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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA FACULDADE DE ENGENHARIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL ANÁLISE DA PRÉ-DISPOSIÇÃO À INCÊNDIO NO CENTRO DE JUIZ DE FORA JENIFER PUNGIRUM QUAGLIO JUIZ DE FORA FACULDADE DE ENGENHARIA DA UFJF 2015

Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

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Page 1: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

FACULDADE DE ENGENHARIA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

ANÁLISE DA PRÉ-DISPOSIÇÃO À INCÊNDIO

NO CENTRO DE JUIZ DE FORA

JENIFER PUNGIRUM QUAGLIO

JUIZ DE FORA

FACULDADE DE ENGENHARIA DA UFJF

2015

Page 2: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

FACULDADE DE ENGENHARIA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

ANÁLISE DA PRÉ-DISPOSIÇÃO À INCÊNDIO

NO CENTRO DE JUIZ DE FORA

JENIFER PUNGIRUM QUAGLIO

JUIZ DE FORA

2015

JENIFER PUNGIRUM QUAGLIO

Page 3: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

ANÁLISE DA PRÉ-DISPOSIÇÃO À INCÊNDIO

NO CENTRO DE JUIZ DE FORA

Trabalho Final de Curso apresentado ao

Colegiado do Curso de Engenharia Civil

da Universidade Federal de Juiz de

Fora, como requisito à obtenção do título

de Engenheira Civil.

Área de conhecimento: Engenharia Civil

Orientador: Prof. Marconi Fonseca de Moraes

JUIZ DE FORA

JUNHO DE 2015

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Page 5: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

Prof. Júlio Cesar Oliveira Horta Barbosa

“Seja a mudança que você quer ver

no mundo”.

(Mahatma Gandhi)

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AGRADECIMENTOS

Se cheguei a esta etapa foi porque venci as outras que estiveram no meu caminho e

estou apta a vencer as que virão. A isto eu agradeço a Deus, que sempre esteve ao meu lado e

aos pais maravilhosos que ele me deu que sempre me apoiaram e compreenderam minhas

dificuldades. Sem eles eu não teria conseguido.

Agradeço a todos aqueles que contribuíram e incentivaram minha pesquisa,

permitindo que meu trabalho fosse prazeroso e despertasse meu interesse em minhas

pesquisas. Neles incluem a família, os amigos eternos de faculdade e colegas de trabalho.

Agradeço a minha família por todo apoio, orações e compreensão à minha ausência.

Aos mestres e amigos: Túlio Alves Matta, Sérgio Procópio de Souza, Adair Sebastião

da Rocha Elpes, Joaquim Eduardo de Souza e Walter de Melo, que foram meus tutores,

orientadores, chefes e exemplos de profissionalismo nos meus períodos de estágios.

Aos Bombeiros Renato Fernandes, Luiz Roberto Gerrhim, Demetrius Vasconcelos,

Alexandre Humia Casarin e Wilson Expedito Mateus da Silva que suportaram todas as

minhas ligações e e-mails, que sempre me incentivaram nas minhas pesquisas e me apoiaram

na minha caminhada.

Aos amigos e colegas de trabalho da Prefeitura de Juiz de Fora, Cesama e Defesa

Civil, com quem aprendi muito, me desenvolvi, amadureci, ri e chorei, e que mesmo longe,

sempre mantiveram contato e estiveram do meu lado.

Ao amigo Claudio Luiz da Silva da livraria Quarup que sempre me atendeu com

alegria e carinho e sempre me socorreu nas horas que precisei.

Aos fotógrafos Solange Pereira Gama e Maurício Lima Correa que mesmo sem nos

conhecermos foram extremamente prestativos, simpáticos e solidários a minha pesquisa.

Ao meu orientador Marconi que, além de orientar meu trabalho, sempre está pronto e

solidário com toda calma, paciência e simpatia a atender seus alunos.

Às instituições: CESAMA, Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, Prefeitura

de Juiz de Fora e Biblioteca Municipal de Juiz de Fora, que contribuíram para minhas

pesquisas e onde fui muito bem atendida.

Obrigada a todos que fizeram parte desta minha história.

Que Deus os abençoe.

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RESUMO

O centro da cidade de Juiz de Fora cresceu de forma rápida e desordenada e com ele

cresceu o número de incêndios causados por diversos fatores inclusive por falta de prevenção.

Somente depois de várias ocorrências é que se começou a pensar nas formas de prevenir,

retardar e se portar perante um incêndio, mas isso não cresceu com a mesma rapidez que o

centro da cidade. As normas e regulamentações vigentes ainda são precárias no que se diz

respeito à prevenção e projetos de combates a incêndio. Assim como faltam profissionais

habilitados para trabalhar nesta área. Pensando nisso, foram levantados os números de

ocorrências de incêndio no centro da cidade de Juiz de Fora, as condições físicas das

edificações que propiciam a propagação do sinistro, a precariedade das instalações de

combate a incêndio, o descaso e despreparo da população sobre o assunto.

Palavras-chave: fogo, incêndio, segurança, prevenção e combate à incêndio.

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LISTA DE SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

AVCB – Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros

BBM – Batalhão de Bombeiros Militar

CAU – Conselho Regional de Arquitetura e Urbanismo

CBMMG – Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais

CIA BMMG-JF – Companhia de Bombeiros Militar de Minas Gerais em Juiz de Fora

CREA – Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IT – Instrução Técnica

NBR – Norma Brasileira

PDJF – Plano Diretor de Juiz de Fora

PSCIP – Processo de Segurança Contra Incêndio e Pânico

SSPDC – Subsecretaria de Proteção e Defesa Civil

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..........................................................................................

11

Objetivos..........................................................................................................

12

2 CONSIDERAÇÕES INICIAIS...................................................................

14

3 INCÊNDIOS..............................................................................................

19

3.1 Classificação dos Incêndios............................................................................

19

3.2 Os Maiores Incêndios Ocorridos no Mundo.......................................................

22

3.3 Os Maiores Incêndios Ocorridos no Brasil.......................................................

28

3.4 Incêndios em Casas Noturnas........................................................................

35

4 NORMAS E LEGISLAÇÕES......................................................................

41

4.1 Instruções Técnicas.......................................................................................

43

4.2 Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais....................................................

46

4.3 Direitos e Responsabilidades do Proprietário ou Responsável pelo uso do

Imóvel........................................................................................................

48

4.4 Classificações das Edificações de Risco..........................................................

49

5 O CENTRO DE JUIZ DE FORA...............................................................

50

5.1 Histórico.....................................................................................................

50

5.2 Plano Diretor de Juiz de Fora – Centro............................................................

55

Page 10: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

6 ESTUDO DE CASO...................................................................................

58

6.1 As Edificações.............................................................................................

58

6.2 Galerias Comerciais do Centro de Juiz de Fora...............................................

66

6.3 Incêndios Ocorridos na Área Central de Juiz de Fora.......................................

71

6.4 Pesquisa de Campo......................................................................................

81

6.5 Hidrantes.....................................................................................................

89

6.6 Consequências de um Incêndio.......................................................................

98

7 CONCLUSÃO...........................................................................................

100

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................

103

ANEXO 01 ....................................................................................................

110

ANEXO 02 ......................................................................................................

112

ANEXO 03 .....................................................................................................

113

ANEXO 04 ....................................................................................................

114

ANEXO 05 ....................................................................................................

116

ANEXO 06 ....................................................................................................

118

ANEXO 07 ....................................................................................................

120

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Capítulo 1

INTRODUÇÃO

Uma das grandes descobertas para o desenvolvimento e sobrevivência da civilização

foi o conhecimento do fogo. Porém, por não saber controla-lo, o homem fugia de pequenas

chamas que às vezes tornaram-se incêndios catastróficos. Tudo o que foi possível construir e

desenvolver com o auxílio do fogo, também pode ser destruído por ele.

Hoje, por conhecer o fogo como um fenômeno químico, o homem sabe produzir,

controlar e extinguir qualquer sinal do mesmo. E quanto mais cedo tomar providência, mais

fácil será combate-lo e menor será o dano que ele pode causar. Na ação contra o fogo, a

principal abordagem é a proteção contra incêndios que pode ser dividida em duas partes: a

prevenção e a extinção.

A prevenção de incêndios é um conjunto de normas e ações dotadas de forma a

eliminar as possibilidades de ocorrência de fogo, bem como a de reduzir sua extensão, quando

este é inevitável, mediante o treinamento de profissionais e equipamentos adequados, assim

como a orientação da utilização de pequenos equipamentos e comportamento da população

frente a um sinistro.

Com registros desde a Antiguidade, como o incêndio trágico de Roma em 64 d.C. que

se propagou rapidamente consumindo dois terços dos prédios da cidade, levaram as

autoridades a pensar em medidas de segurança para a proteção do cidadão e do patrimônio.

De acordo com o livro: “A História do Corpo de Bombeiros de Juiz de Fora”, o Imperador

Romano, Augusto César, no primeiro século a.C. organizou o que seria o primeiro Corpo de

Bombeiros. Era composto de 600 escravos, os quais se chamavam “vigilantes” e faziam parte

de uma organização semimilitar que se mantinham em prontidão em residências privadas.

Com a evolução da sociedade, cresceu a necessidade de construir uma instituição com a

missão honrosa de proteger o cidadão e seu patrimônio de toda ocorrência de sinistros. Assim

surgiu o Corpo de Bombeiros.

No Brasil, oficialmente, em 2 de julho de 1856, através do Decreto nº 1775, o

Imperador constituía oficialmente o Corpo Provisório de Bombeiros Civis. Em Minas Gerais,

antes de criar oficialmente o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, haviam decretos

especiais sobre medidas preventivas isoladas, mas, em 31 de agosto de 1911, o governador do

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Estado de Minas Gerais, Júlio Bueno Brandão, assina a Lei nº 557 criando a Seção de

Bombeiros Militar como força pública estadual em Belo Horizonte.

Já em Juiz de Fora, cujo nascimento da cidade data-se a partir de seu crescimento em

1852, registra-se o 1º Corpo de Bombeiros Voluntários de Juiz de Fora no ano de 1900 após

cerca de, no mínimo, 62 processos de crimes de incêndios e outros crimes de perigo comum

(de acordo com o Professor Francisco Pinheiro; dados do arquivo Histórico de Juiz de Fora no

período de 1892 a 1940). De acordo com o Jornal Gazeta Comercial nº 1959 de 13 de agosto

de 1930, em Juiz de Fora:

“Sob o comando do Sr. 1º Tenente Vicente Rodrigues dos Santos, chegou ante-ontem a esta

cidade, às 2 horas e 40 minutos da tarde, procedente de Bello Horizonte, a secção de

bombeiros que foi transferida daquela para esta cidade. Essa secção compõe-se de 32

bombeiros, inclusive graduados. Com ella chegou também todo o material necessário a sua

installação”.

OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é analisar as condições pelas quais o centro de Juiz de Fora

sofre com inúmeras ocorrências de incêndios. Abordar sobre o número de sinistros ocorridos,

a falta de conscientização da população com a prevenção, as condições físicas de crescimento

desordenado do centro da cidade, a precariedade e dificuldade da prestação de serviços pelo

corpo de bombeiros.

A fim de estudarmos sobre os sinistros ocorridos e a pré-disposição à incêndio no

centro da cidade de Juiz de Fora, a área pesquisada será a compreendida pelas Avenidas:

Barão do Rio Branco, Presidente Itamar Franco e Francisco Bernardino, também conhecida

pelo Corpo de Bombeiros como „Triângulo Vermelho central‟. (Figura 1.1)

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Figura 1.1 – Levantamento aerofotogramétrico de Junho/2007 [Fonte: SAU-PJF]

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Capítulo 2

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Primeiramente vamos conhecer o que é o fogo. Numa definição mais simples: fogo é

uma reação química que produz luz e calor. Também se pode definir como um processo

químico de transformação chamado combustão. Segundo Moraes [Fonte: Proteção Passiva Contra

Fogo], fogo e incêndio possuem definições linguísticas e químicas idênticas diferenciando-se

somente em sua causa. O primeiro ocorre de modo controlado pelo homem e proporciona-lhe

benefícios, enquanto o segundo ocorre em condições contrárias e causa prejuízos à

humanidade. Para sua formação são necessários quatro elementos que formam o que

chamamos de Tetraedro do Fogo: calor, combustível, comburente e reação em cadeia.

Todos os corpos – sólidos, líquidos ou gasosos – se dilatam e se contraem conforme o

aumento ou diminuição da temperatura proporcionalmente a cada grau. A atuação do calor

não se faz de maneira igual sobre todos os materiais. Alguns problemas podem decorrer dessa

diferença. Os materiais não resistem a variações bruscas de temperatura.

Como exemplo, ao jogarmos água em um corpo superaquecido, este se contrai de forma

rápida e desigual, o que pode lhe causar rompimentos e danos. Pode causar um

enfraquecimento deste corpo, chegando até a uma colapso, isto é, ao surgimento de grandes

rupturas internas que fazem com que o material não mais se sustente. Mudanças bruscas de

temperatura como estas, são causas comuns de desabamentos de estruturas. Por exemplo: uma

viga de concreto de 10 (dez) metros de comprimento exposta a uma variação de 700ºC. A essa

variação, o aço dentro da viga aumentará seu comprimento cerca de 84mm e o concreto

42mm. (Figura 2.1)[Fonte: MATEUS DA SILVA pg.05]

Figura 2.1 – Dilatação dos corpos pelo calor [Fonte: MATEUS DA SILVA pg.05]

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Com isso, o aço tende a deslocar-se no concreto, perdendo a capacidade de

sustentação, enquanto que a viga “empurra” toda a estrutura que sustenta em, pelo menos,

42mm. Isso já é suficiente para causar uma fissuração ou até um início de abertura.

A dilatação dos líquidos também pode produzir situações perigosas provocando

transbordamento de recipientes, rupturas de tubulações e compartimentos contendo produtos

perigosos, etc.

A dilatação dos gases provocada por aquecimento acarreta risco de explosões físicas,

pois, ao serem aquecidos acima de 273ºC, os gases duplicam de volume; a 546ºC triplicam de

volume e assim sucessivamente. Com o aumento do volume dentro dos recipientes, há um

aumento de pressão dos mesmos, o que pode levar a uma explosão. O ideal é que haja um

dispositivo de segurança, geralmente uma válvula de escape, que permita a saída do gás

expandido evitando acidentes. [Fonte: MATEUS DA SILVA pg.05]

É importante salientar também que, com o aumento de calor, os corpos tendem a

mudar seu estado fisco: alguns sólidos transformam-se em líquidos (liquefação), líquidos em

gases (gaseificação) e sólidos diretamente em gases (sublimação). Isso se deve ao fato de que

o calor faz com que haja maior espaço entre as moléculas e estas, separando-se, mudam o

estado físico da matéria. Por isso, durante um incêndio, é possível que se depare com os três

estados da matéria, necessitando lidar de maneiras variadas e adequadas a cada situação.

O calor é a causa direta da queima material e de outras formas de danos pessoais.

Danos estes causados onde incluem desidratação, insolação, fadiga e problemas para o

aparelho respiratório, além de queimaduras que podem levar até a morte. [Fonte: MATEUS

DA SILVA pg.06]

O calor pode se propagar de três maneiras diferentes individualmente ou combinadas:

condução, convecção e irradiação. Ele é transferido dos corpos de maior temperatura para os

de menor até que suas energias se equilibrem. (Figura 2.2) [Fonte: MATEUS DA SILVA

pg.06]

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Figura 2.2 - Transferência de calor através de um corpo [Fonte: MATEUS DA SILVA]

Observe o que acontece quando seguramos uma agulha e aquecemos a outra ponta.

Antes mesmo de esta ficar vermelha, já ocorre uma transmissão de calor tal que se torna

impossível segurá-la com os dedos nus. Da mesma forma, se temos uma viga de metal como

suporte de telhado de um compartimento onde mantemos um estoque de material (papel,

pano, etc) a ocorrência de um incêndio (primário) próximo a uma das extremidades da viga

pode provocar nesta um aquecimento capaz de, por condução, transmitir o incêndio

(secundário) para os materiais que estiverem próximos dela. É fácil ser percebido pelos

profissionais (bombeiros) que o incêndio secundário surgirá com maior ou menor rapidez, de

acordo com o ponto de ignição do material estocado. Além disso, há o risco da viga chegar a

uma temperatura tal que se tornará flexível, fazendo vir ao colapso da estrutura. (Figura 2.3)

[Fonte: CAMILLO JUNIOR pg.30]

De acordo com Wilson Expedito Mateus da Silva – Cap BM - QOR, na ocorrência de

um incêndio, as perguntas que um bombeiro faz ao sair do quartel são: “Onde queima? O que

queima? E o quanto queima?”. Assim, os bombeiros podem melhor se preparar para as

atitudes rápidas que eles devem tomar e as melhores providências para resposta mais rápida

ao sinistro.

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Figura 2.3 - Propagação do calor [Fonte: CAMILLO JUNIOR pg.30]

Através da convecção (transferência de calor pelo movimento ascendente de massas de

gases ou de líquidos dentro de si próprios) o ar, quando aquecido, fica menos denso (mais

leve), se expande, e tende a subir para as partes mais altas do ambiente, enquanto o ar frio

toma lugar nos níveis mais baixos. Em incêndios em edifícios, essa é a principal forma de

propagação de calor para andares superiores, quando os gases aquecidos encontram caminho

através de escadas, poços de elevadores, dutos de ar-condicionado, vãos para descarte de

materiais, etc. [Fonte: MATEUS DA SILVA pg.07]

Por irradiação (transmissão de calor por ondas de energia calorífica que se deslocam

através do espaço) as ondas de calor propagam-se em todas as direções, e a intensidade com

que os corpos são atingidos aumenta ou diminui à medida que estão mais próximos ou mais

afastados da fonte de calor. (Figuras 2.4, 2.5 e 2.6) [Fonte: MATEUS DA SILVA pg.07]

Figura 2.4 - Movimentação de massas gasosas que

transportam calor para cima e horizontalmente.

[Fonte: MATEUS DA SILVA]

Figura 2.5 - Propagação das chamas através do

aquecimento dos gases atingindo locais elevados do

prédio. [Fonte: CAMILLO JUNIOR pg. 31]

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Figura 2.6 - Propagação do calor por radiação atingindo edificações vizinhas.

[Fonte: MATEUS DA SILVA pg.7]

O mesmo pode acontecer com um incêndio localizado nos andares baixos (ou porão)

de um prédio, os gases aquecidos sobem pelas aberturas verticais e, atingindo combustíveis

dos locais elevados do prédio, provocam outros focos de incêndio. (Figura 2.7) [Fonte:

CAMILLO JUNIOR pg.31]

Figura 2.7 - Propagação do calor pelo vão do elevador [Fonte: CAMILLO JUNIOR pg. 32]

Um corpo mais aquecido emite ondas de energia calorífica para outro mais frio até que

ambos tenham a mesma temperatura. O bombeiro deve estar atento aos materiais ao redor de

uma fonte que irradie calor para protegê-los a fim de que não ocorram novos incêndios. Num

grande incêndio de um prédio, por exemplo, vários outros prédios ao seu redor ficam

queimados em virtude da irradiação do calor. São os chamados incêndios secundários, em

que, apesar das chamas não aflorarem, as consequências são semelhantes às dos incêndios

primários. (Figura 2.8)[Fonte: MATEUS DA SILVA pg.07]

Figura 2.8 - Propagação do calor por radiação. [Fonte: CAMILLO JUNIOR pg. 33]

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Capítulo 3

INCÊNDIO

Os incêndios em edificações têm sido motivo de preocupação na maioria dos países

desenvolvidos e em desenvolvimento, pelas lamentáveis perdas de vidas humanas e pelos

grandes prejuízos materiais que têm causado em todos os cantos do planeta. [Fonte:

MARCELLI pg.203]

“Um pequeno incêndio ocorre quando alguma coisa está errada; um grande incêndio

ocorre quando várias coisas estão erradas.” [Fonte: MARCELLI pg.223]

Numa primeira análise, podemos dizer que existe uma relação diretamente

proporcional entre o nível de risco de incêndio e o avanço tecnológico de um país ou região.

