Paleoenvironmental interpretations of Middle Pleistocene from benthic foraminifera of Santos basin, Brazil

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Pleistocene (2.58 million years to 12,000 years ago) was a very dynamic period in geologic history of Earth, characterized by large climatic fluctuations that changed the conditions of the environments on the planet and regulated the distribution of marine biodiversity. Foraminifera are protists mostly marine, very sensitive to environmental changes, and widely used in paleoecological studies. The present study aims to examine the benthic foraminiferal associations from the core BS-A, in order to contribute to knowledge about the paleoecological and paleoenvironmental characteristics of Middle Pleistocene. The core examined was collected at a depth of 2,141 m on the continental slope of the Santos basin and has continues recovery of 20.65 m of sediment. Were selected 25 samples belonging to Middle Pleistocene, processed within the standard methodology for calcareous microfossils. We identified 26,629 specimes, distributed in 64 genera and 147 species of benthic foraminifera, however three showed a consistent pattern of abundance and distribution (Epistominella exigua, Alabaminella weddellensis and Cassidulina californica). Using data distribution of fauna and regression analysis it was possible to subdivide the interval studied in three subintervals. The subintervals A (oldest, between 2,037 and 1,946 cm) and C (latest, between ~1,509 and 849 cm), had moments of dominance with high E. exigua abundance, high density of foraminifera specimens per gram of sediment (ind/g) and low diversity. The species E. exigua is opportunistic and able to reproduce rapidly, in response to seasonal phytodetritus deposits. This suggests that in these two moments have occurred considerable influx of phytodetritic organic matter to the seafloor and a consequent increase in the abundance of E. exigua, which conditioned a fauna with high dominance and low diversity. Already the subinterval B, intermediate chronostratigraphically (between 1.910 and ~1.529 cm), presented a more diverse community of foraminifera, with high abundance of infaunal morphotypes, low density and low abundance of E. exigua. This data suggest a moment of greater environmental stability, and the absence of considerable phytodetritical organic matter flow to the seafloor, enabling an increase of diversity in the community of foraminifera. The species C. californica, in spite of being the most present infaunal species in the core, has no statistical relationship with the abundance of this morphotype, and presented its highest values in subintervals A and B, suggesting that other paleoenvironmental factors have controlling their populations, usually associated with the presence of large amounts of total organic carbon in sediment-water interface. An opposition abundance of A. weddellensis with E. exigua indicates moments that suffered different types of phytodetritc flow deposited in seasonal pulses (subintervals A and C) and interspersed with periods where the deposition of organic matter occurred mo

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  • 1. UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOSUNIDADE ACADMICA DE GRADUAOCURSO DE CINCIAS BIOLGICAS - BACHARELADOMICAEL LU BERGAMASCHIINTERPRETAES PALEOAMBIENTAIS DO PLEISTOCENO MDIO COMBASE EM FORAMINFEROS BENTNICOS DA BACIA DE SANTOS BRASILSO LEOPOLDO2012

2. Micael Lu BergamaschiINTERPRETAES PALEOAMBIENTAIS DO PLEISTOCENO MDIO COMBASE EM FORAMINFEROS BENTNICOS DA BACIA DE SANTOS BRASILTrabalho de Concluso de Curso apresentadocomo requisito parcial para a obteno do ttulode Bacharel em Cincias Biolgicas, peloCurso de Cincias Biolgicas da Universidadedo Vale do Rio dos Sinos - UNISINOSOrientador: Prof. Dr. Itamar Ivo LeipnitzSo Leopoldo2012 3. Aos meus pais, Cludia e Fernando.Presentes nos momentos de eclipse e luz em minha vida. 4. AGRADECIMENTOSAo finalizar este estudo e concluir mais uma etapa em minha vida, gostaria de agradecerqueles que colaboraram de diversas e significativas maneiras no desenvolvimento e evoluodeste trabalho:Ao meu orientador, Itamar Ivo Leipnitz, que sempre me incentivou, apoiou e abriuportas na minha jovem caminhada ao longo destes anos que venho me dedicando aos estudoscom foraminferos.Aos pesquisadores e amigos, Carolina Jardim Leo e Fabricio Ferreira, pelaoportunidade, ideias e ensinamentos passados, contribuindo para a realizao deste trabalho emotivao para muitos outros que esto por vir. Petrobras por ter cedido as amostras para execuo deste trabalho.Aos colegas do Instituto Tecnolgico de Micropaleontologia (ITT Fossil Unisinos),pelo suporte tcnico de fundamental importncia. Pelas risadas e