Estado da tese e projeção da pesquisa Maristela Cury Sarian

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Estado da tese e projeção da pesquisa

Maristela Cury Sarian

1.2 DE PROJETO PILOTO UCA A PROGRAMA UCA: UM OLHAR SOBRE A CONSTITUIÇÃO DO CORPUSInserção das portarias:PORTARIA No. 8, DE 19 DE MARÇO

DE 2007Art. 1º. Compor grupo de trabalho com o

objetivo de assessorar pedagogicamente a elaboração do documento básico do Projeto Um Computador por Aluno - UCA, bem como realizar o acompanhamento e a avaliação das experiências iniciais a serem implantadas.

1.2 DE PROJETO PILOTO UCA A PROGRAMA UCA: UM OLHAR SOBRE A CONSTITUIÇÃO DO CORPUSArt. 2º. Designar para compor o

referido Grupo de Trabalho, sob a coordenação do primeiro, como representantes do Ministério da Educação: 

Espartaco Madureira Coelho - SEED/MEC

1.2 DE PROJETO PILOTO UCA A PROGRAMA UCA: UM OLHAR SOBRE A CONSTITUIÇÃO DO CORPUS

Portaria SEED n.85/2008, de 16 de junho de 2008:

Art. 1º Compor o Grupo de Trabalho de Assessoramento ao Projeto Um Computador por Aluno - UCA que terá a finalidade de:

Art. 2º Designar para compor o referido Grupo de Trabalho, sob a coordenação do primeiro:

1.2 DE PROJETO PILOTO UCA A PROGRAMA UCA: UM OLHAR SOBRE A CONSTITUIÇÃO DO CORPUS Mauro Cândido Moura - Secretaria de Educação

a Distância/MEC;

Escola Municipal Ernani Bruno – São Paulo - periferia; 24 de outubro

Escola Estadual Luciana de Abreu - Porto Alegre/RS; 22 e 23 de outubro;

Colégio Estadual Dom Alano Marie Du Noday - Palmas/TO – 31 de outubro;

CIEP Municipal Profª Rosa Conceição Guedes - Piraí/RJ – 29 de outubro, distrito de Arrozal;

Centro de Ensino Fundamental nº 1 do Planalto - Brasília/DF – 5 de novembro.

Territorialização“Periferia” qualifica a escola Ernani

Bruno e “distrito de Arrozal”, zona rural, Profa. Rosa Conceição Guedes. Esse tipo de funcionamento é compreendido na AD como um excesso. Por que é preciso marcar essa territorialização? E por que nessas duas escolas apenas? Que silenciamentos funcionam aí? Nessa injunção de se dizer, que imaginários estão sendo produzidos? Que efeitos essa demarcação produz?

TerritorializaçãoCompreendemos que nessa tentativa

de determinar, de delimitar esses espaços, o efeito produzido é de indeterminações. Ao se levar o PROUCA para a periferia e a zona rural, por meio dos pré-construídos que circulam sobre essas regiões, a “inclusão digital” tal como propõe o PROUCA estaria numa relação direta com a resolução dos problemas que supostamente essas escolas apresentariam.

Usos relevantes x usos irrelevantes da internet

Esse jogo do que é ou não relevante para o uso da internet na escola é mais um efeito do caráter autoritário do PROUCA, como próprio da configuração da política pública. Além disso, parece-nos haver aí uma relação direta entre informação, conhecimento e aprendizagem.

Usos relevantes x usos irrelevantes da internet

No que toca à relação informação/conhecimento, Dias (2009) afirma que a sociedade contemporânea é determinada pelos sentidos de conhecimento e de informação, daí a emergência de formulações como “Sociedade do Conhecimento”, “Sociedade da Informação”, “Novas tecnologias da Informação e Comunicação”. Sentidos que se sobrepõem e se confundem no discurso das novas tecnologias, como se significassem a mesma coisa, pelo próprio efeito da ideologia, havendo o apagamento da materialidade dessas palavras.

Usos relevantes x usos irrelevantes da internet

No entanto, segundo Dias, “a informação é a matéria-prima da construção do conhecimento, mas não é o conhecimento, portanto, não pode substituí-lo” (p.5), ou seja, “o sentido de um é constitutivo do sentido do outro, mas não é mesmo sentido” (p.7), porque filiados a formações discursivas distintas. O conhecimento seria da ordem do material e, enquanto tal, “é um processo de significação e, sendo processo, não pode ser estancado” (p.7); já a informação é da ordem do empírico.