Com o crescimento industrial e urbano temos uma maior concentração de máquinas,

equipamentos e materiais combustíveis. [Fonte: MARCELLI pg.203]

A classificação dos incêndios depende fundamentalmente do modo como é avaliada

sua periculosidade. Qualquer que seja o modo adotado, sempre haverá material combustível

envolvido, em maior ou menor quantidade, representado pelo mobiliário, pelas peças de

decoração, aparelhos elétricos, livros, paredes divisórias, forros falsos, estoques de materiais

tanto em áreas residenciais quanto comerciais. Nas áreas industriais, outros materiais como os

aplicados nas embalagens e nas matérias primas de fabricação de produtos também podem

conter produtos químicos. [Fonte: GONÇALVES pg.26]

Mas como surgem os incêndios? Um incêndio pode surgir por uma reação química ou

física e por acidente ou propositalmente. Perante a Lei, um incêndio pode ser causado por

imprudência, impedância ou negligência. .[Fonte: NAÇÃO JURÍDICA]

Na negligência, alguém deixa de tomar uma atitude ou apresentar conduta que era

esperada para a situação. Age com descuido, indiferença ou desatenção, não tomando as

devidas precauções. Pode-se chamar de desleixo, descuido, desatenção, menosprezo,

indolência, omissão ou inobservância do dever, em realizar determinado procedimento, com

as precauções necessárias. .[Fonte: NAÇÃO JURÍDICA]

A imprudência pressupõe uma ação precipitada e sem cautela. A pessoa não deixa de

fazer algo, não é uma conduta omissiva como a negligência. Na imprudência, ela age, mas

toma uma atitude diversa da esperada. Em outras palavras pode ser falta de cautela, de

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cuidado, falta de atenção. É a imprevidência a cerca do mal, que se deveria prever, porém, não

previu. .[Fonte: NAÇÃO JURÍDICA]

Para que seja configurada a imperícia é necessário constatar a inaptidão, ignorância,

falta de qualificação técnica, teórica ou prática, ou ausência de conhecimentos elementares e

básicos da profissão. Falta de técnica necessária para realização de certa atividade.[Fonte:

NAÇÃO JURÍDICA]

3.1 - CLASSIFICAÇÃO DOS INCÊNDIOS

De acordo com o material que se queima, sua natureza, no Brasil os incêndios podem

ser classificados em 4 classes: “A”, “B”, “C” ou “D”.

- Classe “A”: fogos em materiais sólidos de maneira geral. Queimam na superfície e em

profundidade. Após a queima deixam resíduos, e o resfriamento através de água, ou por

soluções contendo água, é primordial para sua extinção. Exemplo: madeira, papel, tecidos,

etc., para atender às características da queima em profundidade, deve ser utilizado um agente

extintor com poder de penetração e umidificação. Deve ser aproveitada, portanto, a ação

resfriadora e umedecedora da água ou de outro agente que a contenha em quantidade, como a

espuma. [Fonte: CAMILLO JUNIOR pg.33]

- Classe “B”: fogos em materiais líquidos, alguns gases, combustíveis ou inflamáveis.

Queimam somente em superfície, não deixam resíduos depois da queima, e o efeito

abafamento e o rompimento da cadeia iônica são essenciais para sua extinção. Há uma

precaução a tomar: só se deve extinguir o fogo se tiver condições de cortar o fornecimento do

gás. [Fonte: CAMILLO JUNIOR pg.33]

- Classe “C”: fogos em materiais energizados, geralmente equipamentos elétricos, nos quais

a extinção só pode ser realizada com agente extintor não condutor de eletricidade, para o

operador não receber uma descarga elétrica. Em caso de incêndio em um edifício, é

recomendado que não desligue a corrente elétrica de todo o prédio, mas apenas do andar ou da

sala onde ocorre o sinistro. O desligamento da corrente elétrica de todo o prédio faz parar os

elevadores, além de deixas os pontos de fuga e acesso sem iluminação, dificultando o

abandono da área pelas pessoas, caso isso se torne necessário. É recomendado que todo

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morador saiba a localização dos quadros de energia (devidamente identificados) e que sejam

treinados a utiliza-los. [Fonte: CAMILLO JUNIOR pg.34]

- Classe “D”: alguns autores consideram-no como sendo fogo em metais pirofóricos como:

magnésio, antimônio, pedra de isqueiro, selênio, zinco, titânio, etc. que têm por característica

possuírem oxigênio em sua formação molecular e reagem a baixas temperaturas. Necessitam

de agentes extintores especiais. Outros consideram como fogo em produtos químicos, e outros

como incêndios especiais, tais como em veículos, aviões, material radioativo, etc. [Fonte:

CAMILLO JUNIOR pg.34]

Existem múltiplos sistemas de classificação, com denominações diferentes para as

diversas classes de incêndios. O Estados Unidos usa a National Fire Protection Association

(NFPA), norma que prevê cinco classes de incêndios. Já na Europa, Austrália e Ásia, são

utilizadas seis classes. (Tabela 3.1)[ Fonte: CAMILLO JUNIOR pg.39]

COMPARAÇÃO DAS CLASSES DE INCÊNDIO NOS PAÍSES

AMERICANO EUROPA/AUSTRÁLIA/ÁSIA BRASIL TIPO DE COMBUSTÍVEL

Classe A Classe A Classe A Combustíveis ordinários

Classe B Classe B Classe B Líquidos inflamáveis

Classe C Gases inflamáveis

Classe C Classe E Classe C Equipamento elétrico

Classe D Classe D Classe D Combustíveis metais

Classe K Classe F Óleo ou gordura

Tabela 3.1 - Comparação das classes de incêndio em cinco países [Fonte: CAMILLO JUNIOR pg. 39]

O incêndio pode surgir por variadas razões, mas as causas mais comuns podem ser

citadas como:

I) Causas fortuitas:

● ponta de cigarro ou fósforo incandescente, largadas em cesto ou lata de lixo;

● tomada elétrica sobrecarregada;

● pano impregnado com álcool, éter, gasolina, cera, querosene e outros inflamáveis,

guardados sem cuidado ou largados em cantos;

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● fio elétrico energizado, sem isolamento ou desprotegido, em contato com papel,

tecido, ou outro material combustível qualquer;

● equipamento elétrico funcionando irregularmente, apresentando alta temperatura

e/ou centelhamento;

● velas deixadas acesas, não fixas, próximas a tecido, papel, ou outro material

combustível;

II) Causas acidentais:

● vazamento de líquido inflamável em área de risco;

● concentração de gás inflamável em área confinada;

● curto circuito em aparelho elétrico energizado ou em fiação não isolada

adequadamente;

● combustão espontânea;

● eletricidade estática;

3.2 - OS MAIORES INCÊNDIOS OCORRIDOS NO MUNDO

Poucos eventos são tão apavorantes quanto se deparar com um incêndio. Lutar para

salvar a própria pele e de outras pessoas do fogo descontrolado, capaz de destruir construções,

plantações, florestas inteiras e até cidades é um evento traumatizante para qualquer pessoa.

Ainda que a tecnologia das construções e dos equipamentos dos bombeiros e brigadas

de incêndios tenham evoluído como nunca se viu na história, não estamos 100% livres de

presenciar um incêndio catastrófico, como os ocorridos em outras épocas da humanidade.

Numa época em que o manuseio do fogo era precário e a maioria das casas era feita de

madeira, cidades inteiras sucumbiram em incêndios devastadores, tanto acidentais como

provocados. Lisboa, Londres e Roma foram algumas das cidades que quase foram riscadas do

mapa devido a esses grandes e famosos incêndios.

Com o advento dos prédios e as construções se tornarem cada vez maiores, a

necessidade de serem feitos de concreto armado, aço, vidro e outros materiais mais

resistentes, diminuiu bastante a incidência de incêndios de proporções gigantescas. Claro, o

risco de incêndio está presente quase o tempo todo, por isso é importante saber como prevenir

esse tipo de acidente para não acontecer grandes tragédias, como as que serão relatadas a

seguir.

Page 23: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

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● 64 d.C. - Roma

Em 18 de julho do ano 64 d.C., ocorreu um incêndio catastrófico que acabou

consumindo dois terços dos prédios da cidade, ao fim de 9 dias de chamas ardentes.

● 1666 - Londres

De 2 a 5 de setembro de 1666, Londres perdeu cerca de 13.200 casas, 87 igrejas e

dezenas de prédios públicos num incêndio gigantesco, que começou numa padaria, a Farynor.

O layout medieval da cidade, como o de tantas outras na Europa, ajudou na propagação das

chamas: ruas estreitas e construções de madeira foram rapidamente consumidas pelo fogo,

que só foi controlado após as autoridades londrinas admitirem que subestimaram a força das

chamas e debelaram o incêndio com a técnica da época, derrubando os prédios vizinhos ao

incêndio para evitar o alastramento do fogo. Na época, acreditava-se que o numero de vitimas

tinha sido baixíssimo: menos de 10 óbitos. Todavia hoje se sabe que o número pode ter sido

bem maior, pois cidadãos pobres e de classe média não eram contabilizados.

● 1871 - Chicago

Em 8 de outubro de 1871, um incêndio deixou 90 mil desabrigados, entre 200 e 300

mortos e causou um prejuízo de 200 milhões de dólares. "O Grande Incêndio de Chicago"

começou com a queda de um lampião em um estábulo e foi propagado pelo vento destruindo

aproximadamente 17.450 construções. Boa parte da culpa do tamanho desse incêndio deve ser

creditada ao fato de Chicago ser uma cidade quase toda feita em madeira, dos prédios às ruas.

● 1906 - São Francisco (Califórnia)

Tremores além de destruir diversos edifícios, causaram um dano ainda maior:

derrubaram postes da rede elétrica, romperam tubulações de gás e quebraram lampiões de

querosene, causando um dos maiores incêndios de que se tem notícia. O fogo consumiu a

cidade por 3 dias. Como o encanamento também foi danificado, os bombeiros começaram a

derrubar alguns prédios na tentativa de conter as chama. No total, 250 mil pessoas ficaram

desabrigadas. Embora os números oficiais afirmem que 478 morreram na tragédia,

historiadores garantem que o número real está próximo de 3 mil. Acredita-se que em alguns

lugares, os desastres foram provocados pelos proprietários por terem seguros contra

incêndios, mas não contra os danos provocados por um tremor. O fenômeno abalou o mundo.

Em parte, por ter sido a primeira catástrofe natural mostrada por fotografias, graças às

Page 24: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

24

primeiras câmeras populares, que a Kodak tinha lançado no mercado seis anos antes. (Figuras

3.1 a 3.3) [Fonte: TERRA]

Figura 3.1 - Incêndio em São Francisco [Fonte: IG]

Figuras 3.2 – O Terremoto que ocorreu em São

Francisco causou vários incêndios pela cidade.

[Fonte: TERRA]

Figuras 3.3 - Incêndio em São Francisco [Fonte: IG]

● 1940 - Natchez (Estados Unidos)

O incêndio no Rhythm Club matou 207 pessoas e deixou centenas de feridos. O local

possuía apenas uma saída de emergência.

Page 25: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

25

● 1942 - Boston

A boate Cocoanut Grove era uma das casas noturnas mais chiques de Boston. A causa

do fogo que matou 492 pessoas e deixou mais de 600 feridos jamais foi determinada pela

polícia. Outras 166 pessoas foram encaminhadas para hospitais da região. (Figuras 3.4 a 3.7)

Figura 3.4 - Imagem da boate em dia de festa. [Fonte:

TARINGA]

Figura 3.5 - Imagem da boate em dia de festa.

[Fonte: WIKIMAPIA]

Figuras 3.6 - Imagem da boate no momento do incêndio.

[Fonte: POPMUNDI]

Figuras 3.7 - Imagem da boate no momento

do incêndio. [Fonte: EXORDIO]

● 1970 - St. Laurent du Pont (França)

O Club Cinq-Sept funcionava em uma pequena localidade no Sul da França, distante a

463 quilômetros de Paris. Quando o fogo começou, por volta da 1h40 na madrugada de 1º de

novembro de 1970, cerca de 180 pessoas estavam na boate. Morreram no incêndio 143

pessoas.

● 1977 - Southgate (Estados Unidos)

Mais de 2.500 homens e mulheres lotavam o Beverly Hills Supper Club quando o fogo

começou. O sinistro provocou 165 mortes. Depois deste incêndio, as autoridades americanas

Page 26: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

26

passaram a exigir que todos os estabelecimentos que reunissem mais de 300 pessoas

instalassem sprinklers (chuveiros automáticos).

● 1990 - Nova York, (Estados Unidos)

Localizada no bairro do Bronx, numa boate frequentada pela comunidade latina, o

incêndio que matou 97 pessoas foi criminoso. Depois de ser expulso do local por estar

bêbado, o desempregado e refugiado cubano Julio Gonzaléz espalhou gasolina na escada que

dava acesso ao local e acendeu o fogo. As chamas impediram a saída de quem estava dentro

da casa noturna.

●1994 - Egito

Em 2 de novembro de 1994 houve um incêndio em que morreram 557 pessoas. Uma

enxurrada, descendo a montanha, derrubou um trem com oito tanques cheios de combustível.

O óleo começou a pegar fogo (uma versão diz que um raio atingiu os depósitos de

combustível) e foi levado pela força das águas, incendiando todas as casas pelo caminho.

● 1996 - Quezon City, (Filipinas)

Mais de 350 jovens lotavam a Ozone Disco Club quando o incêndio começou.

Morreram na tragédia 160. A queda do mezanino e a superlotação (o local estava autorizado a

funcionar com, no máximo, 35 pessoas) foram as principais causas do grande número de

mortes. O fogo começou, de acordo com testemunhas, depois de um curto-circuito no

equipamento do DJ.

● 2000 - Luoyang (China)

O incêndio ocorreu na noite de Natal no The Dongdu Building, um centro comercial

com lojas e supermercados da cidade capital da província chinesa de Henan. O fogo começou

no shopping, localizado nos três primeiros andares e se espalhou rapidamente quando atingiu

a danceteria que ficava no quarto andar. Morreram 309 pessoas. (Figura 3.8)

Page 27: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

27

Figura 3.8 - Imagem de dentro do local após o incêndio. [Fonte: POPMUNDI]

● 2003 - West Warwick, (Estados Unidos)

Um incêndio durante o show da banda de rock Great White, no clube The Station,

deixou 100 mortos e mais de 200 feridos. O uso de fogos de artifícios durante a apresentação

fez com que o fogo se alastrasse, causando a tragédia.

● 2004 - Buenos Aires (Argentina)

Um incêndio em uma boate no dia 30 de dezembro matou 194 pessoas e deixou 619

feridos. A tragédia foi causada por um sinalizador usado pela banda Callejeros, que atingiu o

forro do teto. Haviam saídas de emergência, porém elas estavam bloqueadas, pois a casa as

mantinha fechadas para evitar que pessoas saíssem sem pagar.

● 2009 - Perm (Rússia)

Um show pirotécnico causou o incêndio na boate Lame Horse, matando 154 pessoas e

outras 134 sofreram ferimentos graves. Os fogos atingiram o forro feito de palha, vime e

plástico e o incêndio se espalhou rapidamente.

● 2014 - Shangri-La (China)

Mais de 240 casas foram destruídas por um incêndio em uma aldeia tibetana milenar

situada na província chinesa de Yunnan, no sudoeste do país. A cidade, chamada

Dukezong, tem mais de 1.300 anos e é constituída principalmente por construções tibetanas

tradicionais de madeira, indicou a agência de notícias oficial Xinhua.

Embora mais de 1.000 bombeiros voluntários tenham sido mobilizados para controlar

as chamas, o incidente que começou na madrugada só foi controlado e apagado apenas ao

Page 28: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

28

meio-dia. Não foram registrados feridos, indicou a agência oficial, destacando que os

habitantes foram retirados pelas autoridades. O incêndio, cujas causas não foram

determinadas, provocou danos que podem chegar a 100 milhões de iuanes (12 milhões de

euros), indicou o site de informações Zhongguo Xinwen Wang. (Figuras 3.9 e 3.10) [Fonte:

PORTAL DOS BOMBEIROS PORTUGUESES]

Figura 3.9 - Imagem da aldeia na hora do incêndio. [Fonte: G1]

Figura 3.10 - Imagem da aldeia na hora do incêndio.

[Fonte: PORTAL DOS BOMBEIROS PORTUGUESES]

Page 29: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

29

3.3 - OS MAIORES INCÊNDIOS OCORRIDOS NO BRASIL

● 1961 - Tragédia do Gran Circus Norte-Americano

Um incêndio do então maior circo da América Latina, em Niterói (RJ), em 15 de

dezembro de 1961, com 3 mil espectadores presentes, deixou 503 vítimas fatais (70% delas

crianças). O fogo começou na lona de algodão, que era revestida de parafina. O crime foi

cometido por vingança de um ex-funcionário e dois amigos, contratados pelo proprietário do

circo para trabalhar na montagem da estrutura. (Figuras 3.11 e 3.12)

Figura 3.11 - Vista superior do circo antes do incêndio.

[Fonte: RAQUEL]

Figura 3.12 - Vista do local após o incêndio.

[Fonte: RAQUEL]

● 1972 - Edifício Andraus – São Paulo

Em 24 de fevereiro de 1972, uma possível sobrecarga no sistema elétrico do edifício

de 29 andares, matou 16 pessoas, deixou 330 feridos, mas aproximadamente 500 pessoas

foram resgatadas por helicópteros na cobertura do prédio. (Figura 3.13)

Aproveitando-se da tragédia do Edifício Andraus, a Federação Nacional das Empresas

de Seguro, publicou este anúncio logo em seguida. (Figura 3.14)

Page 30: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

30

Figura 3.13 Vista do prédio no momento do incêndio.

[Fonte: LEILAO ARTE MODERNA]

Figura 3.14 Publicação da época.

[Fonte: OSWALDO HERNANDEZ]

● 1974 - Edifício Joelma – São Paulo

No dia 1º de fevereiro de 1974, um curto-circuito no sistema de ar-condicionado do

12º andar inicia um incêndio que atinge as cortinas da sala e se espalha rapidamente pelo

andar. Em apenas 6 minutos o fogo se espalha e já atinge o 25º andar do prédio. A tragédia

que durou oito horas e meia de fogo, matou 191 pessoas e deixou 345 feridos. Pode-se dizer

que, infelizmente, o incêndio do edifício Joelma foi a primeira grande tragédia transmitida ao

vivo pela televisão brasileira. (Figuras 3.15 a 3.20) [Fonte: TERRA. Sem data de publicação]

Page 31: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

31

Figura 3.15 - Resumo da tragédia [Fonte: TERRA]

Figura 3.16 - Vista panorâmica

para o prédio no momento do

sinistro. [Fonte: MEMORIA O

GLOBO]

Figura 3.17 - Fuga pela escada dos bombeiros

[Fonte: TERRA]

Figura 3.18 - Bombeiro fazendo resgate de vítimas

[Fonte: TERRA]

Page 32: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

32

Figura 3.19 - Transmitido em tempo real pelos canais

de televisão, as cenas das pessoas se jogando dos

andares superiores do prédio no desespero para fugir

das chamas chocaram a sociedade e correram o

mundo. [Fonte: MEMORIA O GLOBO]

Figura 3.20 - Helicópteros foram utilizados para

resgatar as vítimas que se deslocaram para a cobertura

do prédio. [Fonte: MEMORIA O GLOBO]

As condições críticas durante um incêndio em uma edificação ocorrem quando a

temperatura excede a 75ºC, e/ou o nível de oxigênio cai abaixo de 10%, e/ou as concentrações

de monóxido de carbono ultrapassam 5.000 ppm. Tais situações adversas induzem a

sentimentos de insegurança, que podem vir a gerar o pânico e descontrole e levar pessoas a

saltar pelas janelas. [Fonte: A SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO NO BRASIL pg.94]

No incêndio do Edifício Joelma, as pessoas na rua improvisaram faixas procurando

acalmar as pessoas dentro do prédio, informando que o fogo havia acabado e que não

saltassem, encontrando morte certa, mesmo assim, várias pularam. [Fonte: A SEGURANÇA

CONTRA INCÊNDIO NO BRASIL pg.95]

● 1976 - Porto Alegre

Em 27 de abril de 1976, num dos prédios comerciais tradicionais de Porto Alegre

localizado na esquina da Rua Doutor Flores com a Avenida Otávio Rocha, bem no centro de

Porto Alegre, por volta das 14h uma explosão em um dos depósitos, cheio de latas de

solventes, inicia um incêndio. Foram 41 pessoas mortas e 60 feridos. (Figuras 3.21 e 3.22)

Page 33: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

33

Figura 3.21 - Publicação O jornal Zero Hora

relembra o incêndio das Lojas Renner (29 de

novembro de 1999). Fonte: Zero Hora, Porto

Alegre, 29 nov. 1999. pg.53. [Fonte: UMA

HISTÓRIA DO RÁDIO NO RIO GRANDE DO

SUL]

Figura 3.22 - Vista panorâmica para o prédio no momento

do sinistro. [Fonte: PPCIFACIL]

● 1986 - Edifício Andorinhas - Rio de Janeiro

No dia 17 de fevereiro de 1986 um violento incêndio atingiu o tradicional edifício

localizado no Centro da cidade do Rio de Janeiro, ocasionando um total de 20 vítimas fatais e

cerca de 50 feridos. O prédio de construção antiga com mais de 50 anos não era adaptado ao

Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico do Corpo de Bombeiros. Não possuindo

escadas enclausuradas nem portas corta-fogo, os andares formavam verdadeiros labirintos

devido a sua extensão, apesar do prédio ser de baixa altura. O edifício foi posteriormente

demolido e hoje a área é ocupada pelo prédio Torre do Almirante. (Figuras 3.23 a 3.26)

Page 34: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

34

Figura 3.23 - Publicação do Jornal da época.

