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Manuel SalgadoHospital Pediátrico
Centro Hospitalar Universitário de Coimbra (CHUC)
Infeções em creche e infantário:
que crianças devem ir para casa e quais as que podem ficar
II SeminárioEspaços para a Infância
Coimbra, 23 de Maio de 2015
Mitologia Grega
Titã Cronus
“Crono veio a tornar-se o segundo imperador do Universo. Um sábio do oráculo, contudo, informou Cronoque, um dos seus filhos o havia de depor. Suspeitando de todos, Crono foi comendo os seus filhos”.
Titã Cronos
Crono representa ….. a passagem inexorável do tempo … que tudo leva, tudo transforma.
“Moral de Rebanho”
Friedrich Nietzsche
(1844 – 1900)
“A verdade e a mentira são construções que
decorrem da vida no rebanho e da linguagem
que lhe corresponde. O homem do rebanho
chama de verdade aquilo que o conserva
no rebanho e chama de mentira aquilo que
o ameaça ou exclui do rebanho. [...]
Portanto, em primeiro lugar, a verdade é a
verdade do rebanho.”
“The greater the ignorance, the greater the dogmatism”.
Sir William Osler(1849 – 1912)
Considerado por muitos “O pai da medicina moderna”
“Não é o que não sabemos que nos causa mais problemas, mas sim o que julgávamossaber”.
Josh Billings(Everybody'Friend,
1874)
Sumário
• Sintomas / Sinais –não são doenças
• Gravidade das doenças
• Contágios: definição; períodos de contágio
• Diferenças entre colonização e infeção
• Tipos de Contágios; o contágio fecal oral
• Críticas ao Decreto de evicção
• Exclusão de crianças pelos profissionais de educação.
• As doenças que não justificam exclusão
Clinical Pediatric Emergency Medicine 2013; 14 (2): 79-87
• São conhecidos cerca de 1.000 vírus capazes de induzir doenças em humanos .1
• Comparativamente às crianças que ficam ao cuidado dos familiares, as que frequentam regularmente as creches e jardins-de-infância adoecem pelo menos 2 a 3 vezes * mais vezes com DIAB = “Daycaritis”.
* Num estudo – “18 vezes mais”
1. Barker J, Stevens D, Bloomfield SF. Spread and prevention of some common viral infections in
community facilities and domestic homes. J Appl Microbiol 2001;91:7-21.
Doenças Infeciosas Agudas Benignas(DIAB):
Bailey, P. Daycaritis. Clin Pediatr Emerg Med 2013; 14 (2): 79-87
Bailey, P. Daycaritis. Clin Pediatr Emerg Med 2013; 14 (2): 79-87
Clinical Pediatric Emergency Medicine 2013; 14 (2): 79-87
Alguns pais …≈ 1 mês de absentismo/ num ano
Bailey, P. Daycaritis. Clin Pediatr Emerg Med 2013; 14 (2): 79-87
Dogmatismo
Bom sensoDogmatismo
Bom senso
Taxas de Absentismo Anual (por
Exclusão) das crianças das CJIE por
DIAB:
A vontade de não faltar ao trabalho e/ou às
próprias actividades profissionais / escolares,
pesou mais na decisão dos pais de recorrerem
aos cuidados de saúde por doenças agudas
banais dos filhos, do que as reais preocupações
com o estado de saúde dos filhos.5
5. Voigt RG, Johnson SK, Hashikawa AH et al. Why parents seek medical evaluations for
their children with mild acute illness. Clin Pediatr (Phila) 2008;47(3):244-51.
Preocupações dos pais:
Num país (EUA) com regras bem definidas de evicção de crianças das CJIE e das IDL, por 7 crianças excluídas, 6 crianças foram-no indevidamente.6
Exclusão Indevida:
Bem
Mal
Mal = 86%
6. Copeland KA, Harris EN, Wang N-Y, Cheng TL. Compliance with American Academy of Pediatrics and American Public Health Association illness exclusion guidelines for child care centers in Maryland: who follows them and when? Pediatrics 2006;118(5):e1369-80.
• TODAS as doenças infeciosas são contagiosas; • Só algumas são potencialmente graves.
• Só as potencialmente graves justificarão a evicção sistemática.
• A larga maioria das infeções contraídas pelas crianças são DIAB são autolimitadas e cursam com sintomas que não justificam a exclusão das crianças de locais públicos, por razões de saúde, tanto para as mesmas como para os conviventes.
