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alunos aderem À moda da marmita
a festa das tunas
esep revista digitalJunho 2015
Edição especial - 20 anos JC
prEço E comida saudávEl motivam opção
música “anima” o Estudo
rEvista produZida com pEças dos alunos dE Jornalismo
PUB
20 anos JC • esep revista digital • 3
EDITORIAL Luís Bonixe - Director do curso de Jornalismo e Comunicação
Ao comemorar 20 anos de existência, o curso de Jornalismo e
Comunicação coloca-se na linha de partida para enfrentar um conjunto
de desafios que se avizinham.
Desde logo, consolidar esta oferta formativa e assumi-la como uma das
mais importantes no contexto do IPP e da região. A criação de proje-
tos de Investigação que promovam a proximidade com a comunidade
envolvente e que contribuam para o conhecimento científico das áreas
do curso é, neste contexto, essencial.
Aspeto incontornável desta afirmação é, naturalmente, os estudantes,
que têm, ao longo destes anos dado força ao curso. Nesse sentido, o
olhar deverá continuar a estar focalizado na captação de alunos para o
curso procurando manter os excelentes níveis alcançados nos últimos
anos, quer ao nível da quantidade, quer da qualidade.
Por fim, não menos importante, num contexto de Bolonha, as ofertas
formativas assumem cada vez mais um carácter integrado e, nesse sen-
tido, é preciso reconhecer que a afirmação do curso de JC passa também
pela afirmação de uma oferta formativa que o complemente. O
nosso mestrado em Jornalismo, Comunicação e Cultura é essa oferta
e com ela estamos certos de que a formação em Jornalismo e
Comunicação na ESE se torna mais forte.
LOCAL
04 “do abandono à memória” 06 Viajar através do Geocaching 09 “Portalegree acolhe” refugiados
ECONOMIA10 menos estudantes, menos clientes
SOCIEDADE11 a moda da marmita
13 sonhos em paisagens desempregadas
CULTURA
14 mais do que uma tuna, uma família
16 rebuçados de Portalegre na bocados portugueses
18 digital precisa-se para gatantir cinema na cidade
19 laboratório de dança sevilhana
DESPORTO
20 Btt em terras alentejanas
21 Basquetebol perde jogadores
22 futebol no feminino
bREvES
LOCAL
4 • esep revista digital • 20 anos JC
ortalegre tem um problema em mãos para resolver. Cada vez existem menos
habitantes e menos estudantes no município, o que leva a que muitos dos
edifícios sejam abandonados, muitos deles no centro histórico da cidade, ou
por falta de condições económicas ou por simples abandono.
Cidade em que, no ano de 1981, o número de edifícios construídos antes do ano de
1919 rondava os 3500. Este número tem vindo a diminuir, chegando-se a contabilizar
ser cerca de 1200 edifícios no ano de 2011, segundo o site da base de dados PORDATA.
Para além de edifícios de habitações, existem também aqueles que fazem parte da
paisagem e da história da cidade de Portalegre, como é o caso da emblemática fábrica
de cortiça que recebeu o nome do seu fundador, George Robinson, no século XIX. A
reabilitação arquitetónica e paisagística de todo o Espaço Robinson inclui o perímetro
da Fábrica Robinson, do Convento e Igreja de São Francisco e do Lagar adjacente.
Este projeto visa a valorizar a perspetiva histórica da cidade, como também enaltecer
e revitalizar o Património através da sua recuperação e adequação. Apesar de grande
parte deste espaço já se encontrar reestruturado e renovado, ainda há vestígios de
abandono, como o espaço da própria fábrica que atrai vários curiosos a visitar o local.
Outro caso de renovação de edifícios bem conhecido por parte dos Portalegrenses, é
o atual edifício da Câmara Municipal de Portalegre que antigamente fazia parte das
“do abandono à mEmória”Nuno Saraiva, vice- -presidente da Câmara Municipal de Portalegre, lembra que “a comuni-dade tem de começar por se identificar com a sua própria cidade, e tem quem ganhar consciência da im-portância da reabilita-ção, da reutilização dos edifícios.”
POR JOSÉ ANTUNES
p
LOCAL
20 anos JC • esep revista digital • 5
A comunidade tem de começar por se identificar com a sua própria cidade, e tem de ganhar consciên-cia da importância da reabilitação dos edifícios.”.
instalações da Real Fábrica de Lanifícios,
construída em 1772, por ordem do
Marquês de Pombal.
Em conversa com Nuno Saraiva, vice-
presidente da Câmara Municipal de
Portalegre, quando questionado sobre
a possível reutilização e renovação de
edifícios abandonados para dinamizar
a cidade, o autarca responde que “essa
reutilização muitas vezes é obtida, por
exemplo, através de junção de edifícios.”
“As políticas de reabilitação e revitaliza-
ção dos centros históricos atualmente
apostam na coabitação de várias funções
(habitação, serviços e comércio) porque
só assim se entende que o tecido se
torna vivo, ou seja, que a utilização é
totalmente garantida”, acrecenta.
O vice-presidente considera o turismo
como “um motor económico que ofe-
rece retorno e nesse sentido qualquer
acção que beneficie o turismo, a reabili-
tação é encarada como um investimento.“
E afirma que a Câmara Municipal de
Portalegre tem em implementação uma
“estratégia de reabilitação urbana no
centro histórico de Portalegre e Alegrete,
oferecendo isenções de taxas e de bene-
fícios fiscais para ações de reabilitação.”.
A Câmara pretende também “aumentar
a proteção dos edifícios de interesse
arquitetónico para que a cidade man-
tenha a sua identidade e autenticidade.”
Nuno Santana termina afirmando: “A
comunidade tem que começar por se
identificar com a sua própria cidade,
e tem quem ganhar consciência da
importância da reabilitação, da reutiliza-
ção dos edifícios.”.
Exemplo disso é Mariana Costa, de 25
anos, administradora da conta na rede
social Facebook “Portalegre Abandonada”.
A página onde Mariana aproveita os seus
tempos livres para colocar as suas foto-
grafias de edifícios abandonados, dentro
e fora do município, como forma de apelo
à sociedade.
Como Portalegrense, Mariana sentiu-se
na obrigação de “fazer alguma coisa para
mudar o rumo da cidade”.
“Decidi começar a fotografar o aban-
dono a que Portalegre tinha chegado e
publicar na minha página de maneira a
poder espevitar algumas mentalidades.
De maneira a poder mostrar que temos
muito potencial, só falta quem aposte em
nós,” conta.
“Hoje em dia, em cada um desses pas-
seios existem sempre edifícios aban-
donados a estragar a paisagem. Não
pelo facto de serem feios, muito pelo
contrario, mas pelo facto de serem lindís-
simos e estarem praticamente em ruinas.“
Expressa a jovem portalegrense.
Mariana considera que uma das causas
de tanto abandono é o facto de “as pes-
soas irem embora à procura de melhor
qualidade de vida e o que ficou para trás,
ficou. São apenas recordações.”
