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LAZER, TRABALHO, CAPITAL E EDUCAÇÃO: REPRODUÇÃO X ALTERNATIVA
SOCIALISTA1
CÂNDIDO, Fernando Pereira2
RESUMOO Lazer é uma prática que acontece no tempo de não trabalho dos homens, que tem afunção de recompor sua força de trabalho e prevenir contra doenças causadas pelotrabalho intenso e repetitivo. Contraditoriamente, também é uma prática onde o homempode se apropriar da produção cultural da humanidade, enriquecendo-se e realizandosuas potencialidades humanas. Essa forma, mediada por uma educação articulada aosinteresses históricos da classe trabalhadora, só é possível articulada à superação positivado capital pela alternativa socialista, concretizando-se no comunismo. A partir doproblema: quais as possibilidades do lazer para a emancipação humana e qual o papel daeducação para estas possibilidades se realizarem?, foi elucidado o lazer para areprodução da organização social da produção e travada uma discussão com opensamento crítico do lazer que, não chega às determinações centrais do capitalismo,mantendo seu foco na dimensão política, não colaborando para a construção da teorianecessária à transição socialista. Chegou-se a este resultado através de uma pesquisahistórica bibliográfica discutida analiticamente, que guiou a estruturação do trabalho em:um resgate histórico das formas de organização social, suas manifestações de lazer eeducação; uma análise da reestruturação produtiva do capital 1980 e 1990 e suasconseqüências e; a necessidade da superação do trabalho alienado e a inter-relação dolazer e da educação nesse processo.
Palavras-chave: lazer, trabalho, capital, educação.
INTRODUÇÃO
O trabalho pode ser entendido sob duas formas distintas: enquanto processo de
satisfação das necessidades humanas onde o homem se relaciona com a natureza e com
os outros homens, produzindo sua própria humanidade. Ou, de outra forma, como1 O presente texto foi pensado inicialmente para o mini-curso: Lazer, Trabalho e Capital, ministrado aosfuncionários da secretaria de educação do município de Sarandi. Agradeço ao professor Dndo. EmersonBernardo Gimenes da Silva com quem discuti muito do conteúdo do presente texto. 2 Professor de Educação Física na educação especial, da rede estadual, Escola E.E. Albert Sabin. Integrante doESTE/UEM – Programa de Estudos do Trabalho e Educação. Participante do projeto de ensino: EducaçãoPara Além do Capital. CONTATOS: R. Ewert Nogueira Nº88. Vila Esperança. CEP: 87020-560. Maringá -Paraná . e-mail: fercandidoedf@hotmail.com
atividade de produção de mercadorias tendo em vista o lucro e o acúmulo do capital.
Nesta discussão, o trabalho também é visto como o momento da obrigação do homem à
alguma coisa, e o lazer como o momento de liberdade3, da desobrigação. O fino detalhe
que definirá que forma de lazer se apresenta, reprodutora ou emancipatória, é o sentido
do lazer, de ser este um espaço de pura recomposição da força de trabalho, ou, espaço
criador e de apreensão crítica da cultura historicamente produzida junto ao entendimento
da necessidade da superação do sistema do sociometabolismo do capital.
O lazer só se realiza no tempo livre, e só tem tempo livre quem trabalha. Só é possível
definir o tempo livre a partir do tempo não-livre, do tempo ocupado, onde se tem uma
obrigação para/com alguém e algo. Os tempos humanos discutidos a partir da categoria
trabalho são: a) Tempo Ocupado – aquele onde se está obrigado para com o trabalho; b)
Tempo Liberado – em que o homem não está no trabalho, mas não está livre, está em
atividades ligadas ao trabalho (indo ou voltando do local onde realiza seu trabalho) ou à
funções vitais (comendo, dormindo); c) Tempo Livre – é o tempo do lazer, o tempo da não
obrigação onde o homem tem um determinado poder de decisão sobre o que vai fazer;
d) Tempo Disponível – o tempo do desempregado, de disponibilidade para fazer ao mesmo
tempo: 1 - qualquer coisa, desde que alguém o permita ter acesso aos meios de trabalho, e 2
– nada, na medida em que para ter acesso aos bens produzidos social e historicamente, entre
eles o lazer, os homens tem que ir ao mercado consumir mercadorias, precisando para isso
do valor de troca universal, o dinheiro. A qualidade da utilização desses tempos é
determinada também pela educação, que por sua vez é determinada pela forma de
organização social do trabalho, pela estrutura econômica da sociedade.
3 Liberdade no capitalismo é sempre limitada uma vez que está condicionada e determinada pelas relaçõesmercantis. Liberdade no sentido liberal, adotado na consolidação do capitalismo significa o trabalhador estarlivre dos meios de produção e da suas obrigações de servidão, pois ele deve ser livre para vender sua força detrabalho e para comprar onde quiser. Logo, a liberdade no sentido que os autores geralmente defendem, deemancipação humana, só é possível em uma sociedade que supere a subsunção do trabalho ao capital.
