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Drogadição & Medicina Antroposófica Dr. Ricardo Ghelman, PhD Médico da Família, Pediatra, Chefe do Ambulatório de Antroposofia e Saúde do Departamento de Neurologia da UNIFESP e Diretor Clínico do Instituto Ghelman de Medicina Integrativa. Conselheiro consultivo da Aliança pela Infância.

Drogadição e Antroposofia

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Page 1: Drogadição e Antroposofia

Drogadição & Medicina Antroposófica

Dr. Ricardo Ghelman, PhDMédico da Família, Pediatra, Chefe do Ambulatório de Antroposofia e Saúde do Departamento de Neurologia da UNIFESP e Diretor Clínico do Instituto Ghelman de

Medicina Integrativa. Conselheiro consultivo da Aliança pela Infância.

Page 2: Drogadição e Antroposofia

O encontro de duas biografias:

a do ser humano e a das drogas

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Nascemos com motricidade de peixes

Aos 3 meses sustentamos a cabeça como anfíbios

Aos 7 meses engatinhamos como repteis

Aos 8 mesesengatinhamos Como mamíferos

Aos 11 mesesFicamos de cócoras como primatas

Aos 12 mesesadotamos a postura ereta

Somos uma síntese organizada do desenvolvimento, recapturando o desenvolvimento dos vertebrados...

Cérebro PrimitivoArquicortex

Cérebro intermediárioPaleocortex

Cérebro RacionalNeocortex

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Sistema tríplice psíquico

• Os três cérebros evolutivos

VONTADE REPTILIANACérebro PrimitivoArquicortex(hipocampo e hipotálamo)

SENTIMENTO MAMÍFEROCérebro intermediárioPaleocortex(sistema límbico)

PENSAMENTO CORTICAL HUMANOCérebro RacionalNeocortex

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… ao longo dos milhões de anos filogenéticos e três anos ontogenéticos...

Andar Ereto com liberação das mãos – Homo erectus e Homo habilis

Consciência reflexiva e Fala complexa (Auto-Consciência)Homo sapiens

Page 6: Drogadição e Antroposofia

Epigenetics and child health: basic principles, Groom A, et al, Newcastle University, UK

AbstractEpigenetic mechanisms are believed to play an

important role in disease, development and ageing with early life representing a window of particular epigenomic plasticity. The knowledge upon which these claims are based is beginning to expand. This review summarises evidence pointing to the determinants of epigenetic patterns, their juxtaposition at the interface of the environment, their influence on gene function and the relevance of this information to child health. Arch Dis Child doi:2010.1136/adc.2009.

Page 7: Drogadição e Antroposofia

Corpo– Organização de quatro campos de forças

que se desenvolveram na evolução,

Psique Organização das vontades, dos sentimentos

e dos pensamentos, evolutivamente, e

Individualidade (pyrus) - ESPIRITUALIDADE

Essência humana que gera autoconsciência

na psique e identidade imunológica no corpo

Page 8: Drogadição e Antroposofia

0 21 42 63

Constituição espaço-temporal

Individualidade (noético)

Alma (psíquico)

Corpo (somático)

Primeira fase

Segunda fase

Terceira fase

Colheita

TrêsDimensões

Page 9: Drogadição e Antroposofia

OV

O

PA

RTO

Gestação

12 4

FetoEmbrião

2 meses

7meses 14 ANOS

MIELINIZAÇÃO

7 ANOS 21 ANOS 28 ANOS 35 ANOS 42 ANOS 49 ANOS

DESMIELINIZAÇÃO

PA

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DA

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Ínício da O

steopenia

Fim da

Ossificação

Desenvolvimento crânio-caudalANABOLISMO CATA

Degeneração caudo-cranialCATABOLISMO ANA

8

CABEÇA TRONCO MEMBROS

Platô de EquilíbrioMetabólico TH3

Page 10: Drogadição e Antroposofia

PAR

TO TR

AD

ICIO

NA

L

Gestação

4

0 14 ANOS

MIELINIZAÇÃO

7 ANOS 21 ANOS

PA

RTO

DA

MIE

LINIZA

ÇÃ

O

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RTO

HO

RM

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MA

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IDA

DE

8

CABEÇA TRONCO MEMBROS

Por que? Por que?MEMÓRIA

FANTASIA

‘ Animal Planet ‘

QUEM SOU EU? O QUE EU QUERO? QUAL O SENTIDO DA VIDA?