diversos momentos dedescontrao.Aos amigos da Biologia, pelos momentos de diverso e discusses biolgicas, que deforma direta ou indireta contriburam para a concluso deste trabalho.Aos pesquisadores, Guilherme Krahl e Thirs Wilberger, por timas discusses esugestes, e tambm pelo incentivo e amizade.Ao Rogrio da Silva Martins da Costa, responsvel tcnico do microscpio eletrnicode varredura (MEV) do Cenpes/Petrobras, pelo auxlio na obteno das fotomicrografias deforaminferos.Ao pesquisador John W. Murray pela singular ajuda em discusses por e-mailrelacionadas sistemtica e metologia aplicada.Ao professor Renato Luiz Romera Carlson pelo essencial suporte nas anlisesestatsticas.Aos meus pais, Fernando e Cludia, meus exemplos maiores de amor, determinao eperseverana. Sou muito grato por todo o carinho, amo vocs!A minha irm Natalie, pela amizade e companheirismo eternos. Por todo o carinho,convivncia e fora, voc muito importante em minha vida e uma grande fonte de alegria. 5. A minha querida tia Janaina, muitas alegrias e brigas... e claro, vitrias conquistadassem perder o bom humor. Sempre estar em meu corao.Ao grande amigo Adriano Misturini, pela amizade e grandes momentos de alegrias eaprendizados... e que voc perdoe a ausncia de quem tem orgulho de te chamar de irmo!Ao Nando, por todo amor, companheirismo e compreenso. Obrigado por estar emminha vida e por toda a coragem que voc me passou durante esta jornada, que tambm dedicoa voc. 6. The fact that we live at the bottom of a deep gravity well, on thesurface of a gas covered planet going around a nuclear fireball 90million miles away and think this to be normal is obviously someindication of how skewed our perspective tends to beAdams (2003, p. 55). 7. RESUMOO Pleistoceno (2,58 milhes de anos a 12 mil anos atrs) foi um perodo muito dinmicona histria geolgica da Terra, caracterizado por grandes oscilaes climticas que modificaramas condies dos ambientes no planeta e moldaram a distribuio da biodiversidade marinha.Foraminferos so protistas em sua grande maioria marinhos, muito sensveis a variaesambientais, e largamente utilizados em estudos paleoecolgicos. O presente estudo teve comoobjetivo analisar as associaes de foraminferos bentnicos do testemunho BS-A, na busca decontribuir com o conhecimento acerca das caractersticas paleoecolgicas e paleoambientais doPleistoceno Mdio. O testemunho analisado foi coletado a uma profundidade de 2.141 metrosno talude continental da Bacia de Santos e possui recuperao contnua de 20,65 m.Selecionaram-se 25 amostras representantes do Pleistoceno Mdio, processadas dentro dametodologia padro para microfsseis calcrios. Foram identificados 26.629 espcimes,distribudos em 64 gneros e 147 espcies de foraminferos bentnicos, entretanto apenas trsapresentaram um padro de abundncia e distribuio consistente (Epistominella exigua,Alabaminella weddellensis, e Cassidulina californica). Atravs dos dados de distribuio dafauna e anlises de regresso, foi possvel subdividir o intervalo estudado em trs subintervalos.Os subintervalos A (mais antigo, entre 2.037 e 1.946 cm) e C (mais recente, entre ~1.509 e 849cm), apresentaram elevada dominncia de E. exigua, grande densidade de espcimes deforaminferos por grama de sedimento (ind/g) e baixa diversidade. A espcie E. exigua oportunista e capaz de se reproduzir rapidamente, em resposta a depsitos sazonais defitodetritos. Sugere-se que nesses dois momentos, tenham ocorrido considerveis aportes dematerial fitodetrtico ao fundo ocenico e um consequente aumento na abundncia de E. exigua,o que condicionou uma fauna com elevada dominncia e baixa diversidade. J o subintervaloB, intermedirio cronoestratigraficamente (entre 1.910 e ~1.529 cm), apresentou umacomunidade de mais diversificada, com elevada abundncia de morfotipos infaunais, baixadensidade e abundncia de E. exigua. Esses dados sugerem um momento de maior estabilidadeambiental, e a inexistncia de um aporte considervel de fitodetrtos ao fundo ocenico,possibilitando um aumento da diversidade na comunidade de foraminferos. A espcie C.californica, mesmo sendo a espcie infaunal mais abundante no testemunho, no possui relaoestatstica com a abundncia desse morfotipo, e apresentou seus maiores valores nossubintervalos A e B, sugerindo que outros fatores paleoambientais tenham controlando suaspopulaes, normalmente associada presena de grande quantidade de carbono orgnico totalna interface gua-sedimento. Uma oposio da abundncia de A. weddellensis com a de E.exigua indica momentos que apresentaram diferentes tipos de fluxos fitodetrticos, depositadosem pulsos sazonais (subintervalos A e C) e intercalados por perodos onde a deposio damatria orgnica ocorreu de forma mais gradual (subintervalo B), provavelmente associada oscilao no ciclo do fsforo. Os padres de distribuio das trs espcies citadas permitiramcaracterizar o Pleistoceno Mdio do talude continental da Bacia de Santos como uma zona dealta produtividade marinha, com variaes no aporte de matria orgnica de origens diversas eintensidade varivel, alm de uma possvel oscilao na influncia das correntes de fundo aolongo desse perodo.Palavras-chave: Paleocologia. Quaternrio. Fitodetritos. Mar profundo. Foraminferosbentnicos. Anlises de regresso. 