A partir destas considerações apresenta-se a seguinte questão: Quais as possibilidades
do lazer enquanto prática de emancipação humana na sociedade de classes e qual o
papel da educação para estas possibilidades se realizarem ou não? Como eixo da
discussão traçou-se o objetivo geral de discutir o lazer a partir da categoria trabalho,
evidenciando as determinações do lazer a partir da divisão do trabalho e o papel da
educação no sentido de reproduzir ou de transformar a sociedade de classes que limita o
lazer emancipador. A partir desse eixo, dois objetivos se delimitaram: 1º – Discutir o Lazer
e as necessárias mediações da educação para sua efetivação nas sociedades Antiga,
Média e Moderna a partir da categoria trabalho. 2º – Analisar o Lazer e as necessárias
mediações da Educação na Sociedade Capitalista, apontando seus limites e suas
possibilidades. Metodologicamente esta pesquisa tem o caráter histórico, realizada a
partir de fontes bibliográficas, buscando a compreensão analítica do objeto estudado.
Parte-se do modo de organização dos homens para produzirem e reproduzirem suas
vidas, pois é a partir da forma de produzir materialmente sua vida que o homem se
humaniza. É da prática social que nascem os diferentes tipos de intercâmbio que os
homens travam entre si (MARX; ENGELS, 2004). O ponto a que chegou esta breve
discussão foi a afirmação da possibilidade de plena realização do lazer, no se sentido
emancipador, apenas na sociedade que supere o capital como definidor da forma de
sociabilidade, ressaltando o papel da educação e do próprio lazer no processo inadiável
de superação do capital.
1 - HISTÓRIA DO LAZER, TRABALHO E EDUCAÇÃO
À medida que se desenvolvem as forças produtivas e conseqüentemente o comércio,
mais se intensifica a divisão do trabalho. Por que cada força produtiva nova leva a uma
nova especialização da divisão do trabalho. E cada novo estágio da divisão do trabalho
determina uma nova relação entre os indivíduos (MARX; ENGELS, 2004).
IDADE ANTIGA - A propriedade Comunal e Estatal da Antigüidade resulta “[...] da
reunião de várias tribos em uma única cidade, por contrato ou por conquista, e na qual
subsiste a escravidão [...]” (MARX; ENGELS, p.47). Desenvolve-se a propriedade privada
mobiliária e imobiliária, que está subordinada à propriedade comunal. Os cidadãos possuem
o poder sobre seus escravos apenas coletivamente, ligados à forma de propriedade comunal.
É a forma de propriedade privada coletiva dos cidadãos ativos. O trabalho já está mais
desenvolvido em sua divisão e encontrando a oposição entre cidade e campo. As classes
constituídas são os cidadãos e os escravos. O centro da produção está nas cidades. A partir
do estabelecimento de uma classe determinada que realiza o trabalho braçal, a outra classe
irá viver desse trabalho. Essa mesma classe que não precisa trabalhar produtivamente, os
cidadãos, é aquela que terá acesso ao ócio, muito bem explicado por Vega (1979, p.32):
“[...] Para Platão, e ele com isso mais não faz que recolher o pensamento dos seus
contemporâneos, o homem livre tinha a obrigação de se dedicar exclusivamente aos jogos
corporais e ao exercício de sua inteligência [...]”. O ócio continha as práticas de canto,
pintura, escultura, estudos filosóficos, políticos e exercícios ginásticos. Esse era o rico
entendimento do termo ócio, todavia, impossível de ser tomado como exemplo positivo,
uma vez que é condicionado pelo trabalho tomado do escravo, baseado já na exploração de
uma classe que não tem ócio. Sobre a educação nesse período, Saviani (2003, p.152-53),
expõem que “[...] A palavra escola em grego significa o lugar do ócio. Portanto, a
escola era o lugar a que tinham acesso as classes ociosas. A classe dominante, a classe
dos proprietários. [...]” Do lado oposto , “[...] a educação geral, a educação da maioria era
o próprio trabalho: o povo se educava no próprio processo de trabalho.[...]”.
IDADE MÉDIA - A Propriedade Feudal ou Estamental, parte do campo, a terra é força
produtiva maior. Desenvolveu-se sob disciplina militar esta forma de propriedade. Os
pequenos camponeses são a classe diretamente produtora. A nobreza tinha poder total
sobre os servos. A mesma estrutura do campo se reproduzia nas cidades, com a
propriedade corporativa e a organização feudal dos ofícios artesanais. “[...] Ao contrário
do ocorrido na Grécia e em Roma, o desenvolvimento feudal inicia-se, em território muito
mais vasto, preparado pelas conquistas romanas e pela expansão agrícola por estas
inicialmente ocasionadas [...]” (MARX; ENGELS 2004, p.49). Coloca-se a oposição entre
campo e cidade. No campo há o domínio do senhor sobre o servo. Na cidade, do oficial
sobre o aprendiz. A propriedade principal nesse período é, por um lado, a propriedade
territorial (trabalho servil), “[...] e, por outro lado, o trabalho pessoal, amparado em
pequeno capital [...]” (Idem, p.50) (oficiais e aprendizes). As condições de produção são
limitadas “[...] pelo escasso e rudimentar cultivo da terra e pela indústria de tipo artesanal
[...]” (Idem, Ibidem).
