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Usabilidade dos
sites de instituições
públicas
Qual o tempo médio de
um utilizador com
deficiência, de aceder a
um serviço público
através da web?
Equipa G_I427
21 de Outubro de 2010
2
Projecto FEUP Relatório
Usabilidade dos sites de instituições públicas
Qual o tempo médio de um utilizador com deficiência, de aceder a um serviço público através da web?
Relatório realizado no âmbito da unidade curricular
Projecto FEUP, do 1º semestre do 1º ano do Mestrado
Integrado em Engenharia Informática e Computação e
Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão
- Diogo Pinto | 100509098@fe.up.pt
- Eduardo Fernandes | 100509077@fe.up.pt
- Fernando Oliveira | 1005090116@fe.up.pt
- Joana Oliveira | 100507034@fe.up.pt
- Nuno Vasconcelos | 100507036@fe.up.pt
- Pedro Pinhao | 100507029@fe.up.pt
- Rui Couto | 100509072@fe.up.pt
Coordenador: Prof. António Coelho
Supervisor: Prof. António Pereira
Monitor: João Pedro Correia
21 de Outubro de 2010
3
Resumo Pretende-se determinar e apresentar o tempo médio que um utilizador portador
de deficiência física necessita para aceder a um serviço público através da Web. Para
tal, recorreu-se à concretização e estudo de simulações, com vista a reconhecer mais
facilmente os aspectos positivos e negativos.
Os testes realizados consistiram na aplicação, nos diferentes sítios públicos, de
“limitações físicas” que perturbassem a normal utilização dos seus conteúdos online.
São exemplos de simulações efectuadas o acesso a uma página utilizando apenas
o rato ou teclado, ou ainda a visualização de um documento com ampliação de 400%,
situações que podem conduzir a uma navegação mais demorada, embora tais
dificuldades não impossibilitem o acesso às funcionalidades do mesmo. Um processo
que é rápido e prático em condições normais, pode demorar muito mais tempo se a
acessibilidade do website não estiver optimizada.
A realização deste estudo permitiu apurar diferenças nos tempos de acesso de
um utilizador com deficiência em relação a um utilizador “comum”; averiguar
dificuldades com que os portadores de deficiência se deparam na utilização de um sítio
público e, por outro lado, identificar alguns mecanismos, aplicações e técnicas
demonstradas por estes mesmos sites que facilitam a sua acessibilidade.
4
Lista de abreviaturas Web – “World Wide Web” ou “Rede de Alcance Mundial”;
WAI – “Web Accessibility Initiative” ou “Iniciativa da Acessibilidade da Internet”;
W3C – “World Wide Web Consortium” ou “Consórcio da Rede de Alcance
Mundial” (consórcio formado por instituições comerciais e educacionais, com o
objectivo de definir padrões para as respectivas áreas relacionadas com a “World
Wide Web”);
WCAG 1.0 – Web Content Accessibility Guidelines 1.0;
FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
5
Agradecimentos A equipa agradece toda a formação recebida pelos palestrantes durante a
semana de recepção, nomeadamente, ao Prof. José M. Martins Ferreira, à Dra. Ana
Azevedo, e também ao Coordenador do projecto, Prof. António Coelho, ao Supervisor,
Prof. António Pereira e ao Monitor, aluno João Pedro Correia pelo apoio prestado ao
longo do projecto.
6
Índice
RESUMO .................................................................................................................. 3
LISTA DE ABREVIATURAS .......................................................................................... 4
AGRADECIMENTOS ................................................................................................... 5
ÍNDICE ...................................................................................................................... 6
LISTA DE IMAGENS ................................................................................................... 7
LISTA DE TABELAS ..................................................................................................... 8
LISTA DE GRÁFICOS .................................................................................................. 9
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 10
PROBLEMA ............................................................................................................. 11
TEORIA E TÉCNICA .................................................................................................. 12
MÉTODOS E MATERIAIS .......................................................................................... 16
O SÍTIO DA FEUP (INCLUI O MOODLE) ................................................................................ 16 O SÍTIO DAS FINANÇAS ..................................................................................................... 17 O SÍTIO DA SEGURANÇA SOCIAL ......................................................................................... 18
RESULTADOS .......................................................................................................... 21
SITUAÇÃO NORMAL (SEM LIMITAÇÃO) ................................................................................. 21 SITUAÇÃO LIMITADA – AMPLIAÇÃO A 400% ........................................................................ 21 SITUAÇÃO LIMITADA – USO DO RATO .................................................................................. 23 SITUAÇÃO LIMITADA – USO DO TECLADO ............................................................................. 24
CONCLUSÕES .......................................................................................................... 29
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 36
7
Lista de imagens Imagem 1 - Página da FEUP - Passo final da actividade proposta…………………………..…………………
Imagem 2 - Página do Moodle - Passo final da actividade proposta………………………………….……….
