um passeio pela história e trajetória dos grupos de rendeiras ......

Avançar com as conquistas ..........................................................

Caminhando com os desafios ......................................................

Lições e aprendizagens ................................................................

Protagonistas desta história .........................................................

Fonte de pesquisa bibliográfica ....................................................

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UM BOM COMEÇO PARAUMA BOA HISTÓRIA

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Oficinas de Sistematização Participativa na Coopetigre (E) e na ARCA (D)

- Mãos Rendeiras -

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Esta cartilha é resultado da sistematização das experiências da Cooperativa de Produção de Bens e Serviços de São João Tigre (Coopetigre) e Associação de Resistência das Rendeiras da Comunidade de Cacimbinhas (ARCA), contri- buindo para a construção e disseminação de conhecimento desses dois grupos, ao permitir que as próprias rendeiras se apropriarem de suas experiências como protagonistas nesse processo de resgate de trajetórias, reflexões e (re) construções da produção de saberes.

O exercício de sistematizar permite que as rendeiras coloquem em prática seus saberes antigos, conheçam e apreendam novas expe- riências e disseminem mais outros conheci- mentos. A produção do conhecimento funda- mentalmente acontece no espaço do coletivo, ou seja, toda a construção e reflexão da sistematização se dá no conjunto dos atores

locais. É importante que as rendeiras se empoderem do seu próprio saber de maneira coletiva, alcançando uma compreensão pro- funda sobre os aprendizados e resultados desta experiência.

Esperamos que esta cartilha consiga trazer um pouco da trajetória vivenciada pelos grupos de rendeiras de Renascença da Coopetigre e ARCA, sendo elas protagonistas dessa história. Ao mesmo tempo, esta publicação dá visi- bilidade a resistência e a perseverança das mulheres em dar continuidade a essa arte e ofício secular, que é a Renascença; trazendo os desafios e as conquistas desse trabalho diante do contexto local, que é o Semiárido paraibano.

Uma ótima história. Uma prazerosa leitura!

UM BOM COMEÇO PARA UMA BOA HISTÓRIA

Diálogos sobre a experiência

As rendeiras dos grupos Coopetigre e ARCA participaram de uma Oficina de Sistematização Participativa entre os dias 15 a 19 de outubro de 2014, no município de São João do Tigre, no Semiárido da Paraíba. Foi um momento de olhar para trás e recontar a história dos dois coletivos.

Na ocasião, as rendeiras resgataram os processos de organização desencadeados e os principais passos dados para chegarem a uma experiência exitosa enquanto grupos, mas também com seus desafios. Ao mesmo, tempo foram identificados: as chaves de sucesso, os acertos e as falhas, os resultados, os aprendizados, as dificultades, os desafios e as perspectivas futuras.

Foi uma oportunidade de cada rendeira olhar e refletir a partir da experiência e refazer todo o itinerário dessa caminhada enquanto grupos de mulheres.

PARCERIAS QUEDÃO CERTO

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Sede da Coopetigre

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Com a intenção de contribuir para facilitar o acesso e o intercâmbio de conhecimentos e boas práticas assim como a colaboração entre os diversos atores do desenvolvimento rural no Semiárido, o FIDA, em parceria com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura – IICA e com o apoio da Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento – AECID, implementou o Programa de Gestão do Conhecimento em Zonas Semiáridas do Nordeste, o Semear. O Programa tem o objetivo de aprimorar a capacidade da população rural de acessar e aproveitar um conjunto de conhecimentos, experiências, inovações e boas práticas que contribuam para melhorar suas condições de vida, coexistir com as condições semiáridas e tirar maior proveito das possibilidade de desenvolvimento da região Semiárida do Nordeste do Brasil.

Nesse contexto, o Programa Semear desen- volve ações em parceria com a corporação PROCASUR na gestão e disseminação de conhecimentos entre os projetos apoiados pelo FIDA no Brasil. A parceria é no sentido de articular e fortalecer intercâmbios, trocas de

saberes, sistematizações de experiências e outro espaços da construção da aprendizagem entre os projetos, organizações, grupos e associações que estão nos territórios do Semiárido.

A proposta da PROCASUR é promover e difundir referências que possam orientar políticas públicas de combate à pobreza e apoio ao desenvolvimento rural sustentável no Semiárido. A partir dessa opção, a abordagem teórico-metodológica do projeto buscou romper com a noção de transferência de tecnologias, adotando um enfoque de cons- trução participativa de conhecimentos desde a prática e em diálogo como os atores chave no desenvolvimento do Semiárido.

