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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Guilherme Rosinski
APLICAÇÃO DO REGULAMENTO TÉCNICO DA QUALIDADE PARA O NÍVEL DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DE EDIFICAÇÕES
RESIDENCIAIS NA CIDADE DE SANTA MARIA - RS
Santa Maria, RS 2016
Guilherme Rosinski
APLICAÇÃO DO REGULAMENTO TÉCNICO DA QUALIDADE PARA O NÍVEL DE
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DE EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS NA CIDADE DE
SANTA MARIA - RS
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Engenharia Civil, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Civil.
Orientadora: Profª. Drª. Janis Elisa Ruppenthal
Santa Maria, RS 2016
Guilherme Rosinski
APLICAÇÃO DO REGULAMENTO TÉCNICO DA QUALIDADE PARA O NÍVEL DE
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DE EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS NA CIDADE DE SANTA MARIA - RS
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Engenharia Civil, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Civil.
Aprovado em 15 de julho de 2016:
_______________________________________ Janis Elisa Ruppenthal, Dra. (UFSM)
(Presidente/Orientadora)
_______________________________________ Alessandro de Franceschi, Dr. (UFSM)
_______________________________________ Denis Rabenschlag, Dr. (UFSM)
Santa Maria, RS 2016
AGRADECIMENTOS
A realização deste estudo ocorreu graças ao auxílio, compreensão e motivação
de diversas pessoas. Agradeço a todos que, de alguma forma, contribuíram para sua
concretização.
À minha orientadora, Janis Elisa Ruppenthal, pelo incentivo à pesquisa, pela
disposição e pela contribuição na avaliação desse trabalho.
Aos meus pais, Rita e Luiz, ao meu padrinho, Marcelo, e ao meu padrasto,
Wilson, pela dedicação, pelo carinho e por sempre terem sido minha referência em
termos de disciplina e valores morais.
Aos meus avós, Izolita e Antônio, que me receberam em sua casa para que eu
realizasse a minha formação educacional e profissional em Santa Maria – RS.
À Ana Luísa Bisognin, minha namorada, por estimular a realização deste
estudo e oferecer carinho, compreensão e ajuda nos momentos difíceis.
Ao grande amigo Gabriel Dall’asta, pelos memoráveis anos de convivência
durante boa parte da minha existência.
Aos professores de todos os departamentos ligados ao curso de Engenharia
Civil, pela valiosa contribuição na minha formação acadêmica.
À Universidade Federal de Santa Maria, por toda a estrutura a mim oferecida
no período da graduação.
Enfim, à todas as pessoas que se fizeram presente durante a graduação em
Engenharia Civil, muito obrigado.
RESUMO
APLICAÇÃO DO REGULAMENTO TÉCNICO DA QUALIDADE PARA O NÍVEL DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DE EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS NA CIDADE DE
SANTA MARIA - RS
AUTOR: Guilherme Rosinski ORIENTADORA: Janis Elisa Ruppenthal
Este trabalho teve como finalidade classificar a eficiência energética e verificar o desempenho térmico de uma edificação residencial vertical multifamiliar na cidade de Santa Maria – RS, à luz do Regulamento Técnico de Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais (RTQ-R), lançado em 2010. A pesquisa busca realizar o cálculo das propriedades térmicas dos materiais utilizados no empreendimento, aplicar a metodologia prescritiva do RTQ-R, identificar os aspectos que levaram ao resultado obtido e propor alterações para elevar a classificação de desempenho da edificação. Para tal, foram inicialmente fundamentados os conceitos relacionados às propriedades dos materiais, foi demonstrado o histórico dos programas de conservação de energia no Brasil e foi descrita a metodologia prescritiva para classificação de desempenho energético de edificações residenciais. Após a aplicação do método, a envoltória da edificação obteve um resultado satisfatório, uma vez que mais de 90% dos apartamentos atingiram o nível B de classificação neste quesito. Em contrapartida, a baixa pontuação do sistema de aquecimento de água, composto apenas de esperas para ligação de chuveiros elétricos, resultou na obtenção do nível C na Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE) do empreendimento. Com o objetivo de atingir o nível A de classificação, foi proposta a alteração do sistema elétrico de aquecimento de água pelo sistema de aquecimento a gás, bem como a instalação de equipamentos de racionamento de água e a entrega da edificação com lâmpadas detentoras do Selo Procel já instaladas nas unidades habitacionais autônomas.
Palavras-chave: Eficiência Energética. Etiquetagem. RTQ-R.
ABSTRACT
APPLICATION OF THE QUALITY TECHNICAL REGULATION FOR ENERGY EFFICIENCY LEVEL IN RESIDENCIAL BUILDINGS IN SANTA MARIA - RS
AUTHOR: Guilherme Rosinski ADVISOR: Janis Elisa Ruppenthal
The goal of this study is to classify the energy efficiency and verify thermal performance of a vertical multi-family building in Santa Maria – RS using the Quality Technical Regulation for Energy Efficiency Level Residential Buildings (RTQ-R), released in 2010. The research seeks to calculate the thermal properties of materials used in the building, apply the prescriptive RTQ-R methodology, identify the aspects that led to the results and propose amendments to raise the building performance rating. To this end, were studied the concepts related to the material properties. Also, was shown the history of energy conservation programs in Brazil and the description of the prescriptive methodology for energy performance rating of residential buildings. Once the method was applied, the building envelope achieved a satisfactory result, more than 90% of the apartments have reached the B level rating in this aspect. In contrast, the low score of the water heating system, consisting only in electric showers, resulted the achievement of C level in the National Energy Conservation Label (ENCE) of the enterprise. In order to reach the A level, it was proposed to change the water heating system, as well as the installation of water rationing equipment and install lamps with Selo Procel in the autonomous housing units.