Imagem 3 - Página das Finanças - Passo final da actividade proposta……………………………….…….…
Imagem 4 - Página da Segurança Social - Passo final da actividade proposta……………………….………
Imagem 5 - Página da Segurança Social – Visualização do problema relativo à ajuda contextual….….
Imagem 6 - Página da Segurança Social – Visualização da acessibilidade do recurso……………….….…
Imagem 7 - Página das Finanças – Visualização da extensa e confusa lista de itens………………….…..
Imagem 8 - Página da FEUP – Visualização da extensão da informação e da fraca legibilidade dos
itens………………………………………………………………………………………………………………………….…
Imagem 9 - Página da FEUP – Visualização do mapa da FEUP…………………………………………..…….
Imagem 10 - Página da FEUP – Visualização da ajuda contextual do sítio FEUP…………………..…..….
Imagem 11 - Página das Finanças – Visualização da colocação do logo WAI……………………………...
Imagem 12 - Página da Segurança Social – Visualização da colocação do logo WAI........................
18
29
16
30
31
32
32
33
34
34
17
17
8
Lista de tabelas Tabela 1 - Situação normal………………………………………………………………………………..….……
Tabela 2 - Situação limitada (ampliação a 400%).………………………………………………..…….
Tabela 3 - Média e desvio-padrão dos dados da Tabela 2…………………………………………..
Tabela 4 - Situação limitada (uso do rato).………………………………………………………….………
Tabela 5 - Média e desvio-padrão dos dados da Tabela 4…………………………………………..
Tabela 6 - Situação limitada (uso do teclado)……………………………………………………………..
Tabela 7 - Média e desvio-padrão dos dados da Tabela 6…………………………………………..
21
22
21
23
23
24
25
9
Lista de gráficos
Gráfico 1 - Comparação gráfica entre os tempos de acesso normais e os tempos de acesso com a
limitação (ampliação)…………………………………………………………………………………….………………22
Gráfico 2 - Comparação gráfica entre os tempos de acesso normais e os tempos de acesso com a
limitação (uso do rato)……………………………………………………………………………………….………….24
Gráfico 3 - Comparação gráfica entre os tempos de acesso normais e os tempos de acesso com a
limitação (uso do teclado)………………………………………………………………………………………..…….25
Gráfico 4 - Gráfico final, reunindo todos os resultados mais significativos……………………………….26
10
Introdução
A concepção de um website é um trabalho complexo, que requer extrema
atenção não só ao seu conteúdo, mas essencialmente à forma como este é
apresentado ao utilizador. Os problemas de acessibilidade inerentes à criação de um
sítio na Web levantam-se, entre outros, quando são considerados utilizadores que
operam e navegam com realidades díspares à do denominado “utilizador comum”,
nomeadamente, os utilizadores:
Portadores de problemas auditivos, visuais e motores, ou mesmo carências
psico-cognitivas;
Com incapacidade para utilizar dispositivos de input comuns, como, por
exemplo, o rato e/ou o teclado;
Com desconhecimento ou baixo nível de entendimento sobre a
língua/linguagem em que o site/documento está escrito.
Os criadores de uma página ou documento Web são “forçados”, portanto, a
considerar todas estas situações durante o desenvolvimento do projecto. Na maioria
das ocasiões, e embora os pontos a ter em atenção sejam inúmeros (alguns dos quais
listados acima), pequenas alterações a nível da facilidade de acesso permitem,
normalmente, satisfazer as carências de vários conjuntos.
Assim, torna-se um foco principal do nosso trabalho identificar quais as
pequenas alterações a ser incluídas nos websites, que muito simplificam a navegação
de pessoas portadoras de limitações físicas ou psico-cognitivas.
Durante o trabalho apresentam-se, para os websites em estudo:
- as restruturações relativamente simples que podem ser feitas;
- as críticas às características que prejudicam bastante a navegação.
