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1
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM TECNOLOGIA AMBIENTAL MESTRADO
REA DE CONCENTRAO EM GESTO E TECNOLOGIA AMBIENTAL
Fernando Sansone de Carvalho
A ECOEFICINCIA DOS PROCESSOS DO SISTEMA DE GESTO DE UMA FBRICA DE
COLCHES E ESTOFADOS BASEADO NAS SUAS NO CONFORMIDADES ESTUDO DE CASO
Santa Cruz do Sul, agosto de 2011
2
Fernando Sansone de Carvalho
A ECOEFICINCIA DOS PROCESSOS DO SISTEMA DE GESTO DE UMA FBRICA DE
COLCHES E ESTOFADOS BASEADO NAS SUAS NO CONFORMIDADES ESTUDO DE CASO
Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao Mestrado em Tecnologia Ambiental, rea de Concentrao em Gesto e Tecnologia, Universidade de Santa Cruz do Sul UNISC, como requisito parcial para a obteno do ttulo de Mestre em Tecnologia Ambiental.
Orientador: Prof. Dr. Jorge Andr Ribas Moraes Co-orientador: Prof. Dr. Enio Leandro Machado
Santa Cruz do Sul, agosto de 2011
3
RESUMO
Este trabalho apresenta uma proposta de indicador inovador dentro da Tecnologia
Ambiental, que a avaliao da ecoeficincia de uma empresa pelo vis de suas no
conformidades de seu sistema de gesto. Esta uma nova abordagem que no descarta as
tradicionais ferramentas de avaliao da ecoeficiencia de uma empresa; ela na verdade
incrementa as avaliaes e baseia-se no controle da exceo ou das no conformidades
ocorridas. As ferramenas tradicionais consideram os valores de medio dos processos
adotados a partir da premissa de que o processo sempre ser executado com perfeio e
sem erros, sendo que, na prtica, qualquer processo passvel de erro ou no conformidade
e, para cada no conformidade, existe um gasto financeiro para consert-lo ou remedi-lo
com a utilizao de recursos ambientais, seja matria-prima, insumos, embalagens, gua ou
energia. O estudo foi feito em uma indstria de colches e estofados, tendo validade para
qualquer empresa. A metodologia utilizada para essa pesquisa baseou-se nos estudos da
curva ABC; levantamento das no conformidades do processo selecionado; utilizao da
ferramenta GAIA Gerenciamento de Aspectos e Impactos Ambientais; Matriz de Leopold;
Avaliao de Aspectos e Impactos Ambientais; as quais serviram de balisadores para o
desenvolvimento do indicador proposto INCA Indicador de No Conformidade e
Ambiental; o qual poder ser implementado pelas organizaes visando uma gesto capaz
de sistematizar a produo sustentvel.
Palavras-chave: no conformidade, indicador ambiental, ecoeficincia ambiental, colches e
estofados.
4
ABSTRACT
This paper proposes a novel indicator in the Environmental Technology, which is the
evaluation of eco-efficiency of a company from the perspective of its non-compliance of its
management system. This is a new approach that does not rule out the traditional tools of
eco-efficiency assessment of a company, it actually increases the assessments and is based
on control of non-compliance or exception occurred. Tools to consider the values of
traditional measurement of processes adopted from the premise that the process will always
run smoothly and without error, and in practice any process is error-prone or non-
compliance, and for each non-compliance, there is a finance expense for repair or remedy it
with the use of environmental resources, whether raw materials, supplies, packaging, water
or energy. The study was done in an industry mattresses and upholstery furniture, and
applies to any company. The methodology for this research was based on studies of the ABC
curve; survey of non-compliance of the selected process; use of the tool GAIA -
Gerenciamento de Aspectos e Impactos Ambientais; Leopold Matrix, Evaluation of
Environmental Aspects and Impacts, which served as tag for the development of the
proposed - INCA - Indicador de No Conformidade e Ambiental, which may be implemented
by organizations seeking a management able to systematize sustainable production.
Keywords: non-conformities, environmental indicator, environmental eco-efficiency,
mattresses and upholstery furniture.
5
LISTA DE ILUSTRAES
Figura 1: Exemplo de estrutura e de preenchimento das RNCs .............................. 15
Figura 2: Relatrio de Ao Corretiva/Relatrio de Ao Preventiva .................... 17
Figura 3: Detalhamento das principais etapas utilizadas na metodologia da pesquisa ......... 18
Figura 4: Aspectos relevantes para as diferentes categorias de indicadores de
ecoeficincia ........................................................................................................................ 32
Figura 5: Avaliao de desempenho ambiental e seus indicadores segundo a norma ISO
14031 ............................................................................................................................. 33
Figura 6: Indicadores de desempenho ambiental operacional indstria .............. 33
Figura 7: Indicadores de desempenho ambiental operacional servios ................ 34
Figura 8: Indicadores de desempenho de gesto ambiental .................................... 34
Figura 9: Vista area da unidade fabril de Candelria (2009) .................................. 43
Figura 10: Fabricao do bloco de espuma .............................................................. 44
Figura 11: Descrio de Processo DP 11 Produo de Espuma ............................. 45
Figura 12: Laminadora de mantas ............................................................................ 46
Figura 13: Volume de resduo gerado na montagem dos colches ......................... 47
Figura 14: Produto para avaliao ............................................................................ 49
6
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Classificao da severidade dos aspectos de sada ................................. 37
Tabela 2 Classificao da probabilidade de ocorrncia ......................................... 38
Tabela 3 Referencial para Classificao da Sustentabilidade do Negcio ............. 58
7
LISTA DE ABREVIATURAS
5W2H What, When, Where, Why, Who, How, How Much
AIA Avaliao de Impacto Ambiental
CNTL Centro Nacional de Tecnologias Limpas
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
DDS Diviso para o Desenvolvimento Sustentvel
EEA European Environmental Agency
EMA Environmental Management Accounting
EMAS Environmental Management and Audit Scheme
EMS Environmental Management System
EPA Environmental Protection Agency
GAIA Gerenciamento de Aspectos e Impactos Ambientais
IEFM ndice de Eficincia do Fluxo de Massa
ISO International Organization for Standardization
MOVERGS Associao das Indstrias de Mveis do Estado do Rio Grande do Sul
NBR Norma Brasileira
ONU Organizao das Naes Unidas
PDCA Plan (planejamento), Do (execuo), Check (verificao), Act (ao)
PF Produto Final
PR Produto Reutilizvel
RAC/RAP Relatrio de Ao Corretiva/Preventiva
RES Recurso classificado como Resduo
RNC Relatrio de No Conformidades
RNRE Recurso No Renovvel Econmico
RRE Recurso Renovvel Econmico
RS Rio Grande do Sul
SENAI Servio Nacional de Aprendizagem Industrial
SGA Sistema de Gesto Ambiental
SGQ Sistema de Gesto da Qualidade
TDI Tolueno Diisocianato
TNT Tecido No Tecido
8
UNISC Universidade de Santa Cruz do Sul
WBCSD World Business Council for Sustainable Development
9
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Classificao da severidade dos aspectos de sada ................................. 37
Quadro 2: Classificao dos requisitos legais ........................................................... 38
Quadro 3: Classificao das medidas de controle .................................................... 39
Quadro 4: Entradas e Sadas do processo produtivo para a fabricao de colches .. 48
Quadro 5: Resumo da curva ABC ordenada por lucro ........................................................... 49
Quadro 6: Balano de Material ................................................................................ 50
Quadro 7: Avaliao de Aspectos Ambientais .......................................................... 55
Quadro 8: Matriz de Leopold ................................................................................... 56
Quadro 9: Verificao da Sustentabilidade da Organizao ....................................... 57
Quadro 10: RNC Registro de No Conformidades ................................................. 60
Quadro 11: Relatrio de No Conformidades alterado ............................................ 63
Quadro 12: INCA Indicador de No Conformidade e Ambiental ........................... 66
10
SUMRIO
1. INTRODUO .................................................................................................................... 11
1.1. Objetivos .................................................................................................................. 12
1.1.1. Objetivo geral .......................................................................................................... 12
1.1.2. Objetivos especficos .................................................................................................. 12
1.2. Justificativa ................................................................................................................. 13
1.3. Metodologia ............................................................................................................... 14
1.4. Estrutura do trabalho ................................................................................................. 18
2. REVISO BIBLIOGRFICA .................................................................................................. 19
2.1. Histrico do Setor de Colches no Brasil .................................................................... 19
2.2. Competitividade das Indstrias de Colches .............................................................. 21
2.3. Gesto Ambiental e o Setor de Colches ................................................................... 22
2.4. Impacto Ambiental e Ecoeficincia ............................................................................ 23
2.5. Ecogesto e as No Conformidades do Sistema de Gesto .................... 26
2.6. Ferramentas de Gesto .............................................................................................. 27
2.6.1. Curva ABC de Produtos .............................................................................................. 28
2.6.2. Diagrama de Ishikawa ................................................................................................ 28
2.6.3. No Conformidade ..................................................................................................... 29
2.6.4. Indicadores de Desempenho ...................................................................................... 30
2.7. Ferramentas Ambientais ............................................................................................ 30
2.7.1. Indicadores de Ecoeficincia .................................................................................... 31
2.7.1.1. ndice de Eficincia do Fluxo de Massa ........................................................... 35
2.7.2. Avaliao de Aspectos Ambientais ............................................................................. 36
2.7.3. Matriz de Leopold ....................................................................................................... 39
2.7.4. Gerenciamento de Aspectos e Impactos Ambientais GAIA ..................................... 40
3. RESULTADOS ..................................................................................................................... 42
3.1. Processo Produtivo de Colches .............................................................................. 42
3.1.1. Etapas do Processo ..................................................................................................... 43
3.1.1.1. Fabricao da Espuma .................................................................................. 43
11
3.1.1.2. Laminao das Mantas ................................................................................. 45
3.1.1.3. Montagem do Colcho ................................................................................. 46
3.1.1.4. Embalagem ..................................................................................................... 47
3.2. Classificao dos produtos da empresa pela curva ABC ............................................. 48
3.3. Diagnstico do processo produtivo do produto selecionado .......................... 50
3.3.1. No Conformidades encontradas ............................................................................... 59
3.4. Prognstico do processo produtivo ...................................................................... 61
3.5. Indicadores de desempenho da Ecogesto .......................................................... 64
4. CONCLUSO ................................................................................................................... 68
4.1. Implicaes Gerenciais ............................................................................................... 68
4.2. Implicaes Ambientais .............................................................................................. 69
4.3. Indicaes para outras pesquisas ............................................................................... 70
4.4. Consideraes finais ................................................................................................... 71
REFERNCIAS ......................................................................................................................... 72
11
1. INTRODUO
Atualmente as questes ambientais ganham cada vez mais destaque na mdia, seja
pelo noticirio de catstrofes atribudas s mudanas climticas ou por flagrantes de crimes
ambientais de grandes empresas. De uma forma ou de outra, notrio que existe um
crescente interesse da populao sobre as questes ambientais que veio na carona da
evoluo industrial.