Usos relevantes x usos irrelevantesEntretanto, no PROUCA, o

conhecimento é tratado enquanto conteúdo, enquanto modo de operar com as ferramentas da rede, e a informação enquanto novidade e verdade, passível de acúmulo, o que supostamente garantiria o aprendizado.

Usos relevantes x usos irrelevantes

Vemos que ao tentar apreender o que é ou não relevante para o ensino, instala-se uma contradição que coloca em evidência a fragilidade e a falibilidade do Programa, no sentido de que a internet não dará conta de preencher a falta que se busca com a inserção da tecnologia na sala de aula. Parece-nos próprio das políticas públicas que a busca pelo preenchimento dessa falta, ao ser atualizada, sempre se desloca para um novo projeto ou novo programa, e não traz a tão almejada solução para os problemas do ensino, não se coloca em questão os problemas de fundo, mas na máquina, nas respostas prontas que a internet poderia trazer, e não na história.

1.4 As condições de produção

Financiamento do Programa – BID;

A intervenção de instituições financeiras estrangeiras na educação brasileira, segundo Deitos (2005), é parte de uma conjuntura política, econômica, social e institucional ampla, recomendada por organismos como o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial (BM), além do BID, que funcionam como “agentes estratégicos do processo de hegemonia do capital, coordenados pelos países e estados centrais, mais conhecidos como G-7, sob a hegemonia econômica, financeira, ideológica e militar dos EUA” (p.41).

1.4 As condições de produção

A relação do BID com o Brasil, de acordo com Deitos, inicia-se com a modernização do Estado, em 1994, correspondente a reformas no âmbito administrativo, trabalhista, tributário, judiciário, previdenciário, educacional, financeiro e social, tomadas em uma relação direta com as questões no campo econômico.

1.4 As condições de produção

O Caderno faz menção a um documento denominado The one laptop per child initiative: a framework for latin america and the idb, o qual encontramos na internet. A redação coube a Juan Carlos Navarro (Chief, Education Unit, SDS), a pedido do EVP, e contou com vários colaboradores, como membros da OLPC, como Nicholas Negroponte, do BID e da Education Unit of SDS.

1.4 As condições de produção

De acordo com o documento, o interesse do BID em programas educacionais como o PROUCA faz parte de uma política que se volta para a América Latina há pelo menos vinte anos, com a justificativa de que “a educação é um elemento chave no desenvolvimento da produtividade na melhoria do bem-estar pessoal” (NAVARRO et al, 2006, p.2). A educação é também vista como um índice do desenvolvimento do capital humano, atribuindo às tecnologias um importante papel para esse desenvolvimento.

1.4 As condições de produção Outros argumentos utilizados para justificar

o interesse do BID pela informática na educação residem no “equity rationale” [lógica da igualdade], no sentido do pagamento de uma “dívida digital”, por parte do Estado, como forma de responsabilidade social, e no “competitiveness rationale” [lógica da competitividade], que se sustenta pela importância que o conhecimento e a informação adquiriram no desenvolvimento da economia (cf. NAVARRO et al, 2006, p.3).

1.4 As condições de produção

Após passar por essas e outras questões, relativas aos objetivos do relatório, às justificativas pelo financiamento da tecnologia na educação, à configuração dos laptops educacionais, à metodologia da OLPC, as áreas de atuação no Caribe e na América Latina e ao baixo custo da proposta, encontramos, como efeito de fecho, os seguintes dizeres:

1.4 As condições de produção Diante do exposto, este documento recomenda

que o Banco Interamericano de Desenvolvimento assuma uma postura proativa no que diz respeito à implantação do computador 1 para 1 na América Latina e no Caribe. Como passo preliminar, mas essencial, o Banco deve estabelecer um diálogo com as partes interessadas na América Latina e Caribe em relação ao potencial de novos modelos de computação [computing models], um diálogo com a chegada da iniciativa da OLPC, oportuna e necessária. (p.14).

