View
19.011
Download
2
Category
Preview:
Citation preview
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E EXATAS
CAMPUS VI – PINTO DE MONTEIRO
CURSO DE LETRAS - NOTURNO
DISCIPLINA: Leitura e Elaboração de Textos I
COMPONENTES: Andrêssa Maiara Torres Targino
Manuela Alves Silva
Maria Conceição Ferreira Torres
Maria Lucineide
MONTEIRO – PB, 28 DE MAIO DE 2012.
ROTEIRO DA APRESENTAÇÃO
Introdução
Oralidade e letramento como práticas sociais
Presença da oralidade e da escrita na sociedade
Oralidade versus letramento ou fala versus escrita?
A perspectiva das dicotomias
A análise de gêneros textuais na relação fala e escrita
Domínios discursivos e gêneros textuais na oralidade e na escrita
Distribuição dos gêneros no continuum da relação fala –escrita
Conclusão
Referências
INTRODUÇÃO
“A língua é uma atividade sociointerativa, histórica e cognitiva”(MARCUSCHI,2004)
“ Falar ou escrever bem não é ser capaz de adequar-se às regras da língua, mas produzir um efeito de sentido
pretendido numa dada situação”.(MARCUSCHI,2004)
não se trata de saber como se chega a um texto idealpelo emprego de formas, mas como se chega a um discurso significativo pelo uso adequado às práticas e à situação a que se destina.
Oralidade e letramento como práticas sociais
Oralidade e letramento são atividades interativas e
complementares no contexto das práticas sociais e culturais.
Portanto é impossível observar as semelhanças e diferenças
entre fala e escrita sem considerar a distribuição de seus
usos na vida cotidiana.
O letramento , enquanto prática social formalmente ligada ao
uso da escrita, tornou-se indispensável, elevando-se a um
status mais alto, chegando a simbolizar educação,
desenvolvimento e poder. Contudo se observarmos a
realidade humana, seria possível definir “ o homem como
um ser que fala e não como um ser que
escreve”.(MARCUSCHI,2004)
todos os povos têm ou tiveram uma tradição oral, mas poucos tiveram ou têm uma tradição escrita.
mesmo assim, a oralidade não é superior à escrita.
são práticas e usos da língua com características próprias(som-grafia).
A escrita não pode ser tida como uma representação da fala.
não consegue reproduzir muitos dos fenômenos da oralidade.
É preciso esclarecer a natureza das práticas sociais que envolvem o uso da língua(escrita e falada).
essas práticas estabelecem o lugar, o papel e o grau de relevância (usos e valores) da oralidade e do letramento numa sociedade, sendo ambos partes de um intermitente processo social e histórico.
como expressão oral a fala é apreendida em situações cotidianas e nas relações sociais: é uma forma de inserção sociocultural.
enquanto manifestação do letramento a escrita é adquirida na escola em situações formais, razão para a associação equivocada entre alfabetização e escolarização e explica a supervalorização como instrumento cultural
Presença da oralidade e da escrita na sociedade
A escrita é usada em contextos sociais básicos da vida cotidiana,
em paralelo direto com a oralidade. Estes contextos são entre
outros:
o trabalho
a escola
o dia-a-dia
a família
a vida burocrática
a atividade intelectual
Em cada um desses contextos, as ênfases e os objetivos do uso
da escrita são variados e diversos.
Diferenciação dos termos abordados no estudo:
Letramento: reflete a influência social da escrita; é um
processo de aprendizagem histórico-social do ler e do
escrever em situações informais e para fins úteis; distribui-se
em graus de domínio: do mínimo ao máximo.
Alfabetização independe da escola: é apenas uma das
atribuições/atividades da escola, mas é um aprendizado
dependente de ensino; representa a capacidade de ler e
escrever; compreende o domínio ativo e sistemático das
habilidades de ler e escrever; Pode ser útil ou preocupante
aos governantes (ideologia).
Escolarização é um processo que objetiva ensinar a escrever
e formar integralmente um indivíduo.
Oralidade versus letramento ou fala versus escrita?
Marcuschi distingue as relações entre língua falada e escrita
(processos/práticas sociais) e oralidade e letramento (formas
de usos)
Oralidade: é a comunicação no campo sonoro; prática social interativa para fins comunicativos
Letramento: abrange todas as práticas da escrita; pode ir desde uma apropriação mínima da escrita; o indivíduo que é analfabeto, mas letrado ; letrado é o indivíduo que participa de forma significativa de eventos de letramento e não apenas aquele que faz um uso formal da escrita.
Fala: produção textual-discursiva - usa sons articulados e significativos, aspectos prosódicos, recursos expressivos como a gestualidade, os movimentos do corpo e a mímica.
Escrita: produção textual-discursiva - constituição gráfica, embora envolva, também, recursos de ordem pictórica e outros. Usa tecnologia .Trata-se de uma modalidade de uso da língua complementar à fala.