A prática do ócio na Idade Média muda radicalmente em relação ao seu enaltecimento na
Antigüidade, onde há um pensamento livre de preconceitos em relação às diversas
práticas corporais, artísticas e intelectuais. As atividades ligadas à corporeidade são
condenadas. As artes sofrem um período de marginalização imposto pelos dogmas
religiosos. A produção intelectual foi limitada pela teologia do clero, que dominou a
transmissão do conhecimento nesse período. As práticas corporais se limitam a
preparação militar dos cavaleiros. A nobreza tem seus bailes e jantares, como forma de
lazer. As classes que produzem a vida materialmente limitam-se a descansar para repor
suas energias ou a freqüentar tavernas. Em relação à educação na Idade Média tem-se:
“[...] as escolas paroquiais, as escolas catedralícias e as escolas monacais que eram as
escolas que se destinavam à educação da classe dominante [...]“. Os servos e
aprendizes, “[...] continuava se educando pelo trabalho, no próprio processo de produzir
a própria existência e de seus senhores” (SAVIANI, 2003. p.153-54).
A cultura sofreu grande retrocesso, conhecendo uma volta a barbárie (MANACORDA,
2002), uma vez que os bispos foram impedidos pelo Concílio de Catargo (400 d.C.), de
fazerem leituras dos textos clássicos (Idem, Ibidem). Nesse contexto de pobreza
intelectual, onde mesmo os eclesiásticos muitas vezes eram analfabetos, e com todos os
preconceitos em relação à educação física, a prática do lazer também é negativamente
influenciada, limitando-se ainda mais para ambas as classes, mas com especial
degradação para a classe produtora.
IDADE MODERNA - A produtividade aumenta, de forma que começam a ser produzidos
excedentes, que vão ser trocados no mercado que começa a se constituir formando
novas cidades. Inicia-se a chamada acumulação primitiva, a gênese do capital. A
produção industrial se inicial nas cidades com as manufaturas e a cooperação simples,
dominando em seguida as relações de produção no campo, que adotam o modelo
industrial. Surgem duas classes estruturais, os capitalistas, donos dos meios de produção
e o proletariado, classe que tem que vender sua força de trabalho, a produtora dos
valores de uso. O modo capitalista de produção se afirma com a maquinaria e a grande
industria, com a burguesia tomando também o poder político da velha classe feudal. O
modo de organização da produção se organiza sobre a base capitalista que é orientada
pela produção de mercadorias4 com vistas ao lucro, ao acúmulo de capital. A classe
capitalista se enriquece e tem acesso aos resultados da produção humana, em oposição
à classe proletária, que empobrece quanto mais riquezas produz. Com esta contradição
básica do capitalismo, aparece o conceito de lazer, substituindo o antigo ócio com
dignidade. Se a ideologia antiga pregava que era indigno ao homem livre ocupar-se de
trabalhos que gastam as energias joviais, o novo emblema ideológico traduz-se com: o
trabalho dignifica o homem. O trabalho torna-se a fonte de todas as virtudes.
4 “A mercadoria é, antes de mais nada, um objeto externo, uma coisa que, por suas propriedades, satisfaznecessidades humanas, seja qual for a natureza, a origem delas, provenham do estômago ou da fantasia [...]” (MARX, 2003, p. 57).
A energia vital do homem, após ser utilizada em uma excessiva jornada de trabalho,
precisa ser recomposta, reproduzida. Para esse fim, o lazer é um meio de compensar o
desgaste do trabalho sem significado para o trabalhador, de forma que uma atividade de
compensação também sem significado é um meio adequado de reproduzir uma força de
trabalho alienada. Se o ócio devia desvincular-se das atividades produtivas, agora, o
lazer, se casa com a atividade produtiva. Surgem duas linhas teóricas para o Lazer: a
primeira que percebe essa afinidade necessária entre o desgaste laborativo e o
descanso através das atividades de lazer; a segunda que, negando essa contra-função
do lazer ao trabalho alienante, enxerga-o como prática de potencial para o crescimento e
a emancipação do homem. A educação na sociedade capitalista ganha outra dimensão
para a classe trabalhadora, porque a “[...] sociedade organizada à base do direito positivo
também vai trazer consigo a necessidade de generalização da escrita [...]” e, diferente do
período feudal, na “[...] época moderna, a incorporação da ciência ao processo produtivo
envolve a exigência da disseminação dos códigos formais, do código da escrita”
(SAVIANI, 2003, p.156-57).
