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QUALIDADE
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CIRO BATISTA ROSA
PROPOSTA DE HOMOLOGAO DE PRODUTOS PARA A INDSTRIA
AUTOMOTIVA
Trabalho de Concluso de Curso
apresentado Escola Politcnica da
Universidade de So Paulo para
obteno do ttulo de Mestre em
Engenharia Automotiva (Mestrado
Profissionalizante)
So Paulo
2004
CIRO BATISTA ROSA
PROPOSTA DE HOMOLOGAO DE PRODUTOS PARA A INDSTRIA
AUTOMOTIVA
Trabalho de Concluso de Curso
apresentado Escola Politcnica da
Universidade de So Paulo para
obteno do ttulo de Mestre em
Engenharia Automotiva (Mestrado
Profissionalizante)
rea de Concentrao:
Engenharia Automotiva (Mestrado
Profissionalizante)
Orientador:
Prof. Dr. Lucas Antnio Moscato
So Paulo
2004
FICHA CATALOGRFICA
Rosa, Ciro Batista Proposta de homologao de produtos para a indstria
automotiva / C. B. Rosa. -- So Paulo, 2004.64 p.
Trabalho de concluso de curso (Mestrado Profissionalizanteem Engenharia Automotiva) - Escola Politcnica da
Universidade de So Paulo.
1. Garantia da qualidade 2. Indstria automobilsticaI. Universidade de So Paulo. Escola Politcnica. II. t.
iv
DEDICATRIA
Aos meus pais, Lia e Jonathas, e minha
esposa e filhas, Marta, Caroline e Marina.
v
AGRADECIMENTOS
Ao amigo e orientador Prof. Dr. Lucas Antnio Moscato, pela ateno e
acompanhamento das atividades do tema desta dissertao.
Visteon Sistemas Automotivos pelo patrocnio, apoio e incentivo
atravs do Programa de Treinamento e Formao Educacional (PTFE) .
Aos colegas de curso e de trabalho Nelson Nishimura, Geancarlo
Rettori e Marcello Teixeira, pelas atividades em sala de aula que resultaram em um
artigo tcnico em conjunto publicado em revista especializada.
Aos colegas Marcelo Fossato, Edlcio Maielo, Roberval de Assis e
Tadashi Camey, pelo trabalho em conjunto na Visteon e pela troca de idias sobre
processos e sistemas da qualidade.
A todos que, direta ou indiretamente, colaboraram com a preparao
deste trabalho.
vi
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo o estudo dos requerimentos de
homologao de produtos para o setor automotivo, e a proposio de uma
metodologia mais especfica para a verso atual do sistema da qualidade ISO/TS-
16949. utilizada a tcnica conhecida como Anlise do Valor/Engenharia do Valor
(AV/EV), para determinao das funes essenciais do processo de homologao de
produtos. So feitas tambm consideraes sobre o gerenciamento de projetos, e
como este pode afetar o processo de homologao.
vii
ABSTRACT
This study is a discussion of the requirements for product qualification
at the automotive sector, and presents a more specific methodology to the current
version of ISO/TS-16949 specification. A methodology known as Value
Analysis/Value Engineering (VA/VE) is used to determine the essential functions of
the product qualification process. The effects of the program management style to
the qualification process are also considered.
viii
SUMRIO
DEDICATRIA.......................................................................................................... iv
AGRADECIMENTOS..................................................................................................v
RESUMO.....................................................................................................................vi
ABSTRACT................................................................................................................vii
LISTA DE FIGURAS.................................................................................................. xi
LISTA DE TABELAS............................................................................................... xiii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS.................................................................xiv
1.Introduo.................................................................................................................. 1
2.Principais Sistemas da Qualidade do Setor Automotivo........................................... 3
2.1.PPAP/QS-9000 Production Part Approval Process...................................... 4
2.1.1.Introduo..................................................................................................4
2.1.2.Objetivos.................................................................................................... 4
2.1.3.Aprovao completa.................................................................................. 4
2.1.4.Quando a aprovao requerida.............................................................. 4
2.1.5.Requerimentos de homologao................................................................ 5
2.1.6.Anlise dos requerimentos......................................................................... 5
2.1.7.Concluses................................................................................................. 7
2.2.APQP/QS-9000 Advanced Product Quality Planning................................... 9
2.2.1.Introduo..................................................................................................9
2.2.2.Objetivos.................................................................................................... 9
2.2.3.Concluses............................................................................................... 13
2.3.LPP/VDA 2 Liberao do Processo de Produo e do Produto..................14
2.3.1.Introduo................................................................................................14
2.3.2.Objetivos.................................................................................................. 14
2.3.3.Liberao do Processo de Produo e do Produto (LPP)...................... 14
2.3.4.Requerimentos de homologao.............................................................. 16
2.3.5.Concluses............................................................................................... 16
2.4.ISO/TS-16949: Quality Systems-Automotive Suppliers (1st Edition)..............17
2.4.1.Introduo................................................................................................17
ix
2.4.2.Objetivos.................................................................................................. 17
2.4.3.Requerimentos de homologao.............................................................. 17
2.4.4.Anlise dos requerimentos....................................................................... 18
2.4.5.Concluses............................................................................................... 19
2.5.ISO/TS-16949: Quality Management Systems (2nd Edition).......................... 20
2.5.1.Introduo................................................................................................20
2.5.2.Objetivos.................................................................................................. 20
2.5.3.Requerimentos de homologao.............................................................. 20
2.5.4.Concluso.................................................................................................20
2.6.AS-9000: Aerospace Basic Quality System Standard......................................21
2.6.1.Introduo................................................................................................21
2.6.2.Objetivo....................................................................................................21
2.6.3.Requerimentos de homologao.............................................................. 21
2.6.4.Concluso.................................................................................................21
3.Anlise do Processo De Homologao de Produtos................................................ 22
3.1.Introduo........................................................................................................22
3.2.Anlise do Valor/Engenharia de Valor (AV/EV).............................................22
3.3.Anlise do processo de homologao..............................................................23
3.3.1.Identificao de componentes e funes do processo de homologao..23
3.3.2.Pesquisa com Gerentes de Programas.................................................... 24
3.3.3.Componentes e Funes do processo de homologao...........................27
3.4.Classificao de funes.............................................................................30
3.4.1.Diagrama FAST....................................................................................... 31
3.4.2.Reavaliao de funes............................................................................34
3.4.Concluses....................................................................................................... 47
4.Proposta de homologao de produtos.................................................................... 51
4.1.Introduo........................................................................................................51
4.2.Elementos do processo proposto de homologao de produtos......................51
4.3.Mudanas propostas na ISO/TS 16949............................................................52
4.4.Comparao com o PPAP e a LPP................................................................. 52
4.5.Anlise crtica da proposta..............................................................................53
4.6.Comentrios finais...........................................................................................55
ANEXOS.................................................................................................................... 57
x
1.Teorema do Limite Central......................................................................................57
1.1.Enunciado........................................................................................................ 57
1.2.Aplicao......................................................................................................... 58
1.3.Exemplo........................................................................................................... 58
2.Seis Sigma................................................................................................................60
2.1.Conceitos estatsticos.......................................................................................60
2.2.A metodologia Seis Sigma............................................................................... 61
2.3.Concluses....................................................................................................... 62
BIBLIOGRAFIA......................................................................................................... 63
xi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Ciclo de Planejamento de Qualidade do Produto. In: AUTOMOTIVE
INDUSTRY ACTION GROUP. Advanced Product Quality Planning and
Control Plan. Southfield, EUA: AIAG, 1994. p. vi..................................10
Figura 2 - Diagrama temporal de Planejamento de Qualidade de Produtos conforme
manual APQP/QS-9000. In: AUTOMOTIVE INDUSTRY ACTION
GROUP. Advanced Product Quality Planning and Control Plan.
Southfield, EUA: AIAG, 1994. p. 5......................................................... 10
Figura 3 - Etapas para a qualificao de um produto conforme VDA. In: VERBAND
DER AUTOMOBILINDUSTRIE. VDA 2: Asseguramento da Qualidade
de Fornecimentos. So Paulo, Brasil: IQA, 1994. p.23........................... 15
Figura 4 - Diagrama FAST de um processo genrico de homologao de produtos.
As funes em amarelo so as funes identificadoras, e as azuis
denotam funes fora do escopo do processo. As linhas horizontais
tracejadas delimitam este escopo.............................................................33
Figura 5 - Plano de Validao Total. Em vermelho, o significado dos seus principais
campos. Em azul, significado do campo Classe...................................... 42
Figura 6 - Plano de controle.Campo 21 indica classificao de caractersticas.
In:AUTOMOTIVE INDUSTRY ACTION GROUP.Advanced Product
Quality Planning and Control Plan.Southfield,EUA:AIAG,1994.p.34....43
Figura 7 - Relatrio de Aprovao de Aparncia. In: AUTOMOTIVE INDUSTRY
ACTION GROUP. Production Part Approval Process, 3rd Edition.
Southfield, EUA: AIAG, 1999.p. 58........................................................ 45
Figura 8 - Diagrama FAST revisado, aps anlise crtica das funes.......................48
Figura 9 - Proposta de certificado de homologao de pea...................................... 49
Figura 10 - Certificado de Aprovao de Pea. In: AUTOMOTIVE INDUSTRY
ACTION GROUP. Production Part Approval Process, 3rd Edition.
Southfield, EUA: AIAG, 1999.p. 53........................................................ 50
Figura 11 - Ilustrao do enunciado do Teorema do Limite Central..........................57
Figura 12 - Grfico da funo de distribuio de probabilidade normal. As setas
xii
horizontais indicam a rea sob a curva entre os limites de +/- 1, +/- 3 e
+/- 6 sigma, em relao rea total......................................................... 60
xiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Elementos do PPAP. In: AUTOMOTIVE INDUSTRY ACTION GROUP.