 

Alguns funcionamentosA educação, tomada numa lógica

capitalista, é colocada como o centro e a saída para todos os problemas na sociedade, o que conduz à formação de um imaginário de educação como a “salvação” para o desenvolvimento do país:

1.4 As condições de produção

Uma força de trabalho com uma boa formação básica (leitura, escrita e matemática) é o fundamento de um desenvolvimento permanente; por outro lado, uma força de trabalho em que abundem as habilidades do mais alto nível (habilidades técnicas, engenharia, ciências e gestão) é uma fonte de pessoal dirigente, vinculações e capacidades para adaptar tecnologia. O fortalecimento da base do sistema educativo garantirá não só que a força de trabalho tenha conhecimentos tecnológicos, mas também que os pobres se beneficiarão dos frutos da ciência e da tecnologia. (BID, apud DEITOS, 2005, p., grifos nossos).

1.4 As condições de produção

O pré-construído que funciona aqui também é o da falta, atualizado na ineficiência do ensino, o que, num jogo parafrástico, desliza para a incapacidade dos professores e o desinteresse dos alunos. Argumento que serve de justificativa para a entrada de financiamentos que objetivam “melhorar” a educação brasileira, apagando, dentre outras coisas, os interesses filiados a um neoliberalismo que se interessa pelo endividamento dos países ditos emergentes, como o Brasil (DEITOS, 2005). Vemos silenciadas, aqui também, as contradições que perpassam não apenas a educação no Brasil, mas a história brasileira.

Para Deitos (2005),a ineficiência educacional geral nacional

(baixos níveis de escolarização da população em geral e especialmente da força de trabalho) como entrave para a maior produtividade e competitividade internacional é a base do argumento para a implementação de reformas educacionais que constituem a consolidação dos ajustes econômicos, financeiros e institucionais em curso nos países, principalmente nos países periféricos e endividados. (p.224).

PROINFOO Programa Nacional de Informática na

Educação, ora proposto pelo MEC, pretende iniciar o processo de universalização do uso de tecnologia de ponta no sistema público de ensino. A garantia de otimização dos vultosos recursos públicos nele investidos, reside, em primeiro lugar, na ênfase dada à capacitação de recursos humanos, que precede a instalação de equipamentos e responde por 46% do custo total do programa. (APRESENTAÇÃO, 1997, s/p).

Fundação Pensamento Digital

Criada em 2000, com sede em Porto Alegre-RS; organização de origem privada, sem fins lucrativos, sem vínculos políticos partidários, autônoma (VOELCKER, 2006);

Fruto da mobilização de voluntários, empresas e universidades para promoção de projetos educacionais através do uso das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação

Fundação Pensamento Digital

Mobiliza uma rede de parceiros para promover a utilização de computadores e Internet em comunidades de baixa renda, potencializando as ações de desenvolvimento das organizações comunitárias e estimulando a aprendizagem continuada de suas equipes e beneficiados

Fundação Pensamento Digital

Desenvolve uma proposta pedagógica que busca formar sujeitos capazes de refletir e encontrar relações entre diferentes conceitos, oportunizando o acesso a diversas formas de inclusão, proporcionando autonomia para aprendizagem continuada e estimulando o desenvolvimento social e cognitivo, preparando o jovem para o mercado de trabalho

Fundação Pensamento Digital

Atuação destacada em pesquisa e inovação no âmbito da informática na educação;

Apóia e participa do Projeto-Piloto UCA -, pesquisando o uso do laptop educacional por aluno na rede pública de educação;

Também representou o Brasil em pesquisa internacional promovida pela Universidade de Washington sobre pontos públicos de acesso à informação.

Fundação Pensamento Digital

Relação com a universidade: membros que fazem parte da diretoria e dos conselhos, como a PUC-RS e a UFRGS, com destaque para Léa Fagundes, na qualidade de ex-presidente da instituição, que fundadora e coordenadora do Laboratório de Estudos Cognitivos da Psicologia da UFRGS.

Objetivos do Desenvolvimento do Milênio

Relatório Nacional de Acompanhamento (2004);

Supervisionado pelo Grupo Técnico para Acompanhamento dos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio e coordenado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE);

Inclusão digital como parte de um processo amplo de erradicação da pobreza.

Objetivos do Desenvolvimento do Milênio

A inclusão digital faz parte do oitavo e último objetivo do relatório, Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento, em que

propõe o estabelecimento de uma parceria global capaz de diminuir, ao longo do tempo, as profundas diferenças existentes entre as nações mais ricas e as mais pobres. Suas metas e indicadores direcionam-se às ações que os países desenvolvidos deveriam realizar para ajudar a reduzir as restrições estruturais que impedem o crescimento econômico mundial e o potencial de progresso daqueles ainda em desenvolvimento. (IPEA, 2004, p.86).