Primeira infância

Segunda infância

Desenvolvimento crânio-caudal

Page 11: Drogadição e Antroposofia

...durante 7 anos, enquanto mielinizamos nosso sistema nervoso central, mantemos uma consciência de fantasia...

Page 12: Drogadição e Antroposofia

Parto tradicional– dia 0

Parto da mielinização – 6 a 7 anosDa Fantasia a Cognição

Parto hormonal na Puberdade – 10 a 15 anosAnimal Planet: pelagem, garras, gritos, mordeduras, vida

solitária ou em bandos, o que eu sinto ?

Parto da Maioridade – 21 anos Alteridade

Primeira infância não mielinizada com neurônios-espelho e superprodução e estabilização de sinapses do córtex visual, cortex auditivo e de linguagem

Segunda infância mielinizada com estabilização de sinapses visual-auditiva-linguagem e desenvolvimento de sinapses no córtex pre-frontal

“Terceira infância” com estabilização de sinapses no córtex pre-frontal e sinapses novas dependentes de experiências e neurogênese do hipocampo…

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Com 21 anosOrganização do Eu perceptível no corpo:

– Equilibrio– Postura– ‘Olhar presente’– Homeotermia– Imunocompetência

Eu presente na psique: – Concentração– Determinação– Coerência– Atuação– ‘Presença de espírito’

Page 14: Drogadição e Antroposofia

21 anos 42 anos

28 35

Saúde

Curva da individualidade

Curva biológica

As duas curvas da vida

Forças físicas e vitais

Forças anímicas e do eu

TerraFirme

Page 15: Drogadição e Antroposofia

A travessia

Fantasia

0-7

Cultura Oral Cultura EscritaMundo pré-

lógicoMundo Lógico

Terra Firme do Eu no século XXI

Terra da mãe e pai

Page 16: Drogadição e Antroposofia

A travessia na terceira e última infância

EuEuEu

Eu

A individualidade ou Eu humano vai crescendo,

Como um mastro e sua vela ao longo desta jornada

entre a puberdade e a maioridade.

Page 17: Drogadição e Antroposofia

21 42

SMM

SNS

SR sonovigília

SNS: Sistema Neuro-sensorialSR: Sistema RítmicoSMM: Sistema Metabólico-motor

Page 18: Drogadição e Antroposofia

21 anos 42 anos

28 35

Forças vitaisForças físicas

Forças do eu Forças anímicas

Oriente Ocidente

Saúde

Curva da individualidade

Curva biológica

As duas curvas da vidaD Período da Travessia

2a Mudança de Consciência

Page 19: Drogadição e Antroposofia

Drogas

Substâncias Psicoativas que modificam o estado de consciência e a percepção do tempo, espaço e de si mesmo

“Palavra que expressa tanto o que serve para matar quanto o que serve para curar” (Lex Cornelia, período romano)

Page 20: Drogadição e Antroposofia

Biografia das Drogas Pré grego:Uso religioso, no sentido de

religare, em rituais contextualizados culturalmente – RITUAIS DE PASSAGEM (entre as “Fases”)

Na Grécia antiga:farmakós (purificação ritual) para farmakón (remédio ou veneno)

Page 21: Drogadição e Antroposofia

Judaísmo:

Cântico dos Cânticos exaltava a mandrágora e a sexualidade

e Pentatêuco a contenção da tríade maldita (sexo, comida e droga) através do Espírito

Page 22: Drogadição e Antroposofia

Idade Média

No mundo islâmico: preceito sobre alimentos, drogas e horários (sem drogas sagradas ou profanas), ópio e cânhamo (Cannabis) de uso medicinal

Page 23: Drogadição e Antroposofia

No mundo cristão medieval libera o ÁLCOOL:

Igreja Católica censura a farmacopéia greco-romana, as plantas diabólicas, solanáceas (sombras da noite) de caráter iniciático feminino pelo Malleus maleficarum (1486-1669 )

x vinho (Sangue de Jesus)

Page 24: Drogadição e Antroposofia

Patologia drogadictiva epidêmica

Após sec. XVII: ÓPIO na ChinaAlcoolismo (1791-1804)

