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De lepra a hanseníase: a representação social da
doença a partir da mudança de terminologia, na
perspectiva de trabalhadores do campo da saúde.
Aracaju-SE, agosto de 2013
JOSÉ FRANCISCO DE SANTANA
Aracaju-SE, agosto de 2013
JOSÉ FRANCISCO DE SANTANA
De lepra a hanseníase: a representação social da doença a partir da
mudança de terminologia, na perspectiva de trabalhadores do campo da
saúde.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
8/10/20133
A escolha do tema.
Atualidade do tema.
Relevância, amplitude e originalidade o tema.
Dificuldades e limites na execução do trabalho.
Possíveis desdobramentos do trabalho.
8/10/20134
Qual a representação que as terminologias
“lepra” e “hanseníase” trazem para trabalhadores
do campo da saúde, de níveis superior e médio,
lotados em uma unidade de saúde que é
referência para o diagnóstico e tratamento do
referido agravo?
DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
8/10/20135
Historicamente, a sociedade lida com a hanseníase sob duas
perspectivas: a perspectiva do controle biológico de um
agente infeccioso, a qual se tornou efetiva com o
desenvolvimento dos antibióticos e quimioterápicos
(BOECHAT & PINHEIRO, 2012, p.251-254) e a perspectiva do
sofrimento imposto ao portador da doença em função da
construção de um perverso preconceito/estigma que, em
algumas situações, causa mais danos do que a própria
enfermidade física.
INTRODUÇÃO
8/10/20136
Conhecer a percepção da doença a partir da
mudança da terminologia de “lepra” para
“hanseníase”, entre trabalhadores de nível médio e
superior de uma unidade de referência.
OBJETIVO GERAL
8/10/20137
Identificar e quantificar atitudes e comportamentos
estigmatizantes entre os trabalhadores, em relação
ao paciente usuário do serviço e seus familiares.
Relacionar situações sugestivas de comportamento
estigmatizante na relação cotidiana dos
trabalhadores com os pacientes usuários do
serviço.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
8/10/20138
Pesquisa do tipo bibliográfica, explicativa, quantitativa e
qualitativa baseada em questionário estruturado com
perguntas fechadas.
A amostra constituiu-se de 19 trabalhadores da área da
saúde lotados no Ambulatório de Tuberculose e
Hanseníase da SMS de Aracaju-SE.
Abordagem acerca do grau de conhecimento sobre a
doença, as terminologias e preconceitos relativos à
enfermidade.
METODOLOGIA
8/10/20139
Instrumento entregue e recolhido posteriormente.
Respostas tabuladas e as frequências absolutas e/ou
relativas representadas em gráficos, tabelas, quadros e
discutidas à luz da literatura.
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
METODOLOGIA
8/10/201310
• Atualmente, tem-se que hanseníase é doença infectocontagiosa
diagnosticável clinicamente e laboratorialmente, de alta infectividade e
baixa patogenicidade, tratável e curável em qualquer dos seus estágios
(BRASIL, 2002, p.12-42).
Marca divulgada em 2009 por uma operadora de plano de
saúde, alusiva ao Dia Mundial do Hanseniano que é
celebrado no último domingo de janeiro. Disponível em:http://www.unimed.coop.br/pct/index.jsp?cd_canal=34367&cd_secao=
43894&cd_materia=66908
RESULTADOS E DISCUSSÃO
8/10/201311
• Ao longo da história da humanidade o contexto pejorativo atribuído à
palavra “lepra” contribuiu decisivamente para a construção de um
poderoso estigma à enfermidade que se mantém na atualidade e
submete o doente e família a humilhação e condenação (EIDT, 2004,
p.88).
Leprosário São Francisco de AssisNatal, Rio G. do Norte-Brasil. Disponível emhttp://www.fotolog.com.br/mistes/4269685/
RESULTADOS E DISCUSSÃO
8/10/201312
• O poder de uma legislação é suficiente
para superar séculos de alimentação
de um estigma perpetuado entre as
gerações (FERREIRA et al, 2000,
p.126)?
• O Brasil passou a utilizar oficialmente o
termo hanseníase a partir de 1995 por
força da Lei Federal nº 1.010 de 1995
(CAVALIERE e RAIMUNDO, 2012,
p.02).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
• A doença é complexa mas é possível e
seguro diagnosticar e tratar em nível
ambulatorial, desde que hajam
condições de dispensar atenção
integral ao doente e família (Portaria
Ministerial nº 594/2010).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
8/10/201313
8/10/201314
Quadro 1 – Representação da amostra / N =19
Categorias Profissionais Nº de Indivíduos
Agente Administrativo 3
Agente de Serviços Gerais 2
Assistente Social 2
Auxiliar de Enfermagem 2
Enfermeiro 5
Farmacêutico 1
Médico dermatologista 1
Psicólogo 1
Técnico em Enfermagem 2
• O ambulatório que serviu de campo de estudo da pesquisa é constituído
por equipe multiprofissional (Quadro 1) que deve atuar na perspectiva de
contemplar os aspectos biológicos, psíquicos e sociais que envolvem os
pacientes com hanseníase, familiares e comunidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
8/10/201315
Legenda auxiliar:EFI/C = Ensino fundamental incompleto ou completo. EMI = Ensino médio incompleto.