Keywords: Energy Efficiency. Labeling. RTQ-R
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Gráfico setorial do consumo de energia elétrica no ano de 2014. ........... 13
Figura 2 – Gráfico da variação do índice de consumo de energia elétrica no setor
residencial brasileiro ................................................................................. 15
Figura 3 – Ilustração gráfica das propriedades de amortecimento e atraso térmico . 19
Figura 4 – Exemplo de ENCE para edificações residenciais .................................... 21
Figura 5 – Selo PROCEL .......................................................................................... 23
Figura 6 – Gráfico do consumo percentual de energia elétrica, por aparelho, em
residências na região sul do Brasil ........................................................... 24
Figura 7 – Zoneamento bioclimático brasileiro .......................................................... 26
Figura 8 – Ponderação das UHs para determinação do equivalente numérico de
uma edificação multifamiliar ..................................................................... 27
Figura 9 - Estrutura da determinação do equivalente numérico da envoltória .......... 31
Figura 10 – Localização da edificação estudada ....................................................... 38
Figura 11 – Fachada da edificação com seus respectivos pavimentos ..................... 39
Figura 12 – Tipologias das unidades habitacionais autônomas ................................ 41
Figura 13 – Numeração das unidades habitacionais autônomas .............................. 41
Figura 14 – Quados das propriedades das paredes da edificação ........................... 43
Figura 15 – Composição da cobertura da edificação voltada ao exterior .................. 44
Figura 16 – Captura de tela do software ZBBR ......................................................... 46
Figura 17 – Captura de tela da planilha fornecida pelo INMETRO ............................ 51
Figura 18 – Ângulos β, ɣ e α de proteção solar ......................................................... 57
Figura 19 – Classificação do EqNumEnv das UHs ................................................... 65
Figura 20 – Classificação do EqNumEnvA das UHs .................................................. 66
Figura 21 – Classificação do EqNumEnvResf das UHs .............................................. 66
Figura 22 – Classificação do EqNumAA das UHs ..................................................... 67
Figura 23 – Quadro dos resultados da avaliação através do RTQ-R ........................ 68
Figura 24 – Simulação da ENCE para a edificação objeto do estudo de caso ......... 68
Figura 25 – Quadro da avaliação com alteração no sistema de aquecimento de
água ....................................................................................................... 69
Figura 26 – Quadro da avaliação com alteração no sistema de aquecimento de
água, bonificações de iluminação artificial e bacias com duplo
acionamento. .......................................................................................... 70
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Classificação do nível de eficiência de acordo com a pontuação obtida .. 28
Tabela 2 – Coeficientes da Equação 1 de acordo com a região geográfica ............. 28
Tabela 3 – Relação do equivalente numérico (EqNum) com o nível de eficiência .... 29
Tabela 4 – Distribuição de pesos de acordo com a zona bioclimática ...................... 31
Tabela 5 – Espessura mínima de isolamento para tubulações metálicas de água
quente ..................................................................................................... 32
Tabela 6 – Classificação de eficiência para sistemas de aquecimento solar ............ 33
Tabela 7 – Nível de eficiência para bombas de calor. ............................................... 34
Tabela 8 – Coeficiente de redução de porosidade .................................................... 34
Tabela 9 – Tipologias das unidades habitacionais autônomas ................................. 40
Tabela 10 – Propriedades dos blocos da envoltória .................................................. 42
Tabela 11 – Propriedades das aberturas das unidades habitacionais autônomas ... 45
Tabela 12 – Pré-requisitos das paredes externas e coberturas ................................ 47
Tabela 13 – Verificação do pré-requisito de ventilação natural ................................. 48
Tabela 14 – Verificação do pré-requisito iluminação natural ..................................... 49
Tabela 15 – Verificação do pré-requisito de ventilação cruzada ............................... 50
Tabela 16 – Ponderação da transmitância térmica das paredes externas da suíte .. 52
Tabela 17 – Ponderação da capacidade térmica das paredes externas da suíte ..... 53
Tabela 18 – Ponderação da absortância solar (α) das paredes externas da suíte ... 53
Tabela 19 – Cálculo do índice CTpar dos ambientes de permanência prolongada .. 54
Tabela 20 – Áreas de paredes externas dos ambientes de permanência
prolongada ............................................................................................ 55
Tabela 21 – Áreas de aberturas externas dos ambientes de permanência
prolongada ............................................................................................ 56
Tabela 22 – Cálculo do valor somb para a abertura do ambiente sala e cozinha ..... 58
Tabela 23 – Ponderação do valor somb para a abertura do ambiente sala e
cozinha .................................................................................................. 58
Tabela 24 – Valores de GHR, CA e CR para a UH analisada ..................................... 59
Tabela 25 – Ponderação do EqNumEnvResfr ............................................................. 60
Tabela 26 – Ponderação do EqNumEnvA ................................................................. 60
Tabela 27 – Porosidade das fachadas do apartamento 706 ..................................... 62
Tabela 28 – Profundidade do ambiente com relação a ha ......................................... 63
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ASTM American Society for Testing and Materials
CA Consumo relativo para aquecimento CIB International Council for Research and Innovation in
Building and Construction CONSERVE Programa de Promoção da Conservação de Energia
COP Coeficiente de Performance
CR Consumo relativo para refrigeração
CT Capacidade térmica