Doenças Infeciosas Agudas Benignas(DIAB):
Sintomas e Sinais DoençasSINAIS / SINTOMAS (ex.º)
• Febre
• Tosse
• Diarreia
• Vómito
• Exantema
• Cefaleia
• Ramela ocular
• Dor garganta
• Eritema fraldas W
DOENÇAS (ex.º)
• “Virose”, Otite, Meningite
• Pneumonia, Asma
• Gastroenterite, “Alergia”
• Gastroenterite, Meningite
• Ex. súbito / Escarlatina
• Enxaqueca / Meningite
• Conjuntivite
• Amigdalite, Gripe, “Viroses”
• Candidíase do períneo
Gravidade das Doenças InfeciosasColocam a Vida em Risco Incidência
(episódios de febre)
• Sépsis e/ou meningite < 1 / 1.700
• Encefalite / Abc. cerebral < 1 / 10.000
• Pericardite / Endocardite < 1 / 10.000
• Epiglotite / Traqueíte < 1 / 50.000
• Abcessos vias aéreas sup. < 1 / 50.000
< 1 em 1.700 episódios de febre são EMERGÊNCIAS
(≈ 50% dos casos cursam com febre baixa ou sem febre)
Risco de Complicações Incidência (episódios de febre)
• Bronquiolite * (exageros +++) Muito comum
• Crise de Asma (vírus induzida) Muito comum
• Pneumonia bacteriana > 4 / 100
• Infeção urinária 2 a 4 / 100
• Apendicite < 1 / 1.000
• Celulites primárias e secund. < 1 / 300
• Artrite / Osteomielite séticas < 1 / 1.000
• Discite / Espondilodiscite < 1 / 5.000
• Tuberculose / Tosse convulsa Raras
Febre alta ou não. TODAS cursam com desconforto
Gravidade das Doenças Infeciosas
D.I.A.B. com tratamento D.I.A.B. sem tratamento
• Escarlatina • Exantemas virusais
• Amigdalite bacteriana • Amigdalite viral (> 60%)
• Gengivo-Estomatite herp. • Estomatites outras
• Varicela (< 24 H doença) • Varicela (> 24 H doença)
• Impétigo • Exantemas vesiculares (outros)
• Conjuntivites (>50%)* • Conjuntivites virusais
• Otites* • Bronquites virais
• Sinusite * • CRS / coriza / constipação
• Febre sem foco
Não Benefícios na Exclusão Imediata * inicialmente não medicar
Gravidade das Doenças InfeciosasAguda Benignas (DIAB)
Em 99,9% dos episódios de febre, as infeções causais não colocam a
vida em risco.
Nem mesmo com convulsão febril
Gravidade das Doenças Infeciosas
Nunca, em parte alguma do Mundo, morreu uma criança por convulsão febril. Nem ficou com sequelas.
Gravidade das Doenças Infeciosas
Na ausência de:- DESCONFORTO significativo- Prostração- Dificuldade respiratória
NENHUMA é Emergência
Gravidade das Doenças Infeciosas
NENHUMA destas DIAB com tratamento (nem as bacterianas)
justifica medicação imediata.
Em TODAS o tratamento poderá iniciar-se 2 a 3 dias depois, sem
riscos (exceto o manter o desconforto da febre, da dor…)
Gravidade das Doenças Infeciosas
Pode considerar-se o ISOLAMENTOde algumas crianças.
Mas em NENHUMA situação se justificam PRESSAS,
nem motivo para provocar INCÓMODOS aos pais
Contágio / Contagioso
eColonização por Bactérias
O QUE É CONTAGIOSO?
• A gargalhada
• A euforia
• O sorriso
• O entusiasmo
• O empenho
• O dançar
• A transmissão de bactérias da mãe ao RN
• …
• O bocejo
• O pânico
• A estupidez
• O mau humor
• A violência (zaragata)
• As infeções
• …
BONS CONTÁGIOS MAUS CONTÁGIOS
Colonização por Bactérias
Na vida fetal o ambiente é estéril
Colonização do Recém-Nascido (RN)
RN: Grande imaturidade Grande suscetibilidade para contrair infeções graves
Ambiente estéril
Nascimento
Contágio abrupto com triliões de bactérias,
muitaspotencialmente
patogénicas.