Esta sistematização dos grupos ARCA e Coopetigre conta com a parceria do Projeto de Desenvolvimento Sustentável do Cariri, Seridó e Curimataú (Procase). O projeto é resultado do convênio entre o Governo do Estado da Paraíba e o FIDA, beneficiando projetos de associações e cooperativas rurais de 56 municípios do Semiárido paraibano.

PARCERIAS QUE DÃO CERTO- Mãos Rendeiras -

TECENDO A HISTÓRIADA RENASCENÇA

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A Renda Renascença é uma atividade artesanal e uma técnica têxtil surgida no século XVI tendo origem em Veneza, na Itália. Chegou ao Brasil pelas mãos das mulheres dos coloni- zadores europeus e passou a fazer parte das tradições rurais do Semiárido do Nordeste brasileiro. Há influência muito forte também das freiras estrangeiras que, nos conventos, ensinavam este tipo de trabalho às alunas.

A produção da Renascença no Brasil se destaca nos estados da Paraíba, Pernambuco, Ceará, Sergipe e Bahia. A Renascença chegou à Paraíba na década de 1950 pelas mãos de algumas mulheres que residiam nos municípios de Camalaú, São João do Tigre, São Sebastião do Umbuzeiro e Zabelê, que na época eram todos distritos da cidade de Monteiro. E muitas dessas rendeiras já aprenderam o ofício nos municípios vizinhos de Poção e Pesqueira, no Agreste de Pernambuco.

Na Paraíba, os municípios que concentram a produção da Renda são Monteiro, Camalaú, São João do Tigre, São Sebastião do Umbuzeiro, Prata, Congo, Sumé e Zabelê, situados no Cariri Ocidental. Nesse território, há o registro de pouco mais de quatro mil artesãs, aproximadamente 20% da população feminina da região. Hoje, boa parte dessas rendeiras está organizada em associações ou cooperativas.

Na última década, o ofício da Renascença paraibana tem se fortalecido enquanto uma

arte e atividade econômica graças a um conjunto de iniciativas, apoios e parcerias de instituições governamentais e organizações da sociedade civil, como Governo do Estado da Paraíba, através do Procase, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - Sebrae/Paraíba, Banco do Nordeste, Prefeituras Municipais, Cunhã Coletivo Feminista e Centro da Mulher 8 de Março. Constituindo, assim, uma rede de novos atores territoriais no apoio à reestruturação produtiva e incentivo à organização das rendeiras, na lógica do coope- rativismo e do associativismo e no intuito de fortalecer ainda mais a Renda como atividade econômica e identidade local de um povo.

O contexto das experiências da ARCA e Coopetigre se dá na Paraíba, Semiárido brasi- leiro, especificamente no Cariri Ocidental (a região é dividida em Ocidental e Oriental), no município de São João do Tigre.

TECENDO A HISTÓRIA DA RENASCENÇA

Mapa da Paraíba. Em destaque, o municípiode São João do Tigre

- Mãos Rendeiras -

- MÃOS RENDEIRAS | TECENDO A HISTÓRIA DA RENASCENÇA -

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O município de São João do Tigre está a 243km da Capital - João Pessoa. Possui uma população de 4.578 habitantes, de acordo com o IBGE/2010, com uma área territorial de 816 km², fazendo divisa com o município de Poção, em Pernambuco.

São João do Tigre está na área de Proteção Ambiental das Onças numa extensão de 36.000 hectares, apresentando paisagens montanhosas e uma vasta mata servindo de atrativo turístico. Apesar da aridez, caracte- rística da região, durante à noite a temperatura tende a cair. Grande parcela dos moradores vive da agricultura e da pecuária.

O que chama à atenção também em São João do Tigre é a quantidade de rendeiras que ainda produzem a Renascença. Ao andar pelas ruas da cidade, todo final de tarde, é comum ver

mulheres sentadas nas calçadas com suas almofadas tecendo e fazendo Renda.

Por muitos anos, a Renda foi a atividade econô- mica de destaque do município. A Renascença chegou a São João do Tigre por volta do ano de 1960 através da senhora Maria dos Anjos Jatobá. Ela aprendeu a Renda no município vizinho de Poção, estado de Pernambuco. Depois começou a ensinar esse ofício para outras mulheres da localidade.

Atualmente, a Renascença resiste como um complemento da renda familiar ou como uma atividade prazerosa. Muitas mulheres dividem os afazeres de dona-de-casa e de agricultora com o de rendeira.

As rendeiras da Coopetigre e ARCA trabalham com a Renascença, muitas vezes, para suprir uma pequena demanda de consumo local ou por encomendas. Normalmente, também como uma renda subsidiária em complemento com outra renda, como na agricultura, trabalhos domésticos, docência, aposenta- doria, serviço público ou em organizações da região.