8. ABSTRACTPleistocene (2.58 million years to 12,000 years ago) was a very dynamic period ingeologic history of Earth, characterized by large climatic fluctuations that changed theconditions of the environments on the planet and regulated the distribution of marinebiodiversity. Foraminifera are protists mostly marine, very sensitive to environmental changes,and widely used in paleoecological studies. The present study aims to examine the benthicforaminiferal associations from the core BS-A, in order to contribute to knowledge about thepaleoecological and paleoenvironmental characteristics of Middle Pleistocene. The coreexamined was collected at a depth of 2,141 m on the continental slope of the Santos basin andhas continues recovery of 20.65 m of sediment. Were selected 25 samples belonging to MiddlePleistocene, processed within the standard methodology for calcareous microfossils. Weidentified 26,629 specimes, distributed in 64 genera and 147 species of benthic foraminifera,however three showed a consistent pattern of abundance and distribution (Epistominella exigua,Alabaminella weddellensis and Cassidulina californica). Using data distribution of fauna andregression analysis it was possible to subdivide the interval studied in three subintervals. Thesubintervals A (oldest, between 2,037 and 1,946 cm) and C (latest, between ~1,509 and 849cm), had moments of dominance with high E. exigua abundance, high density of foraminiferaspecimens per gram of sediment (ind/g) and low diversity. The species E. exigua isopportunistic and able to reproduce rapidly, in response to seasonal phytodetritus deposits. Thissuggests that in these two moments have occurred considerable influx of phytodetritic organicmatter to the seafloor and a consequent increase in the abundance of E. exigua, whichconditioned a fauna with high dominance and low diversity. Already the subinterval B,intermediate chronostratigraphically (between 1.910 and ~1.529 cm), presented a more diversecommunity of foraminifera, with high abundance of infaunal morphotypes, low density and lowabundance of E. exigua. This data suggest a moment of greater environmental stability, and theabsence of considerable phytodetritical organic matter flow to the seafloor, enabling an increaseof diversity in the community of foraminifera. The species C. californica, in spite of being themost present infaunal species in the core, has no statistical relationship with the abundance ofthis morphotype, and presented its highest values in subintervals A and B, suggesting that otherpaleoenvironmental factors have controlling their populations, usually associated with thepresence of large amounts of total organic carbon in sediment-water interface. An oppositionabundance of A. weddellensis with E. exigua indicates moments that suffered different types ofphytodetritc flow deposited in seasonal pulses (subintervals A and C) and interspersed withperiods where the deposition of organic matter occurred more gradually (subinterval B),possibly associated with phosphorus oscillation of the flow. The distribution patterns of thethree mentioned species allowed to characterize the Middle Pleistocene continental slope of theSantos Basin as an area of high marine productivity, with variations in the input of organicmatter from different backgrounds and varying intensity, as well as a possible oscillation on theinfluence of bottom currents along this period.Keywords: Paleoecology. Quaternary. Phytodetritus. Deep-sea. Benthic foraminifera.Regression analysis. 9. LISTA DE FIGURASFigura 1 Mapa de localizao da Bacia de Santos e local de coleta do testemunho BS-A...14Figura 2 Carta estratigrfica da Bacia de Santos...................................................................15Figura 3 Distribuio vertical das massas dgua na Bacia de Santos ..................................19Figura 4 Morfologia bsica de um foraminfero ...................................................................24Figura 5 Ciclo reprodutivo de um foraminfero bentnico....................................................25Figura 6 Formas de carapaas uniloculares...........................................................................27Figura 7 Formas de carapaas seriadas .................................................................................28Figura 8 Formas de carapaas