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estudos narratologicos
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A narratologia nos dias atuais
Alain Rabatel
Por uma narratologia enunciativa ou por uma abordagem enunciativa da
narração?
IUFM de Lyon, GRIC, Université de Lyon 2, UMR CNRS 5612
1.1. O ponto de vista: definição genérica
O PDV será aqui definido de uma maneira bastante geral para poder dar conta da
construção do PDV independentemente do fato que esse PDV apareça em contexto
narrativo, em outro contexto, argumentativo, informativo, etc., independentemente dos
planos enunciativos escolhidos.
Nomearemos PDV tudo que, na referenciação dos objetos (do discurso) revele,
de um ponto de vista cognitivo, uma fonte enunciativa singular e denote, diretamente ou
indiretamente, seus julgamentos sobre os referentes.
Se os pontos de vista sobre os referentes são sensíveis as dimensões cognitivas e
axiológicas que emergem em relação à referenciação, então não há nenhuma razão,
sobre o plano teórico, para limitar a problemática do PDV as percepções.
Definitivamente a expressão lingüística das percepções não é separada entre percepções
de um lado, pensamento (e eventualmente discurso) de outro. Seria, portanto mais
satisfatório considerar que o PDV é uma forma geral da expressão da subjetividade de
um sujeito, tal que ela se exprime em relação à referenciação de um objeto do discurso
que pode se adaptar tanto nos relatos das percepções, tanto nos relatos dos discursos,
tanto nos relatos dos pensamentos.
Sobre o plano sintático, o PDV pode imitar o discurso direto, indireto, indireto
livre, direto livre, seguir um modo de expressão paratático que, na ausência da ligação
hipotática, faz necessária a responsabilização das relações semânticas entre os
enunciados [1] :
(1) Discurso direto da fala: Pierre se aproximou da janela, olhou o cortejo
fúnebre e disse: “o público é grande”.
(2) Discurso direto do pensamento: Pierre se aproximou da janela, olhou o
cortejo fúnebre e disse a si: “o público é grande”.
(3) Discurso direto da percepção: Pierre se aproximou da janela, olhou o
cortejo fúnebre: “o público era grande/o público é grande”.
(4) Discurso indireto da fala: Pierre se aproximou da janela, olhou o cortejo
fúnebre e disse que o público era grande.
(5) Discurso indireto do pensamento: Pierre se aproximou da janela, olhou
o cortejo fúnebre e pensou que o público era grande. [2] .
(6) Discurso indireto da percepção: Pierre seu aproximou da janela, olhou o
cortejo fúnebre e remarcou que o público era grande. Pierre viu que o público era
grande.
(7) Discurso indireto livre da fala: Pierre se aproximou da janela, olhou o
cortejo fúnebre. Ele chamou a atenção de Jean. O público era grande!
(8) Discurso indireto livre do pensamento: Pierre se aproximou da janela,
olhou o cortejo fúnebre. Como o público era grande!
(9) Discurso indireto livre da percepção: Pierre se aproximou da janela,
olhou o cortejo fúnebre. O público era realmente grande!
(10) Discurso narrativizado da fala (=discurso narrativizado) Pierre discutiu uma
hora com Charles.
(11) Discurso narrativizado do pensamento (=psico-narrativa) Pierre imaginou
as boas razões que Charles alegaria.
(12) Discurso narrativizado da percepção (=PDV embrionário) Pierre se divertiu
ao ver Charles hesitando antes de intervir.
Esses exemplos mostram que um mesmo saber axiológico indêntico pode ser
expresso tanto através de descrições como através da fala do personagem: e não é um
acaso se os valores textuais da construção da mimese, da mathesis e da semiose (Adam
e Petitjean 1989) são semelhantes tanto para as descrições como para as falas dos
personagens. Quando o PDV indica o discurso da percepção desenvolvido no segundo
plano, como nos itálicos de (3), falamos de PDV “representado” (Rabatel 1998: 54):
quando o PDV perceptível se limita aos traços do primeiro plano [3] , como em (12),
falamos de PDV “embrionário” (Rabatel 2000, 2001a). Quando ele é misturado pela
expressão das falas ou dos pensamentos, o PDV pode ser dito “afirmado” e se
assemelha a tal ou tal forma convencional do discurso indireto (Rabatel 2001c, 2003c, f,
h).
Enfim, se sairmos do quadro do discurso indireto, podemos considerar que o
PDV pode exprimir opiniões ou julgamentos de valor, sem que esse julgamento pareça
subjetivo e independentemente da presença dos marcadores tradicionais da
argumentação (argumentos, conectores lógico-argumentativos, do tipo “as pessoas
estavam apertados uns contra os outros, por conseqüência a multidão era muito
grande”), pois a escolha de uma denominação, desde o quadro da predicação, tal
“multidão”, basta para orientar o enunciado de um sentido determinado:
(13) A multidão era numerosa.
(14) Os manifestantes eram verdadeiramente numerosos.
(15) A massa fervilhava sobre a calçada, sem nenhum embaraço.
Seria simplório acreditar que o PDV se limitaria a um modus subjetivo ao qual
se oposeria um dictum objetivo: é de imediato ao nível do dictum, através
particularmente da seleção, categorização ou ainda da estruturação que operam as
modalidades, como em (15), a escolha de “massa” e de um ato de linguagem declarativo
com o modo indicativo indicam um ponto de vista sob a forma de um fato objetivo,
portanto não sujeito a discussão. Quanto à modalização, ela trata da distância do locutor
para com o seu dizer, através dos desdobramentos enunciativos, dos comentários
reflexivos, etc.: cf. “verdadeiramente”, “sem nenhum embaraço”. Enfim, cada
enunciado precendente que exprime o PDV de um sujeito proeminente (Pierre, nos 12
exemplos), pode compreender mais ou menos subjetivemas que dão uma volta mais ou
menos subjetivante no PDV.