243 Km4.578816 Km2

DE JOÃO PESSOA/PB

HABITANTES

DE ÁREA TERRITORIAL

São João do Tigre/PB (centro da cidade)Rendeira Fernandina Celeste (E) e sua irmã no Tigre/PB

UM PASSEIO PELA HISTÓRIAE TRAJETÓRIA DOS GRUPOSDE RENDEIRAS

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Joana Cândida (conhecida como Jandira, 59 anos)

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Associação de Resistência das Rendeiras de Cacimbinha (ARCA)

O movimento, enquanto grupo de mulheres rendeiras, teve início ainda na década de 80 por intermédio de Maria das Dores Souza dos Anjos (Dona Dorinha). Algumas mulheres da comunidade participavam da Associação de Artesão do Nordeste (Associarte), uma organização com sede em Olinda, em Pernambuco, que apoiava grupos de produção de artes em alguns estados do Nordeste.

O contexto das experiências da ARCA e Coopetigre se dá na Paraíba, Semiárido brasileiro, especificamente no Cariri Ocidental (a região é dividida em Ocidental e Oriental), no município de São João do Tigre.

Esse apoio da Associarte se dava através da venda dos produtos por consignação em uma loja em Olinda. Os problemas enfrentados com a escassez de recursos e de capacitação, as dificuldades e a falta de apoio levaram o grupo a ficar parado por quase 10 anos.

Somente, em 1998, é fundada a ARCA na comunidade rural de Cacimbinha, município de São João do Tigre. A Associação já traz no nome o sentido da resistência e da luta das mulheres rendeiras em continuar com a arte e o ofício da Renascença.

UM PASSEIO PELA HISTÓRIA E TRAJETÓRIADOS GRUPOS DE RENDEIRAS

Quando a gente nasce parece que já nasce com essa inteligência de fazer Renascença. Já ensinei muitas mulheres a fazer renda, na época, à luz do candeeiro ou do lampião. Antigamente, as

mulheres se reuniam em grupos para fazer Renascença, era uma festa só e muita alegria.

Ficavam vários grupos de mulheres nas calçadas. A gente ficava conversando e trabalhando. Eu

adoro trabalhar, apesar da minha vista ser pouca, é um divertimento pra mim.

Inácia Farias, 72 anos.Uma das rendeiras mais antiga de Cacimbinha.

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- MÃOS RENDEIRAS | UM PASSEIO PELA HISTÓRIA E TRAJETÓRIA DOS GRUPOS DE RENDEIRAS -

Desde esse período, era algo constante o envolvimento de atravessadores/as para com- prar as peças das rendeiras por preços baixos e vender fora do município por preços bem elevados. Era um contexto de muita pobreza; momento difícil para as famílias da comunidade.

As mulheres foram incentivadas a se organizarem numa associação para buscarem suas melhorias a partir do incentivo do Padre João, e do prefeito da época, Genuíno. A primeira presidenta da ARCA era eleita, Maria do Socorro da Costa. Até então o grupo já reunia 20 sócias.

No ano de 2000, a ARCA elege nova direção tendo na presidência a rendeira Josefa Maria Gomes de Farias, mais conhecida como Nita. Nesse mesmo período, surgem as primeiras encomendas de Renda para as mulheres produzirem. Elas começam também a parti- cipar de capacitações pelo Sebrae/Paraíba sobre pontos diferentes de Rendas e aper- feiçoamento na qualidade da Renascença.

Em 2002, as organizações Cunhã Coletivo Feminista e Centro da Mulher 8 de Março começam a acompanhar à comunidade Cacimbinha. O acompanhamento à localidade se dá a partir de atividades sobre gênero numa parceria com o Projeto Dom Helder Câmara (PDHC).

As rendeiras destacam, nesse mesmo momen- to, o acesso ao Programa Nacional de Fortale- cimento da Agricultura Familiar (PRONAF Mulher). Uma linha de crédito voltada para investimento às atividades agropecuárias, turismo rural, artesanato e outras atividades de interesse da mulher agricultora.

De 2000 a 2007, a Associação ficou sem ações, apenas com atualização de pagamento das declarações. Somente no ano de 2007, acontece uma nova eleição para direção da ARCA, assumindo a presidência a rendeira Maria Aparecida Aureliano (Neném) que fica na função até 2009. As mulheres se sentem mais encorajadas e começam se mobilizar para reativar novamente as atividades da ARCA. Criam pela primeira vez um banco de matéria prima para a produção da Renascença com o apoio do PDHC e da Associação Menonita de Assistência Social (AMAS). Dentro do projeto do banco de matéria prima, as mulheres realizavam avaliações das atividades e partici- pavam de momentos de confraternizações entre elas.