mistas ....................................................................................28Figura 9 Formas de carapaas planoespiraladas evolutas .....................................................29Figura 10 Formas de carapaas planoespiraladas involutas ..................................................29Figura 11 Formas de carapaas trocoespiraladas ..................................................................29Figura 12 Formas de carapaas angulares .............................................................................30Figura 13 Exemplo da morfologia de espcies epifaunais ....................................................31Figura 14 Exemplo da morfologia de espcies infaunais......................................................32Figura 15 Tipos de aberturas presentes na carapaa de foraminferos..................................33Figura 16 Distribuio da fauna de foraminferos conforme a batimetria ............................35Figura 17 Modelo TROX ......................................................................................................37Figura 18 Perfil litolgico do testemunho BS-A...................................................................40Figura 19 Abundncia relativa das principais espcies do intervalo estudado......................49Figura 20 Abundncia relativa das trs principais espcies, morfotipos, carapaas e valoresdos ndices ecolgicos ao longo do intervalo estudado............................................................51Figura 21 Grfico de disperso mostrando linha de tendncia (cbico) para a distribuio daabundncia relativa dos morfotipos ao longo do intervalo estudado........................................53Figura 22 Grficos de disperso para as anlises de regresso mais relevantes....................56Figura 23 Grficos de disperso com subintervalos identificados no ...................................63Figura 24 Estampa 1 com fotomicrografias em MEV das principais espcies de ..............106Figura 25 Estampa 2 com fotomicrografias em MEV das principais espcies de ..............107Figura 26 Estampa 3 com fotomicrografias em MEV das principais espcies de ..............108 10. LISTA DE TABELASTabela 1 Avaliao qualitativa do grau de correlao entre duas variveis..........................44Tabela 2 Distribuio da fauna identificada conforme a composio das carapaas............50Tabela 3 Anlises de regresso realizadas e respectivos dados estatsticos..........................60Tabela 4 Abundncia absoluta da fauna ao longo do intervalo estudado............................109Tabela 5 Abundncia relativa da fauna ao longo do intervalo estudado.............................113Tabela 6 Dados dos ndices ecolgicos ...............................................................................120 11. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLASAAF gua Antrtica de FundoACAS gua Central do Atlntico SulAIAALgua Intermediria Antrticagua do LitoralAPAN gua Profunda do Atlntico NorteAST gua Superficial TropicalAT gua TropicalBS Bacia de SantosCB Corrente do BrasilCCDCCSDissoluo do Carbonato de Clcio (Calcium Carbonate Dissolution)Correntes da Componente SulCM Corrente das MalvinasCNB Corrente Norte do BrasilCSE Corrente Sul EquatorialKa Mil anosMa Milhes de anosMBE Evento Mid-Brunhes (mid-Brunhes event)MEV Microscpio Eletrnico de VarreduraMPTTTransio do Pleistoceno Mdio (mid-Pleistocene transition)TemperaturaTROXSModelo de condies trficas e concentraes de oxignio (TRophicconditions and OXygen concentrations)SalinidadeZCST Zona de Convergncia Subtropicalm Micrmetros 12. SUMRIO1 INTRODUO ...................................................................................................................121.1 OBJETIVOS.......................................................................................................................131.1.1 Objetivos Especficos.....................................................................................................131.2 REA DE ESTUDO: BACIA DE SANTOS.....................................................................131.2.1 Contexto Morfolgico....................................................................................................161.2.2 Contexto Fisiogrfico ....................................................................................................161.2.3 Contexto Sedimentolgico.............................................................................................171.2.4 Contexto Hidrolgico ....................................................................................................171.3 PERODO QUATERNRIO: PLEISTOCENO................................................................202 FORAMINFEROS.............................................................................................................232.1 