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Fútbol: Mi filosofia – Johan Cruyff – Cap. 1 a 10 Prof. Pedro Mendonça UEFA B Coach @PedMenCoach FÚTBOL: Mi filosofía – Johan Cruyff, 2012 Capítulos: 1. A Rua; 2. O Clube; 3. A Competição; 4. A Alegria de Jogar; 5. Técnica. Importância e benefícios dos exercícios abdominais, nomeadamente na prevenção de lesões inguinais. As crianças devem habituar-se a alongar antes de um treino ou jogo para que diminuam as lesões musculares e tendinosas no futuro. Há cinco elementos básicos no futebol: - remate ; cabeceamento ; - drible ; - condução da bola e controlo da bola . É extremamente importante treinar-se ambas as pernas. Não perder de vista a vertente lúdica quando se trabalha com jovens. Deve- se também mantê-los o máximo de tempo ocupados. É importante que os jovens ganhem tanta flexibilidade quanto possam e que a mantenham. A flexibilidade garante um bom controlo do corpo (que é essencial no futebol). Uma má postura, dificulta o correto domínio do corpo. Os exercícios de elasticidade e de alongamento serão de grande utilidade para a melhoria da flexibilidade e do controlo corporal. Os pitões altos fazem com que os jogadores se afundem no terreno (aumentando o risco de lesões musculares e no joelho). Há que promover nos jovens o seu sentido de responsabilidade (devem tratar da sua bolsa de equipamento e das suas chuteiras). Devem também tratar bem os seus pés (unhas dos dedos bem cortadas e secá-las bem após o banho).

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Resumo dos Capítulos 1 a 10

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Prof. Pedro Mendonça UEFA B Coach @PedMenCoach

FÚTBOL: Mi filosofía – Johan Cruyff, 2012

Capítulos:

1. A Rua; 2. O Clube; 3. A Competição; 4. A Alegria de Jogar; 5. Técnica.

• Importância e benefícios dos exercícios abdominais, nomeadamente na prevenção de lesões inguinais.

• As crianças devem habituar-se a alongar antes de um treino ou jogo para que diminuam as lesões musculares e tendinosas no futuro.

• Há cinco elementos básicos no futebol: - remate; cabeceamento; - drible; - condução da bola e controlo da bola.

• É extremamente importante treinar-se ambas as pernas.

• Não perder de vista a vertente lúdica quando se trabalha com jovens. Deve-

se também mantê-los o máximo de tempo ocupados.

• É importante que os jovens ganhem tanta flexibilidade quanto possam e que a mantenham. A flexibilidade garante um bom controlo do corpo (que é essencial no futebol).

• Uma má postura, dificulta o correto domínio do corpo. Os exercícios de

elasticidade e de alongamento serão de grande utilidade para a melhoria da flexibilidade e do controlo corporal.

• Os pitões altos fazem com que os jogadores se afundem no terreno

(aumentando o risco de lesões musculares e no joelho).

• Há que promover nos jovens o seu sentido de responsabilidade (devem tratar da sua bolsa de equipamento e das suas chuteiras). Devem também tratar bem os seus pés (unhas dos dedos bem cortadas e secá-las bem após o banho).

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• A cada nova época deve-se renovar o calçado. Há que molhar bem as chuteiras antes de utilizá-las em competição (tirar as botas da caixa e usá-las num campo seco pode provocar bolhas). O importante dumas chuteiras novas é que sejam agradáveis ao tato e encaixem bem no pé.

• Jogue-se no nível a que se jogue, deve-se dar sempre o melhor de si

mesmo. Não há que fazê-lo só por nós, mas sim por todos os outros.

• O futebol deve produzir prazer para os jovens não abandonarem. Há então que procurar a alegria e premiar a inspiração (tanto nos treinos como nos jogos).