É preciso insistir no fato que os enunciados nem sempre mencionam claramente
a origem enunciativa do PDV: as marcas abertas e fechadas são certamente facilmente
recuperadas no DD, menos no DI, porque se sabemos onde começa o DI, não sabemos
nunca com clareza onde começa ou termina o PDV do locutor citado. Os termos abertos
e fechados são menos nítidos ainda no DIL e no discurso narrativizado ou no PDV
representado. Semelhantemente, as marcas de abertura (Charolles 1988), como,
“segundo”, “conforme”, etc. indicam bem a abertura de outro espaço enunciativo no
discurso do locutor, sem sempre especificar onde para esse mesmo PDV. E o problema
é ainda mais complexo quando o PDV se limita a inclusão de subjetivemas na ausência
de marcas abertas e fechadas.
1.2. As instâncias do ponto de vista
Segundo a distinção operada por Ducrot 1984:204, distiguiremos locutor e
enunciador [4] , que sustentam relações podendo ser formalizadas como se segue:
[1] INSTÂNCIAS: O locutor (L) [5] é a instância que profere um enunciado,
segundo um encontro dêitico ou anafórico. O enunciador (E), próximo do sujeito
modal de Bally, afirma o enunciado. Em um enunciado monólogico, o locutor é também
enunciador; notaremos pela maiúscula, seguida do número 1, esse locutor primário e
este enunciado primário, e pour uma barra oblíqua o sincretismo de L1 e E1. Em um
enunciado dialógico combinando dois PDV, o segundo não é necessariamente expresso
por um l2 citado, mas por um e2: assim “discursos” narrativizados, “discursos” indireto
livre pela terceira pessoa, menções eco irônicas, ou PDV representados ou embrionários
em contexto heterodiegético, todas as formas que reconstrói um título ou outro de certo
apagamento enunciativo (Vion 2001, Rabatel 2003e).
[2] ESTRUTURAS: em um quadro dialogal ou diálogico, observaremos
respectivamente, por uma mínuscula seguida do número 2, l2 e e2 os locutores e
enunciadores encadeados (ou citados) em um enunciado do locutor citado, e no ponto de
vista original a partir do qual se marca as posições enunciativas divergentes. Nesse
sentido, L e E são:
- primeiramente linguisticamente, em relação à l e a e que ocupam uma segunda
postura já que a dêixis é calculada em relação a L1, implicando as transformações
adequadas ao discurso citado de l2;
- hierarquicamente superiores a l e a e, sobre o plano pragmático, na medida em
que L1 dar conta dos PDV de l2 em função de seus próprios interesses de locutor
primário.
[3] LIGAÇÕES SEMÂNTICAS: as relações entre L1/E1 e l2/e2 assinala:
- tanto a responsabilidade ou a não responsabilidade, quando as relações são
explícitas;
- tanto a consonância ou a dissonância (Cohn 1981), quando essas ligações são
implícitas. Nos dois casos essas ligações são graduais.
Assim, os itálicos de (3) correspondem ao PDV de e2, Pierre: a discordância
enunciativa entre o primeiro e segundo plano, a escolha de uma forma de visão
distorcida, a relação semântica entre a percepção no primeiro plano (fato, percepção
apreendida como um tudo) e no segundo plano (comentário, percepção apreendida em
suas partes) remete a percepção de Pierre, apesar da ausência de marcação hipotática.
Esse PDV representado que poderia largamente se desenvolver eum um fragmento
discritivo é diferente do PDV embrionário de (12) onde Pierre, exprime seu PDV sobre
Charles no primeiro plano sem desenvolver seus comentários no segundo plano. Nos
dois casos o PDV é o sujeito proeminete, Pierre; na ausência o PDV seria o narrador;
mas no contexto L1 que comunica esse PDV, faz entender ao destinatário que o PDV é
confiável na ausência de marcas de distância explícita.
***
Sobre esta base (cf. exemplificado), e se ligando a análise de relatos de
percepção em contexto narrativo,
- Distinguiremos diferentes formas de PDV,
- Retomaremos de maneira crítica sobre a tipologia genetiana das focalizações, e
mostraremos que a focalização externa não existe, pela falta de instância enunciativa
que o ponto de vista do narrador existe realmente (VS uma das três definições de
Genette da FZ como ausência de focalização).
- Critiquaremos a ligação sistemática entre o PDV do personagem e ponto de
vista limitado, PDV do narrador e omnisciente.
Exemplificar
ESTRUTURA VIRTUAL DO PDV REPRESENTADO
X (verbo de percepção) P
PDV REPRESENTADO
Um PDV, ou percepção representada, resulta da copresença de várias marcas
textuais:
- 1 um processo de aspectualização no curso do qual o focalizador seja detalhado
em diferentes aspectos de sua percepção inicial predicada, seja ao comentar certas
caracteristicas.
- 2 uma oposição entre os primeiros e segundos planos do texto, esta oposição
sendo suscetiveis de permitir um tipo de abandono enunciativo inerente ao focalizador,
os segundos planos constroem a posição do PDV.
- 3 a presença das formas de visão deturpada e mais particularmente o 1’IMP
cujo vários valores textuais servem de expressão subjetiva das percepções.
- 4 uma relação semântica retomando a anáfora associativa (quase sempre de
natureza anafórica meronômica ou locativa) entre as percepções representadas nos
últimos planos e a percepção predicada nos primeiros planos. (Rabatel 1998: 54).