Production Part Approval Process. Southfield, EUA: AIAG, 1999.............8
Tabela 2 - Elementos do APQP e sua correlao com os elementos do PPAP. In:
AUTOMOTIVE INDUSTRY ACTION GROUP. Advanced Product
Quality Planning and Control Plan. Southfield, EUA: AIAG, 1994..........13
Tabela 3 - Equivalncia entre os Sistemas da Qualidade VDA e QS-9000 quanto ao
processo de apresentao de amostras iniciais e o gerenciamento de
lanamento de produtos............................................................................. 14
Tabela 4 - Elementos da LPP e equivalncia com os elementos do PPAP. In:
VERBAND DER AUTOMOBILINDUSTRIE. VDA 2: Asseguramento da
Qualidade de Fornecimentos. So Paulo, Brasil: IQA, 1998.....................15
Tabela 5 - Equivalncia entre os Sistemas da Qualidade ISO/TS-16949 e QS-9000
quanto ao processo de apresentao de amostras iniciais e o
gerenciamento de lanamento de produtos................................................17
Tabela 6 - Elementos da ISO/TS-16949 (primeira edio) e equivalncia com os
elementos do PPAP. In: AUTOMOTIVE INDUSTRY ACTION GROUP.
ISO/TS 16949:Quality Systems-Automotive Suppliers. Southfield, EUA:
AIAG, 1999................................................................................................18
Tabela 7 - Componentes e Funes de um processo de homologao de produtos... 29
Tabela 8 - Funes de um processo de homologao de produtos e respectiva
classificao...............................................................................................31
Tabela 9 - Comparao entre o PPAP, a LPP e a Proposta de Homologao de
Produtos..................................................................................................... 53
xiv
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Sigla Significado6 Seis Sigma
AAR Relatrio de Aprovao de AparnciaAppearance Approval Report
APQP Planejamento Avanado de Qualidade do ProdutoAdvanced Product Quality Planning
AS-9000 Padro Aeroespacial 9000Aerospace Standard 9000
AV/EV Anlise do Valor/Engenharia do Valor
CAD Projeto Assistido por ComputadorComputer Aided Design
CAE Engenharia Assistida por ComputadorComputer Aided Engineering
CAM Manufatura Assistida por ComputadorComputer Aided Manufacturing
CAP Certificado de Aprovao de Pea
Cpk ndice de Capacidade para um Processo EstvelCapability Index for a Stable Process
CTQ Crtica para a QualidadeCritical To Quality
DFMEA FMEA de ProjetoDesign FMEA
DFSS Projeto para Seis SigmaDesign For Six Sigma
DVP&R Plano de Validao de Projeto & RelatrioDesign Validation Plan & Report
EAQF Avaliao de Aptido de Qualidade de Fornecedoresvaluation d'Aptitude Qualit Fournisseurs
FMEA Anlise de Modo e Efeito de FalhasFailure Mode and Effects Analysis
ISO/TSOrganizao Internacional de Padronizaes/Especificao TcnicaInternational Organization for Standardization/TechnicalSpecification
JAMA Associao de Fabricantes de Automveis do JapoJapan Automobile Manufacturers Association
xv
Sigla SignificadoLPP Liberao do Processo de Produo e do Produto
MSA Anlise do Sistema de MediesMeasurement System Analysis
PFMEA FMEA de ProcessoProcess FMEA
PPAP Processo de Aprovao de Pea ProdutivaProduction Part Approval Process
Ppk ndice de DesempenhoPerformance Index
PSW Certificado de Submisso da PeaPart Submission Warrant (PSW)
PVT Plano de Validao Total
QFD Funo Desdobramento da QualidadeQuality Function Deployment
QS-9000 Sistema da Qualidade - 9000Quality System - 9000
VDA Associao das Indstrias AutomobilsticasVerband der Automobilindustrie
1
1. INTRODUO
Com a chegada de novas montadoras de veculos ao mercado brasileiro
na segunda metade da dcada de 90, gerou-se a necessidade de uma melhor
preparao dos fabricantes de autopeas e sub-sistemas quanto a aspectos de
qualidade. Estes aspectos so regidos pelos Sistemas da Qualidade que cada empresa
adota, e, no setor automobilstico, cada montadora basicamente segue um padro de
acordo com a sua nacionalidade: QS-9000 (Estados Unidos), VDA (Alemanha),
EAQF (Frana), entre outros. As montadoras normalmente exigem que os seus
fornecedores sigam os sistemas por elas adotados.
Atualmente, o sistema ISO/TS-16949, cuja segunda edio foi lanada em 2002, est
se estabelecendo no Brasil e no mundo como um novo padro, com a promessa de
unificar todos os sistemas da qualidade do setor automotivo. Observa-se, no
entanto, que, em diversos aspectos, este sistema adota uma abordagem genrica
como forma de garantir abrangncia.
No Brasil, inicialmente, o setor automotivo adotou a ISO-9000 como um primeiro
sistema comum. Em seguida, passou a utilizar a QS-9000, principalmente pelo fato
de ser originalmente escrito em lngua inglesa. Devido sua ampla penetrao no
setor, as montadoras no americanas passaram a aceitar a qualificao de seus sub-
fornecedores conforme este padro, com a ressalva de poderem solicitar, a qualquer
momento, a adequao em relao ao sistema da qualidade da montadora em
questo.
J em nvel mundial, a evoluo dos sistemas de qualidade automotivos no foi
muito diferente. Em seu artigo (1), Munro (2002) apresenta sob uma perspectiva
histrica a evoluo destes sistemas, desde o nascimento da QS-9000 at a recente
publicao da ISO/TS-16949, bem como as razes motivadoras desta evoluo.
Dado este cenrio, observa-se que em diversos casos onde um determinado
fabricante de autopeas fornece um mesmo produto para duas montadoras diferentes,
cada uma pode exigir requisitos de qualificao no totalmente coincidentes,
independentes do fato de serem ou no de mesma nacionalidade. Isto leva
multiplicao de esforos e aumento de custos dos fornecedores, que repassado s
montadoras e ao consumidor final.
2
Este trabalho tem como objetivo o estudo dos requerimentos atuais de
homologao de produtos para o setor automotivo, e a proposio de uma
metodologia alternativa menos genrica que a encontrada na ISO/TS-16949. Esta
proposio, no entanto, dever ter o mximo de aderncia possvel segunda edio
desta especificao tcnica, por se tratar da norma mais atualizada e de maior
aceitao pelas montadoras de veculos na presente data.
Para se atingir este objetivo, os seguintes tpicos sero abordados:
anlise de vrios dos mais importantes sistemas da qualidade do setor automotivo
quanto ao aspecto de homologao de produtos;
elaborao de proposta alternativa de homologao;
anlise crtica da proposta e recomendaes para implantao.
Apesar da aparente simplicidade desta proposio, ela encerra um
grande desafio: o ineditismo. Esta pesquisa no identificou artigos ou publicaes
tcnicas que abordassem o problema, quer como uma anlise crtica, quer com a
sugesto de mudanas, com exceo das abordagens de Carney (1999) e Cole et al
(1998), em cujos artigos, respectivamente (2) e (3), propem melhorias a processos
de gerenciamento de programas.
Um outro desafio o de se obter uma linguagem nica e clara, que
colabore com o entendimento entre clientes e fornecedores sobre o que realmente
necessrio para se homologar um produto, e, mais importante, se o produto atende
aos requisitos de desempenho e durabilidade esperados.
Desta forma, esperamos estar colaborando, ainda que modestamente,
com a simplificao de requerimentos e a reduo de custos para a cadeia produtiva
do setor automotivo.
3
2. PRINCIPAIS SISTEMAS DA QUALIDADE DO SETOR AUTOMOTIVO
Neste captulo, alguns dos principais Sistemas da Qualidade do setor
automotivo sero revistos e analisados no tocante ao processo de homologao de
produtos. De modo genrico, este processo tambm conhecido como Processo de
Apresentao de Amostras Iniciais. Entende-se esta reviso como fundamental, j
que fornece uma base para a compreenso dos atuais requerimentos da indstria da
mobilidade.
Esta reviso tem incio com o PPAP/QS-9000, por ser o processo de
homologao mais difundido no setor. Ele tambm servir como base comparativa
para os demais processos estudados. Isto significa que sero analisadas apenas as
diferenas entre o PPAP e os demais processos.
Por ltimo, teremos a anlise da AS-9000, sistema da qualidade da
indstria aeroespacial.
4
2.1.PPAP/QS-9000 Production Part Approval Process
2.1.1.Introduo
O PPAP (4) parte do Sistema da Qualidade QS-9000 (5), adotado
pelas montadoras de origem norte-americana. Este processo define os requerimentos
genricos de homologao de peas ou componentes produtivos, inclusive matrias-
primas.
2.1.2.Objetivos
Conforme o manual do PPAP, os seguintes propsitos bsicos so
observados ao longo do processo:
fornecer uma evidncia de que os registros de projeto do cliente (por exemplo,
desenhos ou esquemas) foram corretamente interpretados pelo fornecedor;
fornecer uma evidncia de que o processo produtivo do fornecedor ter condies
de manufaturar peas que satisfaam aos requisitos de projeto com consistncia
(i.e., processo estatisticamente repetitvel).
2.1.3.Aprovao completa
Aprovao completa indica que a pea ou material cumpre todas as
especificaes e requerimentos. Esta aprovao autoriza o fornecedor a embarcar
peas conforme programao de produo.
2.1.4.Quando a aprovao requerida
Pea nova;
Correo de discrepncia em pea previamente homologada;
Pea que sofrer modificaes de engenharia em seus desenhos, especificaes ou
materiais, inclusive mudanas em matrias-primas, sub-fornecedores ou
ferramentas.
5
2.1.5.Requerimentos de homologao
Para peas produtivas, as amostras a serem submetidas ao PPAP devem
vir de um lote de produo significativo. Isto quer dizer que:
o perodo de tempo de fabricao do lote deve ser de 1 a 8 horas consecutivas;
o tamanho mnimo de lote deve ser igual a 300 peas1, exceto quando um lote
menor seja explicitamente autorizado pelo cliente.
Um total de 19 (dezenove) requerimentos genricos devem ser
cumpridos pelo fornecedor. Estes requerimentos so listados na Tabela 1.
2.1.6.Anlise dos requerimentos
Os requerimentos I.2.2.1 a I.2.2.3 so essencialmente os registros de
projeto e especificao do produto e tm influncia decisiva em todo o processo de
qualificao, j que quanto mais detalhado o projeto de um produto/processo,
menos suscetvel a falhas ser o produto final.
Requerimentos I.2.2.4 e I.2.2.6 referem-se tcnica de predio,
preveno e correo de eventuais problemas de desempenho ou de manufatura do
produto, conhecida como FMEA.
Requerimento I.2.2.5 refere-se a item de documentao do fluxo do
processo de manufatura do produto.
