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Revista Digital do Cenário Metal Goiano
Citation preview
Editora-Chefe
Bia Cardin
Editora-Assistente
Neli Sousa
Editor de resenhas
Hugo O.
Colaboradores nesta edição
Eduardo Paixão Aires, Vi-
tor Nunes, Artur Dias, Jôder
Filho, Hugo O.
Revisão
Bia Cardin, Neli Sousa,
Hugo O.
Design e Webdesign
Neli Sousa
Fotográfos (as) nesta edição:
Hugo O, Neli Sousa, Bia
Cardin
Edição de Fotos
Bia Cardin, Neli sousa
Contatos:
heavyrama@gmail.com
heavyrama@hotmail.com
E d i t o r i a l
“Porque lutamos pelo metal!” (Korzus)
Salve, salve! Na nossa terceira edição viemos com dois novos quadros, sugeridos
por leitores e também pelos nossos colaboradores. A cada edição estamos tendo
um aumento de páginas e o trabalho está dobrando, mas tudo tranquilo, pois
este último mês (outubro) nos satisfez bastante. Tivemos excelentes atrações em
alguns eventos, além de uma participação ativa dos leitores nas nossas enquetes.
Queremos dizer que após sugerirem para entrevista “Tomate do Jô Soares” e ou-
tros, optamos por algo mais regional (entretanto,toda sugestão é válida).
Continuaremos enviando enquetes e esperamos que participem! Devido aos
pedidos gerais, também quero informá-los que a nossa próxima edição sairá
com um bom adiantamento, possivelmente até o dia 20 de dezembro. Afinal,
todos querem aproveitar as férias e nós também.
Leiam nossos novos quadros, eles são direcionados principalmente aos que es-
tão na cena desde “1900 e bolinha”, aos poucos iremos mais a fundo para docu-
mentar fatos e bandas que fazem parte da nossa história. Contamos com vocês!
S u m á r i o
Agenda 4
Indicações de Blogs 4
All Sharks Massacre 6
Sanguínea 12
GO Mosh 3 16
Entrevista - Izack Salvatierra 26
R.I.P - Velvet Vex 30
Entrevista - Arnozan 34
II Encontro das Artes Negras 38
Entrevista - Gräfenstein 42
Skulls on Fire 44
Resenha - Mork 46
Resenha - Survive 47
Resenha - Raiken 48
Opinião - A indústria da música ... 50
A Hora do Pesadelo 52
Conto - Flores de Alice - pt II 54
Making Off 56
A g e n d a | I n d i c a ç õ e s
4 - H e a v y r a m a
Agenda
Indicações de Blogs
06/11 - PORÃO CAOS IV | DCE da PUC
06/11 - Motorocker | Bolshoi Pub
06/11 - Metal Rock | Estação Cerrado Moto Rock
06/11 - Fridão no Terra do Sempre | Terra do
Sempre (Antigo Terra do Nunca)
06/11 - Vacas Magras II Edição | Old Estúdio
13/11 - 6º Release Alternativo | Martin Cererê
16/11 - Sangre Fest (Vader e Ragnarok) | DCE da Puc
18/11 - UNCONVENTION FACTORY BRASIL |
Martin Cererê
19 e 20/11 - Goiânia Noise | Martin Cererê
21/11 - Goiânia Noise | Ambiente Skate Shop
03 e 04/12 - II Rock Letras | DCE da UFG
04/12 - O Requiem Fest II | Clube Social Feminino
05/12 - 1º VIRA LATA SKATE SHOP |
Praça dos esportes
11/12 - Pré-Natal Metal | Dce da Puc
Under Metal
http://www.undermetalblog.blogspot.com/
Licor de Chorume
http://licordechorume.blogspot.com/
Coelho Vermelho
http://www.coelhovermelho.blogspot.com/
Rango Rock
http://rangorock.blogspot.com/
Antitelejornal
http://antitelejornal2.blogspot.com/
Filmes Brazukas
http://filmesbrazukas.blogspot.com/
Cine Trash Revival
http://cinetrashrevival.blogspot.com/
Arapongas Rock Motor
http://arapongasrockmotor.blogspot.com/
A l l S h a r k s M a s s a c r e
6 - H e a v y r a m a
2009 – Ano em que surge a banda All Sharks
Massacre, novata no cenário, mas experiente
instrumentalmente. Eles que possuem diversas in-
fluências como The Devil Wears Prada, Despised
Icon , All Shall Perish exploram vertentes de Death-
core/Metalcore/Death Metal/Thrash Metal – desta
forma, o som da All Sharks Massacre ganha vida e
respeito a cada show.
A ideia inicial surgiu com o vocalista Gabriel
(ex-Postfive) que estava a procura de integrantes
que pudessem compor o seu novo projeto. Não
demorou para que ele chamasse seu amigo e gui-
tarrista, Matheus, que já havia passado pela banda
Destruct Effect e também é atual integrante de “O
Gadder”, um projeto de Pop Rock. Com o projeto
no papel até o presente momento, Gabriel já havia
batizado a banda com o nome “Estágio Final”.
Para a realização dos planos, a dupla procu-
rou por outros instrumentistas, em conseguinte
chamaram Pedro para a segunda guitarra, também
ex-Destruct Effect e ex-Minerva. Agora haviam
dois postos vagos, o de baterista e de baixista. Para
a bateria, Israel foi convidado e firmou-se rapida-
mente na banda. Entretanto, o cargo de baixista
fora o mais dificultoso, houveram testes e passa-
gens rápidos de alguns baixistas como Dannilo
D2 e Luiz Felipe, até que por fim conseguiram se
estabilizar com o conhecido baixista Felipe Borges
(integrante da Hypnotica).
No inicio de 2010, com a formação está-
vel, eles conseguiram alguns shows se apre-
sentando sob o nome de Estágio Final. O
Texto : Bia Cardin / Fotos: Hugo O.
A l l S h a r k s M a s s a c r e
H e a v y r a m a - 7
primeiro foi no Remanescentes Underground,
em que fizeram covers de bandas influentes
como Parkway Drive, As I Lay Dying e outros.
A ascensão da banda foi rápida e não demorou
para que conseguissem outros shows tendo no
repertório a música autoral Traitor Law, uma faixa
simbiótica de estilos que retrata a história de Caim
e Abel, mas na versão da banda, Caim ressusci-
ta e se vinga, no contexto de que “ tudo que vai,
volta”. Depois, eles realizaram outros shows no
Remanescentes e também tiveram a oportunidade
de se apresentar no DCE da PUC e a da UFG no
evento Freedom to Pezao.
Nisso, a banda pensava em modificar o nome
que não os agradava tanto, então realizaram uma
votação em sua comunidade no Orkut, onde fora
eleito seu novo desígnio: All Sharks Massacre –
uma referência aos poderosos da sociedade que
massacram os mais fracos. E nessa linha seguem as
temáticas das letras da banda, sobre os males que
devoram a humanidade.
A banda que até então só possui uma gravação
profissional da faixa Traitor Law e nenhum mate-
rial físico, está preparando o lançamento de duas
faixas novas: Death Summer e Murder que estão
sendo gravadas no Estúdio Loop e serão lançadas
até o final neste ano. Apesar do período otimista
para a All Sharks Massacre, neste segundo semestre
o guitarrista Matheus deixou o grupo por divergên-
cias musicais. No momento eles estão à procura
de um novo guitarrista enquanto preparam o ma-
terial. http://www.purevolume.com/AllSharksMassacre
A l l S h a r k s M a s s a c r e
8 - H e a v y r a m a
Os integrantes da principiante All Sharks Massacre, conversaram com a Heavyrama sobre o andamento de seus projetos e planos futuros. Eles também comentaram sobre sua atual relação com a cena underground
HEAVYRAMA - Apesar do pouco tempo de
atividade,a banda está sendo bem reconhecida
no cenário headbanger. Acham que isso se deve
a bagagem musical (bandas anteriores) dos inte-
grantes?
FELIPE - Talvez indiretamente, pois a “bagagem
musical” ajuda também em relação a humildade
de mostrar o trabalho para pessoas que não chega-
ram a nos ver em nossas outras bandas.
GABRIEL - Creio eu que não, acho que é devido a
mistura de estilos que fazemos, sem se preocupar
em definir o som que tocamos.
ISRAEL - Acho ajuda um pouco sim, por ter par-
ticipado de outra banda você adquire experiência
e isso ajuda muito. Agora o reconhecimento vai
mesmo da atitude da banda, porque só um não faz
A l l S h a r k s M a s s a c r e
H e a v y r a m a - 9
a diferença,tem que ser todos.
PEDRO - Todo mundo da All Sharks Massacre já
teve outras bandas e a experiência que cada um
adquiriu contribuiu para o som. Essas outras ban-
das também ajudaram na divulgação, como é o
caso da Hypnotica (banda do baixista Felipe) e
outras bandas amigas.
HEAVYRAMA - Desde o início vocês já tinham
ideia do tipo de som que queriam produzir?
GABRIEL- Com o tempo as influências de cada in-
tegrante foram sendo usadas nas composições.
ISRAEL - Nossa ideia foi a mesma: misturar um
Metalcore com Deathcore. Mas sempre acontece
de puxar mais para um lado.
PEDRO - Todo mundo da banda no começo es-
cutava quase a mesma coisa, mas ainda não era o
ideal que a gente precisava para chegar no nosso
som atual, mas com as mudanças de intregran-tes
e o tempo que a gente ficou produzindo as músi-
cas, nos ajudou a amadurecer e a criar com mais
consciência o que realmente queríamos.
HEAVYRAMA - Vocês pretendem lançar algum
material físico em breve?
GABRIEL - Sim. O plano é finalizar duas músicas
que farão parte do material físico.
ISRAEL - Se tudo der certo no começo do ano de
2011, vamos tentar lançar um EP com 5 faixas.
FELIPE - A gravação foi rápida, mas o processo de
produção está tomando um bom tempo.
HEAVYRAMA - Quais são os planos da banda a
longo prazo?
GABRIEL - Tocar no exterior sempre foi o principal
para mim.
FELIPE - Não só tocar no exterior, mas em qualquer lugar
que represente uma conquista positiva para a banda.
ISRAEL - Eu particulamente não penso muito
grande, eu quero ser reconhecido na nossa cena
underground, quero que minha banda seja reco-
nhecida pelo seu trabalho. Agora se acontecer de
irmos para fora do país e tal, é lucro, eu não tenho
esse objetivo em mente ainda!
PEDRO - Conquistar um público cativo em
Goiânia, tocar em grandes eventos como Under
Metal Fest etc. E shows fora do circuito goiano,
além do EP.
HEAVYRAMA - Em que passo está o processo de
composição do novo material da banda?
GABRIEL - As gravações já foram finalizadas, mas
ainda faltam alguns detalhes por conta do produ-
tor Arnozan. Acreditamos que ainda em 2010
conseguiremos lançar um EP contendo essa úl-
tima sessão.
PEDRO - Tem muito material “quase pronto”, mas
falta tempo para executar e terminar as músicas.A
gente pretende terminar e lançar os dois novos
singles, só que no momento estamos em um está-
gio de divulgação da banda.
ISRAEL - Também estamos com o pensamento de
fazer um site para facilitar o acesso de encontrar a
banda na internet.
A l l S h a r k s M a s s a c r e
1 0 - H e a v y r a m a
HEAVYRAMA - Alguns dos integrantes participam
de outras bandas. Como vocês fazem para con-
ciliar os projetos?
PEDRO - De modo bem natural, cada um sabe da
sua responsabilidade com a banda todo mundo
leva a All Sharks bem a sério. Não há problemas e
nenhum tipo de desentendimento.
ISRAEL - Tenho outro projeto que é diferenciado
da All Sharks Massacre, ela se chama Royalties
e é uma parada mais Pop Punk e Rock. Dá para
conciliar normalmente, pois o público é diferen-
ciado e nunca houve de acontecer um show com
as duas bandas ao mesmo tempo.
FELIPE - Como a minha outra banda, Hypnotica,
está atualmente gravando, os shows são em menor
quantidade e não atrapalham.
HEAVYRAMA - Até agora qual foi o momento mais
memorável para a All Sharks Massacre?
ISRAEL - Para mim, o momento mais memorável
foi a primeira música gravada, porque quando
você tem um material, ele te ajuda muito na divul-
gação da banda.
GABRIEL - Show com a banda Antes do Fim que é
uma grande parceria que a gente tem e que ocor-
reu no Delirious Pub. Outro momento memorável
foi o show no DCE da UFG “Freedom to Pezão”.
FELIPE - O show no DCE da UFG “Freedom to
Pezão” realmente foi um dos melhores, mas é
sempre especial tocar ao lado dos amigos da Antes
Do Fim, Aurora, Coerência, e outros.
HEAVYRAMA - Como público, como vocês ava-
liam o nosso cenário underground atualmente?
GABRIEL - O cenário está crescendo cada vez
mais, novos estilos estão surgindo nesse meio. Es-
pero que chegue no ponto em que a mídia possa
aceitá-los e bandas como a nossa possam ser man-
tidas inteiramente pela música.
