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25/05/2012 – Porque Jesus Falava por Parábolas Sociedade no tempo de Jesus Situação Social A maior parte da população da Palestina vivia no campo e era constituída de trabalhadores pobres, que sobreviviam no ganho do dia-a-dia. Os ricos moravam só nas cidades. Havia uma classe média pouco numerosa. Nela se encontrava os Escribas e Farizeus. Pessoas excluídas da sociedade: Mulheres, doentes (surdos, mudos, cegos, leprosos etc), pagãos, escravos, estrangeiros, publicanos. Saduceus. – Partido constituído por grandes proprietários de terras e membros da elite sacerdotal. Representavam o poder, a nobreza e a riqueza. Eles controlavam o Sinédrio (o senado de Israel) e o Templo de Jerusalém. Não criam na imortalidade, nem na ressurreição, nem nos anjos bons e maus. Entretanto, criam em Deus; nada, porém, esperando após a morte, só o serviam tendo em vista recompensas temporais. Assim pensando, tinham a satisfação dos sentidos físicos por objetivo essencial da vida. Atinham-se ao texto da lei antiga. Aceitavam apenas o que estava escrito na Torá (as Sagradas Escrituras judaicas, constituídas pelos cinco primeiros livros da Bíblia: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio), cuja redação era atribuída a Moisés. Eram, como se vê, os materialistas, os deístas e os sensualistas da época. Sacerdotes – Suas funções estavam ligadas inteiramente com as cerimônias oficiais e deveres da adoração do Templo, função esta que poderia ser acumulada com a de escriba ou fariseu, abrangendo áreas distintas de sua vida. Escribas. – Nome dado, a princípio, aos secretários dos reis de Judá e a certos intendentes dos exércitos judeus. Mais tarde, foi aplicado especialmente aos doutores que ensinavam a lei de Moisés e a interpretavam para o povo. Faziam causa comum com os fariseus que tinham antipatia pelos inovadores. Fariseus (do hebreu parush, divisão, separação). – Os fariseus, em diversas épocas,

Porque jesus falava por parabolas

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25/05/2012 – Porque Jesus Falava por Parábolas

Sociedade no tempo de Jesus

Situação SocialA maior parte da população da Palestina vivia no campo e era constituída de trabalhadores pobres, que sobreviviam no ganho do dia-a-dia. Os ricos moravam só nas cidades. Havia uma classe média pouco numerosa. Nela se encontrava os Escribas e Farizeus. Pessoas excluídas da sociedade: Mulheres, doentes (surdos, mudos, cegos, leprosos etc), pagãos, escravos, estrangeiros, publicanos.

Saduceus. – Partido constituído por grandes proprietários de terras e membros da elite sacerdotal. Representavam o poder, a nobreza e a riqueza. Eles controlavam o Sinédrio (o senado de Israel) e o Templo de Jerusalém.

Não criam na imortalidade, nem na ressurreição, nem nos anjos bons e maus. Entretanto, criam em Deus; nada, porém, esperando após a morte, só o serviam tendo em vista recompensas temporais. Assim pensando, tinham a satisfação dos sentidos físicos por objetivo essencial da vida. Atinham-se ao texto da lei antiga. Aceitavam apenas o que estava escrito na Torá (as Sagradas Escrituras judaicas, constituídas pelos cinco primeiros livros da Bíblia: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio), cuja redação era atribuída a Moisés.

Eram, como se vê, os materialistas, os deístas e os sensualistas da época.

Sacerdotes – Suas funções estavam ligadas inteiramente com as cerimônias oficiais e deveres da adoração do Templo, função esta que poderia ser acumulada com a de escriba ou fariseu, abrangendo áreas distintas de sua vida.

Escribas. – Nome dado, a princípio, aos secretários dos reis de Judá e a certos intendentes dos exércitos judeus. Mais tarde, foi aplicado especialmente aos doutores que ensinavam a lei de Moisés e a interpretavam para o povo. Faziam causa comum com os fariseus que tinham antipatia pelos inovadores.

Fariseus (do hebreu parush, divisão, separação). – Os fariseus, em diversas épocas, Tomavam parte ativa nas controvérsias religiosas. Servis cumpridores das práticas

exteriores do culto e das cerimônias; cheios de um zelo ardente de proselitismo, inimigosdos inovadores, afetavam grande severidade de princípios; mas, sob as aparências de meticulosa devoção, ocultavam costumes dissolutos, muito orgulho e, acima de tudo, excessiva ânsia de dominação. Tinham a religião mais como meio de chegarem a seus fins, do que como objeto de fé sincera. Da virtude nada possuíam, além das exterioridades e da ostentação; entretanto, por umas e outras, exerciam grande influência sobre o povo, a cujos olhos passavam por santas criaturas. Daí o serem muito poderosos em Jerusalém.

Jesus, que prezava as qualidades da alma, se aplicou, durante toda a sua missão, a lhes desmascarar a hipocrisia, pelo que tinha neles encarniçados inimigos.

