Revitalização do Parque São Bartolomeu será concluída em 6meses, diz Estado

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Obras na área de 74 hectares, localizada no subúrbio ferroviário e entorno, estão orçadas em R$ 80 milhões

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SALVADOR QUARTA-FEIRA 21/12/2011 SALVADOR REGIÃO METROPOLITANA A9

PACTO PELA VIDA

Bases do Nordeste festejam o NatalMAÍRA AZEVEDO

Na manhã de ontem, um he-licóptero da Polícia Militar daBahia sobrevoava o bairro doNordeste de Amaralina, osmoradores corriam pelasruas em direção à sede da 40ªCompanhia Independente daPM, local indicado para o pou-so da aeronave.

Não se tratava de nenhumaperseguição policial, mas dachegada de Papai Noel, pre-sença mais esperada do Nataldo Pacto pela Paz, evento or-ganizado pela Secretaria daSegurança Pública (SSP), emparceria com comerciantes emoradores do bairro, para ce-lebrar a recente instalação detrês bases comunitárias de se-gurança no bairro.

“Essa festa é para aproxi-mar a população dos policiais

e trazer alegria para as crian-ças. Desde a instalação das ba-ses aqui no Nordeste (em se-tembro de 2011) já consegui-mos uma redução de 65% nacriminalidade na região, e va-mos continuar trabalhandopara garantir a segurança”,declarou o secretário da Se-gurança Pública, Maurício Te-les Barbosa.

“É como se fosse a reali-zação de um sonho. Antes,sempre que um helicópteropassava por aqui, era porqueestava procurando algummarginal.Hoje,eleveiotrazeralegria para as crianças”, re-velou Inês Guimarães, 30,mãe de uma das 600 criançasda comunidade, que partici-param de brincadeiras orga-nizadas por integrantes daPM e animadas pela trupe doTio Paulinho.

ReconhecimentoAo assistir a uma demonstra-ção do trabalho dos PMs queatuam sobre motos, o estu-dante Caíque Ramos, 7, afir-mou já ter decidido a profis-são que terá: “Eu quero serpolicial, para ter uma motodessa e prender os ladrões”,afirmou o garoto.

A realização do Natal an-tecipado deu esperança paraa construção de uma relaçãomais amigável entre morado-res e militares. “Segurançapública não é apenas colocaro policial na rua, por isso es-tamos desenvolvendo ações,capacitando nossos homenspara que tenham um com-portamento mais educado ehumano nas ações”, declarouo coronel. Alfredo Castro, co-mandante-geral da PM.

Antes mesmo da entregados presentes, alguns mora-dores afirmavam que os pe-didos já foram atendidos. “Es-tamos vivendo um momentode paz e tranquilidade e issoé muito importante. Volta-mos a ter o nosso direito de ire vir”, destacou Gil de Leon,presidente do Instituto EntreAspas de Ação Comunitária.

Luciano da Matta / AG A TARDE

Militares e a população na festa de Natal antecipada

A presençade Papai Noele a entrega dospresentes foramos destaquesdo Natal da Paz

PROJETO Obras na área de 74 hectares, localizada no subúrbio ferroviário e entorno, estão orçadas em R$ 80 milhões

Revitalização do Parque São Bartolomeuserá concluída em 6 meses, diz Estado

Moradores doparque e doentorno serãorealojados

O realojamento das famíliasresidentes no parque e no en-torno dele também fazemparte do projeto. “Algumasdelas moram lá há 40 anos.Não podem viver na área depreservação ambiental, masvão ser reassentadas”, explicaa coordenadora da Conder,Regina Luz.

A comunidade de São Bar-tolomeu, localizada nas re-dondezas do parque, vai serrealocada. Uma parte dos mo-radores será indenizada –com dinheiro ou de formamonitorada, através da com-pra de um novo imóvel in-dicado pelo morador – e a ou-tra receberá aluguel social en-quanto as 360 unidades ha-bitacionais não forem con-cluídas, em dezembro de2012.

O mesmo vai acontecercom as 470 famílias que mo-ram dentro do parque, na en-costa de Pirajá. Segundo aConder, 352 unidades habita-cionais vão ser construídaspara abrigar essas famílias,com conclusão prevista parajunho de 2013. Essas obrasainda não foram iniciadas.

IncertezaJerônimo de Oliveira, 88 anos,mora no parque há 45 anos.Entre as opções oferecidas pe-la Conder, ele escolheu a in-denização monitorada. Masalém de se queixar do valorestipulado para a compra doimóvel, ele teme ter que dei-xar a área antes que a Com-panhia pague a nova mora-dia. “A Conder disse que vaidar o dinheiro só em março.Até lá a dona da casa que eu tôquerendo comprar em Fazen-da Coutos já vai ter vendidoela. E como eu fico? ”. ReginaLuz garante que nenhum mo-rador da área vai ser retiradode sua casa sem uma garantiade novo lar. “Quem estiversaindo é porque já tem pro-videnciada uma solução”.