(7) Chauvieux chegou à usina um pouco deprimido. Ele parou um minuto na
entrada para contemplar os três grupos de prédios em W, entre os quais estavam
expostas duas alamedas estreitas, ladeadas de flores atrofiadas. A luz do verão
valorizava as arestas vivas e austeras desses vastos hangares vidrados. Ele não escutava
nada da atividade dos ateliês, apenas o barulho das máquinas, abafado e profundo que se
asemelhava a respiração de uma cidade adormecida. (M. Aymé Travelingue Folio:
106s).
(8) ele passeou toda a manhã em frente às barracas dos feiristas e entre os
animais alinhados na praça; ao longo da grande rua, os garotos do vilarejo olhavam
rindo das garotas que passeavam de braços dadas, braços dadas, e riam caçoando
para irritá-las; ele ama isso. Ele decidiu voltar a pé, essas duas curtas horas de
caminhada. Hélène que voltou de bicicleta o ultrapassou na saída do povoado. (Vailland
Les mauvais coups Livre de poche: 77)
(7a) Chauvieux contemplou os prédios sem se demorar para as atividades do
ateliê.
(8a) ele [=Milan] passeou com prazer no vilarejo.
(8b) ele passou toda a manhã: às barracas dos feiristas e os animais alinhados
na praça; ao longo da grande rua, os garotos do vilarejo olhavam rindo das garotas
que passeavam de braços dadas, braços dadas, e riam caçoando para irritá-la: amo
isso/ aquilo. Ele decidiu voltar a pé: são duas curtas horas de caminhada. Ele decidiou
voltar a pé: são duas curtas horas de caminhada. Hélène que voltou de bicicleta o
ultrapassou na saída do povoado.
GRADUALIDADE E APAGAMENTO ENUNCIATIVO
(10) Ela saltou da cama e ele a olhou [atravessar o quarto em um passo
determinado. Ela é pequena e larga, as nadegas são quadradas, as ancas são retas, o
peito musculoso; esse corpo não se estraga, o rosto enruga antes que os seis caiam.]
(Vailland Les mauvais coups Livre de poche: 9)
(11) O despertador tocou. Milan pressionou o botão e a luz acendeu em cima
da cama. Ele parou o toque. Roberte dormia, ela roncava delicadamente.
Milan levantou o lençol e tocou os ombros nus.
Roberte parou de roncar. Ela se agitou, mas nao acordou. Agora ela lhe deu as
costas. (Vailland Les mauvais coups Livre de poche: 5).
(12) O intelectual levantou sua camisa: sua carne é branca; é da carne da mulher.
(Bory, Mon village à l’heure allemande J’ai lu : 115)
MARCAS EXTERNAS (ABERTAS/FECHADAS) E INTERNAS DO PDV
cf. supra, discordância enunciativa com oposição de primeiro e segundo
plano
* marcação do início da percepção / do fim do processo perceptivo (verbo, cf.
supra, ou nome)
(90) O comissário se afastou em direção do bulevar, onde seu carro estava
estacionado. Rovère desceu pela Rua Sainte-Marthe, levando Dimeglio em sua
passagem. O espetáculo não era muito engraçado. Crianças com o nariz sujo de muco
assuando sobre as calçadas, empoleirado em um skate improvisado; eles
ziguezagueavam com estonteante maestria por entre as lixeiras e por entre uma grande
quantidade de escombros. Uma fila de indigentes esperavam diante de uma butique,
mantidos por uma certa missão evangélica onde serviam um prato de sopa. Numerosas
janelas muradas por blocos de concreto ofuscavam as fachadas onde largas aberturas de
corredores escuros, parecidos com ventiladores, jorravam perto da calçada e deixavam
vislumbrar condutos de gás eviscerado, um amontoado de fios elétricos descascados, e
mais longe, no pátio onde revelavam a existência quase relutante, uma mistura de lixo,
uma quinquilharia selvagem ai amontoada sem motivo condizente. .(Jonquet, Les
orpailleurs Série Noire Gallimard: 28)
* seqüência presente/presente, imp/imp, ps/ps
(30) Quando uma deflagração surda ecoava por uma corrente de ar, fazendo
florescer acima do capô um grande e leve feixe de chama amarela clara, logo em
seguida se esvair, Meyer julgou que era hora, talvez, de intervir.
Ele abre [abriu] a porteira, ele sai [saiu] de seu carro. Certamente o
comportamento desta mulher ruiva o retarda [retardava], o desconcentra
[desconcentrava], que parece [parecia] tomar seu tempo na urgência ameaçadora no
lugar de fugir, que joga [jogava] ainda três palavras ao telefone antes de se inclinar para
desligar o telefone em direção do interior do seu carro. Tendo contorná-la sem se
precipitar, ela tira [retirou] [6] do porta-bagagem duas malas que ela coloca [colocou]
sobre o chão. Ela retira [retirou] também depois desencavilha [desencavilhou] um
pequeno extintor vermelho. De onde ela vai [foi] projetar o conteúdo no capô, sem se
apressar, por pequenos e elegantes movimentos, como ela vaporizava água destilada
sobre suas plantas verdes. Ela é louca, pensa [pensou] Meyer. Ela se coloca [se colocou]
a correr.
Ele corre [correu], quase tem [tinha] ultrapassado quatro ou cinco metros antes
que o fogo ressuscite [ressuscitou, ressuscitava] no Mercedes: bordas verdes de
acetileno e coração cinza ferro, altas chamas alaranjadas invadem [invadiu, invadirão] o
veículo e começa [começou, ou começavam] a comê-lo pela frente, sob um poderoso
prédio de gás descontrolado. Mas a jovem mulher não parece [parecia] se emocionar,
ela continua [continuava] a propagar o incêndio por pequenos gestos de mulher de
interior, no cheiro ácido de neoprene e do teflon queimado, da pintura e do olho em
fusão. (Echenoz Nous trois: 25s)
(10) Madame Bovary abrira sua janela sobre o jardim, e ela olhava as nuvens.