ENCE Etiqueta Nacional de Conservação de Energia
EPS Poliestireno Expandido
EqNum Equivalente numérico
EqNumAA Equivalente numérico do sistema de aquecimento de água
EqNumEnv Equivalente numérico da envoltória
EqNumEnvA Equivalente numérico da envoltória para aquecimento
EqNumEnvAmbA Equivalente numérico da envoltória do ambiente para aquecimento
EqNumEnvAmbRefrig Equivalente numérico da envoltória do ambiente para refrigeração
EqNumEnvAmbResfr Equivalente numérico da envoltória do ambiente para resfriamento
EqNumEnvRefrig Equivalente numérico da envoltória para refrigeração
EqNumEnvResfr Equivalente numérico da envoltória para resfriamento GHR Indicador de graus-hora para resfriamento
GLP Gás Liquefeito de Petróleo
GN Gás Natural
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IEA International Energy Agency
INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
ISO International Organization for Standardization
LabEEE Laboratório de Eficiência Energética em Edificações
MME Ministério de Minas e Energia
NBR Norma Brasileira
PBE Programa Brasileiro de Etiquetagem
PROCEL Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica PTUH Pontuação da unidade habitacional autônoma
RT Resistência térmica
RTQ Regulamento Técnico de Qualidade
SI Sistema Internacional de Unidades
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
UFSCAR Universidade Federal de São Carlos
UFSM Universidade Federal de Santa Maria
UH Unidade Habitacional Autônoma
ZB Zona Bioclimática
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 13
1.1 OBJETIVO GERAL ..................................................................................... 14
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................... 14
1.3 JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 15
2 REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................... 17
2.1 PROPRIEDADES DOS MATERIAIS .......................................................... 17
2.1.1 Calor específico ........................................................................................ 17
2.1.2 Condutividade térmica ............................................................................. 17
2.1.3 Resistência térmica .................................................................................. 18
2.1.4 Transmitância térmica ............................................................................. 18
2.1.5 Capacidade térmica .................................................................................. 18
2.1.6 Inércia térmica e atraso térmico ............................................................. 19
2.2 PROGRAMAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA ......................................... 20
2.2.1 Programa de Promoção da Conservação de Energia ........................... 20
2.2.2 Programa Brasileiro de Etiquetagem ...................................................... 21
2.2.3 Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica ..................... 22
2.2.3.1 O Selo PROCEL ......................................................................................... 23
2.2.4 Lei de Eficiência Energética .................................................................... 23
2.3 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM EDIFICAÇÕES........................................ 24
2.3.1 Zoneamento bioclimático ........................................................................ 25
2.4 O REGULAMENTO TÉCNICO DE QUALIDADE PARA O NÍVEL DE
EFICIÊNCIA EM EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS (RTQ – R) .................... 27
2.4.1 Pré-requisitos gerais ................................................................................ 29
2.4.2 Avaliação da envoltória ........................................................................... 29
2.4.2.1 Pré-requisitos da envoltória ........................................................................ 29
2.4.2.2 Determinação da eficiência da envoltória ................................................... 30
2.4.3 Avaliação do sistema de aquecimento de água .................................... 32
2.4.3.1 Pré-requisitos do sistema de aquecimento de água ................................... 32
2.4.3.2 Determinação da eficiência do sistema de aquecimento solar ................... 32
2.4.3.3 Determinação da eficiência do sistema de aquecimento a gás .................. 33
2.4.3.4 Determinação da eficiência do sistema de aquecimento elétrico ............... 33
2.4.3.5 Determinação da eficiência do sistema de aquecimento por bombas de
calor ............................................................................................................ 33
2.4.4 Bonificações ............................................................................................. 34
2.4.4.1 Bonificação de ventilação natural ............................................................... 34
2.4.4.2 Bonificação de iluminação natural .............................................................. 35
2.4.4.3 Bonificação de uso racional de água .......................................................... 35
2.4.4.4 Bonificação de condicionamento artificial de ar .......................................... 36
2.4.4.5 Bonificação de iluminação artificial ............................................................. 36
2.4.4.6 Bonificação de ventiladores de teto ............................................................ 36
2.4.4.7 Bonificação de refrigeradores ..................................................................... 36
2.4.4.8 Bonificação de medição individualizada ..................................................... 36
3 METODOLOGIA ........................................................................................ 37
4 OBJETO DE ESTUDO ............................................................................... 38
4.1 LOCALIZAÇÃO .......................................................................................... 38
4.2 DESCRIÇÃO DA EDIFICAÇÃO ................................................................. 38
4.3 UNIDADES HABITACIONAIS .................................................................... 40
4.4 ENVOLTÓRIA ............................................................................................ 41
4.5 ABERTURAS ............................................................................................. 44
5 AVALIAÇÃO DA EDIFICAÇÃO ATRAVÉS DO RTQ-R ............................ 46