A jovem apela também para que “alguém
consiga despertar Portalegre do sono
profundo. Existe tanto para ver, conhecer.
As cascatas, os conventos, os jardins, os
vários castelos, as belas fontes, os mira-
douros, as ruas calcetadas, os túneis sub-
terrâneos e os maravilhosos fragmentos
da muralha medieval. Portalegre é feita
de tudo isto e muito mais. E por tudo
isto eu fico triste por ver que a cada dia
que passa, cada vez mais pessoas a irem
embora.”
6 • esep revista digital • 20 anos JC
Passei a conhecer melhor a cidade onde vivo e locais muito interessantes.”
LOCAL
20 anos JC • esep revista digital • 7
Geocaching destaca-se
por ser uma actividade
que necessita essen-
cialmente de um GPS e
coordenadas para que seja mais fácil a
descoberta das caches. Estas podem con-
ter objectos simples como canetas, lápis,
ou mesmo objectos mais complexos e
passiveis de uma consulta acerca da sua
origem e utilidade.
No concelho de Portalegre, tal como em
vários outros pontos do país, esta activi-
dade tem sido desenvolvida e explorada.
Existem cerca de dez caches neste ter-
ritório, algumas de fácil acesso, outras
que exigem mais recursos.
“Tenho um enorme gosto pela aven-
tura, mistério, pela exploração, foi por
essa razão que me interessei pelo
Geocaching”, conta Inês Cândido, que
pratica esta actividade há cerca de dois
anos. Inês tem vindo a aumentar o seu
desejo pela procura de todas as caches
que ainda não conseguiu encontrar. Mas
também aproveita para “poder conhecer
a cidade e os seus recantos”: “Desde que
iniciei esta actividade passei a conhe-
cer melhor a cidade onde vivo e alguns
locais muito interessantes e que nunca
imaginei que existissem”, diz a habitante
de Portalegre.
Esta acção torna-se assim também
dinamizadora do turismo. O Geocaching
permite que as pessoas passem a conhe-
cer, por caminhos que têm de percorrer,
e que podem ser desde o meio urbano
ao meio rural - conforme as coordenadas
que lhes são impostas - os locais ocultos
de Portalegre e todos os lugares que
visitam em busca das caches.
Em 2014 verificou-se um crescimento
no número de indivíduos, oriundos de
vários países, principalmente de Espanha
e Suíça, que analisando o território,
encontraram em Portalegre as caixas,
deixando a marca da sua passagem. Estes
mesmos dados ajudam a perceber que
o Geocaching pode ajudar a contribuir
para o aumento do Turismo na cidade.
Os adeptos da modalidade garantem que
em 2015 aumentou o número de indi-
víduos que procuraram em Portalegre
as caixas.
Contudo, Raquel Matias, residente na
cidade de Leiria, considera “que esta acção
devia ser mais divulgada em Portalegre”,
devido ao facto de noutras cidades por-
tuguesas o conceito de Geocaching ser
mais conhecido e “seduzir” mais o públi-
co-alvo. “Mesmo na Internet, ao procurar
as coordenadas para que se possam
encontrar as caches, o acesso é mais
escasso e é mais difícil de obter resposta
do que noutras cidades onde já pratiquei
esta actividade”. Por isso mesmo, Raquel
acha importante motivar este tipo de ini-
ciativas por assegurar “poder dinamizar a
cidade, pela abrangência de culturas que
este tipo de temas pode suscitar”.
O Geocaching vai sendo desenvolvido,
tanto a nível de resursos, tecnologia, per-
cursos, como de mais caches que todos
os dias podem ser encontradas. Ao longo
dos anos pelo avanço das tecnologias e
o este conceito foi atraindo mais pessoas,
o que levou a autarquias a investirem e
a dar uma maior visibilidade ao tema,
de acordo com Inês Cândido e Raquel
Matias, “esta acção como sendo saudável
e dar aos seus praticantes a oportuni-
dade de conhecer Portugal e o Mundo
inteiro.”
vIAJAR ATRAvéS do GEocachinG
o
tEnho um
EnormE Gosto
pEla avEntura
O conceito de Geocaching tem vindo a ser mais amplo e diversificado, desde o seu começo, em 2000. O gosto pelo desporto ou a simples atividade de lazer, despertam a curiosidade do público, tendo ao longo destes anos mais aderências, como também mais caches para serem en-contrados pelos inte-ressados.
POR PATRÍCIA BATISTA
LOCAL
8 • esep revista digital • 20 anos JC
Cáritas de Portalegre começou a apoiar refugiados
no fim de 2012 com a chegada de três refugiados
vindos do centro de acolhimento da Bobadela
(CAR), que decidiu criar mais “postos” de acolhi-
mento, redistribuindo assim os que chegam pelas capitais de
distrito de Portugal.
“Portalegre acolhe” de momento cerca de 15 refugiados de
nacionalidades como Bielorrússia, Serra Leoa, Costa de Marfim,
Etiópia, Nigéria, Mali, e Congo. Os refugiados que chegam a
Portugal vêm a maioria das vezes porque pediram junto da
embaixada asilo político, ou por recearem serem perseguidos
devido à sua raça, religião ou nacionalidade. Ao chegarem a
Portugal são encaminhados para o centro de acolhimento para
refugiados (CAR).
No âmbito do Programa do Fundo Europeu para a Integração de
Nacionais de Países Terceiros (FEINPT), a Cáritas de Portalegre
desenvolveu o projeto “Portalegre Acolhe”, e no decorrer do
mesmo foram realizadas algumas atividades interculturais,
nomeadamente algumas festas e passeios pelos arredores de
Portalegre, Alter do Chão e Nisa foram alguns dos locais visita-
dos pelos refugiados.
Segundo Luís Mamão, da Cáritas, os refugiados dizem que “se
sentem [dentro dos possíveis] muito bem em Portalegre e
que na cidade têm de tudo um pouco e são apoiados de uma
maneira tal, que nunca seria possível em Lisboa”.
“PORTALEgRE ACOLhE” rEfuGiados
a
POR DANIELA PAULO
Portalegre recebeu em 2015 cinco refugiados que vão receber o apoio da Cáritas, totalizando assim cerca de 15 refugiados ao cargo desta mesma instituição.
LOCAL
Actividades interculturais como festas e passeios ten-tam integrar comunidades. ”
20 anos JC • esep revista digital • 9
ão mais de 100 portas comerciais que todos os
dias encerram em Portugal, e Portalegre não é
exceção. O encerramento de estabelecimentos
é consequência da crise. “A cidade tem vindo a
perder estudantes, devido à crise e também porque vivemos
numa cidade que não tem emprego para os jovens”, afirma Hugo
Ossuman, gerente do Álamo, um dos bares que ainda resiste na
zona.
Empregado no local há mais de 6 anos, Hugo Ossuman conta
ter assistido a um decréscimo na vinda de estudantes. “A cidade
só tem vida quando estão cá os estudantes! De ano para ano
são menos, e eles dão alegria, agitação, tudo a esta cidade!”,
acrescenta.
