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À boleia do sucesso de outros títulos, lá vamos parindo os nossos. A intertitularidade é uma área fascinante no campo da produção titular para a imprensa. Nesta apresentação, referência a alguns títulos da imprensa inspirados em títulos do mundo do futebol, da música, da televisão, da guerra, da publicidade... Para saber mais sobre a arte e as técnicas de titular na imprensa, assim como sobre a “Intertextualidade”, visite http://www.mediatico.com.pt/manchete/index.htm (necessita de ter instalado o Java Runtime Environment), e www.youtube.com/discover747 Visite outros sítios de Dinis Manuel Alves em www.mediatico.com.pt , www.youtube.com/mediapolisxxi, www.youtube.com/fotographarte, www.youtube.com/tiremmedestefilme, www.youtube.com/discover747 , http://www.youtube.com/camarafixa, , http://videos.sapo.pt/lapisazul/playview/2 e em www.mogulus.com/otalcanal
Citation preview
13 de Junho 2000
Arte e Técnicas de TitularArte e Técnicas de Titular
Instituto Superior Miguel Torga 2006/2007
Dinis Manuel AlvesDinis Manuel Alves
http://www.mediatico.com.pt
IntertitularidadeIntertitularidadeIIIIII
9 de Março 2006
9 de Março 2006
9 de M
arço 2006
PUBLICIDADEPUBLICIDADE
Foi Você Que Pediu Foi Você Que Pediu Um...Um...
Bom Título?Bom Título?
Foi Você Que Pediu Foi Você Que Pediu Um...Um...
““Herman-SIC”?Herman-SIC”?
O Avante, 10.02.2000O Avante, 10.02.2000
Foi Você Que Pediu Foi Você Que Pediu Um...Um...
Cordofone?Cordofone?
Tinta Fresca – Jornal de Arte, Cultura & CidadaniaTinta Fresca – Jornal de Arte, Cultura & Cidadania
Foi Você Que Pediu Foi Você Que Pediu Uma...Uma...
Constituição Constituição Europeia?Europeia?
Pacheco Pereira, Público, 29.05.2003Pacheco Pereira, Público, 29.05.2003
Em circuito fechadoEm circuito fechado
Ao atentarmos nos exemplos referentes a
títulos de imprensa inspirados no cinema,
literatura, música e televisão, verificamos
que os títulos dos programas de TV servem
para encabeçar notícias do cinema, enquanto
os títulos dos filmes servem para notícias
sobre o mundo da televisão, ou dos livros, ou
da música. Como à música vão os jornalistas
buscar alguns títulos de canções para se
referirem ao cinema, ou à literatura. E assim
por diante…
Prática que nos indicia a força de alguns
títulos (independentemente do meio que os
veicula), para noticiar outras obras
intituladas de forma mais débil.
Força do título que pode advir da felicidade
da sua construção sintáctica, da eficácia do
jogo de palavras de que é continente, como
pode resultar da actualidade de tal título, da
sua novidade; ainda por ter dado nome a um
programa ou obra que esteja na berra ou
tenha suscitado polémica recente.
Começando pelos títulos de filmes utilizados para
noticiar outros meios, temos “A Guerra das Estrelas”,
“Sozinho em Casa”, “Tramo-te Teresa”; “Febre de
Sábado à Noite”, “Nascido para Morrer”, “Sexo:
Mentiras… e vídeo!”, “Beleza Americana”, todos
utilizados para falar de televisão. Ainda “Play it again,
boy”, adulteração da célebre frase de Ingrid Bergman
em “Casablanca”.
Do lado da TV, a cortesia é correspondida através de
“Queridos Inimigos” ou “Corpo a Corpo”, títulos
publicados respectivamente no Expresso e na Visão,
para falar dos filmes “Dois Novos Rabujentos” e “Lua
de Mel, Lua de Fel”. Ainda “Sim, Sr. Presidente”, para
o filme “Dave — Presidente por um Dia”; ou “Caça ao
Tesouro”, para o filme “Três Reis”.
Títulos de filmes para artigos sobre música
encontramos bastantes : “Instinto Fetal”, “O Ex-
Império Contra-Ataca”, “O Clube dos Rockers Mortos”,
“Noites Escaldantes”, “Sem Sombra de Pecado”, “A
Última Valsa”, “Em Nome do Pai”, “África Nossa”,
“Suavemente no Verão Passado”, “Tentação de
Vénus” e “A Idade da Inocência”.
