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FENÔMENOS E PROCESSOS PSICOLÓGICOS –
ENFOQUE PSICODINÂMICO II
SILVIA MARIA BONASSI - DE– Adjunto I Psicologia Clínica /UFMS/CPAR
FONE: 67- 81903430
silviabonassi@gmail.com
ORIGEM HISTÓRICA DAS PSICOTERAPIAS
Medicina antiga Religião Cura pela fé Hipnotismo
AO FINAL DO SÉC. IXX Começam a ser utilizadas como
tratamento para as então denominadas doenças nervosas e mentais,
Tornando-se uma arte médica restrita aos psiquiatras
NO DECORRER DO SÉC. XX E
INÍCIO DO SÉC. XXI
Outras profissões passam a exercê-la,
Conservando-se entretanto os termos relacionados com sua origem médica: doença, etiologia, diagnóstico, paciente, terapeuta, que de certa forma são inadequados.
(Strupp, 1989).
PSICOTERAPIA
“É muito mais uma atividade colaborativa entre paciente e terapeuta, do que uma ação predominantemente unilateral, exercida por alguém sobre outra pessoa como ocorre com outros tratamentos
(p. ex. cirurgia)”.
(Cordioli, 1998)
Na literatura são mencionados mais de 400 tipos diferentes de psicoterapias.
(Karasau, 1986)
CARACTERIZAÇÃO DAS PSICOTERAPIAS
SUPORTIVAS - OBJETIVO Fortalecimento ou estruturação das defesas, para evitar o surgimento de sintomas
EXPRESSIVAS – OBJETIVO
Expressão verbal dos conflitos, objetivando mais que a adaptação (Psicanálise e psicoterapias de orientação analítica)
As psicoterapias são métodos de tratamento de natureza emocional, nos quais uma pessoa treinada,
Mediante a utilização de meios psicológicos, estabelece deliberadamente uma relação profissional com a pessoa que busca ajuda,
Visando remover ou modificar sintomas existentes,
Retardar seu aparecimento, corrigir padrões disfuncionais de relações interpessoais,
Bem como promover o crescimento e desenvolvimento da personalidade
(Wolber, 1988)
1. O terapeuta utiliza especialmente a comunicação verbal (as diferentes intervenções).
2. A relação terapêutica tem como finalidade influenciar o cliente e fazer com que modifique emoções, pensamentos, atitudes ou comportamentos considerados desadaptativos.
(Cordioli, 1998)
A PSICOTERAPIA É EXERCIDA POR DIFERENTES PROFISSIONAIS
Psiquiatras
Psicólogos
Médicos clínicos
Enfermeiros
Assistentes sociais
Outros (com formação especializada)
(Strupp, 1989)
PSICANÁLISE (Freud, 1905)
Psicanálise” literalmente significa dividir a mente em seus elementos
constitutivos e nos processos dinâmicos.
1856/2006 = 150 anos
SIGMUND FREUD - nasceu dia 6 de maio de 1856 em Freiberg, pequena cidade da Morávia no antigo Império Austro-Húngaro,
Não era nada modesto. Sabia de sua importância chegou a comparar-se a Copérnico e a Darwin.
Como eles, Freud julgava ter infligido ao ser humano a
terceira 'ferida narcísica' da sua história.
COPÉRNICO havia provado que a Terra não era o centro do sistema solar.
DARWIN mostrou que o filho de Deus não passava de um
acidente feliz de mutações genéticas aleatórias.
Num século cientificista,
Freud atingiu o homem naquilo que tinha de mais caro - a RAZÃO,
Mostrando que ele era presa de pulsões e desejos inconfessáveis, fazia coisas sem motivo aparente e
vivia não sob o império da inteligência,
mas de algo que o ultrapassava, o seu inconsciente.
Freud era médico, estudara psiquiatria em Paris com Charcot e queria fazer da sua descoberta uma ciência exata, segundo preceitos consagrados da metodologia da época.
Mas como aquilo tudo que vislumbrava não cabia direito no molde tradicional, teve de inventar seu próprio método de conhecimento e fundar uma nova disciplina.