5.1 DETERMINAÇÃO DA ZONA BIOCLIMÁTICA DA EDIFICAÇÃO ............... 46
5.2 VERIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS GERAIS .................................... 47
5.3 AVALIAÇÃO DA ENVOLTÓRIA ................................................................. 47
5.3.1 Pré-requisitos da envoltória .................................................................... 47
5.3.1.1 Absortância solar, transmitância térmica e capacidade térmica ................. 47
5.3.1.2 Ventilação natural ....................................................................................... 48
5.3.1.3 Iluminação natural ...................................................................................... 48
5.3.1.4 Ventilação cruzada e ventilação natural nos banheiros.............................. 49
5.3.2 Determinação da eficiência da envoltória .............................................. 50
5.3.2.1 Situação de piso e cobertura ...................................................................... 51
5.3.2.2 Cobertura ................................................................................................... 52
5.3.2.3 Paredes externas ....................................................................................... 52
5.3.2.4 Características construtivas ....................................................................... 55
5.3.2.5 Áreas de paredes externas ........................................................................ 55
5.3.2.6 Áreas de aberturas externas ...................................................................... 56
5.3.2.7 Características das aberturas ..................................................................... 56
5.3.2.8 Características térmicas de isolamento ...................................................... 59
5.3.2.9 Equivalente numérico da envoltória............................................................ 59
5.4 AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE AQUECIMENTO DE ÁGUA ..................... 61
5.5 BONIFICAÇÕES ........................................................................................ 61
5.5.1 Bonificação de ventilação natural........................................................... 61
5.5.2 Bonificação de iluminação natural ......................................................... 62
5.5.3 Outras bonificações ................................................................................. 63
5.6 CLASSIFICAÇÃO DA UH ........................................................................... 63
5.7 AVALIAÇÃO DAS ÁREAS DE USO COMUM ............................................ 64
6 RESULTADOS ........................................................................................... 65
6.1 AVALIAÇÃO DA ENVOLTÓRIA ................................................................. 65
6.2 AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE AQUECIMENTO DE ÁGUA ..................... 66
6.3 BONIFICAÇÕES ........................................................................................ 67
6.4 CLASSIFICAÇÃO FINAL DAS ÁREAS DE USO PRIVATIVO ................... 67
6.5 ALTERAÇÕES PROPOSTAS .................................................................... 69
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 71
REFERÊNCIAS .......................................................................................... 73
APÊNDICE A – CÁLCULO DAS PROPRIEDADES TÉRMICAS DAS
PAREDES INTERNAS ............................................................................... 77
APÊNDICE B – CÁLCULO DAS PROPRIEDADES TÉRMICAS DAS
PAREDES EXTERNAS COM PINTURA.................................................... 82
APÊNDICE C – CÁLCULO DAS PROPRIEDADES TÉRMICAS DAS
PAREDES EXTERNAS COM REVESTIMENTO CERÂMICO ................... 85
APÊNDICE D – CÁLCULO DA ABSORTÂNCIA DAS SUPERFÍCIES ..... 89
APÊNDICE E – CÁLCULO DAS PROPRIEDADES TÉRMICAS DA
COBERTURA COM REVESTIMENTO CERÂMICO .................................. 89
ANEXO A – EQUAÇÃO DE CÁLCULO DO INDICADOR
GRAUS-HORA (GHR) NA ZONA BIOCLIMÁTICA 2 ................................. 92
ANEXO B – EQUAÇÃO DE CÁLCULO DO CONSUMO RELATIVO
PARA AQUECIMENTO (CA) NA ZONA BIOCLIMÁTICA 2 ....................... 93
ANEXO C – PLANTA BAIXA DO APARTAMENTO 706 .......................... 94
ANEXO D - ÂNGULOS DE SOMBREAMENTO RECOMENDADOS .
PARA SANTA MARIA - RS........................................................................ 95
13
1 INTRODUÇÃO
Ao longo de todo o século XX a abundante oferta de energia, proveniente de
combustíveis fósseis como petróleo e carvão mineral, forneceu suporte ao
crescimento e às transformações da economia mundial. Porém, no início desse
século, o cenário mudou ao ser colocado à prova por uma nova realidade: a
necessidade de um desenvolvimento sustentável.
Apesar dos inúmeros programas de estímulo à eficiência energética e ao uso
consciente de energia, a demanda continua crescendo a cada ano. Segundo
levantamento da International Energy Agency (2008), entre os anos de 1973 e 2006,
o consumo mundial de energia aumentou em 73%. Boa parte dessa expansão,
estimulada pelo crescimento econômico acelerado de países Asiáticos e Latino-
americanos (BRASIL, 2008).
No Brasil, o setor residencial foi responsável pelo consumo de 9,3% de todo o
gasto energético do ano de 2014. Porém, ao considerar apenas a utilização de energia
elétrica, as residências do país consumiram 25% do total, ficando atrás apenas do
montante consumido pelas indústrias, como representa a Figura 1 (BRASIL, 2015).
Figura 1 – Gráfico setorial do consumo de energia elétrica no ano de 2014
Fonte: Adaptação de Brasil (2015).
14
Com o objetivo de estimular o uso eficiente de energia elétrica, foi criado pelo
governo, na década de 1980, o Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) e o
Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL), tendo esse um
subprograma intitulado PROCEL Edifica, que visa promover eficiência energética em
edificações (BRASIL, 2011).
Mais tarde, através de uma parceria do PROCEL Edifica com o PBE, foi
publicado o Regulamento Técnico de Qualidade para o Nível de Eficiência Energética
em Edificações Comerciais, de Serviços e Públicas (RTQ-C) e o Regulamento Técnico
de Qualidade para o Nível de Eficiência Energética em Edificações Residenciais
(RTQ-R). A avaliação por meio desses regulamentos resulta em uma etiqueta de
classificação que indica de A, mais eficiente, até E, menos eficiente, o grau de
eficiência energética de uma edificação.