Essênios ou esseus. – Seita judia fundada cerca do ano 150 antes de Jesus-Cristo, cujos membros, habitando uma espécie de mosteiros, formavam entre si uma associação moral e religiosa. Distinguiam-se pelos costumes brandos e por austeras virtudes, ensinavam o amor a Deus e ao próximo, a imortalidade da alma e acreditavam na ressurreição. Viviam em

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celibato, condenavam a escravidão e a guerra, punham em comunhão os seus bens e se entregavam à agricultura.

Eles se desligaram dos sacrifícios no templo, por possuírem purificações próprias, eram considerados infalíveis, isolados, só viviam em casa de sua propriedade, rejeitavam o comércio e a cobiça; Acredita-se que muitos deles eram sacerdotes dissidentes do clero de Jerusalém.

Pelo gênero de vida que levavam, assemelhavam-se muito aos primeiros cristãos, e os princípios da moral que professavam induziram muitas pessoas a supor que Jesus, antes de dar começo à sua missão pública, lhes pertencera à comunidade. É certo que ele há de tê-la conhecido, mas nada prova que se lhe houvesse filiado, sendo, pois, hipotético tudo quanto a esse respeito se escreveu.

Nazarenos. – Nome dado, na antiga lei, aos judeus que faziam voto, ou perpétuo ou temporário, de guardar perfeita pureza. Eles se comprometiam a observar a castidade, a abster-se de bebidas alcoólicas e a conservar a cabeleira. Sansão, Samuel e João Batista eram nazarenos. Mais tarde, os judeus deram esse nome aos primeiros cristãos, por alusão a Jesus de Nazaré.

Publicanos. – Incumbidos da cobrança dos impostos e das rendas de toda espécie. O nome de publicano se estendeu mais tarde a todos os que superintendiam os dinheiros públicos e aos agentes subalternos. Hoje esse termo se emprega em sentido pejorativo, para designar os financistas e os agentes pouco escrupulosos de negócios.

De toda a dominação romana, o imposto foi o que os judeus mais dificilmente aceitaram e o que mais irritação causou entre eles. Os Judeus tinham aversão aos publicanos de todas as categorias, entre os quais podiam encontrar-se pessoas muito estimáveis, mas que, em virtude das suas funções, eram desprezadas, assim como os que com elas mantinham relações.

Samaritanos. – Samaria é uma das quatro divisões da Palestina. Os samaritanos estiveram quase constantemente em guerra com os reis de Judá. Aversão profunda, datando da época da separação, perpetuou-se entre os dois povos, que evitavam todas as relações recíprocas.

Para tornarem maior a cisão e não terem de vir a Jerusalém pela celebração das festas religiosas os Samaritanos construíram para si um templo particular e adotaram algumas reformas. Somente admitiam o Pentateuco, que continha a lei de Moisés, e rejeitavam todos os outros livros que a esse foram posteriormente anexados.

Para os judeus ortodoxos, eles eram heréticos e, portanto, desprezados e perseguidos. Eram considerados raça impura pelos demais judeus, por serem descendentes de população misturada com estrangeiros.

Jesus diz que os samaritanos, longe de serem impuros, podiam ser modelos de pensar, agir, amar e rezar.

Ainda hoje se encontram samaritanos em algumas regiões do Levante, particularmente em Nablus e em Jafa. Observam a lei de Moisés com mais rigor que os outros judeus e só entre si contraem alianças.

Zelotes – Concordavam com os conceitos judaicos, afirmando que Deus deve ser o único Rei e Senhor, não se preocupam com a morte, e se revoltavam contra os romanos, pelo

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abuso de autoridade. Representavam de maneira dinástica o partido nacionalista judeu, faziam oposição armada a Roma. Entre os 12 discípulos mais íntimos de Jesus, havia pelo menos dois zelotas: Simão, o Zelota (não confundir com o outro Simão, que o mestre denominou Pedro), e Judas Iscariotes, aquele que o traiu.

Porque Jesus falava por parábolas

A definição de parábola é "narração alegórica na qual o conjunto de elementos evoca, por comparação, outras realidades de ordem superior ou moral".

Mateus 13: 10-17 (também fala sobre isso em Marcos 4:9-12 e Lucas 8:9-10)

E, acercando-se dele os discípulos, disseram-lhe: Por que lhes falas por parábolas?

Ele, respondendo, disse-lhes: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado;

Porque àquele que tem (fé), se dará, e terá em abundância; mas àquele que não tem, até aquilo que tem (sabedoria) lhe será tirado.

Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem.

E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis, E, vendo, vereis, mas não percebereis.

Porque o coração deste povo está endurecido, E ouviram de mau grado com seus ouvidos, E fecharam seus olhos; Para que não vejam com os olhos, E ouçam com os ouvidos, E compreendam com o coração, E se convertam, E eu os cure.

Mas, bem-aventurados os vossos olhos, porque vêem, e os vossos ouvidos, porque ouvem.

Porque em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vós vedes, e não o viram; e ouvir o que vós ouvis, e não o ouviram.