Ainda em 2007, as organizações Cunhã e Centro da Mulher 8 de Março acompanham mensalmente à comunidade Cacimbinha com apoio às questões produtivas e com oficinas de formação. Nesse mesmo ano, surge o primeiro projeto de construção da sede da ARCA.

De 2010 a 2011, a rendeira Socorro Costa assume a direção da Associação. Nesse período, o grupo começa a participar de espaços de comercialização. As mulheres passam a comercializar suas peças de

1998 Foi eleita a primeira presidentada ARCA, Maria do Socorroda Costa.

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Renascença em exposições e feiras fora do município.

Em 2011, a ARCA acessa o programa Empreender Paraíba. É uma política pública de microcrédito para atender empreendedores locais, residentes no estado da Paraíba.

Já em 2012, a Associação participa do programa Empreender Mulher. Uma linha de crédito para às mulheres com condições diferenciadas para acessar e voltada para inves- timentos de grupos produtivos. Nesse mesmo ano, a ARCA recebe o apoio da União Europeia, através da organização Cunhã. Nesse mesmo período, o grupo chega a 40 sócias.

Ainda em 2012, as rendeiras conseguem o Selo Indicação Geográfica (IG) pelo Conselho das Associações, Cooperativas, Empresas e Enti- dades Vinculadas a Renda Renascença do Cariri Paraibano (Conarenda). O selo é uma garantia para o consumidor, pois comprova que o produto é genuíno e possui qualidades particu- lares, ligadas à sua origem, como é o caso da Renascença. Nos mercados nacionais e interna- cionais, muitos produtos são caracterizados não apenas pela marca que ostentam, mas também pela indicação da sua verdadeira origem geográfica. Essa indicação lhes atribui certa reputação, valor intrínseco e identidade própria que os distinguem dos demais produtos de igual natureza disponíveis no mercado.

O ano de 2013 foi significativo para a Associação com a chegada do apoio do Procase. O grupo acessou o edital, enviou o projeto e foi contemplado com investimentos

A Renascença é uma arte muito rica. Está ligada na identidade e na história da gente. Muitas

famílias construíram sua vida e criaram seus filhos com a renda. A mulher além de fazer Renascença porque gosta traz também a autonomia dela. A Associação dá um poder de voz às mulheres. Em

grupo, a gente aprende muito umas com as outras, a respeitar o limite da outra. Viver no

coletivo proporciona a construção de um mundo melhor, de uma comunidade melhor. A solução

dos problemas é coletivo. A gente consegue desabafar e apoiar uma a outra. Meu maior

sonho é ver as mulheres da comunidade produzindo a renda como sustento e vivendo só dessa arte, desse ofício. Há um sentimento de orgulho pelas mulheres. Produzimos peças de

arte. Eu amor tecer!

Lucivânia Queiroz, 26 anos.Faz parte da ARCA. Aprendeu fazer Renascença aos7 anos de idade.

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Quando comecei, via na Renascença uma oportunidade de sobrevivência, financeira. Tudo

que tenho hoje em casa foi através da Renascença, mas hoje é um complemento. Ela é

muito forte na vida da gente. Antes de ser professora me dedicava quase 10 horas/dia e, às

vezes, entrava pela noite. Meu sonho é ver a sede da ARCA pronta. Quando me aposentar quero

viver exclusivamente para a Renascença.

Maria Aparecida Aureliano, 48 anos.Mais conhecida como Dona Neném.Faz parte da ARCA.

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para construção da sede da associação, e compra de máquinas de costura e material para produção. Ao todo, estão sendo beneficiadas 25 famílias de rendeiras. O montante faz parte de um convênio do Governo do Estado com o Fundo Internacional de Desenvolvimento para a Agricultura (FIDA).

Em 2014, a ARCA participa de alguns espaços políticos de mobilização e articulação, como o Dia 8 de Março (Dia Internacional da Mulher), na cidade de São João do Tigre, Conferência de Economia Solidária e Plebiscito Popular, que aconteceu em todo o país. Ainda nesse mesmo ano, a Associação recebe os primeiros recursos do edital do Procase e também o apoio da Petrobras, através das organizações Cunhã Coletivo Feminista e Centro da Mulher 8 de Março.

Cooperativa de Produção de Bens e Serviços de São João Tigre (Coopetigre)

A Coopetigre é fundada em 2008, surge no intuito de buscar o fortalecimento e as melhorias para as rendeiras. Três pessoas foram importantes na formação da Cooperativa: as rendeiras Lourdinha e Doralice, e Chico Dantas, ligado à sociedade civil.

