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X Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-graduação - SEPesq
Centro Universitário Ritter dos Reis
X Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-graduação
SEPesq – 20 a 24 de outubro de 2014
A aplicabilidade da semiótica como metodologia de projeto de sites responsivos.
Liana Haussen
Mestranda PPG em Design UniRitter Bacharel em Design de Moda
Bolsista Fapergs
César Steffen
Doutor em Comunicação Social UNIRITTER
Resumo: Sabe-se que o crescimento das tecnologias digitais trouxe para a vida cotidiana das pessoas, novas possibilidades de comunicar-se, informar-se e até mesmo divertir-se, fazer compras online, entre outros. Os sites contemporâneos, sendo eles destinados para os diferentes públicos e fins, estão cada vez mais pensados e desenvolvidos para uma melhor apresentação e interação com seus usuários, inclusive muitos estão sendo feitos para adaptar-se e ajustar-se aos diferentes tipos de dispositivos existentes no mercado, como tablets, smartphones, notebooks, desktops, etc. Pensando em todos estes aspectos e em um cenário onde os designers e as empresas estão cada vez mais preocupados com a evolução do mundo e da sociedade em que vivemos, este estudo propõe perceber a aplicabilidade da semiótica (que é uma teoria focada principalmente nos seres humanos), como metodologia de projeto de sites responsivos. Para tanto foi feita uma pesquisa bibliográfica sobre três temas principais que são: Design Responsivo, Teoria da Semiótica e Interação Humano-Computador (IHC) e foram relacionados buscando apresentar do ponto de vista de um designer, como este pode pensar e realizar o desenvolvimento de sites responsivos através da Semiótica.
1 Introdução
O constante crescimento das tecnologias digitais de informação e
comunicação, tem contribuído à avanços tão significativos como por exemplo:
comprar online através de um celular ou tablet, comunicar-se em tempo real com
pessoas localizadas em diferentes partes do mundo, buscar informações gerais,
como previsão do tempo, acompanhar um jogo de futebol, tudo em tempo real. E
devido a estes avanços, estudos, pesquisas e testes têm avançado
paralelamente com estes novos formatos e tecnologias, dando maior foco a
algumas teorias como a Interação Humano-computador (IHC), e criando novas
possibilidades de formatações para interface de sites, como design responsivo.
Devido a este crescimento, juntamente ao uso cotidiano da Internet feito
pelas pessoas em quase todos países do mundo, seja em casa, no trabalho, no
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celular, entre outros, aumenta a responsabilidade dos designers em desenvolver
produtos que atendam aos diferentes perfis de usuários e também aos diferentes
tipos de dispositivos. Os sites talvez sejam o melhor exemplo, e devem ter a
capacidade de adaptar-se aos diferentes tipos e tamanhos de desktops,
notebooks, smartphones, tablets, etc.
Tendo este contexto em foco, este estudo busca apresentar e
problematizar a aplicabilidade da semiótica como metodologia de projeto de sites
responsivos, sobre o ponto de vista de um designer. Por meio de uma pesquisa
bibliográfica, busca-se compreender de que forma a aplicação da semiótica pode
contribuir para a análise de sites responsivos no momento em que o designer
está estruturando e desenvolvendo sites.
Para tanto, este artigo está organizado em três partes, além desta
introdução. Na primeira será apresentada uma breve definição de design
responsivo, suas características, funções e operacionalidades. A segunda parte,
apresentará conceitos da Semiótica Peirceana, buscando relacionar através de
exemplos, como ela pode servir de metodologia para a construção de sites
responsivos. Por fim, explana a Interação Humano-Computador (IHC), como um
fechamento, onde haverá a interação do usuário com o produto multimída.
Para cumprir tais objetivos, este estudo se apóia principalmente na
pesquisa bibliográfica que, conforme (MARCONI E LAKATOS, 2010, p. 166),
refere-se a uma pesquisa de bibliografias que já foram tornadas públicas, sejam
através de livros, teses, artigos, vídeos, jornais, rádio, ou outras formas de
registro de informação e conhecimento. Para as autoras, a finalidade deste tipo
de pesquisa é que o pesquisador entre em contato com o que foi escrito, dito ou
filmado sobre determinado assunto escolhido.