Infecções Bacterianas Graves no RN:
Gram negativos
• Escherichia coli 20%
• Outras bactérias entéricas 10 - 15%
- Klebsiella spp
- Enterobacter spp
- Pseudomonas spp
Gram positivos
• Streptococcus agalactiae 35-40%
• Outros Gram positivos 20- 25%
- Staphylococcus spp
- Enterococcus spp
- Outros Streptococcus
Listeria monocytogenes 1 – 2%
Intra-celulares
1. Edwards MS, Baker CJ. Bacterial infections in the neonate. In: Long SS, Pickering LK, Prober CG. Principles and Practice of Pediatric Infectious Diseases. Churchill Livinstone Elsevier, 2008:532-9
Por transmissão materna“contágio da mãe”
Colonização nasofaríngea
Estudo realizado em 2013 em infantário do concelho de Coimbra
Cortesia: Fernanda Rodrigues, HPC
Etiologias Infeções Respiratórias Altas
BACTÉRIAS Otite média
Sinusite
Rinofaringite
Conjuntivite
Saudáveis
• Streptococcus pneumoniae ++++ ++++ ++++ +++ 61%
• Haemophilus influenzae NT ++ ++ ++ ++ 17%
• Moraxella catarrhalis ++ ++ ++ ++ 67%
• Staphylococcus aureus + + + + 15%
• Streptococcus pyogenes - + + - 17%
VÍRUS
• Rinovírus +++ +++ ++++ -
• Influenza ++ ++ ++ ++ -
• Parainfluenza ++ ++ +++ -
• Adenovírus + + + ++++ -
• Vírus herpes simplex + -
Sintomáticos
Rinofaringite bacteriana Conjuntivite bacteriana
• Streptococcus pneumoniaie • Streptococcus pneumoniaie
• Haemophilus influenzaenão tipável
• Haemophilus influenzaenão tipável
• Moraxella catarrhalis • Moraxella catarrhalis
• Staphylococcus aureus • Staphylococcus aureus
Rinofaringite virusal Conjuntivite virusal
• Rinovírus • Adenovírus
• Influenza • Vírus herpes simplex
• Parainfluenza • Influenza
• Adenovírus
Etiologias da Conjuntivite / Rinofaringite
Um estudo prospectivo sobre conjuntivites purulentas, em idade pediátrica, que comparou doentes medicados com cloranfenicol tópico versus placebo, mostrou uma resolução média em 5,0 dias nos medicados versus 5,4 dias nos que fizeram placebo;11
Vale a pena tratar as conjuntivites bacterianas? Não!
11. Rose P W, Harnden A, Brueggemann et al. Chloramphenicol treatment for acute infectiveconjunctivitis in children in primary care: a randomized double-blind placebo-controlled trial. Lancet 2005;366:37-43.
Podem frequentar o jardim de infância?
“SIM” !!!
“NÃO” !!!
“SIM” !!!
“NÃO” !!!Não se entende a dualidade de
critérios. O Olho não espirra, nem é trajeto das secreções da tosse!!!
Medicina: Transmissão de enfermidade pelo contacto imediato ou mediato que se tem com o doente.
Figurado: Coisa má que abunda e se propaga.
Período de contágio da gripe
Paul A, Faro A, Cordinhã C, Salgado M. Doenças infeciosas em idade escolar e pré-escolar e respetivos períodos de incubação, contágio, excreção e exclusão. Saúde Infantil 2011,33(1);17-22
Períodos de contágio. Exºs
ANTES iníciosintomas
Apósmelhoria
da doença
• Gastroenterite rotavírus 2 dias Até 14 dias
• Gastroenterite Salmonella spp ? > 30 dias
• Mononucleose infecciosa ? ≈ 12 meses
• Parotidite epidémica* 6 dias * 9 dias *
• Rubéola 7 dias 7 dias
• Tuberculose da criança** 0 0
Paul A, Faro A, Cordinhã C, Salgado M. Doenças infeciosas em idade escolar e pré-escolar e respetivos períodos de incubação, contágio, excreção e exclusão. Saúde Infantil 2011,33(1);17-22
* Em relação início tumefação parótida ** Exceto tuberculose cutânea
Contágios
• Iniciam-se antes da doença de se manifestar.
• Muitos prolongam-se para além da fase sintomática da doença.
É um absurda uma declaração a justificar que “já pode voltar à CJIE” com o pressuposto de que
a doença “já não é contagiosa”.