A psicanálise, que nasce entre 1895 e 1900 - quando ele publica sua obra maior,
A Interpretação dos Sonhos, foi, a princípio, repudiada pela classe médica e pela ciência oficial. Mas cedo se impôs.
Não sem muitas resistências, das quais era o primeiro a ter consciência.
Como, além do inconsciente, ele postulava a existência de uma sexualidade infantil e da
prevalência de atos psíquicos menos 'nobres' como os sonhos, os atos falhos e os chistes sobre as grandes elaborações da consciência,
era natural que encontrasse mesmo adversários.
Na prática o termo Psicanálise é utilizado com pelo menos
três significados diferentes:
1. Conjunto de teorias psicológicas sobre o funcionamento mental, sobre a formação da personalidade e aspectos do caráter, tanto daqueles considerados normais como os psicopatológicos; (sexualidade infantil, inconsciente dinâmico, conflito psíquico, mecanismos de defesa e formação de sintomas).
2. Método ou procedimento de investigação dos conteúdos mentais, especialmente os inconscientes (associação livre, análise
dos sonhos, análise da transferência)
3. Método psicoterápico que se propõe a efetuar modificações no caráter por meio da obtenção de insight, mediante análise sistemática das
defesas na neurose de transferência.
Principais características da Psicanálise
O analista adota uma atitude neutra, sentando-se as costas do cliente, sem contato visual direto,
O cliente é orientado a expressar livremente e sem censura seus pensamentos, sentimentos, fantasias, sonhos , imagens, assim como associações que lhe ocorrerem, sem pré-julgar sobre sua relevância ou significado (livre associação)
Principais características da Psicanálise
O terapeuta senta atrás do divã, mantendo uma atitude de curiosidade e de ouvinte atento,
De tempos em tempos interrompe as associações do cliente, fazendo-o observar determinadas conexões entre os fatos de sua vida mental, particularmente emoções, fantasias relacionadas com a pessoa do terapeuta, que passam desapercebidas, e refletir sobre o significado subjacente.
Principais características da Psicanálise
1. A neutralidade do terapeuta,
2. O número freqüente de sessões sempre em horários preestabelecidos (3 a 5 semanais),
3. O uso do divã
4. O tratamento longo, podendo durar vários anos
Principais características da Psicanálise
estabelece a regressão e uma relação transferencial por parte do cliente, que passa a deslocar para a pessoa do terapeuta pensamentos e sentimentos, voltados originariamente para pessoas importantes de seu passado,
repetindo padrões primitivos de
relacionamento Desta forma, o passado se torna
presente na chamada neurose de transferência.
Principais características da Psicanálise
Por intermédio das interpretações, centradas na análise e na resolução da referida neurose transferencial, o paciente poderá obter “insight” sobre tais padrões primitivos e desadaptados de relações interpessoais,
compreender a origem de traços patológicos de seu caráter, reviver emoções perturbadoras associadas a figuras do passado.
INDICAÇÕES
Destina-se ao tratamento de problemas de natureza crônica, cuja origem situa-se em dificuldades ocorridas no passado, em especial nas relações com os pais, mesmo que suas manifestações ocorram no presente,
OBJETIVOS
Organização da estrutura do caráter e a correção de lacunas do desenvolvimento em pacientes com traços de personalidade desadaptativos, transtornos leves ou moderados de personalidade, mas com aspectos do EGO relativamente preservados.
É NECESSÁRIO QUE O CLIENTE:
Tenha motivação pelo tratamento;
Busque efetuar mudança de vida;
Auto-conhecimento;
Ser capaz de introspecção e insigth;
Disposição para se envolver num tratamento de longa duração;
Capacidade para estabelecer uma relação terapêutica estável;
Se comunicar com o terapeuta de forma honesta, por meio de palavras e não de ações
Disposição para sacrifícios em questão de tempo, dinheiro, etc.
Não ser portador de problemas de natureza aguda intensos.
CONTRA INDICAÇÕES
Quando há ausência de um EGO razoavelmente integrado e cooperativo(psicóticos, transtornos severos de personalidade, dependentes químicos, transtornos mentais orgânicos, deficientes mentais;
Diante de problemas de natureza aguda que exigem solução urgente;
Em situações de vida que não podem ser modificadas;
CONTRA INDICAÇÕES
Em transtornos mentais que exigem outros tratamentos mais efetivos (transtornos do humor, de ansiedade, etc.)