Elas se concentravam no pôr-do-sol ao lado de Rouen, e rolavam rápido seus espirais
negros passando por trás das grandes linhas do sol, como as flechas de ouro de um
troféu suspenso, enquanto que o resto do céu vazio tinha a brancura de uma porcelana.
Mas uma rajada de vento fez inclinar os álamos, e de repente a chuva caiu; ele
tamborilou sobre as folhas verdes. Depois o sol reapareceu, as galinhas cantaram, os
pardais batiam as asas nos arbustos úmidos, e os flocos de água sobre a areia levavam,
transcorrendo as flores rosa de acácia.
- Ah! Já deve estar muito longe! Pensou (FLAUBERT, Madame Bovary, in
SǾRENSEN 2002: 155).
(11) Lá no alto sob o cume, Rovère recebera socorro de um bombeiro.
Chegados os primeiros no lugar, esse havia colocado sua máscara de gás e Rovère se
viu agradecido por um desses preciosos utensílios. Ele contemplava o corpo através
das lentes queimadas. Assim quadriculado, dividido em facetas, seu campo de visão se
assemelhava a de um inseto.
A sala era minúscula e, a menos que suponhamos um cenário catastrófico, não
era racional pensar que ela fora recentemente habitada. Um lavabo cortado em dois
pelo meio, e cujo esmalte estava mascarado por concreção amarelado, se aproximava
de uma das divisórias, retido por uma tubulação curiosamente contorcida. A carcaça
de um guarda-roupa de tela plastificada, enfeitada por um tema florido, se encontrava
voltada para o sol. Moscas azuis enormes rondavam na alcova e fugiam pelas brechas
do telhado [...].
O cadáver, recuado ao longo de um muro, formigava de insetos que dançavam a
sarabanda ao longo dos membros. (JONQUET, Les Orpailleurs Série Noire Gallimard
1993: 16)
(13) Marie entrou no escritório do presidente (P1). Uma cópia do orçamento
caiu de seu gabinete (P2), o telefone tocou (P3) e o fax imprimiu um número
considerável de folhetos (P4). Em suma, a rotina.
(14) Todos saltaram para trás. Alguma coisa roncou, depois espatifou sobre a
calçada, como um cabaceiro.
Era a rádio. (BORY Mon village à l’heure allemande J’ai lu : 188)
* canais anafóricos
(2h) Marie entrou no escritório do Presidente. Sobre o gabinete, uma cópia do
orçamento chamou sua atenção.
(2i) Marie entrou no escritório do Presidente. Sobre o gabinete, uma cópia do
orçamento chamou a atenção.
(2j) Marie entrou no escritório do Presidente. Sobre o gabinete, uma cópia do
orçamento chamava sua atenção
(2k) Marie entrou no escritório do Presidente. Sobre o gabinete, uma cópia do
orçamento chamava sua atenção, mas ela não quis deixar parecer isso.
* conectores e marcadores temporais
(2) Jeanne, tendo terminado suas malas, se aproximou da janela, mas a chuva
não cessava (in Ducrot 1980a: 20)
(3) - Eis Bordenave, disse Fauchery descendo a escada.
Mas o diretor percebera.
(Zola Nana: 7)
(4) – Diga meu bordel, interrompeu de novo Bordenave, com o frio
indisciplinado de um homem convencido.
Entretanto, Fauchery, muito calmo, olhava as mulheres que entravam.
(Zola Nana: 8)
* Presentativos
(1) e1 Pierre despertou bruscamente. e2 Era a veneziana que batia contra o muro.
(1e) e1 Pierre despertou bruscamente. e2 Havia uma veneziana que batia contra
a parede.
(1f) e1 Pierre despertou bruscamente. e2 Eis que a veneziana batia contra a
parede!
(2) [incipit] Era esta péssima hora crepuscular, onde, antes do obscuro da noite,
se vê mal, vemos errado. O caminhão parou em uma pequena estrada, no fundo de um
frio silêncio, aveludado e úmido, pendia para o lado de uma cabana fantasma. O
crepúsculo enegrecia o céu, o caminho estreito e poças d’água, a vagueza de uma
paliçada, e uma cerca de arbustos finamente emaranhados como os cabelos cinza
encaracolados sobre os dentes de um pente. (E. Triolet Roses à crédit Folio, 11)
(6) [incipit do capítulo] esse foi o dia mais terrível de sua vida. Até aqui, às
vezes, ela ficava desesperada por não poder ter o que ela desejava; nesse dia ela perdera
o que ela tivera: a felicidade.
(E. Triolet Roses à crédit Folio, 212)
(6a) Fora o dia mais terrível de sua vida. Até aqui, às vezes, ela ficava
desesperada por não poder ter o que ela desejava; nesse dia ela perdera o que ela tivera:
a felicidade.
*Léxico
(13) Eis muito tempo em que a jovem Lily (cinco anos) atormenta sua pobre
mãe para ter autorização para assistir a missa com sua criada. [...] a consumação do
sacrifício escandalizou-a um pouco: esse padre que bebia vinho branco dando de costas
para a população lhe causou um efeito de falta de educação.
Mas, sobretudo, é a comunhão dos fiéis que mais lhe agradava.
E, no almoço, como a interrogamos sobre esse assunto, Lily explica:
- Bom, então: há boas mulheres que se aproximou e depois pô-se de joelhos.
Então o padre veio com um grande pote de ouro e depois colocou um envelope de
aspirina na boca das boas mulheres.
( A. Allais Et verbum..., in Oeuvres Anthumes Bouquins Laffont 1989, 217 )
* Negação
(2e) P1 Marie entrou no escritório do Presidente
P2 Mas ela não percebeu que uma cópia do orçamento estava sobre o gabinete/ a
gabinete de trabalho.