CONTÁGIOS: 5 TIPOS
1. Contacto direto2. Gotículas respiratórias (grandes e
médias) = “Contacto direto”
3. Aerossóis (gotículas resp. < 5 µm)
4. Fomites5. Transmissão fecal-oral
CRIANÇAS CUIDADORES
• Infeções respiratórias ++++ ++
Responsabilidades Maioritáriasdos Contágios
Das Crianças e Adultos !!!
5) Implica ingestão de agentes infeciosos (levados à boca através das mãos, comida, água, …)
5. Transmissão fecal-oral
Nos Infantários: da responsabilidade dos Adultos
CRIANÇAS CUIDADORES
• Infeções digestivas + ++++
Responsabilidades Maioritáriasdos Contágios
Dos Adultos !!!
"O homem de bem exige tudo de si próprio”.
“O homem medíocre espera tudo dos outros”.
Confúcio (China Antiga)
CATÁLOGO DO DL.95 - 15 DOENÇAS
“Ninguém pode invocar a ignorância da lei”
• “Todo o profissional tem a obrigação de saber os deveres e os
direitos com que exerce e rege a sua atividade no dia a dia”.
• “Nenhum profissional … pode invocar que não conhece a lei …”.
• “Nenhum cidadão pode invocar que desconhecia …”.
• “Todos têm obrigação de a conhecer”!!!
Drª Inês Maurício(advogada da SPP)Lisboa 15.01.2014
26 meses
Escarlatina
Teste rápido:
Estreptococo pyogenes =
= EHGA
palidez peri-oral
(sinal Filatov)
• Febre 39,5
• Exantema no D1
• Faringite, uvulite
• Amigdalite
- Exantema maculo-papular fino “em
queimadura Sol” quase sem pele sã
- Duração: 4 – 7 dias
- Localização: tronco e raiz dos membros
Escarlatina
EHGA +“Língua em framboesa”
Individuo Normal
• Adenovirus
• Vírus Epstein Barr
• Coxsakie A
• Echovirus
• CMV
• VHS 1 e 2
• Rinovirus
• Influenzae A e B
• Parinfluenzae
• Coronavírus, etc.
• Streptococcus pyogenes (grupo A)
• EH Grupos C e D• Anaeróbios• Arcanobacterium haemoliticum• Neisseria gonorrhoeae• Corynebacterium dipththeriae• Yersinia enterocolitica• Yersínia pestis• Francisella tularensis• Mycoplasma, Chlamydias (raro)
ETIOLOGIAS FARINGO-AMIGDALITES
VÍRUS: BACTÉRIAS:
Raras
Positividade por Idades (em %):
10,9% 10,9% 24,4%
Anos de idade
18,9% (< 3 A)
Global de
Positivos:
30,9%
HPC ≈ 16 anos (1994 – 2010)
20.049 Testes Rápidos para Streptococcus pyogenes
Amigdalite / faringite Estreptocócica
Teste Rápido: EβHGA Teste Rápido: EβHGA
Teste rápido NegativoTeste Rápido: EβHGA
Teste rápido Negativo
Amigdalite Pseudomembranosa= Amigdalite virusal
Amigdalites virusais
• As manifestações das infeções por vírus diferem de doente para doente – em muitos não se complicam de “amigdalite/ faringite”.
• As amigdalites virusais NÃO são contagiosas.
• O vírus sim é contagioso.
Não é dado qualquer relevo às Diarreias / Gastroenterites inespecíficas (rotavírus, adenovírus, norovirus,…)
Impétigo
Medicada com aciclovir oral e tópico agravemento
1847 / 885
Impétigo 4 membros da família:
1º rapaz (25 M) 2º menina (4,5 A) ambos pais
1847 / 885
Impétigo 4 membros da família:
1º rapaz (25 M) 2º menina (4,5 A) ambos pais
1847 / 885
Impétigo 4 membros da família:
1º rapaz (25 M) 2º menina (4,5 A) ambos pais
Impétigo Grave
Mal atribuído “eczema”: 5 consultas préviasCinfães, Monção
Impétigo Grave
Mal atribuído “eczema”: 5 consultas préviasCinfães, Monção
Resultado da comunicação “Meningite no creche, infantário, escola…”
< 72 horas
Total: 91% -Mortos: 82%
< 48 horas: 85%
SÉPSIS / MENINGITE BACTERIANA Dia de Internamento -
(346 doentes – UCI-HPC de 1993 - 2011)
Dia febre no dia de internamento Manuel Salgado
SobreviventesMortos:
Pri
mei
ras
24
ho
ras
†
Fev.2015
0
50
100
150
200
250
<1 <2 <3 <4 <5 <6 <7 >7
1º dia 65%2º dia 12%3º dia 6%
“Ir ao Médico SÓ ao 3º Dia de Febre”
0
50
100
150
200
250
300
350
400
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 >10
Duração S. Febril Sem Foco autolimitado (1.032 doentes)
0
50
100
150
200
250
<1 <2 <3 <4 <5 <6 <7 >7
Vivos
Mortos
SÉPSIS / MENINGITE BACTERIANA
- dia de Internamento -(346 doentes)
Tarde de mais para a larga maioria das doenças graves
Cedo demais para as doenças ligeiras
50%
dias febre dias febre
30%
9%
…..