Em pacientes impulsivos que não toleram níveis pequenos de frustração, altamente narcisistas e centrados em si mesmos, voluntariosos.
Aparentemente não existem contra-indicações em razão da idade, embora em principio a Psicanálise não recomenda que tenham acima de 50 anos . (Arlow,1995)
Baseia-se nos mesmos princípios que a Psicanálise
TÉCNICA
O cliente é orientado a expressar livremente e sem censura seus pensamentos, sentimentos, fantasia, sonhos, imagens, sem prejulgar sobre sua relevância ou significado, bem como as associações que lhe ocorrem.
TÉCNICA
As associações não são tão livres como em psicanálise, pois habitualmente são dirigidas pelo terapeuta para questões chaves da terapia;
Busca intervir em áreas circunscritas ou problemas delimitados (FOCO)
O cliente é estimulado a explorar seus sentimentos, idéias atitudes, em suas relações com figuras importantes de sua vida atual, do passado e com o próprio terapeuta,
com vistas no “insigth”.
TÉCNICA
Sem utilização do divã, o cliente sentando-se numa poltrona de frente para o terapeuta;
O tratamento pode durar meses ou até anos
Uso menor da associação livre Sessões menos frequentes (uma a 3
sessões semanais) A regressão é menor e a transferência
não se desenvolve com a mesma intensidade, primitivismo e rapidez que a Psicanálise (Goldstein,1988)
OBJETIVOS
Resolução de conflitos selecionados e delimitados.
Remoção de defesas patológicas.
Promoção do crescimento em pessoas com atrasos nas chamadas tarefas evolutivas.
Correção de problemas psicopatológicos ou déficits adquiridos em etapas anteriores.
INDICAÇÕES
Pessoas com traços ou transtornos de personalidade que causam prejuízo em suas relações interpessoais, familiares ou profissionais,
Problemas caracterológicos mais amplos, como atrasos em tarefas evolutivas (aquisição de uma identidade própria, autonomia, independência)
INDICAÇÕES
Clientes mais comprometidos – uma organização “bordenline” da personalidade que não tem condições de realizar a Psicanálise plena (não toleram a regressão exigida) tem um controle muito pobre de impulsos, alta tendência ao acting out diante de situações de ansiedade ou frustração, mas tem boa capacidade de insigth .
O terapeuta faz algumas mudanças de contrato e atitudes promovendo controles externos para a segurança do cliente em situações de risco de vida.
(kenberg, 1990)
CARACTERISTICAS NECESSÁRIAS DO CLIENTE
Ter boa motivação para efetuar mudanças e trabalhar introspectivamente;
Comunicar-se honestamente com o terapeuta, predominantemente em palavras e não através de ações;
Desenvolver uma boa aliança terapêutica;
Estabelecer metas junto com terapeuta
Por exemplo: melhor controle de impulsos, de condutas auto destrutivas, etc.
Essas pessoas contudo são difíceis de aderir ao tratamento e há um alto índice de abandonos
CONTRA INDICAÇÕES EM CLIENTES:
1. Com problemas de natureza aguda: Psicoses, transtornos do humor e de ansiedade, etc.
2. Severamente comprometidos, nos quais a busca de insigth pode provocar regressões graves
3. Com algum retardo mental.
4. Com incapacidade para simbolizar, expressar seus sentimentos e emoções ou sem interesse em fazer modificações por meio da compreensão de seus conflitos
Usa de forma integrada conceitos teóricos oriundos de diferentes teorias, além dos conceitos psicanalíticos de conflito psíquico inconsciente, buscando sua resolução mediante a eliminação de defesas consideradas
patológicas através do insigth.