O ORGANISMO EM VIDA..............................................................................................242.2 MORFOLOGIA DA CARAPAA....................................................................................262.3 FORAMINFEROS BENTNICOS E SUAS APLICAES .........................................343 MATERIAL E MTODOS................................................................................................393.1 TRIAGEM E CLASSIFICAO ......................................................................................413.2 ANLISES QUALI-QUANTITATIVAS..........................................................................413.2.1 Anlises de Regresso....................................................................................................433.3 TRATAMENTO DOS DADOS.........................................................................................453.4 FOTOMICROGRAFIAS EM MEV...................................................................................464 RESULTADOS....................................................................................................................474.1 ANLISES DE REGRESSO..........................................................................................525 DISCUSSES ......................................................................................................................625.1 SUBINTERVALOS A e C.................................................................................................635.1.1 A. weddellensis x E. exigua .............................................................................................665.2 SUBINTERVALO B..........................................................................................................676 CONSIDERAES FINAIS..............................................................................................70REFERNCIAS .....................................................................................................................72APNDICE A LISTAGEM TAXONMICA E FOTOMICROGRAFIAS EM MEV 83APNDICE B DADOS DAS ANLISES QUALI-QUANTITATIVAS DA FAUNA.109 13. 121 INTRODUOForaminferos so protistas de gua doce ou marinhos, cosmopolitas, muito sensveis avariaes ambientais e condies ecolgicas como produtividade, oxigenao e batimetria, fatoresesses que podem influenciar a distribuio e composio de suas associaes. As formas bentnicasesto diretamente relacionadas interface gua-sedimento e dominam as comunidades nesseambiente. Possuem um comportamento dinmico, principalmente em guas profundas, assim suaaplicao em modelos paleoecolgicos torna-se uma tarefa complexa, mas largamente utilizadosem estudos paleoecolgicos e paleoceanogrficos, como importantes ferramentas na identificaode mudanas ambientais e na delimitao de correntes ocenicas. (BOLTOVSKOY, 1965;DOUGLAS; HEITMAN, 1979; GOODAY, 1994).O Pleistoceno Mdio foi um dinmico perodo na histria climtica da terra, comsucessivas mudanas entre fases glaciais e interglaciais que acabaram modificando osambientes marinhos e, consequentemente, a distribuio da biodiversidade nos oceanos.(MAHER; THOMPSON, 1999). Na Bacia de Santos, localizada na regio sudeste da margemcontinental brasileira, o grau de conhecimento para os foraminferos bentnicos desse perodoainda incipiente, principalmente em regies mais profundas no talude. Com este estudopretende-se ampliar o conhecimento do grupo bem como a sua paleoecologia para a regio.O trabalho descrito a seguir encontra-se estruturado da seguinte forma: inicia com oapontamento dos objetivos propostos, segue com uma descrio da rea de estudo, doperodo Quaternrio e uma sntese sobre foraminferos e suas aplicaes. Aps soapresentados o material e mtodos, a descrio dos resultados, desenvolvem-se asdiscusses, consideraes finais e demais informaes complementares presentes nosapndices (e.g. listagem taxonmica e dados de distribuio da fauna).Pelo motivo de grande parte do referencial terico estar na lngua inglesa e ter sidotraduzido pelo autor, optou-se por no utilizar a expresso traduo nossa nas citaesbibliogrficas para evitar a repetio e tornar mais claro o texto para o leitor. 14. 