PEDRO - Goiânia tem muitas bandas boas, muitas
mesmo, comparado a outros lugares do Brasil con-
hecidos pelo cenário underground. As bandas de
Gabriel
Israel
A l l S h a r k s M a s s a c r e
H e a v y r a m a - 1 1
Goiânia tem um material muito profissional que não deixa a desejar, mas infelizmente a cena un-derground Goiana sofre com falta de lugar para mostrar o trabalho, também falta evento e quan-do tem, evento em que só entram bandas grandes ou que participam de algum tipo de panela, isso é triste para o cenário.
FELIPE - O cenário também sofre pela falta de união e pelo excesso de rótulos.
HEAVYRAMA - O que acham que poderia ser feito para a melhoria da nossa cena?
GABRIEL - Atualmente falta união, muita gente julga e rotula com base em visual sem nem se atentar ao som.
FELIPE - União mesmo, entre bandas (e público) de estilos diferentes seria, de longe, a melhor for-ma de melhorar a cena.
ISRAEL - Acho que abrir novas casas de show e interligar os estilos variados em um só evento. E menos panela também, porque acontece muito dos produtores colocarem a mesma banda em to-dos os eventos. Isso acaba não gerando oportuni-dades para outras bandas.
HEAVYRAMA - Encerrando, algum recado final?
FELIPE - Um abraço a todos os amigos que nos apoiam,e aos brothers das bandas Coerência, An-tes Do Fim, Warlikke, Deadly Curse, Selvageria e
outras que devo ter esquecido!
PEDRO - Em dezembro sai o material novo e espe-ro que gostem. A banda está organizando os mei-os de divulgação,por isso a demora para lançar o material novo. No mais,entrem na comunidade da All Sharks Massacre, reclame, comente e escute a single Traitor law no ‘’www.purevolume.com/allsharksmassacre’’, mais informações entrem em
contato pela comunidade da banda!
ISRAEL - Quero agradecer pela entrevista e muito obrigado!
Passa o TronoA banda All Sharks Massacre, indica:
Aurora Rules - http://www.myspace.com/aurorarulesAntes do Fim - http://www.myspace.com/antesdofimrockDeadly Curse - http://www.myspace.com/deadlycurseCoerência - http://www.myspace.com/coerencia
Felipe Pedro
S a n g u í n e a
1 2 - H e a v y r a m a
Texto: Vitor Nunes/ Fotos: Hugo O.
A Sanguínea foi idealizada em 2005, a fim de
criar uma banda com sonoridade diferente
do Black Metal da extinta banda Cheol, que na
época passava por problemas internos. Fabrício
de Castro e Ricardo Machado, já amigos e com
algumas músicas compostas, visavam “músicas
e letras que dessem ao ouvinte a chance de ex-
perimentar outras canções diferenciadas”, afirma
A melodia lúgubre
S a n g u í n e a
H e a v y r a m a - 1 3
Fabrício. Definida a proposta da banda, decidiram
chamar os amigos Cristian Dean e Vinicius Bra-
ga, também integrantes da Cheol, para ajudar nas
composições. Algum tempo depois Daniel Mu-
rakami aceitou assumir as baquetas dando origem
à primeira formação da banda.
Fabrício conta que “buscavam um nome para
o conjunto que tivesse peso e soasse bem tanto
em português como no inglês, então surgiu a pa-
lavra ‘sanguine’ “. Ao procurar por seus signifi-
cados acabou se deparando com o seu sinônimo,
Sanguínea, que se tornou o nome de batismo da
banda.
Com cinco anos de estrada o grupo se encontra
em sua terceira formação, sendo esta constituída
pelo Fabrício de Castro (vocal e teclado), Ricardo
Machado (vocal e guitarra), Vinícius Braga (baixo),
Cristian Dean (guitarra) e Fabiano Arruda (bateria).
Além dos cinco anos nos palcos os integrantes
carregam extenso currículo em participações em
outras bandas, entre elas, Apocalyptichaos que
contou com Fabrício, Dose Letal e Luxúria de Lil-
lith com Cristian e Sociofobia com Fabiano.
Inspirados por bandas como Moonspell, Depeche
Mode, Nick Cave, Type O’ Negative e Rammstein,
eles buscam um som pesado de atmosfera densa
variando entre o Doom, o Gótico e o Black metal,
preferindo não arriscar em definir seu estilo, mas
Fabrício Vinícius
S a n g u i n e a
1 4 - H e a v y r a m a
expressam confiança ao afirmar o que desejam,“O
fato é que nos esforçamos para que as músicas
tenham peso e que principalmente, transmitam o
que a letra diz”.
Eles já tocaram em vários lugares, no entanto o
tecladista ressalta dois dos shows mais marcantes.
“Tocamos no IX Araraquara Rock em SP, foi um
show bem legal, estrutura boa com aparelhagem
profissional. Mas o show onde mais nos diverti-
mos, sem dúvida foi o que participamos no Aro 16
este ano”.
A banda possui duas músicas gravadas para o
novo álbum e pretende finalizar as gravações de
mais cinco no começo do próximo ano. Também
para o início de 2011, buscam lançar o novo site
da Sanguínea disponibilizando todo o material já
produzido para download. A banda também pos-
sui um videoclipe, gravado pelos alunos do audio-
visual da UEG, da música Versos Íntimos, porém
desejam fazer algumas alterações antes de divul-
gá-lo.
Para conferir as composições e produções é só
acessar o site e o myspace da banda.
Endereços:
http://www.sanguinea.net
http://www.myspace.com/bandasanguinea
Ricardo Cristian
A banda polaca de Thrash Metal Vader, juntamente com a norueguesa de Black Metal, Ragnarok, se apresentarão no próximo dia 14, no evento de lançamento do selo e produtora Sangre. O Sangre Fest 2010, como foi denominado o evento, será realizado no DCE da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, localizado no Setor Leste Universitário, em Goiânia. A iniciativa de trazer as bandas, reconheci-das mundialmente pelos fãs de música extrema, é de Guilherme Aguiar em parce-ria com Pedro Henrique, organizador também da terceira edição do Go Mosh. A organização do evento estabeleceu como preço para compra antecipada o valor de RS 35. Essa quantia, segundo Guilherme, “poderá mudar para compras na bilheteria, dependendo do número de ingressos vendidos até o dia do show”, afirma. Aguiar espera uma média de 300 pagantes, número que ele considera razoável. Segundo Guilherme, que ainda não pode falar a respeito do selo Sangre, a es-colha do local foi feita de última hora, sendo que o evento acontecerá durante o período do XVI Goiânia Noise Festival, organizado pela Monstro Discos. “Sendo assim, com todos os locais para show alugados, optamos pelo DCE da PUC”, afirma. Para Aguiar, a instabilidade do público goianiense e a burocracia da organização, como contratação de serviços e da agenda das bandas principais são as principais dificuldades enfrentadas pela dupla de organizadores. “Não estamos tão preo-cupados com a questão financeira, pois acreditamos que haverá retorno nesse sentido” disse. O evento será realizado com apoio da Anticua – art and design e Family Graff – gráfica e editora. Os postos para compra das entradas são Vai Tomar No Kuka Bar, Hocus Pocus, Woodstock e Ambiente Skateshop.
Vader e Ragnarok em Goiânia no DCE
G O M o s h
1 6 - H e a v y r a m a
Texto: Bia Cardin, Hugo O. e Vitor Nunes/ Fotos: Neli Sousa e Hugo O.
Ponto de Encontro do Undergound Nacional
No primeiro dia de evento, alguns chegaram
cedo, como que na esperança do horário da
a-bertura dos portões ser a mesma da prevista na
programação, o que não aconteceu. Cinquenta
minutos de espera além da hora marcada fez com
que os adiantados se socializassem até poderem
entrar.
Algumas almas reclamavam muito a respeito do
encarecimento das entradas que não foi divulga-
do nos folhetos volantes e nem pela internet, vale
consertar esse erro nas próximas edições.
Na entrada, a imprensa não recebeu pulseira de
identificação, o que dificultou nossa mobilidade e
acesso a algumas áreas como o camarim e palco.
No espaço descoberto do local, havia uma fei-
rinha que vendia de camisas até comida. O gui-
tarrista da banda de Thrash Metal Forka, Samuel,
que fazia amizade com Marcão da Ressonância
Mórfica cumprimentou nossa equipe, juntamente
com o pessoal do Evil Syndicate. From Hell, ícone
da cena Metal goianiense, circulava entre os mor-
tais com símbolos místico-religiosos desenhados
em sua cara.
Selvageria
O festival musical se inicia às 23h30, quando
os goianienses da Selvageria subiram ao palco.
Iniciam a apresentação muito bem, utilizando a
música Symphony of Destruction como convite. O
som é bem mais claro no Martim Cererê que em
ambos os DCEs. Os integrantes se movimentam
Primeiro dia de GO MOSH 3
G O M o s h
H e a v y r a m a - 1 7
muito sobre o palco – com exceção do baixista – e
imprimem muito esforço em suas ações.
Escassas caretas ao chão e ao teto balançam suas
cabeleiras em apoio à banda, que faz uma apre-
sentação muito boa. Metallica, Pantera e Mega-
deth são as principais influências de Selvageria,
que tem solos de guitarra muito bons. Entre uma
música e outra, Augusto, vocalista, agradece o Es-
túdio Volt, do integrante da banda Punch, Ricardo
Darin. Começam então “MG – 34”, ótima música
de autoria da banda. Músicas bem ritmadas, peda-
is duplos rápidos e em alto e bom som, riffs carac-
terísticos do estilo demonstram a agressividade do
lado Pantera de Selvageria.
Eles encerram o show com uma música a menos,
por causa do atraso. “Thrash revolution”, que
parece ser o hino da banda, mostra uma bateria
seca de Thrash oitentista, é mais alegre que as ou-
tras canções, com muitas “cavalgadas” de guitarra,
ao passo que chega mais gente e aumenta a fero-
cidade do público.
Coletivo Sui Generis
”Rapcore e RAP sempre estiveram juntos”, disse
o vocalista da banda de Rapcore, Coletivo Sui
Generis (GO), ao convidar DJ Jazz para subir ao
palco. A banda, composta por seis integrantes
(vocal, baixo, percussão, bateria , guitarra e DJ)
tem uma proposta diferente que deixou o público
chocado à principio. Apesar do choque de estilos,
a tolerância é crescente entre os eventos culturais
dessa estirpe.
Passadas algumas músicas, os ouvintes começa-
ram a se soltar mais, procurando um jeito de
“curtir” a música. O pessoal do HC se sente em
casa e ao peso dos riffs de guitarra em mistura com
os efeitos do vinil do DJ pulavam alto com suas
meias puxadas até os joelhos. JP, apresentado pelo
vocalista como sendo de uma banda de Metalcore
cujo nome era incompreensível no momento,
fez também participação especial na maioria das
músicas. Seu vocal rasgado, com pitadas de revol-
ta juvenil, característico do estilo é bem marcante
e fazia coro com o vocal grave do Coletivo.
No fim da última música,o vocalista agradece a
presença de todos e o percussionista, que passou
por algumas dificuldades durante o show, jogou
uma de suas baquetas para o alto e não conseguiu
apanhá-la. Visto que ele não tocava seu instru-
mento típico, guitarra, o ex-D.D.O, foi infeliz
nesse último ato.
Evil Syndicate
Quando chega a hora dos amazonenses tocarem,
os portões se abrem para a invasão em massa do
público. Cabelos grandes no estilo Slash balan-
çam meio ao som rouco de chiado, que deixava o
som incompreensível. No início, a banda parecia
um tanto desorganizada – ou nervosa – mas, já
na segunda canção, riffs malígnos e criativos em
sintonia com o baixo pesado e bateria nervosa im-
primiram um rosto de um Old School Death Metal
para o Sindicato Maléfico.
Entre uma música e outra, o guitarrista, Mar-
lon Lacerda, apresenta com louvor a guitarra que
comprou com seu primeiro salário há 11 anos e o
público urra em apoio à banda. Quanto à presen-
ça de palco, eis um aspecto que merece uma at-
enção maior por parte da banda, pois são eles que
mobilizam a galera, que, como eles, permaneceu
G O M o s h
1 8 - H e a v y r a m a
parada na maior parte da apresentação, com ex-
ceção a algumas rodas de HC abertas esporadica-
mente.
No geral, depois do início de ruídos incompreen-
síveis, solos rápidos recheados de harmônicos,
feeling, batidas fortes na bateria ,muito peso nos
riffs e no vocal que lembra Morbid Angel com sal-
picos de Thrash, fizeram com que a apresentação
fosse animada, apesar do público goianiense im-
óvel.
Hypnotica
O grupo surpreendeu a quem estava presente no
Teatro Yguá e principalmente seus fãs com uma
nova roupagem. Novos efeitos como o eco na voz
do vocalista, Gabriel Torelli e solos que lembra-
vam o funcionamento de máquinas se mostraram
presentes nas músicas mais recentes da banda.