EMC = Ensino médio completo. ESI = Ensino superior incompleto. ESC = Ensino superior completo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
8/10/201316
• Na amostra considerada para o presente estudo, aproximadamente 58%
dos sujeitos possuem experiência no serviço superior a cinco anos
(Tabela1) e quase 79% da amostra relatou ter bom conhecimento acerca
da doença (Gráfico 2), sendo que 16% informaram desconhecer outras
denominações para a terminologia hanseníase (Gráfico 3).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
8/10/201317
Tabela 1 - Relação entre categorias profissionais e tempo de serviço / N (=19)
Categorias ProfissionaisTempo de serviço
< 1ano 1- 5 anos > 5 anos
Agente Administrativo - - 3
Agente de Serviços Gerais - - 2
Assistente Social - 1 1
Auxiliar de Enfermagem - 1 1
Enfermeiro - 3 2
Farmacêutico 1 - -
Médico dermatologista - 1 -
Psicólogo 1 - -
Técnico em Enfermagem 0 0 2
RESULTADOS E DISCUSSÃO
8/10/201318
RESULTADOS E DISCUSSÃO
8/10/201319
RESULTADOS E DISCUSSÃO
8/10/201320
O tempo de experiência no serviço não parece desempenhar papel
importante na manifestação de comportamento estigmatizante; mas o
conhecimento sobre o agravo é fundamental e, considerando tratar-se de
um serviço de referência, os achados não são satisfatórios e podem
sinalizar que a unidade não pratica momentos de educação
continuada/permanente em serviço.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
8/10/201321
• Os gráficos 5 e 6 revelaram que o comportamento estigmatizante está
presente de forma relativamente intensa na unidade de referência,
quando 37% dos sujeitos amostrados admitiram alimentar algum
preconceito em relação à doença e 63,15% admitiram ter presenciado no
serviço comportamento que considerou estigmatizante em relação ao
paciente com hanseníase.
• Dentre os que admitiram preconceito/estigma (Gráfico 5) as possíveis
explicações foram a falta de informação, mas alguns alegaram
desconhecer os motivos do preconceito (Quadro 2).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
8/10/201322
RESULTADOS E DISCUSSÃO
8/10/201323
Quadro 2 – Possível explicação para o preconceito / N = 7
1 - Alegam falta de informações a respeito da doença.
Agente de Serviços Gerais.
Agente Administrativo.
Auxiliar de Enfermagem.
Enfermeiro.
2 - Alegam desconhecer os motivos do seu preconceito.
Enfermeiro.
Técnico em Enfermagem.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
8/10/201324
• Tratando-se de serviço que é referência para o diagnóstico e tratamento
de hanseníase e tuberculose e considerando a amostra utilizada no
estudo, concluímos que é forte a presença de estigma/preconceito entre
os trabalhadores que integram a equipe multiprofissional do referido
serviço.
• Atividades de educação continuada em serviço precisam ser
implementadas/reformuladas, objetivando contemplar trabalhadores que
associaram a alimentação do estigma ao desconhecimento.
• Quanto aos sujeitos que mesmo admitindo possuir bom conhecimento
acerca da doença reconhecem que alimentam estigma em relação à
pessoa com hanseníase, parece tratar-se de comportamento que habita o
inconsciente, sobre o qual outros estudos deverão dispensar atenção
objetivando o melhor entendimento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
8/10/201325
BRASIL. Resolução nº 287, de 08 de outubro de 1998. Relaciona as categorias profissionais de
saúde de nível superior. Acessado no dia 15/07/2012, através do endereço
http://www.crefrs.org.br/legislacao/pdf/resol_cns_287_1998.pdf
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica.
Guia para o controle da hanseníase. Brasília: Ministério da Saúde, 2002.
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº. 594, de 29 de outubro de 2010. Inclui na tabela de
serviços especializados / classificação do SCNES o Serviço de Atenção Integral em Hanseníase.
BITTENCOURT, L. Porto, et al. Estigma: Percepções sociais reveladas por pessoas acometidas
por hanseníase. Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2010 abr/jun; 18(2):185-90.
BOECHAT, N. e PINHEIRO, L. C. S. A Hanseníase e a sua Quimioterapia. Rev. Virtual Quim.,
2012, 4 (3), 247-256.
CAVALIERE, R. e RAIMUNDO, D. Da Lepra a Hanseníase: histórias dos que sentiram essa
transformação. Material acessado no dia 15/07/2012, através do endereço
(http://www.fiocruz.br/ehosudeste/templates/htm/viiencontro/textosIntegra/IvoneteCavaliereeDilene
Raimundo.pdf).
REFERÊNCIAS
8/10/201326
CUNHA, Ana Zoé Schilling da. Hanseníase: aspectos da evolução do diagnóstico, tratamento e
controle. Ciênc. saúde coletiva. 2002, vol.7, n.2, pp. 235-242.
EIDT, Letícia Maria. Breve história da hanseníase: sua expansão do mundo para as Américas, o
Brasil e o Rio Grande do Sul e sua trajetória na saúde pública brasileira. Saúde soc. 2004,
vol.13, n.2, pp. 76-88.
FERREIRA, Jair et al. O estigma do médico em relação aos portadores de hanseníase no
Estado do Rio Grande do Sul no período de 1949 a 1988. Porto Alegre: UFRGS, 1989 (mimeo),
apud EIDT, Letícia Maria. O mundo da vida do ser hanseniano: sentimentos e vivências. 252 f.
Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, PUCRS, 2000.
FEMINA, L. L., SOLER, A. C. P., NARDIR, S. M. T., PASCHOAL, V. D. A. Os efeitos da mudança
da terminologia lepra para hanseníase. Hansen. Int. 2007; 32 (especial).
REFERÊNCIAS