• Como cada Escalão funciona e que aspetos há que ter em conta:

Até aos 10 anos:

1º Devem familiarizar-se com a bola (os jogadores mais dotados tecnicamente jogarão mais vezes na equipa inicial). Privilegiar o jogo (desfrutam mais). Pouco a pouco, irem habituando-se a jogar juntos. Travar com suavidade quem tenha demasiada tendência a driblar e incentivar o que seja mais retraído a tentar driblar mais vezes. Tentar formar educativamente os jogadores, tentar não cair em comparações.

Dos 10 aos 12 anos (Infantis):

Os limites ampliam-se. Colocar os jogadores numa determinada posição no campo de jogo, mas deixá-los também jogar em liberdade. Nesta idade há que ir polindo os defeitos mais pronunciados dos jovens futebolistas.

Iniciados:

É considerado o grupo principal (onde existe maior potencial). Absorvem tudo, sendo assim mais fácil trabalhar com eles alguns detalhes. Pode-se explicar-lhes como defender e atacar (mas sempre com calma). Neste grupo alcança-se o topo do que se pode atingir durante os anos de formação futebolística.

Juvenis:

O grupo mais complicado (também devido à puberdade). Ter atenção à alegria do jogo (se as coisas mudarem neste aspeto, o melhor é voltar ao básico e colocar maior ênfase na diversão que dá o futebol).

Juniores:

A última etapa. Os jogadores começam a ser vistos e tratados como adultos (há a separação entre jogadores recreativos e os de rendimento). Embora o prazer no jogo não deixar de ser um elemento central da atividade, há que fazer referência ao jogador que «quer mais». Os pontos de partida devem ser o desejo de jogar e a vontade de melhorar. Estes aspetos podem ser estimulados durante o treino, mas também mediante a introdução de uma espécie de sistema de recompensa. Por exemplo, recompensa em forma de equipamentos extra que sirva para que o jogador tenha a impressão que conseguiu algo mais. Para um clube, são umas condições muito fáceis de criar. Dar melhores bolas e

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jogarem no campo da equipa principal algum jogo. O importante é o jogador veja que atingindo determinado objetivo, a sua melhor prestação vá ser recompensada de alguma maneira. O jogador entregou esse «algo» mais e deseja obter «algo» em troca. Fê-lo no seu próprio interesse e no do clube.

Comentário Final:

Durante a formação, os jogadores bons devem jogar sempre. Se temos dois bons Extremos Direitos, por exemplo, não é bom colocar algum no banco só porque é interessante fazer jogar o outro nessa posição. Fazer se possível que joguem os dois ao mesmo tempo, um na sua posição habitual e o outro em qualquer outra posição, porque os jogadores talentosos devem jogar sempre.

• Os jovens quer seja durante os treinos, quer seja durante os jogos devem acima de tudo divertir-se ao praticar o seu desporto favorito. Por isso, os aspetos técnicos devem ser abordados em todos os níveis (servem para todos os jogadores, independentemente do seu nível).

• O futebol só é divertido se todos tocarem a bola e souberem o que fazer

com ela.

• O mais simples é que cada jogador saiba tanto passar como receber uma bola. O passo seguinte é provar estas habilidades em equipa. Dois fundamentos básicos do jogo: passar e receber a bola (é por onde deve começar qualquer jogador jovem). É a base sobre a qual levantar o edifício da destreza técnica.

• O treino técnico pode ser dividido em dois passos:

1º Aprendizagem da técnica, que deve ir melhorando até adquirir um alto grau de funcionalidade. Sempre partindo do princípio básico de que o fundamental é o controlo da bola. Quanto mais sente um jogador que domina a bola, mais pode melhorar as suas capacidades técnicas.

Exercícios técnicos muito simples (controlo da bola), mas que podem ser muito úteis:

� Receção, controlo e colocação da bola em circulação: Quem domine estas ações, poderá executá-las sem ter que olhar constantemente a bola. Desta maneira potencia-se a visão geral do jogo, que assim acelera a execução da ação completa. – Aumentar a velocidade da bola e o grau de dificuldade sobre pressão dos adversários; – Alternar os exercícios experimentando com a perna esquerda e com a direita.

o A bola chega no ar, controlar com suavidade e baixá-la num só gesto, de modo a colocar a bola perfeitamente para realizar a ação seguinte. Quando se faz isto sem olhar a bola, pode-se dirigir o olhar para a zona do campo mais interessante para dirigir a bola, tanto com uma perna como com a outra.