Tendências no estudo das relações entre fala e escrita
aspectos formais, estruturais e semiológicos
“PERSPECTIVA DAS DICOTOMIAS”
“dicotomias estritas” - manuais escolares, gramáticas;sugere a separação entre forma e conteúdo, língua e uso:
considera a fala e a escrita como modalidades opostas;
no ensino da língua: privilegia o ensino de regras gramaticais, desprezando os fenômenos discursivos da linguagem.
Inconveniente: considerar a fala como o lugar do erro e do caos gramatical, tomando a escrita como o lugar da norma e do bom uso da língua.
Fala x Escrita
Contextualizada
Dependente
Implícita
Redundante
Não planejada
Imprecisa
Não-normatizada
Fragmentária
Descontextualizada
Autônoma
Explícita
Condensada
Planejada
Precisa
Normatizada
Completa
A análise de gêneros textuais
na relação fala e escrita
Os gêneros textuais ancoram na sociedade e nos costumes e
ao mesmo tempo são parte dessa sociedade e organizam os
costumes, podem variar de cultura para cultura.
Os gêneros são apreendidos no curso de nossas vidas como
membros de alguma comunidade.
Os gêneros são padrões comunicativos socialmente
utilizados, que funcionam como uma espécie de modelo
comunicativo global que representa um conhecimento social
localizado em situações concretas.
Sociedades tipicamente orais desenvolvem certos gêneros
que se perdem em outras tipicamente escritas e penetradas
pelo alto desenvolvimento tecnológico.
- Ex: cantos medicinais, benzeções das rezadeiras,
lamentos das carpideiras.
Tudo isso surge naquelas sociedades como práticas culturais
rotineiras, tal como editorial de um jornal diário ou uma bula
de remédio em nossas sociedades.
O gráfico a seguir representa as mesclagens dos gêneros na
relação fala - escrita, considerando-se as condições de
produção (concepção) e recepção oral e escrita (aspecto
medial, gráfico ou fônico).
• Em (A) – o domínio tipicamente
falado quanto ao meio e quanto à
concepção, que é a produção
original. Em (C), o domínio
escrito.Tanto (B) quanto (D)
seriam domínios mistos das
mesclagens de modalidades.
– Exemplos:
• (A) Conversação
espontânea;
• (C) Texto científico;
• (D) Noticiário de TV;
• (B) Entrevista publicada
na Veja
Meio (gráficos)
Concepção (oral)
Meio (sonoro)
Concepção (escrita)
Concepção = aponta para a natureza do meio em que o texto foi originalmente
expresso ou exteriorizado.
A
Domínios discursivos e gêneros textuais na oralidade e na
escrita
Domínio discursivo – uma esfera da vida social ou
institucional na qual se dão práticas que organizam formas
de comunicação e respectivas estratégias de compreensão.
Os domínios discursivos produzem modelos de ação
comunicativa que se estabilizam e se transmitem de geração
para geração com propósitos e efeitos definidos e claros.
Pelas distintas práticas sociais desenvolvidas nos
diversos domínios discursivos que sabemos que nosso
comportamento discursivo num circo não pode ser o
mesmo que numa igreja (por exemplo)
Os domínios discursivos operam como enquadres globais de
superordenação comunicativa, subordinando práticas
sociodiscursivas orais e escritas que resultam nos gêneros.
Há domínios discursivos mais produtivos em diversidade de
formas textuais e outros mais resistentes.
- Ver quadro p. 194 - 196
Parece que hoje há mais gêneros textuais na escrita do que
na fala, mas se a análise for feita em outras culturas,
possivelmente essa situação se inverteria totalmente.
Gêneros textuais por domínios discursivos e modalidades
Domínio discursivo: Instrucional
Escrita
Ex: curriculum vitae
Oralidade
Ex: debates
Domínio discursivo: Jornalístico
Escrita
Ex: reportagem
Oralidade
Ex: entrevista jornalística
Domínio discursivo: Religioso
Escrita
Ex: orações
Oralidade
Ex: sermões
Distribuição dos gêneros no continuum da relação fala-escritaNo círculo intermediário estão alguns gêneros intermodais, que são de difícil localização em uma
ou outra modalidade.
Conclusão
Falada ou escrita, a língua reproduz a organização da sociedade;
Não se deve determinar supremacia entre fala e escrita;
A passagem da fala para a escrita não é a passagem do caos para a ordem: é a passagem de uma ordem para outra;
Deve-se trabalhar com a oralidade e a escrita, não como forma dicotômicas, mas como um contínuo, pode ser um caminho para a superação do mito da supremacia social e cognitiva da escrita sobre a oralidade.
Com o contato permanente e intenso com textos falados e escritos, o aluno terá de onde retirar recursos para ser um bom usuário da língua.
Referências
MARCUSCHI, Luiz Antônio. "Produção textual, análise
de gêneros e compreensão". São Paulo: Cortez, 2008.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da fala para a escrita:
atividades de retextualização. São Paulo: Cortez, 2004.
Recommended