As noites portalegrenses avizinham-se tristes para os residentes,
que cada vez mais decidem abandonar a cidade. “Converso com
amigos meus que trabalham em Évora, Castelo Branco e Lisboa,
e eles próprios dizem que a noite está cada vez pior”, afirma o
gerente de um dos bares mais frequentados em Portalegre.
Uma das razões que Hugo Ossuman considera como sendo a
fonte de problemas na região, é a existência de muita concorrên-
cia num local tão restrito. “Por haver diversos bares, as pessoas
escolhem os preferidos, ganham rotinas e devido à pouca popu-
lação/clientes, as despesas aumentam e o lucro baixa”, lamenta.
Estabelecimentos encerrados como Alibábá, Lagartos, Príncipe
Real, República, Tapas Bar, Tasca Académica e Tasca Moka são
muitos dos nomes que o gerente enuncia para mostrar a con-
tinuidade desta situação. O bar que recentemente fechou portas
foi o Príncipe Real, bar/café que era o mais frequentado pelos
estudantes portalegrenses. Por isso, constata-se que os “bares
cada vez menos apostam nos artistas pela falta de dinheiro,
trabalhando com os mínimos possíveis”, informa.
Na luta diária por angariar clientes, os proprietários tentam
chamar à atenção me mais clientela trazendo artistas, mas
o cenário parece não mudar muito. “Aposta-se em grandes
artistas, mas funciona numa semana, na outra está tudo vazio
outra vez,” afirma Hugo Ossuman. Por este motivo, a instabi-
lidade sentida no negócio dos bares, em Portalegre, preocupa
os residentes e proprietários:. “Hoje em dia temos bares muito
bons em Portalegre, mas acredito que nenhum bar tenha esta-
bilidade, isto porque os dias fracos são mesmo muito fracos. Os
dias fortes, são normais! Normais porquê? Porque um bar tem
imensas despesas”, acrescenta.
s
ECONOMIA
MENOS EstudantEs, MENOS
cliEntEs Condições económicas cada vez mais
desfavoráveis obrigam proprietários do distrito alentejano a fechar portas
POR GLÓRIA FONTOURA
10 • esep revista digital • 20 anos JC
ara quem estuda ou trabalha
longe de casa, levar refeições
caseiras parece ser a melhor
hipótese. Com o aumento dos
preços e a situação económica do país,
comer fora fica caro. Até porque nos
restaurantes nem sempre se tem à dis-
ponibilidade comida saudável a preços
em conta.
A moda da marmita veio mesmo para
ficar. Quem o diz são os alunos e fun-
cionários da Escola Superior de Educação
de Portalegre (ESE) que já aderiram à
tendência e garantem não haver desvan-
tagens.
Uma das adeptas das marmitas é Isa
Pinheiro Ceia, aluna do primeiro ano de
jornalismo e comunicação, que confessa
ter aderido a esta moda: “Dois meses
depois de ter chegado à escola. Não só
devido aos preços mas também porque
sabe melhor comer a nossa comida casei-
ra.” Mas a marmita acaba também por
ser uma forma de economizar assume-o
Catarina Bugia, aluna do 2º ano, perfil de
comunicação: “Almoçava fora três dias
por semana o que rondava um gasto
de 20 euros. Agora, gasto por volta de 5
euros. No final do mês é uma diferença
muito grande.”
Preparar a própria marmita possibilita
também o reaproveitamento da comida
que sobra de outras refeições. Permitindo
alternar o que se come “um dia peixe, um
dia carne” confessa Andreia Costa, aluna
do primeiro ano de serviço social. Na
realidade uma opção para quem gosta de
cuidar da sua alimentação.
A maioria dos alunos adotou esta medida
recentemente. No secundário tinham à
disposição uma cantina escolar e por
terem subsídios escolares, não pagavam
as refeições. Não se justificava o uso da
marmita.
Este objeto que anda na moda parece
ser um simples recipiente só que há
muito que faz parte da sociedade por-
tuguesa. A crise só lhe deu destaque e
uso mais frequente. Os trabalhadores
dos campos e os operários da construção
civil sempre levaram refeições caseiras
para o trabalho. No Alentejo as pessoas
que trabalhavam no campo levavam as
suas refeições em tarros (recipientes em
cortiça). Domingos Silva, funcionário da
ESE, afirma que desde que se iniciou
no mercado de trabalho optou pelas
marmitas: “O trabalho assim o exigia.
a moda daMARMITA
p
Levar marmita para o trabalho ou para a universidade tornou-se moda. Quer seja por razões económicas ou por motivos nutricionais.
POR MARIA NOGUEIRA
SOCIEDADE
a marmita dE...
rEcEita
20 anos JC • esep revista digital • 11
Atualmente continuo a trazer. Tenho um
horário direto o que não me permite ir a
casa ou a um restaurante.”
Outra fã desta moda é Irene Melita,
tesoureira da ESE, que prepara as suas
refeições para levar para o local de trab-
alho há 10 anos: “Aderi às marmitas por
ser mais económico. Comecei a prepará-
las quando casei e tive a minha própria
casa.”
Vanda Almeida, atual proprietária do bar
da ESE, junta-se ao grupo de funcionários
da Escola que levam marmita: “Mesmo
tendo à disposição uma variedade de
produtos expostos na vitrina do bar,
opto por trazer a minha própria marmita.
Acabo por ter mais oferta de escolha
além de conseguir economizar.”
Quando questionada sobre a influência
desta tendência nas vendas do estabe-
lecimento, Vanda Almeida afirma: “ O
facto de os alunos trazerem as suas
próprias marmitas influenciou o nível
de vendas, que baixou particularmente
neste segundo semestre” e acrescenta
“ deixou de compensar fazer sopa para
vender no estabelecimento, não dava
lucro.”
Em alternativa, os alunos podem recorrer
à cantina central do Instituto Politécnico
de Portalegre (IPP) e ao bar da ESE.
Mesmo assim, Margarida Batista, aluna
do curso de jornalismo e comunicação,
reconhece: “ É mais saudável e mais
equilibrado comer uma refeição que é
preparada em casa do que comer tostas,
sandes ou sumos todos os dias. Para além
disso fica mais barato.”
A ESE teve de se adaptar aos novos hábi-
tos e dispõe de uma sala onde os alunos
e funcionários podem aquecer a sua
comida, comer e conviver. É lhes provi-
denciada uma televisão e ar condicio-
nado para oferecer um melhor ambiente
a quem usufrui do espaço. Lúcia Ferro
constata: “Consigo conviver e criar novas
relações com as pessoas que também
utilizam o mesmo espaço que eu.”
A modernidade do tema surge por ser
tendência nas universidades. As dificul-
dades financeiras que se sentiram nos
últimos quatro anos obrigaram os estu-
dantes a rever os seus hábitos de con-
sumo. Os alunos e funcionários da ESE
reforçam que foi a pensar em poupar
que aderiram a esta moda e só depois
se junta a questão nutritiva. Quanto à
escolha dos alimentos a maioria prefere
pratos de carne e saladas mas logo
a seguir surgem as alternativas: sopas,
peixe e sandes.