“Paradigma da perda de controle”Da livre vontade, para os hábitos até a

necessidadeDependência (1964)

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Civilização Moderna500 anos de Individuação e Epidemias

Séc. XV XVIII

XIX XX / XXI

Câncer

Revolução Científica

Romantism

o

Revolução Industrial

Aids

Ralph Twentyman, 1989

Emancipação

do pensamento

Emancipação

do sentimento

Emancipação

da vontade

Sífilis Tuberculose

Uso ritualístico

Drogadição

Page 26: Drogadição e Antroposofia

Classificação dos modificadores da atividade psíquica (Lewin, 1924)

• Euphorica (calmantes): ópio (morfina, codeína, heroína), coca (cocaína)

• Phantastica (alucinógenos): peiote (Anhalonium lewinii), canhamo-indiano (Cannabis indica)

• Inebriantia (embriagantes): álcool, éter, clorofórmio, benzina

• Hypnotica (soníferos): kawa-kawa, cloral, sulfonal,veronal

• Excitantia (estimulantes): cafeína, tabaco, betel

Page 27: Drogadição e Antroposofia

Classificação geral das substâncias psicoativas lícitas (Deniker, Ginestet & Lôo, 1980)

• Psicolépticos (Depressores do SNC) – “retrocesso”– Álcool– Hipnóticos (barbitúricos e benzodiazepínicos)– Tranquilizantes (benzodiazepínicos, derivado do ópio (tylex, elixir

paregórico, belacodid, setux))– Neurolépticos

• Psicodislépticos (Perturbadores do SNC) – “ficando”– Alucinógenos (Nabilona (Cannabis sativa) em uso médico)

• Polianalépticos (Estimulantes do SNC) – “adiantamento”– Tabaco (cigarro), Cafeína (chocolate, café, chá preto, chimarrão)– Antidepressivos (tricíclicos, IMAO, InSelRecSer) - humor– Anfetaminas e análogos (anfepramona, fenproporex) – vigilância

Page 28: Drogadição e Antroposofia

Classificação geral das substâncias psicoativas ilícitas

• Depressores do SNC (Psicolépticos) – Opiáceos (heroína)

• Perturbadores do SNC (Psicodislépticos)– Cannabis sativa (Maconha e Haxixe)– Solventes orgânicos voláteis (éter, clorofórmio, loló,

cola de sapateiro, removedor, thinner e gasolina)– Alucinógenos propriamente ditos (LSD, Mescalina e

Ayahuasca (União do Vegetal e Santo Daime))– Anfetaminas alucinógenas (MDMA-Êxtase e

MDEA-Eva)• Estimulantes do SNC (Psicoanalépticos)

– Cocaína e Crack-cocaína

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Prevalência mundial de abusadores (1990)O problema são as Drogas Lícitas

1. Álcool – 50% da população2. Tabaco – 20%3. Sedativos – 3,92%4. Cannabis – 2,45%5. Anfetaminas – 0,52%6. Alucinógenos – 0,44%7. Cocaína – 0,23%8. Heroína – 0,14%

Page 30: Drogadição e Antroposofia

Panorama brasileiroAdolescentes são o grupo de risco Alcoolismo - 60 a 85% de prevalência, 72,5% entre 10 e 14

anos e 24,1% antes dos 10 anosTabagismo – 14 a 39% (50% para segundo grau em SP), 8 a

17% entre 10 e 12 anos e 31 a 57% acima de 18 anosInalantes (13,8%)– 30% na vida, 99% eventuaisMaconha (7,6%) – mais de 20% entre universitários e menor

de 5% em outros grupos, 98% ocasional. Acima de 15 anos com pico entre 19 e 20 anos (sexo masc.)

Medicamentos psicoativos, tranquilizantes e anfetamínicos(5,8%) - 69% na vida, 40% regular, droga de escolha entre universitários (sexo fem.)

Cocaína (2%) – 2% de uso na vida (0,3 a 2,8%), acima de 18 masc.

L

IL

Page 31: Drogadição e Antroposofia

No mundo ocidental, é fato que cerca de 90 % da população adulta consome algum tipo de bebida alcóolica. Entre os bebedores, 10% apresentarão um uso nocivo de álcool e outros 10% se tornarão dependentes. Assim, um em cada cinco bebedores terá agravo de saúde por ingerir bebida alcóolica podendo se tornar com o tempo, portador de uma das enfermidades mais desgastantes do ponto de vista da saúde, tanto sua quanto de sua família.