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� Manter a bola no ar: -– Começar com a perna “boa”. Levantar a bola e tentar mantê-la no ar o máximo de tempo possível. – Quando realizarmos o exercício razoavelmente bem, tentar executá-lo com outras partes do corpo (perna “má”, cabeça, coxas, peito, ombros, etc.). – Começando com a bola parada no chão e levantando-a sem colocar as mãos, podemos realizar este exercício sempre que quisermos. Tanto a velocidade como a distância à qual enviamos a bola podem ir aumentando-se. – Aumentar o nível de dificuldade, por exemplo, lançar a bola por cima da cabeça, dar a volta e recolhê-la antes que toque no solo, e voltar a dar toques. – Manter a bola no ar com o pé e/ou cabeça também pode ser realizado com dois jogadores ou em grupo. Pode-se inclusivamente realizar um jogo (tipo futebol-ténis) onde a bola que toca o solo decide um ponto para uma equipa ou outra e onde só podem realizar um máximo de 3 toques em campo próprio antes de passar a bola para o campo adversário. Este jogo pode ter várias variantes: servir em vólei, 1ª receção com a cabeça, etc. – Apesar da maioria dos aspetos deste último exercício não serem transferíveis para o jogo, são muito úteis para aprender a manipular a bola. – Se um jovem quer progredir como futebolista, tem que ter um perfeito controlo da bola. Sem esta base, é impossível melhorar nos outros aspetos do jogo como a visão, o passe, as combinações, etc. – É essencial que este tipo de exercícios, que podem parecer muito simples, se vão realizando com regularidade. Sobretudo quando o jovem vai crescendo como futebolista (fundamental para se conseguir uma intimidade especial com a bola tão necessária. – Estes dois simples exemplos podem ser o ponto de partida para centenas de exercícios que para além disso podem ser muito divertidos.

6. Da Formação à Prática

• Depois dos exercícios de adaptação à bola, o treino deve orientar-se para o jogo. É fundamental que os jovens possam jogar sem medo de perder e desfrutando do jogo;

• Uma ferramenta excelente para começar é a adoção do sistema com 2 extremos (1-4-3-3). Isto é, 1 Guarda-Redes, 4 Defesas, 3 Médios e 3 Avançados. Este sistema é ideal para o processo de aprendizagem porque permite de uma forma natural, que os jovens vejam-se confrontados com todos os aspetos do jogo.

7. Driblar e Conduzir

• Por driblar entendemos uma ação na qual o que conduz a bola é capaz de manter a posse mesmo sobre pressão do adversário. Para treinar o drible, colocar uma série de cones em fila. Trata-se de que os jogadores tentem, com a bola no pé, avançar através da fila fazendo slalom. É essencial que com cada passo a bola seja tocada alternativamente com o exterior e o interior do pé. Assim que não se trata de impulsionar com força a bola para ter que correr atrás dela, mas sim tentar sair de cada cone com a bola colada ao pé. O ponto de partida é melhorar o domínio da bola a longo

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prazo. A vantagem deste exercício técnico é também que todos os jogadores podem progredir nos seus resultados. Tentar também com a perna “má”, aumentar a velocidade de execução e aproximar os cones entre si são variantes para aumentar a dificuldade. Quando em condições de dificuldade consigamos fazer um slalom com a bola junto ao pé sem olhá-la, poderemos dizer que atingimos um certo grau de perfeição. Em todos os casos, efetua-se impulsionando 1º a bola ou com o interior ou com o exterior do pé, e corrigindo depois o desvio com a outra parte. Por isso é bom situar ao princípio os cones consecutivamente uns atrás dos outros para forçar um slalom em linha reta. Deste modo, assegura-se que o jogador utilize tanto o exterior como o interior do pé. Se um destro começa impulsionando a bola com o interior, dará conta que deverá corrigir o desvio excessivo à esquerda com o exterior do seu pé direito. Unicamente praticando esta alternância o jogador conseguirá avançar em linha reta. Se tentar fazer o exercício passando a bola do interior do pé direito para o interior do pé esquerdo perderá velocidade e também o controlo sobre o corpo.