P2’ Uma cópia do orçamento estava sobre o gabinete/ a mesa de trabalho, mas
Marie não percebeu.
(19) ELE [=Glen] parou no meio do cemitério e deu uma olhada circular.
Puppy tinha dito não muito longe da tia Eva, mas ela não estava certa se sabia onde ela
estava. Fazia muito tempo que ela estava morta. O enterro de Eva era uma velha
história, ele se lembrava muito pouco. Garotos com gravatas, mulheres em lágrimas, e
terra sobre os sapatos. Ele era pequeno na época. Um Davis ou um Clark, ela estaria
perto deles. Ele começou a ler os nomes progredindo em direção da direita, depois ele
se encontrou bruscamente entre eles. Eles todos estavam enterrados juntos, isso há cem
anos. Os pais, as mães, os filhos, os avôs e as vitimas de três guerras. Ele encontrou o
tumulo, e ele ficou espantado. Não tinha o monumento funerário, apenas um emblema
de metal com uma carta branca fixada no alto por um prego. O nome da sociedade da
agência funerária estava marcado em relevo e era o que desenhava o lugar onde ela
repousava. (L. Brown Père et fils Gallimard La Noire 1999 : 17)
(20) Alexis Alexandrovitch nunca pretendia estar tão carregado de trabalho
como nesse ano; mas, ele não confessou que o fazia com prazer, para não ter que abrir
o cofre secreto que continha pensamentos e sentimentos tão mais perturbadores que eles
ficavam mais tempo fechados. (Tolstoï, Anna Karénine Folio Gallimard p. 227)
PDV e POLIFONIA:
(1) Eles falaram deles, de seus hábitos, de seus gostos, com esse tom baixo,
íntimo, com o qual fazemos nossas confidências. Ele já se dizia desgostoso do mundo,
cansado de sua vida fútil; era sempre a mesma coisa; não encontrávamos nada de
verdadeiro, sincero. (DIL l2’)
O mundo! Ele bem quisera conhecê-lo; mas ele já estava tão convencido que
não valia a campanha. (DIL l2’’)
E quanto mais seus corações se aproximavam mais eles se chamavam
formalmente “senhor e senhorita”, mais ainda seus olhares se harmonizavam, se
misturavam; e parecia que uma nova bondade entrava neles, uma afeição mais
expandida, um interesse por mil coisas da qual eles jamais tinham se preocupado.
(MAUPASSANT, Une vie [1883] 1999: 60)
(2) E, envolvida [um carinho, nesse caso presente, de sua velha boneca de
outrora] em seus braços, ela dormiu.
Era bem ele, o esposo prometido por mil vozes secretas que um destino
supremamente bom jogara em seu caminho? Era bem o ser criado por ela, a quem
devotaria sua existência? Eram eles esses dois predestinados cuja ternura unida deveria
se desligar, se misturar indissociavelmente, engendrar O AMOR? (MAUPASSANT,
Une vie [1883] 1999 : 63)
(4) Ele tinha dado alguns passos na ruela. Tinha ascendido um cigarro. Isso
mexia, isso berrava, isso ia e vinha. Ele tinha olhado em volta dele. [eles deveriam
estar lá, em algum lugar. Os tipos da C.I.A., invisíveis]. Ele andava em direção de
Zeedijk. Um pouco mais distante, uma moça tirava a cortina. O movimento de seu
braço direito, erguia, fazendo surgir seu busto. Ela olhou de canto, ela sorria. Ela
era forte, fechada. Uma sombra de homem, atrás dela. Carnuda, ela era, bela
mulher. Isso ia passar na alegria, precipitada mais cumprida. Sem dúvida, sim. A
cortina estava tirada, pronto. Atrás, o vestido do interior devia voar. Venha aqui,
minha gordinha. Perto disso: imaginamos. [com certeza eles deveriam estar lá, com
certeza, não importa o qual]. Duas portas mais longe da vitrine estavam acesas. A
garota era jovem. Ele olhava a garota na vitrine. Sentada, [atentiva. Cuidadosa
também, poderíamos supor]. (SEMPRUN, La deuxième mort de Ramon Mercader,
1969, Folio: 208)
(1) Édipo fazia parte de seus projetos aos cidadãos de Tebas: ele foi desposar
sua mãe.
(2) Ele foi desposar, o infeliz, aquela que ele não sabia ser sua mãe.
(3) Édipo fazia parte de seus projetos aos cidadãos de Tebas: ele foi desposar
esta infeliz Jocasta.
(3a) Édipo fazia parte de seus projetos aos cidadãos de Tebas: ele foi desposar
esta infeliz Jocasta. Com efeito, infeliz, não estaria ela no grau supremo, juntando a dor
do luto o horror do incesto?
(3b) Édipo fazia parte de seus projetos aos cidadãos de Tebas: ele foi desposar
esta infeliz Jocasta. “A dignidade de Jocasta em sua infelicidade é emocionante, ela
acrescenta, e a deixa particularmente desejável”.
PDV DO PERSONAGEM E DO NARRADOR: RELAÇÕES
EPISTÊMICAS E AXIOLOGICAS
(3b) P1 Marie entrou no escritório do presidente. P2 Mas ela não percebeu que
ele tinha ar de cansado.
(6) O segundo ano, precisamente até o ponto desta história em que o locutor
chegou, aconteceu que este hábito de Luxemburgo se interrompeu sem que o próprio
Marius soubesse muito o porquê, é que, ele passou aproximadamente seis meses sem
colocar os pés em sua alameda. Enfim, um dia, ele voltou. Era uma serena manhã de
verão, Marius estava contente como quando faz um belo dia de verão. Parecia-lhe que
havia no coração todos os cantos dos pássaros que ele escutava e todos os pedaços de
céu azul que ele via através das árvores.