[Fonte: TERRA]

Figura 3.24 - Fotografia do Acervo do Museu

Histórico do CBMERJ. Vista panorâmica para a rua

no momento do sinistro. [Fonte: TERRA]

Figura 3.25 - Fotografia do Acervo do Museu

Histórico do CBMERJ. Vista panorâmica para o

prédio no momento do sinistro. [Fonte: TERRA]

Figura 3.26 - Registro em imagem de um morador que

saltou do prédio no momento do incêndio. Revista

Avante Bombeiro de julho de 1986, pág. 89.[Fonte:

TERRA]

● 2001 - Belo Horizonte – Minas Gerais

Na casa de shows Canecão Mineiro, no dia 24 de novembro de 2011, 7 pessoas

morreram em um incêndio causado por fogos pirotécnicos. Na hora do show, 1,5 mil pessoas

Page 35: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

35

estavam presentes no estabelecimento que não tinha alvará de funcionamento nem saídas de

emergência.

● 2013 - Santa Maria – Rio Grande do Sul

Na madrugada do dia 27 de janeiro de 2013, um incêndio na Boate Kiss localizada na

Rua Andradas, deixou 243 mortos e 100 feridos. O fogo começou depois que a banda que se

apresentava no local acendeu um sinalizador, que incendiou o teto de isopor. As mortes foram

causadas por asfixia devido ao local ter apenas uma saída de emergência. A tragédia foi

classificada como o segundo pior incêndio da história do país. Sobreviventes dizem que

seguranças pediram comanda para liberar a saída, e portas teriam sido bloqueadas por alguns

minutos por funcionários. De acordo com o comando da Brigada Militar, a danceteria estava

com o plano de prevenção de incêndios vencido desde agosto de 2012. (Figuras 3.27 a 3.31)

Figura 3.27 Vista da frente da boate após o

incêndio.[Fonte: VEJA]

Figura 3.28 Vista do interior da boate após o

incêndio.[Fonte: VEJA]

Figura 3.29 - Vista do interior da boate após o

incêndio.[Fonte: DN GLOBO]

Figura 3.30 - Vista do interior da boate após o

incêndio.[ TRIBUNA DE MINAS - 11 de

março de 2012]

Page 36: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

36

A Instrução Técnica 08 estabelece critérios mínimos necessários para o

dimensionamento das “Saídas de Emergência em Edificações”, visando a que sua população

possa abandoná-las, em caso de incêndio ou pânico, completamente protegida em sua

integridade física e permitir o acesso de guarnições de bombeiros para o combate ao fogo ou

retirada de pessoas.

O National Institute of Standards and Technology (NIST) publicou o resultado de

entrevistas às pessoas que saíram do incêndio nas torres gêmeas, do prédio World Trade

Center em Nova Iorque no Estados Unidos. Relataram que houve uma demora, em torno de

seis minutos, para iniciarem a reação, tendo desligado seus computadores, pegado objetos

pessoais, telefonaram em vez de se dirigirem para as saídas de emergência. Em geral, o ser

humano reage lentamente a uma emergência. Isso é agravado, em caso de casas noturnas, nas

quais são acrescentados os efeitos do álcool, drogas, luzes fortes intermitentes e som alto.

[Fonte: A SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO NO BRASIL pg. 96]

3.4 - INCÊNDIOS EM CASAS NOTURNAS

Podemos citar pelo menos mais 14 (quatorze) incêndios ocorridos em boates que

foram causados por problemas como shows pirotécnicos ou curtos circuitos em vários países,

similares ao ocorrido na Boate Kiss. (Figura 31)

Figura 3.31 - Imagem feita por um cliente da Boate Kiss - RS dentro do local.

[Fonte: CORREIO POPULAR]

Page 37: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

37

● 20 de novembro de 1971 - Club Cinq-Sept (França)

Acredita-se que o fogo em uma casa de St Laurent du Pont, no sudeste da França, tenha sido

causado acidentalmente por um palito de fósforo. As chamas consumiram rapidamente a

boate, por causa do material altamente inflamável da construção e dos móveis. O resultado

foram 143 mortos, a maioria adolescente.

● 25 de março de 1990 - Boate Happy Land (EUA)

Um incêndio causado intencionalmente pelo ex-namorado de uma empregada do clube matou

87 pessoas em um local que funcionava sem autorização no Bronx, em Nova York. A maioria

das vítimas eram hondurenhos que celebravam o Carnaval.

● 18 de março de 1996 - Quezon City (Filipinas)

160 pessoas morreram devido a um incêndio causado por cum curto-circuito no equipamento

do DJ (segundo testemunhas). A queda do mezanino e a superlotação (o local estava

autorizado a funcionar com, no máximo, 35 pessoas) foram as principais causas do grande

número de mortes.

● 20 de outubro de 2000 - Méxic

Mais de 20 pessoas morreram na discoteca Lobohombo, que não tinha saídas de emergência

suficientes. O incêndio foi causado por um curto circuito.

● 25 de dezembro de 2000 - China

Um incêndio destruiu um complexo comercial e uma discoteca em Luoyang, região central da

China, deixando 309 mortos. O fogo, que pode ter sido causado por um problema elétrico, se

iniciou em um shopping e logo tomou a pista de dança da boate.

● 20 de Julho de 2002 - Lima, Peru

Um incêndio matou 28 pessoas na discoteca Utopía, do centro comercial Jockey Plaza. O

fogo começou em razão de um acidente durante uma apresentação dos garçons, que faziam

truques com fogo e animais em jaulas - entre eles um leão e um tigre, que também morreram.

● 1 de dezembro de 2002 – Venezuela

Page 38: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

38

Um incêndio matou cerca de 50 pessoas no clube La Goajira, na capital, Caracas. Suspeita-se

de ter sido causado por um curto-circuito.

● 20 de fevereiro de 2003 – EUA

Cem pessoas morreram e duzentas ficaram feridas em uma boate de Rhode Island, também

em incêndio causado por fogos de artifício.

● 30 de dezembro de 2004 - Buenos Aires

Um incêndio matou 194 pessoas e deixou cerca de 400 feridos numa discoteca. O incêndio

começou com o uso de fogos de artifício pela banda de rock que se apresentava no local.

● 19 de abril de 2008 - Quito, Equador

Treze pessoas morreram e trinta e cinco ficaram feridas na discoteca Factory. Segundo um

bombeiro que trabalhou no local, a causa provável do incêndio foi um curto circuito. Porém,

versões da imprensa local afirmam que fogos de artifício lançados no final do show

incendiaram tecidos que estavam no teto.

● 29 de setembro de 2008 - Shenzhen, na China

Uum incêndio matou 43 e feriu 88 pessoas na discoteca Utopia. As chamas foram causadas

por fogos de artifícios lançados dentro do estabelecimento.

● 5 dezembro de 2009 - Rússia

155 pessoas morreram em um incêndio provocado pelo lançamento de fogos de artifício em

uma discoteca em Perm, a 1.200 km de Moscou. Apenas cerca de um quarto das pessoas

presentes no local conseguiu escapar. Muitas das vítimas acabaram morrendo asfixiadas e

pisoteadas.

● 31 de dezembro de 2009 – Bangcoc,Tailândia

Um incêndio na boate Santika Club, matou 67 pessoas e mais de 100 ficaram feridas. Tudo

começou com os fogos de artifício usados na contagem regressiva para a virada do ano.

Segundo o Corpo de Bombeiros, havia apenas uma porta, e as escadas dificultaram a saída das

pessoas.

Page 39: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

39

● 31 de outubro de 2012 - Madri, Espanha

Três jovens morreram e outras duas ficaram feridas gravemente numa festa de Halloween. O

incidente ocorreu no ginásio Madri Arena, no oeste da capital espanhola.

As saídas de emergência são dimensionadas em função da população da edificação.

Na prestação de serviços e no fornecimento de produtos, em consonância com a Lei Federal

nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, os engenheiros e arquitetos, bem como os promotores de

eventos, devem observar as normas técnicas expedidas pela Associação Brasileira de Normas

Técnicas – ABNT – ou por outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de

Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – CONMETRO.

3.5 – EFEITOS DA FUMAÇA

Em virtude de várias ocorrências de sinistros graves em todo o mundo, estudos com

relação à resistência ao fogo nos elementos de construção, têm por finalidade principal, dar

maior segurança às pessoas e evitar ou retardar tanto quanto possível o colapso parcial ou

total da edificação e, ao mesmo tempo, circunscrever o incêndio a uma zona restrita junto ao

local onde teve início, sem perigo para ambientes próximos e edificações vizinhas. [Fonte:

MARCELLI pg.210]

Não somente as chamas, mas a fumaça também é motivo de grande preocupação e é

objeto de estudo. A fumaça gerada pelos incêndios tem sido de grande preocupação em todo o

mundo, principalmente pelo fato de as estatísticas mostrarem que ela é a responsável por mais

de 80% das mortes. Ela tem sido também a causa de grandes danos materiais, uma vez que

consegue impregnar com fuligem grandes superfícies, difíceis de serem removidas. (Figura

3.32 e 3.33) [Fonte: MARCELLI pg.222]

A fumaça, que dificulta a visibilidade, durante um incêndio, contém CO, entre outros

gases, que possui mais afinidade com a hemoglobina do sangue que o oxigênio. Isso afeta o

sistema nervoso central provocando sintomas como mal-estar, distúrbios de funções motoras,

perda de movimento, perturbações de comportamento (fobia, agressividade, pânico, coma,

etc.). A escassez de oxigênio pode ocasionar a morte de células do cérebro e levar à lesão que

causa parada respiratória e morte. [Fonte: A SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO NO

BRASIL pg.96]

Page 40: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

40

Figura 3.32 - Incêndio na Rua Floriano Peixoto, Juiz de Fora, em outubro de 2011. No momento da foto, o fogo

havia se alastrado para o prédio ao lado da Tete Festa (início do sinistro) no Hotel Nacional. Nota-se a diferença

das cores das fumaças para os dois incêndios. Isso ocorre devido aos diferentes tipos de materiais em combustão

nos dois prédios. [acervo próprio]

Figura 3.33 - Foto da cozinha de um dos apartamentos que sofreram incêndio na Rua Floriano Peixoto – JF em

outubro de 2011. [acervo próprio]

Na revista Téchne nº 193 de abril de 2013, em entrevista ao Engenheiro Civil e de

Segurança no Trabalho Carlos Cotta Rodrigues, coordenador do trabalho de elaboração da

Norma Brasileira de Controle de Fumaça da Associação Brasileira de Normas Técnicas

(ABNT), abordou-se sobre a segurança contra fogo nas edificações brasileiras que veio a tona

com força após o incidente da Boate Kiss em Santa Maria – RS. A magnitude da tragédia

revelou um cenário de muitas falhas nesse setor, que passa por falta de laboratórios e

equipamentos de qualidade no País, lacunas em projetos e processos, e chega a um item

central: a ausência de uma norma nacional que estabeleça critérios para todas as construções

Page 41: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

41

brasileiras no que diz respeito à segurança contra incêndios. “O Brasil ainda não desenvolveu

a cultura de segurança contra incêndio dos edifícios” (diz Carlos Cotta).

O arquiteto sempre será o principal profissional nas questões de segurança contra

incêndio. Uma solução arquitetônica demandará maior ou menor custo na implantação dos

sistemas de segurança contra incêndio. Podem-se aproveitar características de equipamentos

de ventilação, vidro, iluminação e outros, em consonância com os projetos de prevenção.

Esses equipamentos possuem equilíbrio e se integram a qualquer conceito arquitetônico, mas

somente se o profissional estiver capacitado para identificar tais vantagens. Para isso, os

arquitetos precisam saber sobre a importância da segurança e prevenção contra incêndio que

vai muito além da simples instalação de um equipamento de combate ao incêndio. “A maioria

dos engenheiros e arquitetos no Brasil não entende nem superficialmente os conceitos de

prevenção contra incêndio” afirma Carlos Cotta Rodrigues. [Fonte: TECHNE - abril de 2013

pg.22]

Os principais tópicos da grade curricular para formação de um profissional que

trabalha como projetista de sistemas de segurança contra incêndio em edificações são: ciência

do fogo, proteção contra incêndio ativa e passiva, controle de fumaça e calor, comportamento

humano em situações de risco, programas de prevenção, análise de riscos, legislação,

dimensionamento e gerenciamento da segurança contra incêndio. [Fonte: TECHNE - abril de

2013 pg.22]

Também em entrevista a revista Téchne, a Especialista em Segurança contra Incêndio

e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo

(FAUUSP), Rosaria Ono afirma: “O arquiteto tem o poder de decisão muito forte, mas não o

exerce.” Em sua avaliação isso ocorre por falta de conhecimento e importância ao tema. “Em

vez de fazer parte do processo de projeto, o foco é apenas na aprovação dos bombeiros”,

afirma Rosaria. Para ela, há também um grande desconhecimento da população sobre a

importância do tema, e como exemplo, cita as escolas que, em nome da segurança

patrimonial, acabam por obstruir escadas e portas fundamentais em emergências. “Hoje,

infelizmente, não existe nenhuma legislação que exija simulações de abandono das escolas”,

lamenta. [Fonte: TECHNE - setembro de 2013 pg. 26]

No Livro „A segurança Contra Incêndio No Brasil‟, o capítulo XVII – Sistema de

Controle de Fumaça – aborda as razões para o controle de fumaça, os benefícios, os princípios

básicos de um sistema de controle de fumaça, as vantagens da ventilação natural e monitorada

e padrões de sistemas de ventilação.

Page 42: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

42

Capítulo 4

NORMAS E LEGISLAÇÕES

A segurança é direito do cidadão e pode ser definida como sendo a situação do que

está seguro, afastado do perigo. É divulgada e assegurada por meio de legislações específicas,

pelo ensino, e também por um conjunto de convenções sociais denominadas medidas de

segurança.

Há medidas de segurança específicas para cada área de atuação humana, pois em cada

situação há um conjunto específico de medidas a serem tomadas. Alguns dos tipos de

segurança mais conhecidos são: segurança do trabalho, segurança doméstica, segurança

pública e segurança contra incêndios.

Segundo o Decreto 46.595, de 10/09/2014,

“XXIII - medidas de segurança contra incêndio e

pânico: é o conjunto de ações e dispositivos

necessários para evitar o surgimento de incêndio

e pânico, limitar sua propagação, possibilitar sua

extinção e propiciar a proteção à incolumidade

das pessoas, ao meio ambiente e ao patrimônio;”.

De acordo com a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (Título III

da Organização do Estado, capítulo II, art. 24, I) a União, Estados e Distrito Federal, têm

competência para legislar sobre o direito urbanístico e, desse modo, disciplinar também a

atuação administrativa preventiva e repressiva do poder de polícia estatal e no cumprimento

desta tarefa destaca-se a prevenção de incêndios, incumbência que a Constituição reserva ao

Corpo de Bombeiros Militar porque vai ao encontro do dever de instituição militar de

preservação da ordem pública ou, de modo mais específico, de preservação da vida.

Para José Afonso da Silva (jurista brasileiro, mineiro, especialista em Direito

Constitucional), “... à polícia militar, em cada Estado, cabem à polícia ostensiva e a

Page 43: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

43

preservação da ordem pública, enquanto ao Corpo de Bombeiros Militar de cada Estado

compete, além de outras definidas em Lei, como a de prevenção e debelação de incêndios, a

execução de atividades de Defesa Civil.”. (Direito constitucional positivo. 15. Ed. São Paulo:

Malheiros, 1998.p.746). Segundo sua lição, cumpre aos bombeiros militares a atividade de

prevenção de incêndios, e o nosso sistema jurídico não restringe que a esses agentes da

Administração Pública se confira a possibilidade de intervir na ordem urbanística, mediante

atividades de polícia administrativa, para assegurar a preservação e ordem pública.

De acordo com a Lei Estadual nº 14.130/2001 e Decreto Estadual nº 44.746/2008, toda

edificação destinada ao uso coletivo (seja residencial, comercial, industrial, etc.) deve ser

regularizada junto ao Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais - CBMMG.

“Art. 2º I - proporcionar condições de

segurança contra incêndio e pânico aos

ocupantes das edificações e áreas de risco,

possibilitando o abandono seguro;”

Como forma de certificar a segurança da edificação regularizada, o CBMMG criou o

Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), documento emitido após a verificação das

medidas de segurança instaladas em conformidade com o Processo de Segurança Contra

Incêndio e Pânico (PSCIP) - composto pela documentação que contém informações sobre

edificações ou áreas de risco e o respectivo projeto técnico contendo as medidas de segurança

contra incêndio e pânico, que deve ser apresentada no CBMMG para avaliação em análise

técnica - visando garantir à população a segurança mínima contra o sinistro.

Este documento comprova que a edificação possui condições seguras para abandono

em caso de pânico, acesso fácil para os integrantes do Corpo de Bombeiros, além de

equipamentos para combate a incêndio.

Para conseguir o documento, o proprietário ou responsável deverá providenciar o

Projeto de Segurança Contra Incêndio e Pânico, elaborado por profissional legalmente

habilitado pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia – CREA – ou pelo Conselho

de Arquitetura e Urbanismo – CAU, cabendo a estes toda a responsabilidade técnica e civil

pelo projeto por ele elaborado, ou pelas obras e instalações por ele executadas o qual, após

aprovado pelo Corpo de Bombeiros, deve ser totalmente executado. Ao final da execução,

Page 44: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

44

deve ser solicitada a vistoria da Corporação e, sendo verificada a conformidade, o AVCB será

emitido.

Para empreendimentos novos, a regularização deve ser feita através do site da

JUCEMG - Junta Comercial do Estado de Minas Gerais - por meio do sistema MINAS

FÁCIL.

O ANEXO 01 cita os erros mais frequentes encontrados nas vistorias pelo Quadro

Técnico do Corpo de Bombeiros.

4.1 - INSTRUÇÕES TÉCNICAS

O Decreto 46.595 de 10/09/2014, que regulamenta a Lei nº 14.130, de 19 de dezembro

de 2001, que dispõe sobre a prevenção contra incêndio e pânico no Estado e dá outras

providências, define:

“XIX - Instrução Técnica - IT: é o documento

emanado pelo Corpo de Bombeiros Militar com

objetivo de normalizar medidas de segurança

contra incêndio e pânico nas edificações e áreas de

risco e procedimentos administrativos;”.