Hoje, o poder pblico comea a fiscalizar mais as empresas por meio de legislaes
cada vez mais rigorosas, com aplicaes de pesadas multas e, inclusive, com prises de
alguns empresrios acusados de crime ambiental. Com isso fica claro que a tecnologia e o
conhecimento na rea ambiental sero impulsionados e o nmero de estudos abordando o
tema aumentar, visando o melhor entendimento do assunto e melhores formas de
vivermos de forma sustentvel em nosso planeta, garantindo a perpetuidade de nossa
espcie.
Alguns dos benefcios de um trabalho cientfico aplicado no mbito empresarial podem
ser: melhorar um processo, aperfeioar os resultados de uma empresa e solucionar ou
mitigar um problema ambiental.
Dentro de empresas que possuem um universo numeroso de produtos, processos,
setores, etc., muito comum, nestes casos, adotar estudos que foquem de alguma forma
naqueles que sejam mais representativos e importantes dentro da organizao, sendo um
dos caminhos mais comuns o trabalho com a curva ABC.
Esta pesquisa tambm abrangeu alguns destes propsitos citados anteriormente, haja
visto que no existem muitas publicaes referentes especificamente ao desempenho
ambiental da rea da indstria de colches no sul do pas.
comum, em algumas organizaes deste segmento, haver uma preocupao com a
imagem da empresa alinhada com as questes ambientais, aumentando suas vendas e
melhorando sua imagem atravs da adoo de selos verdes, que no so fruto de um
organismo certificador ou algo desta natureza. Suas agncias de publicidade criam os selos e
os colocam em seus produtos, a fim de melhorar a imagem da empresa e dos seus produtos.
Os conceitos de eficincia ambiental, produo mais limpa, ecoeficincia, etc., devem
ser encarados com certa relatividade, pois eles so referncia entre um mtodo atual de
12
fazer as coisas e um novo mtodo que consegue, de alguma forma, impactar menos o
ambiente (ou trazer algum benefcio); mas, com o passar do tempo, so inventados outros
novos mtodos e a referncia para dizer o que ecoeficiente, ou produzido de forma mais
limpa, passa a ser sempre a ltima tecnologia empregada.
Desta forma, prope-se, em primeiro lugar, fazer um diagnstico da situao atual da
organizao, visando identificar o que a empresa produz erroneamente dentro ou fora do
seu controle; ou o que ela executa desnecessariamente, designado nesse trabalho de no
conformidades; para depois, aplicando ferramentas consagradas de avaliao ambiental,
levantar os pontos crticos da produo do seu principal produto, propor melhorias nos
processos produtivos e, em seguida, criar indicadores de controle e sistematizar o novo
mtodo de fazer as coisas.
1.1. Objetivos
1.1.1. Objetivo geral
Aplicar procedimentos de Diagnstico e Prognstico da Ecogesto para uma empresa
produtora de Colches.
1.1.2. Objetivos especficos
Classificar os produtos da empresa selecionada pela curva ABC;
Diagramar o processo produtivo do produto selecionado, que foi determinado pela
curva ABC;
Identificar os impactos ambientais gerados pelo produto selecionado a partir da curva
ABC;
13
Priorizar e elaborar proposies para a adequao de no conformidades ambientais e
econmicas;
Propor indicadores de gesto capazes de sistematizar a produo sustentvel.
1.2. Justificativa
No mercado de colches do Brasil as empresas tm a atuao dos concorrentes em
mbito regional, no sofrendo uma ao efetiva de fbricas geograficamente distantes. Uma
das hipteses para essa ocorrncia que h um grande volume dos produtos
manufaturados e um impacto no custo do frete para transportar os produtos at os clientes.
Esse fato faz com que as empresas, de modo geral, vivam em uma realidade de pouca
concorrncia e com pouco interesse na mudana ou na melhoria dos seus processos, salvo
quando surge, por exemplo, uma ao forte da concorrncia ou a fora de uma lei
ambiental, fazendo com que saiam da inrcia para promover alguma modificao. Sendo
assim, essa rea da indstria tem muito a evoluir e este trabalho visa a contribuir no sentido
de melhorar o desempenho ambiental e, por consequncia, os resultados financeiros
daquelas organizaes.
A classificao dos produtos pela curva ABC importante porque existe uma grande
variedade de produtos na empresa e o trabalho seria extenso demais caso fossem
abordados todos, ao passo que, atravs da classificao pela curva ABC, pode-se dirigir os
esforos queles que so os mais representativos em termos de vendas, de volume
produzido e de faturamento.
O monitoramento da gesto ambiental por meio de indicadores traz como benefcio
para as organizaes a possibilidade da medio, j que s se gerencia o que se mede, sendo
possvel, inclusive, a comparao de desempenho entre empresas.
As normas brasileiras da srie NBR ISO 14001 (certificao ambiental), 14031 e 14032
(que tratam da Gesto Ambiental Diretrizes para avaliao do desempenho ambiental e
exemplos da avaliao, respectivamente) so adotadas por algumas empresas e, como so
normas internacionais, podem ser usadas para comparativo de qualquer empresa.
A realidade que poucas so as empresas desse segmento que possuem a certificao
na norma ISO 14001; e mesmo as que tm, no adotam os mesmos indicadores e a forma de
gerenciamento do seu sistema, o que dificulta o comparativo de desempenhos.
14
1.3. Metodologia
A Metodologia tem como funo posicionar os pesquisadores e ajud-los a refletir e a
instigar um novo olhar sobre o mundo: um olhar curioso, indagador e criativo (SILVA, 2001).
Neste trabalho, a metodologia usada foi uma pesquisa de natureza aplicada, com
abordagem qualitativa de objetivo exploratrio procedido como estudo de caso,
desenvolvido em uma empresa fabricante de colches do Rio Grande do Sul.
Os levantamentos dos dados ocorreram por meio de entrevistas semiestruturadas ao
gerente da rea industrial, visando obter o conhecimento do processo produtivo para
posterior anlise e propor crticas e sugestes de melhorias. Tambm se evidenciou o
processo por meio de registros fotogrficos, os quais serviram para demonstrar como a
organizao processa seus produtos e como ocorrem as no conformidades.
Aps a caracterizao da empresa estudada e da famlia de produtos escolhida para a
investigao, a qual foi feita a partir da aplicao da curva ABC (WERKEMA, 1995), tambm
se utilizou de ferramentas de diagnstico para identificar os impactos ambientais por meio
da Matriz de Leopold (LEOPOLD, 1971); Avaliao de Aspectos e Impactos Ambientais
(SENAI/CNTL, 2003); Indicador de Ecoeficincia de Fluxos de Massa IEFM (OLIVEIRA et al,
2005) e Gerenciamento de Aspectos e Impacto Ambiental GAIA (LERPIO, 2000).
As no conformidades foram relacionadas partindo de informaes existentes na
empresa e por ela disponibilizadas. Toda e qualquer ocorrncia de no conformidade, em
qualquer que seja a atividade de qualquer processo, registrada em um documento
chamado de Relatrio de No Conformidade, ou simplesmente RNC. Estas no
conformidades foram base para o incio do levantamento dos dados utilizados para
verificar a ecoeficincia dos processos dentro do sistema de gesto, uma vez que cada no
conformidade resulta em desperdcio de recursos para efetuar sua correo.
A metodologia para a etapa de prognstico foi apoiada em trabalhos de
implementao de Produo Mais Limpa do CNTL Centro Nacional de Tecnologias Limpas
SENAI-RS (SENAI, 2003). Cumprida esta etapa, priorizaram-se as proposies para a
adequao das no conformidades ambientais e econmicas encontradas. Para a soluo
15
das no conformidades utilizou-se o mtodo cientfico de resoluo de problemas, baseado
na metodologia do PDCA (Plan, Do, Check e Action) adotado pela empresa, o qual aponta
para dois caminhos: um para no conformidades que geram impactos pouco expressivos no
negcio da empresa e outro que gera impactos significativos.
No caso de gerar pouco impacto no negcio da empresa, aps o registro da no
conformidade, identifica-se o responsvel pelo registro e o responsvel pela tomada da ao
corretiva, que deve ser igualmente registrada no RNC, incluindo a data na qual foi
preenchido o registro, conforme fragmento de documento da empresa representada na
figura 1:
Figura 1: Exemplo de estrutura e de preenchimento das RNCs
J no caso em que h a gerao de impactos significativos no negcio da empresa,
deve-se adotar uma ao imediata para interromper os efeitos da no conformidade.
Caso no haja urgncia para a tomada de uma ao imediata, rene-se as pessoas com
conhecimento tcnico para ajudar a resolver a no conformidade, gestores das reas de
interesse, responsveis diretos pela ocorrncia ou afetados diretamente com o problema,
identificando-se a causa raiz da no conformidade, relacionando suas origens ou principais
causas de acordo com os 6 grupos:
Mo de obra: negligncia, falta de treinamento de pessoal, inaptido,
descumprimento do padro, falta de comunicao, etc.;
Material: desacordo com o padro, mudana, dosagem errada, fora de validade,
conservao inadequada, manuseio inadequado, preparo errado, defeito, compra errada de
material, entrega errada, etc.;
Mtodo: falta ou inexistncia de mtodo formal para a realizao da tarefa,
mtodo inadequado ou ineficiente, acesso ao mtodo difcil ou impossvel, ritmo
inadequado, processo de fabricao inadequado ou ultrapassado, etc.;
16
Meio ambiente: leiaute inadequado, ergonomia falha, intempries, iluminao
deficiente, ventilao ineficiente, falta de condio de trabalho, desastres climticos,
sazonalidade, mercado, etc.;
Mquinas: Equipamento com defeito, falta de manuteno preditiva ou preventiva,
defasagem tecnolgica, desgaste, regulagem inadequada, projeto ultrapassado (obsoleto),
erro de operao da mquina, etc.; e
Medidas: dimensional fora do padro, falta ou inexistncia de padro de
medidas, falta de calibrao dos instrumentos de medida, erro de dosagem, super ou
subdimensionamento, falta de instrumento de medida, etc.