Foto às 11 horas de febre
Hemocultura: Neisseria meningitidis
♀, 5 M H3 – exantema macular tronco, nº 6
▲ “exantema virusal” domicílio
H9 – internamento HDV – “sépsis”
04007250Hemocultura: Neisseria meningitidis grupo C
Muitas petéquias
Prostração
Petéquia
Neisseria meningitidis
18ª Hora Febre
(início < 10ª H)
♂5 A
PROSTRAÇÃO + exantema
macular de início precoce
ex. plantar
03003565
▲ Meningococcémia
06 Abril 2008
• Casos esporádicos ≈ 98%
• “Segundos Casos”: ≈ 2% casos
Infeções meningocócicas:
Arquivo SIC, Janeiro 2007
Caso de meningite detectado
Faculdade de Direito de Lisboa encerrada "por precaução"A Faculdade de Direito de Lisboa encerrou hoje às 15h00 devido a um caso de
meningite detectado numa aluna do 1º ano, disse à agência Lusa o presidente do
Conselho Directivo.
Miguel Teixeira de Sousa explicou que a instituição encerrou "apenas por
precaução" e que o caso está a ser acompanhado por uma delegada de saúde de
Lisboa.
De acordo com o presidente do Conselho Directivo, a aluna foi internada hoje de
manhã num hospital da região de Lisboa e o médico que a está a seguir referiu que
se trata de "uma meningite não contagiosa".
Adiantou que a Faculdade está encerrada "apenas por precaução" e que
foi a própria instituição que tomou essa decisão.Cerca de três mil alunos frequentam a Faculdade de Direito de
Lisboa.
DIÁRIO AS BEIRAS - 17 - 12 - 2001
COMUNICADO DA ASSOCIAÇÃO DE PAIS
Dois casos de meningite virusal na escola básica de Penacova
Atendendo à situação de existência de dois casos confirmados de Meningite Virusal em alunos
da Escola Básica e na sequência de uma reunião realizada com o delegado de Saúde, director do
Centro de Saúde, os conselhos executivos das Escolas Básica e Secundária, o delegado escolar,
outras instituições e representantes desta Associação de Pais e Encarregados de Educação,
decidiu a direcção desta Associação convocar para uma reunião os representantes legais das
turmas das duas escolas.
Pela presidente da Associação de Pais foram informados que os pais ou esta Associação de
Pais não tem fundamento legal para solicitar o encerramento da Escola.
Sendo os Pais soberanos em não deixar os filhos irem à escola, vem esta Associação informar
que foi decidido pelos Pais presentes que a partir do dia 14 de Dezembro e até final do período
os alunos não iriam às escolas Básica e Secundária.
Esta Associação informa que esta deliberação não é vinculativa, nem é da sua responsabilidade
impor aos Pais esta posição, ficando salvaguardados os direitos dos Pais, que eventualmente
queiram continuar a mandar os filhos à respectiva escola, embora informados desta deliberação,
pelos representantes das turmas presentes.
Esta Associação vem também informar que as Escolas Básica e Secundária se
encontram abertas, em funcionamento de aulas normal.
Caberá aos Pais assumir a atitude que quiserem respeitando as indicações de vigilância dos
sintomas, contando com o apoio desta Associação em prol dos direitos dos Pais.
DIARIO AS BEIRAS - 07 - 02 – 2002
Caso de meningite em Coimbra
Uma criança de 20 meses, com meningite, foi internada ao fim da tarde da passada terça-feira no
Hospital Pediátrico de Coimbra. Segundo Luís Oliveira, delegado de saúde adjunto, a situação
está controlada e o menor afectado regista uma "evolução razoável".