• Treinar o drible tanto com uma perna como com a outra. O essencial desta ação é acabar situando o próprio corpo entre o adversário e a bola.

• A condução da bola realiza-se em corrida, a grande velocidade, as passadas devem ser mais amplas que no drible para manter a bola sob controlo. O método mais simples para treinar a condução em velocidade é o incremento: partindo de uma posição de repouso, há que começar a fazer correr a bola incrementando progressivamente a velocidade, enquanto tentámos que a bola não se escape demasiado.

• Um método de treino mais difícil é o da situação de 1x1. O atacante tem a bola e deve lançar-se a grande velocidade em direção ao seu adversário. Este exercício também pode realizar-se junto à linha lateral, alternando o pé direito com o pé esquerdo e também passando a bola de um pé ao outro.

• Messi e Maradona destacam-se no domínio destas ações.

8. Chutar e Passar

• De forma igual a outros elementos técnicos, nos remates e passes sobretudo é importante a técnica básica. Quanto mais relaxadamente se faça, melhor será a técnica. Rematar forte nem sempre é uma questão de força. A postura e o equilíbrio do corpo têm que ser adequados. Há 2 coisas que sobretudo são importantes:

• 1º) a perna de apoio deve estar sempre paralela à bola, por isso, ao apoiar-se numa só perna, é importante a utilização do braço. Para alguém que remata com o pé direito, o braço esquerdo deverá estar a par com a perna de apoio, isto é, colocado para baixo. Durante o movimento do remate, o

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corpo deverá estar inclinado um pouco para a frente, pois senão cairá. O remate pode-se desenvolver sobretudo treinando, isto é, com muitas horas de prática e rematando sempre tanto com o pé esquerdo como com o direito. É igual se estes exercícios se realizam lançando a bola contra uma parede ou num campo de treino com 1 ou vários companheiros. O remate pode classificar-se em ofensivo ou defensivo. Se um defesa quer enviar a bola a longa distância, terá que rematar com força. Mas com uma força distinta à do avançado que remata à baliza. Num remate/passe longo desde a defesa, o corpo deverá inclinar-se ligeiramente para trás, contactando-se a bola um pouco mais abaixo do centro. Neste caso, é importante que a perna continue a trajetória da bola após o golpe. (Beckham; R. Koeman).

• Em contrapartida, se se remata à baliza, o corpo deverá inclinar-se mais sobre a bola. Uma vez que se deve rematar com mais força, deve-se dar na bola mais no centro (C.Ronaldo, Bale, Juninho P.). Se se quer dar com o pé direito, temos que começar com o pé esquerdo, após o qual o corpo girará bruscamente um pouco para trás. Em seguida dever-se-á lançar todo o corpo no remate. A perna apenas acompanhará o movimento da bola depois do golpe; o golpe deve ser seco e explosivo.

• A diferença no remate entre o defesa e o avançado também pode ser apreciado na postura da cabeça. No caso do defesa, a cabeça inclina-se ligeiramente para trás, enquanto no caso do avançado a cabeça inclina-se um pouco para a frente.

• Uma boa postura é imprescindível para rematar bem a bola.

• Se a postura inicial é boa, poderá introduzir-se uma maior parte do pé por baixo da bola, devido ao qual a superfície de contato será maior e o remate será mais eficiente.