Identificados os grupos que podem ser as causas da no conformidade, procura-se, a
partir desse levantamento prvio, descobrir a causa principal que gerou o efeito, valendo-se
do consenso do grupo.
Para as causas fundamentais criado um plano de ao baseado no 5W2H (What,
When, Where, Why, Who, How, How Much) resumido em: aes a serem tomadas para
impedir que a no conformidade ocorra novamente, local onde a ao deve ser
implementada, quem ser o responsvel pela implementao, prazo estipulado para
concluso e dia em que a ao foi efetivamente implementada. Alm do registro dos
participantes, tambm h um espao para o acompanhamento, que o fechamento depois
de evidenciada a eficcia das aes.
A figura 2 apresenta o relatrio utilizado pela empresa para o preenchimento dos
RAC/RAP para a soluo ou a preveno da no conformidade:
Figura 2: Relatrio de Ao Corretiva/
Por fim, feita a proposio da criao de indicadores de gesto para
evoluo da sistematizao
A figura 3 mostra o fluxograma com
metodologia desta pesquisa.
Relatrio de Ao Corretiva/Relatrio de Ao Preventiva
a proposio da criao de indicadores de gesto para
o da produo sustentvel.
fluxograma com o detalhamento das principais etapas
desta pesquisa.
17
a proposio da criao de indicadores de gesto para acompanhar a
o detalhamento das principais etapas utilizadas na
Figura 3: Detalhamento das principais etapas utilizadas na metodologia da pesquisa
1.4. Estrutura do trabalho
No primeiro captulo
e especficos), a justificativa da escolha da rea estudada
chegada aos resultados desejados.
O segundo captulo
reviso bibliogrfica fundamenta
autores sobre as metodologias aplicadas
O terceiro captulo abord
escolhido a partir da curva A
encontradas. Aps um prognstico dos processos analisados
aplicao da metodologia,
A concluso apresenta
para trabalhos futuros e a avaliao d
no.
Detalhamento das principais etapas utilizadas na metodologia da pesquisa
balho
apresentada a introduo, com a descrio
), a justificativa da escolha da rea estudada e a metodologia utilizada para
aos resultados desejados.
apresenta o desenvolvimento do corpo do trabalho,
reviso bibliogrfica fundamenta-se por meio do estado da arte, revendo os conceitos de
metodologias aplicadas e as definies mais aceitas no meio cientfico
aborda a descrio dos processos produtivos do principal produto
escolhido a partir da curva ABC, seguido de um diagnstico das no conformidades
um prognstico dos processos analisados, dos resultados obtidos
, sugere-se o monitoramento do sistema por meio de indicadores
A concluso apresenta o fechamento do trabalho, trazendo algumas recomendaes
os e a avaliao dos objetivos propostos, se estes
18
com a descrio dos objetivos (gerais
e a metodologia utilizada para a
o corpo do trabalho, no qual a
, revendo os conceitos de
as definies mais aceitas no meio cientfico.
a descrio dos processos produtivos do principal produto
das no conformidades
resultados obtidos e da
se o monitoramento do sistema por meio de indicadores.
algumas recomendaes
, se estes foram atendidos ou
19
2. REVISO BIBLIOGRFICA
2.1. Histrico do Setor de Colches no Brasil
No Brasil, o setor de colches est integrado ao contexto do segmento moveleiro.
Neste sentido, a abordagem inicial nesta etapa ser feita para o setor moveleiro.
O setor moveleiro composto por vrias indstrias dos segmentos de madeira, metal
e outros materiais em todo territrio nacional. A indstria brasileira de mveis est entre as
mais importantes do segmento das Indstrias de Transformao no Pas, no s pela
importncia do valor da sua produo, mas tambm pela sua gerao de empregos dentro
da indstria nacional.
Segundo fontes da Associao das Indstrias de Mveis do Estado do Rio Grande do
Sul MOVERGS, de 2009, no Rio Grande do Sul existem 2,7 mil indstrias moveleiras. No
Brasil, so 14.657 indstrias. A indstria moveleira gacha formada por um conjunto de
2.700 empresas, das quais 86% produzem mveis de madeira, 8% mveis de metal, cerca de
5% mveis estofados e 1% outros mveis.
O setor de mveis gacho composto principalmente por pequenas e mdias
empresas, cerca de 42% faturam at R$600 mil/ms; 16% faturam de R$ 601 mil a R$ 1,2
milhes; 32% faturam de R$ 1,2 a R$5 milhes/ms e apenas 10% faturam acima de R$ 5
milhes/ms. No RS, o setor moveleiro emprega aproximadamente 39 mil pessoas. No Brasil
so 239.688 mil empregados.
Sobre a indstria moveleira gacha, em 2009, ainda segundo a MOVERGS:
Houve faturamento de R$3,85 bilhes, representando 18% do Faturamento
Nacional;
Houve exportao de U$200 milhes, representando 28% das Exportaes
Nacionais;
As exportaes do estado representam 9,9% sobre o valor total do faturamento; e
A indstria de mveis gacha responsvel por 18% da produo nacional e por
28% das exportaes brasileiras.
Em valores monetrios, o setor produziu, em 2009, R$19 bilhes, o que equivalente a
1,3% do valor do faturamento da indstria de transformao, a excludas as indstrias
extrativas mineral e a construo civil.
20
As indstrias de colches no tm uma entidade nacional de classe separada; no geral,
esto associadas junto a outras indstrias de mveis no Brasil, talvez pelo fato de as
indstrias de colches no movimentarem um valor considervel, j que representam
menos de 5% do setor moveleiro.
Essa indstria vem h muito tempo trabalhando no sentido de satisfazer uma
necessidade bsica de todos, que a de todos os dias dormirem para repor suas energias,
sendo que desde sempre o homem buscou o melhor e mais confortvel lugar para dormir.
Foi esta busca que fez os ancestrais do homem desenvolverem os colches, desde os mais
primitivos (feitos de pele de animais e folhas) aos mais sofisticados que existem hoje em dia.
Com o passar do tempo o colcho foi virando um verdadeiro smbolo do luxo, isso aconteceu nas culturas mais avanadas tais quais as Egpcias, Romanas e Gregas. Em 3400 a.c. o Rei Tut dormia em uma cama feita de bano (madeira nobre), enquanto os cidados dormiam sobre folhas de palmeira. Estima-se que o primeiro colcho foi desenvolvido pelos romanos. Ele era feito de palha, pelos de animais, algodo e l. Alm disso, os romanos ainda desenvolveram o primeiro colcho de gua, diferente de hoje em dia, ele era utilizado com gua morna para deixar a pessoa com sono, assim como uma banheira. A primeira cama desenvolvida foi no sculo XVI. O colcho era colocado sobre uma trelia de cordas fixas em uma estrutura regular de madeira. A primeira pessoa que comeou a fazer colches como forma de negcio foi Daniel Hayness, que era um fabricante de mquinas de descaroar algodo, que acabou inventando uma mquina que comprimia algodo. Seu colcho (de algodo) ficou to famoso que ele patenteou sua marca em 1889, e ficou conhecido como o colcho de Sealy, porque a cidade em que morava era Sealy, Texas. A estrutura de molas surgiu aps a revoluo industrial, e utilizada primeiramente em assentos de cadeira. Na forma de colcho, ela foi inventada por Herinch Westphal. Um dos maiores problemas, por volta de 1900, era a freqncia em que se encontrava insetos nos colches, pois os mesmos tinham enchimento orgnico no tratado. J os colches de algodo tinham um grande problema em climas quentes e midos, eles tinham uma grande chance de mofar, isso diminuiu muito com a inveno de novas tecnologias. Outro problema enfrentado por volta do anos 50 e 60 nos colches de algodo diferentemente dos de mola ou espuma, que ficavam mais firmes ao envelhecerem. Os colches de molas comearam a aparecer mais por volta dos anos 20, mas suas vendas cresceram aps o trmino da 2 Guerra Mundial. Aps pouco tempo de mercado alm dos tamanhos tradicionais surgiram os tamanhos king e queen. O ltex surgiu durante a guerra para substituir a borracha, e aps algum tempo, passou a ser utilizado na fabricao de colches e travesseiros. Os tecidos metalass (bordados) tomaram o mercado no final dos anos 50 comeo dos anos 60, dominando o mercado at hoje. Muitas empresas foram surgindo na dcada de 50, mas logo desapareceram do mercado. Com o aumento da tecnologia vrios tipos de molejo foram surgindo no mercado, proporcionando um conforto maior ao dormir. No incio o molejo era formado por simples molas cnicas ou bi-cnicas, feitas a mo. Hoje os tipos de colcho variam entre vrios fabricantes e tambm entre vrios tipos de molejo que podem ser: Bonel, Superlastic, LFK, Posturepedic, DSS (Dual Suport Sistem), Pocket, Beatyrest e
outros. (http://www.colchoes.com/voce_sabia.htm).
21
A indstria de colches de espuma no Brasil iniciou em So Paulo, no final dos anos 50,
com a Orion, e tomou fora da em diante dividindo o espao dos colches de mola. Com a
intensificao do uso das espumas, permitiu s empresas tambm utilizar este material para
fabricao de mveis estofados, fazendo com que grande parte das empresas fabricantes de
colches pudessem fabricar estofados.