O presente trabalho, baseado no contínuo crescimento do consumo de energia
elétrica pelo setor residencial, aliado ao pequeno número de edificações residenciais
multifamiliares certificadas até o momento, realiza uma fundamentação teórica acerca
das propriedades térmicas dos materiais, aborda a metodologia do RTQ-R e simula
uma etiqueta de classificação para um edifício multifamiliar através do método
prescritivo do RTQ-R.
1.1 OBJETIVO GERAL
Aplicar o método prescritivo do RTQ-R na avaliação da eficiência energética de
uma edificação multifamiliar localizada na cidade de Santa Maria – RS.
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
a. Realizar o cálculo das propriedades térmicas das composições de materiais
utilizados na construção da edificação objeto desse estudo;
b. Aplicar a metodologia prescritiva do RTQ-R para avaliar o nível de eficiência
energética na edificação estudada e simular uma etiqueta de eficiência com
base no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE);
c. Identificar os aspectos de influência sobre o resultado obtido e propor
medidas que possam melhorar o desempenho energético da edificação.
15
1.3 JUSTIFICATIVA
De acordo com Lamberts, Dutra e Pereira (2014), a popularização dos sistemas
artificiais de iluminação e condicionamento térmico permitiu aos projetistas uma
situação bastante cômoda em relação à interação do edifício com o ambiente local.
Dessa forma, a envoltória das edificações perdeu sua função de regulador térmico e
permitiu uma arquitetura que não utiliza o clima a seu favor.
Assim, os ocupantes de uma edificação com baixo conforto térmico irão tomar
medidas para torná-la confortável. Essas medidas geralmente envolvem o consumo
de energia, através da utilização de equipamentos de condicionamento artificial
(ROAF; CRICHTON; NICOL, 2005).
Nas residências brasileiras o consumo de energia elétrica mais que duplicou
do ano de 1990 a 2012 (Figura 2). Esse acréscimo ocorreu, principalmente, devido à
maior estabilidade econômica obtida com o Plano Real, à manutenção das condições
econômicas favoráveis e às políticas de distribuição de renda (BRASIL, 2013).
Figura 2 – Gráfico da variação do índice de consumo de energia elétrica no setor residencial brasileiro
Fonte: (BRASIL, 2013).
Após a criação do RTQ-C e do RTQ-R, uma das propostas do PROCEL Edifica,
determinada em 2011 pelo Plano Nacional de Eficiência Energética, é de tornar
16
obrigatória a etiquetagem de edificações públicas em um horizonte de 10 anos, de
edificações comerciais em 15 anos e de edificações residenciais em 20 anos (BRASIL,
2011).
Na direção de tornar a etiquetagem compulsória a Instrução Normativa IN
02/2014, obriga a obtenção de Etiqueta Nível A para edifícios públicos federais novos
ou que passem por obras de reformulação (BRASIL, 2011).
Ainda, de acordo com o relatório de indicadores do American Council for an
Energy-Efficient Economy (2014), uma das áreas que mais exige melhoria de
eficiência energética no Brasil é a esfera de construções residenciais e comerciais.
Segundo o relatório, isso ocorre por que na contramão de políticas públicas de países
como Austrália, França e Espanha, no Brasil não há um código obrigatório para
eficiência energética em edificações.
Por fim, a eficiência energética também representa uma preferência de compra
do consumidor. Em pesquisa realizada pelo Instituto Akatu, quando perguntados
sobre os fatores mais importantes na decisão de compra de produtos iguais de mesmo
valor, o item com maior relevância foi relacionado ao comprometimento da empresa
com a redução de consumo de energia (INSTITUTO AKATU, 2013).
17
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
De acordo com Kappaun (2015), o envelope da edificação é responsável pelas
trocas térmicas entre o meio externo e interno do ambiente, assim, torna-se importante
o estudo e o conhecimento acerca das propriedades térmicas dos materiais de sua
envoltória.
As recomendações de materiais utilizados nas construções, geralmente, são
baseadas somente em uma de suas características térmicas, porém, essas sugestões
deveriam levar em conta todas as suas propriedades, já que cada material possui uma
gama de atributos que os torna únicos. Por exemplo, dois materiais distintos, mas com
mesmo valor de condutibilidade térmica, podem apresentar diferente desempenho
térmico se tiverem valores díspares de calor específico ou densidade (CRUZ, 2002).
2.1.1 Calor específico
De acordo com Cruz (2002), o calor específico (c) caracteriza a capacidade do
material de acumular calor. Seu valor expressa a quantidade de energia necessária
para que 1 grama de material sofra uma variação de 1 grau de temperatura. Sua
unidade no SI é J/(kg.K).
Nos materiais de construção não há uma grande variação dessa propriedade,
que usualmente encontra-se entre 500 e 2.000 J/(kg.K). De modo geral, poucos
materiais apresentam valores fora dessa margem, com exceção da água, cujo calor
específico é de 4.187 J/(kg.K), tornando-a um bom meio de armazenamento térmico.
2.1.2 Condutividade térmica
De acordo com Cruz (2002), a condutividade térmica () expressa a capacidade
do material de conduzir calor. A NBR 15.520 (2005a) caracteriza a condutividade
térmica como uma propriedade física de um material homogêneo no qual se verifica
um fluxo de calor constante, com densidade de 1 W/m², quando submetido a um
18
gradiente de temperatura uniforme de 1 Kelvin por metro. Sua unidade no SI é
W/(m.K).