11
Problema
São várias as dificuldades com as quais um utilizador com deficiência se depara
quando navega na Web, podendo muitas ser resolvidas com soluções simples.
No trabalho, pretendemos verificar até que ponto os sites de algumas
instituições públicas estão adaptados para pessoas incapacitadas, tentado identificar
potencialidades e oportunidades de resolução das mesmas. O problema é que, além
dessas limitações mais aparentes, existem outras barreiras que não são assim tão
óbvias e, por isso, não foram detectadas/incluídas neste estudo.
Como realçou o criador da “World Wide Web”:
“The power of the Web is in its universality. Access by everyone regardless of disability
is an essential aspect.”
Tim Berners-Lee, W3C Director and inventor of the World Wide Web
A Web deve ser um local acessível a todos. A sua acessibilidade por todas as
pessoas, apesar das suas deficiências, é um aspecto essencial.
Nenhum dos elementos do grupo tem deficiências, logo as simulações são mais
complicadas de ser feitas, já que os tempos obtidos não são tempos completamente
reais e imparciais. É um dos nossos objectivos, a resolução deste obstáculo, pela
imitação e simulação extrema das limitações das pessoas incapacitadas. Desde modo,
foram escolhidas, para as simulações de acesso, a utilização de apenas o rato ou
apenas o teclado e ainda a ampliação da página com zoom a 400% (quatro vezes).
12
Teoria e técnica
O crescente ritmo de divulgação da informação tornou imperativo a adaptação
dos sítios Web a necessidades especiais.
Os programadores de sítios Web têm de adaptar os seus projectos, para que
estes possam dar resposta a indivíduos com realidades muito diferentes e que estão
no mesmo direito de aceder à Web com a eficácia equivalente a todas as outras
pessoas sem limitações.
Existe um conjunto de regras definidas pela WAI (Web Accessibility Initiative –
Iniciativa da Acessibilidade da Internet) promovida pelo W3C (World Wide Web
Consortium) que definem as características de um sítio para ter o carimbo WAI,
autodenominando-se como acessível para pessoas com limitações, por obedecer a um
conjunto de normas específicas. Este conjunto de regras são as “Directivas para a
acessibilidade do conteúdo da Web - 1.0” (Web Content Accessibility Guidelines 1.0
2010 [1]). Estas normas centram-se na questão de acessibilidade e apresentam
possíveis alternativas que podem solucionar problemas para pessoas limitadas.
As normas pretendem transformar gradualmente os sítios inacessíveis em sítios
acessíveis tornando o conteúdo incompreensível para uns, compreensível para todos.
Directiva 1 – Fornecer alternativas ao conteúdo sonoro e visual.
Encontrar conteúdos que possam substituir os recursos sonoros e visuais, sem
que eles percam o seu efeito e mensagem. É importante arranjar, por exemplo,
conteúdos textuais que substituam imagens e possam ser interpretados por
sintetizadores de voz e tradutores para braille. Não obstante, o conteúdo visual e
sonoro deve ainda existir para pessoas que tenham o entrave de não conseguir obter a
informação textual.
Directiva 2 – Não recorrer apenas à cor.
Certificar-se de que os elementos ficam legíveis quando vistos sem cor. A cor não
pode ser utilizada como forma exclusiva de transmitir conteúdo, já que impossibilita a
obtenção de informação por parte de pessoas que não as consigam distinguir. Além
13
disso utilizar cores incorrectamente, por exemplo, cor de fundo e de primeiro plano
pouco contrastantes, dificulta a visualização de conteúdos.
Directiva 3 – Utilizar correctamente anotações e folhas de estilo.
Os documentos devem ser constituídos por elementos estruturais adequados. A
apresentação deve ser feita através de folhas de estilo (e não com elementos de
apresentação e atributos).
A utilização incorrecta dos elementos estruturais dificulta a acessibilidade.
Directiva 4 – Utilizar anotações que facilitem a pronúncia e a interpretação de
abreviaturas ou texto em língua estrangeira.
Devem ser utilizadas anotações que permitam a sistemas automatizados de
sintetização de voz adaptar-se e fazer a correcta pronúncia da língua. Devem haver
anotações relativas às abreviações, para que estas possam ser lidas por extenso.
Directiva 5 – Assegurar que as tabelas têm as anotações necessárias para poderem
ser transformadas harmoniosamente por navegadores acessíveis e outros agentes do
utilizador.