As novas composições da Hypnotica são basea-
das em narrativas Cyber Punk e o eco justificaria
essa ideia, pressagiando a temática futurista.
O novo clima produzido pelas melodias era mais
carregado e obscuro, o que não espantou a plateia
e manteve uma atmosfera de expectativa em to-
dos. Ainda nada acostumados com o novo estilo,
a maioria das pessoas se mostraram tímidas em
bangear e vibrar. O que não aconteceu depois da
quarta música, em que a galera já se mostrava mais
extrovertida e foram com raça para o Hardcore.
O maior trunfo do grupo foi o setlist bem pre-
parado que contava com um tiro certeiro, óbvio e
nada arriscado, encerrando com “New Level” do
segundo álbum da Pantera.
Baba de Mumm-Ra
O show realizado pela banda tocantinense Baba
de Mumm-Rá - considerando a sonoridade - não
foi uma das melhores apresentações do evento.
O grupo de Hardcore animou a galera aficionada
pelo estilo, com bastante presença de palco e par-
ticipação do público que praticamente em todas
as músicas, se digladiaram em rodas de HC.
Com um vocal ininteligível e rasgado, guitarras a
mil por hora e um ritmo imutável o conjunto tocou
dezenas de músicas curtas com poucas pessoas no
teatro. Eles mostraram um humor saturado, com
piadas dispensáveis e um vestuário tanto bizarro,
misturando desde babadores e batas de frade até
uma tentativa de corpse paint.
A banda mutilou os ouvidos da galera sendo fiel
ao estilo, com poucas notas e insultos distribuídos
como uma metralhadora para todos os lados, nem
“Garota de Ipanema” de Tom Jobim escapou, re-
cebendo um convite para tomar no cu.
Evil Syndicate
G O M o s h
H e a v y r a m a - 1 9
Spiritual Carnage
Com um vocal rasgado, bastante gutural e o
volume no talo , o Death Metal produzido pela
Spiritual Carnage, brutaliza os ouvidos dos que
acompanham a banda em seus mais de 20 anos
de estrada. O Go Mosh não poderia ter contado
com presença melhor, mesmo que o show não
tenha trago novidades ou superado as expectati-
vas dos fãs, a qualidade de seu som é impagável e
a presença de palco dos integrantes é contagiante.
O público se extasia junto com a movimentação
do vocalista que se agita mais a cada momento.
Entretanto, o show foi pausado durante alguns mo-
mentos, para que uma moça anunciasse a perda
de seu chapéu e pediu caridosamente que quem o
achasse, o devolvesse – pedido que pareceu não
ter sido levado muito a sério pelos presentes inqui-
etos. Finalmente, após a interrupção, as guitarras
voltam a rasgar o ar violentamente e todos voltam-
se ao estado de excitação.
Foi uma apresentação marcada pela quantidade
de moshs feitos pelo público que lotava o teatro.
Eles também contaram com a participação de
Marcão da banda Ressonância Mórfica. Foi pos-
sível perceber um pequeno desentendimento en-
tre os integrantes em relação ao setlist, o vocalista
proclama a saideira, logo em seguida o guitarrista
e o baterista discordam da afirmação e voltam a
tocar, depois do desencontro houveram mais três
músicas de encerramento, fechando o show com
“Carcass Reigns”.
Punch
Em torno de 00h30 a banda Punch (GO), marcou
presença no Martin ao decorrer de sete músicas,
formuladas com percussão e misturadas com a
densidade do metal, que recordavam o ritmo de
Rage Against The Machine em alguns momentos.
De início a entrosada “Be real” cativou a galera
com uma mescla de estilos que funcionaram muito
bem para eles . Até então, nada soa fora do lugar.
“137” manteve essa mesma energia, com sessões
ágeis na bateria e solo de percurssão que ampara-
vam o vocal de Íkaro Stafford, bem balanceado
nas passadas da voz limpa para o rasgado.
Em “My Ugly Scream” há um toque sutil de New
Metal com algo “Core”, o vocalista é um exemplo
de presença de palco. Nesta música, Íkaro insistia
para que o bando hardcore causasse a destruição
enquanto o vocal da banda Mugo (Pedro) filmasse
o show. E o pessoal não desapontou!
Prosseguindo,“Forgotten Way” com certeza foi o
destaque do repertório em quesito de brutalidade.
Spiritual Carnage
G O M o s h
2 0 - H e a v y r a m a
Íkaro pedia que a roda se formasse novamente,
nisso, objetos caíam no chão e eram pisoteados
pelos descuidados. Mas faz parte, a partir daí o
cansaço da madrugada começou a atingir os agi-
tadores que pareciam preferir ficar imóveis.
A próxima música “Nada está”, cantada em por-
tuguês, combinava bem com o instrumental, utili-
zando novamente o recurso de solo na percurssão,
fundida com a atitude enérgica dos integrantes
que continuavam interagindo intensamente com o
público. Finalizando, na frenética “My Freedom”
, o vocalista dividiu o teatro em duas partes e o
“Wall of Death” se formou pela primeira vez na
noite. A Punch que já se aventurou em solo norte-
americano em meio aos 15 anos de carreira e já
deu uma parada nas atividades durante um tempo,
mostrou com determinação que dessa vez voltou
para ficar!
Korzus
Para fechar o primeiro dia de Go Mosh 3 da mel-
hor maneira possível, os paulistas da Korzus, com
27 anos de estrada, subiram no palco às 02h00
ovacionados pelo público impaciente que grita-
vam em coro o nome da banda - além do tumul-
to causado na entrada, que gerou uma série de
empurrões nada educados, mas quem se importa
quando a bola da vez é Korzus!
O show começou com “Discipline Of Hate”,
causando furor dentro do teatro. Inúmeras cabeças
se agitavam em frenesi e dezenas de “chifres” se
levantavam - a cada minuto entravam mais pessoas
para presenciar o espetáculo. No começo uma das
guitarras estava um pouco baixa, mas nada que
não fosse consertado ao passar das músicas e que
prejudicasse a performance da banda.
Dando continuidade ao cataclismo, “Respect” ,
uma das mais conhecidas, deu corda nas rodas e
nos moshes insanos, seguida por “Truth” do novo
videoclipe da banda, manteve a ira do público do
começo ao fim. O setlist passou por “Sreaming
for Death”, “Never die” e outras, que injetavam
adrenalina nos headbangers a cada palhetada.
Para o delírio geral, chegou a vez de “What are
you looking for?” , um hino do grupo em que to-
dos cantaram o refrão juntos, com certeza foi um
Punch Korzus
G O M o s h
H e a v y r a m a - 2 1
dos ápices da noite. Seguida pela música em por-
tuguês “Correria” outro clássico de peso e ira do
metal nacional.
Depois chegou o momento na qual todos espera-
vam, quem já teve a chance de testemunhar os
shows anteriores da banda em Goiânia, seja no
Noise, no Goiânia Arena ou no Martin Cererê,
presenciaram o psicótico “Wall of Death”. Em
“Agony” Marcello Pompeu (vocal) finalmente faz a
chamada para que os presentes no teatro dividam-
se em duas partes e que corram um em direção
ao outro quando ele fizer a contagem de “1,2,3”.
Porém quando a música voltou a tocar, os bangers
ansiosos não esperaram a contagem do vocalista e
dispararam contra o outro lado do muro.
Para encerrar a noite, eles tocam a clássica
“Guerreiros do Metal” emendando com “Guilty
Silence”, alguns usaram o restante de suas ener-
gias e bateram cabeça incessantemente até por
fim sobreviverem a mais um show impactante da
banda paulista, que não decepciona em termos de
musicalidade e presença. Assim o show encerra
às 03h05 na agitada madrugada e aos poucos o
Martin Cererê esvaziou. Todos vão para casa des-
cansar os pescoços para mais um dia de Metal e
Hardcore no Go Mosh 3.
Segundo dia de GO MOSH 3
A segunda etapa do evento, que reuniu 17
bandas goianas, de fora do estado e até uma
internacional,começa com atraso esperado de
uma hora. Quando chegamos ao local o clima
estava chuvoso, à primeira vista, o dia 23 seria
mais calmo, tanto na presença de público, como
na programação, exceto pela final do I Miss Tat-
too, porém não foi assim. Passado uma hora da
abertura dos portões, um público mais jovem e
adepto de outras vertentes da música extrema se
apresenta no Martim Cererê.
Antes do Fim
A primeira banda a dominar o palco foi Antes
do Fim, que surpreendeu os espectadores com seu
Deathcore bem arranjado. A chiadeira do som,
presente em algumas apresentações, fez também
escala nesse show. Com uma afinação estranha,
baixo soturno, bateria pesada, pegada marcante
de Deathcore nas guitarras (riffs lentos e pesados),
calças apertadas e vocal cortante, Antes do Fim
quebrou tudo no Teatro.
Desde o início, o público respondeu bem às bati-
das agressivas da banda e vocais líricos, que lem-
bram o som de All Shall Perish. Sem pulseiras para
imprensa se identificar e ter acesso aos camarins e
palcos, a organização se mostrou maleável e nos
concedeu espaço, porém essa seja uma questão
importante a ser resolvida numa futura edição do
Go Mosh.
A banda fechou a apresentação, levando o públi-
co jovem ao êxtase com “Killing In The Name” de
Rage Against The Machine, que foi tocada com a
“cara” da banda, que é mais pesada.
Sangue Seco
O Punkcore goianiense chamado Sangue Seco
foi a segunda apresentação do dia.O vocalista
canta no estilo Drive, que falha algumas vezes,
mas que pode ser resolvido facilmente com um
aquecimento de voz. Desde o início, o público
HC, com bonés de aba reta, meias altas até os jo-
G O M o s h
2 2 - H e a v y r a m a
elhos e roupas largas pulavam e faziam festa em
frente ao estrado.
O vocalista de Skulls On Fire, Cláudio Reis,
balançava a cabeça sem parar, como se em seu
pescoço não houvesse ossos.
A apresentação, meio morna no começo, es-
quenta e o reflexo disso no público é contagiante.
Com melodias animadas, Sangue Seco inspira a
primeira roda de HC da noite. Em sua última can-
ção, o público canta o que parece ser o hino de
guerra da banda.
Forka
Após uma pausa para descanso, água e passagem
de som e a final do IMiss Tattoo, que por sua vez
foi muito animado, com torcidas e urros elogiosos
às moças tatuadas, é a vez de Forka (SP) destruir
tudo. Quando é liberada a entrada do público, a
banda convoca todos os presentes com riffs de
Pantera. Forka está de parabéns pela presença de
palco dos integrantes e por conquistar o público
goianiense - que anda meio difícil - com seus riffs
alucinantes e solos de guitarra bem técnicos e
próximos do público.
“Somos Forka, direto do Inferno”, disse o vocalis-
ta, Ronaldo Coelho, que conserta a frase com “Me
enganei, o inferno é aqui!”. Entre os blastbeats re-
cheados de harmônicos, um dos guitarristas cospe
ao teto e pula sem parar. A penúltima música de
Forka no palco foi “Propaganda” de Sepultura,
que incita o público a rasgar o chão de madeira
com o HC mais violento do Go Mosh 3.
Com “Reign In Blood” de Slayer, os espectadores
que já aparentavam cansaço, se matam em mais
brutalidade em forma de HC. No fim, os integran-
tes se juntam para receber o carinho dos presentes
e tirar uma foto juntamente com a plateia inteira.
Ao sair pelos fundos, Ronaldo Coelho, recebe
abraços e elogios do público. “Vocês foram a me-
lhor banda”, disse um espectador, mas o vocalista
rebate com “Vocês que são o melhor público”.
Ressonância Mórfica
Às 23h20 , é a vez da Ressonância Mórfica (RM),
nascida em terreno amazonense e e “naturalizada”
Goiana em 2000, a banda tem na sua formação
Marcão (vocal), Luiz (guitarra), Bruno (baixo),
Gustavo (bateria). Eles iniciam o show com a
densa introdução “Mapinguari”, sucedida por “
Aleivosia” , um exemplo primordial do Grindcore
arquitetado pelo grupo.
Apesar da RM ser reconhecida como uma das
Forka
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H e a v y r a m a - 2 3
bandas clássicas do nosso cenário, o público não
estava à altura da animação e presença dos inte-
grantes, particularmente do insano Marcão que
não poupou comentários sobre a a reação de
seus espectadores “A galera do HC não está aí
não, caralho?”. Talvez fosse um público recém-
destruído pelo show da Forka. No apelo do voca-
lista “Põe sangue nessa porra!”, o show prosseguiu
tentando reacender o entusiasmo geral.
Com um setlist de 13 músicas recheadas de
brutalidade do puro Death/Grindcore, o show
prosseguiu com hinos da banda como “Reação
irracional de destrutividade”, “Cunnilingus”, na
qual eles fizeram questão de dedicar aos seus con-
terrâneos que tocaram no dia anterior, a banda
Evil Syndicate.