131.1 OBJETIVOSO presente estudo teve como foco principal analisar as associaes de foraminferosbentnicos do testemunho BS-A, na busca de contribuir com o conhecimento acerca dascaractersticas paleoecolgicas e paleoambientais do Pleistoceno Mdio do talude continentalda Bacia de Santos.1.1.1 Objetivos EspecficosOs objetivos especficos propostos para o presente trabalho foram:a) identificar taxonomicamente os foraminferos bentnicos recuperados;b) definir padres de abundncia e ocorrncia da fauna;c) reconhecer espcies indicadoras de caractersticas paleoecolgicas;d) correlacionar dados de distribuio da fauna com ndices faunsticos, a partir deanlises de regresso;e) caracterizar a composio das associaes de foraminferos bentnicos, buscandocomparar as mudanas faunsticas com condies paleoambientais presentes na readurante o Pleistoceno Mdio.1.2 REA DE ESTUDO: BACIA DE SANTOSA Bacia de Santos est localizada na regio sudeste da margem continental brasileira,entre os paralelos 23 e 28 Sul (figura 1), abrangendo os litorais do Rio de Janeiro, So Paulo,Paran e Santa Catarina. Geologicamente, tem seus limites marcados ao norte com a bacia deCampos pelo alto do Cabo Frio, e ao sul com a bacia de Pelotas, pelo alto de Florianpolis.Possui uma rea aproximada de 350.000 km2, dos quais 200.000 km2encontram-se em lminasdgua at 400 metros e o restante entre as cotas de 400 e 3.000 metros. (MOHRIAK, 2003;MOREIRA et al., 2007). 15. 14Figura 1 Mapa de localizao da Bacia de Santos e local de coleta do testemunho BS-AFonte: Adaptada de Nunes, Viviers e Lana (2004, p. 12).Nota: Local aproximado de coleta do testemunho destacado em vermelho.Esta bacia foi identificada e descrita pela primeira vez durante estudos de refraossmica realizados pelo Lamont-Doherty Geological Observatory na dcada de 1960. Alitoestratigrafia foi inicialmente definida na dcada de 1970, e em 1994 estabelecido odetalhamento do arcabouo crono-estratigrfico. (ARAI, 1988; MOREIRA et al., 2007;PEREIRA; FEIJ, 1994). A formao da Bacia de Santos iniciou-se a partir da separao doscontinentes da Amrica do Sul e frica (perodo Juro-Cretceo) em decorrncia da atuaode processos tectnicos. (PEREIRA et al., 1986).O testemunho analisado, de acordo com Moreira et al. (2007), encontra-se na FormaoMarambaia (MAR) (figura 2), depositada nas regies do talude e caracterizada por apresentarsedimentos lamosos intercalados por siltitos e folhelhos, alm de diamictitos e margas. 16. 15Figura 2 Carta estratigrfica da Bacia de SantosFonte: Moreira et al. (2007, p. 549).Notas: Local aproximado de coleta do testemunho BS-A destacado em vermelho.Formaes: ARI - Ariri; BVE Barra Velha; CAM - Cambori; FLO Florianpolis;GUA Guaruj; IGP - Iguape; ITA Itaja-Au; ITN - Itanham; ITP - Itapema; JUR -Juria; MAR Marambaia; PAG Ponta Aguda; PI - Piarras; SAN - Santos. 17. 161.2.1 Contexto MorfolgicoA Bacia de Santos possui uma extenso de 800 km em seu sentido nordeste-sudoeste,paralelo linha da costa, e mais 450 km em sentido noroeste-sudoeste na direo do mergulho.Em seu setor oeste, est limitada pela cadeia de montanhas que possuem de 800 at 2.200metros, compreendendo a Serra do Mar e a Serra da Mantiqueira, que confinam a bacia em seudomnio offshore, e estende-se a leste at o sop da feio fisiogrfica conhecida como Plat deSo Paulo. (DUARTE; VIANA, 2007).A plancie costeira muito estreita e marcada pela ausncia de grandes rios,principalmente em sua rea central, entre o Rio de Janeiro e Santos, apresentando uma srie degrandes baas e vrias ilhas originadas por exposies do embasamento Pr-Cambriano. Em suadireo sul e extremo NE, a zona litornea est associada a sistemas de lagunas e faixas depraias. (DUARTE; VIANA, 2007; MODICA; BRUSH, 2004).Fleming et al. (2009) destacam que sua morfologia atual e seus ambientes sedimentaresrasos evoluram sob a influncia de sucessivas migraes do litoral (transgresses e regresses),ligados s oscilaes dos nveis do mar no Quaternrio.1.2.2 Contexto FisiogrficoA fisiografia da margem da bacia uma combinao de estruturas derivadas de processostectnicos, retrabalhamentos do sedimento por correntes superficiais em guas rasas e correntes defundo na plataforma continental. (SOUZA, 1991 apud DUARTE; VIANA, 2007).A faixa da plataforma continental possui uma largura mdia de 100 km a 200 km mas, emsua regio prxima ao Cabo Frio, a plataforma possui apenas 70 km de largura. Uma alternncia desalincias e embaiamentos caracterizam a transio relativamente suave entre a plataforma e talude,com a quebra da plataforma ocorrendo prximo a 200 metros de profundidade, com umescarpamento de 100 metros de altura e 5 de inclinao. (DUARTE; VIANA, 2007).O talude mdio tem sua passagem para o talude inferior em 1.500 metros de profundidadee delimitado expressivamente pela falha do Cabo Frio, que um canal paralelo ao talude e quemarca a regio do limite interno do escorregamento do sal em direo ao fundo ocenico. Nessarea encontram-se feies que criam um padro complexo de mini-bacias e altos topogrficos queseguem o aumento da profundidade. (DUARTE; VIANA, 2007). Um conspcuo escarpamento dedireo nordeste-sudoeste caracteriza a base do talude, que corresponde ao flanco interno de umcanal secundrio e paralelo ao talude. (MOREIRA; CARMINATI, 2004). 18. 