Todavia, essa exigência educacional gera mais uma contradição no capital: a instrução é
ao mesmo tempo, necessidade para a inserção do trabalhador no processo produtivo,
para ser explorado, e, por outro lado, condição necessária e possibilitante da sua
emancipação. Dessa forma que, após a classe capitalista discutir sobre a educação
escolar do proletariado ser uma necessidade ou um gasto desnecessário, chegou-se a
fórmula postulada por Adam Smith: “o ensino popular pelo Estado, embora em doses
prudentemente homeopáticas” (apud MARX, 2003, p. 418). Com o avanço das forças
produtivas e as novas formas de divisão do trabalho, o homem começa a realizar tarefas
repetitivas de forma mecânica. A conseqüência disso já era alertada por Adam Smith:
“[...] Um homem que despende toda a sua vida na execução de algumas operações
simples (...) não tem oportunidade de exercitar sua inteligência. (...) se torna tão estúpido
e ignorante quanto pode se tornar uma criatura humana” (apud MARX, 2003, p. 417). Em
seguida, mostra porque se preocupa com o embotamento do trabalhador: “[...] sua vida
estacionária corrompe naturalmente seu ânimo. (...) Destrói mesmo a energia de seu
corpo e torna-o incapaz de empregar sua forças com vigor e perseverança em qualquer
outra tarefa que não seja aquela para que foi adestrado [...]” (Idem, ibidem). A conclusão
a que chega Marx (2003, p. 418), é que: “[...] Certa deformação física e espiritual é
inseparável mesmo da divisão social do trabalho na sociedade [...]”, e como
conseqüência da “[...] divisão social do trabalho e também, com sua divisão peculiar,
[que] ataca o indivíduo em suas raízes vitais, é ele que primeiro fornece o material e o
impulso para a patologia industrial”. Partindo da constatação de doenças com etiologia na
rotina de trabalho, e do esgotamento do trabalhador nas atividades braçais, alertado por
Smith, surge a necessidade de um mecanismo de conservação da integridade da força
de trabalho do proletariado. Eis o surgimento do lazer como mecanismo de reprodução
da sociedade capitalista. Todavia, assim como a educação existe em condições
diferentes para o proletariado e para os capitalistas, também o lazer existe em condições
muito diferentes para estas duas classes, determinado centralmente pelo fator
econômico.
Nesse sentido, o lazer é delimitado por atividades heterocondicionadas, ou seja, impostas
exteriormente as pessoas que as praticam. Como criação de novos valores, identificam-
se as atividades autocondicionadas, aquelas escolhidas pela própria pessoa, com
liberdade dada pelo conhecimento das opções e da riqueza existente no tempo livre. Na
lógica das atividades heterocondicionadas estão as práticas de lazer chamadas de
contra-funcionais. Segundo Waichman (1997, p. 107), “A brincadeira contra-funcional
reequilibra-nos para as atividades obrigatórias do dia a dia [...]”, em detrimento da
expressão livre que a brincadeira implica [...]” (Idem, p.108). O Lazer contra-funcional é
um lazer pobre, limitado e consumido. Sendo uma mercadoria consumida torna-se uma
forma de anti-lazer, que é a negação do próprio potencial criador da atividade humana no
tempo de liberdade. São exemplos do anti-lazer o consumo da informação e do
entretenimento via meios de comunicação de massa – consumo de fantasias
fetichizadas, de diversas formas de espetáculos alienados e alienantes -, consumo de
mercadorias em shoppings, consumo de turismo em empresas de turismo e etc. Ao
mesmo tempo que o trabalhador recompõe a sua força de trabalho ele consome
mercadorias.
Oposto a esta forma conservadora de Lazer está o lazer autocondicionado e suas
práticas funcionais. Funcional porque tem o fim em si mesmo, sem estar preocupado com
o as necessidades do trabalho, “[...] cria a nós mesmos [...]” (WAICHMAN, 1997, p.107).
A preocupação nesta forma de lazer não é o descanso para a nova jornada de trabalho,
mas o desenvolvimento do próprio ser humano. Concluindo seu pensamento sobre a
recreação, o autor supra citado (1997, p.108), afirma que a recreação autocondicinada é
a “[...] plena e consciente entrega a alguma coisa por si mesma e não por uma
necessidade, o que auto-afirma a pessoa, em diversos aspectos, como sujeito recreador
de si mesmo e do que está a sua volta [...]”. Para o lazer contrafuncional, a educação
vigente de inculcação dos valores da classe hegemônica está tendo sucesso, pois forma
pessoas limitadas para a alienação do trabalho capitalista. De outro lado, a educação que
dê suporte às práticas do lazer funcional, autocondicionado, deve ser a educação que
abrange a totalidade do homem, preparando-o para ser um agente histórico consciente
de suas determinações e ativo na superação das suas limitações impostas pela divisão
do trabalho.