Existem atualmente 37 Instruções Técnicas. As mesmas estão disponibilizadas

gratuitamente no site do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais. [Fonte: CBMMG]

São elas:

IT01 - Procedimento Administrativo (Portaria 17/2014)

IT02 - Terminologia de Proteção Contra Incêndio e Pânico

IT03 - Símbolos Gráficos para Projetos de Segurança Contra Incêndio e Pânico

IT04 - Acesso de Viatura nas Edificações e Áreas de Risco

IT05 - Separações entre Edificações (Isolamento de Risco)

IT06 - Segurança Estrutural das Edificações

IT07 - Compartimentação Horizontal e Compartimentação Vertical

IT08 - Saídas de Emergência em Edificações

IT09 - Carga de Incêndio nas Edificações e Áreas de Risco

IT10 - Pressurização de Escada de Segurança

Page 45: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

45

IT11 - Plano de Intervenção de Incêndio

IT12 - Brigada de Incêndio

IT13 - Iluminação de Emergência

IT14 - Sistema de Detecção e Alarme de Incêndio

IT15 - Sinalização de Emergência

IT16 - Sistema de Proteção por Extintores de Incêndio (Portaria 17/2014)

IT17 - Sistema de Hidrantes e Mangotinhos para Combate a Incêndio

IT18 - Sistema de Chuveiros Automáticos

IT19 - Sistema de Resfriamento para Líquidos e Gases Inflamáveis e combustíveis

IT20 - Sistema de Proteção por Espuma

IT21 - Sistema Fixo de Gases para Combate a Incêndio

IT22 - Armazenamento de Líquidos Inflamáveis e Combustíveis

IT23 - Manipulação, Armazenamento, Comercialização e Utilização de GLP

IT24 - Comercialização, Distribuição e Utilização de Gás Natural

IT25 - Fogos de Artifícios e Pirotecnia

IT25 - Fogos de Artifícios e Pirotecnia (Portaria 19/2014)

IT26 - Heliponto e Heliporto

IT27 - Medidas de Segurança para Produtos Perigosos

IT28 - Cobertura de Sapê, Piaçava e Similares

IT29 - Hidrante Público

IT31 - Pátio de Contêineres

IT32 - Proteção Contra Incêndio em Cozinhas Profissionais

IT33 - Eventos Temporários (Portaria 17/2014)

IT34 - Credenciamento de Empresas e RT

IT35 - Segurança Contra Incêndio em Edificações Históricas

IT37 - Centros Esportivos e de Exibição

IT38 - Controle e Materiais de Acabamento e Revestimento

O site do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais

(http://www.bombeiros.mg.gov.br) também disponibiliza os Decretos relacionados ao Serviço

de Segurança Contra Incêndio e Pânico (SSCIP) e a Lei 14.130/2001 gratuitamente.

Page 46: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

46

O Art. 25 do Decreto 46.595/2014 dispõe que as medidas de segurança contra

incêndio e pânico nas edificações e áreas de risco são as constantes abaixo, podendo ser

adotadas, a critério do CBMMG, outras:

I - acesso de viatura até a edificação;

II - separação entre edificações – isolamento de risco;

III - segurança estrutural contra incêndio;

IV - compartimentação horizontal;

V - compartimentação vertical;

VI - controle de materiais de acabamento e de revestimento;

VII - saídas de emergência;

VIII - hidrante público;

IX - controle de fumaça;

X - brigada de incêndio;

XI - iluminação de emergência;

XII - sistema de detecção de incêndio;

XIII - sistema de alarme de incêndio;

XIV - sinalização de emergência;

XV - sistema de proteção por extintores de incêndio;

XVI - sistema de hidrantes e mangotinhos;

XVII - sistema de chuveiros automáticos;

XVIII - sistema de resfriamento;

XIX - sistema de proteção por espuma;

XX - sistema fixo de gases;

XXI - plano de intervenção contra incêndio e pânico.

As medidas de segurança contra incêndio e pânico devem ser projetadas e executadas

objetivando a preservação da vida humana, evitando ou confinando o incêndio e evitando ou

controlando o pânico. A impossibilidade técnica de execução de uma medida de segurança

contra incêndio e pânico não impede a exigência, por parte do CBMMG, de outras de mesma

natureza que possam reduzir a condição de risco, suprindo a ação protetora daquela exigida.

Page 47: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

47

4.2 - CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS

Cabe ao Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais estudar, pesquisar, analisar,

planejar, vistoriar, periciar, fiscalizar, aplicar sanções administrativas, dispor sobre as medidas

de proteção contra incêndio e pânico nas edificações e áreas de risco e demais ações previstas

no Decreto 46.595/2014 e na Lei Estadual 14.130 de 19 de dezembro de 2001.

A vistoria para emissão do AVCB, nas edificações e áreas de risco é feita mediante

solicitação do proprietário, responsável pelo uso, responsável técnico legalmente habilitado

ou representante legal.

Com o nascimento datado em 13 de agosto de 1930, O Corpo de Bombeiros Militar

em Juiz de Fora foi crescendo e garantindo mais espaço, aparelhagem e efetivo de

atendimento. [Fonte: SALVADOR] A 1ª Companhia de Bombeiros Militar em Juiz de Fora

pertence ao 4º Batalhão do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, possui sede

localizada na Av. Brasil, 3.405 - Bairro Centro - Juiz de Fora - Minas Gerais, e é subdividida

em 6 Pelotões. Em 1992 a guarnição do Corpo de Bombeiros em Juiz de Fora era responsável

por 53 Municípios, no tocante a acidentes na área de salvamento. Hoje, o 4º Batalhão atua em

144 Municípios onde 30 deles são atendidos pela 1ª Companhia sendo eles: Arantina, Belmiro

Braga, Bicas, Bom Jardim de Minas, Chácara, Chiador, Coronel Pacheco, Descoberto,

Ewbanck da Câmara, Goianá, Guarará, Juiz de Fora, Lima Duarte, Mar de Espanha, Maripá

de Minas, Matias Barbosa, Olaria, Pedro Teixeira, Pequeri, Piau, Rio Novo, Rio Preto,

Rochedo de Minas, Santa Bárbara do Monte Verde, Santa Rita de Jacutinga, Santana do

Deserto, Santos Dumont, São João Nepomuceno, Senador Cortes, Simão Pereira. [Fonte: 1ª

CIA BMMG-JF]

Para esse atendimento, o efetivo do 4º Batalhão conta com 283 militares e 29 viaturas

de combate. O 6º Pelotão, formado pela Companhia de Prevenção, possui 20 militares

disponíveis nos cargos: 1 Chefe, 1 Sub Chefe, 6 Analistas de Projetos, 9 Vistoriadores, 2

Protocoladores e 1 Secretária, com 5 viaturas disponibilizadas para vistoria dos 30 Municípios

citados anteriormente. (Tab. 4.1 e 4.2) [Fonte: 1ª Cia BMMG-JF]

Apesar do crescimento, há muitos anos que Corpo de Bombeiros em Juiz de Fora sofre

com a falta de efetivo e equipamentos. Após o incêndio que destruiu o Mercado Municipal de

Juiz de Fora, a mídia se fartou de reportagens sobre as condições de risco as quais a cidade se

encontrava (e ainda se encontra). (Figura 4.1)

Page 48: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

48

Figura 4.1 – Charge no jornal Tribuna da Tarde de 12 de setembro de 1991.

MILITARES Nº existente Nº previsto

Tenente Coronel 01 01

Major 01 01

Capitão 04 05

Tenente 16 16

Quadro de Oficiais de Saúde 03 03

Quadro de Praças Especialistas 08 11

Subtenente/Sargento 119 137

Cabo/Soldado 130 232

Soldado de 2ºClasse 01 -

TOTAL 283 406

TAB 4.1 – Efetivo do 4º BBM-MG em junho de 2015. [Fonte: 1ª CIA BMMG-JF]

VIATURAS SIGLA Nº DISPONÍVEL

Auto Bomba Tanque ABT 05

Auto Tanque Bomba ATB 01

Auto Escada Mecânica AEM 01

Auto Comando de Àrea ACA 02

Unidade de Resgate UR 01

Auto Salvamento AS 05

Auto Bomba e Salvamento ABS 02

Auto Produto Perigoso APP 01

Auto Patrulha e Fiscalização APF 06

Viaturas - 05

TOTAL 29

TAB 4.2 – Efetivo do 4º BBM-MG em junho de 2015. [Fonte: 1ª CIA BMMG-JF]

Page 49: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

49

Dados fornecidos pela 1ª Companhia de Bombeiros Militar em Juiz de Fora em março

de 2015 registram que a área aqui trabalhada possui 496 locais liberados pelo Corpo de

Bombeiros, 635 locais irregulares, num total de 1.131 processos na Companhia de Prevenção

do Corpo de Bombeiros em relação ao AVCB.

Nas vistorias, as instalações são confrontadas com o Projeto ou a Proposta de Proteção

contra Incêndios, e as diferenças são analisadas com vista à manutenção das condições de

segurança previstas pelas Normas Técnicas a que se referem. Havendo deficiências, elas são

anotadas em um relatório que é fornecido ao interessado para que o mesmo analise e

proponha uma solução técnica.

O Jornal Diário Mercantil nº 14.514 de 02 e 03 de julho de 1961 cita Os 10

Mandamentos do Corpo de Bombeiros (ANEXO 02), onde são dadas recomendações de

atitudes preventivas a serem tomadas para não provocar um incêndio.

4.3 - DIREITOS E RESPONSABILIDADES DO PROPRIETÁRIO OU

RESPONSÁVEL PELO USO DO IMÓVEL

Decreto 46.595 de 10/09/2014

Capítulo IX. ART 21. O proprietário ou o

responsável pelo uso obrigam-se, sob pena de

incorrer no disposto no art. 11,

independentemente das responsabilidades

civis e penais cabíveis, a:

I – manter as medidas de segurança

contra incêndio e pânico em condições

de utilização e manutenção adequadas

II – utilizar a edificação de acordo com

o uso para o qual foi projetada;

III – adotar as providências cabíveis

para a adequação da edificação e das áreas de

risco às exigências deste Decreto, quando

necessário.

Page 50: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

50

4.4 CLASSIFICAÇÕES DAS EDIFICAÇÕES DE RISCO

O Decreto 44.746/2008, que dispõe sobre a prevenção contra incêndio e pânico no

Estado e dá outras providências, classifica as edificações e áreas de risco quanto à ocupação e

quanto ao risco.

“Art. 24. Para efeito deste Decreto, as edificações e áreas de risco são assim classificadas: I - quanto à ocupação, de acordo com a Tabela 1 do Anexo, podendo conter na mesma edificação um ou mais tipos de ocupação, caracterizando-a como ocupação mista; II - quanto a altura, de acordo com a Tabela 2 do Anexo; e III - quanto a carga incêndio, de acordo com a Tabela 3 do Anexo.”

Para a execução e implantação das medidas de proteção contra incêndio e pânico, as

identificações e áreas de risco devem atender às exigências previstas nas instruções técnicas e,

na sua falta, às normas técnicas da ABNT. Devem também ser projetadas e executadas

objetivando a preservação da vida humana, evitando ou confinando o incêndio, evitando ou

controlando o pânico.

A Lei 14.130/2001 permite que as identificações e áreas que pela sua concepção

estrutural puderem ser classificadas como nível 1 de segurança, com característica de risco

baixo para pânico e incêndio, poderão ser dispensadas da exigência de equipamentos de

combate a incêndio.

É recomendado que toda edificação de uso coletivo, seja residencial ou comercial,

tenha disponibilizado um grupo de Brigada de Incêndio. A IT12 estabelece as condições

mínimas para a formação, treinamento e reciclagem da brigada de incêndio para atuação em

edificações e áreas de risco no estado de Minas Gerais. [Fonte: CBMMG]

Para regularizar a edificação – obter o AVCB – é necessário que o proprietário ou

utilitário do imóvel siga os procedimentos disponíveis no site do Corpo de Bombeiros do seu

Estado.

Page 51: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

51

Capítulo 5

O CENTRO DE JUIZ DE FORA

5.1 Histórico

Para podermos estudar a pré-disposição a incêndio no centro de Juiz de Fora, na área

delimitada pelas avenidas: Barão do Rio Branco, Presidente Itamar Franco e Francisco

Bernardino (Figura 1.1), primeiro vamos conhecer um pouco da história de Juiz de Fora e a

formação do seu centro comercial.

Situada na Zona da Mata, suas origens remontam à abertura do Caminho Novo,

estrada criada para o transporte do ouro no século XVIII. Este período, de maior crescimento

de cidades em toda a História do Brasil, corresponde à mineração aurífera em Minas Gerais.

Por volta do ano de 1703, quando a estrada foi construída, esta ligava a região das

minas ao Rio de Janeiro, facilitando o transporte do ouro extraído. Assim, a Coroa Portuguesa

tentava evitar que o ouro fosse contrabandeado e transportado por outros caminhos, sem o

pagamento dos altos tributos, que incidiam sobre toda extração. O Caminho Novo passava

pela Zona da Mata Mineira e, desta forma, permitiu maior circulação de pessoas pela região,

que, anteriormente, era formada de mata fechada, habitada por poucos índios.

Às suas margens surgiram diversos postos oficiais de registro e fiscalização de ouro,

que era transportado em lombos de mulas, dando origem às cidades de Barbacena e Matias

Barbosa. Outros pequenos povoados foram surgindo em função de hospedarias e armazéns, ao

longo do caminho, como o Santo Antônio do Paraibuna, que daria origem, posteriormente, à

cidade de Juiz de Fora.

Nesta época, o Império passa a distribuir terras na região para pessoas de origem

nobre, denominada sesmarias, facilitando o povoamento e a formação de fazendas que, mais

tarde, se especializariam na produção de café. Em 1853, a Vila de Santo Antônio do

Paraibuna é elevada à categoria de cidade e, em 1865, ganha o nome de cidade do Juiz de

Fora.

No coração da cidade, a Rua Halfeld era inicialmente conhecida como Rua da

Califórnia, antes da cidade ser elevada a vila. A principal rua de Juiz de Fora quase nada

representava. Aberta em 1853, era apenas um trecho de caminho, com muito mato e até um

pequeno córrego. (Figura 5.1)

Page 52: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

52

Figura 5.1- Rua Halfeld 1880-1900 [Fonte: Arquivo Público Mineiro]

Com a inauguração da estação Estrada de

Ferro D. Pedro II em 1875, a parte baixa

das ruas Halfeld e Marechal Deodoro, e

com a construção da Alfândega

Ferroviária em 1893 que originou a Praça

Antônio Carlos, a região atual da Av.

Getúlio Vargas se firmou como uma das

mais importantes vias de Juiz de Fora.

(Figura 5.2)

Figura 5.2 - Rua Halfeld 1875.

[Fonte: AS MINAS GERAIS]

Por volta de 1880, a avenida que era um brejo, principalmente nas cheias do Rio

Paraibuna, passou a se chamar Rua do Imperador. Com a Proclamação da República em 1889,

passou-se a chamar Rua XV de Novembro e, posteriormente, recebeu o nome de Getúlio

Vargas, ex-presidente do Brasil.

Em 1889 inaugurava-se a luz elétrica. Neste mesmo ano, a Câmara Municipal de Juiz

de Fora já era recordista em rendimentos no Estado e em 1905, o censo realizado nos dá conta

que das 19 fábricas fundadas no Estado entra 1901 e 1910, 12 se localizam na Zona da Mata e

que destas, 7 em Juiz de Fora.

Na década de 1930 a 1940, os antigos edifícios, principalmente no trecho entre a Av.

Rio Branco e a Rua Batista de Oliveira começaram a ser demolidos para a construção de

grandes prédios comerciais e residenciais. A parte baixa da rua ainda preserva bons

exemplares dos antigos prédios.

Em 15 de novembro de 1975 foi inaugurada a principal alteração na Rua Halfeld: O

Calçadão, que transformou a parte central da rua em área exclusiva para pedestres. Já a

Page 53: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

53

Avenida Getúlio Vargas, originariamente era um trecho da estrada União Indústria. A reta de

um quilômetro nasceu quando o Comendador Mariano Procópio, construtor da primeira

rodovia brasileira, decidiu traçar o leito da via mais próxima da margem do rio Paraibuna. O

trecho da União e Indústria que passava por Juiz de Fora não demoraria muito a se tornar rua.

Já na planta elaborada pelo Engenheiro Gustavo Dudt em 1860, a atual Getúlio Vargas consta

com dois nomes: o lado par aparece como Rua D. Pedro II e o lado ímpar Estrada da

Companhia União Indústria. Na época, devido às proximidades da estrada serem

completamente desabitadas, protestos foram provocados contra sua construção. Contudo, a

planta de Dodt já traçava ruas paralelas definindo áreas de expansão para a cidade.

Sendo assim, a Avenida Getúlio Vargas veio a formar, juntamente com a Avenida

Barão do Rio Branco e a Rua Espírito Santo, o triângulo central onde seriam traçadas as

principais ruas da cidade, delimitando e consolidando o núcleo urbano em torno do qual

cresceu e se desenvolveu o município.

As imagens a seguir tem o intuito de mostrar o desenvolvimento rápido e expansivo do

centro da cidade, como o estilo das edificações mudou rapidamente e a aglomeração de

pessoas por metro quadrado se tornou muito maior. (Figuras 5.3 a 5.15)

AVENIDA GETÚLIO VARGAS

Figura 5.3 - Av. Presidente Getúlio Vargas – 1935

[Fonte: SKYSCRAPERCITY]

Figura 5.4 - Av. Presidente Getúlio Vargas –

1940 [Fonte: SKYSCRAPERCITY]

Page 54: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

54

Figura 5.5 - Av. Presidente Getúlio Vargas – sem data definida [Fonte: GAMA]

RUA HALFELD

Figura 5.6 - Rua Halfeld 1910 [Fonte: PINTEREST]

Figura 5.7 - Rua Halfeld 1935. Atentar para os

fios e postes de iluminação após a chegada da

energia elétrica. [Fonte: PINTEREST]

Figura 5.8 - Rua Halfeld 1962 [Fonte: PINTEREST]

Figura 5.9 - Rua Halfeld em 2010. [Fonte:

CORREA]

Page 55: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

55

AVENIDA BARÃO DO RIO BRANCO

Figura 5.10 - Av. Barão do Rio Branco 1872

[Fonte: PINTEREST]

Figura 5.11 - Av. Barão do Rio Branco 1920

[Fonte: PINTEREST]

Figura 5.12 - Av. Barão do Rio Branco 1944

[Fonte: PINTEREST]

Figura 5.13 - Av. Barão do Rio Branco 1966

[Fonte: PINTEREST]

Figura 5.14 - Av. Barão do Rio Branco 1970

[Fonte: PINTEREST]

Figura 5.15 - Av. Barão do Rio Branco 2011

[Fonte: CORREA]

Page 56: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

56

5.2 - PLANO DIRETOR DE JUIZ DE FORA – CENTRO

No decorrer desses anos, muitas transformações ocorreram no Município. Sua

reafirmação como pólo regional e os esforços empreendidos para a sua recuperação

econômica trouxeram importantes mudanças na estrutura física e espacial da cidade.

Pressionada pela necessidade de desenvolvimento e condicionada pela difícil topografia de

seu território, Juiz de Fora já apresenta evidentes sinais de um crescimento desordenado. A

demanda cada vez maior de infra-estrutura e serviços urbanos, a questão da habitação, o

sistema de tráfego, dando mostras de saturação em suas principais artérias, são problemas

comuns ao processo de urbanização das cidades brasileiras e que Juiz de Fora não foge à

regra. [Fonte: PDJF]

No entanto, a cidade precisa se expandir e atender às demandas geradas por seu

crescimento. É necessário, portanto, dotar a cidade de uma estrutura capaz de suportar as

exigências do desenvolvimento e, para isso, medidas importantes precisam ser tomadas de

forma que a qualidade de vida não seja comprometida. [Fonte: PDJF]

O Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Juiz da Fora apresenta-se como um

importante instrumento para a busca desses objetivos na medida em que é o documento

norteador das políticas e ações destinadas a promover o desenvolvimento equilibrado do

município.[ Fonte: PDJF]

A Constituição de 1988, em seu art. 182, § 1º, ao tratar da Política Urbana, impõe aos

municípios com mais de 20 mil habitantes a elaboração e aprovação, pela Câmara Municipal,

do Plano Diretor. No „‟caput‟‟ deste artigo, anuncia que a política de desenvolvimento urbano

“tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o

bem-estar de seus habitantes”. [Fonte: PDJF]

De acordo com o Plano Diretor de Juiz de Fora, inicialmente, podemos observar que a

mancha urbana da cidade ocupa apenas 93,5 km² (9.355,36 ha) aproximadamente, ou seja,

pouco mais de 23% da área urbana legal do município, o que deixam desocupados quase 77%

do espaço legalmente considerado urbano. (Figura 5.16)

Page 57: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

57

Figura 5.16 - Evolução da Malha Urbana de Juiz de Fora de 1883 a 1998. [Fonte: PDJF]

A ferrovia e, mais até que ela, as vias de penetração rodoviária como a Av. Getúlio

Vargas, as BR-040 e BR-257, a MG-353, a Av. JK, a Av. Barão Rio Branco e a Av.