Directiva 6 – Assegurar que as páginas dotadas de novas tecnologias sejam
transformadas harmoniosamente.
Esta directiva consiste na manutenção da acessibilidade dos sítios online, mesmo
quando as tecnologias mais recentes (implementadas pelos programadores para dar
solução a outros problemas) não são suportadas ou foram desactivadas.
Directiva 7 – Assegurar o controlo do utilizador sobre as alterações temporais do
conteúdo.
Neste ponto encoraja-se à criação de mecanismos que possam parar/pausar o
movimento, intermitência, desfile ou actualização automática de objectos ou páginas.
A falta destes mecanismos pode implicar um aumento da dificuldade de acesso aos
recursos, já que os utilizadores podem não possuir uma fluidez de movimentos que
lhes permita interagir com as animações.
14
Directiva 8 – Assegurar a acessibilidade directa de interfaces do utilizador
integradas.
Facilitar a navegação por parte de utilizadores que usem métodos menos
convencionais de navegação. Por exemplo, utilização de apenas o teclado, apenas o
rato ou então a verbalização do(s) texto(s) seleccionados.
Directiva 9 – Pautar a concepção pela independência face a dispositivos.
Permitir a activação de elementos da página através de métodos menos
convencionais de input de dados. O utilizador deve poder utilizar o rato, o teclado ou
até mesmo, a voz, para controlar os recursos da página que visita.
Directiva 10 – Utilizar soluções de transição.
A retro compatibilidade para com navegadores ou sistemas de apoio mais
antigos deve ser garantida.
Directiva 11 – Utilizar as tecnologias e directivas do W3C, já que as soluções do
W3C possuem funções de acessibilidade “integrada”, além disso as especificações W3C
fazem parte das fases iniciais de projectos, para garantir que a acessibilidade é levada
a sério no desenvolvimento e, por fim, as especificações W3C são discutidas
abertamente no panorama informático. Por exemplo, formatos em .pdf ou Shockwave,
exigem suplementos que impedem a visualização de conteúdos por parte de métodos
incomuns de acesso. Se a informação estiver disponível em HTML ou CSS, de acordo
com as directivas W3C, será muito mais fácil a divulgação dos dados para os
utilizadores limitados.
Directiva 12 – Fornecer contexto e orientações.
Complementar as páginas Web com dados que contenham orientações e
explicação de contextos para que os utilizadores compreendam as páginas na sua
totalidade.
Directiva 13 – Fornecer mecanismos de navegação claros.
Os mecanismos de navegação são essenciais para um sítio que pretenda manter
um nível de organização aceitável. Passando muito mais além da acessibilidade, um
sítio tem de ser facilmente navegável, intuitivo. Tal consegue-se pela utilização de
recursos, como, por exemplo, mapa do sítio.
Directiva 14 – Assegurar a clareza e simplicidade dos documentos.
15
Pensar e transmitir com clareza as ideias. Utilizar linguagem acessível, gráficos
fáceis de compreender e utilização de paginação para assegurar a clareza do
documento.
De notar que: “Estas directivas não visam de modo algum restringir a utilização
de imagem, vídeo, etc., por parte dos produtores de conteúdo; antes explicam como
tornar o conteúdo de multimédia mais acessível a um público mais vasto.” [1].
16
Métodos e materiais
A investigação proposta na actividade teve como material principal o
computador e a internet, como meios de investigação e simulação das limitações.
Apresentam-se e justificam-se os sítios públicos-alvo de estudo:
O sítio da FEUP (inclui o Moodle)
O site da FEUP foi escolhido por ser o site de uso diário, pelos alunos da
Faculdade de Engenharia, sendo um sítio de uma instituição pública, é passível de
estudo.
Imagem 1. Página da FEUP - Passo final da actividade proposta: Consulta do Horário.
Escolheu-se o Moodle porque como plataforma de aprendizagem que é, deve
estar disponível a qualquer pessoa, com ou sem deficiência, senão será mais difícil a
umas pessoas do que a outras aprender na faculdade.
17
Imagem 2. Página do Moodle - Passo final da actividade proposta: Leitura de um recurso no Moodle.
O sítio das Finanças
O site das Finanças foi escolhido porque cada cidadão português tem que
executar acções dentro do mesmo, e sendo este um público muito vasto, pessoas com
dificuldades motoras ou sensoriais também se apresentam em grande número.