No decorrer do repertório, o teatro esvaziou um
pouco, mas os que permaneceram formaram filas
de bate-cabeça na grade e outros mantinham a
roda de poga ativa - enquanto no palco, Marcão
berrava com ira irrestrita, junto com o baixista que
se equilibrava em cima da grade.
Quase encerrando a apresentação, eles tocaram
a renomada “Plutocracia”, responsável pelo pan-
demônio nos shows da banda. Os convidados
da rodada para acompanhar Marcão nos vocais,
foram Stuart (baterista da Viscerastika, ex-Dark
Ages) e Cláudio (vocal Skulls on Fire), que estive-
ram presentes no show do começo ao fim. Outras
pessoas subiam no palco e cantavam trechos da
música e davam mosh, incluindo Marcão que foi
sustentado por seus colegas metaleiros e jogado
no palco novamente para encerrar com “M.N.P”.
Foi um show e tanto, mas que merecia mais aten-
ção do público pagante.
Necropsy Room
Adentrando a madrugada é a vez da Necropsy
Room manter a energia no Martin, a banda que
é mais antiga do que alguns imaginam, nasceu
em 1998. Atualmente,eles estão em ótima for-
ma, como mostrou o show realizado na noite de
sábado procedido com a música “Abstinence”,
marcada pela forte presença do vocalista Wesley
Amorim.
Brevemente o local encheu para presenciar os
riffs maduros e nervosos do Death/Thrash dos
rapazes,uma quantidade satisfatória de pessoas
balançavam suas cabeças de cima a baixo no som
perspicaz do grupo.
Na nova música “ Disorder Way” o hardcore
se estendeu do começo ao fim e aumentou a in-
Ressonância Mórfica
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tensidade em “Chains of Christ” e em “Cancer”
onde a grade tremeu com o furor dos presentes.
“Modus Faciendi” e “Spit on yout face” ficaram
responsáveis por manter a bestialidade dos riffs
incansáveis e do ríspido Death Metal. Por fim, a
última música “Clicking Of Bones”, do clipe mais
recente da banda, foi uma amostra de peso bem
dosado para um bom ‘headbanging’, fechando o
show com chave de aço!
Maldita
Passado um intervalo um pouco maior que os an-
teriores, às 01h10 a banda carioca, Maldita (ativa
desde 2001), destila doses de rock com vestígi-
os industriais. Apesar de ser pouco convencion-
al para o público goianiense voltado ao Thrash/
Death/Heavy, eles foram bem recebidos por um
núcleo de pessoas que pareciam estar ali somente
para presenciá-los e vê-los em ação.
Erich (vocal) entrou sem camisa e com uma
máscara de bode. O diferencial da banda são as
músicas cantadas em português e a pitada do es-
tilo exótico de Marilyn Manson, tanto no visual
quanto no instrumental. Eles apresentaram nove
músicas, com destaque para “O homem do rosto
cortado” do primeiro videoclipe da banda exibido
na MTV. Muitos dos presentes cantaram a letra,
embora outra parte estivesse parada, observando
o show.
“Bastardos da América” foi curiosamente dedi-
cada à Mickey Mouse, Kurt Cobain, Hitler e Pelé.
Apesar da letra não agradar tanto (sem julgar o
seu contexto literal), a parte instrumental expri-
miu quebra de compassos, baixo marcado, bate-
ria com pedal dobrado, além do vocal arrastado
- uma combinação que funcionou muito bem.
“Estrela de fogo” acentuou a atmosfera sombria e
ressaltou a letra bem encaixada. O vocalista se de-
bruçou sobre seus fãs e inevitavelmente foi agar-
Necropsy Room Maldita
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H e a v y r a m a - 2 5
rado por eles, nada que o segurança não pudesse
resolver. Mas o ápice do show foi “Anatomia” que
também estrelou um videoclipe e lembra sutil-
mente o clima melancólico da banda Portishead.
A maior característica da música é a letra que re-
trata obsessão e necrofilia.
Mais a frente, eles decidem fazer um karaokê e re-
crutam um corajoso para cantar a música “Killing
in the name” de Rage Against The Machine, toca-
da pela segunda vez na noite. O cover serviu para
injetar empolgação na plateia que voltara a exi-
bir sinais de exaustão. Terminando com “Nero”,o
show pareceu ter correspondido às expectativas
de quem os esperava.
Ação Direta
Para terminar a noite no segundo dia do Go Mosh
3, Ação Direta do ABC Paulista (SP), apresentou
um repertório com um pouco mais de 20 músi-
cas referentes aos seus 23 anos de estrada. Os
integrantes mostraram muita presença de palco e
mantiveram um razoável público fiel do começo
ao fim. Às 02h15 alguns ainda persistiam em bater
cabeça, continuar nas rodas e manter-se avivados.
A banda emendava as faixas que iam do Hard-
core, ao punk e ao Metal para agradar a todos.
Foi perceptível que algumas pessoas sabiam can-
tar as músicas e outros apenas assistiam curiosos.
Ao decorrer do longo setlist, boa parte do público
deixou o teatro.
Alguns dos destaques foram “Reação”, “Convic-tions”, “Parte de uma geração”, “Fator Crucial” e“ Dias de luta”, concluindo a apresentação às 03h05 com “Entre a bênção e o caos”. Porém, os pou-cos que se mantiveram em pé até o presente mo-
mento, insistiram para que a banda continuasse o show e tocasse mais músicas. O grupo que veio de São Paulo e não queria decepcionar seus fãs,
atendeu os pedintes e tocaram por mais 5 minutos
com duas músicas, fechando o show oficialmente
com um “Satisfação e até a próxima!”. O festival foi extremamente satisfatório para o público diversificado. Apesar dos atrasos no primeiro e no segundo dia, não houveram maiores demoras de um show para o outro. A qualidade sonora atendeu às expectativas em relação ao por-te do evento, mesmo ocorrendo alguns problemas técnicos em determinadas apresentações. Por fim, há alguns aspectos a serem corrigidos nos eventos futuros, como o informativo prévio do encareci-mento do ingresso na entrada. De qualquer maneira, foi um grande momento para o cenário underground goianiense, além de ter sido um dos maiores festivais realizados este ano na cidade, que com certeza, merece recon-hecimento pelos esforços da organização.
Ação Direta
E n t r e v i s t a - I z a c k S a l v a t i e r r a
2 6 - H e a v y r a m a
Texto: Bia Cardin/ Foto: Hugo O.
HEAVYRAMA - Como que você começou a se
envolver com o cenário headbanger goiano?
IZACK - Aos 15 anos comecei a acompanhar
o cenário indo aos Shows no DCE da UFG, ge-
ralmente para ver a Light Hammer e a Heaven’s
Guardian que estava bem no começo. Tomava o
vinho e curtia um som (risos).
HEAVYRAMA - Em quais projetos de bandas você
teve a oportunidade de participar?
IZACK - Comecei na música tentando tocar gui-
tarra, depois dos 19, 20 anos resolvi cantar e tive
oportunidade de cantar com as bandas, Another
Day, Refine, Vougan e agora no Heaven’s Guardian.
HEAVYRAMA - A banda Refine ficou conhecida
pelo cunho de White Metal. A banda se promovia
com essa rotulação?
Entrevista exclusiva com Izack Salvatierra
O vocalista Izack Salvatierra, 28 anos, nos concedeu uma rápida entrevista sobre sua passagem na banda Refine e Vougan. E também, comentou sobre sua atual experiência na banda de Heavy Metal goianiense, Heaven’s Guardian.
E n t r e v i s t a - I z a c k S a l v a t i e r r a
H e a v y r a m a - 2 7
IZACK - A banda tinha uma conotação cristã, no
entanto todos os integrantes com excessão da min-
ha pessoal atuavam no meio White, mas sempre
ficou claro para mim que música é música e re-
ligião é religião, opinião pessoal.
HEAVYRAMA - O que aconteceu com a Refine,
afinal?
IZACK - É uma história um pouco longa, resum-
indo, todos se envolveram com outras prioridades
profissionais e a banda ficou esquecida por todos,
naturalmente foi ficando até que encerramos as
atividades.
HEAVYRAMA - Você também participou da banda
Vougan. Qual foi o processo para que você se tor-
nasse o vocalista da banda?
IZACK - Houve uma seletiva, eu mandei uma
música da Refine e fui a um ensaio, desde então
comecei a ensaiar e fui evoluindo para o que a
banda precisava, e formalizamos a entrada desde
então.
HEAVYRAMA - O que ocasinou a sua saída da
Vougan?
IZACK - O fato da banda ser de Brasília ocasionou
uma série de contratempos quanto a agenda, hou-
veram alguns problemas financeiros e pessoais
que tomaram uma amplitude maior que a banda,
mas prefiro não tocar no assunto para preservar a
integridade de todos.
HEAVYRAMA - Depois que deixou a Vougan, você
se envolveu com outros projetos?
IZACK - Depois que deixei a banda fiquei por
um ano parado por opção própria. Depois disso
apenas a Heaven’s Guardian.
HEAVYRAMA - E como está sendo essa experiência?
IZACK - Parece até exagero da minha parte, mas
é um sonho que está se realizando, como disse
eu acompanhava a banda desde a adolescência e
curiosamente sempre me imaginava cantando as
músicas. Todos são super tranquilos e o clima na
banda é muito bom.
HEAVYRAMA - Vocês tem shows marcados ainda
neste ano nas terras goianas?
IZACK - Nós definimos que o resto do ano seria
para dedicar ao novo trabalho que pretendemos
lançar ano que vem.
HEAVYRAMA - E o material, tem previsão de al-
gum novo lançamento em breve?
IZACK - Ano que vem estaremos lançando um
novo álbum. Aguardem!
HEAVYRAMA - Izack, algum recado final para os
nossos leitores da Heavyrama?
IZACK - Gostaria de dizer a todos que têm o
Heavy Metal correndo nas veias que o Metal só
não é mais forte, pois não existe uma união entre
os músicos, que toda classe unida é mais forte, e
a cena de Heavy Metal esta em decadência em
nossa cidade. Fica aqui o chamado para todos, va-
mos unir nossos sons e fazer de Goiânia referência
no Metal nacional e mundial, nós temos potencial
pra isso. Yeah!!
O v e r c o m e
2 8 - H e a v y r a m a
Desde 2008 a banda goiana Overcome vem misturando o hardcore da bateria de Markin
Moraes e do vocal de Mandie, com o metal da guitarra de Mumu e do baixo de Thiaguim. Tudo surgiu de um projeto em 2007 que não deu certo,
porém teve continuidade mais tarde pelo baterista Markin e pelo guitarrista Mumu. O grupo ainda contava com a participação de Chita na guitarra, que também fez parte da primeira formação, mas que saiu no primeiro semestre deste ano.
O peso do metal com a sinceridade do Hardcore
Texto: Eduardo Paixão/ Fotos: Neli Sousa
O v e r c o m e
H e a v y r a m a - 2 9
A proposta da banda, desde o inicio, é tocar Hardcore e Metal, “mas isso não é regra na hora de compor, os riffs vão fluindo naturalmente”, afirma Markin. Ele afirma que em relação as let-ras, as temáticas variam. Há letras que falam sobre irmandade, convicções, revolta, embora sempre com uma pitada de positividade embutida. Várias vertentes do HC e Metal estão presentes nas influências dos membros do grupo, alguns sons unânimes outros nem tanto. A qualidade é essencial, não importando a década e o momento em que foram lançados. Walls Of Jericho, Ma-
cakakongs 2099, Lesto!, Terror, Paura e Slayer são exemplos dessas influências. Além da Overcome, a galera da banda também já tocou com outros grupos. O guitar-rista passou pela Just Another Fuck, DHC, Baba de Sheeva e Anesthesia Brain, o baterista tocou na Lixus e no Hate For Pride, e o baixista passou por uma banda de hardcore melódico. Entre as apresentações realizadas, o bate-rista Markin destaca algumas importantes para ele,
como ter tocado com as bandas Vendetta e Still X Strong, e o show neste ano no Remanescentes Un-derground, onde o público agitou do começo ao fim. Atualmente a Overcome está dando priori-dade ao estúdio e a composição de músicas para gravação do primeiro material em formato físico, já que até agora lançaram apenas uma demo na in-ternet. Para os músicos, o processo de composição neste momento deve ser lento e priorizado, por isso poucos shows foram feitos neste segundo se-mestre.
As gravações devem começar no final de outubro e início de novembro. A demo vai conter quatro músicas novas e outras quatro que serão regravadas, pois o resultado primário não atingiu às expectativas da banda. Até o final de novembro tudo já deve estar pronto. Junto com a demo, também devem ser lançadas camisetas e adesivos, “então guardem uma grana aí para comprarem os materiais”, diz Markin. O som do quarteto pode ser conferido em:www.myspace.com/overcomebr
Markin Henrique
Thiago Amanda
R . I . P - Ve l v e t V e x
3 0 - H e a v y r a m a
São poucos os headbangers que se recordam da lendária Velvet Vex, ao menos, os mais novos.