Ele virou a direita em direção de “sua alameda” e quando ele chegou ao final,
ele percebeu, sempre sobre o mesmo banco, esse casal desconhecido. Somente quando
ele se aproximou percebeu que era o mesmo homem; mas, lhe pareceu que não era a
mesma mulher. A pessoa que ele via agora era uma grande e bela criatura que possuía
as formas mais charmosas que uma mulher pode ter e nesse momento preciso em que
elas ainda se combinam com todas as graças mais ingênuas de uma criança; momento
fugidio que somente podem traduzir essas duas palavras: quinze anos. (Hugo, Les
Misérables Folio, Gallimard T. II p 286)
(30) “Foi então que ela descobriou as atividades de espionagem de seu esposo e
agindo, portanto, ela disse a miss Leatheran: Ela denunciou o governo.
“Eu acredito que ela tem uma explicação psicológica ao seu gesto. Ela contou a
Miss Leatheran que ela era uma jovem patriota idealista e que aí residia o segredo de
seu gesto. Mas, nós todos conhecemos nossa habilidade para justificar nossas ações aos
nossos próprios olhos. Por instinto, nós optamos pelo o motivo mais lisonjeiro! Srs.
Leidner acreditaram que ela agira por patriotismo, mas eu acredito que essa foi a
expressão do desejo inconfessável de se livrar do seu marido” ela detestava ser
dominada, ela detestava o segundo papel. Pelo viés do patriotismo, ela encontrou o
“truque” para reconquistar a liberdade.
“Mas, sem que ela tomasse consciência, um sentimento de culpa a corroia, o
que deverá possuir um papel em seu destino futuro.
“Venhamos às cartas, no presente. Srs. Leidner faziam estragos entre os homens.
E, em várias ocasiões, acontecia-lhe de também sucumbir. Mas, cada vez, uma carta de
ameaça enchia seu escritório e o envolvimento se tornava curto.
“Quem escreveu essas cartas? Frederick Bosner ou seu irmão William? Ou Srs.
Leidner ela mesma? “Cada hipótese se mantém. Parece-me evidente que Srs. Leidner
era dessas mulheres capazes de inspirar em um homem uma paixão devoradora
suscetível de virar obsessão! Acredito facilmente que Louise, sua mulher, era tudo para
Frederick Bosner! Ela o tinha traído uma vez e ela não se atreveria mais a aproximá-lo
de descobrir de novo. Mas ele estava certo que ela nunca pertenceria a outro. “Antes
saber que ela está morta do que possuída por outro homem”.
(33) Conversando com Sra. Leseigneur, visto que Hippolyte lhe deu esse nome
por acaso, ele examinou o salão, mas decentemente e secretamente. Víamos apenas as
figuras egpcianas de gatos em uma chaminé cheia de cinzas onde restos de madeira
queimada tentavam se encontrar diante de um falso cavaco de terra cozinhada, enterrada
tão cuidadosamente que pode ser o tesouro de um avarento. Um antigo tapete de
Aubusson, bem remendado, bem passado, usado como a roupa de um inválido, não
cobria toda a vidraça cuja frieza se fazia sentir nos pés. Os muros tinham como
ornamento um papel avermelhado, representando um tecido com desenhos amarelos em
relevo. No meio da parede oposta ao da janela, o pintor viu uma fenda e as rupturas
produzidas no papel pelas portas de uma alcova em que a Sra. Leseigneur dormia sem
dúvida e que um sofá posto em frente disfarçava mal. Em frente da chaminé, em cima
de um cômodo acaju cujos ornamentos não faltavam nem riqueza nem gosto se
encontrava o retrato de um militar de alto escalão que o pouco de luz não permitia ao
pinto distinguir; mas, segundo o pouco que ele viu, ele pensou que esta pavorosa crosta
devia ter sido pintada na China. Nas janelas, cortinas de seda vermelha estavam
descoloradas como o móvel de tapeçaria amarela e vermelha desse salão. Sobre o
mármore do cômodo, um precioso suporte de malva segurando uma dúzia de taças de
café, magnífica pintura e sem dúvida feita em Sèvres. Sobre a chaminé se elevava o
eterno pêndulo do Império, um guerreiro guiando os quatro cavalos de uma charrete
cuja roda possui a cada raia o valor de uma hora. As chamas da lamparina estavam
amareladas pela fumaça e cada canto do enquadramento via um vaso de porcelana
coroado por flores artificiais cheias de poeira e coberta por musgos. No meio do
cômodo, Hippolyte percebeu uma mesa de jogo erguida e cartas novas. Para um
observador, havia um não sei o que de desolador no espetáculo desta miséria pintada
como uma velha mulher que deseja enganar suas feições.
(Balzac, La Bourse)
(34) Naturalmente destinado a exploração da pensão burguesa o térreo se
compõe por um primeiro cômodo iluminado pelos dois cruzamentos da rua e onde
entramos por um porta-janela. Esse salão dar na sala de jantar que é separada da cozinha
pelo vão da escada cujos degraus são de madeira e em xadrez colorido e esfregado.