Objetivos do Desenvolvimento do Milênio

Na META 18, lemos: “Em cooperação com o setor privado, tornar acessíveis os benefícios das novas tecnologias, em especial das tecnologias de informação e comunicações”.

No que toca à inclusão digital, esta é tomada como

prioridade do governo brasileiro. Promove a inclusão social e desempenha papel fundamental no combate à pobreza ao permitir ao cidadão acesso à informação e ao conhecimento [...] há dois indicadores inseridos nos Objetivos do Milênio: o acesso à telefonia e ao uso de computadores, via internet. (p.90).

Algumas ações já realizadas nesse sentido pelo governo brasileiro estariam,

de acordo com o documento, desenvolvimento de programas de

inclusão digital, baseados em plataformas abertas e no software livre. O Comitê Executivo do Governo Eletrônico é exemplo de programa de modernização da Administração Pública pelo uso das novas tecnologias, orientado ao cidadão e à prestação de serviços básicos à população, tais como educação e saúde, pela internet. (p.91).

Objetivos do Desenvolvimento do Milênio

Criação de Telecentros em regiões com baixo IDH, por meio do projeto Casa Brasil;

Tecnologia atrelada a desenvolvimento:

Objetivos do Desenvolvimento do Milênio

Na Cúpula Mundial sobre Sociedade da Informação e em outros foros internacionais sobre o tema, o governo brasileiro vem defendendo a utilização das tecnologias da informação como instrumento de promoção do desenvolvimento econômico, social e cultural, bem como ressaltando a importância da redução do chamado “hiato digital” entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. O “hiato digital” agrava as diferenças sociais, econômicas e culturais já existentes. Mais especificamente, o Brasil tem-se posicionado pelo uso do software livre e aberto, por um novo modelo de governança da internet, que seja multilateral, transparente e democrático, e por critérios objetivos que orientem o compartilhamento dos custos de conexão entre provedores de backbones de diferentes países. (p.91).

1.4 As condições de produção – divisões do ensino

Ideiais da revolução francesa:

Porém, essa proposta continuou a produzir as assimetrias no plano educacional; os ideais da Revolução Francesa permanecem no campo da formulação, trazendo como efeito novas divisões. Nunes (2000), baseando-se em Braga (1999), afirma que o ensino secundário era voltado para os que apenas estudavam, ou seja, para aqueles que não precisavam trabalhar para pagarem seus estudos; em termos curriculares, as disciplinas contempladas eram matemática, história natural, química, noções de moral, ciências sociais e comércio.

1.5 A escola na conjuntura capitalista: novas injunções para

velhos problemas

Nunes (2000), baseando-se em Alves (1992), relata que também no Império estava estabelecida uma divisão que produzia uma diferença significativa entre os ensinos primário e o secundário: o primário destinava-se ao cumprimento de um papel dito civilizador; já o secundário voltava-se para a formação de uma elite. Para a autora, essa concepção permaneceu no país até a promulgação da primeira LDB, de 1961, tendo passado, portanto, pelas Reformas Francisco Campos (1931) e Gustavo Capanema (1942).

Novo esquema da teseCAPÍTULO 1:

Constituição do corpus; Políticas públicas de ensino/inclusão

digital;Condições de produção; questão da

Ong tratada por Eni + considerações sobre OLPC;

Escola;POSSO ATRIBUIR O EFEITO DE FECHO?

Novo esquema da teseCAPÍTULO II – investir nos demais

materiais constituintes do corpus:

Relatórios, workshops, artigos; busca das contradições nos materiais, do que se considera como problema para o sucesso do PROUCA (infraestrutura, por ex);

Novo esquema da teseCAPÍTULO III

Análise das configurações dos laptops;

Análise das atividades disponíveis no site acompanhadas de seus respectivos vídeos;

Mobilização de conceitos/noções como efeito leitor na internet;

Novo esquema da teseConsequências para os sujeitos

trazidas pelas tecnologias;

Processo de (des)autorização nas atividades;

Estatuto da leitura/escrita/hipertexto; desnaturalizar tecnologias de escrita;