Neste contexto, ampliaram-se muito as fbricas de colches no final do sculo
passado, aproveitando o momento de franca expanso na substituio dos colches de
palha e algodo, primeiro por colches de espuma e depois por colches de mola com base
(dispensando o conjunto colcho + cama), que so as chamadas camas Box.
2.2. Competitividade das Indstrias de Colches
A indstria de colches tem uma caracterstica marcante: atuar regionalmente devido
ao grande volume de seus produtos e o impacto do frete para a explorao de mercados
muito distantes. Em funo disso, as indstrias esto geralmente muito prximas dos
mercados consumidores e sofrem concorrncia de outras empresas regionais, ficando
praticamente de fora a competio com produtos globais fabricados nos diversos cantos do
mundo.
Esse panorama faz com que os produtos sejam de preo elevado, com demora no
atendimento, pouca preocupao com a satisfao de seus clientes e a nica ameaa a
empresa vizinha. Neste contexto, vista como um grande avano qualquer melhoria
aplicada nestas empresas, principalmente tecnologias recentes de cunho ambiental, como a
Produo mais Limpa ou ecoeficincia, que podem colocar em evidncia qualquer empresa
deste setor devido ao ineditismo e falta de iniciativa das demais concorrentes.
Atualmente, no Brasil, poucos produtos de cunho ambiental so vistos no mercado de
colches; so praticamente inexistentes empresas que tm suas plantas fabris adotando
conceitos de produo mais limpa, ou mesmo que, no mnimo, j tenham feito algum
levantamento de sua ecoeficincia.
22
2.3. Gesto Ambiental e o Setor de Colches
A sociedade atualmente est voltando seus olhos cada vez mais para as questes
ambientais. Entre uma das fontes poluidoras mais comuns esto os produtos que a empresa
de colches utiliza para sua fabricao e durante o uso dos produtos, o que acaba
impactando o ambiente. A sociedade deixa presso para os fabricantes, que tem mais
recursos financeiros para amenizar o problema e tambm desenvolvem tecnologias capazes
de mitigar ou reduzir a gerao dos rejeitos durante e aps a sua produo.
O certo que cada vez mais as questes ambientais estaro em evidncia e as
empresas podem tirar proveito disto, [...] podemos citar o exemplo dos produtos que
utilizam a preservao ambiental como recurso estrutural e elementar nas campanhas de
divulgao e marketing. Tais produtos caminham naturalmente na vantagem daqueles que
no lidam com essas questes emergentes e fundamentais [...]. (CUNHA, 2009, p.55).
Existem alguns esforos dos fabricantes no que tange ao uso de matrias-primas
renovveis em substituio aos produtos tradicionais oriundos de fontes derivadas de
petrleo, como o caso das espumas provenientes de poliol vegetal, sendo que a espuma
a matria bsica dos colches. No entanto, aes como esta, que so apontadas como
benficas ao meio ambiente, no so diferenciais para as empresas, pois as matrias-primas
alternativas desenvolvidas pelas indstrias de base esto disponveis a todos os fabricantes
de colches, ficando difcil a diferenciao se todos tm o mesmo acesso.
As grandes diferenciaes devem estar no processo interno de cada fbrica de
colches bem como nas suas estratgias de novos produtos de apelo ambiental, gerando um
ganho ambiental e financeiro para a empresa atravs do emprego de tecnologias limpas e da
ecoeficincia. Em uma empresa de colches normalmente existem poucos resduos se
comparados ao volume produzido, mas ainda assim existem oportunidades de melhoria nos
processos. Considerando-se os resduos gerados no processo de produo, pode-se destacar
como os principais: resduos de produtos qumicos da fabricao da espuma (poliol), aparas
de tecido, espuma expandida e serragem de madeira.
As principais experincias de gesto ambiental para um setor semelhante ao de
colches esto descritas para o setor moveleiro, que est sendo utilizado de base
comparativa por aproximao entre os dois setores.
23
O trabalho de Grael e Oliveira (2010) aborda uma integrao entre dois sistemas,
certificveis pelas normas ISO 9001 e ISO 14001, em um estudo de caso de uma empresa do
setor moveleiro, no qual busca-se tirar proveito com a integrao do Sistema de Gesto da
Qualidade (SGQ) e do Sistema de Gesto Ambiental (SGA). O trabalho resulta em 11
proposies prticas para a integrao entre os sistemas, a saber:
Compromisso da alta administrao;
Apoio administrativo, financeiro e pessoal;
Servios de consultoria;
Coordenao do programa de integrao;
Interface entre os sistemas;
Capacitao tcnico-gerencial;
Sistema de liderana;
Prospeco, avaliao e desenvolvimento de fornecedores;
Sistema de informao;
Indicadores; e
Comunicao com o cliente.
A agncia americana de proteo ambiental, EPA Environmental Protection Agency,
apresenta um manual com as melhores prticas de gesto para a preveno de poluio
para indstrias fabricantes de espuma (EPA, 1996), como no caso da empresa estuda, mas
uma situao que aborda a preveno da poluio e no apresenta relao com falhas ou
no conformidades. Ou seja, o material que especfico para o tipo de empresa similar a do
estudo no aborda as questes-chave deste trabalho, que a relao entre a gesto, a
ecoeficincia e as no conformidades.
2.4. Impacto Ambiental e Ecoeficincia
Conforme a Resoluo n. 01/86 do CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente,
Impacto Ambiental pode ser definido como:
24
Qualquer alterao das propriedades fsicas, qumicas e biolgicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a sade, a segurana e o bem-estar da populao; as atividades sociais e econmicas; a biota e a qualidade dos recursos ambientais (p.1).
No incio do processo de industrializao, as empresas no tinham preocupao com
os impactos ambientais e simplesmente faziam suas atividades e, mais tarde, apareceria, ou
no, algum dano ou impacto ao meio ambiente, e a opinio pblica tomava conhecimento
somente de grandes catstrofes ambientais.
Hoje os novos empreendimentos j necessitam avaliar seus impactos antes do incio de
suas atividades, ainda na forma de projeto, a chamada Avaliao de Impacto Ambiental
AIA, que descrito por Jay et al. (2007) como a avaliao dos efeitos que podem surgir a
partir de um grande projeto (ou outra ao) que afete significativamente o ambiente. um
processo sistemtico que considera os possveis impactos antes de tomada de deciso sobre
se dever ser dada autorizao para uma proposta prosseguir ou no. A AIA exige, entre
outros itens, a publicao de um relatrio de AIA para descrever os provveis impactos
significativos em detalhes. A consulta e a participao do pblico so partes integrantes da
presente avaliao. A AIA , portanto, uma antecipao ou uma ferramenta de
gerenciamento ambiental participativa.
Segundo Delavy (2009), o processo industrial ser mais ecoeficiente, quanto maior for
a relao entre a massa dos seus recursos renovveis e dos no renovveis. Por recurso
econmico se entende todos os insumos adquiridos pela empresa, os quais possuem valor
econmico agregado provindo dos seus processamentos. Alm de poupar gastos ao
processar seus prprios insumos, a empresa ecoeficiente poder ter um controle mais
amplo sobre a atividade no que se refere minimizao das alteraes causadas por esta
sobre o ecossistema. O processo tambm ser mais ecoeficiente na medida em que se
aperfeioe o aproveitamento dos seus recursos, gerando menos resduos, eliminando ou
mitigando os impactos ambientais. Com relao sada dos produtos, deve-se maximizar a
massa do produto final, agregando valor econmico, e a massa que reintegrada ao
processo. Ou seja, da massa total de sada deve se obter o mnimo de resduos.
Nesse contexto, a poltica nacional de resduos slidos (BRASIL, 2010) refora a
implantao da chamada logstica reversa, reforando a necessidade de verticalizao da
produo para retornar ao mximo, no apenas resduos, mas tambm produtos que
25
tenham rejeio para serem reaproveitados no processo produtivo. Isto reforar como lei a
ecoeficincia.
Em alguns casos estudados por Ferreira et al. (2008), de empresas que formam a base
da principal matria-prima do setor moveleiro, no caso a madeira, nota-se que j existem
empresas (uma das trs estudadas) que trabalham no sentido da logstica reversa,
destinando as sobras do corte das madeiras para venda de um novo produto do portflio
desta empresa, que destinado gerao de energia no funcionamento de estufas de
secagem de madeira e outros produtos.
Ainda no setor moveleiro, Pizzinatto et al. (2007) identificaram, atravs de estudo de
caso, uma empresa que efetivamente obteve ganho com o uso da logstica reversa a partir
de um problema que esta tinha, que era o valor e o tempo muito alto gastos com assistncia
tcnica, os quais foram diminudos em funo da adoo deste sistema.
Pode-se utilizar dos conceitos da Logstica Reversa para o caso em estudo Indstria
de Colches e Estofados, pois esta se caractriza como uma empresa de transformao em
massa, como o caso da Indstria de Transformao de vidros onde, Gonalves e Marins
(2006) aplicaram o procedimento de logstica reversa para o setor de laminao de vidros
considerando a recuperao das aparas de vidro e polivinilbutiraldedo. Aspectos logsticos
como a organizao de rea de armazenamento transitrio destas aparas e a logstica de
transporte para o fornecedor das matrias-primas foram considerados. Dessa maneira, para
uma unidade do produto final, com rea nominal de 250m2, foi possvel, com a aplicao da
logstica reversa, reduzir perdas com as aparas entre US$122,50 e US$245,00 por unidade do
produto final (ou seja, de US$0,49/m2 a US$0,98/m2). Outro aspecto importante deste
trabalho foi a possibilidade de ofertar aos clientes de vidro laminado, que, ao participarem
do processo de logstica reversa, teriam descontos entre 1,5% a 2,5% no preo da matria-
prima. Tambm foi considerado que os custos de reprocesso e de transporte das aparas
poderiam ser reduzidos caso fosse negociada uma poltica de fretes de retorno mais
apropriada.
Existe o registro de um estudo de caso, descrito por Argenta (2007), focado na reduo
dos impactos ambientais no setor moveleiro (que engloba os colches e estofados) de uma
cidade prxima cidade da empresa estudada, onde foram constatados os setores da
pintura e acabamento como os processos e subprocessos com significativa relevncia
ambiental, mas que no esto presentes na indstria de colches e estofados. O trabalho
26
ainda mostra que as empresas da regio carecem de uma participao ativa no
cumprimento de sua responsabilidade ambiental e que existe espao para um trabalho de
produo mais limpa com reduo do consumo de energia e matria-prima desqualificada.
