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Falando de Improviso Dicas Práticas | Luiz Valério P. Trindade
De acordo com diversos profissionais da área de comunicação,
conduzir apresentações de improviso não constitui a regra.
Contudo, ainda assim, é de extrema importância desenvolver
esta habilidade, pois podem ocorrer situações onde você seja
convidado a proferir algumas palavras sem aviso prévio e
precisará dar o seu recado com segurança, firmeza e clareza. No
entanto, ao contrário do que inicialmente pode vir a parecer,
falar de improviso não é um bicho de sete cabeças. Para dominá-
lo com segurança requer basicamente conhecer algumas
técnicas essenciais e, acima de tudo, procurar praticar a fim de
adquirir desenvoltura e confiança em seu próprio potencial.
Formule rapidamente o propósito geral de sua fala e/ou
discurso. Por exemplo: a) você pretende estimular as pessoas
para que elas tomem uma atitude ou assumam um determinado
posicionamento?; b) você quer simplesmente informá-las a
respeito de um assunto?; c) ou ainda você quer persuadi-las com
uma ideia ou conscientizá-las sobre a importância de um tema?
Enfim, uma vez que você tenha definido qual o objetivo de sua
fala os passos seguintes serão derivados desta breve reflexão.
– 1 –
A seguir, considere quais devem ser as expectativas da plateia.
Ou seja, o que será que eles esperam ouvir de você? Levando-se
em consideração que você está inserido no contexto do evento
onde foi convidado a falar de improviso, você naturalmente terá
pistas a este respeito já que você está naquele ambiente e sabe do
que se trata o evento. Ou como se diz popularmente, você não
caiu ali de paraquedas.
– 2 –
Lance mão de recursos simples e objetivos para construir o seu
pensamento e linha de raciocínio: a) por que; b) quando; c)
onde; d) como; e) quem. Ou seja, como você não tem muito
tempo para elaborar sua fala, quanto mais objetivo e claro for
sua exposição, melhor pra você e mais efetiva tende a ser a
mensagem.
– 3 –
Faça alguns questionamentos a si mesmo ao elaborar sua linha de raciocínio, tais
como, por exemplo: a) será que minha fala necessita de dados concretos para
sustentá-la? Em caso afirmativo, eventualmente quais seriam eles e será que os terei
todos em mente e de forma precisa?; b) você acredita que eles devem se sentir
diferentes após ouvir sua apresentação? Em caso afirmativo, em que extensão e de
que forma?; c) Ou alternativamente, eles devem tomar algum tipo de ação? E, neste
caso, qual seria a mais recomendada e em que momento? Este tipo de questionamento
lhe ajudará a direcionar a condução de sua fala por um caminho ou outro de acordo
com os seus objetivos (ou seja, persuadi-los de algo, simplesmente transmitir
informações, conscientizá-los a respeito de algo, provocar reflexões, etc.).
– 4 –
Dê preferência em escolher ideias-chave que servirão de bússola para
guiar sua linha de raciocínio e servirão como espinha dorsal da
construção de seu pensamento e para o claro entendimento da plateia,
pois é infrutífero você discorrer sobre um assunto de tal forma a deixar
todo mundo meio ‘perdido’ ou ‘boiando’ e incertos se a fala do orador é
que não foi suficientemente clara ou se são eles que não conseguiram
acompanhar. Ou, como dizia um dos lemas da antiga Escola Bauhaus de
arquitetura, em muitas circunstâncias, “menos é mais” o que, em
outras palavras, quer dizer, seja simples, claro e objetivo ao invés de
excessivamente rebuscado e complexo.
– 5 –
Adicionalmente, outra dica valiosa consiste em ‘pegar carona’ na
fala do apresentador ou mestre de cerimônias que lhe convidou
para o palco e construir seu pensamento a partir deste ponto. Ou
seja, se for pertinente, capture algum gancho de sua fala antes
de anunciá-lo para a plateia e desenvolva pelo menos seu
pensamento inicial a partir dele e complemente com outro(s)
aspecto(s) que julgar coerentes para sustentar o seu argumento.
– 6 –
Cabe destacar também que, similarmente a uma apresentação
previamente planejada e bem estruturada, na fala de improviso a gestão
do tempo é igualmente importante e, na verdade, diria que até um
pouco mais delicada. Isso porque, enquanto na apresentação
previamente elaborada você a customizou para que se encaixe dentro
do limite de tempo estabelecido pelos organizadores do evento, na fala
por improviso o tempo se torna ainda mais fluído e requer uma gestão
levemente mais apurada. Geralmente, em falas por improviso, não é
esperado que o orador fale indefinidamente e nem tampouco que seja
no estilo do finado Deputado Federal Enéas Ferreira Carneiro (1938 –
2007) que tornou célebre a frase “meu nome é Enéas” porque seu
partido tinha apenas cerca de 30 seg no horário eleitoral gratuito nos
anos 1990. Nem um extremo e nem o outro.
Portanto, minha sugestão consiste em, muito discretamente, perguntar
à pessoa que lhe convidou a assumir a posição de orador de improviso
quanto tempo você tem e, a partir desta referência, você tem um
parâmetro para avaliar como proceder. Por fim, lembre-se também
que, por estar falando de improviso, se você se estende em demasia,
existe algum grau de risco de se perder nas ideias, divagar além da
conta e se tornar um pouco difícil de fechar o raciocínio. Sendo assim,
para evitar que isso aconteça, construa mentalmente uma ideia simples,
clara, objetiva e que lhe permita transmitir um recado com começo,
meio e fim.
Tenha sucesso!