A banda que surgiu em 1995 resistiu à morte até meados de 2002 e foi um marco entre as ban-das de Heavy/Thrash Metal da época ao lado de Mandatory Suicide, Mortuário, Spiritual Carnage e até mesmo a mais nova entre elas, Heaven’s Guar-dian.
A principio a formação continha Flávio Lima (Fla-vão), nos vocais , Rogério Novaes no baixo, Fred Machado (guitarra) e Luiz Maurício (guitarra) que tardiamente formou a Heaven’s Guardian, junto com o Cão (bateria) que também teve uma ligeira participação na banda. Contudo, essa formação primária durou apenas seis meses, logo Luiz, Cão e Rogério deixaram a banda para a entrada de Dio-go (bateria), Leozão (baixo) e Fredão (guitarra), tor-nando essa a formação mais duradoura da banda. O que torna a Velvet Vex um marco no nosso cenário, não é apenas a qualificação de ter sido uma boa banda, mas também o fato de serem os primeiros a gravarem um CD contendo nove faixas ao invés de lançarem um EP ou Demo, como era comum naqueles anos (e ainda é). Segundo o vocalista Flavão, atualmente com 37 anos, a banda desde o começo tinha a intenção de ser diferente e fiel ao som que produziam no es-túdio, com um ritmo que pulsasse diferente e cati-vasse o público “ A Velvet sempre se preocupou em tocar algo muito fiel ao estúdio, tanto que nós não tocávamos cover e nunca pensamos em tocar
Esse quadro é um “revival” das bandas que já estiveram presentes entre nós, mas infelizmente partiram deste mundo. Para a inauguração, escolhemos uma banda de peso (literalmente): A Velvet Vex!
Texto: Bia Cardin/ Fotos cedidas por Diogo Gonçalves
R . I . P - Ve l v e t Ve x
H e a v y r a m a - 3 1
cover. Nos voltamos ao Heavy Metal tradicional com uma pegada Thrash, essa era a proposta da banda.” Apesar do surgimento de bons estúdios em Goiânia, ainda faltavam produtores que tivessem experiência com um estilo como o Metal, mas
apesar das limitações o resultado do primeiro CD ficou interessante aos olhos da banda. Aliás, para produção de um CD na época, eles tiveram que desembolsar uma quantia nada modesta “Os cus-tos de gravação eram o olho da cara, lembro que foi ‘muito lanchinho que eu deixava de lanchar’ (risos) “, brinca Flavão. Alguns hábitos daqueles dias para os atuais não mudaram. A banda recebia como pagamento
umas latas de cerveja ou garrafas da água e era recorrente terem mais gastos do que retribuição financeira, mas apesar das inconveniências, eles lidavam com isso sem problemas “Se fôssemos to-car no interior, por exemplo, gastávamos com ga-solina e não ganhávamos nada, mas todo mundo saia realizado” , afirma Flávio. Entretanto, o que importava mesmo era a opor-tunidade de fazer shows. Foi neste período em que o centro de eventos era o DCE da UFG, com uma acústica considerada boa, revezava os shows de vez em quando com o Martin Cererê. Porém, o som não era uma maravilha, alguns shows a-conteciam em garagens na casa de alguém ou em festinhas, mas o que compensava a “tosquice” era a energia do público “Teve uma festa do Parque Atheneu, nós tocamos para dez pessoas empol-gadíssimas, foi muito legal e foi com equipamento de ensaio, era ensaio literalmente ao vivo”, de-clara Flavão. Outro destaque da época era a união entre as bandas e o público fiel. Flavão relembra um even-to importante que evidenciou este momento “Eu lembro que a Velvet Vex se juntou em uma época com a Heaven’s Guardian, para arrecadar fundos para ajudar o Carlos Zema que havia sofrido um acidente e você via ali a união do público e das bandas.” Após um período benéfico devido ao lançamento do material, eles tiveram o seu primeiro término devido a uma série de problemas internos que ocorriam entre os integrantes. Em uma dessas desavenças o guitarrista Fredão deixou o grupo. Bastou à Velvet Vex procurar alguém que pudesse assumir a responsabilidade, após algumas tentati-vas frustadas a banda que já estava com a relação frágil, desistiu de prosseguir com o projeto.
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Sobre essa fase turbulenta, Flavão relembra al-guns momentos que fraquejaram o relacionamen-to da banda “Na época ia rolar um show em BH pela Cogumelo records, que lançou Sepultura etc, estava tudo armado, deu uma briga e não rolou de ir. Teve convite pra SP e também não deu certo. Os meninos até então trabalhavam, tudo era muito difícil e isso requer um gasto. As brigas foram mais pro lado financeiro do que propriamente musical ou seja, um podia, outro não podia.” Nessa parada, o vocalista foi para a Bélgica, onde residiu por algum tempo, todavia não demorou para que o baixista Leozão sentisse falta do grupo e o ressuscitasse, durante este período ele assumiu os vocais deixando o novato e recém-chegado E-duardo, como baixista , até que Flavão retornasse para o Brasil e voltasse ao seu cargo original. Foi aí que a Velvet Vex consolidou a sua segunda formação. Sem guitarrista, Leozão convidou um ami-go para entrar na banda, Arnaldo, que toca-va na Arsenall. Dela também fazia parte um outro guitarrista, Rafael Teles, com 17 anos, que foi recrutado para juntar-se ao grupo e ti-vera oportunidade de tocar com seus heróis. A banda fez um show fascinante nessa formação pelo que recorda o guitarrista Rafael Teles, agora com 27 anos, “O show mais bacana foi em 2002, no Máquina Rock, nesse nós trouxemos um gui-tarrista chamado alemão Frank Godzik.”. Nesta época a banda produziu novas músicas sob o comando instrumental de Rafael, de acordo com Flavão “Ele assumiu as vozes de liderança de com-posição, era um cara muito criativo. ” Apesar dos bons ventos começarem a soprar para a banda, as diferenças começaram a abalar sua es-tabilidade novamente “Quando a banda ressurgiu foi de uma forma diferente da ideia original. Muito
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bons músicos, mas era um estilo que o próprio Di-ogo comentava que não queria, contudo foi uma preferência interessante na segunda fase, pena que não deu sequência” lamenta Flavão. A diferença de idade entre os membros da primeira e da segunda formação também passaram a ser rel-evantes no relacionamento entre eles. Os membros originários estavam cansados enquanto os outros permaneciam com a energia à tona, nesse ritmo a banda que não chegou a gravar o seu se-gundo CD terminou oficialmente em 2002. Cada um seguiu o o seu caminho e definiram as suas prioridades. Rafael Teles, Arnaldo e Eduardo (que teve uma passagem meteórica na banda na Velvet Vex), se juntaram após o fim definitivo do grupo e montaram outra banda que fez história em solos goianos: Magnificência. Como muitos já sabem, a Magnificência também encerrou as atividades anos depois, mas Rafael Te-les confessa que atualmente está participando de outra banda “Estou tocando em um projeto mais ou menos na linha da Magnificência, só que um pouquinho mais atual, até batizamos a banda. Es-pero que em breve possamos voltar a tocar na cena com essa moçada mais nova.” Diogo hoje em dia é casado, assim como Flávio Lima que divide o tempo entre família e a carrei-ra de professor de literatura, entretanto ele admite que também tem planos de reviver os tempos de banda e já está esquematizando o seu projeto “A primeira ideia era montar uma coisa na linha Thrash tradicional meio anos 80 e 90 , mas misturando um pouco com coisa celta, medieval. Então já temos essa ‘ideia’, temos algumas melodias ,mas ainda é um projeto”. O professor Flávio Lima, também alega que não tem acompanhado muito as bandas atuais, mas de
H e a v y r a m a - 7
R . I . P - Ve l v e t Ve x
vez em quando fica sabendo de shows que acon-tecem pela cidade e sente vontade de presenciar a performance da rapaziada mais jovem “Sei que os meninos que estão tocando nessa nova geração são extremamente virtuosos, uma molecada muito boa, muito bons instrumentistas, mais dedicados do que a nossa geração. Peguei um panfleto um dia sobre um show no DCE da PUC, fiquei com vontade de ir, entretanto o fato de eu estar em sala de aula hoje, ativamente ,gera uma situação de falta de tempo.” Atualmente os ex-integrantes não possuem tanto
contato uns com os outros e o vocalista revela que além da vontade de reencontrar os antigos colegas, sente falta da Velvet Vex e pensa na possibilidade de retornarem “ Hoje não sei se rolaria, mas é uma coisa legal de se pensar. Todo mundo está voltan-do, Mortuario, Tsavo, Mandatory. Então eu penso ‘poxa, por que não voltar também?’, afinal era uma banda enérgica” . Passado o tempo, nos resta relembrar esse grande nome do Heavy/Thrash goianiense e quem sabe, torcer para que eles ressurjam das cinzas.
E n t r e v i s t a - A r n o z a n
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Entrevista exclusiva com Francisco ArnozanO produtor do Estúdio Loop e multi-instrumentista Francisco Arnozan, 23 anos, integrante das bandas Hypnotica, Warlikke e do projeto paralelo Infected Place (Virus From Hell), nos contou um pouco sobre a sua história e atividade no meio musical.
Texto: Vitor Nunes e Bia Cardin/ Foto: Hugo O.
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H e a v y r a m a - 3 5
Heavyrama - Como começou o seu interesse por
música?
Arnozan - Eu gostava de bandas como Iron Maiden
e Metallica, e gostava muito dos solos de guitarra,
assim surgiu o meu interesse pelo mesmo.
Heavyrama - Sobre quais instrumentos você tem
domínio?
Arnozan - Sou guitarrista desde os 14 anos de
idade, é o instrumento que mais estudei e que
mais gosto. Meu pai me ensinou alguns acordes e
daí comecei a me virar tirando música de ouvido
procurando por tablaturas e cifras, fiquei nessa por
uns 2 anos, depois comecei a estudar música em
um conservatório de Goiânia, onde comecei a en-
tender o que eu fazia. Também toco bateria, sou
totalmente autodidata nesse instrumento. Comecei
a tocar bateria depois de ouvir bandas de Death
Metal como Cannibal Corpse e Dying Fetus.
Heavyrama - Como e quando você começou a tra-
balhar em estúdio?
Arnozan - Geovani Maia era meu professor de gui-
tarra no conservatório, onde ele me fez a proposta
para trabalhar com ele no Fantom Stúdio.
Heavyrama - Como você se tornou produtor?
Arnozan - Desde que comecei a tocar guitarra
aos 14, eu gravava minhas ideias com um “ampli
staner”, um microfone phillips em um rádio K7 de
dois tapes.
Não gostava de ouvir bandas que tivessem uma
gravação ruim, não sei porque,mas eu diferen-cia-
va o que eu achava que era uma gravação ruim de
uma boa.
Mais tarde ja tocando no Warlikke, isso em 2003,
eu gravava o que saia da mesa de ensaio em um
computador. Com o passar do tempo no final
de 2007,comecei a trabalhar no Fantom Stúdio,
minha primeira experiência real com a gravação
profissional e produção.
Aprendi muito com o Geovani Maia, principal-
mente em como lidar com as pessoas quando você
está produzindo. Fiquei por lá até a metade de
2009, daí com a indicação de uma amiga procurei
o Loop Stúdio onde comecei a trabalhar, com uma
estrutura melhor e com o Rogério Pafa na hora de
gravar. Aprendi muito se tratando de técnicas de
gravação, em como se grava certos instrumentos e
por aí vai. Atualmente continuo no Loop.
Heavyrama - Quais são suas principais dificul-
dades como produtor musical?
Arnozan - Lidar com as pessoas, às vezes não dá
pra entender facilmente o que a banda ou o ar-
tista quer, essa é a maior dificuldade.E também o
tempo isso que isso toma da vida social.
Heavyrama - Você acha justo o valor cobrado pe-
los estúdios?
Arnozan - Acho que o valor do estúdio é a única
coisa que não sobe. O valor definido pela maio-
ria dos estúdios é meio padronizado, ou é tanto a
faixa ou é tanto o álbum. Eu penso que quando se
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trata de Metal, uma música de 3 ou 4 minutos não
tem que custar o mesmo preço de uma musica de
6 ou 8 minutos.
Heavyrama - Como funciona a produção musical
passo a passo?
Arnozan - O primeiro passo é saber se a galera
está a fim de fazer que se propôs a fazer. Se você
sobreviver a essa parte, tira as outras de letra.
Heavyrama - Você tem algum algum critério de se-
leção para as bandas que produz?
Arnozan - Eu não tenho nenhum critério de se-
leção, a maioria das bandas que trabalharam
comigo, me procuraram antes(ou no estúdio que
eu estava trabalhando).O que vier, é tirar o som e
pronto.
Heavyrama - O que te satisfaz mais na atividade
como produtor e na carreira musical?
Arnozan - No lado de produção,é quando você
termina um “trampo”, você escuta e vê que tá
massa e aí tem o reconhecimento das outras pes-
soas. Na música é mais ou menos a mesma coisa,
o reconhecimento alheio e o seu próprio, pra sab-
er que você fez um bom trabalho.
Heavyrama - E com qual delas você se identica
mais?