Requerimento I.2.2.7 refere-se aos resultados de testes dimensionais do
produto. Estes resultados devem comprovar que o produto atende aos requisitos
dimensionais de projeto dos itens I.2.2.1 (Design Records) e I.2.2.12 (Control Plan).
Embora no explicitamente mencionado no manual, este requerimento tambm
verifica se o produto atende aos itens I.2.2.2 e I.2.2.3 (respectivamente Engineering
Change Documents e Engineering Approval).
Requerimento I.2.2.8 semelhante, em essncia, ao requerimento
I.2.2.7, e diz respeito aos testes de vida de materiais e do produto acabado conforme
projetado nos requerimentos I.2.2.1, I.2.2.2, I.2.2.3 e I.2.2.12.
1 Ver anexo 1 para uma discusso sobre clculo de amostras.
6
Requerimento I.2.2.9 diz respeito ao estudo de estabilidade (estatstica)
inicial do processo produtivo. Requerimento I.2.2.10 faz uma avaliao dos erros do
sistema de medio utilizado na caracterizao estatstica do processo produtivo.
Requerimento I.2.2.11 trata da certificao dos laboratrios
terceirizados que efetivamente executaram os testes de homologao do produto.
Caso os testes de homologao sejam executados pelo prprio fornecedor, o
requerimento no necessrio.
Requerimento I.2.2.12 diz respeito elaborao de Plano de Controle
do produto final. O Plano de Controle detalha especificamente quais parmetros
devem ser medidos, a freqncia e mtodo de medio. Os comentrios feitos para o
requerimento I.2.2.7 tambm so aplicveis.
O PSW (Part Submission Warrant) tratado no requerimento I.2.2.13 o
certificado que resume todo o processo de homologao, e assinado pelo pessoal
tcnico competente do fornecedor e do cliente quando da aprovao da pea.
O AAR (Appearance Approval Report) tratado em I.2.2.14 verifica o
produto quanto a aspectos de acabamento e aparncia. Um exemplo significativo
desta avaliao a aprovao de textura de painis de veculos injetados em plstico.
Em I.2.2.15, temos requerimentos especficos para matrias-primas
(bulk material). Estes requerimentos no sero tratados neste trabalho.
Os requerimentos I.2.2.16 e I.2.2.17 tratam a preparao de amostras de
produtos, respectivamente para submisso ao cliente e para reteno de uso como
amostra-padro pelo fabricante.
Finalmente, o requerimento I.2.2.19 trata do registro e da conformidade
quanto a requerimentos especficos do cliente. Como o PPAP parte integrante da
QS-9000, estes requerimentos especficos so tratados pela prpria norma para as
montadoras GM, Ford e DaimlerChrysler.
7
2.1.7.Concluses
O PPAP no aborda em seu contedo se os componentes e matrias-primas que
formam o produto final devem ser tambm homologados. Intuitivamente, isto
levaria a uma simplificao da homologao do produto final e a um maior grau
de aderncia quanto aos objetivos propostos pelo processo.
O PPAP recomenda ndices de Cpk/Ppk maiores que 1,67 (processo 4) em seu
requerimento de Initial Process Studies. Com o advento da estratgia Seis Sigma
(anexo 2) nas empresas, acredita-se que esta recomendao deva ser revista.
8
ElementoPPAP
Descrio em PortugusDescrio Original em Ingls
I.2.2.1 Registros de ProjetoDesign Records
I.2.2.2 Documentos de Mudana de EngenhariaEngineering Change Documents
I.2.2.3 Aprovao de EngenhariaEngineering Approval
I.2.2.4 Anlise de Modo e Efeito de Falhas de ProjetoDesign Failure Mode and Effects Analysis (DFMEA)
I.2.2.5 Diagramas de Fluxo de ProcessoProcess Flow Diagrams
I.2.2.6 Anlise de Modo e Efeito de Falhas de ProcessoProcess Failure Mode and Effects Analysis (PFMEA)
I.2.2.7 Resultados DimensionaisDimensional Results
I.2.2.8 Registros de Testes de Materiais/DesempenhoRecords of Material/Performance Test Results
I.2.2.9 Estudos Iniciais de ProcessoInitial Process Studies
I.2.2.10 Estudos do Sistema de Anlise de MediesMeasurement System Analysis Studies
I.2.2.11 Documentao de Laboratrios QualificadosQualified Laboratory Documentation
I.2.2.12 Plano de ControleControl Plan
I.2.2.13 Certificado de Submisso da PeaPart Submission Warrant (PSW)
I.2.2.14 Relatrio de Aprovao de AparnciaAppearance Approval Report
I.2.2.15 Formulrio de Verificao de Requerimentos para Matrias-PrimasBulk Material Requirements Checklist
I.2.2.16 Amostras de Peas de ProduoSample Production Parts
I.2.2.17 Amostra PrincipalMaster Sample
I.2.2.18 Dispositivos de VerificaoChecking Aids
I.2.2.19 Requerimentos Especficos do ClienteCustomer-Specific Requirements
Tabela 1 - Elementos do PPAP. In: AUTOMOTIVE INDUSTRY ACTION GROUP. Production PartApproval Process. Southfield, EUA: AIAG, 1999.
9
2.2.APQP/QS-9000 Advanced Product Quality Planning
2.2.1.Introduo
Similarmente ao PPAP, o APQP (6) tambm parte do Sistema de
Qualidade QS-9000 e tem como propsito uniformizar as prticas utilizadas na
atividade de planejamento de qualidade de produto, tanto em seu lanamento quanto
na ocorrncia de mudanas de engenharia.
2.2.2.Objetivos
De acordo com o APQP, o planejamento de qualidade de produtos um
mtodo estruturado de definio e estabelecimento das etapas necessrias para
assegurar que o produto satisfaa ao cliente.
Este mtodo tem como base o Ciclo de Planejamento de Qualidade de
Produto, apresentado na Figura 1, o qual uma variante do ciclo PDCA de Deming,
conforme descrito em (7).
No objetivo deste trabalho fazer uma discusso ou anlise sobre a utilizao do
ciclo, mas importante registrar que o mesmo inicia com o Desenvolvimento e
Conceituao da Tecnologia do Produto Plan e termina com um processo de
Melhoria Contnua Act.
Este ciclo tambm representado como uma linha de tempo para um
nico ciclo, conforme a Figura 2, e mostra as cinco etapas (que so as cinco sesses
do APQP), onde os requisitos de entrada do passo seguinte so vrios dos requisitos
de sada do passo anterior.
Conforme as expectativas, existe uma correlao entre o APQP e o
PPAP. Esta correlao, a ttulo informativo, dada na Tabela 2. A partir dela,
conclui-se que o PPAP verifica na prtica a execuo efetiva da grande maioria das
fases de um projeto, do ponto de vista da QS-9000.
10
Figura 2 - Diagrama temporal de Planejamento de Qualidade de Produtosconforme manual APQP/QS-9000. In: AUTOMOTIVE INDUSTRY ACTIONGROUP. Advanced Product Quality Planning and Control Plan. Southfield, EUA:AIAG, 1994. p. 5.
Figura 1 - Ciclo de Planejamento de Qualidade do Produto. In:AUTOMOTIVE INDUSTRY ACTION GROUP. Advanced ProductQuality Planning and Control Plan. Southfield, EUA: AIAG, 1994.p. vi.
11
ElementoAPQP
Descrio em PortugusDescrio Original em Ingls
Equivalente PPAPN/A = No Aplicvel
1.1 Voz do ClienteVoice of the Customer I.2.2.1
1.2Planejamento de Negcios/Estratgia deMercadoBusiness Plan/Marketing Strategy
N/A
1.3 Dados Comparativos de Produtos/ProcessosProduct/Process Benchmark Data I.2.2.1
1.4 Premissas de Produto/ProcessoProduct/Process Assumptions I.2.2.1
1.5 Estudos de Confiabilidade de ProdutoProduct Reliability Studies I.2.2.1
1.6 Requerimentos do ClienteCustomer Inputs I.2.2.1
1.7 Objetivos de ProjetoDesign Goals I.2.2.1
1.8 Objetivos de Qualidade e ConfiabilidadeReliability and Quality Goals I.2.2.1
1.9 Relao Preliminar de PeasPreliminary Bill of Material N/A
1.10 Diagrama Preliminar de Fluxo de ProcessoPreliminary Process Flow Chart I.2.2.5
1.11
Relao Preliminar de Caractersticas Especiaisde Produto e ProcessoPreliminary Listing of Special Product andProcess Characteristics
I.2.2.19
1.12 Plano de Garantia do ProdutoProduct Assurance Plan I.2.2.1
1.13 Suporte GerencialManagement Support N/A
2.1 DFMEA I.2.2.4
2.2 Projeto Visando Fabricao e MontagemDesign for Manufacturability and Assembly I.2.2.1
2.3 Verificao de ProjetoDesign Verification N/A
2.4 Revises de ProjetoDesign Reviews N/A
2.5 Montagem de Prottipos Plano de ControlePrototype Build Control Plan I.2.2.12
2.6Desenhos de Engenharia (Incluindo ModelosMatemticos)Engineering Drawings (Including Math Data)
I.2.2.1
12
ElementoAPQP
Descrio em PortugusDescrio Original em Ingls
Equivalente PPAPN/A = No Aplicvel
2.7 Especificaes de EngenhariaEngineering SpecificationsI.2.2.1I.2.2.12
2.8 Especificaes de MateriaisMaterial Specifications I.2.2.1
2.9 Mudanas de Desenhos e EspecificaesDrawing and Specification Changes I.2.2.2
2.10
Requerimentos de Novos Equipamentos,Ferramentas e InstalaesNew Equipment,Tooling and FacilitiesRequirements
I.2.2.4
2.11 Caractersticas Especiais de Produto e ProcessoSpecial Product and Process Characteristics I.2.2.12
2.12Requerimentos de Equipamentos de Testes eMediesGages/Testing Equipment Requirements
N/A
2.13
Comprometimento do Grupo com a Execuo eSuporte GerencialTeam Feasibility Commitment and ManagementSupport
N/A
3.1 Padres para EmbalagensPackaging Standards N/A
3.2Reviso do Sistema da Qualidade deProduto/ProcessoProduct/Process Quality System Review
N/A
3.3 Diagramas de Fluxo de ProcessoProcess Flow Chart I.2.2.5
3.4 Planta da rea de ProduoFloor Plan LayoutI.2.2.5I.2.2.12
3.5 Matriz de CaractersticasCharacteristics Matrix N/A
3.6 PFMEA I.2.2.6
3.7 Plano de Controle de Pr-lanamentoPre-launch Control Plan I.2.2.12
3.8 Instrues de ProcessoProcess InstructionsI.2.2.1; I.2.2.4;I.2.2.5;I.2.2.6;I.2.2.12
3.9 Plano de Anlise do Sistema MediesMeasurement Systems Analysis PlanI.2.2.10
3.10Planejamento Preliminar de Estudo deCapacidade de ProcessoPreliminary Process Capability Study Plan
I.2.2.9
13
ElementoAPQP
Descrio em PortugusDescrio Original em Ingls
Equivalente PPAPN/A = No Aplicvel
3.11 Especificaes de EmbalagemPackaging Specifications N/A
3.12 Suporte GerencialManagement Support N/A
4.1 Produes-pilotoProduction Trial Runs I.2.2.16
4.2 Avaliao do Sistema de MediesMeasurement Systems Evaluation I.2.2.10
4.3 Estudo Preliminar de Capacidade de ProcessoPreliminary Process Capability Study I.2.2.9
4.4 Aprovao de Pea de ProduoProduction Part Approval (PPAP) I.2.2.13
4.5 Testes de Validao de ProduoProduction Validation Testing I.2.2.19
4.6 Avaliao de EmbalagensPackaging Evaluation N/A
4.7 Plano de Controle de ProduoProduction Control Plan I.2.2.12
4.8
Verificao Final do Planejamento da Qualidadee Suporte GerencialQuality Planning Sign-Off and ManagementSupport
N/A
5.1 Reduo de VariaesReduced Variation N/A
5.2 Satisfao do ClienteCustomer Satisfaction N/A
5.3 Fornecimento e Assistncia Ps-VendaDelivery and Service N/A
Tabela 2 - Elementos do APQP e sua correlao com os elementos do PPAP. In: AUTOMOTIVEINDUSTRY ACTION GROUP. Advanced Product Quality Planning and Control Plan. Southfield,EUA: AIAG, 1994.