É de causar admiração diga Jesus que a luz não deve ser colocada debaixo do alqueire, quando ele próprio constantemente oculta o sentido de suas palavras sob o véu da alegoria, que nem todos podem compreender. Ele se explica, dizendo a seus apóstolos: “Falo-lhes por parábolas, porque não estão em condições de compreender certas coisas. Eles vêem, olham, ouvem, mas não entendem.

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“Não se deve pôr a candeia debaixo do alqueire, mas sobre o candeeiro, a fim de que todos os que entrem a possam ver.”

Nas parábolas Jesus revelava claramente tudo o que se precisava saber a respeito do reino de Deus, mas quem estava com o coração endurecido para o arrependimento de pecados ouviria e não entenderia.

Uma forma de deixar escondido um ensinamento para aqueles que ainda não apresentam condições de entendimento. A correta interpretação das parábolas possibilita o fenômeno da sua aplicação universal em todos os tempos, adaptada às situações análogas. Seu poder de invadir o tempo e as gerações, despertando o mesmo interesse (senão maior), permitindo sempre que os homens possam ampliar, a cada instante, o sentido dos ensinamentos que transmite.

As parábolas e outros ditados de Jesus contém, numa primeira leitura, uma "moral da história", um ensinamento prático, geralmente apresentado com imagens da vida diária de seus ouvintes. Porém, para as pessoas mais instruídas e já despertas espiritualmente, as mesmas parábolas, devidamente interpretadas, ofereciam outra camada de ensinamentos mais profundos que haviam sido velados pela alegoria.

1. Aos que o ouviam ansiosamente, procurando compreender seus discursos, a parábola tornava-se-lhes excelente meio elucidativo dos temas e das dissertações do Grande Pregador.

2. Mas os que não buscavam na parábola a figura que compara, a alegoria que representa a idéia espiritual, e se prendiam à forma, desprezando o fundo, para estes a Doutrina nem sequer aparecia, mas conservava-se oculta, como a noz dentro da casca.

Uma coisa é ver e ouvir com os olhos e ouvidos do corpo, outra coisa é ver e ouvir com os olhos e ouvidos do Espírito.

Cada coisa tem de vir na época própria; a semente lançada à terra, fora da estação, não germina. Sem a luz da razão, desfalece a fé.

A Providência só gradualmente revela as verdades à proporção que a Humanidade se vai mostrando amadurecida para as receber.

Se a houvessem apresentado completa desde o primeiro momento, somente a reduzido número de pessoas se teria ela mostrado acessível; houvera mesmo assustado as que não se achassem preparadas para recebê-la, do que resultaria ficar prejudicada a sua propagação.

De modo geral, toda estada e propostas de Jesus encerram um convite espiritual, idênticos aos contidos nas parábolas. Ater-se aos fatos, à história em si, sem perceber essa transcendência, é não entender a significação espiritual da permanência de Jesus entre nós, que surge como convite a que nas bênçãos do

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Amor, no respeito ao direito do outro, cada qual aja, no sentido de que Jesus seja sempre o modelo e o guia a acenar e mostrar que é possível ser Bom.

Ao que vê na parábola do “tesouro escondido” um meio de enriquecer materialmente,ou na parábola do “administrador infiel” uma lição de infidelidade, lhe será preferível fechar os Evangelhos e continuar a tratar de seus negócios materiais.

TEXTOS ORIGINAIS

Bíblia:Mateus 13: 10-17

E, acercando-se dele os discípulos, disseram-lhe: Por que lhes falas por parábolas?

Ele, respondendo, disse-lhes: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado;

Porque àquele que tem (fé), se dará, e terá em abundância; mas àquele que não tem, até aquilo que tem (sabedoria) lhe será tirado.

Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem.

E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis, E, vendo, vereis, mas não percebereis.

Porque o coração deste povo está endurecido, E ouviram de mau grado com seus ouvidos, E fecharam seus olhos; Para que não vejam com os olhos, E ouçam com os ouvidos, E compreendam com o coração, E se convertam, E eu os cure.

Mas, bem-aventurados os vossos olhos, porque vêem, e os vossos ouvidos, porque ouvem.

Porque em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vós vedes, e não o viram; e ouvir o que vós ouvis, e não o ouviram.

Marcos 4:9-12

E disse-lhes: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.

E, quando se achou só, os que estavam junto dele com os doze interrogaram-no acerca da parábola.

E ele disse-lhes: A vós vos é dado saber os mistérios do reino de Deus, mas aos que estão de fora todas estas coisas se dizem por parábolas,

Para que, vendo, vejam, e não percebam; e, ouvindo, ouçam, e não entendam; para que não se convertam, e lhes sejam perdoados os pecados.

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Lucas 8:9-10

E os seus discípulos o interrogaram, dizendo: Que parábola é esta?

E ele disse: A vós vos é dado conhecer os mistérios do reino de Deus, mas aos outros por parábolas, para que vendo, não vejam, e ouvindo, não entendam.

