2016-05-13 21-31-12 a Atuacao Equipe Enfermagem

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A Atuação da Equipe deEnfermagem em Acidentes

com Múltiplas Vítimas

Marcelo Carvalho2011

Preparem os

Corações

A definição de "atendimento a múltiplas vítimas é variável na literatura e para tratar deste tema encontramos diferentes definições de desastre, catástrofes e desastre de massa (...), todos envolvendo o atendimento a múltiplas vitimas”.in Souza, RMC et al, 2009

Como parâmetro de magnitude, consideramos acidente com múltiplas vítimas aqueles eventos súbitos com mais de 5 (cinco) vítimas graves.

Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR, 2006

Uma explosão provocou na madrugada desta terça-feira (5) o desabamento de uma padaria no bairro Jardim Iguatemi de São Mateus, Zona Leste de São Paulo. Pelo menos oito pessoas foram retiradas dos escombros.

O atendimento a acidentes com múltiplas vítimas é um desafio com o qual os serviços de atendimento pré-hospitalar móvel e os hospitais que atendem urgências se deparam com frequência.

Diariamente temos em nosso país acidentes dos mais variados tipos, com ônibus, trens, vans, automóveis, desabamentos, colisão de vários veículos e incidentes em eventos com aglomerado de pessoas, que causam um número de vítimas superior a cinco.

Há também a possibilidade de vítimas em massa associadas a eventos naturais, à ação do homem ou mistos.

A disponibilidade de tecnologias destrutivas possibilita a ocorrência de eventos com muitas vítimas.

Definições

Segundo os descritores, em português, de ciências da saúde, da biblioteca virtual em saúde (Bireme):Desastres, Calamidades e Catástrofes são sinônimosdefinidos como eventos com Potencial de Criação de Lesão.

Desastre de Massa

“Ocorrência súbita de um evento calamitoso, normalmente instantâneo e violento, resultando em dano material significativo, deslocamento considerável de pessoas, número grande de vítimas e perturbação significativa da sociedade...”.

Declaração de Estocolmoin Souza et al, Atuação no trauma: uma abordagem para enfermagem –. São Paulo: Ed. Atheneu, 2009

Desastre

“Fenômeno ecológico súbito de magnitude suficiente para exigir auxílio externo.”

OMS in Atendimento pré-hospitalar ao traumatizado / NAENT –Rio de Janeiro: Elsevier, 2007

“Um desastre é uma grave interrupção do funcionamento de uma sociedade, causando perdas humanas, materiais ou ambientais que excedem a capacidade da sociedade afetada de lidar com tais consequências com seus próprios recursos.” Fonte: UNDHA, 2001

Os desastres “produzem grandes danos, perda de vidas e desgraça. Incluem aquelas que são resultados de fenômenos naturais e de fenômenos originados pelo homem. Condições normais de existência são interrompidas e o nível de impacto supera a capacidade da comunidade afetada”.Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR, 2006

Na área médica

“Quando o número de pacientes que se apresentam dentro de um dado período de tempo é tão grande que os profissionais dos serviços médicos não conseguem cuidar deles sem auxílio externo.”

Atendimento Pré-Hospitalar ao Traumatizado / NAENT – Rio de Janeiro: Elsevier, 2007

Na enfermagem

Quando há insuficiência de recursos materiais e humanos para atender de maneira adequada as vítimas de determinado evento.Adaptado de:

Souza et al, Atuação no trauma: uma abordagem para enfermagem – Ed. Atheneu. São Paulo, 2009

No atendimento pré-hospitalar, catástrofe é aquela situação em que as necessidades de atendimento excedem os recursos materiais e humanos imediatamente disponíveis, ...

...havendo necessidade de medidas extraordinárias e coordenadas para se manter a qualidade básica ou mínima de atendimento.

Exemplos de situações de catástrofes

• 1982 — Explosão de reator nuclear, Chernobyl/antiga URSS;

• 1982 — Guerra das Malvinas, Falklands/Argentina;

• 1984 — Vazamento químico, Bophal/Índia;

• 1992 — Acidente rodoviário, São Luís do Purunã/PR;

• 1995 — Desabamento de edifício residencial, Guaratuba/PR;

• 1995 — Explosão em prédio federal, Oklahoma/EUA;

• 1995 — Explosão em paiol da Marinha, Rio de Janeiro/RJ;

• 1995 — Acidente rodoviário, Fazenda Rio Grande/PR;

• 1995 — Terremoto, Kobe/Japão;

• 1996 — Explosão em shopping center, Osasco/SP;

• 1996 — Queda de avião, São Paulo/SP;

• 2009 — Queda de teto na igreja Renascer, São Paulo/SP;

E recentemente em 2011...— Terremoto seguido de tsunami

e acidente nuclear, Fukushima/ Japão;

— Tiroteio em escola, Rio de Janeiro/ RJ.

