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30/10/13 De semente em semente | Economia: Diario de Pernambuco
www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/economia/2013/10/26/internas_economia,470322/de-semente-em-semente.shtml 1/3
De semente em sementeProjeto transforma donas de casa do Cabo de Santo Agostinho em agricultoras.
Para isso, elas usam os próprios quintais
Notícia Vídeo
Tatiana Nascimento - Diário de Pernambuco
Publicação: 26/10/2013 18:00 Atualização: 25/10/2013 22:00
Projeto foi iniciado em maio e reúne mulheres de Itapuama, Xaréu, Enseada dos Corais e Gaibu, comunidades vizinhas ao
Paiva. Foto: Nando Chiappetta/DP/D.A Press
Havia as casas, as donas de casa e os quintais. Hoje, as donas de casa estão nos quintais. Plantando,
colhendo, vendendo. A produção ainda é pequena, mas o objetivo é grande. A ideia é que as participantes
do projeto Quintais Produtivos virem fornecedoras dos empreendimentos que estão sendo instalados na
Reserva do Paiva. O projeto começou em maio deste ano e, atualmente, conta com 16 moradoras de
Itapuama, Xaréu, Enseada dos Corais e Gaibu, comunidades vizinhas ao Paiva, no Cabo de Santo Agostinho.
Cada quintal agrega pelo menos três mulheres, que recebem kits com sementes, telas, ferramentas. Em
breve, também terão aulas de empreendedorismo. Uma parceria está sendo fechada com o Sebrae.
Jaqueline Costa, 42, dá boas-vindas e apresenta a sua horta. A maior parte está plantada em uma estufa.
Tem tomate, coentro, capim-santo, pimentas, alface, beterraba. Ela até deu um jeitinho de plantar cana-
de-açúcar. Já conseguiu reduzir em R$ 200 os gastos mensais da casa com alimentação. O que sobra é
vendido aos vizinhos e em feiras.
“Esse projeto é muito importante para mim. Sou muito feliz com isso”, diz Jaqueline, que era professora e
abdicou da sala de aula para cuidar dos três filhos quando eles eram pequenos. Hoje, tem a ajuda da mais
30/10/13 De semente em semente | Economia: Diario de Pernambuco
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Jamilly, Jaqueline, Aparecida, Célia, Neuza e Djane mudaram a rotina
depois que entraram no projeto. Foto: Nando Chiappetta/DP/D.A
Press
Mulheres recebem kits com sementes, telas, ferramentas. Foto: Nando
Chiappetta/DP/D.A Press
nova, Jamilly, 14, futura estudante de jornalismo que criou uma página para o projeto no Facebook
(www.facebook.com/projetoquintaisprodutivos).
“Essas mulheres podem empreender dentro de suas casas. Cultivam para o seu consumo e para fora. Muitas
já estão tirando da horta receitas para conservas, bolos, pães, sucos”, conta Mariana Melo, geógrafa,
gestora ambiental e coordenadora do projeto, idealizado pelo Instituto de Assessoria para o
Desenvolvimento Humano (IADH) e viabilizado pela Odebrecht Realizações Imobiliárias.
Durante um mês, Mariana e um agrônomo
mapearam a região. Depois começaram a
convidar mulheres que já tinham afinidade
com a terra. Djane Maria da Silva, 43, foi
uma delas. “Meu pai planta. Esse amor pela
terra veio dele. O projeto me ajudou a amar
mais a natureza. A gente parou para pensar
mais na questão de produtos ecologicamente
corretos, trabalha sem agrotóxico. Também é
uma forma de melhorar a autoestima.”
Célia Regina de Araújo, 52, Neuza Maria
Xavier, 61, e Aparecida Ferreira Neves, 52,
também participam do projeto. Célia cultiva
manjericão, coentro, cebolinha, alface,
rúcula. Diz que a primeira coisa que faz ao
acordar é ir até o quintal para conferir
quantas folhas nasceram, quantas caíram.
Neuza contou com a ajuda de um vizinho, que emprestou um terreno. E tem como braço direito o marido,
José Barbosa, bancário aposentado que já tinha experiência no trato com a terra.
Na casa da ex-enfermeira Aparecida não tem quintal. Mas isso é só um detalhe. Morando há cinco anos no
Cabo, depois que veio de Uberlândia (MG) com o marido e os filhos, ela virou uma agricultora itinerante.
“Quando precisa comprar esterco ou terra, eu também ajudo.” Aparecida usa os produtos para fazer
geleias, com o apoio da caçula, Júlia, 14. Tudo natural, sem conservantes.
Em agosto, as integrantes do projetoQuintais
Produtivos participaram da Agrinordeste, no
Centro de Convenções. Mariana Melo conta
que uma empresária que vai abrir um empório
funcional conheceu o trabalho delas e garantiu
que fará encomendas. “A meta do projeto são
oito quintais financiados, totalizando 24
mulheres participando.”
Luis Henrique Valverde, diretor regional da
Odebrecht Realizações Imobiliárias, acredita
que o caminho natural do grupo é fornecer
para os empreendimentos do Paiva. Ele
lembra que o futuro hotel Sheraton e os
empresariais terão restaurantes.
“Economicamente é mais vantajoso comprar
na comunidade próxima. Além disso, eles
farão parte de um projeto social.” Segundo Valverde, a Associação Geral da Reserva do Paiva deve fazer a
intermediação entre as donas dos quintais agora produtivos e os futuros clientes.