A marmita deixa assim de ser tabu e
passa a ser um hábito comum. Segundo
um estudo da Escola de Marketing IPAM
“78% dos inquiridos reduziram as suas
idas aos restaurantes sobretudo em dias
úteis”. O que reforça o hábito de preparar
a comida em casa para a levar para o
trabalho.
O famoso recipiente também se revela
um negócio com sucesso no mercado. As
pessoas começam a dar mais atenção ao
design e à funcionalidade. Marcas como
a SmartLunch são exemplo disso mesmo.
Comer quando, onde apetece e o que
se considera mais saudável e saboroso.
Poder variar consoante o gosto pessoal e
garantir que o que se come é bem con-
fecionado, são algumas das vantagens de
transportar a comida caseira. Segundo
dados da Kantar Worldpanel “cerca de
40% dos lares portugueses preparam
marmitas para levar para o emprego.
Cerca de mais de metade dos valores
apresentados em 2009.”
O melhor é habituarmo-nos à imagem
das marmitas nas ruas e espaços públi-
cos. Parece que vieram para ficar.
Consigo conviver e criar novas rela-ções com as pes-soas que também utilizam o mesmo espaço que eu.”
Catarina Bugia
Aluna do curso de Jornalismo e Comuni-cação (perfil comuni-cação) aderiu à moda da marmita no início do 2º semestre do 2º ano. Adepta de comida saudável foi uma forma de aliar bons hábitos alimentares à poupança.
O calor chegou à séria! E para quem
tem tensão baixa, estes não são os
melhores dias. Daí, e para tornar
um pouco mais suave um chá verde,
acrescentam-se cascas de laranja
(bem lavadas) à infusão e deixam-se
resfriar mais um pouco no frigorífico
antes de beber. O chá verde ajuda a
eliminar a celulite, por isso o casa-
mento é promissor.
Fonte: http://amarmitalisboeta.blogspot.pt/
SOCIEDADE
12 • esep revista digital • 20 anos JC
sonhos Em paisaGEns DESEMPREgADAS
O Alentejo foi eleito a melhor região de turismo nos Prémios Portugal Travel Awards. A National Geographic considerou a região no top dos 21 países a visitar. Apesar disto os estudantes de turismo temem desemprego e falta de oportunidades.
POR MARTA RAMOS
SOCIEDADE
20 anos JC • esep revista digital • 13
cidade de Portalegre dispõe de instituições edu-
cacionais direccionadas para a área do turismo,
com o objetivo de formar e qualificar os alunos
face às necessidades do mercado, no entanto os
respectivos estudantes sentem algumas fragilidades.
O sector turístico na região do Alentejo tem vindo a aumentar
a sua visibilidade, com o desenvolvimento de um conjunto
estratégico. O desejo de viajar pela História e abundância do
Património tem motivado a criação de actividades e eventos que
permitem o reconhecimento da região e um valor acrescentado
para a mesma.
“O turismo é um sector essencial para a notoriedade do ter-
ritório. É preciso reforçar e ampliar de forma a ser decisivo na
excelência e afirmação da marca Alentejo no Mundo que nos
dias de hoje já conseguimos.” expressa Ceia da Silva, Presidente
do Turismo do Alentejo.
A Escola de Hotelaria e Turismo de Portalegre (EHT Portalegre)
foi considerada um projecto inovador e um marco importante
para toda a região alentejana, de acordo com Maria Conceição
Grilo, Directora da instituição.
“A escola dá apoio a todos os seus alunos, temos estágios longos
e serviços escolares com o privilégio de ter contacto com pes-
soas experientes na área contudo Portalegre não tem capacid-
ade para empregar jovens deste sector.” declara Ana Rodrigues,
aluna do curso de Técnicas de Serviço de Restauração e Bebidas,
da EHT Portalegre.
André Coutinho, aluno do curso de Técnicas de Cozinha e
Pastelaria na instituição anteriormente referida afirma com
alguma motivação e ao mesmo tempo preocupação: “Temos
formadores na área da cozinha, turismo, gestão hoteleira, gestão
de serviço de bar e restaurante que preparam muito bem os
alunos para o mercado de trabalho. Os maiores desafios são os
eventos para os quais a escola é convidada a participar e o facto
da cidade não ajudar.”
O curso de turismo também é promovido na Escola Superior de
Educação de Portalegre mas as visões quanto ao apoio forne-
cido por parte do estabelecimento de ensino diferencia-se em
relação aos estudantes da EHT Portalegre e recordam o quão
diferente é o rigor em cada uma das instituições.
“A escola não presta o apoio suficiente, precisamos de mais
especialização e eventos para comunicarmos e socializarmos
com pessoas referentes na área”, critica Ana Mendes, com algu-
ma desmotivação.
Do ponto de vista de Elisabete Rodrigues, Directora do Curso
de Turismo da ESEP, a actual situação é de um esforço tal como
expressa: “Com o que conheço da cidade de Portalegre e da
ESEP, considero que tanto uma como a outra estão preparadas
para responder às expectativas dos alunos, embora possamos
sempre melhorar sendo que nada é finito”.
Os alunos mostram descontentamento com as carências que
este sector apresenta e contestam os desafios que podem vir
a ter no futuro tendo em conta que consideram a cidade de
Portalegre incapaz de corresponder às suas expectativas.
Em contrapartida Ceia da Silva considera: “Nenhum outro sec-
tor tem criado tanto emprego como o turismo e o Alentejo está
preparado para ir ao encontro das perspectivas dos jovens. O
emprego jovem é determinante. São os jovens que têm que criar
o seu próprio emprego, como por exemplo animação turística.”
Ana Rodrigues com algum receio recorda: “O hotel que temos
nem um restaurante tem, é necessário desenvolvimento e por
esse motivo a cidade em questão não tem capacidade para
empregar os jovens desta área.”
Em Portalegre grande parte dos monumentos, pontos de refe-
rência encontram-se fechados e muitos estabelecimentos são
negócios de família o que faz com que a área de turismo esteja
limitada para estes alunos e por esse motivo sentem dificuldade
em conseguir oportunidades.
“Um dia posso vir a precisar de jovens mas já tenho pessoas
efectivas e quando algo acontece abro as portas a pessoas da
casa”, declara Palmira Pires, proprietária de um restaurante.
O Alentejo foi eleito a melhor região de turismo nos Portugal
Travel Awards e a National Geographic incluiu-o na sua lista
mundial de 21 destinos a visitar.
A paisagem, o cheiro, a tranquilidade e a diversidade são ele-
mentos que se realçam cada vez mais como marca do Alentejo
assim como as fortalezas, castelos, muralhas, parques naturais e
restos arqueológicos que são facilmente encontrados por toda
a região.