O clinico explicou ao DIÁRIO AS BEIRAS que foram tomadas as medidas adequadas à
situação com a medicação dos companheiros e educadoras de infância da criança
afectada. "A medicação oral dura dois dias e é prescrita aos contactantes com o
indivíduo doente", acrescentou.
A transmissão da meningite processa-se por via oral, mas, de acordo com Luís Oliveira, a
"simples secagem da saliva existente nos brinquedos ou no mobiliário destrói o
micróbio". A desinfecção da sala, defende, é aconselhável, bastando para isso utilizar
um produto à base de lixívia. "Não é necessária nenhuma limpeza especial,
nomeadamente, do tipo industrial", disse.
Apesar de não existir indicação médica para o encerramento das instalações sempre que
ocorre um caso de meningite, os pais das crianças que frequentam o infantário
em causa decidiram, em conjunto com a direcção da escola, fechar
por alguns dias o estabelecimento. "O receio dos familiares é inevitável" afirma
Luís Oliveira que considera natural a decisão tomada e que levou à antecipação do período de
férias de Carnaval, que será aproveitado para a desinfecção das instalações.
Postura da Classe Médica … Pediatras, etc.…:
Habitat da Neisseria meningitidis:
1. Barroso D E et al. Doença meningocócica: epidemiologia e controle dos casos secundários.
Rev Saúde Pública (Brasil) 1998;32(1):89-97
2. Musher D M. How contagious are common respiratory tract infections? NEJM 2003,348:1256-66
• Homem é o único habitat
• Não existe nos animais
• Não sobrevive no meio ambiente Nuncase encontra livre na Natureza.
• Impossível contrair-se infecção através materiais inertes / animais.
CONTACTO DIRECTO = PROXIMIDADE
1. Gardner P. Prevention of meningococcal disease. New Eng J Med 2006;355:1466-73
2. van Deuren M et al. Update on meningococcal disease with emphasis on pathogenesis and clinical
management. Clin Microbiol Rev 2000;13(1):144-66
3. Stuart JM,Gilmore AB, Patterson W et al. Preventing secondary meningococcal disease in health
care workers: recommendations of a working group of the PHLS Meningococcus Forum. Commun
Dis Public Health 2001;4:102-5
Proximidade íntima < 1,5 metro
(limite do alcance das grandes gotículas) (1-3).
NÃO SÃO:
- 10 metros
- 100 metros
- 1.000 metros
Parotidite epidémica
tico.97% - 99% são erros de diagnóstico
Adenite bacteriana
Parotidites recorrentes
Adenomegália
parótida
Parotidite epidémica
Rubéola
Rubéola
"O homem de bem exige tudo de si próprio”.
“O homem medíocre espera tudo dos outros”.
Confúcio (China Antiga)
Rubéola
Rubéola
A Tosse Convulsa voltou? (8)
• Nunca se foi embora!!!
8. Faro AC, Estanqueiro P, Salgado M. A tosse convulsa voltou? Saúde Infantil 2008;30(3):127-30
“Tosse dos 100 dias”.
% d
e ca
sos
de
Toss
e C
on
vu
lsa
(i
dad
es):
Europa
USA
Tuberculose cutânea (Escrófula)
Prova Mantoux = 30 mm
- Staphylococcus aureus- Mycobacterium tuberculosis
Cultura exsudado
MBS
Postura da Classe Médica … Pediatras, etc.…:
Os Critérios de Exclusão de Crianças com doenças Infeciosas não se esgotam no
Decreto-Lei.Ultrapassarão SEMPRE, e em MUITO,
qualquer Decreto-Lei.
Embora complementares, os OBJETIVOS e a ABORDAGEM terão de ser SEMPRE MAIS
EXTENSIVOS que o Decreto-Lei.
Exclusão “Ordenada” por Profissionais de Educação
“PROSTRAÇÃO”
“É, estando acordado, comportar-se na alma e
corpo, como se estivesse, a dormir”.
“Olham para dentro…”
Amigdalite virusal (após teste rápido
ou cultura negativos)
Bronquiolite e bronquite infecciosa
Candidíase (oral, genital pele, unhas)
Citomegalovírus
Conjuntivites (excepto Adenovírus)
Corizas, rinorreia, com ou sem tosse
e independentemente da cor das
secreções;
Diarreia (gastroenterite) em
criança autónoma nos cuidados de
higiene pessoal, sem nenhum dos
sinais de alerta – Grupo D.