2 – LAZER, TRABALHO, CAPITAL E EDUCAÇÃO NAS ÚLTIMAS DÉCADAS DO
SÉCULO XX
Como o capital responde a sua crise de superprodução da década de 70? O que é a
reestruturação produtiva (toyotismo/honismo) e quais as conseqüências desse processo
para o entendimento/prática do lazer e da educação? O Fordismo é a forma de
organização do trabalho que antecede o Toytismo. Antunes (2003, p.25), entende: “[...] o
fordismo como o processo de trabalho que, juntamente com o taylorismo, predominou na
grande indústria capitalista ao longo deste século”. Gounet (2002), explica essa
organização: “Produção em massa através da racionalização das operações efetuadas
pelos operários e do combate aos “desperdícios, principalmente de tempo [...]” (p.19).
Com a racionalização acontece a maior divisão do trabalho, de forma que um operário
executa movimentos, “[...] repetidos ao infinito durante sua jornada de trabalho[...]” e
ainda “[...] Acontece a desqualificação dos operários” (p.19). A causa central da crise
deste modelo de produção está na superprodução e incapacidade do mercado
consumidor absorver toda a produção possibilitada por essa organização. Harvey (1992)
apud Antunes (2003, p.28), afirma que o fordismo predominou até 1973. Vai se
identificar, a partir desta década, segundo Sabel e Piori (1984) apud Antunes (2003,
p.25), “[...] o advento de uma nova forma produtiva que articula, de um lado, um
significativo desenvolvimento tecnológico e, de outro, uma desconcentração produtiva
baseada em empresas médias e pequenas, “artesanais”.
O toyotismo se inicia também pela necessidade de enfraquecer a organização dos
trabalhadores. Para esse fim a organização dos empregados é feita de forma a não
manter grandes contingentes de trabalhadores em uma mesma fábrica. “[...] 10 mil
operários podem participar na execução de um veículo, mas somente 2 mil são
empregados em uma montadora. Os outros 8 mil não têm relação direta com ela [...]
” (GOUNET, 2005, p.9). Harvey (1992, p. 140) apud Antunes (2003, p. 29), confronta a
acumulação flexível com a rigidez do fordismo: “[...] Ela se apóia na flexibilidade dos
processos de trabalho, dos mercados de trabalho, dos produtos e padrões de consumo
[...]”. Diferente do fordismo, “[...] A acumulação flexível envolve rápidas mudanças dos
padrões do desenvolvimento desigual, tanto entre setores como entre regiões geográficas
[...], agindo nos antigos vínculos trabalhistas “[...] criando, por exemplo, um vasto
movimento no emprego chamado “setor de serviços”, bem como conjuntos industriais
completamente novos em regiões subdesenvolvidas [...]” [aspas do autor].
É importante o que Harvey (1992), afirma sobre o sistema fordista que ainda tem uma
força que não pode ser desconsiderada. Em seguida expõe (Idem, p.175) apud Antunes
(2003, pp. 30-31) que: “[...] o desenvolvimento de novas tecnologias gerou excedentes de
força de trabalho, que tornaram o retorno de estratégias absolutas de extração da mais-
valia, [...] mesmo nos países capitalistas avançados [...]”. O resultado desse processo é o
desemprego estrutural. No Brasil, segundo Gitahy (1994, p.123) apud Tumollo (2002,
p.37), as modificações na indústria brasileira se iniciam, tecnológica e
organizacionalmente, em meados da década de 70, “[...] concomitantemente com o início
da recessão, da abertura política, da emergência do chamado ‘novo sindicalismo’ e da
crise do modelo de relações industriais vigente durante o período do ‘milagre’[...]”. Catani
(1995), apud Tumollo (2002), vê o caso da reestruturação produtiva no Brasil, afirmando
a heterogeneidade como característica marcante desse processo. Para ele além das
tecnologias físicas, o forte dessa reestruturação evidencia-se nas tecnologias de gestão
que, implantadas pelo empresariado nos mais diferentes contextos, compõem realmente
o paradigma de flexibilização. Nesse processo de expressões contraditórias, acontece ao
mesmo tempo, o reforço do fordismo e a implantação do toyotismo.
A tendência das atividades realizadas no tempo livre já era observada por Gramsci (2001,
p. 267). Ele mostra que os industriais americanos do nascente fordismo “[...] não se
preocupam com a “humanidade”, com a “espitirualidade” do trabalhador, que, no nível
imediato, são esmagados. Esta “humanidade e espitirualidade” só pode se realizar no
mundo da produção do trabalho [...]“. Em seguida fala sobre a ação dos puritanos que,
segundo ele, “[...] têm apenas o objetivo de conservar, fora do trabalho, um certo
equilíbrio psicofísico, capaz de impedir o colapso fisiológico do trabalhador, coagido pelo
novo método de produção5 [...]”. Os puritanos defendiam nos EUA, do início do século
XX, o lazer associado à saúde, assim como os programas de esportes de massa, como o
EPT que veio ao Brasil na década de 70 do século passado. No campo acadêmico
hodierno discussões se proliferam para sedimentar os benefícios do lazer para a
conservação da saúde e da qualidade de vida. Gutierrez (1998, p.33), discute essa visão:
“[...] A ausência de espaços e momentos de distração e relaxamento é responsável por
inúmeras doenças de fundo psico somático, que podem evoluir ao ponto de inviabilizar a
atividade profissional [...]”, exigindo das “[...] grandes empresas pensarem em alternativas
de lazer para seus funcionários como um aspecto da política de recursos humanos [...]”.