Imagem 3. Página das Finanças - Passo final da actividade proposta: Consulta de património (veículos e prédios). Apresenta-se o grafismo principal da página das Finanças.
18
O sítio da Segurança Social
Outra selecção foi a Segurança Social, mais propriamente a “Condição de
recursos”, acção obrigatória desde 2010, que apenas pode ser executada online. Sendo
obrigatória, a má construção site podia dificultar a vida de muitas pessoas, já que
quaisquer prestações da Segurança Social seriam suspensas. Tendo em conta que
muitos utilizadores com limitações recebem subsídios devido a essas mesmas
características incapacitantes, um site pouco acessível acarretaria muitos problemas.
Imagem 4. Página da Segurança Social - Passo final da actividade proposta: Preenchimento da Condição de Recursos. Apresenta-se o grafismo principal da página da Segurança Social.
De notar, que cada sítio fez parte, por si só, de uma simulação isolada, não tendo
ocorrido o somatório de tempos com mais nenhuma actividade, à excepção, do acesso
à página da FEUP e ao Moodle que decorreu numa só simulação.
19
Ao total, foram efectuadas sete simulações para cada serviço/sítio, em cada
limitação.
Assim, por cada limitação, fizeram-se 21 simulações. E, no total, fizeram-se 64
simulações, dado que foi feita uma simulação-padrão, para simular o tempo de acesso
de um utilizador normal (sem limitações). Apenas foi feita uma simulação, pelo facto
deste ponto servir como forma de realçar os resultados do nosso trabalho, mas não
fazer parte significativa do mesmo.
Para tornar as simulações mais reais, houve a leitura de todos os textos
associados à actividade em execução, o que aconteceria numa situação real. Além
disso, no caso de preenchimento de formulários e no caso de leitura de textos, foram
todos preenchidos e lidos de igual forma, no decorrer de todas as simulações
pretendidas.
No sítio da Segurança Social, no serviço de preenchimento da “Condição de
Recursos”, leu-se também a ajuda contextual, disponível, referente aos vários itens a
ser preenchidos.
No sítio das Finanças, também tentamos ler toda a ajuda contextual que estava
disponível, sendo esta muito escassa e de difícil acesso.
No sítio da FEUP e Moodle, acedemos à ajuda contextual sempre que possível.
De notar que o sítio Moodle não dispunha de uma grande quantidade de ajuda
contextual.
Utilizámos as ferramentas de acessibilidade do sistema operativo,
nomeadamente, do Windows, e utilizámos o rato e o teclado de uma forma isolada,
em diferentes simulações.
A utilização das ferramentas de acessibilidade do Windows passou pelo uso da
lupa e do teclado no ecrã.
A lupa serviu para activar a amplificação a 400%, durante toda actividade e não
havia limitações a nível de utilização do teclado e do rato.
Assim, com a lupa a ser utilizada, em ecrã inteiro, iniciámos a navegação pelos
sítios propostos.
Sempre que exigido o ecrã foi deslocado para permitir a leitura de todo o texto.
20
A utilização de apenas o rato envolveu uma ferramenta de acessibilidade
presente no Windows, o teclado no ecrã. Sem esta, devido à falta de teclados virtuais
nos sítios-teste, seria impossível concluir as simulações.
Com esta simulação, acedeu-se aos websites utilizando apenas o rato e o teclado
no ecrã, que por sua vez, era utilizado apenas pelo rato, o que valida a sua utilização.
Novamente cada simulação foi levada até ao fim, lendo todos os textos e
seguindo os mesmos passos que foram tomados na execução das simulações
anteriores.
Por fim, a utilização de apenas o teclado, não exigiu acesso a nenhum recurso
particular do Windows.
21
Resultados
Situação normal (sem limitação)
Situação limitada – ampliação a 400%
Actividade Simulação
1
Simulação
2
Simulação
3
Simulação
4
Simulação
5
Simulação
6
Simulação
7
Segurança Social - Condição de
Recursos
12min:43s
13min:12s
13min:18s
12min:07s
14min:08s
14min:01s
13min:27s
Finanças - Consultar prédios
e automóveis
06min:47s
07min:11s
07min:05s
07min:01s
07min:24s
07min:27s
07min:13s
FEUP - Consultar horário e aceder
ao Moodle
12min:14s
13min:17s
13min:08s
13min:22s
13min:03s
12min:30s
12min:46s
Actividade Tempo
Segurança Social - Condição de Recursos
06min:40s
Finanças - Consultar prédios e automóveis
04min:05s
FEUP - Consultar horário e aceder ao Moodle
08min:30s
Tabela 2. Situação limitada (ampliação a 400%).