Espaço éimportante paraos cultos docandomblé

Além da importância histó-rica e cultural, o parque tam-bém tem valor religioso. “Eleé fundamental para que ocandomblé exista. A religiãoprecisa de espaços para ofe-rendas, e o parque oferece is-so: riacho, cachoeira, mata,pequenos animais”, explica oPhD em história da culturanegra Jaime Sodré.

Para o historiador, o des-casocomasituaçãodoparqueé fruto da falta de prestígioque tanto o subúrbio quantoa religião sofrem. “Isso nãoacontece com outras reli-giões”, provoca.

Território reduzidoO impedimento do uso degrande parte do parque paraos rituais da religião é apenasparte de um problema maior:a restrição espacial à realiza-ção dos cultos em Salvador.

“Os bairros perderam osterrenos onde os terreirosbuscavam as plantas para oculto. Hoje, para fazer um cul-to no mato, em Salvador, estádifícil. Os terreiros estão semudando para a região me-tropolitana. Isso prejudica afrequência das pessoas quevãoàcasa”,dizoObádeXangôdo Terreiro do Cobre e doutorem estudos étnicos e africa-nos Valdélio Silva.

A ocupação urbana tam-bém tem feito com que os ter-reirosvenhamperdendosuasáreas originais. Alguns, comoo Terreiro do Cobre, possuimenos de 5% do seu tamanhoinicial. O problema atinge so-bretudo aqueles que aindanão foram tombados.

Há dois anos foi votado pe-la Câmara de Vereadores umprojeto de lei cujo objetivo éa regularização desses terre-nos. Segundo o vereador Gil-mar Santiago, relator do pro-jeto,esteaindaestáemfasedediscussão entre a Secretariada Fazenda e a Secretaria daHabitação.

JULIANA BRITO

Após mais de 20 anos de es-pera, o Parque São Bartolo-meu estará completamenterevitalizado dentro de seismeses, conforme garantia daSuperintendência do MeioAmbiente (SMA), da Secreta-ria de Desenvolvimento Ur-bano (Sedur) e da Companhiade Desenvolvimento Urbanodo Estado da Bahia (Conder),que estão à frente do projetode recuperação da área.

As obras de revitalização do

espaço, localizado no subúr-bio ferroviário, foram inicia-das em junho deste ano eprosseguematéjulhode2012.Além das obras do parque,vão ser feitas outras interven-ções em seu entorno, consi-deradas necessárias à preser-vação do espaço. A previsão éque os trabalhos no entornodo parque sejam concluídosem março de 2013.

As ações de revitalização,incluindo as do parque e

adjacências,estãoorçadasemR$ 80 milhões – 60% desse

valor é proveniente de umacordo com o Banco Mundial,firmado em 2006, e os 40%restantes é de recursos dopróprio Estado. Somente asmelhorias no parque vão cus-tar R$ 49 milhões.

Segundo a coordenadorada Unidade Técnica de Pro-jetos da Conder, Regina Luz, oobjetivo do investimento é arealização de ações que visamdar sustentabilidade ao par-que. “O parque há anos vemsendo objeto de pequenasobras pontuais que não se

sustentaram. Em 2004, porexemplo, havia o quartel daCoopa (polícia ambiental),que em menos de seis mesesfoi perdido”, observa ReginaLuz.

A revitalização do espaçoinclui o cercamento da área, arequalificação da Praça deOxum, a criação de um hortoétnico-botânico e a constru-ção de equipamentos, como oCentro de Referência São Bar-tolomeu e uma praça de es-portes. A despoluição daságuas será objeto de um outro

projeto. Um antigo problemado espaço, a violência, tam-bém vai receber atenção. Se-gundo o assessor-chefe daSMA,AdalbertoBulhões,aCo-opa e o Distrito Integrado deSegurança Pública (Disep)vão atuar na área.

Longa esperaO espaço de 74 hectares, quejá abrigou momentos da his-tóriadaBahia,comoaBatalhade Pirajá, foi transformadoem Parque São Bartolomeuem 1978. Boa parte dos seus 34

anos foi marcada por esforçosdos movimentos sociais, ne-gro e ambientalista pela suarevitalização.

O projeto do parque foi fru-to de mais de um ano de dis-cussões entre representantesdo governo estadual, da pre-feitura e de entidades do su-búrbio. A prefeitura e o go-verno estadual assinaram, hádois meses, um convênio decooperação que prevê o ge-renciamento compartilhadodo espaço por um período ini-cial de cinco anos.