Embora apresente grandes dimensões geográficas o Alentejo é a
região menos povoada do país e por esse motivo sente-se algu-
mas fragilidades e limitações tal como os estudantes referiram.
“Penso que não há apoios suficientes mas já começamos a
trabalhar para inverter a situação. Devia haver ligações mais
fortes com entre todas as entidades deste sector” reforça
Sónia Mendes, Técnica-Superior da Agência de Desenvolvimento
Regional do Alentejo.
a sEctor do turismo tEm sido o
quE mais cria EmprEGo
Penso que não há apoios suficientes mas já começa-mos a trabalhar para inverter a situação. Deve haver ligação entre as entidades.”
SOCIEDADE
--
ARQUIVO
14 • esep revista digital • 20 anos JC
m Março de 1994, um grupo de colegas que
gostavam de cantar juntou-se já que “na altura
o único grupo de músicas existente na Escola
Superior de Educação (ESEP) de Portalegre (ESEP)
não se sentia realizado” conta Rui Serras, um dos fundadores da
Tuna Papasmisto.
Inicialmente, a ideia era formar uma tuna masculina só da ESEP,
mas a adesão por parte dos homens não era muita e, além
disso, a dificuldade de arranjar instrumentos fez com que o
grupo recorre-se a colegas da Escola Superior de Tecnologia e
Gestão (ESTG). “Fizemos a divulgação e nos primeiros ensaios
deparámo-nos com quarenta elementos, apenas com dois instru-
mentos”
A luz dos holofotes fez com que a música fosse tocada de
outra forma. O convite por parte de um canal televisivo para
que a “tuna da ESEP participasse num programa televisivo”
fez com que Rui Serra e os colegas reunissem com o Professor
Fortunado Queiroz, na altura Presidente do Instituto Politécnico
de Portalegre (IPP), para falarem com ele acerca da formação
da tuna.
Quando a tuna foi formada houve um encontro, onde convida-
ram duas tunas de Coimbra, uma de Castelo Branco, de Évora e
ainda a tuna de medicina de Badajoz, que se realizou com os “25
contos (125 euros) que tínhamos no bolso que juntámos a fazer
arruadas na altura do Natal e das Janeiras” referiu Rui Serras.
Na altura, receberam apoio do IPP e do Instituto Português da
Juventude (IPJ), que forneceu alojamento e refeições. No fim
“tínhamos 1000 contos no bolso (5000 euros) ”
Atualmente, a tuna organiza um encontro chamado “Capotes
Negros” que tem como objetivo “juntar várias tunas do país.”
Mas neste entcontro não não se esquecem as tunas da cidade
de Portalegre. “Com isso queremos proporcionar aos estudantes
uma noite académica diferente e especial”, conta Maria Castelo
Branco. Este encontro é um marco importante, dado que “exige
muita dedicação e trabalho”. No fim da noite todos sentem “sat-
isfação por mais um ano cumprido”.
Hoje são cerca de 28 os membros ativos da tuna, ou seja, são “28
personalidades completamente diferentes, o que é normal gerar
alguns conflitos, mas são tão necessários como os momentos
de alegria” e como tuna nunca se esquece que “existe sempre
um objetivo em comum que é levar o “barco” para o melhor
caminho”, diz Maria Castelo Branco.
Muitos tunantes vêm o grupo como uma família, tal como Marta
Ramos refere: “Vi que havia ali uma família e o facto de estar
tão longe de casa, levou-me a querer entrar na tuna”. Para João
Guimarães, a tuna significa “poder ter atuações quer na cidade
em que se está a estudar, quer levar o nome da cidade para fora,
dar a conhecer às pessoas e fazê-las felizes e, acima de tudo,
mais quE uma tuna, UMA fAMíLIA
E
POR CLÁUDIA ROCHA
“É sem dúvida um enorme prazer dar um pouco de mim a esta tuna, mas com toda a certeza que nunca lhe vou dar tanto a ela como ela me dá a mim”, afirma Maria Castelo Branco, atual presidente da Tuna Papasmisto.
CULTURA
20 anos JC • esep revista digital • 15
sair da rotina.”
Quanto ao futuro da tuna Maria afirma
que “não podia estar mais contente por
ver a dedicação e a força de vontade
de todos nós para que isto continue”.
Quando se fala em “tuna”, muitos pensam
que isso se baseia em copos e bebedei-
ras mas,“na verdade acima disso tudo
está uma tradição a manter, uma enorme
vontade de tocar e cantar e passar aos
que vêm, aquilo que os que já foram
nos passaram a nós, sempre com “amor
à camisola”.
Maria refere ainda que tem a certeza de
que a tuna tem “condições para continuar
a representar a nossa cidade com muita
alegria e continuar a contar uma história
que já vai em 21 anos.”
Vi que havia ali uma família.E o facto de estar longe de casa, levou-me a querer entrar para a tuna.”
CULTURA
16 • esep revista digital • 20 anos JC
REbUçADOS DE PORTALEgRE na boca dos portuGuEsEs
Os rebuçados de ovos de Portalegre vieram trazer o reconhecimento à cidade de onde são originais. É um produto que se distingue como “uma jóia da doçaria conventual portuguesa”.
POR DANIELA PAULO
CULTURA
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20 anos JC • esep revista digital • 17
oi em 2005 que nasceu a
tão “prestigiada” fábrica
de rebuçados de ovos de
Portalegre. A ideia partiu
de Daniel Roldão, zootécnico de pro-
fissão.
A criação da fábrica de rebuçados de
ovos surgiu durante um projeto bem dife-
rente: “Um parque com galinhas, capoei-
ras, ervas e minhocas”, conta Daniel
Roldão. O principal objetivo era a criação
de galinhas poedeiras num ambiente
biológico e saudável.
Durante o projeto que desenvolvia Daniel
percebeu que 30 por cento dos ovos que
produzia não podiam ser comercializados
devido ao seu calibre, pois estes têm de
obedecer a determinados parâmetros.
O produtor achou “engraçado encontrar
uma utilização para esses ovos” e per-
cebeu ainda que seria “muito apropriado
agarrar num doce ou num produto da
zona que sempre foi conhecido por ser
muito bom mas que poucas pessoas tin-
ham acesso pois só eram confecionados
por encomenda e em épocas festivas”.
Posto isto, surge em 2005 a fábrica de
rebuçados de ovos, ao fim de dois anos
de investigação intensiva e aperfeiçoa-
mento da receita. Esta investigação foi
realizada em parceria com a Escola de
Hotelaria do Estoril, com o objetivo de
estender o prazo de validade.
A principal preocupação de Daniel
Roldão foi o respeito pelo modo de
fabrico tradicional e “ a responsabilidade
de não adulterar mas sim de melhorar
o produto, não utilizando produtos de
enchimento, produtos de coloração, nem
outro produto que desvirtude o produto
original, no fundo é o respeito pela ori-
gem sem fundamentalismo”
A receita dos rebuçados de ovos já não
é a mesma, que a criada pelas freiras do
Convento de Santa Clara, há três séculos.