Para este estudo, foram utilizados livros e artigos físicos e online, sobre os
três principais assuntos que foram abordados: Semiótica, IHC (Interação
Humano-Computador) e Design Responsivo. Os autores referenciados,
relacionam-se apenas sobre os três assunto e foram eles: GARCÍA (2003) e
PRATES & BARBOSA (2007), MARCONI E LAKATOS (2010), NICOLAU (2010),
NETTO (2003), NOTH (2009), SANTAELLA (1999 E 2012) e SILVA (2014).
A escolha destes autores e suas obras, foi feita a partir de critérios
ponderados pela autora deste estudo no momento das leituras e da pesquisa
bibliográfica, pois considerou que todos além de esclarecer aos assuntos
abordados, quando conectados ou relacionados, conseguiram direcionar ao
objetivo do estudo com maior clareza.
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2 Entendendo o Design Responsivo
Ao construir um site, o designer deve refletir sobre aspectos que vão muito
além da escolha de cores, disposição dos ícones, preferências de seu cliente,
entre outros. Ele deve conhecer previamente para quem vai desenvolver
(empresa, tipo de mercado), entender um pouco sobre o público-alvo, ou seja,
saber qual a idade média deste público, qual o segmento de mercado a qual está
servindo, se será um site somente para homens ou mulheres, ou se irá atender à
uma região específica.
Para isto, o designer necessita analisar tendências, explorar outros sites
que atendam ao mesmo público, mesmo que por exemplo, seja um site para
comunicação de governos com a população, ou um site de e-commerce, ele
precisa entender o foco de cada um deles.
Faz-se necessário ainda, que o designer seja capaz de observar
detalhadamente sites pré-existentes, imagens, entre outros para então selecionar
estilos e formatos mais adequados e que melhor se encaixem ao público
destinado, e dependendo de todos estes fatores e o que foi resumido e esboçado
para este site a ser desenvolvido, o designer poderá buscar ferramentas que
adaptem-se e tragam maior facilidade ao processo de construção do site.
Para contemplar todos estes fatores e ferramentas que um designer deve
conhecer, seria necessário falar de Design, Web Design, Design Responsivo,
Design Estratégico, Marketing, Semiótica, Engenharia Semiótica, IHC, e tantas
outras teorias, algumas mais antigas que outras, mas que estão em constante
desenvolvimento e evolução e que podem auxiliar e aumentar o conhecimento
dos designers.
Mas como o presente estudo deteve-se a uma pesquisa bibliográfica,
buscando em responder como aplicar a semiótica como metodologia de projeto
de sites responsivos, escolheu-se então atentar à questões mais específicas de
símbolos, design responsivo e interação do usuário com os sites, e para isto
nesta primeira seção foi feita uma revisão bibliográfica sobre design responsivo.
O design responsivo trata especificamente sobre a apresentação de telas
de sites, ou aplicativos interativos para vários tipos de dispositivos, sejam eles um
computador, um smartphone, um tablet, etc. Isto quer dizer que um site que
contenha um design responsivo, poderá ser acessado de qualquer uma destas
plataformas e ainda assim, continuar com uma boa resolução e organização,
modificando-se conforme o dispositivo de onde está sendo ingressado.
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Uma explanação sobre a evolução dos layouts de web é pertinente para
entender o assunto a ser tratado. Segundo (SILVA, 2014, p. 28):
Em 1992, no NCSA – Centro Nacional de Aplicações para
Supercomputadores da Universidade de Illinois –, foi desenvolvido o
primeiro navegador gráfico para a web, que durante quatro anos foi
responsável pela popularização da internet. Foi com o navegador
denominado Mosaic que tudo começou.
Ao longo destes quatro anos, outras tecnologias como o HTML1, 2, 3, 4 e
o 5 que ainda está em fase de testes. O HTML (Hypertext Markup Language) é
uma linguagem utilizada para estruturação e apresentação de conteúdos de uma
tela. Pode-se citar também o Flash Player, que é um reprodutor de miltimídia.