Tabela 1. Situação normal.
22
Tabela 3. Média e desvio-padrão dos dados da Tabela 2.
Gráfico 2. Comparação gráfica entre os tempos de acesso normais e os tempos de acesso com a
limitação (ampliação).
Actividade Média Desvio - padrão
Segurança Social - Condição de Recursos
13min:17s
4,89E-04
Finanças - Consultar prédios e automóveis
07min:10s
1,59E-04
FEUP - Consultar horário e aceder ao Moodle
12min:54s
2,92E-04
06:40 04:05 08:3013:17 07:10 12:5400:00:00
00:01:26
00:02:53
00:04:19
00:05:46
00:07:12
00:08:38
00:10:05
00:11:31
00:12:58
00:14:24Zoom 4x
Tempos Normais
Média
FEUP e MoodleFinanças Segurança Social Finanças
23
Situação limitada – uso do rato
Actividade Simulação
1
Simulação
2
Simulação
3
Simulação
4
Simulação
5
Simulação
6
Simulação
7
Segurança Social - Condição de Recursos
07min:50s
06min:58s
07min:20s
07min:50s
07min:35s
08min:57s
07min:24s
Finanças - Consultar prédios e automóveis em nome da pessoa
04min:03s
03min:47s
04min:05s
04min:36s
05min:44s
05min:05s
05min:40s
FEUP - Consultar horário e aceder ao Moodle
08min:40s
08min:50s
09min:36s
08min:41s
09min:25s
08min:59s
08min:51s
Tabela 4. Situação limitada (uso do rato).
Tabela 5. Média e desvio-padrão dos dados da Tabela 4.
Actividade Média Desvio - padrão
Segurança Social - Condição de Recursos
07min:42s
4,37E-04
Finanças - Consultar prédios e automóveis
04min:43s
5,53E-04
FEUP - Consultar horário e aceder ao Moodle
09min:00s
2,53E-04
24
Gráfico 2. Comparação gráfica entre os tempos de acesso normais e os tempos de acesso com a
limitação (uso do rato).
Situação limitada – uso do teclado
Actividade Simulação
1
Simulação
2
Simulação
3
Simulação
4
Simulação
5
Simulação
6
Simulação
7
Segurança Social - Condição de Recursos
08min:42s
10min:02s
10min:40s
10min:27s
10min:50s
11min:45s
10min:50s
Finanças - Consultar prédios e automóveis
07min:40s
06min:30s
06min:27s
06min:14s
05min:23s
06min:45s
07min:20s
FEUP - Consultar horário e aceder ao Moodle
09min:37s
09min:48s
09min:20s
09min:05s
09min:40s
08min:57s
08min:40s
06:40 04:05 08:3007:42 04:43 09:0000:00:00
00:01:26
00:02:53
00:04:19
00:05:46
00:07:12
00:08:38
00:10:05Utilizando o rato
Tempos Normais
Média
FEUP e MoodleFinanças Segurança Social
Tabela 6. Situação limitada (uso do teclado).
25
Tabela 7. Média e desvio-padrão dos dados da Tabela 6.
Gráfico 3. Comparação gráfica entre os tempos de acesso normais e os tempos de acesso com a
limitação (uso do teclado).
Actividade Média Desvio - padrão
Segurança Social - Condição de Recursos
10min:28s
6,51E-04
Finanças - Consultar prédios e automóveis
06min:37s
5,18E-04
FEUP - Consultar horário e aceder ao Moodle
09min:18s
2,91E-04
06:40 04:05 08:3010:28 06:37 09:1800:00:00
00:01:26
00:02:53
00:04:19
00:05:46
00:07:12
00:08:38
00:10:05
00:11:31
Utilizando o teclado
Tempos Normais
Média
Segurança Social Finanças FEUP e Moodle
26
Gráfico 4. Gráfico final, reunindo todos os resultados mais significativos.