Arnozan - Pra falar a verdade eu fico muito feliz
quando trabalho com música, seja produzindo ou
sendo músico. Eu sempre trabalhei com música, é
bem difícil me imaginar fazendo outra coisa.
Heavyrama - Qual a melhor banda que você já
produziu?
Arnozan - No Metal a banda que tive a oportuni-
dade de produzir, que não deu tanto trabalho e
que foi massa foi a Deadly Curse, o trabalho foi
finalizado e ficou massa pra caralho. Dentro de
um gênero que não é tão Metal assim, a Rádio
Carbono também ficou do caralho, a galera tocava
bem,o que facilitou pra que ficasse bom.
Heavyrama - Quais são as suas principais influên-
cias como músico?
Arnozan - Atualmente sou muito influenciado pelo
Djent, que é um metal bem pesado com afinação
bem baixa,ritmos e riffs complexos.
Bandas como Meshuggah, Textures, Periphery,
Tesseract fazem o som Djent com muita maestria.
Heavyrama - Que momento você destacaria como
importante na sua vida musical?
Arnozan - O momento em que as pessoas começar-
am a reconhecer meu trabalho como produtor, é
muito gratificante ver o resultado disso tudo.
Heavyrama - Arnozan, algum recado para fina-
lizar?
Arnozan - A Heavyrama é do caralho, acessa aí
gente!
Ilustração: Samantha Soares
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Texto: Hugo O. e Bia Cardin/ Fotos: Hugo O.
II Encontro das Artes Negras
Mais uma noite de Encontro das Artes Ne-
gras, realizando a sua segunda edição no-
vamente no DCE da PUC - o local é apertado, não
é muito arejado, porém o contato com as bandas
é maior que em qualquer lugar da cidade. Entre-
tanto, dessa vez houveram apenas três atrações
no evento, sendo uma delas a banda Gräfenstein
originária da Alemanha. O show realizado no dia
08/10 e estava marcado para começar às 21h, mas
sofreu habituais atrasos, em torno das 22h50 havi-
am mais ou menos 50 pessoas no local esperando
que o show começasse, mas este número aumen-
tou ao decorrer das horas. Às 23h30 a banda De-
nied Redemption de Brasília abriu o evento. No
palco, haviam adornos como cabeça de bode, ve-
las e a bandeira do Distrito Federal sobre o teclado.
Os integrantes vestiam roupas de couro, spikes e
claro, corpse paint. O vocalista Necrogoat iniciou
o espetáculo com a frase “Um dia para celebrar a
morte do Nazareno”. O gelo seco cobriu o palco
e “The Secret of Night Times” demarcou a perfor-
mance com um teclado forte acima da linha tradi-
cional das guitarras. O timbre vocal relembrava
Ophthalamia e a banda inseria intercalo entre o
técnica gutural mais aguda do vocalista e o grave,
do guitarrista.
Boa parte dos pagantes adentraram o DCE para
presenciar a banda, entretanto a reação foi ti-
picamente fria, o que tornou difícil discernir se
a banda os estava agradando ou não. As músicas
seguintes seguiam a mesma linha, com bons in-
tervalos, pausas apropriadas de um riff para outro,
até que no meio do show começaram ocorrer al-
guns probleminhas técnicos que causaram uma ir-
ritação bem perceptível em Necrogoat, mas que
fora resolvido após a insistência do mesmo, e as-
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sim puderam prosseguir com a apresentação.
Em “The Black Bull of the Gold Horns”, o clima
esquentou um pouco, uns poucos corajosos se
aproximaram do palco para bater cabeça no clima
do Black Metal Atmospheric que se arrastava nas
notas do teclado. Praticamente finalizando o show,
as maquiagens começaram a derreter e eles encer-
raram com “Lucifer Luciferax” que cativou mais o
público sob o pretexto de simplicidade, sendo to-
cada apenas com uma guitarra e com harmônicos
bem colocados.
Depois, subiram ao palco os goianienses da
Luxúria de Lillith, que tem em sua formação, Ar-
nozan (bateria), Larakna (guitarra), Megaira (guitar-
ra) e Allysson Drakkar (vocal/baixo). A introdução
ficou por conta do sombrio tema do filme Hell-
raiser. Em “Desejos Infames”, Drakkar saúda seus
espectadores. A música contém um pulso conta-
giante e um ótimo trabalho instrumental com a
melodia vocal, lembrando que todas as músicas
Denied Redemption Lúxuria de Lillith
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da Luxúria de Lillith são escritas em português.
Conseguinte, eles tocam “ A Testemunha do Mal”
do trabalho mais recente da banda (Sucumbidos
pela Carne, 2009), mostrando sua evolução musi-
cal, na exploração prática de palhetadas velozes
com intermediações de riffs e pedais cavalgados,
mas que infelizmente sofreu a interferência de mi-
crofonia no final de sua execução.
Como prólogo da faixa a seguir, Drakkar exprime
“Abram os olhos sobre a vida, prevaleçam sobre a
carne!”, assim adentra a autointitulada “Luxúria
de Lillith” que se sobressai no repertório da banda
devido a sua composição bem trabalhada.
Atravessando por outras seis músicas, vale desta-
car “ Remorsos” que expôs um ótimo solo tocado
por Megaira, paralelo à insânia moldada na bate-
ria. Assim como a maculada “Delírios de uma Or-
gia Noturna” produzida em 2000 e regravada duas
vezes em trabalhos mais recentes. No show da
banda, o público começou a apresentar sintomas
de reação positiva, batendo cabeça, aplaudindo
os mesmos e aos poucos se aprochegavam perto
do palco. “A Volúpia Infernal” arrematou o show
na base de um Black Metal mais cru, contagiado
pela velocidade e por um refrão rítmico bem colo-
cado, como é de praxe em grande parte das músi-
cas da banda.
Vale lembrar que Allysson Drakkar foi o respon-
sável pela organização do II Encontro das Artes
Negras e mesmo recebendo críticas de cristãos
em comunidades do Orkut por realizar o evento
em domínios da Pontifícia Universidade Católica,
os 180 pagantes que compareceram, devem agra-
decer pela visualização e aproveitamento que
tiveram durante a apresentação da última banda
da noite, os alemães da Gräfenstein.
No momento em que passavam o som, os in-
tegrantes cuspiam com seus sotaques palavras
incompreensíveis de sua língua aos ouvidos bra-
sileiros. Pareciam, a todo instante, irritados, porém
esta foi uma coisa desmistificada. Com calças de
couro apertadas e spikes manufaturados, most-
raram, com o primeiro rugir de seus instrumentos,
suas intenções quanto ao show.
Após 20 minutos de ajustes, os integrantes ru-
maram para o vestiário afim de se “transformar-
em” em Greifenor (vocal e guitarra), Hackebejl
Gräfenstein
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(baixo) e Ulvernost (bateria), todos com corpse
paint, artigos de couro e espetos agressivos. Sua
pintura facial destaca-se também das outras duas
bandas da noite, em que zonas negras e brancas
eram bem definidas, formando um desenho. Com
os rostos brancos, exceto pelo contorno dos olhos
e boca, Gräfenstein assemelha-se meramente aos
noruegueses de Taake.
Ao voltar ao palco, a platéia já os esperava. O
porte físico dos europeus é a última coisa que
espanta o público goianiense. Ao começar sua
apresentação, Gräfenstein, distorceu a realidade e
fez todos os presentes respirarem uma atmosfera de
antiguidade, paganismo e ocultismo do velho conti-
nente.
A forma que eles tocam é mais agressiva e rápida
que Luxúria de Lillith, aclamada banda goianiense,
e os convidados do DF, Denied Redemption, mas
isso pode ser um reflexo de sua frieza em relação
à plateia. A massa Black Metal Goianiense, como
de vários outros lugares, continuou quieta e so-
turna, porém, sabe reconhecer quando está diante
de uma horda de destaque.
Com pitadas de Thrash Metal, o som dos alemães
é rápido e impiedoso aos ouvidos despreparados.
Eles mostram muito preparo e condicionamento
em seus riffs e no emprego de trebble picking. A
bateria, que Ulvernost espancava sem piedade,
parecia um brinquedo em relação ao seu tama-
nho. Em frenesi alucinante, Hackebejl, corria e
dançava entre os fios e os demais integrantes.
Diante de seu logotipo, constituído com influên-
cias de aramaico entremeadas por crucifixos in-
vertidos, que configura por si só a maior das blas-
fêmias conjuradas pela banda, tocaram clássicos
de seus álbuns mais antigos, além de mostrarem
suas novas produções, concernentes ao novo ál-
bum Skull Baptism. O público em geral conseguiu
conter o ímpeto de invadir o estrado, porém um
ou outro não resistiu e foi bater cabeça com Hack-
ebejl. Pescoços desossados impulsionavam as ca-
beças para cima e para baixo, como que numa
competição por aproveitamento.
O show terminou e metade da falange se dispersou. Os
que ficaram, como nossa equipe, buscavam algum tipo de
interação com os destruidores do Gräfenstein. Consegui-
mos uma breve entrevista a qual está disposta a seguir:
Gräfenstein
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Texto e tradução: Hugo O. / Fotos: Hugo O.
Entrevista exclusiva com GräfensteinOs alemães da Grafënstein consentiram uma entrevista para a nossa equipe e fizeram comentários sobre a turnê no Brasil. Eles também ilustraram como é a atual cena do Black Metal na Europa, além de traçar elogios ao Metal brasileiro.
HEAVYRAMA - Qual é o significado de Gräfenstein?
GRÄFENSTEIN - É um lugar sombrio ao longe da civilização, que nós odiamos. É o lugar em que nos conhecemos e onde foi fundada a banda, há 10 anos. Lá, nos juntávamos no início de tudo para pensar sobre fodeção e para beber.
HEAVYRAMA - Quais são suas principais influên-cias?
GRÄFENSTEIN - Nossas principais influências jazem sobre a esfera do Rock n’ Roll. Bandas como Mötley Crüe, Judas Priest e temos também bandas como Venom, Darkthrone e Immortal. Apesar de todas elas, as principais influências de Gräfenstein podem ser consideradas como Rock n’ Roll. So-mos um misto de Rock n’ Roll e Black Metal, bebi-das, fodeção e Rock n’ Roll.
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HEAVYRAMA - É a primeira vez de vocês em Goiânia?
GRÄFENSTEIN - Goiânia, sim, mas não é nossa primeira vez no Brasil.
HEAVYRAMA - E o que vocês acham da cena Black Metal brasileira?
GRÄFENSTEIN - Considero a cena daqui muito fanática. Fanática até em relação à cena europeia. O Brasil é um dos maiores “países metaleiros” do mundo. A Alemanha é o maior país da Escan-dinávia, nesse sentido. Aqui as pessoas, como disse (BAIXISTA), são fanáticas e participativas. O pessoal gosta com o coração e com a alma e isso é ótimo. Eu acho que toda banda europeia de metal tem influências das bandas brasileiras. As pessoas na Europa amam o Thrash brasileiro, assim como o Black, então é comum na Europa conhecer as bandas daqui, como Mistifyer e Krisiun.
HEAVYRAMA - O que acharam do show?
GRÄFENSTEIN - O show foi muito divertido, mui-to bom para tocar para pessoas assim. Acho que é o suficiente: foi bom, divertido, brutal. Foi ótimo. Não importa pra quantas pessoas estamos tocan-do, se são 20 ou 50. A energia é forte do mesmo modo.
HEAVYRAMA - Vocês planejam retornar ao Brasil no futuro?
GRÄFENSTEIN - Sim, nós planejamos, mas não é assim tão fácil. Estivemos aqui em 2007, fize-mos planos, mas não sabíamos quando seria pos-sível voltar. Dessa vez, estamos aqui para tocar em sete ou oito festivais, ainda faltam 7 e é só o que
podemos dizer.
HEAVYRAMA - Como é a cena Black Metal europeia?GRÄFENSTEIN - É difícil dizer, eu acho que não é tão simples. O público Black Metal europeu é muito heterogêneo. Existem muitos grupos de diferentes estilos de Black Metal. Na Alemanha, existem muitas bandas, pois cada indivíduo quer ter uma. Todos os dias bandas novas estão surgin-do, assim como há muitos festivais, tanto na Ale-manha como em países como França, Portugal, Itália e na Escandinávia esse é o espírito Heavy Metal, isso é ótimo. Mas Black Metal na Aleman-ha, eu não saberia o que dizer. São muitos grupos distintos, muitas pessas falando coisas e merdas. Eu não sei, é muita merda. E nós temos também muitas bandas comerciais. Posso recomendar a banda Paria (ALE), que é óti-ma. Eles são nossos amigos, tocam conosco um “Chaos” Black Metal do jeito antigo.
HEAVYRAMA - Vocês gostariam de dizer algo para os fãs brasileiros?
GRÄFENSTEIN - Sim, gostaria de dizer para vocês manterem essa energia em seus corações, não fa-çam, não se transformem como fez a cena Black Metal europeia. Continuem do seu jeito, contin-uem “old school”. Vocês são muito bons, con-tinuem assim, pois é ótimo. Nós vamos retornar, pois muitas bandas da Europa querem tocar aqui, porque sabem que o Brasil é um dos maiores país-es metaleiros do mundo. Isso é ótimo.