(Ramos e Woitowitz, 2004); Abelardino, 2004).

Page 32: Drogadição e Antroposofia

O alcoolismo também é uma das doenças mais prevalentes no mundo. Das causas líderes de incapacitação no mundo, a depressão unipolar está em primeiro lugar e o alcoolismo em quarto lugar, sendo ainda que das dez maiores causas de incapacitação no mundo, cinco delas pertencem a transtornos psiquiátricos

Page 33: Drogadição e Antroposofia

O consumo de drogas ilícitas atinge 4,2% da população mundial. A maconha é a mais consumida (144 milhões de pessoas), seguida pelas anfetaminas (29 milhões), cocaína (14 milhões) e os opiáceos (13,5 milhões, sendo 9 milhões usuários de heroína)

(Marques & Ribeiro, 2003).

CONCLUSÃO: 144 + 13,5 (RELAXAMENTO) X 29 + 14

(ACELERAÇÃO)2,2 X uso para relaxar do que para acelerar

Page 34: Drogadição e Antroposofia

SNS

SMM

S.R21 42

Depressores do SNC Estimulantes do SNC

Perturbadoresdo SNC

Drogas na Biografia

Page 35: Drogadição e Antroposofia

“As drogas orientais”

Page 36: Drogadição e Antroposofia

Álcool etílico, alkuhl (essência)

A partir da fermentação bíblica de frutas (vinho de Noé e Dionísio, cerveja egípcia), da destilação arábica (séc. VIII) e da destilação européia (séc. XII) de cereais

Uso religioso para apagar as fronteiras da identidade pessoal e se diluir na coletividade e na divindade

Uso nocivo: Alterações de comportamento mal-adaptativas, lentificação psicomotora, prejuízio na coordenação e julgamento, labilidade do humor e déficit cognitivo (fase1) que pode evoluir para a fase médico-legal (2) que ainda pode terminar na UTI (3).

Perda da capacidade de andar, falar e pensarDepressores do

SNC

Page 37: Drogadição e Antroposofia

Alcoolismo, quarta doença mais incapacitante atrás das depressões, anemia e

quedasPerda da liberdade inividualDesmantelamento da estrutura familiar

associada a violênciaAcidentes de trânsitoAbsenteísmo ao trabalhoCirrose alcoólica, sétima maior causa de

óbito após 15 anos (9,2% dos internados)

Depressores do SNC

Page 38: Drogadição e Antroposofia

Papiro de Ébers (XVI aC): “evitar que os bebês gritem forte” Odisséia de Homero: “fazer esquecer qualquer pena” Nepente, beberagem usada no incubatio (cura pelo sonho)Avicena (sec. X) como eutanásicoAconselhado para a passagem da segunda para a terceira

idade através de pastilhas Mash Allah (presente de Deus)Paracelsus (XVI dC) e seus sucessores “triunvirato do ópio”: na pratica médica Doctor Opiatus (JB van Helmont): fundador da farmacologia

científica

ÓpioLátex do fruto da Papaver somniferum (papoula,

dormideira, “planta da felicidade”)

Depressores do SNC

Page 39: Drogadição e Antroposofia

No XVII proibido no Brasil e liberado no XVIII-XX sob xaropes de tosse a base de heroína para “acalmar criancinhas”

1839: Guerra do ópio, China invadida pela Inglaterra1913: Convenção Internacional do Ópio (Shangai) – 1o

documento

Alcalóides naturais: Morfina, Codeína e Papaverina Derivado semi-sintético da morfina(1874): diacetilmorfina ou

Heroína Derivado sintético: Propoxifeno

Depressores do SNC que interagem com opióides endógenos (encefalinas e endorfinas) responsáveis por prazer e recompensa. São narcóticos (narkoun, adormecer, sedar) utilizados como calmantes, analgésicos e para eutanásia.