• Além destes, apresentam-se ainda os tornados, enchentes, furacões, terremotos, maremotos, entre outros.

Plano Nacional

Política Nacional de Defesa Civil, 2007

Tem como finalidade implantar uma política nacional de enfrentamento aos desastres.

Tem como objetivo geral a Redução de Desastres.

É gerido pela Secretaria Nacional de Defesa Civil, órgão do Ministério da Integração Nacional.

Plano Nacional

A Enfermagem

A enfermagem deve ter em mente que o cuidado em casos de desastres focaliza o cuidado essencial por uma perspectiva do que é melhor para todos os pacientes.

Segurança de Cena

• Avaliar se os recursos disponíveis são suficientes para o atendimento de todas as vítimas.

Atendimento a Múltiplas Vítimas

(protocolo SAMU ABC)

• Caso os recursos sejam suficientes, distribuir as equipes no atendimento das vítimas de acordo com as prioridades (ABCs).

• Caso os recursos não sejam suficientes, iniciar a tiragem das vítimas pelo método de START.

Atendimento a Múltiplas Vítimas

(protocolo SAMU ABC)

• Avaliar a cena, segurança e situação;

• Contatar a Central de Regulação e informar o tipo de evento e o número de vítimas;

A Primeira Equipe de Atendimento que Chegar

ao Local Deve

• Solicitar reforço sempre que necessário;

• Iniciar o atendimento das vítimas de acordo com as prioridades ou dar início à triagem pelo método START, dependendo dos recursos disponíveis.

A Primeira Equipe de Atendimento que Chegar

ao Local Deve

Triagem

• Implica classificar em vários graus de prioridades para o tratamento e transporte das vítimas, com o objetivo de assegurar o melhor cuidado médico para o maior número de vítimas.

• A triagem deve ser realizada quando os recursos de pessoal e de material forem insuficientes frente a um acidente.

Triagem

Exemplo:

No desabamento de um prédio, onde várias vítimas estão presas nos escombros, a retirada destas é lenta e cada uma pode receber um bom atendimento médico e ser transportada rapidamente. Neste caso não precisa triagem.

Triagem

Triagem

Exemplo:

Acidente com ônibus, com várias vítimas, com número insuficiente de recursos prontamente disponíveis. Neste caso precisa triagem.

Portanto, a triagem, inicialmente, quando bem realizada, determinará o sucesso na diminuição da mortalidade e morbidade.

A triagem deve ser feita através de parâmetros simples e rápidos, gastando no máximo de 60 a 90 segundos por vítima.

Triagem

Assim sendo, no atendimento a múltiplas vítimas, triagem significa atendê-las, classificando-as em graus de prioridades para que resulte no salvamento do maior número de vítimas, empregando o critério do melhor atendimento para o maior número de vítimas.

Escala de classificação das vítimas

STARTDivide as vítimas em 4 categorias

Óbito (preta): pacientes que não respiram, mesmo após manobras simples de abertura de vias aéreas.

START (Simple Triage and Rapid

Treatment)

Imediata (vermelha): respiração presente somente após manobras de abertura de vias aéreas, ou respiração maior que 30/min.

START (Simple Triage and Rapid

Treatment)

Atrasada (amarela): pacientes que não se enquadram nem na prioridade imediata nem na menor.

Menor (verde): feridos que estão andando no local.

START

Como fazer:

Respiração > Se o paciente não respira, checar presença de corpos estranhos obstruindo a via aérea > remova prótese e dentes soltos >

> alinhe a cabeça cuidando da coluna cervical > se após este procedimento não iniciar esforços respiratórios > cartão preto > se iniciar respiração > cartão vermelho

START

Como fazer:

Frequência respiratória maior que 30 ou menor que 8 > cartão vermelho

Vítimas respirando entre 8 e 30 > não classificar agora > acessar perfusão

START

Perfusão > enchimento capilar maior que 2 segundos > cartão vermelho > se for em até 2 segundos > avaliar nível de consciência

START

Nível de consciência > solicitar comandos como: feche os olhos, aperte minha mão, ponha a língua para fora > se a vítima não obedece a estes comandos >cartão vermelho > se obedece a comandos > cartão amarelo

START

Cartão verde > pacientes que estejam andando ou que não se enquadrem em uma destas situações

START

Cartão verde > pacientes que estejam andando ou que não se enquadrem em uma destas situações

START

QUEDA DE EDIFÍCIO EM GUARATUBA – PR 1995

Imagens do Acidente na Igreja Renascer em Cristo

• Pacientes com risco de vida imediato e que terão uma evolução favorável se os cuidados médicos forem iniciados imediatamente.