Iwanowicz (1997, p.96), mostra como: “[...] o divertimento leva à liberação do cansaço
causado pela automação do processo de produção moderna, protegendo assim o
organismo da formação de comportamentos estereotipados”.
No campo aparentemente oposto estão as visões críticas do Lazer, que o pretendem
como ferramenta de crescimento e emancipação humana. Todavia, os argumentos não
estão caminhando para uma construção teórica que efetive suas intenções, tornando, por
isso, ao terreno da reprodução social. Mascarenhas (2003, p.9), em seu “Lazer como
prática de liberdade” informa que ganha espaço cada vez maior a construção teórica
sobre “uma sociedade do lazer”. Aponta a necessidade de articular o lazer aos grupos
sociais e populares para reafirmar “[...] os princípios de uma sociedade mais fraterna,
com respeito, dignidade e justiça social”. Ele acredita “[...] no lazer como força de
reorganização da sociedade, agência educativa capaz de fomentar e colaborar para a
construção de novas normas, valores e condutas para o convívio entre os homens [...]”.
Primeiro, afirmar uma “sociedade do lazer” no contexto de destruição dos postos de
trabalho e intensificação da pobreza, uma vez que o lazer nesta sociedade é
5 Lembre que o modo toyotista/ohnista intensifica a exploração do trabalhador, de forma que aumenta aimportância que este tenha hábitos no seu tempo livre que garantam sua recuperação para a jornada detrabalho seguinte.
condicionado ao trabalho e é uma mercadoria consumida, é uma contradição em termos.
Segundo, a proposta alcançar uma sociedade fraterna, digna e justa, é a retomada do
ideal burguês proclamado desde o século XVIII, na Revolução Francesa, impossível de
ser concretizado por significar a negação das relações de exploração e dominação do
proletariado pela burguesia. E por último, a busca de novos valores e formas de agir entre
os homens é imprescindível, inclusive para que a sociedade possa ser mais organizada,
mais segura e mais produtiva, fazendo avançar o capitalismo. Estes termos não tocam na
concepção de transformação estrutural, nem são capazes de mediar por esse caminho as
necessárias mudanças superestruturais. Outro autor, Marcellino (1996, p.1), discute o
lazer como: “[...] objeto de reivindicação, ligado à qualidade de vida [que] não vem, sendo
acompanhada pela ação do poder público [...]”, propondo em seguida políticas públicas
“[...] vinculadas com as iniciativas espontâneas da população e com parcerias junto à
iniciativa privada”. Em seguida defende o lazer como “[...] questão de cidadania, de
participação cultural” (p.4), sendo a participação cultural “[...] uma das bases para a
renovação democrática e humanista da cultura e da sociedade, tendo em vista não só a
instauração de uma nova ordem social, mas de uma nova cultura” (Idem, ibidem).
É claro que o discurso de Marcelino evidencia a sua criticidade. Porém, cabem as
seguintes observações: o que significa falar em qualidade de vida para a classe
trabalhadora, empregada ou desempregada, nessa sociedade, onde “[...] o 1% mais rico
do mundo recebe tanto de rendimento quanto os 57% mais pobre [...]”, segundo dados
das Nações Unidas, apud (MÉSZÁROS, 2004, p.22)? O foco da preocupação é dirigida à
ação política, âmbito que reproduz a alienação do homem, pois é expressão da
contradição das classes sociais6, e a cultura, que decorre da forma determinada de
produção da vida. Como apostar no Estado se “[...] o governo é órgão da sociedade6 A política é um espaço que não pode ser desconsiderado ou negado. Porém, insistir em ações políticas emum Estado que existe para garantir a reprodução da hegemonia do capital sobre o trabalho, através do aparatojurídico-político, sem a constante indicação das lutas extra-parlamentares da e com a classe materialmenterevolucionária, o proletariado, não se pode falar de mudanças estruturais, principal determinante da superaçãodo capital.
encarregado da manutenção da ordem social [...]” (MARX, 2005, p.127)? Como analisar a
necessidade de “iniciativas espontâneas da população” e de “parcerias” com o setor
privado no período em que o neoliberalismo devasta as condições de vida da classe
trabalhadora, trazendo princípios semelhantes? A democracia e o humanismo vistos
como pressupostos de uma nova ordem social, além de ser uma afirmação que
permanece no campo da busca da emancipação política7, que não coincide com a
emancipação humana (Marx, 2004), não apontam a superação da alienação do trabalho e
a conseqüente construção de uma nova cultura, ao contrário, reafirmam a sociedade de
classes como devenir histórico.