2.2.3.Concluses
observado que o APQP e o PPAP tm uma relao muito prxima, e,
na prtica, o segundo pode servir como uma ferramenta de verificao de execuo
do primeiro. Existem uma srie de elementos que so passveis de uma reviso sobre
o seu valor agregado no processo de homologao de produtos, especialmente
aqueles marcados como N/A na coluna Equivalente PPAP.
14
2.3.LPP/VDA 2 Liberao do Processo de Produo e do Produto
2.3.1.Introduo
O manual VDA-2 (8), parte do Sistema VDA de qualidade automotiva
adotado pelas montadoras alems, guarda uma semelhana bastante estreita com a
QS-9000 em todo o seu contedo. A ttulo ilustrativo, apresenta-se a seguir algumas
equivalncias importantes entre os sistemas VDA e QS-9000:
QS-9000 VDAPPAP VDA-2 (LPP)APQP VDA-4.3
Tabela 3 - Equivalncia entre os Sistemas da Qualidade VDA e QS-9000 quanto ao processo deapresentao de amostras iniciais e o gerenciamento de lanamento de produtos.
Devido semelhana observada e ao foco deste trabalho, no
analisaremos o VDA-4.3.
2.3.2.Objetivos
O VDA-2 tem como objetivo, conforme o seu prprio texto, o de
oferecer o fundamento para que a comprovao de que o fornecedor capaz de
fornecer produtos com qualidade, de acordo com as exigncias seja verificada.
2.3.3.Liberao do Processo de Produo e do Produto (LPP)
O processo de homologao de produtos tratado na LPP. A Figura 3
abaixo fornece o equivalente ao Diagrama Temporal de Planejamento de Qualidade
de Produtos do APQP (Figura 2). Em destaque, temos a LPP.
Em seguida, na Tabela 4, tem-se a lista de requerimentos da LPP e a
equivalncia com o PPAP.
15
ElementoLPP Descrio Original em Portugus
Equivalente PPAPN/A = No Aplicvel
1 Folha inicial do relatrio de avaliao da amostrainicial I.2.2.13
2 Resultados das avaliaes I.2.2.7, I.2.2.8,I.2.2.153 Tamanho da amostra inicial I.2.14 Documentos (desenhos e especificaes) I.2.2.1, I.2.2.25 Liberao da construo e de desenvolvimento I.2.2.36 FMEA I.2.2.4, I.2.2.67 Diagrama de desenvolvimento do processo I.2.2.5, I.2.2.128 Planos de produo e de controle I.2.2.12
9 Lista dos meios de controle (especfica para oproduto) I.2.2.18
10 Avaliao da capacidade dos meios de controle I.2.2.9
11Comprovao do atendimento de exigncias legaise daquelas combinadas com o cliente (meioambiente, segurana, reciclagem, etc)
I.2.2.19
Tabela 4 - Elementos da LPP e equivalncia com os elementos do PPAP. In: VERBAND DERAUTOMOBILINDUSTRIE. VDA 2: Asseguramento da Qualidade de Fornecimentos. So Paulo,Brasil: IQA, 1998.
Figura 3 - Etapas para a qualificao de um produto conforme VDA. In: VERBAND DERAUTOMOBILINDUSTRIE. VDA 2: Asseguramento da Qualidade de Fornecimentos. SoPaulo, Brasil: IQA, 1994. p.23.
Fase de Planejamento Desenvolvimento de Produto e Processo Srie
1o Passo
Estimativa de Potencial
2o Passo
Liberao do Sistema da Qualidade
3o Passo
Liberao do Processo
4o Passo
Negociao de AAQ,
PPM
5o Passo
LPP Final, Liberao do
Produto
6o Passo
PPM - ndice de Reclamaes,
Acompanhamento do Produto
Levantamento Geral da Capacidade Qualitativa
Emisso de Pedido
Capacidade Qualitativa Especfica por Processo
Desempenho da Qualidade na Srie
16
2.3.4.Requerimentos de homologao
O VDA-2 e o PPAP equivalem-se no sentido de descrever em que
situaes o processo de amostras iniciais deve ser usado, essencialmente as mesmas
descritas em 2.1.4.
2.3.5.Concluses
A LPP apresentada de forma mais concisa que o PPAP.
Especificamente, visto que os elementos os elementos I.2.2.10, I.2.2.11, I.2.2.14,
I.2.2.16 e I.2.2.17 no possuem uma correlao direta com os elementos da LPP.
Quanto aos demais elementos, no foram observados nenhum fator diferencial
significativo.
17
2.4.ISO/TS-16949: Quality Systems-Automotive Suppliers (1st Edition)
2.4.1.Introduo
A ISO/TS-16949 (9) uma evoluo dos diferentes sistemas da
qualidade adotados pelos fabricantes de veculos. Diversos organismos de
normatizao do setor nos Estados Unidos, Frana, Itlia e Alemanha participaram
do seu desenvolvimento.
2.4.2.Objetivos
De acordo com a especificao tcnica, seu objetivo indicar as linhas
gerais para o desenvolvimento de um sistema da qualidade com foco em:
melhoria contnua;
preveno de defeitos;
reduo de variaes e perdas.
2.4.3.Requerimentos de homologao
A ISO/TS-16949 integrou nos requerimentos 4.2.3 (Planejamento da
Qualidade) e 4.2.4 (Execuo do Produto) todas as atividades de planejamento de
qualidade de produto, nomeando este processo de Execuo de Produto, ou Product
Realization.
A Tabela 5, a seguir, mostra onde as atividades de PPAP e APQP so
tratadas na ISO/TS-16949. Especificamente no pargrafo 4.2.4.11, temos que O
fornecedor deve cumprir o procedimento de aprovao de produto e processo
reconhecido pelo cliente.
A Tabela 6 apresenta a equivalncia entre o PPAP e os elementos da
ISO/TS-16949.
QS-9000 ISO/TS-16949 (1st Edition)PPAP 4.2.4APQP 4.2.4 + 4.4
Tabela 5 - Equivalncia entre os Sistemas da Qualidade ISO/TS-16949 e QS-9000 quanto aoprocesso de apresentao de amostras iniciais e o gerenciamento de lanamento de produtos.
18
RequerimentoISO/TS-16949(1st Edition)
Descrio em PortugusDescrio Original em Ingls
EquivalentePPAPN/A = No Aplicvel
4.2.4.1 Consideraes GeraisGeneral N/A
4.2.4.2 MediesMeasurementsI.2.2.7I.2.2.8
4.2.4.3 Ciclo de RevisesReview Cycle N/A
4.2.4.4 Abordagem MultidisciplinarMultidisciplinary Approach N/A
4.2.4.5 Ferramentas e TcnicasTools and Techniques I.2.2.9
4.2.4.6 CAD I.2.2.1I.2.2.3
4.2.4.7 Caractersticas EspeciaisSpecial Characteristics
I.2.2.1I.2.2.2I.2.2.4I.2.2.6
4.2.4.8 Reviso de Potencial de ExecuoFeasibility Review N/A
4.2.4.9 Gerenciamento do Processo de ProjetoManagement of Process Design N/A
4.2.4.10 Plano de ControleControl Plan I.2.2.12
4.2.4.11 Processo de Aprovao de ProdutoProduct Approval Process Todos
Tabela 6 - Elementos da ISO/TS-16949 (primeira edio) e equivalncia com os elementos do PPAP.In: AUTOMOTIVE INDUSTRY ACTION GROUP. ISO/TS 16949:Quality Systems-AutomotiveSuppliers. Southfield, EUA: AIAG, 1999.
2.4.4.Anlise dos requerimentos
Os requerimentos 4.2.4.1, 4.2.4.3, 4.2.4.4 e 4.2.4.5 so relacionados
diretamente com o APQP, e no com o PPAP. De forma resumida, os mesmos
indicam que projetos de produtos devem ser revistos de forma peridica por uma
equipe multidisciplinar.
19
Em adio ao descrito acima, o pargrafo 4.2.4.5 deve incluir o
equivalente aos Estudos Iniciais de Processo do PPAP. Diferente deste ltimo, no
h uma meno explcita quanto a objetivos definidos pelo sistema em termos de
Cpk ou Ppk.