Emprega conceitos:
1. Reforço do Ego– Psicologia do Ego
2. FOCO – Malan
3. Experiência Emocional Corretiva – Alexander
4. Crises – Caplan
5. Teoria da Aprendizagem
6. Teoria Cognitiva
7. Teoria Comportamental
OBJETIVOS
Trabalhar com problemas circunscritos
Mudanças de caráter em áreas restritas da personalidade
TÉCNICA – CARACTERÍSTICAS
1. Delimitação de um problema, ou conflito principal, em acordo com o cliente .
2. Estabelecimento de uma “hipótese psicodinâmica”, explicativa do problema principal ou do “foco”, que faz sentido ao cliente, ao qual ele responde positivamente e que orienta as intervenções do terapeuta.
3. Interpretações de forças inconscientes
4. Ensino de novas formas de lidar com conflitos emocionais.
TÉCNICA – CARACTERÍSTICAS
O terapeuta adota atitudes ativas utilizando, além das intervenções que visam o insigth
Visa o apoio, sugestão, educação, clarificação, aconselhamento, etc.
A preocupação maior é com o futuro e menor com o passado
(Malan 1981; Mackenzie,1988; Sfneos, 1979)
A delimitação do tempo faz com que surjam questões envolvendo alta e separação
Precocemente são estimuladas a autonomia, auto-estima, atividade, independência (reforço de aspectos positivos do Ego)
O cliente senta-se frente a frente com o terapeuta
Número se sessões (uma a duas vezes semanais no período inicial, tornado-se mais espaçada quando se aproxima o término do tratamento
No início do tratamento é enfatizada a interpretação dos diferentes elementos do triângulo do conflito: sintomas, impulsos, desejos ou sentimentos, mecanismos de defesa;
Num segundo momento analisa se o
conflito manifestando-se nas várias situações interpessoais: transferência, relações com pessoas significativas da vida atual e da vida passada (triângulo do insigth) (Malan, 1981)
CARACTERISTICAS NECESSÁRIAS DO CLIENTE
1. Ter problemas circunscritos
(FOCO)mesmo que antigo 2. Ter as áreas da personalidade
funcionantes 3. Estar altamente motivado 4. Ter boa capacidade de insight
5. Se vincular rapidamente ao terapeuta
Na verdade, são poucos os que preenchem os critérios exigidos por esta forma de terapia (Cordioli, 1986)
CARACTERISTICAS NECESSÁRIAS DO CLIENTE
O terapeuta e o cliente devem poder rapidamente definir um foco ou um problema principal
Estar de acordo para trabalhar o problema
Ter capacidade de estabelecer aliança de trabalho e vincular-se ao terapeuta
Ter facilidade de expressar seus sentimentos e interesse em compreendê-los
CARACTERISTICAS NECESSÁRIAS DO CLIENTE
Ser capaz de separar-se facilmente por ocasião da alta
Demonstrar motivação para efetuar mudanças através da compreensão de suas dificuldades
Não ter problemas que possam ser agravados, se mobilizadas algumas defesas
O RESULTADO DO PROCESSO PSICOTERÁPICO
Parece estar relacionado com:
Motivação para mudança,
Freqüência das interpretações,
Transferências e
Sua ligação com figuras paternas a elementos envolvendo impulsos, desejos ou sentimentos do conflito focal
INDICAÇÕES
1. Clientes com transtornos de ajustamento e de personalidade leves,
2. Organização neurótica da personalidade
3. Situações ou problemas agudos, na vigência de transtornos caracterológicos crônicos
(Kenberg, 1990)
CONTRA INDICAÇÕES 1. Psicoses 2. Transtornos do humor 3. Dependência ao álcool ou outras
substâncias 4. Transtorno obsessivo-compulsivo ou
fóbico incapacitante 5. Transtorno do pânico 6. Transtorno de caráter grave:
organização borderline ou psicótica da personalidade, expressos sob necessidade freqüente de hospitalização, tentativas de suicídio, condutas auto ou heterodestrutivas graves, controle precário dos impulsos.
CONTRA INDICAÇÕES
7. Clientes muito imaturos e dependentes (tem dificuldade de se separar do terapeuta)
8. Situações emergenciais que exijam intervenções rápidas do tipo mudança ambiental
9. Necessidade de modificações maiores ou mais profundas no caráter
10. Problemas difusos, focos ou conflitos múltiplos
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