Nesse contexto, Frigotto (1985), afirma que a Teoria do Capital Humano, tem grande
influência na educação, sendo ela uma especificidade da ideologia burguesa no
ocultamento da natureza da sociedade capitalista, que preserva os elementos
mitificadores do senso comum. Segundo ele, o positivismo constitui a base do liberalismo
individual – decorre do homem genérico, abstrato e livre -, que fornece o arcabouço da
teoria econômica neoclássica. É constituída a seguinte visão de sociedade: todos os
indivíduos são livres, todos no mercado podem vender e comprar o que quiser, logo, o
problema da desigualdade é do indivíduo. As tecnologias educacionais têm a função de
ajustar requisitos educacionais a pré-requisitos de uma ocupação no mercado de
trabalho. Nesta teoria a educação é fator básico de mobilidade social, enfatiza-se a
crença de que a aquisição de capital humano via escolarização garante a ascensão a um
trabalho qualificado e níveis de renda cada vez mais elevados. Em outro texto, Frigotto
(2004), mostra que nas décadas de 80 e 90 a Teoria do Capital Humano se renova e
“[...] o ideário neoliberal, sob as categorias de qualidade total, formação abstrata e
polivalente, flexibilidade, participação, autonomia e descentralização está impondo uma
7 A política, desde seu início na Grécia Antiga, surge com a propriedade privada como necessidade de garantiressa aberração socialmente engendrada, em uma sociedade que tem na exploração do escravo o fundamentodo cidadão livre e político.
atomização e fragmentação do sistema educacional e do processo de conhecimento
escolar.”
Este tipo de educação, que reproduz o pensamento dominante e atua - mediatamente
-para garantir a estrutura produtiva especificamente capitalista, está no processo de
engendramento da pobreza espiritual condicionante das práticas pobres do lazer no/do
capitalismo. Por um lado, limitado por práticas que embotam as capacidades humanas de
trabalho criativo, como a leitura do mundo por meio da mídia televisa e sua infindável
fetichização, consumindo mercadorias como rodeios, competições esportivas e shows
musicais que depauperam a paupérrima cultura, e, por outro lado, pelo não acesso às
práticas de lazer, já que a condição para ter lazer é trabalhar - “[...] 50% da força de
trabalho não-agrícola ou está desempregada ou sub-empregada” (Mészáros, 2004, p.22).
3 – Lazer e Trabalho auto-determinado
Esta discussão se inicia com duas idéias de Mészáros (2002). A primeira, a afirmação da
necessidade da superação positiva do objeto negado (capitalismo), para não ficar
condicionado ao objeto da negação. A segunda, que o capitalismo esgotou sua
capacidade civilizatória e deve ser superado positivamente pelo socialismo, caso
contrário, esse sistema sociometabólico incontrolável levará a humanidade à barbárie.
Assim, pensar o lazer voltado à emancipação humana é pensar – e só é possível com –a
superação do capital, pois as práticas do lazer voltadas somente à negação das relações
sociais atuais significam manter-se condicionado ao objeto negado. A educação tem
papel fundamental nesse processo uma vez que na “[...] concepção marxista “ a
transcendência positiva da auto-alienação do trabalho “ [é] caracterizada como uma
tarefa inequivocamente educacional” (MÉSZÁROS, 2004, p. 19) (grifo meu). Portanto,
discutir lazer de forma radical e indispensavelmente crítica é discutir a superação das
relações sociais de produção estruturadas em função do capital, que se fundamenta na
propriedade privada dos meios de produção.
É necessário entender que a divisão entre concepção e execução do trabalho, se estende
à divisão do político e do econômico, gerando a alienação e a exploração do homem pelo
homem, uma vez que o trabalho é a categoria fundante do ser social, segundo Lukács
(1981) apud Lessa (2002). Superar essa alienação é superar a alienação do trabalho e
sua causa, a propriedade privada dos meios de produção. Se o homem “[...] possuir
apenas a força de trabalho será forçosamente, em qualquer estado [situação] social e de
civilização, escravo de outros homens que se tornarem proprietários das condições
objetivas do trabalho [...]” (MARX, 2005, p.126). Esta passagem confirma que a
propriedade privada é o fundamento da alienação humana no capitalismo, uma vez que o
trabalho é a categoria central definidora da sociabilidade. Pensando na contra-função,
restauração de força de trabalho pelo lazer, a afirmação anterior expõe que, o trabalhador
tem que vender sua força de trabalho para se reproduzir como homem, e tem que existir
como homem para vender sua força de trabalho.