2.5. Ecogesto e as No Conformidades do Sistema de Gesto
A Ecogesto e as No Conformidades do Sistema de Gesto esto sendo tratadas
juntas neste trabalho devido ao fato de ser esta a base ou o ponto-chave de todo o estudo;
ento, pretende-se, assim, julgar a ecoeficincia da empresa baseada na sua ecogesto, ou
melhor, na eficincia do seu processo de gesto atravs de suas no conformidades do
sistema de gesto.
Para tanto importante revisar alguns conceitos e definir outros com base nos estudos
j feitos, pois os conceitos dos itens citados anteriormente so novos e no so unnimes e
de uso corrente para a vasta maioria das empresas, principalmente no uso do dia a dia no
Brasil.
Segundo o Conselho Mundial para o Desenvolvimento Sustentvel WBCSD (World
Business Council for Sustainable Development), a ecoeficincia alcanada pela entrega de
mercadorias a preos competitivos e servios que satisfaam as necessidades humanas e
tragam qualidade de vida, enquanto reduz progressivamente os impactos ecolgicos e a
intensidade do uso de recursos.
De acordo com Erkko et al. (2005), o conceito de ecoeficincia surgiu na dcada de
1990 como sendo a busca nos negcios pelo desenvolvimento sustentvel e se tornou
habitual para defini-lo como uma combinao de eficincias econmicas e ambientais
(ecolgicas).
Muitos estudos de ecoeficincia abordam a Contabilidade da Gesto Ambiental ou, em
ingls, Environmental Management Accounting EMA, inclusive com incentivo da Diviso
para o Desenvolvimento Sustentvel (DDS), da Organizao das Naes Unidas ONU, em
cooperao com um nmero de rgos governamentais e especialistas no governamentais.
Conforme Jasch (2003), o foco central da Contabilidade da Gesto Ambiental pode ser
especificado nos procedimentos da metodologia EMA, os quais estabelecem um controle
para a avaliao do total das despesas ambientais anualmente: reduo e tratamento das
emisses, disposio de resduos e operacionalidade da gesto e da proteo ambiental.
27
Alm disso, um novo desafio para a maioria das empresas. O valor de compra de material
que, ao final do processo, no virou produto e seus custos de produo so adicionados.
Esta soma total frequentemente oferece um quadro assustador dos custos anuais de
ineficincia e incita as empresas melhoria de seus sistemas de informaes. Assim sendo,
as opes para melhorar a eficincia do fluxo de material na produo deve ser o principal
objetivo da produo mais limpa.
Na Europa h o regulamento Environmental Management and Audit Scheme EMAS
(Reg. CE 761/01), que o regime comunitrio implementado pela Comisso Europeia desde
1993 e serve para a implementao de um Sistema de Gesto Ambiental SGA ou, em
ingls, Environmental Management System EMS, de qualquer organizao.
O sistema EMS foi inicialmente proposto pela Comisso Europeia e pela ISO como
favorito de uma srie de instrumentos polticos que permitem s empresas perseguir,
simultaneamente, objetivos ambientais e metas competitivas de uma forma sinergtica
(IRALDO et al, 2009).
Com estes mecanismos, h o SGA da organizao, que pode ser incrementado pelo
EMA, ligando os gastos com questes ambientais de uma empresa contabilidade. Para
auditar este processo existe o EMAS, que faz o acompanhamento e o registro dos
acontecimentos.
2.6. Ferramentas de Gesto
Fazer o trabalho de gesto requer o uso de ferramentas que ajudem e facilitem o
trabalho do gestor, podendo estas ser dos mais variados tipos e aplicaes, e que so criadas
e aperfeioadas constantemente buscando otimizar os resultados obtidos.
As ferramentas de gesto podem servir para diversas aplicaes e podem ter
aplicaes muito especficas. A seguir so apresentadas algumas ferramentas utilizadas no
estudo.
28
2.6.1. Curva ABC de Produtos
A Curva ABC, tambm conhecida como curva 80-20, baseada no teorema do
economista Vilfredo Pareto, que viveu na Itlia, no sculo XIX. Em estudo sobre a renda e a
riqueza, ele observou que uma parcela pequena da populao, em torno de 20%, era a que
concentrava a grande parte da riqueza (cerca de 80%).
De acordo com Werkema (1995), o princpio de Pareto estabelece que os problemas
relacionados qualidade (percentual de itens defeituosos, nmero de reclamaes de
clientes, modos de falhas de mquinas, perdas de produo, gastos com reparos de
produtos dentro do prazo de garantia, ocorrncias de acidentes de trabalho, atrasos na
entrega de produtos, entre outros), os quais se traduzem sob a forma de perdas, podem ser
classificados em duas categorias: os pouco vitais e os muitos triviais. Os pouco vitais
representam um pequeno nmero de problemas, mas que, no entanto, resultam em
grandes perdas para a empresa. J os muito triviais so uma extensa lista de problemas, mas
que, apesar de seu grande nmero, convertem-se em perdas pouco significativas. Em outras
palavras, o princpio de Pareto estabelece que a soluo de cinco ou seis destes problemas
poder representar uma reduo de 80 a 90% das perdas que a empresa vem sofrendo
devido ocorrncia de todos os problemas existentes.
A curva ABC um mtodo de classificao de informaes para que sejam separados
os itens de maior importncia ou impacto, os quais so, normalmente, em menor nmero
(CARVALHO, 2002). Partindo da classificao pela curva ABC, possvel priorizar aes a
partir de onde geram mais resultado e abordar um menor nmero de itens.
2.6.2. Diagrama de Ishikawa
O Diagrama de Ishikawa, tambm conhecido como diagrama de causa e efeito, uma
ferramenta de gesto que serve para cruzar a relao entre o resultado de um processo
(efeito) e os fatores deste processo (causas) que afeta o resultado.
Frequentemente, o resultado de interesse do processo constitui um problema a ser
solucionado e, ento, o diagrama de causa e efeito utilizado para sumarizar e representar
as possveis causas do problema considerado, atuando como um guia para a identificao da
29
causa fundamental deste problema e para a determinao das medidas corretivas que
devero ser adotadas (WERMEKA, 1995).
2.6.3. No Conformidade
A no conformidade pode ser entendida como sendo apenas o oposto daquilo que
est conforme; sendo assim, necessrio definir o que conformidade.
Segundo o dicionrio Michaelis (2009), conformidade a qualidade do que conforme
ou de quem se conforma. Dentro de um sistema de gesto empresarial, conformidade deve
ser entendida como sendo o atendimento forma estabelecida de se fazer as coisas, ou o
jeito certo de fazer as coisas.
De acordo com Mubarack1, o trabalho de um gestor administrar o caos, que o
estado natural que uma empresa atinge quando o gerenciamento no feito (informao
verbal), ambiente ideal para que ocorram incontveis erros, em outras palavras, inmeras
no conformidades.
Um trabalho bsico de gesto em uma empresa passa por registrar as atividades
importantes, a fim de comprovar e deixar histrico, para futuras auditorias, de que
determinada atividade ou etapa de um processo foi cumprida de acordo com os
procedimentos estabelecidos. To importante quanto registrar o que esperado que seja
feito, que dar o resultado esperado, tambm importante se ter o registro do que no
ocorreu ou do que no ocorreu conforme o esperado, o que pode no gerar consequncias,
como pode ter consequncias gravssimas, determinando inclusive o encerramento das
atividades.
O registro do que no foi feito de acordo com o esperado em uma empresa (no
conformidades) ajuda ela a aprender com seus erros, revisando seus procedimentos,
melhorando seus processos e criando mecanismos de gesto capazes de impedir que o
mesmo erro torne a acontecer. Atravs dos registros das no conformidades tambm se
pode fazer um monitoramento que indique o quo bom est o desempenho das atividades.
____________________________
1 Paulo Ricardo Mubarack consultor de empresas e a informao foi passada em treinamento, em 2006, na
empresa Xalingo Brinquedos Ind. e Com.
30
Toda no conformidade gera um retrabalho, seja para ser refeito alguma atividade, ou
para corrigir problemas causados por ela e, com isso, est se gastando mais recursos do que
seria necessrio. Desperdiar recursos totalmente oposto aos conceitos ambientais e, na
medida em que as empresas desperdiam menos, elas esto tambm sendo mais
ecoeficientes em seus processos.
2.6.4. Indicadores de Desempenho
De acordo com Duarte e Ferreira (2006), indicadores podem ser entendidos como
representaes quantitativas de resultados, situaes ou ocorrncias, constituindo-se em
poderosa ferramenta gerencial para o monitoramento, mensurao e avaliao da qualidade
e produtividade.
A medio do desempenho tradicional tem como principal preocupao a medio em
termos do uso eficiente dos recursos. Os indicadores de desempenho mais comuns so a
produtividade, o retorno sobre os investimentos, o custo padro, etc. (MARTINS, 1998).
Atravs de indicadores pode-se fazer uma avaliao da gesto sobre um processo e
seu desempenho, mas importante que a medio do desempenho seja feita no apenas
para planejar, induzir e controlar, mas tambm para diagnosticar. Ainda segundo Martins
(1998), neste sentido importante ir sofisticando a medio de desempenho conforme a
empresa vai passando pelos nveis de maturidade na implementao da gesto (encenando,
demonstrando, comprometendo e incorporando).
2.7. Ferramentas Ambientais
As ferramentas ambientais tm o objetivo de auxiliar no entendimento, medio,
avaliao ou caracterizao dos aspectos ambientais de uma empresa. Em sntese, so
ferramentas para permitir o mnimo de gerenciamento ambiental na atividade de uma
empresa.
A NBR ISO 14031 considera como indicadores de condio ambiental as caractersticas
de impacto na biosfera, a qualidade do ar e da gua, a gerao de resduos e as condies do
31
solo, tanto em uma rea local como regional. Entre vrias ferramentas existentes, algumas
importantes utilizadas na elaborao deste trabalho foram revisadas para auxiliar no
entendimento, na utilizao e nos clculos.