Irmão, o próprio Jesus é quem vai responder à sua pergunta: “Então, se aproximaram os discípulos e lhe perguntaram: Por que lhes falas por parábolas? Ao que respondeu: Porque a vós outros é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas àqueles não lhes é isso concedido. Pois ao que tem se lhe dará, e terá em abundância; mas, ao que não tem, até o que tem lhe será tirado. Por isso, lhes falo por parábolas; porque, vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem, nem entendem. De sorte que neles se cumpre a profecia de Isaías: Ouvireis com os ouvidos e de nenhum modo entendereis; vereis com os olhos e de nenhum modo percebereis.  Porque o coração deste povo está endurecido, de mau grado ouviram com os ouvidos e fecharam os olhos; para não suceder que vejam com os olhos, ouçam com os ouvidos, entendam com o coração, se convertam e sejam por mim curados. Bem-aventurados, porém, os vossos olhos porque vêem; e os vossos ouvidos, porque ouvem. Pois em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes e não viram; e ouvir o que ouvis e não ouviram” (Mt 13:10-17).

A parábola é um recurso interessantíssimo à disposição de um bom mestre, pois revela quem é discípulo de fato. Desde tempos antigos que existem falsos discípulos em volta dos mestres, procurando facilidades, receitas prontas do tipo “10 passos para…” São pessoas que não se dão ao trabalho de pensar, que não se esforçam para entender a lógica das coisas. Querem somente facilidades.

Muitos israelitas estavam vivendo assim, desde seu estabelecimento na terra prometida e Deus não queria isso de forma alguma. O Senhor desejava que todos, em todo o tempo dedicassem-se a conhecê-lo na intimidade, por meio da fé e meditação no Seu poder.

Os pais tinham a obrigação de passar, de geração em geração, tudo o que haviam visto, ouvido e aprendido, para que todos, sem exceção, pusessem em Deus a sua confiança: “O que ouvimos e aprendemos, o que nos contaram nossos pais, não o encobriremos a seus filhos; contaremos à vindoura geração os louvores do SENHOR, o seu poder, e as maravilhas que fez. Ele estabeleceu um testemunho em Jacó, e instituiu uma lei em Israel, e ordenou a nossos pais que os transmitissem a seus filhos a fim de que a nova geração os conhecesse, filhos que ainda hão de nascer se levantassem e por sua vez os referissem aos seus descendentes; para que pusessem em Deus a sua confiança e não se esquecessem dos feitos de Deus, mas lhe observassem os mandamentos; e que não fossem, como seus pais, geração obstinada e rebelde, geração de coração inconstante, e cujo espírito não foi fiel a Deus” (Sl 78:3-8).

O Senhor já havia profetizado, nesse belíssimo salmo 78 (um verdadeiro poema), escrito por Asafe, que Jesus usaria de parábolas entre os israelitas. “Escutai, povo meu, a minha lei; prestai ouvidos às palavras da minha boca. Abrirei os lábios em parábolas e publicarei enigmas dos tempos antigos” (Sl 78:1,2).

No tempo do profeta Isaías o povo já estava com o coração endurecido e o Senhor profetizou que Jesus usaria de parábolas. Então quando Jesus veio ensinando a respeito do Reino de Deus, as profecias se cumpriram: Sacerdotes, escribas, fariseus, saduceus e até gente do povo vieram ouví-lo, mas não com o propósito correto, isto é, arrependimento de pecados. Eles queriam aprender a respeito da manifestação do reino de Deus em Israel e

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não nos seus corações. A salvação deles não poderia ser por meio de conhecimento, entendimento, mas

exclusivamente pela fé na Graça de Deus. As parábolas serviriam para revelar que era discípulo verdadeiro de Jesus, o cordeiro de Deus e quem buscava o reino de Deus por interesse.

Nas parábolas Jesus revelava claramente tudo o que se precisava saber a respeito do reino de Deus, mas quem estava com o coração endurecido para o arrependimento de pecados ouviria e não entenderia.

Assim é conosco também. Muitos se declaram convertidos, vão à igreja, lêem a Bíblia, fazem ofertas, mas sem o temor de Deus no coração. Sem um arrependimento genuíno no coração. Amado, ninguém será salvo pela quantidade que conhece das Escrituras, mas pela fé.

Quem tem temor de Deus no coração, tem também o espírito de sabedoria e por isso recebe revelações profundas por meio de simples parábolas, quase que ingênuas. São mistérios ocultos desde a fundação do mundo que o simples de coração recebe e se regozija. Mas quem não tem temor, até o que pensa ter (sabedoria), lhe é tirado, pois ouve revelações profundas e não entende nada.

O Senhor lhe abençoe com pleno entendimento dos mistérios maravilhosos do reino de Deus. O capítulo 13 de Mateus é riquíssimo, pois possui várias parábolas. Igualmente os capítulos 10 a 16 de Lucas.

30) Porque Jesus utilizava de parábolas para ensinar as pessoas?