A condutividade térmica apresenta valores menores em materiais menos
densos, devido a existência de ar aprisionado nos seus poros. Dessa forma, quanto
menor a densidade do material, menor sua condutividade térmica e pior condutor ele
será (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2014).
2.1.3 Resistência térmica
De acordo com Lamberts, Dutra e Pereira (2014), a resistência térmica (RT) de
um material expressa a sua capacidade de resistir ou opor-se a passagem de calor.
O valor da resistência térmica de um material sofre variações de acordo com a sua
espessura e a sua condutividade térmica. Quanto maior for a condutividade térmica
de um material e menor for sua espessura, maior será a quantidade de calor
transferida entre suas superfícies e, consequentemente, menor será sua resistência
térmica. Sua unidade no SI é (m².K)/W.
2.1.4 Transmitância térmica
A transmitância térmica (U) é considerada o inverso da resistência térmica,
portanto, é uma propriedade física dos materiais relacionada à permissão de
passagem de energia. Esta propriedade é definida como a transmissão de calor
através de uma área unitária de um elemento ou componente construtivo. Sua
unidade no SI é W/(m².K). (BRASIL, 2012).
2.1.5 Capacidade térmica
Segundo a ABNT (2005a), a capacidade térmica (CT) é a quantidade de calor
necessária para variar em uma unidade a temperatura de um sistema. Sua unidade
no SI é J/(m².K). Essa propriedade indica a capacidade de retenção de calor de um
componente, variando de acordo com a sua espessura, calor específico e densidade.
19
2.1.6 Inércia térmica e atraso térmico
De acordo com Papst (1999), a inércia térmica é a capacidade de uma
edificação armazenar calor em sua estrutura e dissipar esse calor ao longo do tempo.
Uma edificação com baixa inércia térmica apresenta, em condições naturais, sempre
uma temperatura interna semelhante a temperatura externa. Por outro lado, se fosse
possível obter uma inércia infinita, a temperatura interna permaneceria sempre
constante. A razão entre o calor absorvido e o calor armazenado nos materiais da
edificação são dependentes da capacidade térmica do material que compõe a
envoltória.
Em edificações, o calor armazenado nas estruturas ao longo do dia é devolvido
ao ambiente somente a noite, quando as temperaturas diminuem. Da mesma forma,
a estrutura resfriada ao longo da noite mantém-se fria durante parte do dia. Assim,
esta característica pode diminuir a amplitude entre as temperaturas internas e
externas, sendo, portanto, uma propriedade desejável às construções situadas em
locais com variações climáticas acentuadas (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2014).
De acordo com Lamberts, Dutra e Pereira (2014), a diminuição na amplitude
das temperaturas recebe o nome de amortecimento (µ). Já a diferença de tempo entre
o pico de temperatura no ambiente externo e o pico de temperatura no ambiente
interno constitui o atraso térmico (φ) (Figura 3).
Figura 3 – Ilustração gráfica das propriedades de amortecimento e atraso térmico
Fonte: Do autor, 2016.
20
2.2 PROGRAMAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
A preocupação com a eficiência energética se intensificou na década de 1970,
após a crise do petróleo. A percepção da escassez desse recurso, juntamente com a
elevação de seu preço, abriu espaço para a promoção de ações voltadas à
conservação dessa matriz e a uma maior eficiência no uso de seus derivados
(BRASIL, 2011).
De acordo com Carlo (2008), posteriormente à crise, diversos países lançaram
programas de incentivo à redução do consumo de energia, resultando mais tarde na
criação de normas de eficiência energética, como a norma americana Standard 90 –
Energy Conservation in New Building Design e a norma californiana Title 24 de 1978.
No Brasil, o incentivo à redução do consumo de energia, à maior eficiência, à
redução das perdas e um melhor desempenho dos sistemas, tem por base programas
governamentais e um arcabouço legal que se aplica aos mais variados segmentos,
do gerador de energia até o consumidor final (SANTOS; SOUZA, 2008).
2.2.1 Programa de Promoção da Conservação de Energia
O Programa de Promoção da Conservação de Energia (CONSERVE) foi criado
em 1981 para atender exigências relativas à conservação de energia na indústria, ao
desenvolvimento de produtos e processos mais eficientes e ao estímulo à substituição
de petróleo importado por fontes alternativas autóctones.
De acordo com o Plano Nacional de Eficiência Energética, o objetivo do
programa era estimular a conservação e a substituição de óleo combustível
consumido, principalmente, na indústria siderúrgica, de cimento e de papel e celulose
(BRASIL, 2011)
De acordo com De Souza, Guerra e Kruguer (2011), já no ano de seu
lançamento o CONSERVE foi responsável por um decréscimo de aproximadamente
18% no consumo industrial de óleo combustível. Porém, a distorção sofrida pelo
programa e os obstáculos enfrentados no seu desenvolvimento impediram que o
objetivo inicial fosse alcançado.
21
Segundo Martins, Aguiar e Haddad (1999), com o aumento da utilização da
eletricidade no setor industrial ocorreu a transferência de responsabilidade sobre a
conservação de energia para o setor elétrico.
2.2.2 Programa Brasileiro de Etiquetagem
Em 1984 o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
(INMETRO) implementou o Programa de Conservação de Energia Elétrica em
Eletrodomésticos com o objetivo de promover a redução do consumo de energia em
equipamentos eletrodomésticos como condicionadores de ar, geladeiras e
congeladores.