Depressores do SNC

Page 40: Drogadição e Antroposofia

• Hipnóticos: flurazepan (dalmadorm), midazolam (dormonid), flunitrazepam (rohypinol)

• Tranquilizantes: diazepam (dienpax), bromazepam (lexotam) e lorazepam (lorax)

Utilizados terapêuticamente e como drogadição como:Ansiolíticos Relaxantes muscularesSoníferos

Síndrome de abstinência: disforia, agitação e ansiedade, insônia, vertigem e anorexia

Benzodiazepínicos(entre os fármacos mais vendidos no mundo moderno)

Depressores do SNC

Page 41: Drogadição e Antroposofia

Cannabis sativa, cânhamo da índia das encostas do Himalaia (maconha, marijuana,

haxixe)India: Atharva Veda: “quando caíram do céu gotas de dádiva

divina”. Para agilizar a mente, proporcionar vida longa e aumentar desejos sexuais (brâmanes).

China (Shen Nung, sec. I): “o cânhamo tomado em excesso faz ver monstros, mas se é usado por um longo tempo pode nos comunicar com os espíritos e ativar o corpo”. Monges budistas utilizam para meditação e terapêutica.

Árabes (sec. XI) : Haschishins, ordem fundada por Hassan ibn Al-Sabbah com influências sufis combatiam os cruzados europeus (hassassinos). A RESINA da erva dos faquires (Haschish al-jokora) usada para dança extática, meditação e para guerrear. Bangah (do sânscrito Bhang) usado contra melancolia e epilepsia.

Perturbadores

do SNC

Page 42: Drogadição e Antroposofia

“As drogas ocidentais”

Page 43: Drogadição e Antroposofia

Idade Moderna e Novo Mundo (Encontro sensorial entre diversas civilizações

séc.XV/XVI) Drogas Visionárias:

Psilocibina (teonanacatl, “cogumelo maravilhoso”) Mescalina (peyote mexicano)

Drogas Estimulantes:Ilex paraguariense (erva-mate)Theobroma cacao (cacau), fruto do chocolate, “alimento

divino” dos astecas mexicanos, usado em cerimônias religiosas, rico em teobromina (cafeína-like)

Page 44: Drogadição e Antroposofia

Nicotiana tabacum (Tabaco),

...das cerimônias religiosas e rituais de passagem americanos, imitado por Rodrigo de Jerez e Luís de La Torre que foram processados pela Inquisição pois “só Satanás pode conferir ao homem a capacidade de expulsar fumaça pela boca”. Mas o Vaticano a libera na Itália como “erva de Santa Cruz”.

Page 45: Drogadição e Antroposofia

Tabaco (alcatrão, nicotina (anfetamina-like) e CO) Quatro milhões de pessoas morrem a cada ano, no

mundo, devido a doenças causadas diretamente pelos derivados do tabaco. Só no Brasil 35 milhões fumam, 90% iniciando entre 13 e 15 anos.

O tabagismo causa 30% de todos os casos de câncer e 85% do Ca de pulmão.Em menor proporção, Ca de cabeça e pescoço, bexiga, rins e pâncreas.

80% dos casos de bronquite e enfisema 20 a 30% dos infartos de fumantes ativos e

passivos Úlceras de estômago, osteoporose, pneumonias e

problemas dentários Doenças peri e neonatais a partir da gestante

Estimulantes do SNC

Page 46: Drogadição e Antroposofia

Coffea arabica (café), do mundo árabe antes do séc. XI se introduz no séc. XVI no Ocidente, não se dá bem no Pará, mas sim em São Paulo.

Guaraná, originário da Amazônia, contém mais cafeína que café, cacau, erva-mate e coca e sua exportação está em crescimento.

Page 47: Drogadição e Antroposofia

Eritroxylon coca

Indicada por Freud em 1884 para afecções psiquiátricas, digestivas, hematológicas, sífilis, asma e cirurgias oftalmológicas, além de afrodisíaco. No mesmo ano surge a cocaína purificada nos EUA, cujo consumo expande-se extraordinariamente com apoio médico-farmacêutico, até 1910. Usada em 1914 para tosse no Brasil.

Page 48: Drogadição e Antroposofia

Cocaína

Eritroxylon coca ,cuca(inca), khoca (aimará), árvore andina“presente do deus Sol”, perdia seus efeitos estimulantes durante a viagem marítima e só entra na europa no séc. XIX pelo seu alcalóide isolado em 1860 como vinho Mariani, digestivo,fortificante e anti fadiga (1863). Em 1910, 70 marcas do “vinho” e bebidas ricas em cocaína nos EUA, entre elas coca-cola, que substitui cocaína por cafeína em 1903.