13:17 07:10 12:5407:42 04:43 09:0010:28 06:37 09:1806:40 04:05 08:3000:00:00
00:01:26
00:02:53
00:04:19
00:05:46
00:07:12
00:08:38
00:10:05
00:11:31
00:12:58
00:14:24
Gráfico comparativo
Zoom
Rato
Teclado
Tempo normal
Segurança Social Finanças FEUP e Moodle
27
Discussão
Na tabela 1 temos a simulação de acesso de uma pessoa sem qualquer limitação.
Assim, uma pessoa sem limitações, ao aceder ao sítio da Segurança Social, e
preenchendo a Condição de Recursos, demorou cerca de 6 minutos e 40 segundos. Já
o acesso ao sítio das Finanças, para consultar as posses prediais e de veículos,
demorou cerca de 4 minutos e 5 segundos. Por fim, a consulta do horário pelo website
da FEUP e o acesso a um recurso de uma disciplina no Moodle, demorou cerca de 8
minutos e 30 segundos.
Já na tabela 2, temos a simulação com a limitação de zoom. A média dos tempos
de realização para o sítio da Segurança Social foi de 13 minutos e 17 segundos.
Este valor representa um aumento de quase 100%, no tempo necessário para
fazer a mesma actividade. Por outro lado, o sítio das finanças exigiu, com a ampliação,
em média 7 minutos e 10, o que representa um aumento de 76%, face ao tempo que
demoraria a um utilizador normal.
Por fim, usando a lupa, o acesso ao sítio da FEUP e ao Moodle demorou 12
minutos e 54 segundos. Em contraste, a limitação implica um aumento de 52% no
tempo despendido para a actividade.
Por outro lado, utilizando apenas o rato, no sítio da segurança social, em
média, demorou-se 7 minutos e 42 segundos, um aumento de 16% no tempo
necessário para a actividade. No sítio das finanças observa-se um aumento do tempo
necessário também de 16%, já que demorou, em média, com a limitação, 4 minutos e
43 segundos. Por último, o acesso ao sítio da FEUP e ao Moodle da FEUP demorou 9
minutos, o que representa um aumento de 6% face à utilização normal.
Com a limitação de utilização do teclado o sítio da Segurança Social demorou
cerca de 10 minutos e 28 segundos (em média), o que é sinónimo de um aumento na
ordem dos 57%, face a utilização normal do sítio.
Já no sítio das Finanças demorou, em média, 6 minutos e 37 segundos. Este
tempo representa um aumento de 62%.
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Na última actividade, acesso à FEUP e Moodle, despendeu-se 9 minutos e 18
segundos, o que representa um aumento na ordem dos 9% no tempo necessário para
uma pessoa com limitações.
O desvio padrão representa a diferença entre o deficiente com mais dificuldade
ou menos dificuldade e um deficiente considerado normal (encaixa-se na média). Esta
diferença de tempos pretende simular o tempo entre pessoas com dificuldades
motoras/sensoriais. Quanto maior for o desvio-padrão maior foi a imprecisão entre as
simulações feitas, sendo por isso possível presumir que a usabilidade dos sites
estudados pode variar de forma diferente de pessoa para pessoa.
Os intervenientes das simulações tentaram ao máximo reproduzir as limitações
apresentadas. No entanto, nenhum elemento do grupo tinha de facto uma limitação o
que torna impossível viver, realmente, os problemas que muitos internautas possuem.
Quanto aos resultados em si, podemos discuti-los: a maior discrepância de tempos, ou
seja, a actividade que demora mais tempo a uma pessoa com limitações a executar é a
“Condição de Recursos” da Segurança Social. De seguida o sítio das Finanças é o que
demora mais tempo e, por último, o sítio da FEUP e do Moodle. Apesar destes
resultados, não há garantias de que os sítios onde as discrepâncias são menores estão
melhor adaptados.
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Conclusões
Num primeiro ponto podemos concluir que nenhum dos sítios em estudo estava
completamente adaptado a necessidades especiais.
Existe um problema em comum com todos os sítios que é não fornecem um
teclado virtual. Crê-se, no entanto, que a razão pela qual existe este problema se
baseia no excesso de dependência dos programadores e empresas nos sistemas
operativos existentes no mercado, já que se pensa que grande parte dos sistemas já
possuem ferramentas de acessibilidade, o que, pode, realmente, não ser verdade.