Este e tantos outros, são tecnologias que evoluiram juntamente com as novas
possibilidades e novas formas de se utilizar a Internet. Uma das últimas
evoluções, foi o CSS - Cascading Style Sheets - que possibilitou a separação da
marcação de conteúdos de sua apresentação. Simplificando a explanação, neste
caso, HTML é a ferramenta para estruturar o site e o CSS para apresentar o
conteúdo.
O design responsivo é também um termo bastante novo e tem o propósito
de servir layouts para desktop e dispositivos móveis, considerando que foi Ethan
Marcotte que falou sobre este tema pela primeira vez em 2010. Em seu livro,
(SILVA, 2014, p. 33) citando Ethan, explanou que por causa do crescimento de
usuários que utilizam dispositivos móveis, algumas empresas estavam
prejudicando-se por ainda possuírem um único site a ser acessado por diferentes
dispositivos. Com o objetivo de simplificar o entendimento do design responsivo,
buscou-se exemplos dos diferentes tamanhos possíveis a que um site deve se
ajustar e respectivamente, como deve ser um site responsivo.
Figura 1: Tamanhos possíveis de telas.
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Fonte: Disponível em <http://webtopia.com.br/blog/o-que-e-um-site-responsivo> acesso
em 02/09/2014 as 19:20.
Na figura 1 estão representados apenas alguns tamanhos possíveis de
telas, pois existe hoje no mercado, Androids com uma infinidade de tamanhos
diferentes. Para adaptar-se a esta infinidade de tamanhos, com a utilização do
design responsivo, é possível obter um site que, mesmo mudando o tamanho e
tipo de dispositivo, pode ser visto de maneira que o usuário não necessite ficar
utilizando o zoom para poder enxergar seu conteúdo.
Figura 2: Como devem ser sites responsivos.
Fonte: Disponível em <http://www.plocdesign.com/oquesaositesresponsivos.html> acesso em
02/09/2013 as 19:10.
Na figura 2 é possível perceber um site responsivo em diferentes
dispositivos exemplificados.
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Para construir um pensamento sobre a aplicabilidade da semiótica como
metodologia de projeto de sites responsivos, primeiramente foi apresentado
conceitos mais básicos sobre o design responsivo e em um segundo momento,
será explanada a teoria da semiótica Peirceana, com o objetivo de fazer relações
utilizando a semiótica como possível metodologia de projeto para auxiliar o
desenvolvimento de sites responsivos. Por fim, será elucidada a teoria de IHC
como sendo o último processo depois que um site responsivo é construído, onde
existe então a interação humano-computador.
3 Construindo relações entre design responsivo e IHC a partir da Semiótica
Peirceana
Nesta seção buscou-se relacionar a semiótica como possível metodologia
de projeto de sites responsivos, pensando através da semiótica e do ponto de
vista de um designer, desenvolvedor de sites.
A semiótica começou a adquirir reconhecimento e teoria através de
Ferdinand de Saussure e Charles Sanders Peirce, que segundo (NOTH, 1999, p.
17) foi conhecido apenas postumamente, enquanto Saussure, obteve carreira
acadêmica de sucesso. Ambos trabalharam sobre a teoria da Semiótica em
épocas muito próximas sem saber da existência um do outro.
Para (NETTO, 2003, p. 51) Peirce possui em seus manuscritos de oitenta
mil páginas, pelo menos dez mil páginas de grande importância para a semiótica,
enquanto Saussure, não possui uma obra significativa, apenas publicações de
seus cursos de linguísticas evoluídos em seu tempo de professor. Apesar de
ambos obterem sucesso e conhecimento, tanto para Noth quanto para Netto,
Pierce é reconhecido como o grande nome da semiótica moderna.
Dentro da semiótica existem variadas correntes, onde pode-se encontrar
nomes como Louis Hjelmslev, Roland Barthes, Umberto Eco, Roman Jakobson,
entre outros que difundiram a semiótica e a semiologia pelo mundo. Apesar de
tantos conceitos que diferem sobre o mesmo assunto, fez-se necessário
estabelecer apenas um a ser seguido, para que o presente estudo consiga
delimitar-se ao problema, onde pretende verificar a aplicabilidade da semiótica
como metodologia de projeto de sites responsivos, para tanto, foi utilizada como
referência principal, a teoria da semiótica de Peirce que conforme (NETTO, 2003,
p. 53) dividi-se em semiótica geral e semiótica especial.