Os requerimentos 4.2.4.8 e 4.2.4.9 tambm no tm equivalentes diretos
no PPAP, mas tm no APQP. No primeiro, a idia de se ter uma posio segura,
antes das medies estatsticas do requerimento 4.2.4.2, de que o produto projetado
pode ser manufaturado de forma repetitvel, por exemplo, a partir de simulaes ou
do conhecimento da equipe multidisciplinar.
Destaque especial deve ser dado ao requerimento 4.2.4.11, o qual indica
explicitamente que o fornecedor deve estar apto a cumprir o procedimento de
aprovao de produto e processo (de manufatura) do cliente. A aprovao da pea
(ou aprovao de produto) considerada como a etapa final de Execuo de Produto,
e deve ser executada aps a aprovao de processo.
Um ltimo ponto de destaque que a ISO/TS-16949 torna explcita, neste
requerimento, a necessidade de homologao dos componentes fornecidos pelos sub-
contratados.
2.4.5.Concluses
A abordagem genrica com nfase em um processo similar ao APQP, e
no ao PPAP, marcante nesta primeira edio da ISO/TS-16949. Isto pode ser visto
na Tabela 6, onde diversos requerimentos no possuem correlao direta com o
PPAP.
Um outro aspecto desta abordagem genrica o objetivo da Execuo
de Produto, que entregar produtos de acordo com os requerimentos do cliente.
Um avano sutil, porm significativo, refere-se ao fato de esta norma
ter como um dos objetivos a reduo das variaes estatsticas, e no apenas em
assegurar a repetibilidade de processos como visto no PPAP.
20
2.5.ISO/TS-16949: Quality Management Systems (2nd Edition)
2.5.1.Introduo
A segunda edio da ISO/TS-16949 (10) foi lanada em maro de 2002.
No Brasil, as grandes empresas do setor automotivo informaram sobre obteno
desta certificao a partir de 2003.
Trs fatores inovadores podem ser vistos como base desta segunda
edio: o envolvimento da JAMA uma associao de indstrias do setor
automotivo do Japo; o fato de que o captulo sobre Execuo de Produto foi
completamente revisto, com um enfoque ainda mais prximo do APQP em relao
primeira edio; e a forte referncia ao sistema da qualidade ISO 9001:2000.
2.5.2.Objetivos
No h alteraes em relao primeira edio.
2.5.3.Requerimentos de homologao
O processo de Execuo de Produto (captulo 7 da especificao
tcnica) permanece como equivalente ao APQP. No requerimento 7.3.6.3 (Processo
de Aprovao de Produto), temos que A organizao deve estar em conformidade
com um processo de aprovao reconhecido pelo cliente. Este processo de aprovao
de produto e manufatura tambm deve ser aplicado a fornecedores.
2.5.4.Concluso
Conforme evidenciado acima, a norma no explcita quanto aos
requerimentos de homologao, deixando isto a cargo de um entendimento entre
cliente e fornecedor. Essencialmente, o mesmo requerimento 4.2.4.11 da primeira
edio.
21
2.6.AS-9000: Aerospace Basic Quality System Standard
2.6.1.Introduo
A AS-9000 (11) um sistema de qualidade baseado na ISO-9000,
publicado pela SAE Society of Automotive Engineers no ano de 1997. Seu
contedo tambm se assemelha QS-9000.
2.6.2.Objetivo
O objetivo da AS-9000, conforme seu escopo, o de padronizar, tanto
quanto possvel, os requerimentos associados a sistemas da qualidade da indstria
aeroespacial.
2.6.3.Requerimentos de homologao
No existe nenhum elemento ou captulo dedicado a este tema.
Observa-se, no entanto, alguns elementos ou pargrafos que guardam certa
correlao com o APQP e/ou com o PPAP, conforme segue:
Pargrafo 4.2.3 Quality Planning. Descreve de forma genrica dez requerimentos
da atividade de planejamento de qualidade de produto.
Pargrafo 4.4.6 Design Review. Recomenda que, em estgios apropriados, durante
o desenvolvimento , o projeto do produto, seja revisto.
Pargrafo 4.4.7 Design Verification. Recomenda a execuo de anlise (medies,
simulaes, comparaes com produtos similares), em estgios apropriados do
desenvolvimento, para comprovao de que os requerimentos de projeto do estgio
de desenvolvimento em questo so atendidos.
Pargrafo 4.4.8 Design Validation. Similar ao pargrafo 4.4.7, difere apenas no
objetivo, o qual a verificao final do projeto do produto.
2.6.4.Concluso
A AS-9000 no faz nenhuma referncia a um processo especfico de
aprovao de produto. A norma sugere, no entanto, que um controle rgido de todas
as etapas de desenvolvimento de produto, seja executado.
22
3. ANLISE DO PROCESSO DE HOMOLOGAO DE PRODUTOS
3.1.Introduo
Uma vez entendidos os requisitos de homologao de produtos dos
principais sistemas da qualidade do setor automotivo, uma base slida foi construda
para que propostas factveis sejam apresentadas. Neste captulo, busca-se o
entendimento dos objetivos de um processo de homologao de produtos, atravs do
uso de uma tcnica conhecida como Anlise do Valor/Engenharia do Valor
(AV/EV). Com a ajuda desta tcnica, sero determinadas quais as funes essenciais
deste processo, e como estas funes podem ser executadas de forma eficiente.
3.2.Anlise do Valor/Engenharia de Valor (AV/EV)
O trabalho (12) registra que a Engenharia do Valor a aplicao
sistemtica, consciente de um conjunto de tcnicas que identificam funes
necessrias, estabelecem valor para as mesmas e desenvolvem alternativas para
desempenh-las ao menor custo possvel. Tambm pode ser entendida de maneira
mais abrangente como um esforo organizado dirigido anlise das funes de
sistemas, produtos, especificaes, padres, prticas e procedimentos com a
finalidade de satisfazer as funes requeridas ao menor custo total.
Esta ferramenta tem sido largamente utilizada por empresas de vrios
segmentos, cada uma utilizando as mais diversas variaes deste processo. Neste
trabalho, utilizada a tcnica de definio de funes na forma verbo +
substantivo, sendo posteriormente classificadas segundo seu tipo
(identificadora/agregada), relevncia ou irrelevncia, e uso ou estima. Um exemplo
de aplicao da tcnica no setor automotivo mostrado em (13).
23
3.3.Anlise do processo de homologao
3.3.1.Identificao de componentes e funes do processo de homologao
O processo de homologao de produtos ser dividido em partes
(pargrafo 3.3.3). Para o mtodo AV/EV, estas partes so denominadas
Componentes. Em seguida, cada componente ser descrito por Funes. Uma
Funo o objetivo de uma ao ou atividade que est sendo desempenhada, e no
a ao propriamente dita (12).
Dentre vrias metodologias possveis para identificao de
componentes e funes de um processo de homologao de produtos, trs se
destacam:
a vivncia e experincia do autor deste trabalho. Neste caso, pode-se ressaltar o
gerenciamento da homologao de oito circuitos eletrnicos integrados de udio,
rdio e digitais CMOS fabricados pela Philips Semiconductors e fornecidos
ento Diviso Eletrnica da Ford Motor Company (hoje, Visteon Sistemas
Automotivos), entre 1987 e 1991; alm de diversos produtos da Visteon Sistemas
Automotivos para empresas como PSA Peugeot Citron, Ford, GM-Fiat e
DaimlerChrysler, entre 2000 e 2002;
entrevista com Gerentes de Programas de uma empresa fornecedora para as
montadoras de veculos. No setor automotivo, esta atividade tem como misso a
coordenao de equipes de trabalho cujo objetivo o desenvolvimento, da
concepo at o lanamento do produto ou sistema, em conformidade com o
sistema da qualidade adotado, atendendo s expectativas do cliente em qualidade,
custos e prazos, e visando a mxima lucratividade possvel para a prpria empresa;
entrevista direta com as montadoras de veculos. Diversas reas destas empresas
mantm um relacionamento direto com empresas fornecedoras, ou seja, com os
gerentes de programas e suas respectivas equipes de trabalho. As principais reas
so:
gerncia do programa;
compras;
24
logstica de materiais;
desenvolvimento de fornecedores;
manufatura;
qualidade;
engenharia.
Neste trabalho, estaremos utilizando as duas primeiras metodologias
concomitantemente. Especificamente no caso da segunda metodologia, as seguintes
vantagens so observadas:
abrangncia. Os Gerentes de Programas entrevistados exercem suas funes na
Visteon Sistemas Automotivos, atualmente atuando com mais de 77.000
funcionrios em 25 pases, e cujos clientes incluem os 19 maiores fabricantes de
veculos do mundo;
centralizao de informaes. Gerentes de Programas so o principal elo de
ligao entre empresas fornecedoras e montadoras, tendo uma participao ativa
em todas as negociaes-chave e revises de projeto. Desta forma, razovel
supor que suas opinies expressem as necessidades e objetivos de clientes e
fornecedores;
histrico como montadora de veculos. A prpria Visteon uma empresa que
nasceu do desmembramento da Ford Motor Company, ocorrido em 1997. Vrios
destes gerentes de programas carregam a experincia e viso de uma montadora,
devido a este vnculo histrico.
3.3.2.Pesquisa com Gerentes de Programas
Este pargrafo apresenta as questes feitas aos Gerentes de Programas
da Visteon Sistemas Automotivos, e um resumo de suas respectivas respostas. No
pargrafo seguinte, temos a captura destas respostas, juntamente com a experincia
do autor deste trabalho, em funes conforme a tcnica de AV/EV.
a)Quais os principais objetivos que uma montadora espera atingir quando os seus
fornecedores executam um Processo de Aprovao de Amostras Iniciais?
25
Verificar o atendimento s especificaes e requerimentos de desenhos.
Garantir que a qualidade do componente ou subsistema esteja nos nveis
especificados.
Garantir a continuidade de fornecimento durante produo normal (baixos
ndices de desempenho e qualidade na produo destes componentes podem
afetar os compromissos de entrega dos mesmos s montadoras, causando
severos prejuzos financeiros).
Garantia de que o processo do fornecedor estatisticamente capaz e robusto,
prevenindo assim a ocorrncia de rejeies e interrupes no fornecimento.
Garantia de que mesmo as menores mudanas em um produto corrente sejam
devidamente avaliadas quanto aos impactos acima.
b)Na opinio de um Gerente de Programas, quais os principais objetivos devem ser
atingidos pela empresa fornecedora em um Processo de Aprovao de Amostras
Iniciais?