Tais títulos vindos do celulóide servem para anunciar
artigos que tratam desde a música dos Beatles à
morte do vocalista dos Nirvana.
E a música também é alfobre para títulos de notícias
sobre o cinema. Temos então “Indo eu, Indo eu…”
para o filme “Longe Daqui”; “Até que a Voz lhe Doa”
para o filme “Vozes da Ira”; “Não Venham Mais
Cinco” para a película intitulada “Não digam à Mamã
que a Babysitter morreu”.
Para a arte teatral, o celulóide empresta
títulos tais como “Mulheres à Beira de um
Ataque de Nervos” ou “A Criada, a Patroa e o
amante das duas”. Títulos publicados no DN
e no Público, para artigos sobre as peças “A
Partilha” e “O Estranho Caso da Tia do
Melro”. “La nave va…” não vai a Fellini mas
serve para intitular um balanço do teatro
português (Expresso).
Ainda o título “Regresso ao Futuro”, este em
artigo que se passeia pelo teatro e também
por uma exposição de pintura.
Do cinema para a literatura, encontramos
“Apocalypse Now”, no Público, para crítica
aos livros “O Novo Messias” e “Joaquim, o
Último Profeta”; n’ O Independente, “Era
uma vez na América” para o livro “Um
homem em cheio”, de Tom Wolfe; “As
verdades da mentira” para “Entre a mentira
e a ironia”, de Umberto Eco (Expresso).
Do cinema para a rádio, um título fácil de
adaptar: “Os Dias da Rádio”.
De referir ainda o título “Danças Com
Escaravelhos” (glosando “Danças com
Lobos”), para noticiar um festival de
marionetas.
Do cinema para a fotografia, “Aos meus
amores”, o filme de Pialat para uma
exposição de fotos de Álvaro Rosendo.
Dos livros para o cinema, referência a “Hanks
no País da SIDA”, para o filme
“Philadelphia”; “Dick Tracy no País das
Maravilhas”, “Formosa e Segura”, “Crónica
do Pesadelo Anunciado”, “Crítica da Paixão
Pura” e “Crime e Castigo”, este último para o
filme “Os Irmãos Kray”.
Continuando a deambular por esta estrada atafulhada
de cruzamentos, peguemos de novo nos títulos da
literatura.
Os títulos “A Insustentável Crueldade do Ser”, “Júlio
no país das maravilhas” e “Mau Tempo no Canal”
encabeçam artigos sobre televisão.
“Pedro No País do Pandemónio”, “As Vinhas da Ira”,
“Apocalípticos e Desintegrados”, “The Smashing
Pumpkins — A insustentável tristeza de ser”, “A
insustentável leveza da arte pop”, “A insustentável
leveza dos sons” e “Descalça vai para a Fama” —
utilizados para artigos sobre música.
“Crónica de uma Morte Anunciada”, serviu ao Público
para nos falar da “Orquestra Som do Mundo”; no
Correio da Manhã, o mesmo título para a notícia da
morte de um vocalista de um grupo de rock.
“A Queda de um Ângelo” serve para o teatro, tal como
“Alice na Wilsonlândia” e “Robert Wilson no País das
Maravilhas”.
Por sua vez, a música dá ao teatro o título “Até que a
memória nos doa”. Ao teatro, a televisão oferece “Na
Cama Com a Madrasta” e “Assédio, Disse Ela”. O
teatro retribui com “Quem tem medo do Loch Ness?”
para o novo álbum dos Mogwai.
À música, a televisão fornece os títulos “Em inglês é
que a gente se entende”, para um disco dos Cocteau
Twins, artigo do Público; ou “A Caça ao Tesouro” para
um disco de Amélia Muge, em artigo do Expresso.
Títulos de programas televisivos que não esquecem a
literatura, como acontece em “Agora Escolha”; não
esquecem a rádio, como nos exemplos “Rádio, Dizem
Elas” e “Chuva de Estrelas”.
Voltando à música, esta oferece à literatura
o título “Um Lugar ao Sul”. Quanto a artigos
sobre televisão, encontramos “Para Elisa” e
“Juntaram-se os dois à esquina”.