Ainda segundo o autor, a semiótica geral de Peirce, abrange entre outras
designações, a Teoria do Significado, Filosofia da Lógica, entre outras, e
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pretende explorar o processo de interpretação do signo entre objeto e
interpretante. Já para a semiótica especial, Peirce ressaltava como uma ciência
psíquica, onde o foco é a mente e o pensamento humano. Neste cenário e
construindo relações com a IHC, pode-se conectar de um modo mais alusivo, o
processo de interpretação do signo entre objeto e interpretante com a interação
feita pelo indivíduo com o computador, onde o signo pode ser o site, o objeto o
computador e o interpretante pode ser o indivíduo.
Do ponto de vista de (SANTAELLA, 2012, p. 33) “...a Semiótica peirceana,
longe de ser uma ciência a mais, é na realidade, uma Filosofia científica da
linguagem...”. Partindo de um pressuposto que quando se refere a linguagem a
autora não quer somente explanar sobre a língua falada por um país ou região,
mas quer dizer todo tipo de linguagem, seja ela visual, auditiva, etc, nota-se que
os sites possuem diferentes tipos de linguagem que dependem do tipo de
comunicação ao qual se destinam. Então, dependendo do meio cultural em que
está inserido, e para qual fim se destina um site, o designer precisa compreender
estes sinais culturais e linguísticos.
De uma forma geral, entende-se que a semiótica de Peirce, é o estudo dos
signos e os significados que estes trazem ao ser humano. Para entender melhor
esta ciência tão complexa, pode-se iniciar contemplando os conceitos de signo.
Para (NETTO, 2003, p. 56) Peirce entende “signo como sendo algo que sob
aspectos diferentes, representa alguma coisa para alguém.”.
O signo pode ser um ícone, um índice ou um símbolo, e pode ser
interpretado pelo homem de maneiras diferentes, conforme a cultura ou meio
social em que vive. A partir disto e continuando a relacionar a semiótica como
metodologia de projeto de sites responsivos, ao analisar um site é possível
encontrar em seu conteúdo alguns tipos de signos que podem estar
representando uma marca ou logotipo de alguma empresa bem como ícones
básicos de todos os sites como os botões entrar, navegar, pesquisar, etc.
Estes botões por sua vez, representam as inúmeras formas de navegar
pelo site e são compreendidas pelo usuário como ícones ou símbolos
facilitadores e até mesmo comuns da interação entre ele e o site. Ou seja, são
ícones que já foram aprendidos pelo usuário e por isso representam significados
para ele. Ao esboçar o desenvolvimento de um site responsivo, o designer deve
então, lembrar-se que ícones comuns devem estar mais visíveis ou mais
disponíveis ao usuário, independente do dispositivo ao qual esteja acessando.
Sendo assim, ao propôr a aplicabilidade da semiótica como metodologia
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de projeto de sites responsivos, tem-se que levar em consideração que para
Peirce, ainda citado por (NETTO, 2003, p.58), o modelo das espécies de signo
são três:
- Ícone: que é a representação de um objeto em si (sendo objeto uma
representação não somente de objetos ou pessoas como conhecemos, como
também de coisas imateriais). Exemplo: o desenho de um homem e de uma
mulher que ficam na porta dos banheiros masculino e feminino, ou ainda
trazendo um exemplo que esteja relacionado ao assunto, pode ser a logomarca
de uma instituição ou de empresa conhecida como a Google.
- Índice: é adquirido pela experiência ou herança cultural, é a ligação física
com seu objeto. Exemplo: nos sites, pode ser representado pelos botões
pesquisar, sair, e outros.
- Símbolo: é a associação de ideias gerais que através de um objeto é
interpretada conforme a experiência cultural. Os símbolos são essenciais para a
comunicação entre indivíduos de uma mesma cultura. Usando novamente a
Google como exemplo, nos diferentes países, conforme suas datas
comemorativas, a páginal inicial do site de pesquisa, pode conter desenhos que
remetam a esta data.
Com o objetivo de perceber o ícone, o índice e o símbolo aplicados a uma
metodologia de projeto de sites responsivos, pode-se dizer que todos eles são
utilizados de alguma maneira pelo designer enquanto desenvolve um site e
depois são significados pelos usuários conforme sua cultura e o meio ao qual
está inserido.