A) Uma parte importante dos ensinamentos de Jesus, foi constituída por parábolas. Embora não fosse novidade o uso desta técnica, a análise leva a crer que ele a usou com mais propriedade e em maior quantidade, comparativamente aos outros livros da bíblia.Este modo de expor tem sido entendido como uma técnica pedagógica, cujo objetivo é apresentar um raciocínio e uma conclusão, por detrás de uma breve narração, facilitando sua memorização e permitindo que o ensinamento de fundo, possa surgir gradativamente na mente dos ouvintes, até a sua plena compreensão.Pode ser considerada também, como uma forma de deixar escondido um ensinamento para aqueles que ainda não apresentam condições de entendimento e, concomitantemente, evitar um certo desgaste a Jesus, gerado no hábito, comum daquela época e povo, de se discutir a obediência das leis mosaicas. A correta interpretação das parábolas possibilita o fenômeno da sua aplicação universal em todos os tempos, adaptada às situações análogas.Pesquisas no âmbito da comunicação constataram que o maior obstáculo à compreensão de uma mensagem é a tendência dos homens em pré julgar. Nesse sentido, a parábola possui a grande vantagem de não predispor os ouvintes a censura prévia, facilitando sua assimilação.A definição de parábola é "narração alegórica na qual o conjunto de elementos evoca, por comparação, outras realidades de ordem superior ou moral". De suas características, surge uma força que leva o ouvinte a refletir sua conclusão. Um bom exemplo de parábola do antigo testamento está em II Samuel 12:1-14, conhecida como "o profeta Natan repreende a Davi".De maneira geral, a parábola difere da alegoria por ser mais extensa e exigir maior coerência e plausibilidade entre seus elementos. Alegoria é a exposição de um pensamento sob forma figurada (metáfora) ou uma seqüência de metáforas que significam uma coisa nas palavras, outra no sentido. Alguns autores adotam também o termo símile que quer dizer comparação de coisas semelhantes. "Vós sois a luz do mundo" é uma metáfora; "como um cordeiro mudo diante daquele que o tosquia" é um símile. "Em verdade, em verdade vos

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digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, ficará só, mas se morrer, produzirá muito fruto" [João 12:24] é uma alegoria. Em comparação com as parábolas judaicas, as de Cristo possuem a diferença fundamental de forçarem o ouvinte a tomar uma posição sobre o assunto. Sua estrutura impele as pessoas a refletirem sobre sua conclusão. Existe um aspecto positivo que parece sobressair em relação aos demais. É seu poder de invadir o tempo e as gerações, despertando o mesmo interesse (senão maior), permitindo sempre que os homens possam ampliar, a cada instante, o sentido dos ensinamentos que transmite.(Página 12 da apostila "Dicas para estudar o Evangelho" da Sociedade Espírita Mãos Unidas. Para ter acesso a apostila completa clique aqui e escolha o arquivo Estu-evg.zip.)

C) Parábolas segundo o livro "Os Ensinamentos de Jesus e a Tradição Esotérica Cristã" (pag. 31): "Os grande seres que legaram à humanidade ensinamentos, que mais tarde se transformaram em religiões, sempre levaram em consideração as necessidades específicas das almas em diferentes estágios evolutivos. Para as massas eram ministradas instruções simples, voltadas para as necessidades prementes de orientação moral, de consolação e de esperança para os aflitos. Assim, as parábolas e outros ditados de Jesus contém, numa primeira leitura, uma "moral da história", um ensinamento prático, geralmente apresentado com imagens da vida diária de seus ouvintes. Porém, para as pessoas mais instruídas e já despertas espiritualmente, as mesmas parábolas, devidamente interpretadas, ofereciam outra camada de ensinamentos mais profundos que haviam sido velados pela alegoria. Finalmente, para seus discípulos mais chegados, foram ministrados ensinamentos secretos conservados pela tradição oral e só mais tarde confiados a linguagem escrita, ainda que de forma altamente simbólica".

D) Reflexões sobre as parábolas:As parábolas são formas de expressar verdades. Em cada uma podemos encontrar uma ou várias verdades e podemos ver várias facetas de cada verdade. E por terem estas características as parábolas também servem para encobrir a verdade, produzir ilusões, sustentar fantasias e induzir ao erro.Por serem tão versáteis, as parábolas são utilizadas por todas as culturas como forma de transmissão de conhecimentos. Elas são particularmente úteis quando queremos expressar verdades espirituais. Estas são, muitas vezes, difíceis de serem transmitidas em profundidade para pessoas que ainda não se desenvolveram nesta área. As parábolas, nestes casos, cumprem um papel importante, pois elas permitem que cada um as entendam dentro dos seus limites. Marcos nos informa que Jesus possuía esta preocupação de se comunicar com as pessoas "segundo o que podiam compreender" (Mc 4:33).Ao refletir sobre as parábolas de Jesus que vem a seguir, lembre-se de que cada parábola possibilita dezenas de reflexões. Não se sinta inibido. Coloque sua reflexão no papel, avalie se possui lógica, bom senso e se é compatível com a mensagem do Mestre Jesus. E lembre-se de nos enviar as suas avaliações.