HEAVYRAMA - Gostaríamos de agradecê-los pela entrevista e parabenizá-los pelo show que foi real-mente ótimo.
GRÄFENSTEIN - Muito obrigado.
S k u l l s o n F i r e
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Thrash Metal é que define o som de Skulls On Fire, banda idealizada pelo guitarrista Jean
Carlo de Lima e seu irmão , o baterista Michael Douglas. Desde a consolidação de seu núcleo a banda passou por duas formações. Atualmente os integrantes da banda são, além dos dois irmãos, Ro-nielly “Roni” Silva (baixo), Cláudio dos Reis (vocal) e Leandro Bittes (guitarra). O sentido do nome da banda não surgiu por acaso, os integrantes, mais precisamente Jean e Mi-chael, queriam um termo que refletisse a temática de suas letras, conflito mental. “O primeiro nome da banda era WarHead, porém soubemos da ex-istência de outros grupos com o mesmo nome e
decidimos trocar”, disse Jean. Ele disse ainda que o nome atual surgiu de uma pesquisa breve no Goo-gle. “O termo skull (caveira, em inglês) apareceu quando pesquisei caixa craniana, mas senti que faltava algo. Nasceu assim Skulls On Fire (Caveiras em chamas)”.Jean e Roni trabalham de foram parecida, ambos têm raízes no Rock Clássico, além das bandas de metal, como Black Sabbath, Slayer, Krisiun, Pantera e Iron Maiden. São eles os responsáveis pela cri-ação das letras e melodias, que passam pelo crivo dos outros integrantes e sofrem algumas alterações. “Apenas acertamos alguns detalhes nos riffs, mu-damos algumas sequências e está tudo certo!”, es-
Trabalho e irmandade
Texto: Hugo O./ Fotos: Hugo O.
http://www.myspace.com/warhead137
S k u l l s o n F i r e
H e a v y r a m a - 4 5
clarece Jean.
Trabalho e união
A banda que possui apenas uma demo, trabalha para lançar o novo material no próximo ano. “Es-tamos montando nosso Myspace, que ficará pron-to ao ajustarmos alguns detalhes e focaremos na produção de um EP que terá de quatro a seis faixas”. Segundo Jean, os integrantes de Skulls on Fire, prezam muito pela união. Eles acham que a cena goianiense é fragmentada. “Existem muitas bandas boas e muito público para elas, porém, falta união de ambas as partes para que a quantidade e quali-dade de eventos independentes cresçam”, reitera. As dificuldades pelas quais a banda está sujeita vai além das barreiras do financeiro e atinge a segu-rança. “O furto de nosso baixo, pedais, documen-tação e alguns pertences pessoais nos atrapalhou, mas conseguimos superar essas dificuldades com grande êxito”, exclama Roni.
Recado da banda: Primeiramente gostaríamos de agradecer a todos pelo grande apoio que recebe-mos. Em nossas apresentações, a galera realmente comparece e acompanha nosso trabalho de perto! Muito em breve todos poderão ver as novidades que estamos preparando e desfrutar de novos mate-riais que estamos produzindo. Estamos trabalhando para fazer um ótimo trabalho, como uma forma de retribuir todo o carinho que recebemos do nosso público.
Influências dos integrantes
Jean – Pantera, Testament e Black Sabbath.Michael – Krisium, Lamb of God, kataklysm e Krea-tor MetallicaRonny – Iron Maiden, Slayer e Helloween.Claudio – Rhapsody, Death e Necropsy RoomLeandro – Metallica, Megadeth e Tankard.
Leandro
Claúdio
Ronny
Jean
Michael
R e s e n h a - M o r k - D F
4 6 - H e a v y r a m a
Ventos que uivam, cantam ao rasgarem a pai-
sagem noturna são ensimesmados por chocares de
ferros. Ao fundo uma melodia surge inibida, mas
se torna vultosa à mediada que o ouvinte é con-
duzido para ela. Num baque, o som harmônico se
vai como veio, de surpresa, e os socos de ferreiro
retornam, fundindo-se com as primeiras batidas na
bateria de Gabriel. Essa é a primeira faixa e con-
vite da banda brasiliense de Black Metal Sinfôni-
co, Mork, também conhecida como Dimmu Bor-
gir brasileiro, ao som de Exemption, seu primeiro
full length.
Seu som nos torna “marionetes que oscilam à sin-
fonia da destruição”, como disse Dave Mustaine
em Symphony of Destruction. É práticamente im-
possível não balançar a cabeça durante o rasgar
das quatorze faixas, sendo a primeira o prelúdio
Exemption e a sétima o Interlude of Purification.
A qualidade instrumental dos integrantes, soma-
Mork: Prelúdio experiente
da ao gutural rasgado de Samuel, constroem uma
melodia cheia de originalidade. Vocais unidos,
característica presente em boa parte das músicas,
cerram as notas doces de Leonardo, imprimem
brutalidade e feeling na melodia simultaneamente
lenta e rápida. Guitarras em treble picking e fren-
esi, configuram a amplitude agudo-grave das no-
tas e fazem o ouvinte viajar em bom Black Metal.
A lógica do álbum remete à idade das trevas, em
que pessoas eram caçadas por agentes católicos,
que buscavam provar que seus devaneios heréticos
eram reais, ao passo que davam lambidas grandes
no poder clerical. Nesse contexto, a tradução dos
títulos das faixas instrumentais Exemption e Inter-
lude of Purification, Isenção e Interlúdio da Pu-
rificação, respectivamente, ilustra a ausência de
culpa das pessoas sacrificadas pela chamada puri-
ficação, feita com fogo.
Sem dúvidas, o álbum de uma banda brasileira que não abre alas para o amadorismo merece ser comprado e colocado ao lado de grandes nomes do estilo sinfônico de Black Metal. Para o leitor que nunca ouviu Mork, por falta de tempo, pre-conceito com o estilo ou qualquer outro motivo, acesse o myspace da banda e confiram seis músi-cas de Exemption e duas do EP Preposterous, do ano passado. Não haverá arrependimentos.
Line- up:
Samuel- VocalPedro - GuitarraRafael - GuitarraGuilherme - BaixoLeonardo - Teclado/SintetizadorGabriel – Bateria
http://www.myspace.com/morkofficial
Texto : Hugo O.
R e s e n h a - S u r v i v e - A C
H e a v y r a m a - 4 7
Os acreanos da Survive lançaram no começo
deste ano o álbum Destroy and Revolutionize,
gravado no Acre, mixado em Curitiba e masteri-
zado por Marcello Pompeu (Korzus). O material
conta com 11 faixas que tratam de temas sobre a
Revolução do Acre e religião. A primeira faixa é a
instrumental The March, uma ótima apresentação
para a música que vem a seguir, Destroy and Re-
volutionize que inicia com o vocal gutural grave de
Max Dean, em cima da bateria variante de Renato
Piauhy. As guitarras são bem trabalhadas e ofer-
ecem variedade rítmica à música que transcorre
no Death/Thrash Metal.Em Death Paths, as duas guitarras se harmonizam perfeitamente alicerçadas no baixo. Essa música é um dos destaques desse trabalho, com doses de Metalcore. Seguida por He Died, que dá um pouco mais de destaque para o baixo que aparece sozinho em alguns intervalos. Ela é boa, mas não
O que tem no Acre? Survive é a resposta.
se iguala à criatividade das faixas anteriores. Days of Agony, é a que mais apresenta passagens no Thrash metal e sobressai pelo ótimo solo do baixo que introduz o solo da guitarra. Logo, entra Son of God, que repete a fórmula que dá certo nas músicas anteriores, com mudanças de riffs segura-dos para cair na ferocidade do Thrash, seguindo a velocidade do pedal dobrado da bateria. Em seguida, Without Fight entra com peso, mas decai em uma certa mesmice em comparativo com o trabalho apresentado até então, entretanto não deixa de ser uma música boa. Death Squad mostra sutis mudanças de construção com o trabalho pa-ralelo das duas guitarras, que lembram vagamente o som da banda All Shall Perish. A música tem o seu mérito com intermediações de estilo e melo-dia, engrossadas pelo vocal gutural. A penúltima faixa, Degraded Ecosystem, se dis-tingue pelo cruzamento do timbre limpo e da dis-torção entre as guitarras no inicio da música. Para fechar, It’s Time to Kill apresenta recursos de tap-ping nos solos e aplica doses de brutalidade ins-trumental, encerrando o material com violência precisa.No geral, o álbum é uma amostra de excelência musical em critérios de peso e harmonia, mas peca um pouco em repetição, entretanto não é nada que desvalorize este trabalho de qualidade sonora impecável.
Line-up
Max Dean - Vocal
Josélio Almeida - Guitarra
Renan Silva - Guitarra
Heric Luis - Baixo
Renato Piauhy - Bateria
http://www.myspace.com/surviveband
Texto : Bia Cardin
R e s e n h a - R a i k e n - D F
4 8 - H e a v y r a m a
Oriunda do Distrito Federal, a banda Raiken nas-
ceu no ano de 2007. Depois de algumas mudan-
ças na formação, o quarteto lançou nesse ano um
EP auto-intitulado com quatro faixas. As músicas
foram gravadas no Estúdio Broadband (DF) sob a
batuta do produtor Caio Duarte e mostram uma
banda com bastante técnica e com uma mis-
celânea de influências.
É difícil definir um rótulo para o som feito por Ri-
cardo Spyker (baixo/voz), Leonardo Pacheco (gui-
tarra), Malcolm Macgaren (guitarra/voz) e Rodrigo
Martins (bateria).
O destaque vai para a primeira música, Becom-
ing. Ela parece reunir todas as características da
banda com um refrão empolgante e com várias
mudanças súbitas de tempo. Essa, aliás, é outra
marca registrada do grupo. É possível perceber
Técnica e Fúria
uma veia prog em várias passagens.
Esse mosaico de influências faz com que o ouvinte
desavisado se sinta um pouco perdido no início da
audição. Outro ponto que deve ser considerado é
o pouco destaque dado aos solos de guitarra e aos
vocais limpos, que em certos momentos chegam
a sumir no meio dos demais instrumentos. Esse
problema é recorrente em todas as faixas do EP.
Entretanto, não é suficiente para apagar o brilho
do trabalho dos brasilienses.
Concluindo, o primeiro registro do quarteto
mostra peso, fúria, técnica em um tipo de metal
bastante peculiar e eclético. Para quem curte tech
death, é uma ótima opção, mas alguns vão estra-
nhar as constantes variações de andamento. Uma
pena que as linhas de vocal limpo não tenham o
merecido destaque. No final das contas, vale a
pena conferir.
Line-up:
Ricardo Skyper - Baixo/Voz
Leonardo Pacheco - Guitarra
Malcolm Macgaren - Guitarra/voz
Rodrigo Martins - Bateria
http://www.reverbnation.com/raiken
http://www.myspace.com/raikenofficial
Texto : Artur Dias
Ilustração: Pan Yamaguti
O p i n i ã o - A i n d ú s t r i a d a m ú s i c a e s t á m o r r e n d o ?
5 0 - H e a v y r a m a
A indústria da música tem passado por uma si-
tuação apertada há alguns anos. Volta e meia,
surge algum grande empresário do ramo responsa-
bilizando o advento de novas tecnologias (como o
CD-R, a mp3 e o Iphone, por exemplo) pela queda
no faturamento. Esporadicamente surgem alguns
artistas fazendo campanhas publicitárias e apelos
contra a pirataria e downloads ilegais de músicas.
Existe ainda uma parcela no meio musical que diz
não se importar e até mesmo defende e incentiva
os downloads e a pirataria, procurando uma forma
divulgar seus trabalhos em meio a esse turbilhão
de bandas e artistas que estão disponíveis na in-
ternet. No meio de tudo isso, estão milhares de
pessoas que baixam, diariamente, todo o tipo de
mídia, sem pagar nada por isso. As opiniões são as
mais diversas, mas o que não se pode negar é que,
em meio a tanta polêmica, a indústria musical está
agonizando.
A cada dia que passa, novas tecnologias vão
surgindo. Essas incríveis ferramentas desenvolvidas
pelo ser humano facilitam a vida das pessoas, mas
impõem uma mudança nos meios de produção, e
a indústria nem sempre consegue assimilar essas
transformações com facilidade. O jornalista norte-
americano Steve Knopper publicou em 2009 o
livro “Apetite for Self-Destruction” que narra uma
trajetória de erros crassos da indústria fonográfica
que culminou na situação crítica atual. Segundo
ele, os empresários do ramo tomaram uma série
de ações protecionistas e equivocadas com ob-
jetivo de resguardar seus lucros. Ao invés de se
abrirem para as novas possibilidades, se fecharam
num formato obsoleto de mercado e agora tentam,
a duras penas, recuperar o tempo perdido. Os re-
flexos foram sentidos rapidamente e em todas as
partes do mundo. Segundo o Jornal O Estado de
São Paulo, a venda de CDs e DVDs no Brasil sof-
reu uma queda de 32,1% em 2007.