É relevante lembrar, que quando um designer está construindo um site, ele
necessita saber todos os tipos de linguagens e códigos que são utilizados e que
somente quem desenvolve sites, é que compreende profundamente. Sendo
assim, dentro deste contexto o ícone, o símbolo ou o índice, já estão inseridos
em torno do pensamento do designer, mesmo sem ele saber, pois ele conhece
todos estes códigos para desenvolver sites responsivos e todos seus significados
Para compreender o signo é relevante descrever sobre as categorias
universais de Peirce, onde (SANTAELLA, 1999, p.34 ) ao citar Peirce, diz que há
três categorias que são: 1) primeiridade, 2) secundidade e 3) terceiridade. Ainda
segundo (NICOLAU, 2010, p. 2):
“As coisas do mundo, reais ou abstratas, primeiro nos aparecem como
qualidade, depois como relação com alguma coisa que já conhecemos e
por fim, como interpretação, em que a mente consegue explicar o que
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captamos, ao que Peirce chamou de Primeiridade, Secundidade e
Terceiridade. E todo esse processo é feito pela mente a partir dos signos
que compõem o pensamento e que se organizam em linguagens.”
A primeiridade é a qualidade da consciência imediata, ou o que está
presente à consciência de alguém. É espontâneo, livre e vem antes de toda
síntese e diferenciação. É neste momento então que o designer que tem por
objetivo desenvolver um site responsivo, aproxima todos os elementos ou
ferramentas disponíveis para pensar antes de agir.
A secundidade, onde quer que haja um fenômeno, há uma qualidade, ou a
primeiridade, visto que a qualidade sendo parte de um fenômeno, para existir,
precisa estar encarnada em uma matéria. Então, este fato de existir, que é a
secundidade. Sendo assim, a secundidade pode ser representada no desenho ou
esboço inicial que o designer dará à seu site responsivo, pensando em todas
etapas e processos além de disposições de ícones e ângulos com o qual poderá
trabalhar.
A terceiridade corresponde ao pensamento em signos, através do qual
enxergamos o mundo em que vivemos, é quando conectamos tudo isso a nossa
experiência de vida e formamos um contexto pessoal. Desta maneira pode-se
representar o momento em que o site foi finalizado até sua interação com o
usuário e como ele irá absorver as informações do site.
Como pode-se perceber, a teoria peirceana sobre semiótica, é assunto
muito complexo por possuir nomenclaturas difíceis e que se intercruzam, assim,
necessita de grande tempo para conseguir compreendê-la, ainda enxerga-se a
sua complexidade, por ser uma teoria que reflete muito sobre a mente humana.
Por conta desta complexidade e da enorme demanda de tempo que leva-
se para aprender sobre esta teoria, neste artigo foram abordados somente os
iniciais e principais pensamentos de Peirce sobre a semiótica, buscando como
foco algumas ideias que podem ser aplicadas como metodologias de projeto de
sites responsivos.
A semiótica é tema de muitos artigos e dissertações que estão vinculados
a abordagens que fazem parte do ambiente digital, e é possível encontrar alguns
autores que defendem a teoria de Peirce como (NICOLAU, 2010, p. 2) quando
disse que:
“Em tempos de mídias digitais interativas, em que há uma profusão de
linguagens sendo criadas e desdobradas, vemos a necessidade
premente de verificar como vem se dando esse processo de criação de
signos, capaz de gerar novas significações. A semiótica é essencial
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nesse processo.”
Assim sendo, após apresentar considerações sobre o design responsivo e
sobre a semiótica, cogitando-a como metodologia de projeto de sites
responsivos, finaliza-se com a seção quatro, ponderando a importância do IHC
como sendo a última etapa depois de desenvolvido um site, onde haverá a
interação do usuário com seu computador, tablet, smartphone, etc.
4 IHC – a interação humano-computador
Para compreender como surgiu o termo interação humano-computador,
faz-se necessário esclarecer que durante muitos anos, após a invenção dos
computadores, o homem ou usuário, necessitava entender profundamente como
as máquinas funcionavam, ou do contrário ficaria incapacitado de utilizá-las.