Porque Jesus falava por parábolasSIMONI SCRAMIN REHDER - de Ribeirão Preto, SP

As parábolas de Jesus, com suas comparações simples, mantiveram intocável a sua moral.

Na acepção do termo, parábola é uma narrativa que tem por fim transmitir verdades

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indispensáveis a serem compreendidas. São narrações alegóricas, na qual o conjunto de elementos evoca, por comparação outras realidades de ordem superior1.

O emprego que durante o seu ministério Jesus fez das parábolas, tinha por fim esclarecer seus ensinos, mediante comparação do que pretendia dizer. Era uma forma de história onde usava os elementos comuns, conhecidos do homem de então. Ao agricultor fazia comparações, propostas em torno do campo, plantio, semeadura, colheita. Ao ribeirinho das margens do mar da Galiléia, da pesca, dos peixes, enfim, partia do conhecido para despertar por comparações as propostas sublimadas, transcendentes.

Sugeria, com figuras e quadros cotidianos, facilitando aos discípulos a compreensão das coisas espirituais, em paralelos, transportes, analogias.

Aos que o ouviam, procurando compreender os discursos, a parábola tornava-se excelente meio elucidativo dos temas e das dissertações. Aos que não buscavam na parábola a figura que compara, a alegoria que representa a idéia espiritual, se prendendo à forma sem perceber o fundo, para estes as propostas não eram percebidas, conservavam-se ocultas, atidos que permaneciam à história em si.

Jesus conhecia esse momento mental e respeitava-o, entendendo que no tempo próprio, tal qual a castanha, que partida ofereceria suculenta e saborosa noz.

Julgando que as parábolas constituíam-se como mera divagação, no transcorrer dos tempos, mentores religiosos cuidaram para que elas passassem inalteradas, livre de infiltrações, até que atingissem os nossos dias, quando seriam elucidadas à luz do Espiritismo.

Poderíamos perguntar: que proveito se tiraria dessas parábolas, cujo sentido ficou oculto?Jesus se exprimiu por parábolas sobre as partes difíceis à compreensão de sua doutrina,

num tempo em que o desenvolvimento espiritual, mental não permitia associação à práticas morais, nas atitudes do dia-a-dia; fazendo da caridade para com o próximo, da humildade, fraternidade, do amor enfim, a condição expressa de libertação. A esse respeito tudo está claro, explícito e sem ambigüidade. Sobre as outras partes, não desenvolveu seu pensamento senão aos seus discípulos; estando estes mais próximos, Jesus pudera inicia-los nas verdades: ouviam e viam o ensino, percebiam no viver de Jesus o sentido espiritual que permanece para sempre; não se prendendo à figura ou à palavra sonora, que se distingue e desvanece.

Mesmo assim, até mesmo com seus apóstolos, em muitos assuntos mostrou-Se reticente, uma vez que a completa percepção da proposta estaria reservada para tempos ulteriores, onde o desenvolvimento mental possibilitaria percebe-la.

O Espiritismo vem hoje lançar luz sobre uma multidão de pontos obscuros.De modo geral, toda estada e propostas de Jesus encerram um convite espiritual,

idênticos aos contidos nas parábolas. Ater-se aos fatos, à história em si, sem perceber essa transcendência, é não entender a significação espiritual da permanência de Jesus entre nós, que surge como convite a que nas bênçãos do Amor, no respeito ao direito do outro, cada qual aja, no sentido de que Jesus seja sempre o modelo e o guia a acenar e mostrar que é possível ser Bom.

O Evangelho segundo o espiritismo - C A P Í T U L O XXIV

CANDEIA SOB O ALQUEIRE. POR QUE FALA JESUS POR PARÁBOLAS1. Ninguém acende uma candeia para pô-la debaixo do alqueire; põe-na, ao contrário, sobre o candeeiro, a fim de que ilumine a todos os que estão na casa. (S. MATEUS, 5:15.)

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2. Ninguém há que, depois de ter acendido uma candeia, a cubra com um vaso, ou a ponha debaixo da cama; põe-na sobre o candeeiro, a fim de que os que entrem vejam a luz; – pois nada há secreto que não haja de ser descoberto, nem nada oculto que não haja de ser conhecido e de aparecer publicamente. (S. LUCAS, 8:16 e 17.)

3. Aproximando-se, disseram-lhe os discípulos: Por que lhes falas por parábolas? – Respondendo- lhes, disse ele: É porque, a vós outros, foi dado conhecer os mistérios do reino dos céus; mas, a eles, isso não lhes foi dado. Porque, àquele que já tem, mais se lhe dará e ele ficará na abundância; àquele, entretanto, que não tem, mesmo o que tem se lhe tirará. – Falo-lhes por parábolas, porque, vendo, não vêem e, ouvindo, não escutam e não compreendem. – E neles se cumprirá a profecia de Isaías, que diz: Ouvireis com os vossos

ouvidos e não escutareis; olhareis com os vossos olhos e não vereis. Porque, o coração deste povo se tornou pesado, e seus ouvidos se tornaram surdos e fecharam os olhos para que seus olhos não vejam e seus ouvidos não ouçam, para que seu coração não compreenda e para que, tendo-se convertido, eu não os cure. (S. MATEUS, 13:10 a 15.)