Identificar em toda a documentao do projeto (desenhos, especificaes, etc)
quais os pontos que podem eventualmente gerar dvida sobre a necessidade de
execuo de testes, ou mesmo sobre a conformidade do teste executado em
comparao com a documentao fornecida pela montadora, document-los
claramente e definir uma abordagem conjunta com o cliente para que uma
concluso seja obtida.
Exemplo: Em um painel de instrumentos de veculo, diversos subsistemas
(rdios, mostradores de velocidade, sistemas de navegao, entre outros) vindos
de fabricantes diferentes do painel podem ser agregados ao mesmo.
Tipicamente, exigido dos fabricantes destes ltimos que haja um controle
dimensional apenas dos pontos de fixao de seus produtos ao painel. Se aps
montado, ocorrer algum tipo de problema devido interao do subsistema com
o painel (por exemplo, rudo devido ao atrito) e este no for causado pelos
pontos de fixao, h o risco de uma disputa tcnico/comercial sobre a
responsabilidade de correo do problema (o fabricante do painel ou do
subsistema) e dos custos gerados por esta no qualidade.
26
Alguns Gerentes de Programas defendem a idia de que no h necessidade de
execuo de homologao para mudanas de engenharia em produtos
maturados. Neste caso, o processo seria substitudo por um rigoroso processo de
gerenciamento de mudanas.
c) Que tipos de dados so apresentados s montadoras que, em sua opinio, no
adicionam valor ao processo?
Duplicao de documentos. sugerido que seja entregue ao cliente apenas um
sumrio da aprovao. Esta pgina deve referenciar o local de guarda dos
documentos que contm todos os detalhes.
Duplicao de testes. Por exemplo, se duas peas plsticas diferentes so
injetadas com um mesmo tipo de matria-prima, a homologao desta matria-
prima deve ser feita uma nica vez, e referenciada para todas as peas que a
utilizam.
Execuo de testes pelo simples fato de estarem em uma especificao, sem que
seja feita uma anlise crtica da necessidade do mesmo para o projeto,
componente ou subsistema em especfico. A execuo de testes contidos em
especificaes genricas tambm se enquadra nesta situao.
d)Indique os principais requerimentos considerados como um gargalo do processo
de Amostras Iniciais, em termos de custo.
Excesso de auditorias por parte de clientes.
Excesso de revises e relatrios.
Estrutura e recursos necessrios para o acompanhamento de um processo de
homologao.
Execuo de testes j realizados, devido a falhas na conduo, interpretao
inadequada das condies de testes ou dos resultados, etc.
Utilizao de equipamentos sofisticados, em detrimento de solues mais
simples e igualmente eficazes.
e) Idem questo d) acima, em termos de tempo.
As respostas foram essencialmente idnticas s encontradas na questo d).
27
f) Indique requerimentos no escritos nos processos de Amostras Iniciais das
montadoras, os quais so normalmente includos em um Compromisso de
Trabalho (Statement of Work) especfico, ou mesmo aqueles que eventualmente
nunca so formalizados.
O processo de homologao de amostras iniciais normalmente a fase final de
aprovao de uma pea, componente ou sistema. Nos casos em que a aprovao
de parmetros subjetivos ou no facilmente quantificveis por grandezas fsicas,
como o caso da aprovao de aparncia, so normalmente definidas diversas
fases de aprovao interina, anteriores aprovao final. Tais parmetros
podem ser nveis de arranhes em superfcies, brilho, cor, harmonia, ou rudo,
dentre outros.
Durante a aprovao interina de parmetros subjetivos, pode ocorrer que os
ajustes encontrados em comum acordo entre cliente e fornecedores no sejam
posteriormente traduzidos para um documento ou especificao escrita, ou
mesmo a gerao de uma amostra-padro. Tal situao pode levar a uma falsa
situao de no conformidade no futuro, no caso de usurios do cliente,
alheios ao processo de homologao (normalmente a rea de manufatura),
questionar sobre estes mesmos parmetros.
3.3.3.Componentes e Funes do processo de homologao
A seguir, o processo de homologao de produtos dividido em
componentes, os quais, por sua vez, so descritos por funes. usada a tcnica de
descrio de funes por meio de verbo e substantivo. A Tabela 7 apresenta cada
componente do processo de homologao de produtos, suas funes, e uma breve
descrio do seu significado.
Componente Funo(Verbo+Substantivo) Descrio
Especificaes
Documentar Produto Registrar os detalhes tcnicos defuncionamento e construo do produto.
Fornecer Evidncias
Fornecer material a ser avaliado duranteauditorias de rgos governamentais, docliente ou de terceiros. Exemplo: auditoriade certificao de sistema da qualidade.
28
Componente Funo(Verbo+Substantivo) Descrio
Testes eEnsaios
Aprovar AparnciaHomologao de aspectos de aparncia doproduto, tais como cor, forma, brilho,textura, harmonia.
Atender Legislao
A homologao deve atestar se o produtoatende legislao aplicvel ao mesmo.Esta legislao varia tipicamente entrepases. Exemplo: nveis de emisso depoluentes.
Atender Normas
Verificao de que o produto e seufabricante atende a todos os requisitos dasnormas solicitadas pelos clientes. Exemplo:requerimentos especficos da Fordconforme descritos no manual do PPAP.
Avaliar Durabilidade
A partir de testes de durabilidade, avalia-seo desempenho do produto em diversascondies, tais como: temperatura,umidade, presso, vibrao, salinidade.
Avaliar Fornecimento
Avaliar a qualidade e continuidade defornecimento de peas montadora. Estasdevem chegar ao seu destino no tempo e emquantidades solicitados, mantendo todas assuas caractersticas tcnicas intactas.
AvaliarFuncionamento
Avaliar o desempenho do produto em si, emcondies normais de operao.
Comparar Medidas
Os valores medidos de parmetros doproduto durante os testes e ensaios devemser comparados com os valores e tolernciasdefinidas em projeto.
ExecutarExperimentos
Execuo de testes, ensaios e simulaespara coleta de dados e anlise dedesempenho do produto.
Validar FabricaoValidar processo de montagem e teste doproduto, verificando se os mesmos soestatisticamente repetitveis.
Validar MontagemValidao da interao entre o produto(pea) e o sistema (veculo), durantemontagem.
Validar ProjetoValidao do produto em nvel de projeto, apartir de simulaes, prottipos, pesquisasde satisfao de clientes, dentre outros.
29
Componente Funo(Verbo+Substantivo) Descrio
Testes eEnsaios Validar Tecnologia
No caso de novas tecnologias (novosmateriais ou novos processos, por exemplo),estas tambm devem ser homologadas. Avalidao da tecnologia normalmenteindepende do produto na qual aplicada.Exemplo: novos materiais obtidosnormalmente em condies de laboratrio,cuja produo em larga escala, est sendoiniciada.
Relatrios
Analisar ResultadosAnlise de resultados dos testes e ensaiosexecutados, para um posterior julgamentosobre se o produto foi aprovado ou no.
Documentar Produto (Item descrito anteriormente).
DocumentarResultados
Registrar todos os resultados obtidos nahomologao para o caso de auditoriasrequeridas pelo cliente e pelos rgos defiscalizao governamentais, entre outros.
Fornecer Evidncias (Item descrito anteriormente).
Gerar Melhorias
Fornecer informaes sobre ensaios cujosresultados apresentam uma altavariabilidade, de modo que possam serfeitas melhorias no produto ou processo.
Laudo Tcnico
Atender Evento
As montadoras, durante a homologao deveculos, programa montagens de unidadesconsideradas como vendveis, a partir depeas homologadas.
Atender Legislao (Item descrito anteriormente).Atender Normas (Item descrito anteriormente).DocumentarResultados (Item descrito anteriormente).
Fornecer Evidncias (Item descrito anteriormente).
Obter Aprovao
Ato de formalizao entre cliente efornecedor de que o produto homologadoest em conformidade em relao aosrequerimentos acordados.
Amostras
Atender Evento (Item descrito anteriormente).Fornecer Evidncias (Item descrito anteriormente).
Gerar PadresGerao de peas-padro para uso nacalibrao de equipamentos, aceitao deproduo e montagem de lotes-piloto.
Tabela 7 - Componentes e Funes de um processo de homologao de produtos.
30
3.4.Classificao de funes
A seguir, passamos classificao de funes. Esta classificao ser
posteriormente utilizada, ao longo do trabalho. As definies de cada classificao
so apresentadas conforme segue:
funes identificadoras (ID): consistem na razo de ser do produto, sem as quais
este estaria descaracterizado e perderia o seu valor ou utilidade para o usurio;
funes agregadas (A): so aquelas que possibilitam o melhor desempenho das
funes identificadoras, ou ainda que ajudam na venda de um produto;
funes de uso (U): possibilitam o funcionamento do produto e so definidas por
verbos e substantivos mensurveis;
funes de estima (E): esto relacionadas vontade do usurio ou cliente em
possuir o produto, e so definidas por verbos e substantivos no mensurveis;
funes relevantes (R): so aquelas que o usurio ou cliente quer encontrar
desempenhadas pelo produto;
funes irrelevantes (I): existem somente para que funes relevantes possam ser
realizadas, ou seja, aparecem apenas para dar suporte realizao das funes
relevantes.
A Tabela 8 mostra a classificao das funes listadas conforme as definies acima.
31
Funo (Verbo+Substantivo) ID/A U/E R/IAnalisar Resultados X XAprovar Aparncia X XAtender Evento XAtender Legislao X XAtender Normas X XAvaliar Durabilidade X X XAvaliar FornecimentoAvaliar Funcionamento X X XComparar Medidas XDocumentar ProdutoDocumentar Resultados XExecutar Experimentos X XFornecer Evidncias XGerar MelhoriasGerar PadresObter Aprovao X XValidar Fabricao X XValidar MontagemValidar Projeto XValidar Tecnologia X
Tabela 8 - Funes de um processo de homologao de produtos e respectiva classificao.
3.4.1.Diagrama FAST
O FAST (Function Analysis System Technique) foi desenvolvido por
Charles S. Bytheway em 1965 com o objetivo de promover um maior entendimento
entre as funes de um produto, servio ou processo.
Esta tcnica produz um diagrama composto pelas funes integradas de
forma lgica, denominado rvore funcional, o qual fornece uma viso sistmica do
processo em anlise. Detalhes sobre a aplicao desta tcnica so encontrados em
(12).