Área vermelha (prioridade 1)

• Também os pacientes que necessitam transporte rápido para o hospital para serem estabilizados no centro cirúrgico.

insuficiência respiratória

pneumotórax hipertensivo

hemorragia grave

choque

queimaduras em face

lesões por inalação

lesões intra-abdominais

lesões arteriais

lesões de face e olho

queimaduras de 2º grau maiores que 20-40% ou de 3º maior que 10-30%

lesões extensas de partes moles

amputações

• Vítimas que necessitam de algum atendimento médico no local e posterior transporte ao hospital, porém não estão em risco de vida imediato.

Área Amarela (prioridade 2)

fraturas

traumatismos abdominais e torácicos

TCE leve; moderado

ferimentos com sangramento que necessitam suturas

queimaduras menores

• Apresentam pequenas lesões, geralmente sentadas ou andando, sem risco de vida, que podem ser avaliadas ambulatorialmente.

• Geralmente estão com dor e em estado de choque e tendem a ser pouco cooperativos.

Área Verde (prioridade 3)

• Não entendem o fato de estarem agrupados numa área e recebendo cuidados mínimos.

Área Verde (prioridade 3)

• É extremamente importante um apoio psicológico para manter essas vítimas nessas áreas; caso contrário, elas tendem a deixar o local indo sobrecarregar o hospital mais próximo.

Área Verde (prioridade 3)

contusõespequenos ferimentoshematomasescoriações

• Todos os pacientes com traumatismo severo, com poucas chances de sobrevida e os em óbito, vão para este local.óbitomúltiplos traumas gravesqueimaduras de 2º e 3º graus extensas

Área Preta (prioridade 4)

Transporte das vítimasao Hospital de Destino

As ambulâncias que chegam até o local ficam à distância do ponto de triagem e atendimento. Deve ter um responsável pelo setor, coordenando o fluxo de entrada e saída dos veículos sem que haja congestionamento, ...

...garantindo que nenhuma ambulância deixe o local sem a liberação da coordenação médica, promovendo a aproximação das ambulâncias somente quando forem solicitadas para realizar o transporte.

Transporte das vítimas ao Hospital de Destino

O pessoal designado para o transporte não pode ter outras atribuições no atendimento inicial ou definitivo.

Transporte das Vítimas ao Hospital de Destino

Os hospitais de referência devem preparar-se para receber as vítimas, de acordo com planos preparados antecipadamente.

Transporte das Vítimas ao Hospital de Destino

Organização do Hospital

• Preparação da SE:– Triagem – Esvaziamento SE – Chamamento de pessoal

EquipamentosOrganização por área clínicaSala de CatástrofeSegurançaRegistros

Organização do Hospital

• Preparação do Hospital:

– Bloco cirúrgico/Esterilização– Enfermaria per-operatória– Cuidados Intensivos– Transportes– Parque de Equipamentos– Farmácia

Organização do Hospital

• Preparação do Hospital:

– Aprovisionamento– Ponto de Encontro– Comunicações – Informação– Imprensa

Organização do Hospital

Obrigado!!!

m.carval@bol.com.br

Referências Bibliográficas:

- CASTRO, ALC; MANUAL DE PLANEJAMENTO EM DEFESA CIVIL VOLUME I, MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL, SECRETARIA DE DEFESA CIVIL: DF, 2007.

- MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR DO CORPO DE BOMBEIROS DO PARANÁ, Curitiba, 2006.

- Manual de Medicina de Desastres - volume 1. 3. ed. / Ministério da Integração Nacional. Secretaria Nacional de Defesa Civil. Brasília: MI, 2007.

- BORGES, EETB, PROPOSTA DE UMA COLETÂNEA PARA SISTEMATIZAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS BÁSICOS DO COORDENADOR REGIONAL DE DEFESA CIVIL, SÃO PAULO, 2000

Referências Bibliográficas:

- Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada. Regulação médica das urgências / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Especializada. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2006. 126 p.: il. (Série A. Normas e Manuais Técnicos).

- CALHEIROS, LB at all, Apostila sobre Implantação e Operacionalização de COMDEC ,Ministério da Integração Nacional Secretaria Nacional de Defesa Civil, 4ª Edição, 2007

Referências Bibliográficas:

- SOUSA, RMC et all; Atuação no trauma: Uma abordagem para a enfermagem – São Paulo: Ed. Atheneu. 2009

- Atendimento pré-hospitalar ao traumatizado / NAENT -Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

-Comunicação de riscos de desastres. Curso a distancia / Centro Universitário de estudos e pesquisa de desastres. Florianopolis: CEPED, 2010.

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