171.2.3 Contexto SedimentolgicoCom base em dados bioestratigrficos, a idade de deposio na bacia estende-se desde oPlioceno Inferior ao Recente. (MOREIRA et al., 2007). A evoluo sedimentolgica da bacia marcada por um significativo padro progradacional, que foi intensificado no Eoceno Inferior, coma ocorrncia do aumento da taxa de aporte siliciclstico, devido reativao do soerguimento daSerra do Mar. (FLEMING et al., 2009; MOREIRA; CARMINATI, 2004). Aps, foi dominadanovamente por processos marinhos que redistriburam os sedimentos depositados, com uma derivapara o norte da carga sedimentar continental que foi transferida para o oceano durante o Negeno.(CHANG; KOWSMANN; FIGUEIREDO, 1988; DUARTE; VIANA, 2007).A regio do talude-bacia composta por uma sequncia deposicional do EocenoInferior-Mdio e est preenchida por rochas siliciclsticas formadas por fluxos gravitacionaisde sedimentos. So organizadas nos sistemas deposicionais Arenoso e Lamoso. O SistemaArenoso constitudo por sedimentos extrabacinais e tem sua deposio em nvel de mar baixo.Os principais elementos deposicionais desse sistema so: canais fluviais, cnions, canaissubmarinos e leques arenosos. (MOREIRA; CARMINATI, 2004).O Sistema Lamoso formado por sedimentos intra-bacinais e possui sistemasdeposicionais deltaicos em zona de margem na plataforma. Seus elementos deposicionais so:deltas de margem de plataforma, superfcies erosivas de alto ngulo, cunhas de acreosedimentar e depsitos de paraconglomerados suportados por matriz argilosa nas regies desop do talude. (MOREIRA; CARMINATI, 2004).1.2.4 Contexto HidrolgicoA dinmica das massas dgua controlada por fatores geomorfolgicos e oscilaesdo nvel eusttico do mar, caracterizada por fatores hidrodinmicos e disponibilidade desedimentos. Tais processos exercem um papel importante na transferncia, armazenamento eretrabalhamento dos sedimentos de guas profundas. (MELLO, 2006). Existe umaestratificao vertical em correntes que fluem em diferentes nveis na coluna dgua, porquenela existem diferenas na densidade e temperatura, permitindo assim dividi-la em guassuperficiais e profundas. (KENNET, 1982). Os primeiros 500 metros da lmina dgua possuemuma camada de guas quentes (guas superficiais) que fluem acima de uma grande camada deguas frias (guas profundas). Logo abaixo das guas superficiais existe uma zona chamadatermclina (prxima isbata de 500 metros), onde ocorre a rpida mudana de temperatura 19. 18entre as guas quentes e frias. Desse modo, as temperaturas tendem a ser cada vez menoresquanto maior for a profundidade. (KENNET, 1982).A Bacia de Santos composta por massas dguas que fluem na margem sudestebrasileira (figura 3). Como correntes superficiais esto: a gua Tropical (AT), que flui emsentido norte-sul, e a gua Central do Atlntico Sul (ACAS) em sentido sul-norte. Comocorrentes profundas esto: a gua Intermediria Antrtica (AIA), que flui em sentido sul-norte,a gua Profunda do Atlntico Norte (APAN) em sentido norte-sul e a gua Antrtica de Fundo(AAF) em sentido sul-norte. As guas superficiais so influenciadas por um regimeanticiclnico de ventos (DUARTE; VIANA, 2007) e compreendem duas massas dgua:a) gua Superficial Tropical (AST) formada pela mistura de trs tipos de correntes:gua Tropical (AT T>18C, S>36), a gua do Litoral (AL) e ressurgncias dagua Central do Atlntico Sul (ACAS). (SOUZA, 2000). As guas superficiais sotransportadas para sul pela Corrente do Brasil (CB), que est associada ao GiroSubtropical do anticiclone que domina a movimentao da circulao superior doAtlntico Sul. A CB tem sua origem a 10S de latitude, onde o ramo sul da CorrenteSul Equatorial (CSE) se bifurca formando a Corrente Norte do Brasil (CNB)(STRAMMA, 1991), que flui adjacente a costa em direo sul at a regio da Zonade Convergncia Subtropical (ZCS) em aproximadamente 35S, onde se une com aCorrente das Malvinas (CM) e segue para norte separando-se da costa. A AT transportada para sudoeste ao longo da quebra plataforma-talude pela CB na Baciade Santos, na profundidade de 200 metros. (SOUZA, 2000);b) gua Central do Atlntico Sul (ACAS) flui entre o limite inferior da AT, cerca de300 a 500-600 metros de profundidade, considerada uma contracorrente da CB. Maisfria e menos salina (6125e 63 m) e extrapolados quando usado o quarteamento;b) abundncia relativa (p): corresponde ao nmero proporcional de indivduos daespcie por amostra, expresso em porcentagem e definido por: = 100(1)Onde: p = abundncia relativa; n = nmero de indivduos de uma determinada espciena amostra; T = nmero total de indivduos de todas as espcies da amostra.c) riqueza de espcies (S): consiste no nmero absoluto de espcies numa amostra,sendo desconsiderados os txons classificados como Rotaldeos, Milioldeos eAglutinantes quebrados e juvenis.d) ndice de Shannon-Weaver (H): um ndice de diversidade a medida de dispersoqualitativa de uma populao de indivduos pertencentes a vrias categoriasqualitativamente diferentes, com o intuito de distinguir