2013A Associação ganha o apoio da Procase.Ajudando a beneficiar 25 famílias de rendeiras.

CHEGADA DA PROCASE

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Aprendi a fazer Renascença com minha mãe. Ensinei esse ofício para as minhas filhas também.

Sempre trabalhei com renda e na roça. Adoro fazer Renascença, sinto uma coisa boa, pois

conheço desde criança. Fico preocupada com o futuro da renda. Um dia pode ser que se acabe.

As jovens não se interessam, porque ganha pouco. Espero ter sempre saúde na vista para

nunca poder parar. Estou desde o início da Cooperativa. É bom trabalhar em grupo.

Sede da Coopetigre no centro de São João do Tigre

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Logo no início não foi nada fácil para fundar a Coopetigre. Sem apoio e recursos, de porta em porta as pessoas iam mobilizando e convi- dando as rendeiras para participarem do grupo. Começaram a receber doações e fazer bingos para cobrir as despesas com a docu- mentação do registro e fundação da Cooperativa. Nesse mesmo período, a prefei- tura doa um espaço por cinco anos para funcionar a sede do grupo, que já reunia 23 rendeiras cooperadas.

Após passar o ano de 2009 sem apoio e descrentes, 2010 foi cheio de atividades e ações. Nesse ano, o grupo acessou a linha de financiamento do Banco do Nordeste, o CrediAmigo, em valores de R$ 500,00 a R$ 1.100,00 para compra de materiais para produção da Renascença beneficiando 23 mulheres.

Joana Cândida, 59 anosFaz parte da Coopetigre.Mais conhecida como Jandira

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Já sobrevivi exclusivo da Renascença. Criei meus filhos com a renda. Só deixo um dia esse ofício quando não poder mais pegar na agulha. É um ofício que a gente aprende pro resto da vida.

Depois da Cooperativa a gente tem viajado para outros lugares expondo e divulgando nosso

trabalho. A Renascença representa tanta coisa na minha vida. É uma paixão que a gente tem pela renda. A Renascença ajuda a gente viver.

Maria do Socorro Lopes, 63 anos.É cooperada da Coopetigre.

- MÃOS RENDEIRAS | UM PASSEIO PELA HISTÓRIA E TRAJETÓRIA DOS GRUPOS DE RENDEIRAS -

Ainda em 2010, a Coopetigre começa a participar de espaços que iriam fortalecer e divulgar o trabalho das rendeiras, como a Feira da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), no município de Monteiro, e também em exposições. Nesse ano, recebe o apoio da organização 8 de Março com oficinas sobre gênero e participa de oficinas de formação em designer, gestão e desenvol- vimento humano, numa parceria com o Sebrae/Paraíba.

Em 2011, acontece a renovação da direção da Coopetigre e o Sebrae cria para o grupo a primeira etiqueta para colocar nas peças de Renascença. No ano de 2012, o grupo participa da Marcha das Margaridas, em Brasília, e da Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Feneart), no Centro de Convenções em Olinda, Pernambuco.

Ao passar dos anos a Cooperativa cada vez mais tem participado de espaços e momentos políticos e de articulação importante para a comercialização e consolidação da arte e do ofício da Renascença. Como em 2013, em que o grupo esteve no Show Room do Sebrae, em São Paulo, na Feira Estadual de Agricultura Familiar, no Salão do Artesanato, em João Pessoa, no Congresso Internacional dos Territórios, também na Capital do estado, e mais uma vez na Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Feneart), em Olinda.

Ainda em 2013, a Coopetigre acessou o programa Empreender Mulher, uma linha de crédito fornecida pelo Governo do Estado para implantar o banco de matéria prima. A ação se

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- MÃOS RENDEIRAS | UM PASSEIO PELA HISTÓRIA E TRAJETÓRIA DOS GRUPOS DE RENDEIRAS -

deu com o apoio da organização 8 de Março para comprar lacê, linha e papel para produção da Renascença.

Nesse mesmo ano, o grupo cria a carteira da cooperada e ainda é contemplado com a Carteira do Artesão fornecida pelo Sebrae. Recebe também apoio da União Europeia para realização de intercâmbios.

Ainda em 2013, a Cooperativa também recebeu o Selo de Indicação Geográfica (IG) promovido pelo Conselho das Associações, Cooperativas, Empresas e Entidades Vincula- das à Renda Renascença do Cariri Paraibano (Conarenda). Participou de intercâmbios com outros grupos de mulheres artesãs nos municípios de Afogados da Ingazeira e Tabira, no Sertão do Pajeú, em Pernambuco, e de oficina sobre modelagem realizada pelo Sebrae.