Nessa altura como forma de aproveita-
rem as gemas dos ovos após a confeção
das hóstias. Hoje a receita está adaptada
às novas exigências do consumidor, visto
que os hábitos alimentares de hoje não
são os mesmos do século XVIII e “o tradi-
cional de hoje não será o tradicional de
amanhã”
O rebuçado de ovo
“O rebuçado de ovo é um produto com
grande valor, com história e que se dis-
tingue como uma jóia da doçaria con-
ventual portuguesa”, segundo o funda-
dor da fábrica de rebuçados, este é um
“doce magnífico”, considerado um ícone
da cidade de Portalegre.
Segundo Carla Oliveira, chefe de
produção desde o primeiro dia de ativi-
dade da fábrica, afirma que diariamente
é possível produzir e embrulhar 400
rebuçados em oito horas de trabalho.
A confeção dos rebuçados conta ape-
nas com dois ingredientes: gemas de
ovos e açúcar, no entanto cada lote de
rebuçados pode demorar entre quatro a
seis dias a ser produzido sem máquinas
na linha de produção “é um modo de
fabrico muito lento, em que a massa do
rebuçado tem de ganhar consistência
para poder ser trabalhada fase a fase” diz
Carla Oliveira ao explicar que depois de
a massa obter a consistência correta, são
feitas as bolinhas que posteriormente
são passadas por açúcar em pó e por
último em calda de açúcar em ponto de
rebuçado para que estes fiquem esta-
ladiços.
Depois de arrefecidos estes são embrul-
hados em papel de seda e fechados
nas suas “latinhas” amarelas, desenhadas
pela Shift Design, de modo a apelarem o
consumidor, com o seu aspeto “vintage”.
O caminho dos rebuçados
Depois de produzidos os rebuçados,
chega a hora de distribui-los pelos por-
tugueses, já existem pontos de venda de
norte a sul do país incluindo as ilhas,
Viana do Castelo, Porto, Coimbra, Leiria,
Santarém, Évora e Lisboa são exemplos
de onde é comercializado o produto, sem
esquecer claro a cidade de Portalegre, de
onde estes são oriundos.
Os principais pontos de venda em
Portalegre são as lojas “Hiperfrutas” e
a “Sons e Sabores”, que são das poucas
no distrito que se adequam ao tipo de
mercado.
Lisboa é o distrito que conta com o
maior número de pontos de venda, pois
existem mais oportunidades de mer-
cado, tendo em conta que o produto é
essencialmente dedicado a um segmento
“premium”, onde é necessário dedicação e
formação.
Por isso mesmo, “Portalegre não tem um
comércio de grande volume, poucas lojas
são especializadas e este é um produto
que requer dedicação e formação, por-
tanto não há muito espaços comerciais
para nós trabalharmos, daí Lisboa ser
uma boa escolha”
A opção de exportar o produto para mais
pontos da Europa ou mesmo do mundo,
por enquanto não está nos planos da
empresa pois como já foi referido os
rebuçados são um produto muito especí-
fico, com características únicas e com um
prazo de validade curto que ao ser com-
ercializado para o estrangeiro poderia
perder muito da sua qualidade.
f
Agarrar num doce ou num produto da zona que sempre foi conhecido por ser muito bom mas que poucas pessoas tinham acesso pois só eram feitos por encomenda e em épocas festivas”
CULTURA
18 • esep revista digital • 20 anos JC
ma das surpresas que a maior parte dos estudantes
do Instituto Politécnico de Portalegre tem quando
chegam à cidade é a falta de um cinema. Para estes
jovens este é um dos hobbies de eleição. Hoje a
maior parte dos filmes são disponibilizados em formato digital
o que coloca um problema à única sala de cinema de Portalegre
– o Centro de Artes e Espetáculos (CAEP). A Câmara Municipal
e o CAEP estão a trabalhar em conjunto para tentarem uma
solução. “Atualmente já não há praticamente filmes em 35 mm,
as chamadas bobines, e todos os filmes serem disponibilizados
em formato digital, a Câmara Municipal de Portalegre e o CAEP,
apesar das dificuldades económicas, irão tentar obter esse novo
formato para o Centro de Artes, através de candidaturas a fun-
dos comunitários”, diz Gaspar Garção, funcionário do CAEP.
O Centro tenta substituir uma sala de cinema, mas os filmes
chegam tarde. Pedro Barbas, Chefe da Divisão de Cultura,
Juventude, Desporto, Educação e Turismo de Portalegre, admite
que o CAEP não substitui um cinema, mas “é como se fosse um”
e que “a verdade é que há falta de investimento em todas as
áreas que se dedicam à cultura”. O responsável conta ainda que
“quase todos os filmes são casa cheia, principalmente os infantis,
chegamos a ter três sessões completamente esgotadas”. Gaspar
Garção, funcionário do centro, explica: “o CAEP não é um cinema,
é um Centro de Artes e Espetáculos, que como o nome indica,
tem várias atividades, desde cinema, a música de vários tipos,
até dança, teatro, exposições, conferências, etc.”
Mas multiplicam-se as iniciativas para substituir a inexistência
de um cinema em Portalegre. Além de exibições de filmes no
CAEP, há exibições no Porta-Aviões todos os domingos à noite.
E há ainda o CINESEP na Escola Superior de Educação, todas as
terças à noite.
DIgITAL PRECISA-SE para Garantir cinEmana cidadE
u
Apesar das sessões regulares de cinema no CAEP, os filmes são pouco comerciais e afastam jovens desta sala.
CULTURA
POR BÁRBARA FANTONE
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20 anos JC • esep revista digital • 19
Todas as semanas há danças de sevilhanas no CAEP que assim
promove a abertura dos habitantes portalegrenses a outras
culturas, nomeadamente à espanhola. As senhoras e crianças
que se juntam todas as quartas-feiras, entre as 18:15h e as
19:15h, demonstram que existe uma “grande paixão pelas dan-
ças Sevilhanas uma vez que são bastante vivas e alegres”, revela
Teresa.
As Sevilhanas que advêm da evolução do Flamenco são carac-
terizadas como uma dança de par. Estas danças são ainda adje-
tivadas de graciosas, espontâneas e bastante dinâmicas e é isso
que tem vindo a cativar cada vez mais o público portalegrense.
Ana Nunes, aluna deste grupo diz-se “simplesmente encantada
pela dança que vi num bar em Sevilha. Depois de terminar o
curso comecei a ter aulas de Sevilhanas em Lisboa, isto já há
muitos anos, mas desde aquela noite em Sevilha, o bichinho
pelas Sevilhanas nunca mais desapareceu”. Segundo Teresa, “a
dança Sevilhana tem vindo a popularizar-se por toda a parte”
e é por isso que a aposta na mesma se tornou óbvia para o
CAEP, uma vez que o Centro de Artes do Espetáculo, como o seu
próprio nome indica, pretende dar às pessoas aquilo que tem a
ver com a arte e a cultura, não só do nosso país, mas do mundo
inteiro.