Presidente Itamar Franco são os principais vetores centrípetos da mancha urbana, como não

deixa dúvida o exame do mapa indicativo da evolução temporal da mancha urbana desde

1883. [Fonte: PDJF]

De acordo com o Recenseamento Geral de 1991, habitavam o município de Juiz de

Fora 385.966 pessoas. Com relação a 1970 a população havia tido um acréscimo de 61,8%

dos 238.510 que possuía. De acordo com IBGE, a população estimada em 2014 foi de

550.710 habitantes. [Fonte: IBGE]

A região do centro, de acordo com a classificação do Plano Diretor, possui 06

Unidades de Planejamento, englobando 24 bairros. Simboliza o “coração” da cidade,

apresenta grandes concentrações de população e de atividades, e é marcado pela

heterogeneidade tanto em termos demográficos quanto sob a ótica do nível de renda e de

funções.

A Área Central compreende o triângulo maior formado pelas Avenidas Barão do Rio

Branco, Presidente Itamar Franco e Francisco Bernardino, incorporando as Praças Antônio

Carlos e Dr. João Penido (Praça da Estação), o Parque Halfeld e os seus entornos. Nela está

concentrada a maior diversidade de atividades urbanas, sejam elas comerciais, culturais,

prestadoras de serviços, residenciais ou institucionais. [Fonte: PDJF]

Muito se tem falado da atuação da Área Central como um verdadeiro Shopping

Center. Se a intensa atividade de compras pode caracterizá-la de forma similar aos

Page 58: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

58

“shoppings”, a diferença está na espontaneidade de sua produção, na ausência de uma

administração geral e gerência centralizada e nos contrastes da sua transformação

desarticulada. Diferencia-se, também, na escala bem mais ampla e na liberdade de locação

quanto ao tipo, dimensão e qualidade das lojas que vão desde o pequeno comércio até grandes

centrais atacadistas, de “pronta-entrega”. [Fonte: PDJF]

A qualificação do espaço de referência tem muito a ver com o padrão do

estabelecimento e vice-versa; assim, a Área Central foi se caracterizando de forma desigual e

apresenta, hoje, áreas degradadas e em processo de degradação, contíguas àquelas de evidente

recuperação formal, arquitetônica e espacial. [Fonte: PDJF]

Em síntese, a Área Central reveste-se de uma importância ímpar no Município,

comportando uma infra-estrutura completa, que chega, até mesmo, a ser subutilizada fora dos

horários comerciais, indicando um potencial a ser melhor aproveitado. A saturação desta área,

sobretudo quanto ao tráfego veicular, a excessiva verticalização concentrada, o conflito entre

o patrimônio histórico e a renovação urbana, são pontos fundamentais a serem estudados, com

vistas, acima de tudo, à prevenção de sinistros. [Fonte: PDJF]

Devido ao contraste de edificações tombadas e novas, a adequabilidade às Normas de

Prevenção e Combate a Incêndio devem ser muito bem avaliadas. Para que haja uma maior

segurança e ao mesmo tempo preservação do patrimônio, às vezes as Normas devem se

adaptar aos edifícios históricos, e não o contrário.

Page 59: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

59

Capítulo 6

ESTUDO DE CASO

6.1 - AS EDIFICAÇÕES

De acordo com informações fornecidas pelo Departamento de Cadastro Imobiliário

Municipal da Secretaria de Atividades Urbanas da Prefeitura de Juiz de Fora, na data de

20/11/ 2014, na área aqui trabalhada, existe um total de 767 lotes com 14.410 imóveis, sendo

estes classificados de acordo com as tabelas 6.1 e 6.2.

Destinação Quantidade

COM/SERV 6976

INDUSTRIAL 33

OUTROS (1) 2678

RESIDENCIAL 4697

SEM USO 26

Total 14.410

Tabela 6.1 Quantidade de imóveis de acordo com o destino o qual são utilizados. [Fonte: Departamento de

Cadastro Imobiliário Municipal da SAU-PJF]

Tipo do Imóvel Quantidade

APARTAMENTO 4603

CASA 142

GALPAO 2686

LOJA 3854

SALA 3082

SEM INFORMAÇÃO 24

TELHEIRO 19

Total 14.410

Tabela 6.2 Quantidade de imóveis de acordo com o tipo de utilização. [Fonte: Departamento de Cadastro

Imobiliário Municipal da SAU-PJF]

(1) imóvel comercial (Loja, galpão) utilizado como garagem ou imóvel com uso institucional

Page 60: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

60

Ao analisarmos a questão estrutural dos prédios do centro, podemos observar o contraste

entre prédios antigos de baixa altura e os mais novos com maiores elevações. (Figura 6.1)

Figura 6.1 Prédio de dois andares localizado na Rua Halfeld entre o Edifício Juiz de Fora, a esquerda,

e o Edifício Raphael Cirigliano, a direita. [Fonte: site google – agosto 2011]

É interessante observar o sentido do crescimento da cidade pelo tipo de

edificação presente nas ruas. Por exemplo, se ficar em pé no cruzamento das ruas

Halfeld e Batista de Oliveira e olhar em direção ao Rio Paraibuna, verá edificações

de até 4 (quatro) pavimentos e padrões antigos (alguns até tombados como

Patrimônio Histórico). No mesmo local, olhando para o sentido do Morro do

imperador, as edificações se misturam entre prédios antigos e novos, de 2 (dois)

andares, mais de 10 (dez) andares, modernos e antigos. (Figura 6.2 e 6.3)

Figura 6.2 Vista da Rua Halfeld sentido Praça

da Estação. [Fonte: site google – agosto 2011]

Figura 6.3 Vista da Rua Halfeld sentido parque

Halfeld. [Fonte: site google – agosto 2011]

Desta forma, o centro de Juiz de Fora se torna uma miscigenação de riscos à

ocorrência de incêndios. Devido às estruturas antigas utilizarem muito a madeira como

material de construção e acabamento, as edificações não possuírem afastamento entre si, os

edifícios serem um misto de residências e comércios, as instalações elétricas serem antigas

não acompanhando a evolução tecnológica e o aumento de aparelhos elétricos, estando

Page 61: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

61

também muitas vezes em mau estado de conservação, deve-se atentar para uma série de

procedimentos a se adequarem às condições especiais que esta área esta sujeita. Para tanto, as

Normas e as IT´s do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais descrevem procedimentos a serem

tomados para se prevenir contra um incêndio.

A Instrução Técnica 05 determina critérios para isolar externamente os riscos de

propagação do incêndio por radiação de calor, convecção de gases quentes e transmissão de

chama, para evitar que o incêndio proveniente de uma edificação se propague para outra, ou

retardar a propagação permitindo a evacuação do público até a chegada dos bombeiros. Esta

Instrução Técnica aplica-se a todas as edificações, independentemente de sua ocupação,

altura, número de pavimentos, volume, área total e área específica de pavimento, para

considerar-se uma edificação como risco isolado em relação à (s) outra (s) adjacente (s) na

mesma propriedade.

O tipo de propagação e o consequente tipo de isolamento a ser adotado dependem do

arranjo físico das edificações que, por sua vez, determinam os tipos de propagações. No caso

do centro de Juiz de Fora, as situações mais encontradas são:

a) Propagação do fogo entre duas edificações geminadas, pelas aberturas localizadas em

suas fachadas e/ou pelas coberturas das mesmas, por transmissão direta de chamas e

convecção de gases quentes (Fig. 6.4).

Figura 6.4 - Propagação entre duas edificações geminadas de mesma altura. (IT05)

b) Propagação do fogo entre edificações geminadas, por meio da cobertura de uma

edificação de menor altura e a fachada de outra edificação, por transferência de

energia (Fig.6.5).

Figura 6.5 - Propagação entre duas edificações geminadas com altura diferenciada. (IT05)

Page 62: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

62

O recomendado seria que as edificações que não possuem espaçamento entre si,

fossem „separadas‟ por parede corta-fogo entre as edificações contíguas (Figura 6.6).

Figura 6.6 - Parede corta fogo (IT05)

A propagação por radiação térmica depende basicamente do nível de radiação

proveniente de uma edificação em chamas. O nível de radiação está associado à severidade do

incêndio, área de aberturas existentes e a resistência dos vedos (elementos de vedação) ao

fogo. Dentre vários fatores que determinam a severidade de um incêndio, dois têm

importância significativa e estão relacionados com o tamanho do compartimento incendiado e

a carga de incêndio da edificação.

Para o caso de edificações históricas, a IT35 dispõe sobre as medidas de segurança

contra incêndio e pânico exigidas nas edificações que compõem o patrimônio histórico

mineiro. As medidas de segurança estabelecidas nessa Instrução Técnica visam a atender a

condições mínimas aceitáveis de segurança contra incêndio e pânico na edificação

considerada. Condições estas, consideradas o conjunto de medidas de segurança ativas e

passivas capazes de gerar na edificação o risco máximo admissível de incêndio. Este risco

corresponde à exigência de implantação na edificação de medidas de segurança ativas e

passivas em certo número, admitida como suficientemente seguras e economicamente viáveis,

as quais se sobrepõem aos parâmetros que favorecem a ocorrência de um incêndio de

severidade máxima provável admissível. Devem necessariamente ter projetos especiais às

edificações nomeadas pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Minas Gerais, ouvidos

os órgãos federais, estaduais e municipais de preservação do patrimônio histórico e o

Ministério Público.

Page 63: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

63

Para os fins dessa Instrução Técnica, um conjunto arquitetônico é formado por pelo

menos uma edificação tombada e edificações vizinhas, ainda que não tombadas, de tal modo

que os efeitos do incêndio gerado em uma delas possam atingir as outras.

As edificações são classificadas de acordo com os fatores de risco:

- Quanto à densidade de carga de incêndio – fator f1

- Quanto à posição da carga de incêndio – fator f2

- Quanto à distância do Corpo de Bombeiros – fator f3

- Quanto ao acesso à edificação – fator f4

- Quanto ao risco de generalização – fator f5

- Quanto ao fator de risco específico – fator f6

A cada edificação associa-se um fator de risco específico que será determinado pelo

Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Minas Gerais, conforme documento emitido pelo

órgão de proteção do patrimônio histórico no qual conste o nível de tombamento. (TAB. 6.3)

Tabela 6.3 – Fator de Risco específico - f6 [IT35]

A exposição ao risco de incêndio de uma edificação determinada “E” se calcula pelo

produto dos fatores, isto é:

Fórmula 6.1 – Exposição ao risco de incêndio E [IT35]

O risco de incêndio, R, associado à edificação ou conjunto de edificações é

determinado pelo produto da exposição ao risco de incêndio, E, pelo fator de risco de ativação

de incêndio, isto é:

R = E . A

Fórmula 6.2 – Risco de incêndio R [IT35]

Os fatores de riscos de ativação de incêndio, A, são de três classes:

Page 64: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

64

a) riscos decorrentes da atividade humana; (tabela 9 da IT35)

b) riscos decorrentes das instalações; (tabela 10 da IT35)

c) riscos devidos a fenômenos naturais. (tabela 11 da IT35)

A = A1. A2. A3. A4

Fórmula 6.3 – Fator de Ativação de Incêndio A [IT35]

Sobre os fatores de segurança, o fator de segurança total, S, se obtém pelo produto dos

fatores de segurança associados às medidas de proteção ativa e passiva que se empregam em

cada edificação, conforme a Tabelas 12A, 12B, 12C, 12D e 12E da IT35. Salvo autorização

do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, todo projeto deve incluir pelo menos uma

medida sinalizadora do incêndio, uma medida extintiva e uma medida estrutural.

Ao analisarmos visualmente e externamente as condições físicas de algumas

edificações da área trabalhada, nos deparamos com prédios em estado precário de

conservação e, em sua maioria, são dotados de comércio no pavimento térreo, sobreloja e um

pavimento acima. Em registros fotográficos feitos na data de 03 de maio de 2015, podemos

exemplificar alguns riscos que, em caso de um incêndio, poderiam agravar ou até provocar a

situação. (Figuras 6.7 e 6.14)

Figura 6.7 – Rua Espírito Santo. Edificação em estado precário de conservação, com cobertura e forro de

madeira em decomposição e exposta a intempéries. A propagação do fogo pelo telhado pode ser feita de forma

rápida podendo espalhar o sinistro em poucos minutos. [acervo próprio – data: 03/05/2015]

Page 65: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

65

Figura 6.8 – Teto de uma loja localizada na Rua

Barão de São João Nepomuceno. Durante a reforma

ficaram expostas as condições precárias e

inadequadas das instalações elétricas, e próximas ao

isolamento de espuma (material inflamável). Esta

situação é inadequada e comumente encoberta por

forros de gesso ou PVC. [acervo próprio – data:

03/05/2015]

As figuras 6.9 e 6.10 são de um edifício localizado na Av. Barão do Rio Branco,

concluído em 1972, de 20 pavimentos, com aproximadamente 50 aparelhos de ar

condicionado somente na fachada principal. Será que as instalações elétricas e de prevenção

contra incêndio estão de acordo? O prédio passou por reformas no ano de 2013 após um

incêndio no ano de 2012, onde um homem de 37 anos faleceu ocorreu um incêndio neste

edifício em uma sala comercial no 17º anda. Os bombeiros arrombaram duas portas da sala

1.708 e encontraram a vítima desacordada e caída no chão em meio ao incêndio. A suspeita é

de que o fogo teria se iniciado em virtude de um vazamento de gás. (Fonte: Tribuna de Minas

de 13 de março de 2012 – 14h43)

Figura 6.9 – Av. Barão do Rio Branco.

[acervo próprio – data: 03/05/2015].

Figura 6.10 – Av. Barão do Rio Branco – ano de 2012.

[Fonte: TRIBUNA DE MINAS]

Page 66: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

66

Figura 6.11 - Sucessão de edificações antigas na Rua

Halfeld parte baixa, datadas de 1916, 1918 e 1921.

Providas de comércio no pavimento térreo, sobreloja

e algumas edificações funcionando como hotéis.

Pode-se identificar precariedade nas condições de

algumas fachadas e instalações elétricas externas.

[acervo próprio – data: 03/05/2015].

Figura 6.12 - Edificação antiga na Rua Halfeld em

estado precário de conservação sem afastamento

entre as edificações próximas. [acervo próprio – data:

03/05/2015].

Figura 6.13 e 6.14 - Edificação de dois pavimentos localizada na Rua Fonseca Hermes. A mesma

apresenta-se com fachada em estado precário de conservação, marquises com material em

decomposição, papelão pendurado nas janelas para cobrir os vidros quebrados e instalações

elétricas expostas de forma desordenada. Aparentemente encontra-se abandonada. Por ser uma

estrutura geminada, em caso de incêndio, o mesmo pode se propagar rapidamente para as estruturas

vizinhas já que a mesma não possui afastamento entre as edificações. [acervo próprio – data:

03/05/2015].

Page 67: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

67

O Exemplar do Jornal Tribuna da Tarde datado de 24 de junho de 1991 já alertava sobre o

perigo de incêndios no centro de Juiz de Fora. (Figura 6.15 e 6.16)

Figura 6.15 – Jornal Tribuna da Tarde de 24 de

Junho de 1991 [Biblioteca Municipal de Juiz de

Fora]

Figura 6.16 – Detalhe da reportagem do Jornal Tribuna

da Tarde de 24 de Junho de 1991 [Biblioteca Municipal

de Juiz de Fora]

6.2 - GALERIAS COMERCIAIS DO CENTRO DE JUIZ DE FORA

HISTÓRIA E DESCRIÇÃO

Com a tipologia urbana e arquitetônica que se inseriria na cidade a partir da década de

1920, as galerias comerciais, com destaque para o primeiro exemplar delas, a Galeria Pio X

(Figuras 6.17 e 6.18) – precursora desta nova tipologia em todo o estado de Minas Gerais e

para duas outras galerias resultantes de um espaço residual nas laterais de um grande teatro,

construído também na mesma década – tinham a função de elementos transitórios entre ruas e

traziam para Juiz de Fora a característica tipológica de transgressão de quadra.

Construída na década de 1920 pelos imigrantes italianos Rosino Baccarini e a

Construtora Pantaleone Arcuri, a primeira galeria de Juiz de Fora – Galeria Pio X

(inicialmente sem saída) – historicamente, evolucionou o modelo que transformou o interior

do quarteirão de espaço privado em espaço público. Portanto, o surgimento das galerias

comerciais está intrinsecamente ligado à evolução do quarteirão no século XIX. O princípio

da galeria é permitir maiores áreas exclusivas para pedestres quando o volume do trânsito no

centro tornou-se pesado.

Page 68: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

68

Figura 6.17 - Imagem da Galeria Pio X vista pela

Rua Halfeld. [Fonte: SKYSCRAPERCITY]

Figura 6.18 - Imagem da Galeria Pio X vista pela Rua

Marechal Deodoro. [Fonte: SKYSCRAPERCITY]

As consequências da implantação do sistema de galerias comerciais não foram apenas

de ordem arquitetônica ou urbanística. Os dobramentos e alterações na percepção da paisagem

da cidade também foram significativos por introduzirem uma nova forma de apreensão do

centro a partir de um elemento transitório entre exterior e interior do lote.

Segundo Abdalla ¹, o centro de Juiz de Fora pode caracterizar-se em parte como „um

verdadeiro shopping center‟ de acordo com sua diversidade e dinamismo comercial,

setorização e, principalmente, por muitas galerias que começam a apresentar-se como tal. No

entanto, se a intensa atividade de compras pode caracterizá-la de forma similar aos

„shoppings‟, a diferença está na simplicidade de sua produção (na maior parte dos casos), na

ausência de uma administração geral e gerência centralizada e nos contrastes da sua evolução.

Diferencia-se, também, pela liberdade de locação, dimensão e categoria das lojas que

vão desde o pequeno comércio até grandes centrais atacadistas, de “pronta-entrega”.

A saturação desta área, sobretudo quanto ao tráfego de veículos, a excessiva

verticalização concentrada e o conflito entre o patrimônio histórico e a renovação urbana, são

as suas características mais marcantes. Observando a sua configuração, nota-se que ela é

circundada por uma ocupação tipicamente residencial com predominância de padrão

socioeconômico médio e alto, enquanto no Centro, propriamente dito – na área aqui estudada

– podemos encontrar todas as classes sociais e comércio destinados para todos os segmentos

econômicos. Esta coexistência permite a interligação fundamental entre as funções e

apropriações de espaço.

1 ABDALLA, J.G.F. Multivalência da arquitetura das galerias de Juiz de Fora: fascínio e identidade entre público e privado. Juiz de Fora: Mimeo,2000.

Page 69: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

69

(...) a redução da importância residencial do centro pode acarretar consequências

desaconselháveis para esta área (como a desertificação noturna, por exemplo), não devendo

ser tomadas iniciativas capazes de aprofundar ainda mais esta situação.

Contudo, a configuração de galerias trás uma preocupação importante e que merece

redobrada atenção: o risco à incêndio. Compostas em sua maioria por comércio nos 2 (dois)

primeiros pavimentos e escritórios, consultórios e/ou residências nos demais, as galerias se

tornam não somem passagem de pedestres, mas também de correntes de ar; correntes estas

que alimentam o fogo e espalham as chamas agravando a situação na ocorrência de um

sinistro.

A Instrução Técnica 04 fixa condições mínimas exigíveis para o acesso e

estacionamento de viaturas de bombeiros nas edificações e áreas de risco, visando disciplinar

o seu emprego operacional na busca e salvamento de vítimas e no combate a incêndios,

atendendo ao previsto no Regulamento de Segurança Contra Incêndio e Pânico nas

Edificações e Áreas de Risco no Estado de Minas Gerais.

A NBR 9077 – saídas de emergência em edifícios – 2001, fixa as condições exigíveis

que as edificações devem possuir:

a) a fim de que sua população possa abandoná-las, em caso de incêndio, completamente

protegida em sua integridade física;

b) para permitir o fácil acesso de auxílio externo (bombeiros) para o combate ao fogo e a

retirada da população.

Esta Norma fixa requisitos para edifícios novos, podendo, entretanto, servir como

exemplo de situação ideal que deve ser buscada em adaptações de edificações em uso,

consideradas suas devidas limitações.

Constitui-se Saída de Emergência, rota de saída ou saída, o caminho contínuo,

devidamente protegido, proporcionado por portas, saidores, halls, passagens externas, balcões,

vestíbulos, escadas, rampas ou outros dispositivos de saída ou combinações destes, a ser

percorrido pelo usuário, em caso de um incêndio, de qualquer ponto da edificação até atingir a

via pública ou espaço aberto, protegido do incêndio, em comunicação com o logradouro.