Nesse ano também o grupo acessa o edital do Procase e foi contemplado com um projeto que prevê a ampliação da produção e circulação das peças de Renascença das mulheres, reforma da sede e aquisição de equipamentos para fabrico dos produtos.

Em 2014, a Coopetigre chega a 48 cooperadas e a doação da sede pela prefeitura é renovada por mais 15 anos. Nesse mesmo ano, o Governador do Estado visita a Cooperativa, momento muito significativo para as rendeiras. Começam também a chegar os primeiros recursos do Procase e é elaborado o projeto de reforma da sede. A Cooperativa ainda recebeu durante intercâmbio os grupos de mulheres rendeiras dos municípios de Pesqueira e Poção, região Agreste de Pernambuco.

Ainda nesse mesmo ano, o grupo participou de curso de designer de aplicação da Renascença promovido pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), do campus de Monteiro, e também Renascença 3D, técnica de modelagem em espuma, com o professor Romero Souza do Sebrae. As coope- radas tiveram a oportunidade de comerciali- zarem algumas peças para a estilista Raquel Grace, de São Paulo, com o apoio do Projeto Dom Helder Camara, e participação no curso de manequim molage numa parceria entre Sebrae e a organização 8 de Março. Outro marco para as mulheres foi estarem envolvidas no Plebiscito Popular.

Vivo exclusivamente da Renascença, só tenho ajuda do Bolsa Família. Quando termino uma peça e vendo, com esse dinheiro já pago uma conta de energia, de água ou um botijão de gás.

Mudou muita coisa depois que entrei para Cooperativa. É importante a gente trabalhar em grupo. A gente aprende uma com as outras. Enquanto a vista tiver boa não quero parar de

fazer renda. Maria José Carvalho, 50 anos.Faz parte da Coopetigre.

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AVANÇAR COMAS CONQUISTAS

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Hoje, a Renascença é um complemento. No momento não dá pra viver só exclusivamente da renda. Trabalho com agricultora, cabeleireira e

revendedora de cosméticos. Pra mim a Renascença é uma tradição. Espero que nunca

morra. Nasci e cresci vivendo essa arte. Me criei vendo minha mãe trabalhar com a renda. A

partira da Associação o nosso trabalho ficou mais reconhecido, com mais qualidade. Através da ARCA tivermos muitos cursos. A gente deve

incentivar as colegas a não pararem com essa arte. Eu me orgulho de ser rendeira.

Djanilda Marques Lima, 32 anos.Mais conhecia como Dejinha. É associada da ARCA.

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AVANÇAR COM AS CONQUISTAS

As rendeiras colocam como algo que vem facilitando seus trabalhos desde o início da fundação é a presença e o acompanhamento das organizações da sociedade civil. O trabalho em grupo e a relação de confiança são elementos que têm contribuído também para o crescimento, o empoderamento e a organi- zação do grupo, bem como o fortalecimento e a autonomia da mulher.

A primeira questão que se observa é que diante de todas as fragilidades da produção e perpetuação da própria Renascença enquanto arte e ofício e o contexto social e econômico em que vivem às mulheres, as rendeiras foram capazes de se organizarem numa associação ou cooperativa e uniram-se para buscar as melhorias do coletivo. Essa capacidade de resiliência e a boa vontade do grupo já é um ótimo começo para iniciar uma trajetória de um grupo de rendeiras de Renascença, no município de São João do Tigre.

A vontade e a capacidade de aprender, buscar conhecimento e está em diversos espaços estratégicos para o trabalho com a Renascença são elementos também que marcam o êxito das experiências com os dois grupos de rendeiras. A partir dessa necessidade de forma- ção que as mulheres têm, vão aperfeiçoando e inovando a Renascença com novos pontos, cores, moldes e designer.

Outra questão importante para o sucesso dessas duas experiências é a presença e o apoio

- Mãos Rendeiras -

No início, sobrevivia exclusivamente da rende. Hoje, é um complemento com minha aposentaria do serviço público. É um trabalho que a gente faz

por prazer. A partir da Coopetigre fomos participando de diversos cursos de formação de

aperfeiçoamento e profissionalização. Nosso trabalho é pouco valorizado, isso se deve por causa dos atravessadores. O sonho da gente é

que o nosso trabalho seja valorizado. Precisamos também de um ponto comercial só nosso para

comercializar nossos produtos.

Maria de Lourdes Souza, 61 anos.Presidenta da Coopetigre.

- MÃOS RENDEIRAS | AVANÇAR COM AS CONQUISTAS -

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de agentes locais e exógenos ao longo da trajetória da ARCA e do Coopetigre. Esses agentes têm acompanhado os dois grupos desde suas fundações. São organizações da sociedade civil, entidades governamentais e instituições bancárias que formam uma rede de apoio e assistência aos dois coletivos de mulheres.