Mais tarde, o programa teve seu nome alterado para Programa Brasileiro de
Etiquetagem (PBE) e agregou-se ao objetivo inicial a criação de índices de segurança
e o estabelecimento de ações para definição de indicadores mínimos de eficiência
energética (BRASIL, 2011)
Através do programa, os produtos são ensaiados e recebem a Etiqueta
Nacional de Conservação de Energia (ENCE) com faixas coloridas que os diferenciam
de acordo com o nível de eficiência energética (Figura 4).
Figura 4 – Exemplo de ENCE para edificações residenciais
Fonte: (BRASIL, 2010).
22
A partir da Lei nº 10.295, publicada em 17 de outubro de 2001, conhecida como
Lei de Eficiência Energética, o INMETRO, que estabelecia a etiquetagem de forma
voluntária, tornou o programa compulsório para produtos eletrodomésticos
consumidores de energia elétrica.
2.2.3 Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica
O Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL) é um
programa de governo coordenado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e
executado pela Eletrobras. Foi instituído em 30 de dezembro de 1985 para promover
o uso eficiente da energia elétrica e combater o seu desperdício.
De acordo com De Souza, Guerra e Kruguer (2011), o programa passou por
três fases desde a sua criação. Até 1989 observaram-se questões relacionadas a
pesquisa e desenvolvimento tecnológico, promoção de suporte tecnológico ao setor
industrial e promoção da conservação de energia elétrica pela normalização,
padronização e certificação de equipamentos.
Mais tarde, através de um decreto presidencial, o PROCEL foi transformado
em programa de governo, tendo suas responsabilidades ampliadas, articulando-se
com todos os segmentos da sociedade direta ou indiretamente ligados ao uso e
produção de energia elétrica
Na terceira fase, o PROCEL foi reestruturado e seu objetivo passou a ser a
incorporação de ações de eficiência energética no sistema elétrico. Destaca-se a
redução de perdas dos sistemas de geração, transmissão e distribuição de energia
elétrica e, sobretudo, na definição objetiva dos potenciais e prioridades de
conservação de energia elétrica em curto prazo.
Entre outros subprogramas existentes, foi instaurado em 2003 o programa
PROCEL Edifica, voltado para ações de eficiência energética em edificações. Seu
propósito é introduzir os conceitos de eficiência energética na cultura construtiva
nacional, desenvolver a utilização de tecnologias energicamente eficientes e
desenvolver leis de eficiência energética (ELETROBRAS, 2009).
23
2.2.3.1 O Selo PROCEL
Instituído em 1993, o Selo PROCEL (Figura 5) premia os produtos com as
melhores classificações de eficiência energética em uma determinada categoria.
Desta forma, o selo informa ao consumidor, no ato da compra, os produtos que
apresentam os melhores níveis de eficiência energética. O objetivo é estimular a
fabricação e a comercialização de produtos mais eficientes, contribuindo para o
desenvolvimento tecnológico e à redução de impactos ambientais (DIAS, 2010).
Figura 5 – Selo PROCEL
Fonte: (BRASIL, 2010).
2.2.4 Lei de Eficiência Energética
Em decorrência do racionamento de energia elétrica no ano de 2001, o
Congresso Nacional aprovou um projeto de lei sobre eficiência energética que
tramitava há mais de 10 anos no Senado. A Lei nº 10.295, promulgada em outubro de
2001, ficou então conhecida como Lei de Eficiência Energética (DAVID, 2013).
Esta legislação dispõe sobre a política nacional de conservação e uso racional
de energia. A lei incumbe ao Poder Executivo estabelecer os níveis máximos de
consumo e mínimo de eficiência energética de aparelhos, máquinas ou produtos
consumidores de energia. De acordo com a lei, cabe também ao Poder Executivo
desenvolver mecanismos para promover a eficiência energética em edificações
construídas no país (BRASIL, 2011).
24
2.3 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM EDIFICAÇÕES
O consumo de energia em edificações resulta da utilização de equipamentos
eletrodomésticos, de sistemas de iluminação artificial e de aparelhos para
condicionamento de ar. Dessa forma, o grau de consumo está relacionado a variáveis
que interferem nesses sistemas, como a envoltória da edificação, responsável pelas
trocas térmicas entre os ambientes interno e externo (CARLO, 2008)
De acordo com Lamberts, Dutra e Pereira (2014), a eficiência energética é uma
propriedade característica da edificação, representando seu potencial de oferecer
conforto térmico, visual e acústico com baixo consumo de energia. Assim, pode-se
dizer que um edifício é mais eficiente que outro, do ponto de vista energético, quando
provém as mesmas condições ambientais com menor consumo de energia.
A Figura 6 ilustra o percentual de consumo de energia elétrica no setor
residencial na região sul do Brasil, com destaque para o condicionamento ambiental.
Figura 6 – Gráfico do consumo percentual de energia elétrica, por aparelho, em
residências na região sul do Brasil
Fonte: Adaptação de Eletrobras (2009).
25
Até o final da década de 1980 o foco das pesquisas sobre o desempenho de
edificações estava voltado mais ao aspecto conceitual, somente mais tarde, a partir
da década de 1990, voltou-se à aplicação do conceito de desempenho na concepção
e execução das construções (BORGES, 2008).