Doença boca-mãos-pés
Exantemas / erupções cutâneas na
ausência de febre e/ou de alteração
do comportamento (sobretudo se
após 3 dias de febre)
Exantema súbito
Febre sem nenhum dos sinais de
alerta (enunciados no grupo D , após
antipirético) se > 4 meses idade
Gengivo-estomatite herpética (vírus
herpes simplex)
Giardíase assintomática
Gripe sazonal
Hepatites B e C e/ou seus portadores
1
Recomendações da FFCG (Suíça) (2006 - 2011) e do AAP (2009);NÃO justificam a exclusão (se estado geral da criança o permitir):
Língua geográfica
• muito comum até 6 anos, • mais em indivíduos com atopia• atrofia transitória das papilas filiformes e do epitélio superficial• placas vermelhas lisas, formato variável• limites bem demarcados por margens um pouco elevadas• bordos irregulares, policíclicos, “tipo mapa”, dão o nome
- lesões que se modificam = migram (glossite migratória)
Centro azulado (por vasculite)
com lesões em alvo 13.11.14
Eritema multiforme
minor
Herpes simplex em qualquer local
(recidivante ou não)
Infecção urinária
Laringotraqueíte
Megaloeritema (5ª doença)
Meningite virusal
Molusco contagioso
Mononucleose infecciosa
Micobactérias não tuberculosas
Otite média aguda
Parasitas intestinais helmintas:
Enterobius vermiculares (oxiúros),
Ascaris lumbricoides, etc.
Portadores assintomáticos de
germens intestinais (Giardia lamblia,
Salmonella spp, Shigella spp)
Portadores assintomáticos de
germens nas mucosas respiratórias
(Neisseria meningit.; Streptococcus
pneumoniae; Haemophylus influenzae b;
Moraxella catarrhalis; Streptococcus
pyogenes)
Tosse não perturbadora
Toxoplasmose
Verrugas
Vírus da imunodeficiência humana
adquirida (SIDA)
Zona (herpes-zooster) - desde que as
lesões fiquem cobertas pela roupa.
2
Recomendações da FFCG (Suíça) (2006 - 2011), do AAP (2009);NÃO justificam a exclusão (se estado geral da criança o permitir):
“Moral de Rebanho”
Friedrich Nietzsche
(1844 – 1900)
“A verdade e a mentira são construções que
decorrem da vida no rebanho e da linguagem
que lhe corresponde. O homem do rebanho
chama de verdade aquilo que o conserva
no rebanho e chama de mentira aquilo que
o ameaça ou exclui do rebanho. [...]
Portanto, em primeiro lugar, a verdade é a
verdade do rebanho.”
Que Haja Sempre Provocadores!
• Para acordar os adormecidos• Abanar os acomodados • Fazer tremer os formatados.
SÃO SEMPRE DELATORES QUE ESTÃONA ORIGEM DAS MUDANÇAS
As minhas “Recomendações”
Infeções e Infantários
1. Conhecimentos2. Bom senso3. Coragem4. Justiça
Obrigado pela vossa atenção
Contactos: [email protected]://consultoriosalgado.blogspot.pt/
Indicações para exclusão de crianças com DICdas CJIE ou dos espaços de lazer:
A – Doenças que, na interpretação do profissional de educação, impeçam a participação confortável da criança nas atividades do grupo.B – Doenças que exigem mais cuidados para a criança doente do que o staff da instituição pode proporcionar, com risco de comprometer a saúde e segurança das restantes crianças.C – Doenças com risco acrescido de contágio e de consequente doença às restantes crianças (as que constam em Decreto-Lei).D – Presença de sinais e/ou sintomas cuja intensidade ou potencial gravidade exijam cuidados médicos e/ou vigilância apertada.
• D.1) Presença dos seguintes sinais e/ou sintomas cuja intensidade ou potencial gravidade exijam cuidados médicos e/ou vigilância apertada:
• Má impressão clínica - “Parecer estar muito doente”• Febre associada a:- Idade inferior a 4 meses;- Alteração comportamento e/ou do estado de consciência; - Prostração *;- Vómitos repetidos / incoercíveis fora das refeições- Exantema / erupção de início muito recente (1º e 2º dias)- Petéquias, equimoses- Palidez de início súbito / rápido- Convulsão.