32
Dentro da rvore funcional, o caminho crtico do processo , que a
essncia do mesmo e cujas funes no esto relacionadas com a forma ou soluo
atual do processo, identificado. Pela tcnica, funes que no se ligam ao caminho
crtico podem ser eliminadas, sem que haja descaracterizao do processo.
No diagrama tambm identificado o escopo do processo, ou seja, as
funes que so de competncia do processo, funes que devem ser executadas para
possibilitar o seu funcionamento, e as funes com as quais o processo colabora.
A Figura 4 a seguir apresenta o diagrama FAST do processo de
homologao de produtos, onde visto o seu escopo, entre as linhas pontilhadas, e
caminho crtico, o principal ramo do grfico. A partir deste, alguns comentrios e
concluses so registrados:
todas as funes identificadoras (em amarelo no diagrama) aparecem no caminho
crtico. Este um resultado esperado, uma vez que as funes identificadoras, se
eliminadas ou modificadas, descaracterizam o processo;
as funes Documentar Produto e Atender Evento so consideradas como no
pertencentes ao escopo do processo. No caso da primeira, entende-se que as
especificaes, normas, compromissos de trabalho, so entradas do processo, as
quais so preparadas nas fases iniciais do programa. Quanto segunda, entende-
se fazer parte de outros processos no pertencentes homologao da pea;
a funo Validar Montagem tambm foi considerada como fora do escopo. A
razo vem da anlise da funo em si. Ao avaliar a montagem do veculo, um dos
objetivos o de se observar como todas as suas peas se comportam em condies
reais de uso na montadora, e no o de procurar no conformidades na pea em si,
j que esta garantia dada basicamente pelo sistema de qualidade do fabricante da
pea e pela homologao da mesma.
Figura 4 - Diagrama FAST de um processo genrico de homologao de produtos. As funes em amarelo so as funes identificadoras, e as azuis denotamfunes fora do escopo do processo. As linhas horizontais tracejadas delimitam este escopo.
Documentar Produto
Executar Experimentos
Obter Aprovao
Atender Normas
Validar Fabricao
Avaliar Funcionamento
Comparar Medidas
Atender Legislao
Validar Tecnologia
Validar Projeto
Avaliar Durabilidade
Atender Evento
Documentar Resultados
Validar Montagem
Aprovar Aparncia
Como ?
Analisar Resultados
Fornecer Evidncias
Gerar Melhorias
Gerar Padres
Por Que?
Avaliar Fornecimento
34
3.4.2.Reavaliao de funes
Neste pargrafo, apresenta-se uma anlise crtica das funes de um
processo de homologao de produtos, obtendo-se, desta forma, as bases para a
proposta alternativa ao mesmo.
Como uma das premissas bsicas deste trabalho a de obter-se uma
proposta em consonncia com a segunda edio da ISO/TS-16949, todas as menes
ao termo ISO/TS-16949, a partir deste pargrafo, devem ser entendidas como
sendo a esta edio em especfico. Expresses do tipo conforme elemento XYZ
tambm devem ser entendidas como referncias a elementos desta especificao
tcnica, exceto nos casos explicitamente referenciados.
Aps a anlise crtica, sob o ttulo de Recomendaes, sero listados os
pontos especficos a serem considerados na proposta de homologao de produtos.
a. Fornecer Evidncias e Gerar Melhorias
A partir da anlise do diagrama FAST da Figura 4, conclui-se que
ambas as funes podem ser eliminadas, j que nenhuma delas possuem caminhos
que levem funo Atender Evento, ao se fazer a pergunta Por Que ?,
repetidamente, a partir de seus respectivos blocos.
Recomendao
Eliminar as funes.
b. Documentar Produto
Levando-se em conta os requerimentos da ISO/TS 16949 e as
necessidades levantadas em pesquisa, considera-se que durante a documentao de
um produto, as seguintes prticas devam ser contempladas:
excelncia na formao tcnica da equipe de projeto. Entende-se como equipe de
projeto, todas as pessoas direta ou indiretamente ligadas ao desenvolvimento do
produto (engenheiros de manufatura e da qualidade, compradores, analistas de
materiais, dentre outros), e no apenas aos projetistas propriamente ditos;
35
identificao e parametrizao das caractersticas crticas para a qualidade (CTQ).
Estas caractersticas devem ser o objeto central de avaliao pelo processo de
homologao de produtos. Tcnicas como a Funo de Desdobramento da
Qualidade (QFD) so normalmente utilizadas para descrio destas caractersticas.
Posteriormente, estas caractersticas so utilizadas nos FMEA e Planos de
Controle;
minimizao de variaes das caractersticas CTQ, como forma de prevenir falhas,
a partir das etapas iniciais de projeto, em detrimento da tratativa de defeitos
atravs da deteco de falhas. A metodologia Seis Sigma (anexo 2) preconiza a
utilizao da ferramenta conhecida como Projeto para Seis Sigma (DFSS) como
um caminho em busca da excelncia;
extensiva utilizao de ferramentas computacionais tipo CAE/CAD/CAM em
todas as etapas de projeto, quer seja do produto (CAE/CAD), quer do processo de
fabricao (CAE/CAM), quer de simulao para determinao de variabilidade de
caractersticas CTQ em anlises de confiabilidade (temperatura, umidade,
vibrao, dentre outras). Neste caso, um conceito indito em termos de sistemas
de qualidade automotivos pode ser explorado: a homologao de ferramentas e
modelos computacionais;
congelamento da etapa de projeto de produto. As chamadas mudanas tardias,
aps as fases de validao de projeto e documentao do produto, tm sido
apontadas como causa comum de erros. Por exemplo, devido presso do
cronograma, as pessoas envolvidas no projeto tendem a subestimar a necessidade
de uma avaliao detalhada dos impactos de mudanas. Considera-se esta como
sendo uma questo tanto disciplinar quanto de planejamento no processo de
gerenciamento de projetos, respectivamente, pela necessidade de respeitar-se as
limitaes de tempo em um desenvolvimento, e pelo fato de que um planejamento
prvio e metdico fundamental para o sucesso de qualquer projeto;
elaborao de um plano de validao e controle abrangendo todas as
caractersticas CTQ identificadas. Devem ser consideradas:
validao da tecnologia;
36
validao do projeto;
validao de manufatura ou fabricao;
controle de caractersticas.
Recomendao
Incluir os itens abaixo como pr-requisitos obrigatrios ao processo de
homologao de produtos:
verificao do cumprimento do elemento 6.2.2.1 Product design skills,
relativo formao tcnica de toda a equipe de projeto. Incluir conhecimento da
tcnica DFSS e da metodologia Seis Sigma;
homologar previamente as ferramentas computacionais e modelos matemticos
utilizados em todas as fases de projeto e homologao de produto conforme a
norma ISO/IEC 14598 (14) (15) (16);
identificao das caractersticas CTQ, conforme abordado no elemento 7.3.2
Design and development inputs;
planejar a execuo das validaes necessrias de tecnologia, projeto e fabricao,
de modo a otimizar-se os recursos de engenharia atravs da diminuio da
quantidade de testes redundantes em diferentes etapas de validao. Utilizar
documentos como FMEA e Plano de Controle como entradas para o
planejamento., conforme requerido respectivamente pelos elementos 7.3.3 -
Design and development outputs e 7.5.1.1 - Control plan.
c. Executar Experimentos
O desafio na busca de formas alternativas e eficientes de execuo de
experimentos est basicamente no balanceamento dos seguintes fatores:
tempo de execuo (minimizar);
custo da execuo (minimizar). Como exemplo, um teste de durabilidade de peas
a serem usadas no compartimento de motores pode chegar, de acordo com a
especificao adotada, a casa das centenas de milhares de dlares;
37
disponibilidade da tecnologia. Este fator especialmente crtico no Brasil, o qual,
embora contando com avanos e investimentos significativos, sabe-se que
comum as indstrias do setor, especialmente as multinacionais, recorrerem aos
seus centros tcnicos no exterior para execuo de testes e ensaios. Graas ao
avano da tecnologia de semicondutores, alavanca-mestre da criao de
microprocessadores cada vez mais rpidos, tem-se em franca expanso a utilizao
de simuladores computacionais e de ferramentas de realidade virtual. Este avano,
em vrios casos, tem levado a uma diminuio no tempo e nos custos de execuo
de ensaios. Com ferramentas tipo CAE, como por exemplo o SPICE, simulador
computacional para circuitos e dispositivos eletrnicos, possvel prever o
comportamento de sistemas extremamente complexos, tendo-se inclusive
resultados sobre a variabilidade de determinadas caractersticas, como tolerncia
de componentes ou fatores ambientais (temperatura), sem que produtos reais
sejam fisicamente medidos.
Recomendaes
Durante o planejamento de validao de produto, a equipe deve levar em conta os
fatores tecnolgicos, os investimentos necessrios para t-la;
Incluir na ISO/TS 16949 a necessidade de homologao de ferramentas e modelos
computacionais conforme a norma ISO/IEC 14598 (ver funo Documentar
Produto).
d. Comparar Medidas
Esta funo a essncia de um conceito de qualidade antigo,
largamente aplicado no Japo na dcada de 1950, que a Adequao ao Padro.
A comparao de parmetros com padres tem como objetivo fornecer
dados para a avaliao do funcionamento e da durabilidade de uma pea produzida
em relao aos requerimentos estabelecidos.
Recomendao
Utilizar uma ferramenta de registro dos requerimentos de homologao a serem
38
cumpridos, e respectivos resultados.
e. Analisar Resultados
Esta uma atividade eminentemente tcnica, onde todos os dados
obtidos durante a execuo de experimentos so tabulados ou colocados em forma
grfica, de modo que concluses sejam tiradas sobre o desempenho do produto. Se
necessrio, melhorias so propostas, as quais, dependendo das circunstncias, podem
ser incorporadas de imediato ou no. Caso no conformidades sejam encontradas,
um plano de aes corretivas deve ser posto em prtica.
Recomendao
Observar elementos da norma ISO/TS 16949 em relao documentao do
produto no caso de mudanas no projeto (elemento 7.3.7 Control of design and
development changes) e de tomada de aes corretivas (elemento 8.5.2
Corrective action).
f. Avaliar Funcionamento e Avaliar Durabilidade
Consideram-se estas funes como particularidades das atividades j
descritas em Comparar Medidas e Analisar Resultados.