• Estes princípios básicos podem-se ir melhorando através de um treino adequado e intenso. Uma vez dominados, pode-se começar a treinar, por exemplo o passe longo. Logicamente, o mais simples é enviar a bola a grande distância para algum sítio. Uma vez dominado este passo, pode-se aumentar o grau de dificuldade, mantendo a distância, mas diminuindo a altura do passe. Este exercício pode-se aperfeiçoar até acabar no passe rasteiro, um passe longo rente ao solo que sendo igualmente potente e distante, é muito mais eficiente por ser mais baixo e mais direto.

• Para este tipo de treino é necessário um bom aquecimento. Antes de chutar, o corpo tem que estar preparado. Por isso, é importante começar pouco a pouco. 1º passando a bola desde perto e ir aumentando gradualmente a distância. Só quando o corpo está bem quente, pode-se rematar à baliza. Assim evitam-se lesões desnecessárias.

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9. Cabecear

• Igualmente ao drible e ao remate, todos, independentemente do nível que tenham, podem melhorar este aspeto do jogo (exemplo C.Ronaldo).

• Há que começar com cuidado e avançar sem pressa para se obter bons resultados.

• Uma boa técnica de cabeceamento depende de 4 fatores: 1. Uma boa postura – imediatamente antes do cabeceamento o corpo deve estar

ligeiramente inclinado para trás. É a mesma postura que se adota ao controlar a bola com o peito. Em seguida, há que projetar o corpo para a bola.

2. Um bom equilíbrio – que se consegue com um bom uso dos braços, que são os que mantêm o equilíbrio.

3. Sincronização 4. Golpe da bola com a cabeça – Os cabeceamentos podem ser defensivos ou

ofensivos. Nos cabeceamentos defensivos a bola deve ir para cima enquanto nos ofensivos deve ir para baixo. Os cabeceamentos ofensivos são claramente mais difíceis.

• O primeiro exercício consiste em situar um jogador frente a outro. Simplesmente, passam a bola um ao outro com a cabeça. A bola deve ser golpeada desde algum ponto da frente, um pouco debaixo do centro. Serão cabeceamentos do tipo defensivo. Se nos doer ao cabecear, será uma indicação de que o não fizemos bem, porque se a bola é cabeceada pelo centro da frente, não se sente praticamente nada.

• Se houver progressão, então o grupo pode ver-se ampliado, por exemplo a 6 jogadores. Situam-se duas filas de 3 jogadores uma em frente à outra e então os jogadores vão mudando as suas posições dentro da fila. Os jogadores deixam então de se preocupar só com o impacto da bola na cabeça, mas também com a sincronização com os colegas.

• Este exercício pode também ampliar-se a um círculo de jogadores com um jogador no centro, o qual entrega a bola com a cabeça a um jogador distinto do círculo, num determinado sentido. O objetivo deste exercício é dominar ainda mais a técnica de cabeceamento. Este exercício pode ser enriquecido com uma ação intermédia, onde os jogadores devam por exemplo controlar a bola com a cabeça antes de dar um 2º cabeceamento para entregar a bola.

• Todos os exercícios indicados anteriormente realizam-se estando os jogadores parados na altura do cabeceamento.

• De novo insisto na importância de se utilizar boas bolas, sobretudo nesta fase. Uma bola não demasiado pesada nem inchada, mas que salte, é a ideal.

• Só na 2ª fase a bola é projectada mais alta no ar. Também aqui é importante ter paciência e não queimar etapas. Começar lançando a bola ao ar na direção do jogador para que este tenha que devolve-la cabeceando após salto. Para além da técnica de cabeceamento, enfrentámos aqui um

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problema de timing. Os participantes neste exercício também podem ampliar-se.

• Todos os exercícios anteriores são para o treino do cabeceamento defensivo. Trata-se de um tipo de cabeceamento particular, uma vez que o jogador que afasta a bola com a cabeça comporta-se como um GR.