Finalizamos com exemplos de títulos que servem para
falar de títulos ou de factos dos mesmos meios.
Na literatura, encontramos o título “Afirma Tabucchi”
para crítica ao livro “Afirma Pereira” (Expresso); “Cem
anos de discussão” para o livro “O Século dos
Intelectuais” (Expresso).
Na música, os títulos “Cheira Bem, Cheira a…” para
um artigo sobre música rap, dado à estampa no
Público; “O que Faz Falta”, título de uma canção de
Zeca Afonso para artigo sobre as novas roupagens
dadas a obras daquele autor e intérprete (O
Independente); “Vivo para a Múgica”, no mesmo
semanário, para artigo sobre Amélia Muge;
“Presumidos & Implicados”, ainda n’ O Independente,
para artigo sobre o agrupamento espanhol Presuntos
& Implicados.
Na televisão encontramos “A Febre do
Dinheiro”, título de programa da SIC para
falar de problemas na RTP (O Independente);
“Cheers, aquele bar… açoriano”, para uma
nova série em produção na
RTP-Açores (Público); e “Doença, disse ela”,
para a telenovela “Filhos do Vento”.
Como não podia deixar de ser, é no cinema
que encontramos um maior número destes
últimos casos.
“Apocalipse Agora” e “Apocalypse Now”,
servem aos jornais Expresso e Público para
nos falarem dos mesmos filmes: “Nu” e
“Chuva de Pedras”. Coincidência no tema,
coincidência nos títulos, apesar do primeiro
aparecer em versão portuguesa. “Apocalypse
Now” que o Público já utilizara para intitular
artigo sobre literatura.
“Os padres também se abatem” serve para
encabeçar crítica ao filme “A Morte de Um
Inocente”; “O Silêncio dos Inocentes” para
artigo sobre o filme “Philadelphia”; “Alma
Mortífera” para o filme “Maverick”; “O pai
tirano” para “Linhas Cruzadas”; “O Império
Contra-ataca” para “Sunshine”;“Manoel não
mora aqui” para “Quando Troveja”; “O
Inferno dos Sentidos” para “Romance”; e
“Saltos Rasos”, para o filme “Kika”.
Noutros casos, os títulos dos filmes não são
utilizados em artigos de imprensa que fazem
referência a outros filmes, mas sim a
personagens do mundo do cinema, ou outros
factos referentes a este universo específico.
É assim que encontramos “Renasceu uma
Estrela” para falar da actriz Cybill Shepard;
“A Casa dos Espíritos” para um festival de
cinema fantástico; “Feios, Porcos e Maus”
para artigo sobre os heróis musculados do
cinema; “O Rei da Comédia” para artigo
sobre Leslie Nielsen; “Era uma Vez na
América” para falar do realizador Francis
Ford Coppola; “A escolha de Sofia” e
“Nasceu uma cineasta” para a estreia de
Sofia Coppola na realização; e “Belle de
Jours” encabeçando artigo sobre a actriz
Andie Mc Dowell.
A força de determinados títulos não é aproveitada
apenas pelos jornalistas. O cinema, televisão,
literatura e demais artes costumam, por vezes,
recorrer ao mesmo expediente. Citemos meia dúzia de
exemplos. No cinema encontramos “O último tango
em Nova Orleães”, com Nicholas Cage; “O barbeiro
que se vira”, filme brasileiro de Eurides Ramos; “E
tudo o sono levou” (Mick Jackson, 1994); “A Star is
Porn”, pornográfico exibido no Sexi Hot. Na televisão
“Hora Selvagem: Vestido para jantar” (Discovery
Channel); “Dependance Day” no ARTE;
“3001, l’Odyssée de l’Espèce”, programa da
televisão pública francesa Cinquième; “Os
dragões da Távola Redonda”, série exibida
pelo canal Panda; “Nascidos para lutar”,
programa de boxe tailandês, no Odisseia; “As
pupilas do Sr. Doutor” na TVI. “Janela
Indiscreta” é título de livro de Alfredo
Barroso sobre televisão ; “Apocalipse Nau”
um livro de Rui Zink; “Em busca do autor
perdido”, livro de Helena Carvalhão Buescu.