Estimulantes do SNC

Page 49: Drogadição e Antroposofia

A cocaína gera um bloqueio de recaptura pré-sináptica de vários neurotransmissores, os elevando. Ocorre euforia, dependente da dopamina, hiperexcitabilidade, loquacidade, instabilidade cardio-respiratória, cardiotoxicidade, náuseas, tremores, convulsões, psicose, pânico e depressão.

Crack, base molecular (base livre) da cocaína que pode ser fumada e absorvida tão rapidamente como via endovenosa.

Cocaína com etanol, forma cocaetileno de ação análoga

Estimulantes do SNC

Page 50: Drogadição e Antroposofia

As drogas do século XIX e XX Isolamento dos princípios ativos:

Morfina (1806)Codeína (1832)Atropina (1833)Cafeína (1841)Cocaína (1860)Heroína (1883) Efedrina (Ephedra vulgaris, 1895 e purificada em 1923 ) Mescalina (1896)Barbitúricos (1903) Metilanfetamina (1931)

Page 51: Drogadição e Antroposofia

Barbitúricos (1903) da uréia e ácido malônico como sedativos, soníferos e anticonvulsivantes – surtos de suicídio em 1950

Anfetaminas, substituíndo cocaína entre estudantes, esportistas, militares japoneses e em regime de emagrecimento (“bolas para emagrecer”) – 500.000 dependentes em 1950 no Japão

Movimento psicodélico, hippie: Lucy in the Sky with Diamonds LSD, simulataneamente a um “orientalização”da cultura ocidental

Cocaína intranasal e endovenosa nos anos 80 e crack, nas classes baixas, nos anos 90 – HIV, Hepatite B e C gerou movimento de redução dos danos: seringas descartáveis (Santos e Salvador, 1995) e prescrição controlada

As drogas do XX e XXI

Page 52: Drogadição e Antroposofia

Ansiolíticos benzodiazepínicos e anfetamínicos, em regimes anoréticos de emagrecimento

Ayahuasca, Santo Daime e União do VegetalCola (sapateiro)Êxtase ou ecstasy, em festas como “droga do

amor”Anabolizantes (testosterona e seus derivados)Anticolinérgicos (colírio ciclopentolato) e

antiparkinsoniano (triexafenidila)Ciberdependência

Page 53: Drogadição e Antroposofia

Solventes orgânicos voláteis (Inalantes)

Anestésicos-like (tolueno, clorofórmio, benzina, hexano, metano)Induzem euforia, tontura, distúrbios visuais e

auditivos, fotofobia, náuseas e vômitos seguida de depressão, estupor e convulsões. Deixam seqüelas degenerativas centrais e periféricas (dissolvem a mielina).

Perturbadores

do SNC

Page 54: Drogadição e Antroposofia

Alucinógenos propriamente ditos

LSD (Dietilamina do ácido lisérgico)Sintetizado em 1925 a partir do alcalóide

ergotamina do fungo Claviceps purpurea via sublingual induz a modificações físicas (cefaléia, frio) seguida de medo, distorção do tempo, do espaço, da propriocepção, com modificação do curso do pensamento, alucinação visual e sensualização da experiência por 6 horas. A recuperação pode levar 9 horas e com seqüela pode haver fadiga e flash-backs e ansiedade.

Perturbadores

do SNC

Page 55: Drogadição e Antroposofia

Ayahuasca

Harmina da parreira Banisteriopis caapi e dimetiltriptamina (DMT) da Psychotria viridis ou chacrona

A Harmina, inibidora da MAO, eleva a serotonina e o DMT potencializa o efeito no sistema límbico induzindo alegria, apetite alimentar e sexual e equilíbrio psicomotor.

Perturbadores

do SNC

Page 56: Drogadição e Antroposofia

Êxtase e Eva

3,4-metilenodioximetanfetamina (MDMA), moderadora de apetite (1914), estimulante e alucinógena (1980), proscrita em 1990.

Eva, uma modificação ou MDEA, tem efeito semelhante: fase de rush (simpaticomimético) seguida de “sociabilidade feliz”. Em 40% dos usuários prolongados persiste psicose, paranóia e flashbacks.