• Cabeceamento ofensivo – a bola contactada com a cabeça não deve subir mais acima do coração, assim que deve ser golpeada desde um ponto mais alto. A cabeça não deve estar situada por debaixo da bola, mas sim pelo menos ao mesmo nível, ou inclusivamente ligeiramente por cima.

• Continuo a insistir que todos os exercícios devem ser realizados com as duas pernas: que se utilizem tanto a perna esquerda como a direita para fintar, conduzir, rematar ou passar. Por absurdo que pareça, isto também é válido para o cabeceamento. Um destro cabeceará mais comodamente por cima do seu ombro esquerdo. Por isso, deve-se treinar bolas que cheguem tanto desde a esquerda como desde a direita.

• O cabeceamento ofensivo pode ser dividido em cabeceamento técnico e o chamado «martilhaço».

1. Cabeceamento técnico – é necessário ter-se maior técnica, já que se pretende colocar a bola em algum lugar inalcançável para o GR, como por exemplo o ângulo contrário. O cabeceamento à baliza só tem um objetivo: marcar!

2. Martilhaço – golpear a bola com tanta força que dão a impressão de que ela pode furar a rede. É muito bonito de se ver e trata-se de uma habilidade única.

• Para se destacarem nestas especialidades os jogadores têm de dominar perfeitamente os princípios básicos do cabeceamento: uma boa postura, um corpo em bom equilíbrio, uma sincronização perfeita e um golpe impecável. Para além disso, devem ser capazes de executar estas ações sob forte pressão e marcar.

• Os braços voltam a desempenhar um papel fundamental, também servem de escudo para proteger a posição perante o adversário.

• Aprender a cabecear bem é o resultado de um exercício adequado e paciente. Até aos 12 anos há que deixar que a criança vá aprendendo a técnica do cabeceamento. Existem muitos jogos que são divertidos de praticar pelas crianças desta faixa etária.

• Aos 13 anos, há que fazê-los praticar um pouco o salto, depois do qual se inicia uma fase de transição bastante longa. Isto explica-se porque o jovem deve aprender a controlar de forma simultânea duas ações: o salto e a sincronização. Depois disto pode-se começar a praticar o cabeceamento para se colocar a bola num determinado sítio. Este passo só se pode dar se o jogador domina todas as outras técnicas. Antes não vale a pena fazê-lo, porque não teria sentido treinar uma parte tão difícil do jogo se não há um domínio suficiente das técnicas básicas de cabeceamento.

• Insisto: para aprender a cabecear bem, necessita-se muita paciência. Não queiram ir demasiado rápido, trata-se de um tipo de habilidade que só se

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pode dominar partindo de uns fundamentos sólidos. Praticar com regularidade e repetir os exercícios. Só assim tereis possibilidades de êxito.

10. Controlar a bola

• Saber parar a bola é uma das habilidades mais importantes do futebol. Quem não sabe parar uma bola, não sabe jogar futebol. Pode-se parar a bola com qualquer parte do corpo, com a exceção óbvia das mãos (exceto GR dentro da sua Área de Grande Penalidade). 10.1. Dominar com a Cabeça: Para controlar a bola com a cabeça, o jogador tem que «acompanhar» a bola de alguma maneira. Para capturarmos a bola desta maneira, quase devemos imaginar que a bola vem substituir a nossa cabeça. Para o conseguirmos devemos ajudar-nos dos joelhos enquanto colocamos a parte superior do tronco para trás. Há que contatar a bola com a parte central da testa.

10.2. Dominar com o Peito: A bola pode ser controlada com o peito de duas maneiras. Em 1º lugar, temos a receção normal da bola. O corpo está na mesma postura que quando cabeceamos a bola ou a rematámos. No momento do impacto a barriga deve estar projetada para fora, o peito um pouco para trás e as pernas um pouco para a frente. O corpo é empurrado ligeiramente pela bola. Em 2º lugar temos a receção que serve para dar velocidade à bola. Ou seja que não se trata de parar e controlar a bola e olhar para onde dirigi-la, mas sim golpear a bola com o peito para a colocar rapidamente em circulação. No momento do contacto, a cabeça deve estar quase encima da bola enquanto a anca e a barriga devem situar-se para trás. Se a postura é a correta, a bola deveria ir para baixo, onde as pernas lhe darão a direção que interesse.