Nada é mais triste de se ver do que esse salão mobiliado de sofás e de cadeiras de tecido
de crina listrada alternativamente mate e reluzente. No meio se encontra uma mesa
redonda em cima de mármore Sainte-Anne, decorada por essa adega de porcelana
branca enfeitada por fios de ouro apagados no meio que encontramos em todos os
lugares nos dias de hoje. Este cômodo, tão mal alinhado, é revestido por uma barra de
apoio. O resto da paróquia possui um papel envernizado representando as principais
cenas do Télémaque, e onde os clássicos personagens são coloridos. O painel do
cruzamento oferece aos pensionários o quadro do festim dado aos filhos de Ulisses por
Calypso. Depois de quarenta anos esta pintura excita as brincadeiras dos jovens
pensionários que acreditam serem superiores as suas posições e riem do jantar ao qual a
miséria os condena. A chaminé de pedra cuja residência sempre limpa atesta que ela é
acesa apenas em grandes ocasiões e ornada por dois vasos cheios de flores artificiais,
velhos e fechados que acompanham um pêndulo azulado do péssimo gosto. (Balzac, Le
Père Goriot)
PDV N Esta sala, pedimos desculpas aos nossos leitores, vai pedir uma
descrição bem particular.
Nós realmente o abordaremos.
A moradia se dividia em duas salas principais.
Logo que atravessamos os quartos e exibimos os documentos necessários aos
oficiais de serviço, estávamos incluídos em um salão cujas janelas, hermeticamente
fechadas, interceptavam o dia e ar do dia, o barulho e o ar durante a noite.
No meio do salão, sob um lustre cujas velas davam apenas uma claridade fraca e
quase morta, percebemos uma vasta cuba fechada por uma tampa.
Esta cuba não tinha uma forma elegante. Ela não era ornamentada; nenhum
tecido dissimulava a nudez desses flancos de metal.
Era esta cuba que se chamava o balde de Mesmer. (Dumas, Le collier de la
reine, Laffont 1990 : 172)
Era esta cuba que se chamava o balde de Mesmer
PDVN superioridade epistêmica, prolepse, denominação () Infelizmente! O
pobre príncipe, ele ainda não estava acostumado a se chamar o rei dos Franceses.
Ele ainda acreditava se chamar o rei da França. (Dumas, Ange Pitou Laffont
1990: 959)
PAPEL DOS SUBJETIVEMAS NA EXPRESSÃO DOS PDV DO
PERSONAGEM E/DO NARRADOR
Os subjetivemas não implicam necessariamente um PDV do personagem: eles
indicam simplesmente que o PDV é de expressão subjetivante, com carga para
determinar se eles exprimem a subjetividade do locutor narrador ou do personagem
(locutor e/ou enunciador).
(1) um grupo saiu do prédio que Malone vigiava, após uma grande jovem
mulher de conjunto cinza rodeada por alguns estudantes que lhe falavam com animação.
Malone identificou imediatamente Laura Belmont. A elegância calculada de sua
medida, tão livre para sugerir pernas, uma altura e seios de deusa, tão sábia para que
isso fosse apenas uma sugestão, seu penteado estritamente alto sem esconder a beleza
de sua cabeleira, uma maquiagem sutil realçando perfeitamente a delicadeza clara de
seu tom e o sedosidade translucida de sua pele, tudo nela era um conjunto natural e
sábio de sensualidade irradiante que tinha tocado Malone nos quadros de sua mãe e da
graça aristocrática sem deixar de lado esta sensualidade como para melhor exaltá-la.
Ela se liberou rapidamente deste aglomerado de estudantes um pouco agitados. (Rio La
statue de la liberté Points Seuil p.105)
(1a) um grupo saiu do prédio que Malone vigiava, após uma grande jovem
mulher de conjunto cinza rodeada por alguns estudantes que lhe falavam com animação.
Malone identificou imediatamente Laura Belmont. A elegância calculada de sua
medida, tão livre para sugerir pernas, uma altura e seios de deusa, tão sábia para que
isso fosse apenas uma sugestão, mostrava um inegável talento para suscitar o desejo
dos homens sem querer parecer aliciá-los. Mas, seu penteado sabiamente desfeito,
como sua maquiagem realçando perfeitamente um valor, como muito
profissionalismo, sua textura e a sedosidade translucida de sua pele. Tudo nela era um
conjunto artificial e sábio que mal escondia seu fingimento retido. Ela tinha visto
que um homem de idade adulta a olhava de maneira interessada. Ela se liberou
rapidamente deste aglomerado de estudantes um pouco agitados.
(1b) um grupo saiu do prédio que Malone vigiava, após uma grande jovem
mulher de conjunto cinza rodeada por alguns estudantes que lhe falavam com animação.
Malone identificou imediatamente Laura Belmont. Ela era de uma elegância que faltava
o fôlego. Suas roupas valorizavam suas pernas, sua altura e um seio de deusa. Seu
penteado elevado exibia a opulência de sua cabeleira. Verdadeiramente, era a beleza
encarnada: uma discreta maquiagem realçava seu tom e seus olhos, brilhantes e claros
como pérolas da mais bela água. Todo nela estava no mais alto grau, de forma
surpelativa, um conjunto natural e sábio de sensualidade irradiante que tinha tocado
Malone nos retratos de sua mãe. Seu porte de rainha, sua graça aristocrática sem deixar
de lado esta sensualidade como para melhor exaltá-la. Ela se liberou rapidamente deste
aglomerado de estudantes um pouco agitados.
(1c) Um grupo saiu do prédio que Malone vigiava, após uma grande jovem
mulher de conjunto cinza rodeada por alguns estudantes que lhe falavam com animação.
Malone identificou imediatamente Laura Belmont. Sua medida deixava adivinhar sua
esbeltez, seu penteado revelava uma cabeleira opulenta, sua maquiagem discreta
realçava seu tom claro. Tudo lembrava em Malone os retratos de sua mãe, cheio de
mistério e de sensualidade. Ela se liberou rapidamente deste aglomerado de estudantes
um pouco agitados.
(1d) um grupo saiu do prédio que Malone vigiava, após uma grande jovem
mulher de conjunto cinza rodeada por alguns estudantes que lhe falavam com animação.