É muito importante que nas entradas/saídas das galerias comerciais de Juiz de Fora,

tome-se o cuidado em não instalar obstáculos às passagens de ambulâncias e bombeiros.

Obstáculos estes que impeçam não só o trânsito das viaturas nas vias, mas também dentro das

Page 70: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

70

galerias quando possível. Os obstáculos mais comuns são: postes de iluminação, postes

telefônicos, canteiros de jardim, bancas de jornais e camelôs. (Figuras 6.19 e 6.20)

Figura 6.19 - Atendimento dos bombeiros ao

incêndio ocorrido na esquina da Galeria Cathoud

na Rua Halfeld em 11 de março de 2013. [Fonte:

TRIBUNA DE MINAS]

Figura 6.20 - Atendimento dos bombeiros ao incêndio

ocorrido na esquina da Galeria Cathoud na Rua Halfeld

em 11 de março de 2013. [Fonte: TRIBUNA DE MINAS]

A área aqui trabalhada, delimitada pelas Avenidas Barão do Rio Branco, Presidente

Itamar Franco e Francisco Bernardino, comporta aproximadamente 38 galerias em seu

conteúdo. Suas características vão de unidades térreas comerciais até unidades mistas

(comércio nos primeiros pavimentos e residências, escritórios ou consultórios nos demais).

O Mestre em Urbanismo Giuliano Orsi Marques de Carvalho, em sua dissertação para

pós-graduação na área de urbanismo da PUC-CAMPINAS, apresentou um estudo sobre “As

Galerias de Juiz de Fora: Urbanidade da Área Central” em 2006. Neste trabalho, ele analisa o

papel desempenhado pelas galerias na constituição da urbanidade da área central de Juiz de

Fora e a questão significativa que aborda o adensamento da população cada vez maior no

centro da cidade, enquanto que a maioria das cidades médias do país experimenta o processo

de descentralização urbana. Em seu trabalho foram mapeadas 52 galerias no ano de 2006.

Podemos citar também as Galerias Ana Delmonte e Pátio Central. (Figura 6.21)

Este estudo faz aumentar ainda mais a necessidade de projetos urbanísticos,

arquitetônicos e de prevenção e combate a incêndio adaptados as condições urbanísticas

diferenciadas do centro de Juiz de Fora. Maior adensamento, maior exposição ao risco,

maiores devem ser as medidas de prevenção.

Page 71: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

71

Figura 6.21 – Mapeamento das Galerias Comerciais do Centro de Juiz de Fora em 2006. [Fonte: CARVALHO]

Page 72: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

72

6.3 - INCÊNDIOS OCORRIDOS NA ÁREA CENTRAL DE JUIZ DE FORA

De acordo com o livro A História do Corpo de Bombeiros de Juiz de Fora, de 1901 até

1993 ocorreram 64 incêndios só na área central trabalhada. De acordo com dados do 4º

Pelotão de Bombeiros Militar de Juiz de Fora, de 2007 a 2014, foram 40 ocorrências nesta

mesma área sendo que, 12 delas necessitaram da vistoria da Defesa Civil de Juiz de Fora para

avaliação das condições estruturais da edificação após o sinistro. O Tempo médio de resposta

ao chamado foi de 5,63 minutos. (ANEXOS 4 e 5)

No livro, A História do Corpo de Bombeiros de Juiz de Fora, foram encontrados

registros destes incêndios na área entre Av. Barão do Rio Branco, Av. Presidente Itamar

Franco e Av. Francisco Bernardino.

● 1930 - um violento incêndio destruiu 7 (sete) estabelecimentos comerciais na rua

Halfeld e Av. Barão do Rio Branco. (Fonte: Jornal Diário Mercantil nº 5614 de janeiro de

1930). No mesmo ano, um incêndio destruiu a casa de armas Grippi e Irmãos na Rua Halfeld.

● 1940 - um incêndio destruiu uma esquina inteira de casas comerciais, reduzindo-as a

escombros, nas ruas Batista de Oliveira e Halfeld.

● 1946 - um incêndio destruiu completamente o prédio e a fábrica de macarrão dos

Irmãos Saggioro na Rua Batista de Oliveira.

●1949 - um incêndio destrói dois prédios na rua Halfeld.

● 1950 - violento incêndio destrói o edifício do Clube Juiz de Fora em 22 de fevereiro.

(Figura 6.22 e 6.23).

Page 73: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

73

Figura 6.22 - Edifício Clube Juiz de Fora depois do

incêndio de 1950. [Fonte: MARIA DO

RESGUARDO]

Figura 6.23 - Edifício Clube Juiz de Fora

construído depois do incêndio de 1950. [Fonte:

MARIA DO RESGUARDO]

● 1953 - violento incêndio destruiu inteiramente 8 (oito) estabelecimento comerciais

na rua Halfeld.

● 1954 - em 15 minutos o fogo destruiu completamente o prédio na Rua Marechal

Deodoro onde ficava a loja de tecidos Casa da Barateza.

● 1970 - toda a parte do edifício Santa Helena onde se encontrava instalado o Café

Santa Helena, na rua Halfeld foi destruída pelo incêndio.

● 1973 - fogo destrói Supermercado Panelão na Rua Marechal Deodoro.

● 1976 - incêndio destrói o maquinário da Malharia Rinkan na Rua São Sebastião.

● 1978 - incêndio destrói quatro lojas na Rua Halfeld.

● 1979 - um incêndio no Edifício Lenira na Av. Rio Branco, que começou em uma

padaria, colocou em pânico os moradores pois o fogo tomou conta da única saída do prédio.

● 1979 - incêndio destrói o Entreposto Santa Bárbara na Rua Batista de Oliveira

● 1980 - fogo destrói completamente a casa e camisaria Vitória na Rua Marechal

Deodoro.

● 1980 - fogo destrói depósito do Supermercado Merci na Rua Marechal Deodoro.

● 1984 - destruição parcial de instalações da Indústria Confecções Nacional Hallack

Ltda na Rua Fonseca Hermes.

Page 74: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

74

● 1987 - destruição total da Padaria Monte Carlo na Av. Getúlio Vargas devido a um

incêndio.

● 1991 - incêndio destrói três lojas na Rua Hipólito Caron.

● 1991 - fogo destrói prédio histórico na Av. Getúlio Vargas onde funcionava o

Mercado Municipal e a Pronta Entrega das Fábricas no Espaço Mascarenhas. (Figuras 6.24 a

6.29)

Figura 6.24 - Tecelagem Bernardo Mascarenhas – 1889 [Fonte: Maurício Lima Correa]

Figura 6.25 - Incêndio na Tecelagem Bernardo

Mascarenhas – 1991 [Fonte: acervo próprio]

Figura 6.26 - Incêndio na Tecelagem Bernardo

Mascarenhas – 1991 [Fonte: acervo próprio]

Figura 6.27 - Incêndio na Tecelagem Bernardo

Mascarenhas – 1991 [Fonte: Maurício Lima Correa]

Figura 6.28 - Incêndio na Tecelagem Bernardo

Mascarenhas – 1991 [Fonte: Maurício Lima

Correa]

Page 75: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

75

Figura 6.29 - Vista aérea do Mercado Municipal, atual Espaço Mascarenhas, após reforma e ampliação.

[Fonte: GAMA] ● 1993 - incêndio destrói instalações do Supermercado Javi na Rua Batista de Oliveira

Dados entre 1994 e 2006 não foram encontrados para esta pesquisa.

●2007 - incêndio destrói loja da Eletrocelso na Rua Floriano Peixoto. (Figuras 6.30 e 6.31)

Figura 6.30 - Imagem da loja no momento do

incêndio. [Fonte: ACESSA]

Figura 6.31 - Imagem da loja após o incêndio.

[Fonte: ACESSA]

●2008 - incêndio no galpão da loja Granatão na Av. Getúlio Vargas. Devido ao intenso calor,

ocorreu desabamento total da cobertura do galpão em estrutura metálica/telha de aço

galvanizado. (Figuras 6.32 e 6.33)

Page 76: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

76

Figura 6.32 - Imagem do galpão no momento do

incêndio a noite. [Fonte: ACESSA]

Figura 6.33 - Imagem do galpão no momento do

incêndio já durante o dia. [Fonte: ACESSA]

●2010 - incêndio destrói loja da Scio Lustres na Rua Santa Rita (Figuras 6.34 a 6.39)

Figura 6.34 - Imagem da loja no momento do

incêndio. [Fonte: SSPDC]

Figura 6.35 - Imagem da loja no momento do

incêndio. [Fonte: SSPDC]

Figura 6.36 - Imagem do interior da loja após

o incêndio. [Fonte: SSPDC]

Figura 6.37 - Imagem do interior da loja após o

incêndio - cobertura. [Fonte: SSPDC]

Page 77: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

77

Figura 6.38 - Imagem do interior da loja após o

incêndio. [Fonte: SSPDC]

Figura 6.39 - Imagem do interior da loja após o

incêndio – destruição do pilar com possibilidade de

reconstituição, pois a armadura não foi afetada.

[Fonte: SSPDC]

●2011 - Incêndio destrói 6 (seis) lojas e atinge mais três prédios na esquina da Rua Floriano

Peixoto com Av. Presidente Getúlio Vargas. Durante estágio na Subsecretaria de Defesa Civil

de Juiz de Fora, pôde-se registrar as imagens do sinistro no momento das vistorias. (Figuras

6.40 a 6.62)

Figura 6.40 - Imagem da loja Tete Festas no

momento do incêndio. [acervo próprio]

Figura 6.41 - Imagem da loja Tete Festas no momento

do incêndio. [acervo próprio]

Page 78: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

78

Figura 6.42 - Vista panorâmica do centro de Juiz de

Fora no momento do incêndio. [acervo próprio]

Figura 6.43 - Imagem do interior da loja Tete Festas

após o incêndio. [acervo próprio]

Figura 6.44 - Imagem do Castelo da Borracha no

momento do incêndio. Os Bombeiros tiveram que

usar um guindaste para alcançar os andares mais altos

do prédio. [acervo próprio]

Figura 6.45 - Imagem do prédio da loja Tete Festas

após o incêndio. [acervo próprio]

Figura 6.46 - Imagem do interior de um dos

apartamentos acima da loja da Tetê Festas após o

incêndio. Muitos cômodos não foram atingidos pelas

chamas, porém, a fuligem da fumaça causou muitos

estragos. [acervo próprio]

Figura 6.47 - Imagem do local onde haviam 6 lojas que

foram destruídas pelo incêndio. [acervo próprio]

Page 79: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

79

Figura 6.48 - Imagem do Hotel Nacional após o

incêndio. [acervo próprio]

Figura 6.49 - Imagem da entrada do Hotel Nacional após

o incêndio. A estrutura foi muito comprometida pelo

calor. [acervo próprio]

Figura 6.50 - Imagem do interior do Hotel Nacional

após o incêndio. A estrutura foi muito comprometida

pelo calor. [acervo próprio]

Figura 6.51 - Imagem do interior do Hotel Nacional após

o incêndio. A estrutura foi muito comprometida pelo

calor. [acervo próprio]

Figura 6.52 - Imagem do interior do Hotel Nacional

após o incêndio. A estrutura foi muito comprometida

pelo calor. [acervo próprio]

Figura 6.53 - Imagem do fundo do prédio do Castelo da

Borracha após o incêndio. A estrutura foi muito

comprometida pelo calor. [acervo próprio]

Page 80: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

80

Figura 6.54 - Imagem panorâmica do prédio do

Castelo da Borracha depois de horas do início do

incêndio. [acervo próprio]

Figura 6.55 - Imagem da lateral do prédio do Castelo da

Borracha após o incêndio. A estrutura foi muito

comprometida pelo calor. [acervo próprio]

Figura 6.56 - Imagem do interior do prédio do

Castelo da Borracha após o incêndio. A estrutura foi

muito comprometida pelo calor. [acervo próprio]

Figura 6.57 - Imagem do interior do prédio do Castelo da

Borracha após o incêndio. A estrutura foi muito

comprometida pelo calor. [acervo próprio]

Figura 6.58 - Imagem do fundo do prédio do Castelo

da Borracha após o incêndio. Os bombeiros, para

terem acesso com jatos de água ao interior do prédio,

tiveram que quebrar algumas paredes. [acervo

próprio]

Figura 6.59 - Imagem do interior do prédio do Castelo da

Borracha após o incêndio. Muitos materiais que

resistiram ao incêndio não puderam ser reaproveitados

por terem sido envolvidos pela fuligem. [acervo

próprio]

Page 81: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

81

Figura 6.60 - Imagem Panorâmica do momento do incêndio [acervo próprio]

Figura 6.61 - Imagem da esquina da Rua Floriano Peixoto

e Av. Getúlio Vargas, antes da ocorrência do incêndio.

[acervo próprio]

Figura 6.62 - Imagem da esquina da Rua Floriano

Peixoto e Av. Getúlio Vargas, em janeiro de 2015,

três anos após o incêndio [acervo próprio]

A eficácia da prevenção de incêndio em uma edificação depende do atendimento, por parte

desta, às seguintes exigências: [Fonte: MATEUS DA SILVA]

I – Implantar normas internas de segurança patrimonial e contra incêndio e pânico;

II – Levar as normas ao conhecimento de todos os moradores da edificação;

III – Fazer com que essas normas sejam regiamente respeitadas;

IV – Implantar todos os dispositivos e sistemas de segurança na edificação;

V – Ministrar instruções, através de palestras, a todos os moradores da edificação

quanto, aos métodos de utilização dos dispositivos e sistemas de segurança instalados na

edificação;

Page 82: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

82

VI – Desenvolver e implantar um PESE (Plano de Evacuação para Situações de

Emergência), de acordo com a realidade da edificação, fazendo com que todos os moradores

participem dos exercícios de simulação;

VII – Se possível, criar uma CIPA no condomínio e uma brigada de incêndios;

VIII – Após a implantação de todo o aprendizado, manter diariamente a idéia

prevencionista, onde todos devem participar;

IX – Efetuar vistorias diárias em toda a edificação e, caso seja detectada qualquer

anormalidade ou irregularidade, levar o fato imediatamente ao conhecimento do síndico ou

zelador, a fim de serem tomadas as providências devidas, o mais rápido possível;

X – Acreditar que um incêndio pode ocorrer em qualquer edificação;

XI – Incluir no quadro de funcionários da edificação, no mínimo três profissionais

com especialidade nesse assunto, sendo um para cada período;

XII – Instalar corrimãos nas escadas, portas corta-fogo, placas sinalizadoras, pisos

antiderrapantes nos corredores e escadas de iluminação de emergência em toda a edificação;

XIII – Manter na edificação os equipamentos de proteção individual de emergência em

bom estado de conservação e disponíveis;

XIV – Verificar, através de vistorias periódicas, todos os equipamentos de prevenção e

combate ao fogo, como: rede de hidrantes, mangueiras, esguichos, reservatórios de água,

extintores, chuveiros automáticos, sistemas de alarmes e iluminação de emergência, etc.

6.4 - PESQUISA DE CAMPO

Devido a todo estudo sobre os incêndios ocorridos no centro de Juiz de Fora e ao fato

de que há muitos anos houve-se falar do despreparo e da não conscientização da população

sobre a prevenção e combate a incêndio, foram feitas duas pesquisas de campo sobre os temas

mais marcantes em se tratando de um incêndio.

A primeira pesquisa foi feita, na área aqui trabalhada do centro de Juiz de Fora onde,

124 pessoas, homens e mulheres, foram abordadas e responderam a três perguntas rápidas: 1-

Já utilizou um extintor de incêndio? 2- Sabe romper o lacre de um extintor? 3- Na ocorrência

de um princípio de incêndio em uma loja em que você se encontra, sua primeira reação é

procurar um extintor ou sair correndo? A princípio as perguntas pareceram confusas e muitas

respostas foram: depende.

Page 83: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

83

A segunda pesquisa foi sobre a quantidade de hidrantes de passeio instalados na área

aqui trabalhada e as condições em que eles se encontram.

Diante de um princípio de incêndio, como proceder? Essa é a pergunta que todos nós

deveríamos nos fazer para que, caso ocorra, o pânico e o medo não nos levem a tomarmos

decisões desesperadas e inapropriadas levando a um agravo da situação. De acordo com o

Capitão Wilson Expedito Mateus da Silva, em entrevista para este trabalho, os primeiros 3

(três) minutos, após iniciado a queima de um material, são cruciais para tentar conter as

chamas antes que elas se espalhem. Por isso a utilização dos extintores de incêndio é de total

importância no combate aos princípios de incêndios. Mesmo que não se consiga apagar

totalmente o fogo, o extintor pode retardar a expansão rápida das chamas até a chegada do

corpo de bombeiros. Mas você sabe utilizar um extintor? Sabe romper o lacre do extintor?

Essas foram algumas das perguntas levantadas em entrevista a população no centro de Juiz de

Fora e colocadas em tabela para levantamento e análise dos dados.

Contra o incêndio, o melhor a ser feito é prevenir seu surgimento, não sendo possível,

controlar sua propagação e extingui-lo. A preocupação de prevenir incêndios deve sobrevir

ainda na fase de planejamento da edificação, no projeto de arquitetura. Nessa fase, podem ser

pensadas as rotas de saída de emergência, acesso ao corpo de bombeiros, controle do emprego

de materiais combustíveis e da propagação da fumaça. Anterior ao projeto de arquitetura, nas

cidades planejadas, tem-se o urbanismo. A distribuição de quadras, ruas, destinação de lotes

etc. pode ser acompanhada da prevenção de incêndios. O projeto de instalações contra

incêndio e pânico também revelará medidas de proteção eficientes nos casos de sinistro. A

IT29 em seu item 5.1.3, recomenda que a concessionária local dos serviços de água e esgotos

ou a Prefeitura Municipal somente assine o “aceite” da rede de distribuição de água do

loteamento, após a inspeção e testes dos hidrantes públicos e a verificação de que foram

instalados conforme projeto aprovado, além do cumprimento dos demais requisitos legais

pertinentes.

No entanto, de pouco servirão os sistemas de proteção instalados (extintores,

hidrantes, iluminação, saídas de emergência etc.) se a população não souber utilizá-los ou,

ainda, se não passarem por manutenção periódica. É imprescindível que os usuários das

edificações saibam adotar procedimentos básicos para acionar o Corpo de Bombeiros, evacuar

o local sinistrado e dar o combate inicial aos focos de incêndio.

O número de entrevistados foi insignificante para dizermos que a população não está

preparada para um sinistro, mas a porcentagem dos resultados que analisaremos mais a frente,

Page 84: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

84

desperta a necessidade de fazer um trabalho mais aprofundado. Uma pesquisa maior, uma

campanha de conscientização e treinamento adequado devem ser projetos a serem

desenvolvidos. (TAB 6.4)

Foram entrevistadas ao todo 124 pessoas sendo 60 mulheres e 64 homens. As

seguintes perguntas foram feitas:

1- Você já utilizou um extintor de incêndio?

2- Você sabe romper o lacre do extintor?

3- Se você está em um local e começa um princípio de incêndio (loja, consultório,

escritório, etc.) qual sua primeira reação: correr para fora do local ou procurar um

extintor de incêndio?

Essas perguntas foram feitas devido a comentários que discutiremos logo a frente. E os

comentários dos entrevistados também foram bastante interessantes.

Page 85: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

85

ENTREVISTA - MULHERES

Já usou um

extintor?

Sabe como

retirar o

lacre?

1ª reação:

Sair ou usar

extintor?

Já usou um

extintor?

Sabe como

retirar o

lacre?

1ª reação:

Sair ou usar

extintor?