Este recurso simples pode inibir o acesso de uma pessoa a um sítio Web. O único
motivo pelo qual foi possível realizar as simulações foi graças aos recursos do sistema
operativo, que possuía teclado virtual. Não obstante o objectivo era a análise dos sítios
web e não do sistema operativo em si, daí apontamos este recurso como uma falha
dos sítios analisados.
Nestes casos, torna-se realmente difícil usufruir dos recursos sem uma
ferramenta de “input” de dados.
Por outro lado, e de uma forma mais específica, o sítio da segurança social, tinha
boa ajuda contextual. Detalhada e de fácil acesso, no entanto, um pouco intrusiva, no
ponto em que abre uma nova janela/aba, o que não é prático para pessoas que usem
apenas o teclado (v. Imagem 5).
Imagem 5. Página da Segurança Social – Visualização do problema relativo à ajuda contextual. Pode-se ver a nova janela que é aberta, o que pode não ser acessível.
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Além disso, o site é construído com cores contrastantes de boa visibilidade, com
animações que são, facilmente, pausadas tornando-se mais acessíveis. A navegação foi
clara e simples, estando a opção pretendida logo na página inicial (v. Imagem 6).
Quanto ao sítio das Finanças temos a apontar o factor da ajuda contextual que,
apesar de existente, não está distribuída e acessível da melhor forma, já que um
utilizador não pode obter ajuda num processo específico, tendo antes ao seu dispor
uma lista enorme de opções por onde escolher, o que, na nossa opinião se revela mais
confuso (v. Imagem 7).
Imagem 6. Página da Segurança Social – Visualização da acessibilidade do recurso pretendido.
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Em nota positiva, podemos realçar que o sítio das Finanças tem poucos menus, e
uma organização simples. Não utiliza recursos (animações, por exemplo) que não
possam ser interpretados de formas menos convencionais e utiliza uma linguagem
acessível para todos. Não possuí texto extensivo, remetendo-se apenas para o
essencial podendo desdobrar-se em informações mais detalhadas caso o utilizador o
exija.
Já o sítio da FEUP peca por ter uma página inicial com muitos menus e opções e
por ter muita informação menos visível ou em letras mais pequenas (v. Imagem 8).
Imagem 7. Página das Finanças – Visualização da extensa e confusa lista de itens.
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Além disso, o mapa, com muitas hiperligações é um entrave a quem usa o sítio
da FEUP com o teclado. O avanço é feito lentamente, passando por cada um dos
blocos individualmente (usando a tecla “tab” do teclado), quando, na verdade o mapa
deveria ser seleccionado como um todo (v. Imagem 9).
- Muita informação;
- Pouco acessível;
- Pouco visível
Imagem 8. Página da FEUP – Visualização da extensão da informação e da fraca legibilidade dos itens.
Imagem 9. Página da FEUP – Visualização do mapa da FEUP. Antes de se poder prosseguir para além da zona do mapa, usando a tecla “tab” do teclado, é necessário passar por todos os blocos constituintes da FEUP em vez de avançar todo o mapa como um todo.
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No entanto, o sítio da FEUP apresenta uma ajuda contextual muito prática, já
que existe em quase todas as áreas do sítio e não abre novas abas ou janelas, além de
que prima por pequenas e claras descrições (v. Imagem 10).
O Moodle da FEUP apresenta uma interface mais limpa e uma navegação mais
simples. No entanto, peca por não possuir ajuda contextual alguma (v. Imagem 2).
De notar que tanto o sítio da Segurança Social como o das Finanças possuem o
logo WAI (Web Accessibility initiative), ou seja, possuem as normas definidas para um
sítio dito “acessível” (v. Imagem 11 e 12).
Imagem 10. Página da FEUP – Visualização da ajuda contextual do sítio FEUP. Informação clara e simples.
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Imagem 11. Página das Finanças – Visualização da colocação do logo WAI.
Imagem 12. Página das Finanças – Visualização da colocação do logo WAI.
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Nem o Moodle nem o próprio sítio da FEUP possuem esta credenciação, sendo
por isso o próximo patamar a atingir para a FEUP.
É realmente necessária a promoção da acessibilidade dos sítios Web. Existem
muitas realidades diferentes daquela a que estamos habituados, mas a informação e
oportunidades devem estar disponíveis para todos.
A Internet, mais que tudo, é sinónimo de partilha, união e divulgação de
conteúdos, sem limites, e para todos.
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