4. É de causar admiração diga Jesus que a luz não deve ser colocada debaixo do alqueire, quando ele próprio constantemente oculta o sentido de suas palavras sob o véu da alegoria, que nem todos podem compreender. Ele se explica, dizendo a seus apóstolos: “Falo-lhes por parábolas, porque não estão em condições de compreender certas coisas. Eles vêem, olham, ouvem, mas não entendem. Fora, pois, inútil tudo dizer-lhes, por enquanto. Digo-o, porém, a vós, porque dado vos foi compreender estes mistérios.” Procedia, portanto, com o povo, como se faz com crianças cujas idéias ainda se não desenvolveram. Desse modo, indica o verdadeiro sentido da sentença: “Não se deve pôr a candeia debaixo do alqueire, mas sobre o candeeiro, a fim de que todos os que entrem a possam ver.” Tal sentença não significa que se deva revelar inconsideradamente todas as coisas. Todo ensinamento deve ser proporcionado à inteligência daquele a quem se queira instruir, porquanto há pessoas

a quem uma luz por demais viva deslumbraria, sem as esclarecer.

Dá-se com os homens, em geral, o que se dá em particular com os indivíduos. As gerações têm sua infância, sua juventude e sua maturidade. Cada coisa tem de vir na época própria; a semente lançada à terra, fora da estação, não germina. Mas, o que a prudência manda calar, momentaneamente, cedo ou tarde será descoberto, porque,

chegados a certo grau de desenvolvimento, os homens procuram por si mesmos a luz viva; pesa-lhes a obscuridade. Tendo-lhes Deus outorgado a inteligência para compreenderem

e se guiarem por entre as coisas da Terra e do céu, eles tratam de raciocinar sobre sua fé. É então que não se deve pôr a candeia debaixo do alqueire, visto que, sem a luz da razão, desfalece a fé. (Cap. XIX, nº 7.)

5. Se, pois, em sua previdente sabedoria, a Providência só gradualmente revela as verdades, é claro que as desvenda à proporção que a Humanidade se vai mostrando

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amadurecida para as receber. Ela as mantém de reserva e não sob o alqueire. Os homens, porém, que entram a possuí-las, quase sempre as ocultam do vulgo com o intento de o dominarem. São esses os que, verdadeiramente, colocam a luz debaixo do alqueire. É por isso que todas as religiões têm tido seus mistérios, cujo exame proíbem. Mas, ao passo que essas religiões iam ficando para trás, a Ciência e a inteligência avançaram e romperam o véu misterioso. Havendo-se tornado adulto, o vulgo entendeu de penetrar o fundo das coisas e eliminou de sua fé o que era contrário à observação.

Não podem existir mistérios absolutos e Jesus está com a razão quando diz que nada há secreto que não venha a ser conhecido. Tudo o que se acha oculto será descoberto um dia e o que o homem ainda não pode compreender lhe será sucessivamente desvendado, em mundos mais adiantados, quando se houver purificado. Aqui na Terra, ele ainda se encontra em pleno nevoeiro.

6. Pergunta-se: que proveito podia o povo tirar dessa multidão de parábolas, cujo sentido se lhe conservava impenetrável? É de notar-se que Jesus somente se exprimiu por parábolas sobre as partes de certo modo abstratas da sua doutrina. Mas, tendo feito da caridade para com o próximo e da humildade condições básicas da salvação, tudo o que disse a esse respeito é inteiramente claro, explícito e sem ambigüidade alguma. Assim devia ser, porque era a regra de conduta, regra que todos tinham de compreender para poderem observá-la. Era o essencial para a multidão ignorante, à qual ele se limitava a dizer: “Eis o que é preciso

se faça para ganhar o reino dos céus.” Sobre as outras partes, apenas aos discípulos desenvolvia o seu pensamento. Por serem eles mais adiantados, moral e intelectualmente, Jesus pôde iniciá-los no conhecimento de verdades mais abstratas. Daí o haver dito: Aos que já têm, ainda mais se dará. (Cap. XVIII, nº 15.)

Entretanto, mesmo com os apóstolos, conservou-se impreciso acerca de muitos pontos, cuja completa inteligência ficava reservada a ulteriores tempos. Foram esses pontos

que deram ensejo a tão diversas interpretações, até que a Ciência, de um lado, e o Espiritismo, de outro, revelassem as novas leis da Natureza, que lhes tornaram perceptível o

verdadeiro sentido.