a abundncia das espciesao longo do testemunho e observar possveis diferenas na diversidade dasassociaes. O ndice de Shannon-Weaver muito utilizado na literatura para medira diversidade da fauna na comunidade de maneira que esse possa ser comparadoentre as amostras, leva em considerao as variaes nas abundncias e riqueza dasespcies principalmente em amostras onde a comunidade inteira no pode serinventariada. Seu valor mnimo ocorre quando todos os indivduos pertencem mesma espcie e o mximo quando cada indivduo pertence uma espcie diferente,sendo definido por:= . ln () (2)Onde: consiste no somatrio da abundncia relativa de cada espcie na amostra(pi), multiplicado pelo logartimo natural de pi (pi=ni/N); ni = valor de importnciade cada espcie e N = total de valores de importncia na amostra.e) ndice de Dominncia (Dcomp): o ndice de Simpson representa o nvel dedominncia de espcies numa amostra, pois calcula a probabilidade de doisindivduos sorteados de uma comunidade pertencerem mesma espcie. capaz deestabilizar com menores tamanhos de amostras, no dando muita importncia s 44. 43espcies raras. Leva em considerao a riqueza e equitabilidade, e tem como pontoforte capturar bem a variao das distribuies da abundncia: = 1 2(3)Onde: p = abundncia relativa da espcie na amostra.f) equitabilidade de Pielou (J): significa o nmero mximo de espcimes que estodistribudas entre as espcies, ou seja, uma distribuio da abundncia entre asespcies. utilizado atravs da seguinte equao: = (4)Onde: H o valor do ndice de Shannon-Weaver, Hmax a diversidade mximaque a amostra teria sendo sua equitabilidade mxima, que calculado por log2S;S = nmero de espcies da amostra.g) densidade de foraminferos (Dens): consiste na quantidade de espcimes deforaminferos encontradas por grama de sedimento (ind/g) em cada amostra. obtido atravs da equao: =(5)Onde: Dens consiste na diviso do peso seco da amostra (P) pela abundncia total deforaminferos da amostra (N).h) ndice de fragmentao (frag): consiste na percentagem de foraminferosquebrados por amostra, obtido pela soma do valor de espcimes de Rotaldeos eMilioldeos quebrados e posterior transformao em percentagem.3.2.1 Anlises de RegressoRegresso um mtodo estatstico que permite explorar e inferir a relao de umavarivel dependente (y= varivel resposta) com variveis independentes especficas (x =varivel explicatria). Uma regresso entre duas variveis pode apresentar relao linear,onde os valores ajustam-se em uma linha reta, ou no-linear quando a relao no apresentaum nico sentido (polinomial, exponencial, logartmica, de potncia ou mdia mvel). Aorealizar uma anlise de regresso, necessrio identificar o grau e a direo da relao entre 45. 44as variveis, atravs dos coeficientes de correlao ou determinao. (HAIR JNIOR, 2010;MILES; SHEVLIN, 2004).O coeficiente de correlao (r) indica a fora e a direo do relacionamento entre duasvariveis, pode variar entre 1 e +1 onde valores negativos indicam uma relao inversamenteproporcional (se uma varivel aumenta a outra diminui), valores positivos uma relaodiretamente proporcional (onde as duas variveis aumetam) e um valor igual a 0 para doisparmetros totalmente independentes. O coeficiente de determinao (r) tambm fornece aexistncia ou no de vinculao, com a capacidade de estimar corretamente os valores davarivel resposta, indicando quanto da varincia da varivel resposta explicada pelavarincia das variveis explicativas, seu valor fica situado no intervalo entre 0 e 1 (quantomaior, mais explicativo o modelo), sem apontar a direo da relao. (HAIR JNIOR, 2010;MILES; SHEVLIN, 2004).Ao rodar o teste de regresso, foi selecionado o mtodo de melhor ajuste (linear ou no-linear) para uma melhor representatividade da anlise em cada caso (tabela 3). Para umacomparao entre os resultados, optou-se em utilizar o coeficiente de correlao (r), comsubsequente classificao quanto ao grau de regresso de y em relao a x, conforme a tabela 1.Aps os dados, foram representados em um grfico cartesiano de pontos denominado grfico dedisperso, para avaliar se a relao entre as caractersticas quantitativas relevante e possui umadistribuio equilibrada conforme a linha de tendncia, para uma posterior interpretao.(CALLEGARI-JACQUES, 2003; HAIR JNIOR, 2010; MILES; SHEVLIN, 2004):Tabela 1 Avaliao qualitativa do grau de correlao entre duas variveis| r | A relao dita0 Nula0,01 > 0,24 Muito fraca0,25 > 0,49 Fraca0,50 > 0,74 Moderada0,75 > 0,99 Forte1 PerfeitaFonte: Elaborada com base em Callegari-Jacques (2003).Para avaliar a significncia do modelo de regresso utilizado, foi realizado um testede significncia da regresso atravs de uma anlise de varincia (Anova), a qual visafundamentalmente verificar o grau de confiabilidade da regresso. Foram consideradasregresses com significado estatstico, aquelas que apresentaram p