2.7.1. Indicadores de Ecoeficincia
Os indicadores de ecoeficincia so amplamente utilizados com a funo de
apresentar um nmero que representa o estgio de evoluo do processo, podendo
tambm ser uma ferramenta de diagnstico de um processo.
Para o estabelecimento dos indicadores de ecoeficincia o WBCSD relaciona os
seguintes itens: desmaterializao; desenergizao; reduo do uso de substncias txicas;
aumento da reciclabilidade dos produtos; recursos renovveis; utilizao de energias limpas;
concepo de produtos com ampliao de vida til e intensidade de oferta de servios
ambientalmente amigveis em situao de escolha pelo cliente (ERKKO et al., 2005).
O WBCSD diz, ainda, que os indicadores ambientais devem seguir os seguintes
princpios (EEA, 2001):
Ser relevantes para a proteo do meio ambiente, para a sade humana e para a
qualidade de vida;
Informar e servir de base para os tomadores de deciso quanto ao desempenho
ambiental de uma organizao;
Reconhecer a diversidade de negcios;
Promover a comparao e permitir acompanhar a evoluo ao longo do tempo;
Ser bem definidos, de fcil mensurao e verificao;
Ser de fcil compreenso e significativos para todas as partes interessadas;
Abranger todos os processos de uma empresa ou organizao, incluindo produtos e
servios, enfocando principalmente os processos que esto sob seu controle e gesto direta;
e
Reconhecer outros aspectos importantes do negcio como fornecedores e o uso
dos produtos durante a sua abordagem.
32
Os indicadores podem ser divididos em trs diferentes categorias, o que tambm est
alinhado com a terminologia adotada pelas Normas ISO 14000, e estas so associadas a/ao:
Valor do produto ou servio;
Influncia ambiental relativa fabricao ou criao do servio ou produto; e
Influncia ambiental associada ao uso do servio ou produto.
Para cada categoria so relacionados os seus aspectos significativos, como
apresentado na figura 4.
Figura 4: Aspectos relevantes para as diferentes categorias de indicadores de ecoeficincia. Fonte: WBCSD, 2011
De acordo com Piotto (2003), os indicadores so classificados em dois grupos:
a) Indicadores de desempenho, contendo os de gesto e os operacionais; e
b) indicadores de condio ambiental, conforme est indicado na figura 5.
Segundo o sistema europeu de certificao de gesto ambiental EMAS, os
indicadores de desempenho ambiental so divididos em (EMAS, 2000):
Indicadores de desempenho operacional industrial (figura 6);
Indicadores de desempenho de servios (figura 7); e
Indicadores de desempenho do sistema de gesto (figura 8).
33
Figura 5: Avaliao de desempenho ambiental e seus indicadores segundo a norma ISO 14031. Fonte: ABNT (2001)
Figura 6: Indicadores de desempenho ambiental operacional indstria. Fonte: EMAS (2000)
Figura 7: Indicadores de desempenho ambiental operacional Fonte: EMAS (2000)
Figura 8: Indicadores de desempenho de gesto ambiental.Fonte: EMAS (2000)
Caber, portanto, a cada
negcio, as demandas legais e as partes interessadas
Os indicadores adotados foram com base no modelo proposto por Oliveira
e apresentado no 23 Congresso Brasileir
Indicadores de desempenho ambiental operacional servios.
Indicadores de desempenho de gesto ambiental.
Caber, portanto, a cada organizao selecionar os indicadores relevantes ao seu
negcio, as demandas legais e as partes interessadas (PIOTTO, 2003, p.
Os indicadores adotados foram com base no modelo proposto por Oliveira
23 Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitria e Ambiental
34
organizao selecionar os indicadores relevantes ao seu
(PIOTTO, 2003, p. 81).
Os indicadores adotados foram com base no modelo proposto por Oliveira et al (2005)
o de Engenharia Sanitria e Ambiental.
35
2.7.1.1. ndice de Eficincia do Fluxo de Massa
O conceito de ecoeficincia enfoca equilibrar a proteo ambiental e a preveno da
poluio com as necessidades econmicas das empresas. O objetivo de estruturar um
indicador de ecoeficincia dos fluxos de massa para a avaliao dos impactos ambientais de
processos industriais aplic-lo para medir a sua ecoeficincia ou definir por opes de
investimento com melhor desempenho ambiental, ou mais ecoeficiente. Os critrios de
uniformizao e agrupamento de dados esto em funo do fluxo de informaes. O
Indicador de Renovabilidade (IR), o Indicador de Produtividade (IP) e o Indicador de Reduo
de Resduo (IRR) foram definidos como os trs indicadores primrios que integram o
Indicador de Ecoeficincia de Fluxos de Massa (IEFM), detalhados a seguir:
Indicador de Renovabilidade IR
Mostra um quociente entre o somatrio da massa de recurso renovvel econmico e a
massa de recurso renovvel no econmico dividido pela massa total de recursos,
apresentando a relao do uso de materiais renovveis nos produtos.
Indicador de Produtividade IP
Este indicador relaciona a diviso da massa de produto final de valor econmico pela
massa de recursos utilizada, resultando na proporo entre o que se consegue transformar
em produto de todo material que utilizado, em resumo, a eficincia do processo.
Indicador de Reduo de Resduo IRR
calculado como o quociente do somatrio de massa do produto final agregado de
valor econmico e a massa total do produto reutilizado dividido pelo somatrio de massa do
produto final agregado de valor econmico mais a massa total do produto reutilizado mais a
massa do resduo. Ele monitora o impacto do resduo do processo em comparao com o
que se utiliza de material de reaproveitamento e produto final.
36
Indicador de Ecoeficincia de Fluxos de Massa IEFM
Este ndice calculado ponderando cada um dos ndices anteriores com pesos e
somando-se todos os resultados para dividir pelo somatrio do valor dos pesos.
Na composio do Indicador de Ecoeficincia de Fluxos de Massa (IEFM), aconselha-se
que seja utilizado o mtodo estatstico de mdia ponderada como medida de tendncia
central dos dados, no qual os pesos so determinados proporcionalmente diferena entre
o valor normalizado (1,0) e os resultados destes indicadores, possibilitando uma maior
nfase queles que apresentem as piores situaes.
2.7.2. Avaliao de Aspectos Ambientais
A avaliao de aspectos ambientais tem sua importncia baseada na identificao de
impactos ambientais significativos promovidos pela atividade da empresa.
A metodologia utilizada para esta avaliao baseada no Sistema de Gerenciamento
Ambiental e Produo Mais Limpa do Centro Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL, 2003).
Esta metodologia permite identificar os aspectos ambientais das atividades de uma empresa
a partir do seu fluxograma de processo, determinar os impactos ambientais associados a
estes aspectos e avaliar sua importncia. Na sequncia, h a necessidade do preenchimento
do quadro da Avaliao de Aspectos Ambientais, iniciando por:
IDENTIFICAO
a) Inicia-se o processo pela identificao do nmero da operao/etapa
relacionada com o fluxograma do processo produtivo.
b) Faz-se a descrio de todos os aspectos de entrada e sada partindo do
fluxograma do processo produtivo. Tais aspectos devem ser descritos contemplando o maior
nmero possvel de informaes como, por exemplo: concentrao, vazo, fluxo, tipos de
substncias, etc.
EXAME
a) Deve-se registrar a manifestao dos impactos supondo que no exista
nenhuma forma de controle destes impactos.
37
b) Atribui-se valores de severidade, de 1 a 3, para os aspectos de sada de acordo
com o quadro 1:
Quadro 1: Classificao da severidade dos aspectos de sada
Fonte: CNTL (2003)
c) Atribui-se valores de severidade, de 1 a 4, para os aspectos de entrada,
conforme mostra a tabela 1:
Tabela 1 Classificao da severidade dos aspectos de sada
Fonte: CNTL (2003)
38
d) Atribui-se valores de 1 a 3 para a probabilidade de ocorrncia dos aspectos
associada ao impacto em anlise, conforme tabela 2:
Tabela 2 Classificao da probabilidade de ocorrncia
Fonte: CNTL (2003)
e) Calcula-se a importncia do impacto medida pelo produto resultante da
severidade e probabilidade.
I = S (severidade) x P (probabilidade)
AVALIAO
a) Atribui-se valor 0 ou 5 para o aspecto ambiental, se est relacionado a um ou
mais requisitos legais, e responde-se seguinte pergunta, de acordo com o quadro 2: Existe
requisito legal relacionado ao aspecto em anlise?.
NO Atribuir valor 0.
SIM Atribuir valor 5.
Quadro 2: Classificao dos requisitos legais
Fonte: CNTL (2003)
b) Atribui-se valor de 0 a 6 para as medidas de controle e responde-se seguinte
pergunta, de acordo com o quadro 3: A empresa possui medida de controle para evitar ou
minimizar o impacto ambiental que o aspecto em anlise poder causar?.
39
SIM, eficaz e/ou atende a legislao Atribuir valor 0.
SIM, mas NO eficaz e/ou NO atende a legislao Atribuir valor 3.
NO Atribuir valor 6.
Quadro 3: Classificao das medidas de controle
Fonte: CNTL (2003)
Caso o impacto ambiental em anlise j possua medida de controle, a mesma deve ser
registrada na matriz de avaliao de aspectos ambientais (ltima coluna da planilha).
c) Encontra-se o resultado, que ser dado pelo somatrio do valor encontrado
no item importncia do impacto, valor atribudo a requisito legal e o valor atribudo
medida de controle.
R = I + RL + MC
d) Prioriza-se os impactos ambientais, os quais devem ser priorizados conforme
o Resultado (item anterior). Quanto mais elevado for este valor, mais significativo o
impacto ambiental em questo, devendo, portanto, ser controlado.
2.7.3. Matriz de Leopold
A Matriz de Leopold (1971) permite apontar quais as caractersticas do impacto em
cada tipo de meio (fsico, bitico ou antrpico) de cada atividade que impactante no
processo. Inicia-se descrevendo cada fase do processo a ser analisado e, em seguida, para
cada uma das fases, descreve-se as atividades impactantes para, na sequncia, preencher,
no cruzamento da matriz de cada linha de atividade com cada impacto nos meios, os
seguintes conceitos, de acordo com a legenda:
P Positivo -> impacto positivo no meio.