7. O Espiritismo, hoje, projeta luz sobre uma imensidade de pontos obscuros; não a lança, porém, inconsideradamente. Com admirável prudência se conduzem os Espíritos, ao darem suas instruções. Só gradual e sucessivamente consideraram as diversas partes já conhecidas da Doutrina, deixando as outras partes para serem reveladas à medida que se for tornando oportuno fazê-las sair da obscuridade. Se a houvessem apresentado completa desde o primeiro momento, somente a reduzido número de pessoas se teria ela mostrado acessível; houvera mesmo assustado as que não se achassem preparadas para recebê-la, do que resultaria ficar prejudicada a sua propagação. Se, pois, os Espíritos ainda não dizem tudo ostensivamente, não é porque haja na Doutrina mistérios em que só alguns privilegiados possam penetrar, nem porque eles coloquem a lâmpada debaixo do alqueire; é porque cada coisa tem de vir no momento oportuno. Eles dão a cada idéia tempo para amadurecer e propagar-se, antes que apresentem outra, e aos acontecimentos o de preparar a aceitação dessa outra.

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Parábolas e Ensinos de JesusCairbar Schutel

AS PARÁBOLAS E A SUA INTERPRETAÇÃONa acepção geral do termo, parábola

é uma narrativa que tem por fim transmitir verdades indispensáveis de serem compreendidas.

As Parábolas dos Evangelhos são alegorias que contêm preceitos de moral.

O emprego contínuo, que durante o seu ministério Jesus fez das parábolas, tinha por fim esclarecer melhor seus ensinos, mediante comparações do que pretendia dizer com o que ocorre na vida comum e com os interesses terrenos. Sugeria, assim, o Mestre, figuras e quadros das ocorrências cotidianas, para facilitar mais aos seus discípulos, por esse método comparativo, a compreensão das coisas espirituais.

Aos que o ouviam ansiosamente, procurando compreender seus discursos, a parábola tornava-se-lhes excelente meio elucidativo dos temas e das dissertações do Grande Pregador.

Mas os que não buscavam na parábola a figura que compara, a alegoria que representa a idéia espiritual, e se prendiam à forma, desprezando o fundo, para estes a Doutrina nem sequer aparecia, mas conservava-se oculta, como a noz dentro da casca.

Daí a resposta de Jesus aos discípulos que lhe inquiriram a razão de Ele falar por parábolas:“Porque a vós é dado conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não lhes é isso dado. Pois ao que tem, dar-se-lhe-á e terá em abundância; mas ao que não tem; até aquilo que tem ser-lhe-á tirado.”

“Por isso lhes falo por parábolas, porque vendo não vêem; e ouvindo não ouvem, nem entendem. E neles se está cumprindo a profecia de Isaías, que diz: Certamente ouvireis, e de nenhum modo entendereis. Porque o coração deste povo se fez pesado, e os seus ouvidos se fizeram tardos, e eles fecharam os olhos; para não suceder que vendo com os olhos e ouvindo com os ouvidos, entendam no coração e se convertam e eu os cure.”

Pelo trecho se observa claramente que os fariseus e a maioria dos judeus, em ouvindo a exposição da parábola, só viam a figura alegórica que lhes era mostrada, assim como, quem não quebra a noz, só lhe vê a casca.

Ao passo que com seus discípulos não acontecia a mesma coisa; eles viam e ouviam o ensino, o sentido espiritual que permanece para sempre; não se prendiam à figura ou a palavra sonora, que se extingue desvanece.

De modo que os fariseus ouviam, mas não ouviam; viam, mas não viam (Em outros termos: ouviam, mas não escutavam; viam, mas não enxergavam.) ; porque uma coisa é ver e ouvir com os olhos e ouvidos do corpo, outra coisa é ver e ouvir com os olhos e ouvidos do Espírito.

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A condição que Jesus expõe, como sendo indispensável “para nos ser dado e possuirmos em abundância” é como diz o texto, de “nós termos” — Mas “termos” o quê? Certamente algum princípio doutrinário unido à boa vontade para recebermos a Verdade — “Aquele que tem ser-lhe-á dado e terá em abundância.”

E o obstáculo à recepção da sua Doutrina é o indivíduo “não ter” — não ter a mais ligeira iniciação espiritual e não ter boa vontade para receber a Nova da Salvação.

De modo que a Parábola Evangélica é uma instrução alegórica, exposta sempre com um fim moral, como um meio fácil de fazer compreender uma lição espiritual, pelo menos, a opinião do evangelista Mateus quando diz: “Todas estas coisas falou Jesus ao povo em parábolas, e nada lhes falava sem parábolas; para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: Abrirei em Parábolas a minha boca, e publicarei coisas escondidas desde a criação.” (Mateus, XIII, 34-35).

Finalmente, as Parábolas têm pouca importância para os que as tomam como foram escritas;demais, o sentido nunca deve ser desnaturado ou transviado, sob pena de prejudicar a Ideia Cristã. Por exemplo, ao que vê na parábola do “tesouro escondido” um meio de enriquecer materialmente,ou na parábola do “administrador infiel” uma lição de infidelidade, lhe será preferível fechar os Evangelhos e continuar a tratar de seus negócios materiais.

A inteligência dos Evangelhos explica perfeitamente a interpretação espiritual que Jesus dá aos seus ensinos. Se os Evangelhos fossem um amontoado de alegorias sem significação espiritual,nenhum valor teriam.