1 NÃO NÃO SAIR 31 SIM SIM SAIR

2 NÃO NÃO SAIR 32 SIM SIM EXTINTOR

3 NÃO SIM SAIR 33 SIM SIM SAIR

4 NÃO NÃO SAIR 34 NÃO NÃO SAIR

5 NÃO NÃO SAIR 35 NÃO NÃO SAIR

6 NÃO NÃO SAIR 36 NÃO NÃO SAIR

7 NÃO NÃO SAIR 37 NÃO NÃO SAIR

8 NÃO NÃO SAIR 38 NÃO NÃO SAIR

9 NÃO NÃO EXTINTOR 39 NÃO SIM SAIR

10 NÃO NÃO EXTINTOR 40 NÃO SIM SAIR

11 NÃO NÃO SAIR 41 NÃO SIM SAIR

12 NÃO SIM EXTINTOR 42 NÃO NÃO SAIR

13 NÃO NÃO SAIR 43 NÃO NÃO SAIR

14 NÃO NÃO SAIR 44 SIM SIM EXTINTOR

15 NÃO NÃO SAIR 45 NÃO NÃO SAIR

16 NÃO NÃO SAIR 46 NÃO NÃO SAIR

17 NÃO NÃO SAIR 47 NÃO NÃO EXTINTOR

18 NÃO NÃO SAIR 48 SIM SIM EXTINTOR

19 NÃO NÃO SAIR 49 NÃO SIM SAIR

20 NÃO NÃO SAIR 50 NÃO NÃO SAIR

21 NÃO NÃO SAIR 51 NÃO NÃO SAIR

22 NÃO NÃO SAIR 52 NÃO NÃO SAIR

23 NÃO SIM SAIR 53 NÃO NÃO SAIR

24 NÃO NÃO SAIR 54 SIM SIM SAIR

25 NÃO NÃO SAIR 55 NAO NAO SAIR

26 NÃO NÃO SAIR 56 SIM SIM SAIR

27 NÃO NÃO SAIR 57 NAO NÃO SAIR

28 SIM SIM SAIR 58 NAO NÃO SAIR

29 NÃO NÃO SAIR 59 NAO NÃO SAIR

30 NÃO NÃO SAIR 60 NAO NÃO SAIR

Tabela 6.4 – respostas às perguntas feitas em campo na data de 09/05/2015 (véspera do dia das mães; data em

que o centro encontrava-se bastante movimentado).

Das 60 mulheres entrevistadas:

- 7 (sete) – 12,28% - disseram já ter usado um extintor e saber romper o lacre. Duas delas por

treinamento de combate a incêndio na empresa em que trabalham.

- 14 (quatorze) – 24,56% - disseram saber romper o lacre do extintor, mas nunca o utilizaram.

As outras 39 responderam que não sabem, acham que sabem ou nem sabiam que o extintor

tem um lacre de segurança, então essas respostas foram consideradas que não sabem romper o

lacre.

- Das 7 (sete) que responderam já ter usado um extintor e sabem romper o lacre, 4 (quatro)

disseram que sairiam do local ao ver um princípio de incêndio.

Page 86: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

86

Não nos cabe julgar a atitude das pessoas perante um sinistro, uma dificuldade, um

pânico. No momento difícil, cada um lida com seus medos e pode apresentar reações diversas

a várias situações. Estamos aqui apenas analisando as chances de uma pessoa, de frente a um

sinistro, não ter atitudes primárias de combate à incêndio por despreparo, medo ou

desconhecimento dos materiais de combate a incêndio.

A maioria das pessoas que sobrevive às situações de emergência não é a mais jovial e

forte, mas a que está mais consciente e preparada para agir nessas situações. Isso é

comportamento adquirido com treinamento específico para o uso de um extintor, abandono de

área em situações de emergência, ajudar alguém com dificuldades de locomoção ou, em caso

de não conseguir sair do local, se manter protegido até a chegada do socorro. Os sistemas de

combate a incêndios devem estar em perfeitas condições de operacionalidade, bem projetados,

instalados e sinalizados, mas isso não basta se não tiver pessoas no local que saibam utiliza-

los. [Fonte: A SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO NO BRASIL pg. 96]

Assim também foi feita esta mesma pesquisa de campo no centro, nesta mesma data,

onde foram feitas essas três perguntas aos homens, com idade entre 20 e 50 anos, para que,

junto ao número de sinistros já ocorridos, possamos avaliar aspectos de preparação diante de

um sinistro. (Tabela 6.5)

Page 87: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

87

ENTREVISTA - HOMENS

Já usou um

extintor?

Sabe como

retirar o

lacre?

1ª reação:

Sair ou usar

extintor?

Já usou um

extintor?

Sabe como

retirar o

lacre?

1ª reação:

Sair ou usar

extintor?

1 NÃO NÃO SAIR 33 NÃO SIM EXTINTOR

2 NÃO NÃO SAIR 34 SIM SIM EXTINTOR

3 NÃO NÃO SAIR 35 SIM SIM EXTINTOR

4 NÃO SIM EXTINTOR 36 NÃO NÃO SAIR

5 NÃO SIM EXTINTOR 37 SIM SIM EXTINTOR

6 NÃO NÃO SAIR 38 SIM SIM EXTINTOR

7 SIM SIM EXTINTOR 39 SIM SIM EXTINTOR

8 NÃO SIM SAIR 40 SIM SIM EXTINTOR

9 NÃO SIM SAIR 41 SIM SIM SAIR

10 NÃO NÃO SAIR 42 NÃO NÃO SAIR

11 NÃO SIM EXTINTOR 43 NÃO SIM EXTINTOR

12 SIM SIM EXTINTOR 44 NÃO NÃO SAIR

13 SIM SIM EXTINTOR 45 SIM SIM EXTINTOR

14 SIM SIM SAIR 46 NÃO NÃO SAIR

15 SIM SIM EXTINTOR 47 NÃO SIM SAIR

16 NÃO SIM EXTINTOR 48 SIM SIM EXTINTOR

17 SIM SIM EXTINTOR 49 NÃO NÃO SAIR

18 SIM SIM EXTINTOR 50 SIM SIM SAIR

19 SIM SIM EXTINTOR 51 NÃO NÃO SAIR

20 SIM SIM EXTINTOR 52 NÃO NÃO SAIR

21 SIM SIM EXTINTOR 53 NÃO NÃO SAIR

22 NÃO NÃO EXTINTOR 54 NÃO NÃO SAIR

23 NÃO NÃO EXTINTOR 55 SIM SIM EXTINTOR

24 NÃO SIM SAIR 56 NÃO NÃO SAIR

25 NÃO NÃO EXTINTOR 57 NÃO NÃO SAIR

26 SIM SIM SAIR 58 NÃO SIM EXTINTOR

27 SIM SIM EXTINTOR 59 SIM SIM EXTINTOR

28 SIM SIM EXTINTOR 60 NÃO NÃO SAIR

29 NÃO NÃO SAIR 61 NÃO NÃO SAIR

30 SIM SIM EXTINTOR 62 NÃO NÃO SAIR

31 NÃO NÃO SAIR 63 NÃO NÃO SAIR

32 NÃO NÃO SAIR 64 NÃO NÃO SAIR

Tabela 6.5 – respostas às perguntas feitas em campo na data de 09/05/2015 (véspera do dia das mães; data em

que o centro encontrava-se bastante movimentado).

Dos 64 homens entrevistados:

- 26 (vinte e seis) – 40,62% - disseram já ter usado um extintor e saber romper o lacre. Mais

de 5 deles por treinamento de combate a incêndio na empresa em que trabalham. Boa parte

por já terem utilizado o extintor do carro e a grande maioria por brincar com extintores

quando crianças e adolescentes.

- 37 (trinta e sete) – 57,81% - disseram saber romper o lacre do extintor mas, nunca o utilizou.

Os outros 27 responderam que não sabem ou acham que sabem.

- Dos 26 (vinte e seis) que responderam já ter usado um extintor e sabem romper o lacre – 4

(quatro) – disseram que sairiam do local ao ver um princípio de incêndio.

Page 88: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

88

Podemos ver que os homens estão “mais preparados” para lidar com uma situação de

incêndio do que as mulheres talvez por situações as quais já estiveram expostos. Os

comentários que foram feitos pelos homens mostra que eles estão mais presentes em

treinamentos de brigadista, que quando crianças têm o costume e a curiosidade de fazer

travessuras uns com os outros utilizando extintores de incêndios e, por serem a maioria como

motoristas, tiveram oportunidade de utilizar um extintor no próprio carro ou de um próximo.

O fato de já terem tido contato com um extintor, reduz-lhes o medo de utiliza-lo. O medo do

uso do extintor é que muitas vezes afasta as pessoas de prestarem os primeiros socorros.

Algumas mulheres entrevistadas fizeram os seguintes comentários: “tenho extintor em

casa, mas nunca parei para olhar ou mexer”; “trabalho no comércio, minha loja tem extintor,

mas nunca me mostraram onde fica nem fizeram qualquer tipo de treinamento”; algumas

responderam que correriam do local por terem medo do extintor, não saberem se ele é pesado

ou se a pressão vai derrubá-las, etc. Esses três comentários se repetiram mais de uma vez.

Na questão de sair correndo do local ou procurar um extintor, alguns, tanto homens

quanto mulheres, fizeram o seguinte comentário: “Depende, se a loja for minha eu procuro

um extintor, senão, eu saio correndo.”

Algumas pessoas que indagaram na hora da resposta: “Depende da extensão e da

gravidade do incêndio, se eu ver que dá para apagar eu uso o extintor, senão eu corro.” Essas

respostas mostram que, perante um sinistro, a pessoa poderá ter a calma e consciência para

analisar a situação e tomar as medidas necessárias e apropriadas ao momento preservando a

sua segurança e a de terceiros. O que, por sinal, é uma ótima atitude.

Conclui-se que a maioria das pessoas não reage ao sinistro por medo do uso do

extintor, ao passo que, aqueles que já tiveram contato com o mesmo, demostraram ter uma

reação mais ativa perante um incêndio.

O Capitão Wilson Expedito comentou sobre um dado que ele notou algumas vezes:

“As pessoas acham que não podem mexer no extintor diante de um incêndio, que tem que ser

um funcionário do local”. Isso nos faz lembrar dos 3 (três) primeiros minutos cruciais. Se

quem estiver no local no momento do início do sinistro, puder e souber utilizar um extintor,

este pode ser capaz de extinguir as chamas ou controla-las até a chegada do corpo de

bombeiros.

Um ótimo exemplo da importância do uso do extintor está na notícia do Jornal Tribuna

de Minas de 11 de agosto de 2012, as 19h38, sobre um incêndio que interdita a Rua Batista de

Oliveira:

Page 89: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

89

„Um incêndio iniciado na churrasqueira de um restaurante localizado na Rua Batista de

Oliveira, próximo à Rua Fonseca Hermes, no Centro, assustou moradores, comerciantes e

quem passava pelo local pela manhã. Por volta das 9h, funcionários do estabelecimento

perceberam a fumaça e, ao serem informados das chamas, conseguiram escapar do local.

Alguns precisaram pular a janela do segundo andar do imóvel, mas ninguém ficou ferido.

Antes que as viaturas do Corpo de Bombeiros chegassem, a atitude corajosa de um

funcionário do estacionamento localizado ao lado do restaurante permitiu que as chamas

fossem debeladas. Pedro Vieira Tostes, 45 anos, estava no subsolo do estacionamento quando

ouviu pessoas gritando. "Peguei o extintor e subi correndo, mas a fumaça era tanta que foi

difícil identificar de onde vinha. Quando vi as labaredas altas na chaminé do telhado imaginei

que fosse da churrasqueira e mirei para ela. Como já fiz curso de primeiros socorros e de

prevenção contra incêndio, também orientei que pulasse um de cada vez a janela, usando o

toldo para escorar." A suspeita dos bombeiros é que o incêndio tenha sido ocasionado pelo

acúmulo de detritos na calha e nos exaustores da churrasqueira. "Como o fogo já havia sido

debelado, fizemos o rescaldo, verificamos as instalações. Realizamos todos os procedimentos

necessários e não há mais risco... explica o comandante da operação dos bombeiros, tenente

Diogo Chelini.” [Fonte: TRIBUNA DE MINAS]

Para isso, a pessoa deve receber orientação, treinamento, e ser capaz de analisar a

situação para não entrar em pânico e poder também socorrer e orientar as demais pessoas do

local.

Como já foi dito anteriormente, a engenharia de combate a incêndio também estuda o

comportamento das pessoas diante um sinistro. Não se pode afirmar a reação de um indivíduo

ao se deparar com um incêndio, nem mesmo a de profissionais habilitados. Pode sim, fazer

um levantamento de estatísticas e probabilidades a fim de realizarem estudos e desenvolverem

métodos para ajudar as pessoas a manterem a calma, não entrar em pânico e raciocinarem na

melhor atitude tomar quando estiverem em situações de incêndio. Tanto para salvar sua

própria vida, quanto à de terceiros.

O ideal é que cada empresa, loja, centro comercial e indústria, possua uma equipe de

brigadistas (grupo organizado de pessoas treinadas e capacitadas para atuar na prevenção e no

combate ao princípio de incêndio, abandono de área e primeiros socorros, conforme definição

da NBR 14276:2006 - Brigada de incêndio - Requisitos, ABNT. Pg.97)

Page 90: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

90

6.5 HIDRANTES PÚBLICOS

Hidrantes são Aparelhos ligados aos encanamentos de abastecimento d‟água que

permitem a adaptação de bombas e/ou mangueiras para o serviço de extinção de incêndios.

[Fonte: ABNT NBR 5.667] (Figura 6.63)

Figura 6.63 - Hidrante público [Fonte: CASARIM]

A Instrução Técnica 29 e a NBR 5667 estabelecem a regulamentação das condições

mínimas para a instalação de hidrantes públicos.

Para Minas Gerais, a IT 29 estabelece que os hidrantes públicos terão, cada um, um

raio de ação de, no máximo 300 (trezentos) metros, devendo atender a toda área do

loteamento e serão instalados em rede de diâmetro mínimo de 100 (cem) mm.. Essa norma

retrata sobre os hidrantes públicos, subtendendo que, ao longo de toda a cidade, não se faz

distinção se o bairro é residencial, comercial ou industrial. Para este estudo, ressaltasse que

nas cidades de Minas Gerais não é observado o cumprimento desta Norma.

Da instalação de hidrante público na rede pública: à concessionária local dos serviços

de águas e esgotos é atribuída a competência para o projeto, a instalação, a substituição e a

manutenção dos hidrantes públicos. A concessionária, em conjunto com o Corpo de

Bombeiros da área, estabelecerá os locais para a instalação dos hidrantes públicos,

acompanhando os trabalhos de instalação. [Fonte: ABNT NBR 5.667]

Para que sejam feitas novas instalações de hidrantes públicos, a NBR 12.218 enumera

alguns elementos e atividades necessárias para o desenvolvimento de projeto: [Fonte: ABNT

NBR 5.667]

- Estudo de concepção do sistema de abastecimento, elaborado conforme a NBR

12.211;

- Definição das etapas de implantação;

Page 91: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

91

- Projetos de outras partes do sistema de abastecimento já elaborados, atendendo à

concepção básica a que se referem os elementos necessários;

- Levantamento planialtimétrico da área do projeto com detalhes do arruamento, tipo

de pavimento, obras especiais, interferências e cadastro da rede existente;

- Plano de urbanização e legislação relativa ao uso e ocupação do solo.

- Definição das etapas de execução da rede e das correspondentes vazões de

distribuição para dimensionamento;

- Delimitação do perímetro da área total a ser abastecida, dos contornos das áreas de

mesma densidade demográfica e de mesma vazão específica;

- Delimitação das zonas de pressão;

- Análise das instalações de distribuição existentes, objetivando seu aproveitamento;

De acordo com dados do IBGE, o censo demográfico de Juiz de Fora em 2010 foi

estimado em 516.247 habitantes distribuídos na área da cidade de 1.435,664km². Visando a

total cobertura da área da cidade, respeitando as Normas e projetos, o Corpo de Bombeiros

Militar de Minas Gerais – 4º BBM em Juiz de Fora, informou que a quantidade de hidrantes

públicos instalados é insatisfatória e apresentou propostas para instalações de novos hidrantes,

sendo 18 no centro. (Figuras 6.64 e 6.65)

Page 92: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

92

Figura 6.64 - Localização dos hidrantes públicos para combate a incêndio no Município de Juiz de Fora [Fonte

4ºBBM – Juiz de Fora]

Page 93: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

93

Figura 6.65 Proposta para instalação de hidrantes públicos para combate a incêndio no Município de Juiz de Fora

[Fonte 4ºBBM – Juiz de Fora]

Page 94: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

94

De acordo com informações do Corpo de Bombeiros Militar em Juiz de Fora e da

CESAMA, existem onze hidrantes na área central trabalhada. No mapa abaixo, fornecido pelo

4ºBBM em Juiz de Fora, estão assinalados os locais onde existem hidrantes operantes e locais

sugeridos para novas instalações. (Figura 6.66)

Figura 6.66 Mapa de localização dos hidrantes públicos no triângulo vermelho central de Juiz de Fora.

[Fonte 4ºBBM – Juiz de Fora]

Page 95: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

95

A CESAMA de Juiz de Fora, através do Ofício nº 150/2014 – DECO (ANEXO 06),

forneceu um mapa contendo a localização dos hidrantes por ela cadastrada na região central

aqui trabalhada (localização esta em consonância com os dados fornecidos pelo Corpo de

Bombeiros) e a localização e dimensionamento das redes de distribuição de água da região.

Também através deste ofício, foi fornecido pela Gerência Técnica da CESAMA, o

custo da instalação de um hidrante, em uma rede de 200mm, é de aproximadamente

R$13.200,00 (treze mil e duzentos reais). Cabe ressaltar que a instalação de novos hidrantes

tem que respeitar o diâmetro mínimo estipulado pela NBR 12.218 que é de 100mm, e nem

sempre a rede que passa pela via é a mínima necessária para a instalação, o que encarece o

custo da mesma necessitando que a concessionária responsável pela obra tenha que trocar

toda a rede hidráulica, até o novo hidrante, com o diâmetro mínimo. Isto inclui abertura de

asfalto, transtornos de trânsito e pedestres, custos de mão de obra, etc.

No jornal Gazeta Commercial nº 1945 de 27 de julho de 1930, ano em que ocorreram

5 incêndios no centro de Juiz de Fora, já comentava-se sobre a necessidade da instalação de

mais hidrantes.

Existe uma lei importante, que deve ser cumprida pelo setor de trânsito da Prefeitura

Municipal de Juiz de Fora, a Lei nº 9.503 - Código de Trânsito Brasileiro (BRASIL, 1997),

em seu artigo 181 - VI, prevê que “estacionar o veículo junto ou sobre hidrantes de incêndio,

registro de água ou tampas de poços de visita de galerias subterrâneas, desde que devidamente

identificados, conforme especificação do CONTRAN” (Conselho Nacional de Trânsito),

caracterizando uma infração do tipo média, que tem como penalidade multa e como medida

administrativa a remoção do veículo. A especificação do CONTRAN prescrito no art. 181 do

Código de Trânsito Brasileiro está retratada na resolução nº 31, de 21 de maio de 1998

(BRASIL, 1998), onde prevê que “as áreas destinadas ao acesso prioritário para hidrantes,

registros de água ou tampas de poços de visita de galerias subterrâneas deverão ser sinalizadas

através de pintura na cor amarela, com linhas de indicação de proibição de estacionamento

e/ou parada.” [Fonte: CTB]

As figuras 6.70 e 6.75 mostram os dois hidrantes localizados no centro de Juiz de Fora

que necessitam de sinalização vertical e/ou horizontal, porém, essas sinalizações ou estão em

estado precário de conservação e necessitam de manutenção, ou são confusas, deixando

margem para o estacionamento indevido na frente do hidrante.

Dos onze hidrantes localizados no centro, sete deles possuem obstáculos próximos

como postes, orelhões e banca de jornal. Infelizmente, não foi encontrada nenhuma legislação

Page 96: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

96

que regulamentasse a distância mínima para instalação de qualquer dispositivo que possa

dificultar a aproximação de um veículo de combate a incêndio.

Os onze hidrantes públicos, mapeados anteriormente, foram registrados em suas

respectivas localizações no centro de Juiz de Fora. (Figuras 6. 67 a 6.80)

Através das imagens, identifica-se a falta da correta sinalização e desrespeito a distância de

instalação de postes, orelhões e latas de lixo.

Figura 6.67 - Hidrante na Rua Batista de Oliveira,

próximo ao cruzamento com a Rua Floriano Peixoto,

com sinalização vertical e horizontal de acordo com

o CNT. [acervo próprio – data: 03/05/2015]

Figura 6.68 – Detalhe da sinalização vertical do

hidrante mostrado na figura 6.67.