N Negativo -> impacto negativo no meio.
40
D Direto -> impacto direto no meio.
I Indireto -> impacto indireto no meio.
L Local -> impacto de abrangncia local no meio.
R Regional -> impacto de abrangncia regional no meio.
E Estratgico -> impacto estratgico no meio.
C Curto Prazo -> impacto da atividade refletida no meio em curto prazo.
M Mdio Prazo -> impacto da atividade refletida no meio no mdio prazo.
O Longo Prazo -> impacto da atividade refletida no meio em longo prazo.
T Temporrio -> impacto de carter temporrio no meio.
Y Cclico -> impacto de carter cclico no meio.
A Permanente -> impacto de carter permanente no meio.
V Reversvel -> impacto de carter reversvel no meio.
S Irreversvel -> impacto de carter irreversvel no meio.
Cada meio subdividido a fim de especificar detalhadamente em que parte que est
sendo impactado e com quais caractersticas, ou at mesmo para verificar se no h nenhum
impacto em algum aspecto do meio ou o prprio meio como um todo no impactado pelas
atividades do processo de empresa. Com esta matriz preenchida, tem-se uma viso
qualitativa geral de qual meio est sendo impactado pelas atividades inerentes ao processo
analisado com um nvel de detalhe bastante grande se comparado com a Avaliao de
Aspectos Ambientais.
2.7.4. Gerenciamento de Aspectos e Impactos Ambientais GAIA
O Gerenciamento de Aspectos e Impactos Ambientais GAIA, uma metodologia
desenvolvida por Lerpio (2001), apresenta uma forma de avaliar a sustentabilidade do
negcio da empresa atravs de um ndice que gerado a partir do preenchimento de um
questionrio simples e direto, no qual as possibilidades de resposta so: SIM, NO e NA (no
aplicvel). As questes abordadas so separadas por critrios conforme descrito:
CRITRIO 1 FORNECEDORES
CRITRIO 2 PROCESSOS PRODUTIVOS
41
a) Ecoeficincia do Processo Produtivo
b) Nvel de Tecnologia Utilizada no Processo
c) Aspectos e Impactos Ambientais do Processo
d) Indicadores Gerenciais
e) Recursos Humanos na Organizao
f) Disponibilidade de Capital
CRITRIO 3 UTILIZAO DO PRODUTO/SERVIO
CRITRIO 4 PRODUTO PS-CONSUMIDO
Depois de respondido todo o questionrio com a marcao de um x na resposta
escolhida, a sustentabilidade do negcio calculada em funo da seguinte equao:
Sustentabilidade do Negcio = TOTAL DE QUADROS VERDES X 100 79 - TOTAL DE QUADROS AMARELOS
O resultado desta operao matemtica dado em percentual que deve ser
comparado com as faixas de sustentabilidade descritas para a identificao do negcio da
empresa quanto sua sustentabilidade, que so 5:
CRTICA VERMELHA > Inferior a 30%
PSSIMA LARANJA > Entre 30% a 50%
ADEQUADA AMARELA > Entre 50% a 70%
BOA AZUL > Entre 70% a 90%
EXCELENTE VERDE > Superior a 90%
42
3. RESULTADOS
3.1. Processo Produtivo de Colches
Na empresa estudada so produzidos dois tipos bsicos de colches:
Colches de espuma e
Colches de molas.
Os colches de espuma so classificados de acordo com sua densidade que, em
resumo, confere a capacidade ao colcho de suportar peso. So produzidos nas mais
variadas medidas de espessuras, tendo por padro as seguintes medidas de largura e
comprimento, em centmetros: 78x188, 88x188, 128x188, 138x188, 158x198 e 193x203.
J os colches de molas so divididos conforme o tipo de mola utilizado que, nesta
empresa, pode ser:
Molas Bonnel: molas helicoidais de ao bicnicas, em forma de ampulheta,
entrelaadas entre si.
Molas Pocket: molas helicoidais de ao ensacadas individualmente com TNT (Tecido
No Tecido), formando carreiras que so unidas para formar o molejo.
Alm das molas, so adicionadas camadas de mantas nos colches, que podem ser:
mantas de espumas, mantas de fibras siliconadas, mantas viscoelsticas ou qualquer outro
material que fornea algum atributo ao colcho, conferindo-lhes conforto. Quanto s
medidas, normalmente os colches de mola so de espessura maior que os de espuma, j
que a altura somente da estrutura das molas utilizadas no inferior a 15cm, mas repetem
as mesmas medidas de largura e comprimento.
O grande diferencial dos colches produzidos que so fabricadas bases para uso
como suporte combinando com colcho, as chamadas camas Box, que dispensam o uso das
tradicionais camas com estrados, fabricadas em ao ou madeira.
Para atender demanda de produtos (incluindo tambm estofados), a fbrica
emprega aproximadamente 250 pessoas em uma rea construda de 18mil m e produz, em
mdia, 800 colches por dia.
A fbrica conta com duas bordadeiras, duas mquinas de fabricao de espuma (uma
de caixote e outra cilndrica), diversas mquinas de corte de espuma (vertical e horizontal),
duas mquinas de fabricao das molas tipo Bonnel, duas mquinas de fabricao da faixa
43
do colcho, uma coladeira automtica, alm de diversas mquinas de costura para colches.
A figura 9 mostra a indstria selecionada e a sua localizao no municpio de Candelria.
Figura 9: Vista area da unidade fabril de Candelria (2009).
3.1.1. Etapas do Processo
Todo o processo produtivo dos colches inicia-se com a fabricao dos blocos de
espuma, que so posteriormente laminados de acordo com seu uso na montagem do
colcho que, por fim, embalado para ser expedido aos clientes da empresa. Em seguida,
todas estas etapas citadas so detalhadas e tambm so relacionados os rejeitos ou as
sadas de cada processo.
3.1.1.1. Fabricao da Espuma
A produo de um colcho comea pela fabricao de um bloco de espuma feito
basicamente pela mistura de dois componentes qumicos: poliol e TDI - Tolueno
diisocianato. Juntos, os dois componentes promovem uma reao exotrmica e causam uma
aerao da mistura formando, por fim, a espuma.
44
A mistura despejada em uma grande forma com um revestimento de isolamento
feito de filme plstico para evitar o contato da espuma com a forma; o filme da parte inferior
fica debaixo de cada bloco, sendo o restante reaproveitado em outros ciclos, podendo ser
descartado para a reciclagem aps uma grande quantidade de ciclos. A figura 10 ilustra os
filmes plsticos em volta da forma e na base do bloco que est fora da mquina.
Figura 10: Fabricao do bloco de espuma
Nesta etapa so gerados os resduos mais impactantes ao meio ambiente, mas a maior
quantidade pode se dizer que de refugos de blocos, o que pode acontecer eventualmente.
Os refugos de blocos tm seu destino para reprocesso, no qual sero transformados em
flocos para uso em travesseiros ou em novas mantas de espuma aglomerada.
O processo de produo de espuma ainda no est totalmente padronizado pela
empresa, o que pode gerar no conformidades durante a sua execuo. A fim de gerenciar e
controlar o processo produtivo, a descrio dos procedimentos a serem executados torna-se
imperiosa. Mesmo tendo os procedimentos definidos, as no conformidades podem ocorrer.
O fluxograma da figura 11 corrobora a afirmao descrita acima.
45
Figura 11: Descrio de Processo DP 11 Produo de Espuma
3.1.1.2. Laminao das Mantas
Uma vez preparado o bloco de espuma, ele segue para ser fatiado ou laminado em
mantas das espessuras e demais dimenses corretas para serem utilizadas nos colches.
Quando o bloco produzido, sua camada mais externa ganha um aspecto diferente do
interior, pois ela se apresenta mais dura e mais spera, a qual chamada de casco. Ela
deve ser retirada no incio do processo de laminao e tem seu uso principal para a
46
fabricao de estofados, na qual sua caracterstica no vai interferir na funcionalidade do
produto.
No processo de fabricao do bloco podem ocorrer falhas internas que so
evidenciadas no momento da laminao; estas mantas so descartadas da produo e so
destinadas para a fabricao de colches de tamanho menor ou vo para o reprocesso na
forma de flocos. Durante o corte, o bloco perde farelos de espuma, que so varridos no fim
do dia e acumulados para o descarte ou para o reprocesso, como pode ser observado na
figura 12:
Figura 12: Laminadora de mantas
3.1.1.3. Montagem do Colcho
Na fase de montagem do colcho h o emprego de maior nmero de matrias-primas
diferentes, comeando pelas mantas de espuma, que chegam cortadas no tamanho do qual
ser o colcho e devem receber uma espcie de capa de tecido, o que lhe conferir a
aparncia e o toque que o consumidor sentir ao passar a mo no produto. A capa do tecido
composta por dois tampos e uma faixa que fica na lateral do colcho, ligando o tampo de
cima com o de baixo. O tampo, na sua grande maioria, recebe um bordado que composto
47
por camadas, uma sobre a outra, e todas unidas pela linha do bordado. A camada comea
com o TNT seguido de uma manta de cerca de 1 a 2cm de espessura e, em cima, um tecido
que ser o do modelo do colcho.
Para possibilitar um bom acabamento entre o tampo e a faixa e permitir a costura,
utiliza-se um cadaro ou vis costurado com equipamentos especiais. Eventualmente so
cortadas no tampo algumas sobras para melhorar o aspecto da costura que, na grande
maioria, so as responsveis pelos maiores volumes de refugos ou resduos desta etapa do
processo, evidenciado na figura 13:
Figura 13: Volume de resduo gerado na montagem dos colches.
3.1.1.4. Embalagem
Quando o produto revisado e aprovado, este recebe um certificado de garantia e
segue para ser embalado com um saco plstico, o qual tem sua extremidade selada em uma
mquina seladora que corta e sela ao mesmo tempo, garantindo o lacre da embalagem e
proteo. A apara da rebarba do saco plstico representa o maior volume dos rejeitos desta
etapa.