10.3. Dominar com a Coxa: Quando a bola se dirigir à coxa, o mais importante é que o músculo esteja relaxado. Caso contrário, a bola escapará. A coxa não deve projetar-se na direção contrária à da trajetória da bola, mas sim limitar-se a atenuar a velocidade da mesma.

10.4. Dominar com os Pés: Se pretendermos parar a bola completamente, termos que fazê-lo com a sola da bota. Menos estática ficará a bola se a pararmos com o peito do pé (com os cordões da chuteira). O corpo deve inclinar-se ligeiramente para a frente e a bola orienta-se na mesma direção da corrida do jogador, que pode continuar avançando com a bola. Isto permite ganhar um tempo considerável. Parar a bola com o interior do pé é o mais comum. O joelho deve girar para que a perna fique de lado e a bola diante do pé. A parte superior do tronco deve inclinar-se ligeiramente para a frente. Isto impede que a bola nos fuja demasiado. Uma vez que ambas as pernas recuperem a sua orientação normal, a bola pode ser jogada. Parar a bola com o exterior do pé é interessante sobretudo quando temos um adversário detrás ou quando queremos imprimir velocidade à jogada. Para poder controlar assim a bola é essencial que o nosso corpo se encontre entre a bola e o adversário. Assim, quando a bola esteja em circulação, ficará protegida do adversário pela parte superior do nosso

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corpo, que se projeta para trás. Para evitar que a bola fuja na receção, há que deixar o pé completamente relaxado, pois de outro modo a bola ressaltaria contra ele.

• Estas são as regras de ouro. Quanto mais os jogadores as dominarem, com mais velocidade e eficácia poderá continuar a jogada.

• Há também que treinar ambas as pernas no domínio da bola. Assim, depois do controlo a bola pode ser jogada para um lado ou para o outro, condição necessária para que, por exemplo, o jogo posicional seja efetivo.

• Exercícios: 1. Lançar a Bola Há que começar da forma mais simples possível. Lançar a bola com as mãos com certa precisão para que o colega a pare, com o grau de dificuldade reduzido ao mínimo. Naturalmente, a bola pode ser lançada tanto à altura da cabeça, como do peito, da coxa ou do próprio pé. 2. Lançamento Lateral É um exercício para 2 jogadores que consiste em que um realize o Lançamento Lateral para o peito do outro, que deve dominar a bola. É um treino para os dois, uma vez que o corpo do jogador que lança a bola adota a mesma postura que o jogador que a domina com o peito. 3. Passe com o Pé A prática indica que dominar a bola com o pé é mais fácil a partir de um passe forte. A maioria dos campos são irregulares. Nessas condições, uma bola que chegue demasiado suave o fará ressaltando irregularmente, e o seu domínio será difícil. Uma bola passada com força ressalta um pouco contra o pé do recetor, pelo que será mais fácil de dominar. 4. Ritmo de Jogo Parar e chutar. É melhor realizá-lo em 3 passos. Este exercício requer ser executado disciplinadamente. Parar a bola, dar um passo à direita e passar com a esquerda, e depois ao contrário. Aqui também é essencial que a bola seja jogada com rapidez. Se não o fizermos assim, não se imprime ritmo a este exercício. 5. Receber e jogar A base deste exercício é golpear a bola só duas vezes. Uma vez para a receber e outra para passá-la, e executando ambas as ações sempre em movimento. Há que criar a oportunidade em que a bola recebida se coloque de imediato em circulação. Para praticar este tipo de jogada o ideal é organizar jogos de 4x2, 4x3 ou 5x3. A jogada rápida é, pois, a última fase do controlo da bola. Assim teremos coberto todos os aspetos deste capítulo.