Recomendações da FFCG (Suíça) (2006 – actualizados 2011), do AAP (2009): Devem ser EXCLUÍDAS se: 1
• D.2) Sintomas ou sinais (isolados) de potencial doença grave e/ou perturbadora do bem-estar:
- Sonolência progressiva ou excessiva- Letargia (≈ excessivamente sonolento e pouco reactivo) - Prostração- Gemido, choro ou irritabilidade mantidos / intermitentes- Dores mantidas, intermitentes e/ou intensas- Convulsão- Rigidez da nuca- Exantema se associado a febre e/ou a alteração do
comportamento e/ou do estado de consciência - Aftas orais / inflamação na boca com sialorreia
Recomendações da FFCG (Suíça) (2006 – actualizados 2011), do AAP (2009): Devem ser EXCLUÍDAS se: 2
• D.2) Sintomas ou sinais (isolados) de potencial doença grave e/ou perturbadora do bem-estar (cont.):
- Sinais de dificuldade respiratória: polipneia, adejo nasal, gemido expiratório, tiragem, cianose.
- Incapacidade em falar- Tosse perturbadora* (para a criança) - Rectorragias (fezes com sangue abundante)- Melenas (fezes cor de alcatrão)- Vómitos repetidos (fora das refeições)- Vómitos com sangue- Diarreia profusa- Sede intensa- Icterícia (pele e conjuntivas cor amarela)
Rectorragia
Recomendações da FFCG (Suíça) (2006 – actualizados 2011), do AAP (2009): Devem ser EXCLUÍDAS se: 3
Na maioria dos casos é absurdo(é comodista)
o exigir-se uma declaração a justificar que
“já pode voltar à CJIE”
com o pressuposto de que a doença “já não é contagiosa”.
Declarações: O que diz a lei?
• “A evicção (exclusão) cessa uma vez cumpridos os prazos legais, sem necessidade de qualquer justificação médica a atestar da mesma…”.
• “Os regulamentos internos são ilegais se violarem o Decreto Regulamentar nº 3 /95 do Diário da República, I Série-B, nº 23, de 27 de Janeiro de 1995”.
Salgado NS, Salgado M. Parecer jurídico sobre evicção das creches, jardins-de-infância,escolas e piscinas colectivas por virtude de doenças infecto-contagiosas. Saúde Infantil 2012;34(2):8-20
• “A evicção (exclusão) cessa uma vez cumpridos os prazos legais, sem necessidade de qualquer justificação médica a atestar da mesma…”.
• “Os regulamentos internos são ilegais se violarem o Decreto Regulamentar nº 3 /95 do Diário da República, I Série-B, nº 23, de 27 de Janeiro de 1995”.
Salgado NS, Salgado M. Parecer jurídico sobre evicção das creches, jardins-de-infância,escolas e piscinas colectivas por virtude de doenças infecto-contagiosas. Saúde Infantil 2012;34(2):8-20
Declarações: O que diz a lei?
• A omissão da doença no Decreto-Lei sobre evicção, implica que a doença em causa não precisa de exclusão.
• As declarações só se justificam para anular ou interromper os períodos de exclusão”.
Salgado NS, Salgado M. Parecer jurídico sobre evicção das creches, jardins-de-infância,escolas e piscinas colectivas por virtude de doenças infecto-contagiosas. Saúde Infantil 2012;34(2):8-20
Declarações: O que diz a lei?
O que diz a lei?
• “A evicção (exclusão) cessa uma vez cumpridos os prazos legais, sem necessidade de qualquer justificação médica a atestar da mesma…”.
• “Os regulamentos internos são ilegais se violarem o Decreto Regulamentar nº 3 /95 do Diário da República, I Série-B, nº 23, de 27 de Janeiro de 1995”.
Salgado NS, Salgado M. Parecer jurídico sobre evicção das creches, jardins-de-infância,escolas e piscinas colectivas por virtude de doenças infecto-contagiosas. Saúde Infantil 2012;34(2):8-20
Aplicação do Decreto-Lei
• Implica um diagnóstico
• Consequentemente é dirigido médicos (em 1º lugar), e só depois a outros profissionais
• A sua aplicabilidade:
– Depende de decisão médica
– É diferida em relação ao “momento crítico” da constatação da doença pelo profissional de educação
• Todos os cidadãos / profissionais (saúde, educação,
etc.) estão obrigados ao seu cumprimento.