Entretanto com o avanço das tecnologias e através da popularização do uso de
computadores pessoais, muitas universidades e centros de pesquisa começaram
a investir em desenvolvimento de sistemas que pudessem ser facilmente
controlados pelo usuário e que lhes fossem úteis. Foi a partir deste momento, no
início da década de 80, que a interação humano-computador começou a ser
reconhecida no meio acadêmico. (PRATES & BARBOSA, 2007, p. 263 a 326).
A IHC é entendida como um processo de comunicação entre o usuário e o
sistema, onde a interface é parte do sistema com que o usuário se comunica.
Conforme (GARCÍA, 2003, p 5): “As pessoas não devem ter que mudar
radicalmente sua forma de atuar para se adaptarem ao sistema; é o sistema que
deve ser projetado de forma a atender às suas necesidades.”
Assim como (GARCÍA,2003), (PRATES & BARBOSA, 2007), reforçam que
a usabilidade é a qualidade de maior importância em um sistema, e para se
avaliar a usabilidade, deve-se levar em consideração alguns fatores como:
- facilidade de aprendizado: refere-se ao tempo e esforço que um usuário
leva para aprender a utilizar o sistema ou site.
- facilidade de uso e produtividade: considera se o site foi capaz de
atender ao que foi projetado e se o usuário completou as tarefas de forma eficaz.
- satisfação do usuario: é a avaliação que o usuário faz do site, conforme
suas preferências pessoais.
- flexibilidade: relativo a quantidade de caminhos que um site oferece para
que o usuário possa chegar ao mesmo objetivo final.
- utilidade: se refere a funcionalidade do site e tudo que ele se propõe a
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fazer.
- segurança: toma grandes proporções para a avaliação da usabilidade,
pois diz respeito ao grau de proteção que um site oferece, tanto no sentido de
recuperação de erros, quanto no que tange a proteção de um usuário.
A importância que a IHC assumiu ao longo destes anos, e as pesquisas
realizadas, comprovam que deve ser seriamente considerada, pois trouxe novas
compreensões de grande valor para muitas áreas, onde usam-se algum tipo de
sistema como por exemplo, sistemas de controle de vôos, sistemas bancários, e
até mesmo os sistemas de uso doméstico, seja através de computadores,
televisão, eletrodomésticos, etc.
Em um contexto onde o foco vem a ser um site responsivo, pode-se
considerar que o IHC para este estudo em específico, tem relação com sites que
irão ser utilizados através de computadores, tablets, smartphones, entre outros.
Ainda, na interação humano-computador, as preocupações pertinentes ao IHC,
podem então, ser observadas quando um usuário está navegando em um site,
onde ele consideravelmente irá permanecer no site ou voltar à ele mais vezes, se
este lhe der possibilidades de navegar em dispositivos diferentes e também se
puder conciliar tudo isso com todos fatores de usabilidade já descritos
anteriormente.
Estas questões podem também ser explicadas através da Teoria de
Engenharia da Semiótica que conforme (PRATES & BARBOSA, 2007, p. 236 a
326) é compreendida como:
(...) uma teoria que nos permite entender os fenômenos envolvidos no
design, uso e avaliação de um sistema interativo. Como tal, ela tem por
objetivo esclarecer a natureza e aspectos envolvidos nestas atividades.
A análise fundamentada na teoria enriquece o entendimento que os
designers têm do problema que estão tentando resolver com o sistema,
e assim amplia as suas considerações em relação a possíveis soluções.
Além disso, teorias como o Design Responsivo, e outras áreas que
permeiam este assunto e complementam a importância que a IHC adquiriu ao
longo destas décadas (apesar de ainda não ser uma teoria completamente
conhecida por todos os pesquisadores das áreas do design) são
verdadeiramente relevantes para resolver problemas e auxiliar designers nas
melhorias destes fatores de usabilidade durante o desenvolvimento de sites.
Mas no caso do presente estudo, deixou-se a Engenharia da Semiótica
para um próximo momento e optou-se por relacionar apenas as três teorias para
concatenar ou construir uma sequência de pensamento sobre como os designers
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podem, através da semiótica, estruturar suas metodologias de trabalho e porque
não de pensamento.