Visto todo o processo pelo qual o colcho passa durante sua fabricao, as principais
operaes esto resumidas no quadro 4, que apresenta de forma sinttica as entradas e as
sadas do processo produtivo da fabricao do colcho:
48
Entradas Operaes - Etapas Sadas
Plstico de isolamento
Fabricao da espuma
Rejeito plsticos
gua gua rejeitada
Poliol Politer Rejeitos qumicos
TDI Bloco bruto
Catalisadores Refugos de espuma
Aditivos
Bloco de espuma Laminao das mantas
Aparas
Varredura
Tecido
Montagem do colcho
Apara tecido
Linha Apara linha
Cadaro Apara cadaro
Manta espuma Apara espuma
Saco plstico
Embalagem
Apara saco plstico
Cantoneira de papelo
Selo garantia papel
Quadro 4: Entradas e Sadas do processo produtivo para a fabricao de colches
A empresa fabrica uma ampla e variada quantidade de produtos, entre colches de
espuma, colches de mola, cama Box conjugada, cabeceiras, travesseiros, estofados e puffs,
sendo que o mix torna-se grande demais para um estudo de todo o universo, por isso, fez-se
a classificao dos produtos de maior importncia atravs da curva ABC.
3.2. Classificao dos produtos da empresa pela curva ABC
A curva ABC dos produtos da empresa est dividida de tal forma que os produtos da
classe A respondem por 80% do lucro operacional e esto distribudos em aproximadamente
11% do total dos produtos. Isso indica uma grande concentrao do lucro em poucos
produtos e, para garantir os 20% restantes do lucro, a empresa precisa ter os outros 89% dos
produtos no seu portflio.
Baseado na curva ABC, ordenada por lucro operacional, tem-se cerca de 110 itens da
classe A respondendo por 80% do lucro, em um total de 983 itens. Dentre eles existem
outros produtos de todas as linhas e com diferenciao de cores do mesmo produto como
um item separado. O quadro 5 a seguir mostra um resumo da curva ABC:
49
Produto Cor Desc. Produto % Acumulado
918012 0 CAMA BOX GAZIN ELEGANCE 138X188X48 BORD 995051CAMA BOX GAZIN ELEGANCE 138X188X48 BORD 995051CAMA BOX GAZIN ELEGANCE 138X188X48 BORD 995051CAMA BOX GAZIN ELEGANCE 138X188X48 BORD 995051 6,15% 6,15% 918006 0 CAMA BOX GAZIN IMPERIAL 138X188X48 BORD CONJUGADO 4,73% 10,88% 911513 0 COLCHAO GAZIN CONFORT 138X25 2/PL BONNEL BORDADO. 2,84% 13,73%
............ 949504 188 CJ ESTOFADO GAZIN FILADELFIA 3X2 LUG 0,19% 80,11% 150970 0 BASE BOX GAZIN ETERNITY LOVE 138X188X28 995051 TNT 0,19% 80,30%
............ 951100 272 SOFA-CAMA GAZIN PEQUIM 0,08% 90,03% 151230 604 COLCHAO GAZIN ILHA BELA D28 128X188X15 BORD 0,08% 90,10%
............ 949023 661 CJ ESTOFADO GAZIN TOQUIO 3X2 LUG 0,03% 95,00% 150955 0 BASE BOX GAZIN MAX CONFORT 2010 138X188X23 995045 0,03% 95,03%
............ 949045 240 CJ ESTOFADO GAZIN DUBAY 3X2 LUG 0,01% 99,22%
............ 920260 251 ALMOFADA GAZIN 40X50 VALENCIA FLOCOS 0,00% 100,00%
100,00% 100,00%
Quadro 5: Resumo da curva ABC ordenada por lucro
A curva ABC permite priorizar os esforos e aes para o emprego de tecnologias
limpas visando reduo do impacto ambiental, utilizando, neste caso, o principal produto
da classe A e, mesmo assim, tendo uma expressiva contribuio, apesar de estar sendo
considerado um nico produto. Como resultado desta classificao e seleo do produto
mais representativo desta organizao foi identificado o produto Box Conjugado. A figura 14
mostra o produto avaliado:
Figura 14: Produto para avaliao
3.3. Diagnstico do processo
Inicialmente foi elaborado
escolhido, destacando as entradas e sadas em cada etapa, conforme
Quadro 6: Balano de Material
Diagnstico do processo produtivo do produto selecionado
Inicialmente foi elaborado um balano material dos processos pertinentes ao produto
destacando as entradas e sadas em cada etapa, conforme o
Balano de Material
50
dos processos pertinentes ao produto
o quadro 6:
51
A partir deste balano, foram calculados os ndices abaixo para a produo da espuma
e da cama box conjugada com base nos dados do quadro 5:
NDICE DE RENOVABILIDADE
o Para o bloco de espuma
IR = (RRE + RRNE) RT
Sendo:
RT massa total de recursos descritos como entrada na linha bloco de espuma;
RRE massa de recurso renovvel econmico descrito como entrada na linha agente
expansor; e
RRNE massa de recurso renovvel no econmico que no est presente neste bloco.
IR = (4,7 + 0) 160
IR = 0,029
o Para a cama box conjugada
IR = (RRE + RRNE) RT
Sendo:
RT massa total de recursos descritos como entrada desde a linha bloco aglomerado
at a linha selo garantia papel;
RRE massa de recurso renovvel econmico na linha de entrada caixa Box mais a
linha cantoneira de papelo mais a linha selo garantia papel;
RRNE massa de recurso renovvel no econmico que no est presente.
52
IR = [(192 + 6,144+0,02592)+(0)] 335,31
IR = 198,17 335,31
IR = 0,591
NDICE DE PRODUTIVIDADE
o Para o bloco de espuma
IP = PF RT
Sendo:
PF massa do produto final agregado de valor econmico descrito como entrada entre
a linha plstico de isolamento e a linha aditivos, reduzido do somatrio do valor de sada
entre a linha plstico refugado e a linha espuma refugada, exceto a linha bloco bruto;
RT massa total de recursos descritos como entrada na linha bloco de espuma.
IP = [(0,4 + 4,7 + 100 + 50 + 0,5 + 5) - (0,002 + 0,06 + 0,006 + 0,6 + 16) 160
IP = 143,9 160
IP = 0,899
o Para a cama box conjugada
IP = PF RT
53
Sendo:
PF massa do produto final agregado de valor econmico descrito como entrada entre
a linha tecido e a linha selo garantia papel, reduzido do somatrio do valor de sada
entre a linha apara tecido e a linha apara papel;
RT massa total de recursos descritos como entrada, desde a linha tecido at a linha selo garantia papel.
IP = [(16,52+0,00768+1,872+192+96+0,576+4,98+1,18+6,144+0,0259)-(1,22)] 16,52+0,00768+1,872+192+96+0,576+4,98+1,18+6,144+0,0259
IP = 318,09 319,31
IP = 0,996
NDICE DE REDUO DE RESDUO
o Para o bloco de espuma
IRR = PF+PR . PF+PR+RES
Sendo:
PF massa do produto final agregado de valor econmico descrito como entrada entre
a linha plstico de isolamento e a linha aditivos, reduzido do somatrio do valor de sada
entre a linha plstico refugado e a linha espuma refugada, exceto a linha bloco bruto;
PR massa total do produto reutilizado descrito como sada na linha aparas.
RES massa do resduo descrito como o somatrio das sadas entre a linha refugo plstico e a linha espuma refugada, exceto a linha bloco bruto.
IRR = 143,9+16 . 143,9+16+0,668
54
IRR = 159,9 . 160
IRR = 0,99
NDICE DE EFICINCIA DO FLUXO DE MASSA
o Para o bloco de espuma
IEFM = [(IRxP1)+(IPxP2)+(IRRxP3)] . (P1+P2+P3)
IEFM = 0,029x0,95+0,899x0,05+0,99x0,0 1
IEFM = 0,076
Onde P1, P2 e P3 so pesos atribudos dos indicadores.
o Para a cama box conjugada
IEFM = [(IRxP1)+(IPxP2)+(IRRxP3)] . (P1+P2+P3)
IEFM = 0,591x0,98+0,996x0,01+0,99x0,01 1
IEFM = 0,591
55
Onde P1, P2 e P3 so os pesos atribudos aos indicadores.
Em seguida foi feita a avaliao dos aspectos ambientais a fim de visualizar as etapas
do processo, quais eram os itens mais crticos, os quais esto descritos no quadro 6,
adaptado do CNTL (2003).
Partindo do quadro 7, observou-se que os itens que mais somaram pontos de acordo
com as tabelas 1 e 2, das pginas 37 e 38, respectivamente, foram os produtos qumicos,
como: alcois e isocianatos, utilizados para a fabricao da espuma, e a cola usada para unir
as mantas no molejo, indicando que so os itens que merecem grande ateno e controle.
Quadro 7: Avaliao de Aspectos Ambientais
Na sequncia, foram descritas as caractersticas ambientais relevantes segundo a
Matriz de Leopold. Esta matriz est apresentada no quadro 8:
56
Quadro 8: Matriz de Leopold
Tambm foi feita a verificao da sustentabilidade da empresa atravs do mtodo
GAIA Gerenciamento de Aspectos e Impactos Ambientais, como mostra o quadro 9:
57
Quadro 9: Verificao da Sustentabilidade da Organizao
58
Uma vez preenchido o quadro 9, sobre a Verificao da Sustentabilidade da
Organizao, tem-se o resultado automaticamente na ltima linha do referido quadro, que
deve ser comparado com a coluna RESULTADO (tabela 3):
Tabela 3 Referencial para Classificao da Sustentabilidade do Negcio
RESULTADO SUSTENTABILIDADE
Inferior a 30% CRTICA VERMELHA
Entre 30% a 50% PSSIMA LARANJA
Entre 50% a 70% ADEQUADA AMARELA
Entre 70% a 90% BOA AZUL
Superior a 90% EXCELENTE VERDE
Levando-se em considerao a tabela anterior, conforme referencial de Lerpio (2000),
o resultado de 64% indica que a empresa est na faixa dos 50% a 70%, da qual fazem parte
as empresas que tm suas atividades consideradas adequadas.
3.3.1. No Conformidades encontradas
Diz-se que mais fcil co
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