Perturbadoresdo SNC

Page 57: Drogadição e Antroposofia

História natural da drogadição

Tabaco com 12 anos e cannabis logo em seguida, de forma socializada para induzir o prazer e a euforia e superar frustrações, inibições e tensões internas. Aí pode vir a heroína ou a cocaína, via nasal, seguida por via intravenosa, na busca do prazer em substituição por afetos e sentimentos. Muitos abandonam as drogas, em virtude da consciência dos riscos, outros ansiosos e deprimidos evoluem para a dependência (craving, “fissura na alma”).

Page 58: Drogadição e Antroposofia

Dependência pode ser definida como um estado de sujeição, de dominação ou de influência (Adès & Lejoyeux,2003). Estes autores citam a definição de Alain Rey, do termo “dependere”, procedente do latim imperial, como “estar suspenso” a, “depender de, estar sob influência da autoridade de”.

Page 59: Drogadição e Antroposofia

Abordagens de prevenção Guerra às drogas, tanto de uso

recreacional, experimental ou freqüente – persuasão moral e política do medo através de controle social e punição

X Prevenção voltada para a Redução dos

Riscos Considera a outra política irreal do ponto

de vista histórico além de ferir os princípios éticos e direitos civis e aposta na capacidade de discernimento do indivíduo bem formado e informado

Page 60: Drogadição e Antroposofia

Prevenção Refletir sobre a crise de valores humanos,

que induzem ao egocentrismo, a falta de interesse por outros e pelo mundo, o aprisionamento em seu pequeno mundo previsível, a baixa auto-estima, a exclusão social e a busca de preenchimento do vazio existencial através de prazeres passageiros.

Auto-desenvolvimento dos adultos para ajudar a travessia

Page 61: Drogadição e Antroposofia

Para desenvolver durante as fases da vida, deveriam ser apresentados:

• modelos dignos (pais, educadores); • desafios que sejam encarados como

possibilidades de experiência e aprendizado; • movimentos em direção à ação, com forte

positividade: ESTÍMULO A VONTADE

Page 62: Drogadição e Antroposofia

O mundo pode ser compreendido, pode ser manuseado e tem significado.

XO mundo é hostil, incompreensível e absurdo.

Page 63: Drogadição e Antroposofia

Recursos de Enfrentamento

A Saúde depende da habilidade e dos recursos em enfrentar criativamente.

Estes recursos agem contrabalançando, ‘tamponando’, bloqueando os impactos negativos de agentes estressores, assim prevenindo quebras da homeostase, através de uma heterostase rítmica.

Page 64: Drogadição e Antroposofia

Educar a criança para encontrar a si mesma

Construção da família, respeitando cada fase da infância e seus níveis de consciência:

Page 65: Drogadição e Antroposofia

Primeiro setênio

Oferecendo os “envólucros” (sentidos corporais: toque quente, vitalidade,

movimento e equilíbrio) necessários para o “des envolvimento”.

Base do desenvolvimento da vontade, da bondade e do SNS

Page 66: Drogadição e Antroposofia

Segundo setênio

Desenvolvimento do mundo dos sentimentos, do senso estético e do Sistema

RítmicoPercepção sensorial se aprofunda (paladar,

olfato, visão e temperatura)

Encontro e DiálogoAutoridade amorosa

Page 67: Drogadição e Antroposofia

Terceiro setênio Desenvolvimento do mundo dos

pensamentos, dos membros, da sexualidade (SMSM) – Escola dos peripatéticos e o INTERESSE (Filosofar).

Sentidos em direção ao outro (audição, palavra, pensamento alheio e eu alheio - alteridade), discernimento da verdade dentro.

Promoção de experiências de expansão da consciência, crescimento pessoal, auto-estima, desafios psicomotores esportivos e artístico-criativos (sem uso de drogas)

Page 68: Drogadição e Antroposofia

Com 21 anos

Organização do Eu perceptível no corpo:

– Equilibrio– Postura– ‘Olhar presente’– Homeotermia– Imunocompetência

Page 69: Drogadição e Antroposofia

Eu presente na psique:

– Concentração– Determinação– Coerência– Atuação– ‘Presença de espírito’ e domínio dos aspectos

femininos e masculinos da psique (3 x 3)

Page 70: Drogadição e Antroposofia

Portal do Eu

Individualidade Salutogênese

Resiliência (Resistência ao stress)Self-regulation

TH3 (adequada imunidade)Religiosidade