Malone identificou imediatamente Laura Belmont. Ela era esguia; seu penteado
mostrava uma cabeleira abundante, sua leve maquiagem realçava seu tom claro. Tudo
lembrava para Malone os retratos de sua mãe. Ela se liberou rapidamente deste
aglomerado de estudantes um pouco agitados.
(1e) um grupo saiu do prédio que Malone vigiava, após uma grande jovem
mulher de conjunto cinza rodeada por alguns estudantes que lhe falavam com animação.
Malone identificou imediatamente Laura Belmont. E, entretanto! A elegância
calculada de sua medida, tão livre para sugerir pernas, uma altura e seios de deusa,
tão sábia para que isso fosse apenas uma sugestão, seu penteado estritamente alto sem
esconder a beleza de sua cabeleira, uma maquiagem sutil realçando perfeitamente a
delicadeza clara de seu tom e o sedosidade translucida de sua pele, tudo nela era um
conjunto natural e sábio. Mas, Malone não fez aproximação com a sensualidade
irradiante que o tocou nos retratos de sua mãe e da graça aristocrática sem deixar de
lado esta sensualidade como para melhor exaltá-la. Talvez esta primeira impressão
da mãe era ainda tão forte que ela o impedia de ver serenamente a mulher; ao
menos que ele tenha medo de reconhecer a profundidade da sedução que Laura
Belmont causou nele. Essa se liberou rapidamente deste aglomerado de estudantes um
pouco agitados.
(1f) um grupo saiu do prédio que Malone vigiava, após uma grande jovem
mulher de conjunto cinza rodeada por alguns estudantes que lhe falavam com animação.
Malone identificou imediatamente Laura Belmont. Entretanto ele não foi sensível
para perceber a A elegância calculada de sua medida, tão livre para sugerir pernas,
uma altura e seios de deusa, tão sábia para que isso fosse apenas uma sugestão, seu
penteado estritamente alto sem esconder a beleza de sua cabeleira, uma maquiagem
sutil realçando perfeitamente a delicadeza clara de seu tom e o sedosidade translucida
de sua pele, tudo nela era um conjunto natural e sábio. Malone não fez a aproximação
com a sensualidade irradiante que o tocou nos retratos de sua mãe e da graça
aristocrática sem deixar de lado esta sensualidade como para melhor exaltá-la. Talvez
esta primeira impressão da mãe fosse ainda tão forte que ela o impedia de ver
serenamente a mulher; ao menos que ele tenha medo de reconhecer a
profundidade da sedução que Laura Belmont causou nele. Essa se liberou
rapidamente deste aglomerado de estudantes um pouco agitados.
PDV NOS TEXTOS HOMODIEGÉTICOS
Em virtude das relações entre locutores e enunciadores, o PDV seja o de L1 (eu
narrador), seja l2 (eu narrador ou outros personagens) seja e2 (remetendo a imagens do
eu nos enunciados no unidos fora do contexto de enunciação ou a PDV não unidos dos
personagens (e2))
(a) Quanto a mim... Bom, julgue você mesmo. Pela altura, pelos ombros, ou por
esse rosto que sempre me disseram que era selvagem, eu teria mais o ar de um jogador
de rúgbi, não é? Mas, se julgarmos pela conversa, é preciso me consentir um pouco de
refinamento. O camelo que forneceu o pêlo de meu sobretudo sofrera sem dúvida de
sarna; em revanche, tenho as unhas feitas. (Camus, La chute, Gallimard 1956: 14)
(b) Uma cidade de bonecas, você não encontrou? O pitoresco não lhe poupou!
Mas, eu não o conduzi por esta ilha pelo pitoresco, caro amigo. Todo mundo pode
admirar um penteado, um sapato, casas decoradas onde os pescadores fumam cigarros
finos com cheiro de encáustica. Eu sou um dos raros, ao contrário, para poder te mostrar
o que há de importante aqui.
Nós atingimos o dique. É preciso segui-lo para estar o mais longe possível
dessas graciosas casas. Tentemos, te peço. O que vocês estão dizendo? Eis aí, não é, a
mais bela das paisagens negativas! Veja, a nossa esquerda, esse monte de cinzas que
chamamos aqui de duna, o dique cinza a nossa direita, a greve lívida a nossos pés e não
nossa frente o mar cor de sabão fraco, o vasto céu onde se refletem as águas macias.
(Camus, La chute, Gallimard 1956: 85s)
(c) Veja, você sabe por que o crucificamos, o outro, aquele ao qual você está
pensando nesse momento, talvez? Bom, há várias razões para isso. Há sempre razoes
para a morte de um homem. É, ao contrário, impossível justificar que ele vive. É porque
o crime encontra sempre advogados e inocentes as veze, somente. Mas, ao lado das
razões que nós explicamos muito bem durantes dois mil anos, havia uma grande razão
para esta terrível agonia, e eu não sei por que a escondemos tão sutilmente. A
verdadeira razão é que ele sabia que não era perfeitamente inocente. Se ele não tivesse o
peso do erro que o acusamos, ele cometeu outros, mesmo assim quais erros ele
ignorava. Aliás, ele os ignorava? Ele estava na fonte, depois de tudo; ele devia ter
escutado falar de um certo massacre de inocentes. As crianças da Judéia massacradas
enquanto que seus pais os levavam para um lugar seguro. Esses soldados sangrentos,
essas crianças cortadas em dói lhe causavam horror [...] o gemido aumentava a noite,
Raquel chamava suas crianças mortas por ele, e ele estava vivo!
[…] Vale melhor parar aqui, não se defender, morrer, para não ser mais o único
a viver e para ir mais longe, lá onde, talvez, ele seria mantido, ele não foi mantido.
(Camus, La chute, Gallimard 1956: 130s)
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