5 Considerações finais
O presente estudo teve como base uma pesquisa bibliográfica onde foi
possível buscar em livros, sites e artigos científicos, algumas teorias sobre os
assuntos abordados. Para responder ao problema proposto sobre a
aplicabilidade da semiótica como metodologia de projeto de sites responsivos,
fez-se necessário primeiramente conceituar o Design Responsivo.
Em um segundo momento, a pesquisa abordou a teoria da Semiótica
Peirceana construindo possíveis relações entre design responsivo e IHC
(Interação homem-computador), tentando aplicar a semiótica como metodologia
de projeto de sites responsivos sobre o ponto de vista de um designer. Por fim,
uma breve definição sobre IHC, contemplando como o último processo a ser
analisado.
Assim, este estudo foi pertinente, pois possibilitou um melhor
entendimento sobre os temas abordados que por serem assuntos que parecem
ao mesmo tempo distantes, quando relacionados uns aos outros e pensando
somente na aplicabilidade da semiótica como metodologia de projeto de sites
responsivos, ainda pode ser continuada, aprofundando-se mais em cada uma
das teorias e pode-se também, futuramente, aplicá-la na prática com designers
para conhecer seus resultados qualitativos.
Para o caso de uma aplicação prática, pode-se pensar de uma
forma a construir paralelos e relações a partir da Semiótica, articulando os três
temas abordados, podem ser colocados então lado a lado com o objetivo de
pensar em um cenário onde o designer estará designado a desenvolver um site
responsivo. Neste primeiro cenário, ele poderá embasar-se na Teoria da
Semiótica, pensando através de seus conceitos, em como esboçar o site de
maneira que o futuro usuário venha a conseguir uma boa interação e que tenha
desejo em retornar ao site outras vezes.
Em um segundo cenário, onde o designer já estará desenvolvendo o site,
ele poderá utilizar-se da Semiótica para reconhecer e compreender como se dá o
processo de significação do usuário quanto aos ícones, cores, formas, linguagens
para possibilitar a construção de um site que não somente será responsivo, mas
que também será pensado pelo designer de forma a melhorar o entendimento de
seu futuro usuário.
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Por fim, chegando em um cenário onde após desenvolvido o site, será
possível ao designer, testar e navegar por ele para verificar se existem erros, e
que tipo de correções podem ser feitas. Ainda neste último processo, podem ser
feitos testes também com outros usuários aleatórios para reforçar os erros e
acertos pertinentes. Mas acredita-se que o mais importante e relevante neste
processo, é o designer estar disposto e ciente em testar a aplicabilidade da
Semiótica como metodologia de projeto de sites responsivos, seguindo a linha de
pensamento de Peirce e sempre articulando a Teoria com sua prática.
Referências bibliográficas
GARCÍA, Laura Sanchéz. A Interação Humano-Computador e o design da interface-usuário. UFPR , 2003.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. 7º Ed. São Paulo: Atlas, 2010. Página 166.
NETTO, J. Teixeira Coelho. Semiótica, informação e comunicação. 6º Ed. São Paulo: Perspectiva, 2003. Páginas 51, 53, 56 e 58.
NICOLAU, Marcos. Comunicação e Semiótica: visão geral e introdutória à Semiótica de Peirce. Revista Eletrônica Temática. Paraíba, Vol. VI, número 8, p. 1 a 25, Agosto, 2010.
NÖTH, Winfried. A semiótica no século XX. 2º Ed. São Paulo: Comunicação, 1999. Página 17.
PRATES, R.O. & BARBOSA, S.D.J. Introdução à teoria e prática da interação humano-computador fundamentada na engenharia semiótica. Jornadas de Atualização em Informática (JAI), 2007, páginas 263 a 326.
SANTAELLA, Lúcia. O que é semiótica. 1º Ed. 32º Reimpressão. São Paulo: Brasiliense. Página 33.
SANTAELLA, Lúcia. As três categorias peircianas e os três registros lacanianos. Psicologia USP vol.10 n.2. São Paulo: 1999.
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SILVA, Maurício Samy. Web design responsivo. 1º Ed. São Paulo: Novatec, 2014. Capítulo 1: Introdução ao Design Responsivo, p. 27 a 47.