Este grupo, embora se trate de um grupo amador, tem conse-
guido fazer algumas atuações de forma a mostrar ao público
aquilo que vão desenvolvendo nas aulas e os progressos que
vão fazendo. Estas atuações servem ainda para tentar cativar
mais gente para a prática desta dança.
LAbORATóRIO dE dança sEvilhana
“O objectivo é dar a conhecer a dança espanhola aqui em Portalegre”. É assim que a professora Teresa Sequeira carac-teriza a aposta do CAEP LAB na dança Sevilhana. As aulas realizam-se todas as quartas-feiras ao fim da tarde no CAEP.
POR JOÃO BAPTISTA
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20 • esep revista digital • 20 anos JC
A apresentação do projeto foi feita há cerca de dois meses em
Alter do Chão e as inscrições já se encontram abertas. Este even-
to resulta de uma parceira entre o Centro Cultural e Desportivo
Ases do Pedal, com sede em Portalegre, e o clube Alter Real BTT
de Alter do Chão.
Esperam-se atletas vindos de todo o país naquela que será uma
prova de 190 quilómetros, com a duração de dois dias, a decorrer
entre Portalegre e Alter. O percurso será entre caminhos rurais e
uma breve passagem pela serra de S. Mamede mas, a organiza-
ção alerta: “O percurso será efetuado com a orientação de um
GPS e não existirão marcações no terreno.”
Os atletas podem inscrever-se para os dois dias ou apenas para
um, com equipas de um a três elementos de ambos os sexos. O
município de Alter do Chão disponibiliza ainda, gratuitamente,
alojamento para aproximadamente 35 atletas, aos restantes será
permitida estadia no pavilhão.
João Figueira, aluno de serviço social da Escola Superior de
Educação, praticante do desporto desde os seus 14 anos decidiu
embarcar nesta aventura e confessa: “É a primeira vez que reali-
zo uma prova deste tipo. Sou mais adepto de provas de resistên-
cia, maratona e provas de XCO (modalidade do ciclismo de mon-
tanha). Quanto a esta prova tenho a noção que não vai ser fácil,
esperam-se dias com temperaturas elevadas e as distâncias são
bastante longas mas, quem corre por gosto não cansa.”
João Figueira participa na equipa de um dos fundadores do
grupo Ases do Pedal, Júlio Ceia, que numa brincadeira com
Manuel Vilela e João Cândido criam o Centro Cultural e
Desportivo Ases do Pedal. Os Ases do Pedal, segundo Manuel
Vilela: “Organizaram aquela que foi considerada, durante algum
tempo, a melhor maratona de BTT que se fazia na europa”, a
prova Portalegre BTT que atingiu o recorde em 2007 com a
participação de 4750 praticantes de BTT.
bTT Em tErras ALENTEJANASÉ já nos dias 20 e 21 de junho que se realiza a 1ª travessia em BTT Portalegre – Alter do Chão.
POR MARIA NOGUEIRA
atlEtas farão
190 Km EntrE altEr
E portalEGrE
DESPORTO
ARQUIVO
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20 anos JC • esep revista digital • 21
DESPORTO
O clube formou-se em Dezembro de 1999. António Jacques
treinador de nível 2, e atual treinador, foi um dos fundadores.
E ainda não desistiu da equipa. António Jacques manteve-se
ao longo de todos estes anos a remar ‘’sozinho’’ contra todas as
adversidades que lhe iam aparecendo no caminho.
O Portalegre Basquete Clube começou com jovens que vinham
das escolas, com eles, uma equipa de juniores foi formada tendo
chegado a seniores, depois disso a equipa desmembrou-se, uns
foram jogar para outras equipas e tantos outros foram estudar
para fora da cidade.
Foi já na temporada de 2005/2006 que o PBC começou com os
mais novos, no mini basket que mais tarde transitaram para a
formação. Ao longo dos anos as equipas iam-se formando com
os jogadores que iam aparecendo e que consequentemente,
traziam outros para a prática desportiva no clube. Inicialmente
vinham pelo convívio mas depois acabavam por gostar e ficar.
O clube chegou a ter 4/5 escalões a funcionar ao mesmo tempo
entre 2006 a 2010, altura em que havia mais apoios entres eles
o da Câmara Municipal de Portalegre.
António Jacques afirma: ‘’Tenho levado o clube de todas as
maneiras possíveis’’, ‘’Tive de deixar de ser treinador para arbi-
trar um jogo porque não haviam árbitros no alentejo’’ referiu
ainda.
Em Portalegre há mais adeptos de futebol e andebol. O prob-
lema, diz o treinador, “não é o Alentejo. Em Ponte de Sor, Beja,
Elvas e Campo Maior, há apoio.” E considera que na base estão
sobretudo “questões culturais, de hábito e com a falta de dinam-
ização do desporto’’.
A equipa técnica contava com António Jacques a treinador e
alguns jovens aspirantes a treinadores que pelo clube passaram
em temporadas distintas e que nunca acabaram por ficar.
Os treinos do PBC funcionavam consoante os horários e as
épocas. Enquanto nos outros clubes, cada escalão tem dias
diferentes para treinar, em Portalegre eram todos os escalões ao
mesmo tempo. Entre os anos de grande adesão, o clube chegou
a ter cerca de 50 atletas, alguns deles foram treinar às seleções
regionais.
“Não é que não haja apoio porque houve apoio da autarquia de
2006 a 2010, mas depois disso começou a crise. Assim ano após
ano, corte após corte, as coisas deixaram de funcionar”, lamentou
António Jacques, com alguma tristeza nas palavras.
O treinador recorda os momentos que altos do basquetebol
na cidade. O clube chegou a organizar uma taça nacional de
juniores masculinos, a final da taça do Alentejo e a final do
campeonato regional de iniciados masculinos, e para António
Jacques esses foram os pontos mais altos clube em conjunto
com a participação de alguns atletas do Portalegre Basquete
Clube nas seleções regionais.
Um antigo jogador mostra a sua tristeza quanto ao fim do bas-
quete em Portalegre: ”Oxalá possa voltar, era importante para a
cidade” referiu.
O basquetebol em Portalegre já viu dias melhores. Hoje há
pouco mais do que um pavilhão vazio sem o barulho da bola a
bater no chão.
bASqUETE PERDE JOgADORESFoi um dos desportos influentes na ci-dade de Portalegre. Hoje o Basquetebol caiu de tal forma no esquecimento que não restam atletas no Portalegre Bas-quete Clube.
POR RAFAEL VINTÉM
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DESPORTO
20 anos JC • esep revista digital • 23
Deixando “clichés” de lado entramos em campo com as
mulheres que fazem do futebol uma paixão. Ana Valinho
começou no desporto aos sete anos de idade. A jovem,
natural de Fátima, começou no atletismo no clube da
terra, na Casa do Povo de Fátima. Aos doze anos mudava-
se para o futsal, no mesmo clube, mas rapidamente
ascendia na sua carreira, mudando-se já mais tarde para
o futebol.