Alguns exemplos clássicos podem ser citados para
ilustrar a forma como os barões da música lidaram
com a situação. Quando surgiu o CD, com seu
som fiel e cristalino, a confusão começou. A digi-
A indústria musical está morrendo?Por Artur Dias
O p i n i ã o - A i n d ú s t r i a d a m ú s i c a e s t á m o r r e n d o ?
H e a v y r a m a - 5 1
talização do áudio e das imagens permitiu uma re-
produção muito mais fiel das gravações. Essa mu-
dança drástica preoucupou muito os produtores e
artistas, que precisavam ser mais cautelosos com
relação a ruídos indesejáveis. O novo formato era
também pequeno e leve o que, por um lado, faci-
litou o transporte e estocagem, e por outro, exigiu
que os comerciantes comprassem novas pratelei-
ras para suas lojas. O que eles fizeram? Simplis-
mente se recusaram(!!!) a fazê-lo, virando as cos-
tas para o novo formato. Provavelmente acharam
que era uma moda passageira...
O caso mais famoso e emblemático, sem dúvida,
foi a novela do Napster. Em 1999, um jovem de 19
anos chamado Shawn Fanning, cansado da imensa
dificuldade que era baixar músicas na época, desen-
volveu um sistema que permitiu o compartilhamento
de MP3 pela internet. O negócio deu tão certo que
virou uma empresa e, no auge da popularidade,
contava com mais de 8 milhões de usuários. As
gravadoras não hesitaram e, por meio de uma as-
sociação que as representava (Recording Industry
Association of America - RIAA) entraram de ca-
beça em uma batalha judicial que culminou no
desligamento dos servidores. Vários artistas e ban-
das apoiaram as gravadoras, como o Metallica,
por exemplo (aliás, a defesa que a banda fez da
industria ajudou a disseminar a sua fama de se-
rem mercenários, mas isso já é uma outra história).
Contudo, a vitória foi apenas aparente. Em 2001,
no mesmo ano do “fechamento” do Napster, vári-
os outros programas surgiram e logo o movimento
ficou fora de controle.
Fica evidente que a indústria musical travou uma
batalha contra a tecnologia. E perdeu feio. O cu-
rioso é que as mesmas empresas que apontam o
dedo e crucificam as inovações tecnológicas, res-
ponsabilizando-as pelos seus fracassos administra-
tivos, jogam a última pá de terra ao viabilizarem
a pirataria. A Sony Music, por exemplo, uma das
mais fervorosas defensoras das vendas dos cha-
+mados “formatos físicos” de música, produz, por
meio do seu braço eletrônico, milhões de com-
putadores, gravadores de CD, softwares, CD-Rs,
aparelhos de Mp3 e Mp4 todos os anos... Como
explicar essa contradição? É claro que aqueles
que baixam músicas não estão totalmente isentos
de culpa, mas se as próprias empresas dão todas
as ferramentas necessárias para a distribuição e
gravação gratuita e ilegal, porque justificar suas
falhas culpando exclusivamente os outros?
O mundo da música está passando por uma trans-
formação gigantesca. Hoje é possível ter acesso a
milhares de novos artistas de todas as partes do
mundo com apenas um clique. É necessária uma
nova consciência de como trabalhar nesse ramo
nos anos que virão, pois está provado que esse
modelo engessado e retrógrado que as grandes
gravadoras insistem em defender foi superado. Os
próprios músicos precisam entender que agora,
como nos anos 30, o dinheiro virá com shows e
apresentações de qualidade, e não com percen-
tuais de lucros ou cláusulas contratuais. A fonte
dos empresários secou, e agora aqueles que tra-
balham com música precisam aprender a viver
dela, e não de vendas.
A H o r a d o P e s a d e l o
5 2 - H e a v y r a m a
Entre tantos shows que eu pude ir, ou toquei, aconteceram algumas situações bem estranhas
mesmo.Em um evento que toquei lá no DCE da UFG, a bateria tinha uma corda de cavalo a segurando! É isso mesmo, ultra tecnologia! Ela dava umas três voltas no banquinho e saindo dele dava duas vol-tas nos apoios do bumbo, na hora que eu vi dei trela! Durante a apresentação era estante para um lado, prato para o outro e eu tentando juntar tudo perto de mim. Em meados de 2007 em outra situação, diga-mos que constrangedora, toquei em uma boate gay. Quando chegamos, achamos que só as ban-das iam lotar o local de tão pequeno que ele era. Puro engano felizmente! Hehe !Na hora de ir ao banheiro que o bicho pegava, era unissex, a única coisa que separava um lado do outro era uma di-visória com uns espelhos redondos no meio dela, que se você empurrasse com a mão um lado dele dava pra ver o outro lado! Pois é, mas voltando ao assunto, tinha banda de alternativo, nós, representando o Death Metal, e as bandas de Doom metal e Thrash Metal. Antes de subirmos ao palco nos reunimos no camarim que ficava ao fundo e a céu aberto para terminar os últimos preparativos, como eu não sou nem um pouco atrapalhada e para me ajudar tudo lá
era muito escuro, não vi que não tinha degrau de um ambiente para o outro e virei o pé. Pisei em falso. Beleza, até aí estava tudo ferrado mesmo, então a banda anterior resolveu terminar antes do previsto e como vocês sabem, alguns organi-zadores não são nem um pouco apressados para a banda poder preparar os equipamentos, porque se dependessem deles, só nos jogariam em cima do palco com tudo arrumado! Aí encaixei o pedal duplo rapidão e tocamos o terror lá dentro! Foi do caralho! Eu fiquei espantada com a galera que apareceu lá!
Valeu ter contado um pouco das minhas histórias pra vocês!É isso aí, não importa o lugar o Metal sempre há de preponderar!
A Hora do PesadeloA Hora do Pesadelo é uma seção para os nossos colegas headbangers contarem um pouco do que já vivenciaram. Para iniciar, Ludmilla Aguiar, 22 anos, ex-baterista da Destrook, Voices of Hell, entre outras bandas, nos conta um pouco sobre as suas aventuras (e desventuras) nos shows em que participou.
Texto: Ludmilla Aguiar / Foto cedida por Ludmilla
Voices of Hell na Ziggy Box
H o r a d o P e s a d e l o
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C o n t o - A s F l o r e s d e A l i c e
5 4 - H e a v y r a m a
As flores de Alice – Parte DoisPor Jôder Filho
Antes de chegar em casa, Cássio passou num
supermercado e comprou comida pra cachorro e
tigelas para água e ração, uma vez que o enorme
labrador agora seria seu. Encheu as duas tigelas as-
sim que chegaram e ficou acariciando o cão enquanto
ele comia. Sentado ali , no chão da cozinha, Cássio se
dava conta de como sua vida havia virado de ca-
beça pra baixo em uma simples manhã.
Aproveitara que a banda não tinha ensaio
naquele dia e resolveu ir ver Alice mais cedo. E foi
ali que perdeu tudo. Nada mais fazia sentido. Sua
namorada havia morrido. Ele perdera seu chão,
seu norte e tudo aquilo que lutara tanto para con-
seguir e manter. Apoiou os cotovelos nos joelhos e
passou as mãos no rosto e no cabelo. Automatica-
mente sua mão se dirigiu para o bolso da jaqueta
e retirou o pequeno embrulho que ali trazia. Abriu
a caixinha e ficou parado olhando o anel de noi-
vado que havia comprado dois dias antes. Já tinha
todo o futuro planejado em sua cabeça. Casaria
com Alice, largaria a banda e voltaria a trabalhar
com seu irmão no armazém que herdaram dos
pais. Não daria tanto dinheiro quanto a banda,
mas pelo menos era mais estável. Estabilidade. Era
disso que iria mais precisar se queria estabelecer
uma família com a mulher de sua vida. Mas agora
ela se fora.
Sua mão se dirigiu ao outro bolso, onde havia
guardado algo tão importante quanto a aliança.
Ele retirou o frasco do remédio que achou no apar-
tamento de Alice. A policia sabia que aquilo fora a
causa da morte pelos exames no corpo, então ele
pegou o frasco que, aparentemente, nenhum deles
tinha notado ainda. Curiosamente, o frasco era de
remédio, mas seu rótulo não. Ao invés de vir com
todas as indicações e contra-indicações necessári-
as, continha apenas um nome. Haxideno. Só isso.
Cássio supôs que aquele seria o nome do medica-
mento e também que ele devia ser clandestino, já
que não tinha as regularidades. Levantou-se e foi
até a sala pegar o telefone. Ainda estava decidindo se
estava fazendo o certo investigando isso sozinho. Com o
telefone ainda na mão ele viu um porta-retrato com uma
foto dos dois juntos. Seus olhos encheram de lágrimas.
Ele as engoliu e começou a discar. Precisava ligar
para Giovanna. Ela era a única que podia ajudá-lo
agora. O telefone tocou 5 vezes até ela atender.
— Alô? – a voz da amiga soava. Cássio ficou em si-
lencio. – Alô...alô? – ela estava pra desligar quan-
do ele falou.
— Giovanna, tem um minuto? – ele conseguiu
dizer.
— Cássio? Meu Deus, você sumiu, cara. Achei que
você tinha morrido. Como vai a Alice?
— Ela... Gi, não sei como dizer, porque eu mesmo
ainda não acredito, mas, a Alice se foi.
— Como assim “se foi”? Ela... morreu?! É isso Cás-
sio? – o tom de voz dela foi se alterando. Cássio
C o n t o - A s F l o r e s d e A l i c e
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podia ouvi-la chorando.
— Eu sinto muito. Posso te encontrar na sua casa?
Eu te conto tudo lá.
Quinze minutos depois ele estava na porta da casa
dela junto com o labrador. Ela atendeu a porta, os
olhos ainda vermelhos. Ficaram se encarando por
alguns segundos até que ela o abraçou. Ele foi en-
trando com ela ainda abraçado. Encostou a porta
e sentaram-se no sofá. O labrador deitou no ta-
pete. Ela ficou encolhida abraçada a ele, chorando
e soluçando. As vezes soltava algo como “ela era
minha melhor amiga”. Quando havia parado de
chorar e restavam só os soluços ele trouxe água
com açúcar e contou tudo o que havia acontecido
naquela manhã.
— Ela nunca se mataria – disse enxugando os o-
lhos com um lenço que ele a estendia – Nunca.
— Eu sei – ele disse se levantando – Por isso vim
aqui. Preciso da sua ajuda.
— Do que você ta falando?
— Bom, você, é química, né? Conhece de remé-
dios e tal. – sua mão se dirigindo automaticamente
para o bolso com o frasco.
— Essa área é a farmacêutica, mas sim, eu enten-
do um pouco disso. Porque a pergunta?
Ele tirou o frasco e a entregou. Ela leu o rótulo e
olhou pra ele, aparentemente confusa.
— O que sabe sobre essa substancia? – ele per-
guntou esperançoso.
— Haxideno? – ela leu em voz alta - Isso é novo
pra mim. Nunca ouvi falar. Posso analisar os
resquícios do remédio na caixa, mas isso leva uns
dois dias. Vocês têm onde ficar? – ela perguntou
olhando para ele e para o cão.
— Temos a minha casa...
— Esqueça – ela interrompeu – Se a polícia sacar
que você pegou isso vai ter motivos de sobra pra
invadir sua casa. Vocês ficam aqui. Alem do mais,
a Lila faz companhia pro Page e eu posso te vigiar.
– ela estendeu as mãos e o labrador veio até ela.
— Não preciso ser vigiado. Acho que sei me
cuidar.
— Cássio, já vi gente assim antes. Você precisa
descansar. Deixar seu cérebro acostumar com os
fatos. É difícil, mas é necessário. – ela se levantou
trazendo o cão até o quintal – Pegue suas coisas
na sua casa o mais rápido possível, aqui está a
chave da minha garagem. Quando chegar ponha
seu carro lá. Vou arrumar o sofá-cama pra você. –
ela foi saindo pela porta.
— Giovanna – ele chamou meio sem saber o que
dizer - é... Você sabe... Obrigado. – estranho como
as palavras demoraram a sair. Ele detestava pre-
cisar dos outros.
— Não me agradeça – ela disse com um leve sor-
riso no rosto – Ache quem fez isso com a Alice.
— Prometo que vou.
Às dez e meia da noite, Cássio estava deitado no
sofá-cama sem conseguir dormir. Havia pegado
os pertences necessários em sua casa e se aco-
modado discretamente na casa de Giovanna. Ela
já tinha ido dormir e os cães estavam quietos no
quintal, mas ele não conseguia fechar os olhos.
Estava inquieto com tudo o que planejava fazer
na manhã seguinte. Com a ajuda de Giovanna
tinha uma chance de chegar ao fim disso. O que
ele mais desejava era descobrir a verdade sobre
a morte de Alice. Mal sabia ele o quanto aquela
verdade o destruiria.
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