CAMINHANDO COMOS DESAFIOS

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CAMINHANDO COM OS DESAFIOS

A Cunhã iniciou acompanhando os grupos de rendeiras em 2002. Os grupos foram escolhidos

pela complexidade da cadeia produtiva, a falta de valorização da Renascença e as fragilidades na

organização social, política e econômica. Temos procurado fomentar a reflexão e a discussão do

papel e da autonomia das mulheres. As rendeiras têm estado em diversos espaços políticos importantes para a organização e para a

caminhada delas enquanto grupo. Hoje, elas são agente políticos, mulheres empoderadas e

conhecedoras dos seus direitos.

Lúcia Lira, coordenadora do CunhãColetivo Feminista.

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CAMINHANDO COM OS DESAFIOS

A Renda Renascença é uma arte e ofício muito oral. Chegou aos tempos atuais porque foi passando de geração em geração. Ainda hoje é muito raro as publicações que diz respeito sobre o tema. Todo o patrimônio e herança da Renascença está muito nas memórias das mulheres desde os pontos aos desenhos. É necessário garantir a perpetuação e difusão do trabalho da Renascença para as gerações futuras. Este é o primeiro desafio comum aos dois grupos, apontados nas falas, reflexões e debates com as rendeiras.

Outro desafio inerente à Associação e à Cooperativa é de se impor, e tentar acabar, com a figura do/a atravessador/a. Seu papel se resume basicamente, em comprar a baixo preço as peças produzidas pelas rendeiras e revendê-las por valores bem maiores. Por isso, a relação entre atravessador/a e artesã não é nada fácil, ao contrário, é muito tensa. O/a atravessador/a só tem conseguido espaço para comprar as peças pelo fato das rendeiras serem descapitalizadas e não terem condições neces- sárias de comprar a matéria prima para produ- ção da Renascença. Atualmente, as rendeiras só conseguem vender suas peças por enco- menda, em um ponto comercial na cidade de Monteiro ou quando participam de feiras e exposição. Em média, por mês, cada rendeira lucra em torno de R$ 200,00 a R$ 450,00. Este valor depende valor depende muito do tipo e do tamanho da peça de Renascença.

A ARCA traz como desafios para o futuro a construção da própria sede do grupo e

CAMINHANDO COM OS DESAFIOS

- Mãos Rendeiras -

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A figura do atravessador ainda é um dos grandes entraves para o desenvolvimento, e reconhecimento dos grupos de mulheres que produzem a renda renascença no âmbito de associações ou cooperativas. É preciso dar

visibilidade e valorizar as pessoas que estão por trás de cada peça de renascença, ressaltando o valor artístico e cultural da renda, e sua

importância para a identidade regional. Todo esse processo só será garantido com o alinhamento de políticas públicas direcionadas para o

desenvolvimento sustentável da cadeia produtiva da renascença, assegurando a valorização das rendeiras, e a comercialização justa da

produção.Dirce Salete Ostroski,coordenadora do Procase.

- MÃOS RENDEIRAS | CAMINHANDO COM OS DESAFIOS -

melhorar a autoestima das mulheres, promo- vendo mais envolvimento, comprometimento e participação de cada uma no coletivo. Ao mesmo tempo, desejam também mais oportu- nidades para participarem de momentos de formação e profissionalização.

A Associação almeja ainda ampliação e melhorias na comercialização da Renascença. Sugerem a aquisição de uma máquina de cartão de crédito para o grupo e um maior estoque de matéria prima para a produção das peças. Outro desafio a ser superado pela ARCA é em relação a mais divulgação do trabalho das mulheres com a elaboração de uma logomarca, site, folders, blog e página no Facebook.

Para as rendeiras da Coopetigre o principal desafio está no aperfeiçoamento na produção da Renascença. Além de momentos de forma- ção, reciclagem e profissionalização, elas

desejam cursos de aplicação da Renda em confecção e tecido e de risco/molde em Renascença, a serem realizados em São João Tigre.

As cooperadas almejam também ampliação da comercialização das peças produzidas por elas; entre as estratégias apontadas está a aquisição de um espaço comercial em Monteiro ou Campina Grande para venderem seus produtos e a compra de um trailer para viajar e comer- cializar em feiras, eventos e exposições.

As rendeiras da Coopetigre desejam criar um Fundo Rotativo Solidário, principalmente para ajudar na compra da matéria prima e também pretendem acessar à Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP) Artesão. Outra questão colocada pelas rendeiras foi a necessidade de divulgação dos seus trabalhos e produção com a Renascença.