Aos 21 anos Ana Valinho envergava a camisola do 1º
de Dezembro, clube da zona de Sintra, onde jogou três
épocas e foi campeã nas mesmas três, erguendo ainda
duas taças. Foi chamada à selecção nacional onde se
tornou internacional pela equipa das quinas. Depois
de uma experiência internacional, na Islândia, voltou a
Portugal onde representa o Clube Atlético Oureense há
quatro anos. No Oureense já foi campeã, já ganhou a Taça
de Portugal, e conseguiu escrever linhas de história, em
Portugal, ao serem o clube português que mais longe foi
na Liga dos Campeões.
Ana Valinho sublinha que o futebol não é igual para
homens e para mulheres porque “se a mulher quer fazer
desporto, normalmente tem de fazer muito mais sacrifí-
cios do que os homens” e “a visibilidade e reconhecimento
também é sempre maior nos homens do que nas mu-
lheres” referindo-se ao facto da comunicação social não
ter dado qualquer importância ao feito histórico do Clube
Atlético Oureense. Esta foi a equipa portuguesa que mais
avançou na Liga dos Campeões, contudo o facto de se
tratar de uma equipa feminina afastou-a das notícias.
Acima de tudo são mulheres com paixão pelo futebol,
mulheres que muitas vezes lideram homens e conseguem
manter o sangue frio para manter, dentro das quatro
linhas, a serenidade, dignidade e respeito que o futebol
assim pede.
Mariana Domingos é natural de Leiria e tem 21 anos e
sonha, um dia, fazer carreira no futebol. Sem bola nos pés,
mas com cartões na mão, Mariana é árbitra no distrito de
Portalegre tendo tirado a sua formação em Leiria, mas faz
sentido perceber toda a sua história.
Mariana sempre foi apaixonada pelo desporto e desde
cedo praticou patinagem artística. Contudo, uma lesão
grave afastou-a dos patins e das competições, mas levou-
-a a virar-se para o futebol, ou mais especificamente, para
a arbitragem de jogos de futebol. “Entrei na arbitragem
principalmente por causa do meu pai. Ele era árbitro e lá
em casa sempre fui habituada a ver e acompanhá-lo. O
bichinho começou a crescer e fui tirar o curso, mas nunca
pensei que viesse a gostar tanto disto”, revela Mariana.
A atleta, natural da Cidade do Liz, é já árbitra há seis anos
e desabafa: “No nosso país temos grandes árbitras que são
destacadas a nível internacional, por isso qualidade não
falta. Penso que o que falta é um pouco mais de reconhe-
cimento, e capacidade para dar valor ao futebol feminino,
e às atletas que o praticam”.
fUTEbOL NO fEMININOO futebol é o desporto rei e leva milhares de espetadores aos es-tádios para assistirem a uma boa partida de futebol. Quando falamos em futebol associamos ao sexo masculino, mas há um cada vez mais atletas.
mariana é
árbitra há Já sEis anos
POR TIAGO MARQUES
mas lamEnta
falta dE valoriZação
DESPORTO
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24 • esep revista digital • 20 anos JC
Famílias acolhem animais abandonadosANA PARENTEO principal objetivo das FAT’S passa por oferecer uma vida
de qualidade aos animais durante o período de espera por
uma família que os adote. Atualmente, a associação “Arronches
Adopta” conta com o apoio de duas FAT’S. Por norma, cada
família acolhe uma ninhada, o que perfaz um total de 6 a 9
animais. No caso em que se trate de alguma doença, cada FAT
fica apenas com um animal. Caso as famílias de acolhimento
temporário não possam cuidar deles muito tempo ou caso não
se encontre alguém que os adote, os animais voltam para o lagar
de Arronches, local onde foram acolhidos inicialmente.
De acordo com a responsável pelo projeto “Arronches Adopta”,
Patrícia Flores, houve diversos casos em que os pequenos
animais só se salvaram por serem integrados nestas famílias,
“fazendo as contas por alto, já mais de 20 cachorros se salvaram
por ficarem ao cuidado das FAT’S”. Acrescenta ainda que con-
sidera que seja muito importante ajudar todos os animais que
possamos. “É isso que o mundo em que vivemos precisa. Dar
sem receber nada em troca. Pois apesar de não podermos salvar
o mundo, podemos salvar pequenas vidas que fazem do nosso
mundo, um lugar melhor”.
SOCIEDADE
BREVES Termas pouco rentáveis para investimentos feitos
FÁBIO BELONo distrito de Portalegre existem três complexos termais. As
Termas da Fadagosa de Nisa, a Fadagosa do Monte da Pedra e
as Termas de Cabeço de Vide. Os complexos termais encontram-
se abertos apenas durante a época balnear, mas as receitas não
correspondem às expectativas. O complexo termal das Termas
da Fadagosa de Nisa foi restruturado e abriu ao público em
2009. A restruturação do complexo custou cerca de dez milhões
de euros. As terma, a oito quilómetros da vila de Alpalhão são
um espaço sem rentabilização, considerando o investimento
feito. “Criaram-se estruturas megalómanas e acabaram por não
ter a rentabilidade prevista”, disse Rui Lopes Administrador de
Hotelaria de um hotel próximo. O administrador admite que têm
tido “prejuízos” e que “as termas eram de facto um verdadeiro
ex-líbris para este hotel”. Rafael Moura, gerente da Tapada das
Safras acha, que as termas de Nisa poderão vir a ter uma solução,
“uma vez que são termas de uma excelente qualidade em termos
técnicos e de recursos humanos”. O gerente da Tapada das Safras
aponta que os “principais problemas são a falta de publicitação
do espaço”. Já a autarca da freguesia de Alpalhão, Ana Cecília
Manteiga, acha que se deveria enveredar por outros caminhos,
e apostar-se num centro de recuperação. “No nosso concelho
existem muitos idosos, acamados e como muitos problemas,
muitos deles necessitam de fazer tratamentos e ir para centros
de recuperação. Porque não, também fazer-se alguma coisa
nesta área, uma vez que há equipamentos nas termas para se
fazer isso”, referiu ainda Ana Cecília Manteiga, presidente de
junta de Alpalhão.
Falta de comboio sem soluções à vista
DUARTE BIVARO encerramento da ferrovia portalegrense veio colocar o distrito
mais longe de “tudo e de todos”. Depois de desativadas as linhas
férreas em 2012, os serviços rodoviários são a única solução
para os moradores. Além dos táxis, cujo preço é mais alto, só
a Rodoviária do Alentejo garante o transporte dos passageiros.
Paulo Bizarro, porta-voz da empresa, refere que se tentam
atenuar as carências, mudando rotas e horários de acordo com
as necessidades mais presentes entre férias e períodos lectivos.
E “qualquer cliente pode propor uma rota, nós depois vemos a
fiabilidade que isso tem em termos de passageiros, horário, e
outros critérios”, conclui.
ECONOMIA
LOCAL
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