Figura 6.69 - Hidrante na Av. Barão do Rio Branco

esquina com Rua Marechal Deodoro. [acervo próprio

– data: 03/05/2015]

Figura 6.70 - Hidrante na Av. Barão do Rio Branco

esquina com Rua Floriano Peixoto. [acervo próprio –

data: 03/05/2015]

Page 97: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

97

Figura 6.71 - Hidrante na Av. Barão do Rio Branco

esquina com Av. Presidente Getúlio Vargas. Possui

apena sinalização horizontal. [acervo próprio– data:

03/05/2015]

Figura 6.72 - Av. Presidente Getúlio Vargas esquina

com Rua Mister Moore. [acervo próprio – data:

03/05/2015]

Figura 6.73 - Hidrante na Av. Barão do Rio Branco

esquina com Rua Oscar Vidal. [acervo próprio –

data: 03/05/2015]

Figura 6.74 – Hidrante na Av. Barão do Rio Branco

esquina com Rua São João Nepomuceno. [acervo

próprio – data: 03/05/2015]

Figura 6.75 – Hidrante na Rua Paulo de Frontin

(Praça do Canhão). [acervo próprio – data:

03/05/2015]

Figura 6.76 – Hidrante na Rua Paulo de Frontim

próximo ao Estacionamento do Mercado Municipal.

[acervo próprio – data: 03/05/2015]

Page 98: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

98

Figura 6.77 - Av. Barão do Rio Branco próximo a

Av. Presidente Itamar Franco. [acervo próprio –

data: 03/05/2015]

Figura 6.78 - Hidrante na Rua Batista de Oliveira

esquina com a Rua Halfeld. [acervo próprio – data:

03/05/2015]

Figura 6.79 - O Hidrante da Rua Paulo de Frontin

próximo ao Mercado Municipal, não só não possui

sinalização vertical e horizontal, como a

sinalização permite o estacionamento. [acervo

próprio – data: 03/05/2015]

Figura 6.80 - Detalhe da placa da figura 6.79

Para novos loteamentos, a IT29 no item 5.1.3, recomenda que a concessionária local

dos serviços de água e esgotos ou a prefeitura municipal somente assine o “aceite” da rede de

distribuição de água do loteamento, após a inspeção e testes dos hidrantes públicos e a

verificação de que foram instalados conforme projeto aprovado, além do cumprimento dos

demais requisitos legais pertinentes. [Fonte: CBMMG]

Page 99: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

99

6.6 - CONSEQUÊNCIAS DE UM INCÊNDIO

Quando um incêndio ocorre, seja ele de pequenas ou grandes proporções, várias são as

situações que podem ser agravadas ou surgir por causa de um incêndio. Além do prejuízo

material, e em casos extremos onde ocorrem vítimas, os incêndios podem causar perturbações

coletivas como restrição de vias públicas, desvio ou interdição de tráfego, queda de energia,

grande volume de fumaça, interrupção de linhas telefônicas, deslocamento de moradores

vizinhos ao sinistro por tempo indeterminado, incêndio secundário, e também proporcionar

um trauma psicológico por aqueles envolvidos no ocorrido. (Figuras 3.25 e 6.81 a 6.85)

Figura 3.25 - Incêndio no edifício Andorinhas no

Rio de Janeiro – Atentar para o fechamento do

cruzamento das ruas próxima ao sinistro. [Fonte:

TERRA]

Figura 6.81 - Imagem panorâmica do incêndio do prédio

da Tetê festas na Rua Floriano Peixoto em Juiz de Fora –

Atentar para o grande volume de fumaça que cercou os

prédios ao redor. Quem deixou a janela aberta ou a roupa

no varal teve prejuízo. [acervo próprio]

Page 100: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

100

Figura 6.82 - Armário de Distribuição de Linhas

Telefônicas localizado na Av. Getúlio Vargas.

[acervo próprio [acervo próprio – data: 03/05/2015]

Figura 6.83 - Detalhe interno de Armário de Distribuição

de Linhas Telefônicas. Caso este armário sofra

consequência de um sinistro de incêndio, cerca de 400

usuários de serviços de telecomunicações serão

prejudicados. [acervo próprio [acervo próprio – data:

03/05/2015]

Figura 6.84 - Detalhe para o Poste com

Equipamento de Energia Elétrica que, se atingido

por um sinistro, pode acarretar corte temporário de

energia aos usuários por ele atendidos. [acervo

próprio [acervo próprio – data: 03/05/2015]

Figura 6.85 - Detalhe para a Caixa Terminal de Ligação

Telefônica sujeita a ser atingida por sinistro devido às

condições precárias de manutenção do edifício. [acervo

próprio[acervo próprio – data: 03/05/2015]

Page 101: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

101

Capítulo 7

CONCLUSÕES

A engenharia de segurança contra incêndio é uma área multidisciplinar de ciência,

tecnologia, psicologia, medicina, gerenciamento e legislações. Para que o número de

incêndios seja reduzido, estudos sobre métodos de prevenção e combate a incêndio devem

não só ser desenvolvidos como respeitados. A cultura do Brasil hoje infelizmente não é a de

prevenção e sim de economia. Para que o sistema se desenvolva, prevenção e combate,

tecnologia e conscientização devem andar juntos. Não podemos recriminar a precariedade do

sistema de combate a incêndio da cidade de Juiz de Fora face a precariedade deste sistema no

Brasil.

Concluímos que o centro de Juiz de Fora está pré-disposto a ocorrências de incêndios

devido ao seu crescimento rápido e desordenado, sem planejamento para a prevenção de

combate a incêndio e a miscigenação de prédios altos, baixos, históricos e recém-construídos.

Por não possuírem afastamento entre si, a falta de isolamento adequado entre as edificações e

de acordo com as normas de prevenção, propicia uma propagação rápida das chamas entre as

edificações.

Com o grande número de galerias comerciais, que formam corredores de ventos

alimentadores de incêndios em meio a residências, escritórios, consultórios, lojas e sobrelojas,

depósitos e pequenas fábricas, o número de estabelecimentos em conformidade com as

normas de prevenção, na área aqui trabalhada, é muito pequeno e preocupante. Dos 14.410

imóveis que constam nesta área, apenas 1.131 possuem processo de AVCB na Companhia de

Prevenção do Corpo de Bombeiros, ou seja, 7,8%, sendo 3,4% da área com AVCB (496) e

4,4% em andamento (635). Os outros 13.279 locais (92,8%) ou não necessitam do AVCB ou

estão irregulares. Essa relação deve ser levantada a fim de sabermos a real situação de risco a

qual o centro da cidade está exposto estando em desconformidade com as normas de

prevenção.

Comparado ao intervalo de 92 anos de 1901 a 1993 que obteve aproximadamente 64

ocorrências de incêndios no local, os 40 incêndios no intervalo de 7 anos entre 2007 e 2014 na

mesma área demonstram que a prevenção não está crescendo com a mesma velocidade que as

ocorrências. É preciso um trabalho emergencial entre a Prefeitura de Juiz de Fora, o Corpo de

Bombeiros e outros órgãos associados para estudarem as estatísticas, analisar a situação, fazer

Page 102: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

102

um estudo do local, aplicar as medidas preventivas cabíveis, aumentar a fiscalização e realizar

treinamento não só de profissionais, mas também instruir a população.

Para que todo o processo funcione devidamente, os bombeiros, profissionais

solicitados na hora de um incêndio, necessitam ter condições de realizarem seu trabalho em

segurança e com eficácia. É preciso uma reavaliação do efetivo disponível para atendimento e

seus equipamentos de trabalho verificando se este número está apto a atender aos chamados

necessários. Vale lembrar que podem ocorrer incêndios num mesmo intervalo de tempo em

pontos distantes na cidade e em cidades diferentes, já que o efetivo de Juiz de Fora atende

também outros municípios.

Os grandes incêndios têm suas características próprias, em função dos cenários em que

se desenvolvem. Dentre os elementos que os influenciam estão fatores arquitetônicos como

compartimentação horizontal e vertical, sistema construtivo, afastamento entre outras

edificações, materiais combustíveis oriundos de decoração, mobiliário e de acabamento; além

de outros como época do ano, efeitos climáticos, presença de ventos e localização geográfica.

Sendo assim, foram solicitados pelo Corpo de Bombeiros a instalação de mais 18 hidrantes na

área central. Mesmo a IT29 em seu item 5.1.2.2 „a‟ e „c‟, onde estabelece que os hidrantes

públicos tenham, cada um, um raio de ação de no máximo 300 (trezentos) metros e que

deverão ser instalados em rede de diâmetro mínimo de 100 (cem) mm, quem melhor do que

os bombeiros para dizerem se esse número está suficiente? Os bombeiros são quem lidam

com as dificuldades na hora do sinistro e tudo deve ser resolvido imediatamente. Se o número

mínimo estipulado por norma não está suficiente, é preciso fazer um estudo das condições de

trabalho que se tornam obstáculos à prestação de serviço. Serviço este que pode custar vidas.

Da mesma forma, o desrespeito à sinalização quanto ao Código de Trânsito Brasileiro,

pode interromper o abastecimento do caminhão do Corpo de Bombeiros na hora de um

sinistro, retardando o atendimento. A falta de sinalização ou a má conservação desta pode

causar também transtornos desnecessários, posteriores ao sinistro, como danos a veículos de

terceiros. É preciso que façam uma atualização das sinalizações da área central de Juiz de

Fora, principalmente relativas aos hidrantes, já que estas encontram-se em desconformidade

com o Código de Trânsito Brasileiro.

No que diz respeito ao despreparo dos profissionais de engenharia e arquitetura no

Brasil, são raras as universidades que tem uma matéria específica para dar o mínimo de

informação básica sobre projetos de prevenção e combate a incêndio, e em Juiz de Fora não é

diferente. É preciso que os cursos superiores invistam na formação de profissionais que se

Page 103: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

103

preocupem com a segurança contra incêndio e pânico já no momento do projeto. Vale

ressaltar que engenheiros e arquitetos recém-formados desconhecem sistemas como escadas

enclausuradas ou materiais isolantes térmicos cuja finalidade não é só manter o quarto

quentinho no inverno e fresco no verão.

Com um pequeno número de pessoas entrevistadas, mostrou-se o despreparo e

desconhecimento da população quanto ao uso do aparelho básico para combate do princípio

de incêndio, o extintor. Para os ocupantes das edificações, as saídas conhecidas são mais

procuradas do que rotas de fuga não familiares, o que torna a sinalização menos importante

que a regularidade do uso; logo, os treinamentos de abandono de área devem condicionar os

usuários a proceder conforme o plano de abandono e seguir por rotas seguras. A familiaridade

com os caminhos a percorrer pode reduzir o tempo de pré-movimento. Um trabalho de

treinamento de instrução dos moradores e trabalhadores do centro deveria ser planejado,

principalmente pelo grande número de galerias existentes e movimentação de pessoas. É

importante frisar que a maioria das galerias são fechadas por portões e grades, a noite e nos

fins de semana, por fator de segurança contra violência e vandalismo, o que é um obstáculo na

rota de fuga. [(Sime, 1991).pg. 99]

Até a população se conscientizar da importância da prevenção e entender que qualquer

um está sujeito a se deparar com um incêndio, a sugestão é aproxima-la mais dos

equipamentos e métodos de prevenção e combate a incêndio. Uma forma de reduzir essa

distância seria as autoescolas promoverem minicursos práticos de combate a incêndio onde as

pessoas pudessem, pelo menos uma vez, terem contato com os extintores e aprenderem ao

menos como romper o lacre, e a diferença do lacre de um extintor de veículo do tipo ABC

para o lacre de um extintor específico. Já que o número de pessoas tirando carteira nacional de

habilitação hoje é tão grande, esse número também seria o de pessoas que saberiam utilizar

um extintor e um número maior de pessoas que poderiam prestar socorro nos primeiros

minutos de um princípio de incêndio.

Esperar um desastre acontecer para tomar providências é esperar o bolo queimar para

desligar o forno.

Page 104: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

104

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Cocoanut-Grove. Acesso em 22/06/2015 as 02h34. - Acesso em 21/06/2015 as 22h54.

Page 110: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

110

ANEXO 01

Erros mais frequentes encontrados nas vistorias pelo Quadro Técnico do Corpo de

Bombeiros. [Fonte: MONTANARI]

a) Nas sinalizações:

- Falta de indicação da chave de proteção da bomba de incêndio no Quadro Geral de Energia;

- Quando houver prateleiras, armários que impeçam a visualização dos extintores, hidrantes e

demais equipamentos, a sinalização deve ser elevada acima de tais obstáculos de forma a

poder indicar a localização à distância;

- Quando os equipamentos ficarem atrás de pilares, canto de parede, escadas e demais

situações que fiquem escondidos, a sinalização deve apontar nestes locais a direção onde

estão aqueles equipamentos;

- Falta de indicação da porta de saída e da rota a ser tomada, principalmente em locais de

reunião de pessoas, tratando-se de sinalização comum ou integrante do sistema de luz de

emergência;

- Falta de indicação nas “saídas de emergência” ou “escada de segurança”, e portas corta fogo,

na face voltada para os halls;

- Falta de indicação do número do andar nas escadas;

b) Nos hidrantes:

- Falta de esguicho ou chave de mangueira nos armários para hidrantes;

- Registro fechado na tubulação principalmente de alimentação;

- Instalações em PVC internas às edificações ou executadas sem correto ancoramento e solda

apropriada nas junções, diminuindo a resistência do sistema;

c) Luz de emergência:

- Alguns pontos de luz, ou todo o sistema desativado;

- Falta, parcial ou total, de solução nas baterias;

- Pontos de luz com luminosidade insuficiente para o local, decorrente de potência da central,

fiação ou lâmpadas subdimensionadas;

- O não cumprimento no tocante à instalação de todos os pontos que foram previstos no

projeto aprovado;

- Vidros quebrados nos pontos de acionamento manual;

- Falta de indicação das providências a serem tomadas para acionamento do mesmo;

Page 111: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

111

- Fiação aparente e passando por locais sujeitos a avarias decorrentes de incêndios;

- Substituição do fusível por pedaços de metal, papel laminado de cigarro e similares;

d) Escada de segurança:

- Portas corta fogo instaladas acima de 1cm da soleira da porta permitindo que volume maior

de fumaça atravesse;

- Portas corta fogo mantidas abertas por calços, vasos ou tijolos;

- Portas corta fogo que não fecham automaticamente com a passagem das pessoas;

- Portas corta fogo instaladas sem espaço correspondente a uma largura antes e depois do seu

acesso ou saída, fazendo com que as pessoas tenham que pegar na maçaneta estando em

degrau acima ou abaixo da mesma;

- Portas corta fogo sem placa de marca de conformidade;

- Venezianas de ventilação com elementos que não garantem a área de mínima ventilação de

0,84m².

- Instalação de fiação de antenas, prumadas elétricas e até tubulação de gás combustível já foi

encontrada no local;

- Obstrução por vasos, sacos de lixo, materiais de construção, móveis e etc;

- Fixação de corrimão por buchas nas paredes que não garante o mínimo de resistência ao

arranchamento;

- Escada de segurança que não termina no térreo (descarga), mas continua até o subsolo,

obrigatoriamente ela deve terminar no pavimento do acesso à edificação de forma que a

população não desça, em casos de pânico, até o subsolo;

e) Extintores portáteis e sobre rodas:

- Falta de inspeção ou manutenção;

- Selo de aparelho novo em equipamento usado;

- Agente extintor “empedrado” nos aparelhos de pó químico seco;

- Medidor de pressão acusando aparelho fora de uso;

- Aparelho obstruído por móveis, lixo, vasos, atrás de portas;

- Tipo de agente extintor não adequado ao material das proximidades (tipo pó químico seco

para papéis, quando deveria ser água; água ou espuma próximo a materiais energizados,

quando deveria ser de gás carbônico e outras mais);

Page 112: Análise da Pré disposição à Incêndio no Centro de Juiz de Fora

112

ANEXO 02

Os 10 Mandamentos do Corpo de Bombeiros – Jornal Diário Mercantil nº 14.514 de 02 e 03

de julho de 1961:[Fonte: SALVADOR pg.100]

1- Não deixe fósforos ao alcance de crianças.

2- Não saia de casa sem antes verificar se não esqueceu o ferro elétrico ligado ou a

torneira de gás aberta.

3- Não faça ligações elétricas “de emergência”, procure sempre técnicos competentes

para fazê-las “em definitivo”.

4- Não faça concorrência aos fabricantes de cera tentando fabrica-las em casa; essa

economia não compensa o grande risco de incêndio.

5- Não jogue palitos de fósforo e pontas de cigarro usado sem antes verificar se estão

completamente apagados e escolha o lugar onde joga-las.

6- Não queira substituir o fusível queimado por uma moeda ou outro recurso caseiro;

capacidade adequada.

7- Não trabalhe com material inflamável ou de fácil combustão sem antes certificar-se de

que não há fogo por perto.

8- Não queira dar uma “fumadinha” durante os instantes em que o tanque do seu

automóvel está recebendo gasolina.

9- Não guarde cera, gasolina para limpeza, solvente ou álcool em lugares próximos de

fogo e ao alcance de crianças.

10- Não solte balões nem queime fogos, ambos provocam acidentes dos mais graves

levando a destruição, o desemprego e a miséria a muitas famílias.

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ANEXO 03

Recomendações de 20 formas de agir numa situação de incêndio. Principalmente se estiver

em um prédio.

1- Não fique parado na janela sem nenhuma defesa. A tendência é o fogo propagar-se e chegar até

você.

2- Se estiver preso, tente arrombar a parede, usando qualquer material a disposição, e mantenha-se

vestido e molhe as suas roupas.

3- Preso dentro de uma sala, jogue pela janela tudo o que puder se queimar facilmente: cortinas,

tapetes, cadeiras, plásticos. Com a ajuda de uma mesa, proteja-se contra o calor irradiado que se

propaga em linha reta. O tampo de mesa forma uma barreira automática ao fogo.

4- Não tente salvar objetos primeiro. Primeiro, salve a sua vida.

5- Ao abrir uma porta, proteja-se contra a parede. O fogo, que pode estar do outro lado, poderá

atingi-lo diretamente no rosto, ao receber o jato frio da porta aberta.

6- Ajude a acalmar os outros.

7- Se for vencer alguns andares por meio de corda de pequeno diâmetro, faça nós de metro, em

metro, para que possa segurá-la melhor.

8- Em caso de salvamento por helicóptero, tenha calma. Considere que a capacidade média de um

helicóptero de salvamento é de 7 pessoas. Em 100 viagens em 2h e meia, poderão ser salvas 700

pessoas.

9- O pânico poderá matar os poucos sobreviventes sobre um prédio e os tripulantes do aparelho

também.

10- Quando usar as escadas do corpo de bombeiros, desça com o peito voltado para a escada,

olhando sempre para cima.

11- Se um incêndio ocorrer em um escritório ou apartamento, saia imediatamente. Muitas pessoas

morrem por não acreditar que ele pode se alastrar com rapidez;

12- Se você ficar preso em meio a fumaça, respire pelo nariz, em rápidas inalações e rasteje para a

saída, pois o ar é melhor junto ao chão.

13- Use as escadas. Nunca use o elevador. Um incêndio razoável pode determinar o corte de energia

para os elevadores. Feche todas as portas que ficarem atrás de você;

14- Se você ficar preso em uma sala cheia de fumaça fique junto ao piso onde o ar é sempre melhor.

15- Se possível, fique junto a uma janela onde poderá pedir socorro.

16- Toque a porta com a mão. Se estiver quente não abra. Se estiver fria, faça o teste: abra a porta

vagarosamente e fique atrás dela. Se sentir calor ou pressão vindos através da abertura, mantenha

a porta fechada.

17- Se você puder sair, mantenha-se atrás de uma porta fechada. Qualquer uma serve de couraça.

Procure um lugar perto de janelas e abra-as em cima e embaixo. Calor e fumaça tendem a sair por

cima. Respire pela abertura inferior. Não combata o incêndio, a menos que você saiba manusear,

com eficiência, o equipamento de combate.

18- Não salte do prédio. Muitas pessoas morreram sem imaginar que o socorro pode chegar em

minutos.

19- Se houver pânico na saída principal, mantenha-se afastado da multidão. Procure outra saída e,

uma vez que tenha conseguido escapar, não retorne. Chame imediatamente o Corpo de

Bombeiros.

20- Importante: forneça aos bombeiros todas as informações, nome de rua, número do prédio, do

andar e do apartamento, bairro, um ponto de referência que facilite a chegada do bombeiro no

local e qualquer informação útil. Se possível aguarde na rua, próximo ao local, a fim de informar

ao bombeiro o ponto exato do sinistro.

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