LIÇÕES EAPRENDIZAGENS

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LIÇÕES E APRENDIZAGENS

Diante das adversidades do contexto em que viviam, as mulheres rendeiras foram capazes de se organizarem em uma Associação e o outro grupo numa Cooperativa. A partir desses dois coletivos, com união e participação, os desafios e os problemas sempre existiram na trajetória dos dois grupos, mas no conjunto foi mais fácil superar os obstáculos e buscar as melhorias para todas.

As experiências mostram também que quando as pessoas estão organizadas as ações e as políticas públicas chegam com mais tranqui- lidade e facilidade. Tanto na ARCA como na Coopetigre as decisões são tomadas no cole- tivo. E as mulheres que estão dentro desses grupos se aperfeiçoaram e se desenvolveram mais em relação as outras rendeiras que estão isoladas, que trabalham por conta própria em São João do Tigre.

O espaço da ARCA e da Coopetigre, além de trazer o aperfeiçoamento da Renascença e a profissionalização das rendeiras, promoveram a autonomia e o empoderamento da mulher enquanto artesã e sujeito político. Esse percur- so de crescimento político se deve a atuação das organizações (Cunhã e 8 de Março) junto às famílias desses dois grupos.

Outro ponto que chama à atenção é a consciência que as rendeiras têm em relação as fragilidades e os desafios enquanto grupos organizados, ofício de rendeira e produção da Renascença. Sabem da existência dos proble- mas e querem resolver e solucioná-los. É importante essa clareza dos dois grupos na superação dos obstáculos.

Há um forte sentimento que liga a mulher à Renascença no município de São João do Tigre.

- Mãos Rendeiras -

- MÃOS RENDEIRAS | L IÇÕES E APRENDIZAGENS -

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Aprendi fazer Renascença aos 7 anos de idade. A renda é a cultura da gente. Temos muitos

atravessadores aqui, em São João do Tigre. O sonho da gente é que nosso trabalho seja

reconhecido como deveria. Gostaria uma dia que nossas peças tivessem um preço justo e que também tivéssemos um ponto fixo para

comercializar nossos produtos. Hoje, a renda é um complemento pra gente por falta do valor

que se paga, que não é justo. Temos muito trabalho e muito gasto pra vender nossas

peças baratas.

Anatália Aparecida Reinaldo, 19 anos.Presidenta da ARCA.

Esse sentimento está nas falas das rendeiras, nas histórias e nas ações delas enquanto artesã. Algo que está enraizado na árvore genealógica de cada família rendeira, que até então, esse ofício foi transmitido de geração em geração.

Esse empoderamento das rendeiras se percebe porque elas estão dentro dos grupos. Atingiram um capital simbólico de desenvol- vimento e conhecimento diferenciado em relação às rendeiras que estão fora dos grupos e trabalham isoladas, sem participar desses espaços. Essa mudança se deve a represen- tatividade e o lugar social que a ARCA e Coopetigre representam na vida dessas rendeiras.

Esperamos que esta cartilha tenha resgatado e construído um pequeno recorte da memória e da trajetória desses dois grupos, tendo como protagonistas desse processo as próprias rendeiras. A principal fonte de pesquisa foi os relatos, os testemunhos, as reflexões em grupos e a conversa de “pé do ouvido” que ajudou a contar essas histórias de vida e de resistência em São João do Tigre. Esta sistematização traz a voz e os olhares dessas mulheres sertanejas do Cariri paraibano, que muitas vezes não são vistas pelas políticas públicas e costumeiramente são silenciadas pela história oficial.

PROTAGONISTASDESTA HISTÓRIA

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PROTAGONISTAS DESTA HISTÓRIA

Associação de Resistência das Rendeiras da Comunidade de Cacimbinhas (ARCA)

- Anatália Aparecida da Silva Reinaldo- Djanilda Marques de Lima- Edite Farias Cavalcante - Genilda Marques da Silva;- Janeide Marques de Araújo- Lucivânia Queiroz- Maria Aparecida Aureliano- Maria José da Silva- Maria José Venturosa- Maria Rosenilda da Costa Farias- Maria Zita da Silva- Severina Maria Ferreira

Cooperativa de Produção de Bens e Serviços de São João Tigre (Coopetigre)

- Albani de Paula de Lima Silva- Joana Cândida de Souza- Josefa Selma da Silva Saturno- Maria da Conceição Cordeiro- Maria das Dores dos Santos- Maria de Lourdes Souza de Oliveira- Maria do Socorro Lopes- Maria José de Carvalho- Maria Ivonete Dias de Souza- Raimunda Robervânia de Araújo Slva- Tereza Cristina de Freitas Silva

Rendeiras que participaram da sistematização desta cartilha:

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