Para sair da negatividade do lazer condicionado pela sociedade capitalista, e intentando
informar a alternativa positiva do lazer funcional, reitera-se a condição dessa
positividade: a sociedade do direito, da “justiça social”, democrática e igualitária deve ser
superada pela alternativa socialista, momento de transição (transição socialista) para a
sociedade da legitimidade, da satisfação, da livre associação dos produtores autônomos
e do tratamento diferente para homens com necessidades diferentes. Assim como o
lazer, e como condição necessária ao seu caráter emancipador, a educação, para vir a
ser no seu sentido mais positivo, deve estar inserida e depende do processo de
superação revolucionária do capital e do capitalismo (MÉSZÁROS, 2004; SAVIANI, 2000;
2002). Ela deve buscar a possibilidade da contradição nos espaços onde acontece, para
sair do campo da inculcação da ideologia burguesa e ir para o campo do desvelamento
das contradições entre as classes. Trabalhar para a formação de homens capazes de
entender a realidade atual a partir do maior número de determinantes possíveis, visando
uma ação revolucionária coerente e consciente em vista das relações sociais e das
contradições imanentes das mesmas. Em relação ao lazer emancipador, a educação
pode colaborar na formação geral e específica, mostrando as possibilidades existentes
para as práticas de lazer, os seus conteúdos, que devem ser pensados juntamente com a
necessidade de superação da propriedade privada e da acumulação privada do resultado
da produção social. Os conteúdos ou interesses do Lazer são os: artísticos, intelectuais,
físicos, manuais, turísticos e sociais (MARCELLINO, 1996, p.18).
O lazer será emancipador quando atingir a totalidade dos seus conteúdos, participando
na formação cultural rica do trabalhador que o pratica, abrindo possibilidades de uma
imaginação forte que, articule-se a partir da formação práxica balizadora da necessidade
de superar os determinantes impostos pela lógica do trabalho alienado. O proletariado,
nesta perspectiva, deve ter acesso à atividades que lhe proporcione o enriquecimento nos
diversos campos da produção cultural humana, não se circunscrevendo às atividades
limitadas pelos preços das mercadorias, para o seu posto na produção. A “[...] qualidade
humana eleva-se e se refina na medida em que o homem satisfaz um número maior de
necessidades e, portanto, torna-se independente delas [...], mas, a política da qualidade
determina quase sempre seu oposto: uma quantidade desqualificada” (GRAMSCI, 2001,
p.261). Gramsci (1968, p. 10), expõe a sociedade política ou Estado como um dos
grandes planos da superestrutura , que tem “[...] a função de hegemonia que o grupo
dominante exerce em toda a sociedade [...]”. Por isso, travar as lutas no campo político é
importante para construir as condições necessárias a transição socialista, na medida em
que tem base na organização do proletariado internacional e é orientada por seus
interesses históricos. Para essa classe, a tarefa imediata é resolver os problemas de suas
organizações que, de um lado não se internacionalizaram, e de outro, se coadunaram
aos interesses patronais e se vincularam à resolução dos problemas da produção
capitalista.
4 – Considerações Finais
O lazer na sociedade capitalista é a prática de recomposição da força de trabalho, e é
transformado em mercadoria consumida no tempo livre. Como toda idéia traz em si sua
negação, o lazer traz a contradição de uma possível formação enriquecedora do homem
para realizar suas múltiplas potencialidades. O lazer enquanto prática emancipadora
prescinde o entendimento da lógica e movimento do capital e a construção de uma teoria
da transição socialista, concomitante a construção das condições que permitam a
revolução e o salto qualitativo para o comunismo. Para isso a educação e o lazer têm
lugar importante, pois são construções humanas que devem estar articuladas aos
interesses históricos do proletariado, que só se realizam mediante a destruição da
propriedade privada dos meios de produção. Esta superação é condição da continuidade
da vida na terra uma vez que a melhor saída encontrada em momentos de acirramento
das contradições do capitalismo é a guerra8, que não é deformação no seu interior, mas,
um mecanismo eficiente e totalmente válido para a retomada das altas taxas de lucros. E
uma guerra em nível mundial coloca, na atualidade, a possibilidade de destruição da vida
no planeta e a incapacidade do seu reaparecimento por milhões de anos9.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 8 Na lógica do sistema nada mais do que destruição de força de trabalho, condição de sua recomposição emtempos de crise. 9 Ver sobre esse assunto a entrevista com a geocientista Leuren Moret: Urânio empobrecido, arma deextermínio da humanidade, disponível no: http://www.resistir.info/eua/leuren_moret_entrev.html “MORET:Sim, a concentração de partículas de urânio empobrecido na atmosfera por todo o globo está a aumentar. Háindicações de que os EUA avançarão em junho e bombardearão um inferno no Irã. Estamos amonitorar asfábricas americanas de munição. Elas tem grandes encomendas daquelas enormes bombas destruidoras debunkers com 5000 libras (2268 kg) de DU [Depleted Uraniun] na ogiva. [...] P: E se isto continuar?MORET: Vamos aniquilar a vida do mundo. Já estamos, e não afecta apenas pessoas. Afecta todos os sistemasvivos. As plantas, os animais, as bactérias. Afecta todas as coisas.”
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