Recomendao
Nenhuma.
g. Validar Tecnologia, Validar Projeto e Validar Fabricao
A partir da aplicao direta da tcnica FAST s funes listadas na
Tabela 7, chega-se concluso de que estas validaes ocorrem concomitantemente,
conforme visto na Figura 4. No entanto, esta uma aproximao linear dos eventos
que acontecem durante o desenvolvimento de um produto. Em (17), citado que
Todos os projetos tm uma caracterstica bsica: no se desenvolvem linearmente,
com cada etapa sendo completamente detalhada antes de se passar para a seguinte.
(...) Um projeto se desenvolve em fases seqenciais, embora consideraes
39
pertinentes a fases posteriores sejam necessariamente utilizadas em fases anteriores.
Este processo de desenvolvimento conhecido como Espiral de Projetos.
A seguir, so listadas as sete fases tpicas de um projeto. Comentrios
foram adicionados apenas s etapas pertinentes anlise destas funes.
Estudo de Viabilidade. Diz respeito fase inicial do projeto, onde, por exemplo,
as diversas tecnologias disponveis so analisadas quanto sua aplicao, custo ou
maturidade. Nesta fase, diversas solues podem ser identificadas, cada uma com
um diferente nvel de compromisso dos seus aspectos-chave.
Projeto Bsico. Diz respeito avaliao das solues apontadas pelo estudo de
viabilidade, e escolha de uma das solues. O projeto detalhado em
profundidade suficiente para que as principais caractersticas CTQ, bem como as
caractersticas que as afetam diretamente, sejam avaliadas, por exemplo, a partir
de modelos matemticos (CAD).
Projeto Executivo. Trata do projeto detalhado do produto, onde todas as
caractersticas e componentes so especificados. Antes de iniciada esta etapa, uma
deciso tomada sobre a continuidade do projeto. Isto necessrio, pois
normalmente os maiores investimentos financeiros so feitos nesta etapa, tais
como confeco de prottipos, ferramentais, desenvolvimento e investimento com
sub-fornecedores, etc. Merece destaque a avaliao de caractersticas CTQ com o
auxlio de prottipos, as quais no puderam ser avaliadas atravs da modelagem
matemtica.
Planejamento da Produo/Execuo. Diz respeito s instalaes fabris, mquinas
e equipamentos, tcnicas de manufatura, controle de processos e qualificao das
pessoas ligadas diretamente ao processo de manufatura do produto.
Planejamento da Disponibilizao ao Cliente.
Planejamento do Consumo ou Utilizao do Produto.
Planejamento do Abandono do Produto.
Pode-se concluir, portanto, que a validao de uma determinada
tecnologia est intimamente associada fase 1 do projeto, que a validao do projeto
40
est associada s etapas 2 e 3, e que a validao de fabricao est associada etapa
4. Alm disso, devido ao processo de projeto em espiral, as validaes de tecnologia
e de projeto, ocorrem concomitantemente, mesmo que parcialmente, funo
Documentar Produto. Esta concluso refora a recomendao de que o planejamento
de validao do produto deve englobar todas as funes de validao, e deve ser
iniciada j nas primeiras fases do projeto.
Como comentrio final, um outro aspecto passvel de otimizao,
tambm relacionado validao de produtos, a determinao do tamanho da
amostra para os testes executados. Considera-se que este assunto esteja fora do
escopo deste trabalho, uma vez que diversas publicaes disponveis relacionadas s
cincias da Estatstica e da Confiabilidade abordam detalhadamente a matria.
Recomendao
Idem s j descritas na funo Documentar Produto.
h. Documentar Resultados
A necessidade de documentao de um plano de validao englobando
um descritivo dos mtodos de ensaios, critrios de aceitao e resultados das
avaliaes, bem como a necessidade de um planejamento integrado de todas as
validaes necessrias, foram objeto de anlise das funes anteriores. A seguir,
apresentada uma proposta de ferramenta chamada Plano de Validao Total (PVT),
a qual deve ser encarada como uma evoluo do DVP&R (Plano de Validao de
Projeto & Relatrio), mencionado no manual de APQP da QS-9000.
A Figura 5, a seguir, exemplifica o PVT. Os comentrios em vermelho
indicam o significado dos principais campos. Os comentrios em azul indicam o
significado do campo Classe. Este campo, emprestado do formulrio de Plano de
Controle proposto pelo APQP da QS-9000 (Figura 6), tem exatamente o mesmo
significado e utilizao de seu similar, e est em conformidade com o elemento
7.2.1.1 Customer-designated special characteristics. Seus possveis valores so:
caracterstica no-chave: caractersticas consideradas como improvveis de
impactar a aplicao, funcionalidade, segurana ou legislao em caso de
41
variaes previsveis;
caracterstica chave ou caracterstica significativa: So caractersticas
importantes para o cliente, ou que podem impactar a aplicao ou funcionalidade
em caso de variaes previsveis;
caracterstica crtica: So caractersticas que podem impactar a segurana ou o
cumprimento de legislao em caso de variaes previsveis.
O PVT proposto apresenta as seguintes propriedades:
identificao da pea (nome e nmero de identificao), nome do projeto
associado (por exemplo, o nome-cdigo do veculo) e o nome do cliente;
identificao dos responsveis pela validao do projeto (Engenheiros de Produto
e Manufatura);
status de aprovao dos testes e assinatura dos responsveis, atestando o laudo de
aprovao;
viso em folha nica das eventuais redundncias de testes para as diversas
validaes necessrias;
viso dos resultados de cada teste e comentrios sobre os mesmos, quando
aplicvel.
Recomendao
Utilizar o Plano de Validao Total como ferramenta de planejamento e controle
dos testes e ensaios necessrios.
Figura 5 - Plano de Validao Total. Em vermelho, o significado dos seus principais campos. Em azul, significado do campo Classe.
PLANO DE VALIDAO TOTALPLANO DE VALIDAO LAUDO DE APROVAO
Nome da pea Nome do Projeto: Engenheiro de Produto:Nome do engenheiro responsvel Testes foram executados e aprovados: Sim No
Cdigo da pea Cliente: Engenheiro de Manufatura: Assinatura do Engenheiro de Produto: Data:
Nome do engenheiro responsvel Assinatura do Engenheiro de Manufatura: Data:
Nome do teste
Classe
Validao Resultados dos TestesTecnologia Projeto Fabricao Tecnologia Projeto Fabricao Observaes e comentriosMtodo de execuo Critrio de aceitao Critrio de aceitao Critrio de aceitao
Amostra Aprovao Amostra Aprovao Amostra Aprovao Rejeitos Rejeitos Rejeitos
Em branco: caracterstica no-chaveC/S: caracterstica chave ou caracterstica significativaC/C: caracterstica relacionada com segurana e legislao (caracterstica crtica)
Nome do teste, descrio do mtodo de execuo, referncia a especificao ou norma contendo o mtodo
Tamanho da amostra
Critrio de aprovao
Quantidade de rejeitos
Figura 6 - Plano de controle.Campo 21 indica classificao de caractersticas. In:AUTOMOTIVE INDUSTRY ACTION GROUP.Advanced ProductQuality Planning and Control Plan.Southfield,EUA:AIAG,1994.p.34.
44
i. Atender Normas e Atender Legislao
Na anlise da funo Documentar Produto, sugerido que, atravs do
QFD, sejam identificadas as caractersticas CTQ. Estas caractersticas so
documentadas no Plano de Controle (Figura 6), inclusive em relao a caractersticas
chave, no-chave e crticas.
Portanto, o atendimento por parte do produto legislao, normas e
especificaes vigentes pode ser verificado atravs deste documento e do PVT.
Recomendao
Incluir o Plano de Controle e o PVT na documentao de homologao de
produto.
j. Aprovar Aparncia
O elemento 8.2.4.2 Appearance items e o elemento I.2.2.14
Appearance Approval Report (AAR) do PPAP abordam a questo de aprovao de
aparncia. Uma anlise mais detalhada mostra que o AAR compatvel com a
ISO/TS 16949.
Este ltimo elemento requer o preenchimento de um formulrio
especfico, mostrado na Figura 7, o qual tem o mrito de registrar em dados
numricos, como visto no campo Avaliao de Cor (Color Evaluation), parmetros
que o senso comum tende a julgar de forma subjetiva.
Recomendao
Utilizar o formulrio AAR, quando o produto assim o requerer.
Figura 7 - Relatrio de Aprovao de Aparncia. In: AUTOMOTIVE INDUSTRY ACTION GROUP. Production Part Approval Process, 3rd Edition.Southfield, EUA: AIAG, 1999.p. 58.
46
k. Gerar Padres
O PPAP define a utilizao de amostra-padro como sendo a de
auxiliar na definio de um padro de produo, especialmente quando dados so
ambguos ou em detalhes insuficientes para que produtos sejam reproduzidos
(manufaturados) conforme seu estado de aprovao original. A ISO/TS 16949 no
contm informao explcita sobre a gerao de padres.
O propsito definido pelo PPAP mostra que a existncia deste
requerimento serve unicamente para contornar dvidas relativas documentao de
produto. Considerando-se as modernas ferramentas de CAE e realidade virtual
disponveis, pode-se eliminar esta funo, sem prejuzo ao processo.
J a utilizao de amostras para ajustes de produo do cliente, um
fato usual que pode ser tratado de forma independente da homologao do produto
em si.
Recomendao
Desconsiderar esta funo do processo de homologao de produtos.
l. Avaliar Fornecimento
Pode-se dizer que a garantia de um fornecimento ininterrupto de peas
assegurada pelos seguintes fatores:
qualidade do processo produtivo e do projeto da pea, minimizando-se as
interrupes de produo por quebra da qualidade;
qualidade da embalagem, armazenamento e transporte da pea, evitando-se a sua
danificao aps ter sido manufaturada.
O primeiro item o principal foco de trabalho do processo de
homologao de peas. J o segundo, no tratado em nenhum dos processos
anteriormente estudados, com exceo do APQP (elemento 4.6 Packaging
Evaluation), o qual, na verdade, um processo de gerenciamento de projetos.
Assumindo-se que a embalagem no uma parte integrante do produto, embora seja
essencial para que o produto chegue at o cliente em perfeitas condies, ser
47
considerada, neste estudo, a mesma prtica adotada p
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