Algumas instituições internacionais se destacaram no desenvolvimento desses
conceitos, sendo elas: a American Society for Testing and Materials (ASTM), o
International Council for Research and Innovation in Building and Construction (CIB)
e a International Organization for Standardization (ISO) (ROMAN et al., 2003).
Os sistemas de etiquetagem e classificação de eficiência energética tornaram-
se uma tendência mundial. No Brasil, a fim de regulamentar o programa de
etiquetagem em edificações, o Laboratório de Eficiência Energética em Edificações
(LabEEE) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em parceria com o
INMETRO e com a Eletrobras, estava desenvolvendo desde 2004 o Regulamento
Técnico de Qualidade para o Nível de Eficiência em Edificações Comerciais, de
Serviços e Públicas (RTQ-C), publicado no ano de 2009.
Mais tarde, em 2010, foi publicado o Regulamento Técnico de Qualidade para
o Nível de Eficiência em Edificações Residenciais (RTQ-R). Esse tem como base
cálculos que consideram a envoltória da edificação, o sistema de iluminação, o
sistema de ar condicionado e o sistema de aquecimento de água, de acordo com a
zona bioclimática da edificação (MATOS, 2012)
2.3.1 Zoneamento bioclimático
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), através da norma NBR
15.220-3:2005, propõe a divisão do território brasileiro em oito zonas, relativamente
homogêneas, quanto aos elementos climáticos que interferem nas relações entre
ambiente construído e conforto humano.
Para o estabelecimento de cada zona bioclimática foi considerada a
semelhança das áreas de acordo com as médias das temperaturas máximas e
mínimas e as médias mensais da umidade relativa do ar. A distribuição das oito zonas
bioclimáticas brasileiras podem ser observadas na Figura 7.
.
26
Figura 7 – Zoneamento bioclimático brasileiro
Fonte: (ABNT, 2005c).
A norma ainda recomenda, para cada zona bioclimática, características
construtivas relativas as dimensões e proteções de aberturas, tipos de materiais de
vedação externa e estratégias de condicionamento térmico da edificação.
Para a zona bioclimática 2, onde se encontra a cidade de Santa Maria – RS,
recomenda-se aberturas com dimensões médias, que permitam sol durante o inverno,
paredes leves e cobertura leve e isolada.
Como estratégia de condicionamento térmico passivo sugere-se ventilação
cruzada, para o verão, e edificação com aquecimento solar e vedações internas
pesadas, para o inverno
27
2.4 O REGULAMENTO TÉCNICO DE QUALIDADE PARA O NÍVEL DE EFICIÊNCIA
EM EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS (RTQ – R)
O RTQ-R especifica requisitos técnicos, bem como os métodos utilizados para
classificação de edificações residenciais quanto à eficiência energética. Seu objetivo
é criar condições para a etiquetagem do nível de eficiência energética de edificações
residenciais unifamiliares e multifamiliares.
Em edificações de uso misto, cada parcela de ocupação é avaliada
separadamente. Como exemplo, em edificações cuja torre é de apartamentos e a
base contém lojas, a torre será avaliada pelo RTQ-R e a base pelo RTQ-C.
As edificações unifamiliares e as unidades habitacionais autônomas (UHs) são
classificadas com base na avaliação do desempenho térmico da envoltória e do
sistema de aquecimento de água, podendo contar ainda com bonificações referentes
à ventilação, iluminação, uso racional de água e sistemas refrigeradores e
condicionadores.
Nas edificações multifamiliares, objeto de estudo do presente trabalho, a
classificação do nível de eficiência é o resultado da ponderação da classificação de
suas UHs pela sua área útil (Figura 8). A pontuação obtida após a ponderação irá
definir a classificação final da edificação multifamiliar, de acordo com a Tabela 1.
Figura 8 – Ponderação das UHs para determinação do equivalente numérico de uma edificação multifamiliar
Fonte: Adaptação de Lamberts, Dutra e Pereira (2014).
28
Tabela 1 - Classificação do nível de eficiência de acordo com a pontuação obtida
Pontuação (PTUH) Nível de eficiência
PTUH ≥ 4,5 A
3,5 ≤ PTUH < 4,5 B
2,5 ≤ PTUH < 3,5 C
1,5 ≤ PTUH < 2,5 D
PTUH < 1,5 E
Fonte: (BRASIL, 2010).
De acordo com o RTQ-R, cada região geográfica apresenta pesos distintos
para a pontuação da unidade habitacional autônoma (PTUH). Dessa forma, o
equivalente numérico da envoltória (EqNumEnv) ou o equivalente numérico do
sistema de aquecimento de água (EqNumAA) podem ter mais ou menos influência no
resultado final, dependendo da localização da edificação.
A Equação 1 demonstra o cálculo para obtenção da PTUH, seguida pela Tabela
2, que demonstra os valores do coeficiente de ponderação para cada região.
PTUH = (a × EqNumEnv) + [(1 − a) × EqNumAA] + Bonificações1 (1)
Tabela 2 – Coeficientes da Equação 1 de acordo com a região geográfica
Coeficiente Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul
a 0,95 0,90 0,65 0,65 0,65
Fonte: (BRASIL, 2010).
O equivalente numérico (EqNum) é um número representativo da eficiência ou
do desempenho de um sistema. O número de pontos obtidos equivale ao nível de
eficiência de cada requisito, atribuídos conforme a Tabela 3.
1 As bonificações são pontuações extras atribuídas a iniciativas que aumentem a eficiência da
edificação, definidas no item 2.4.4.
29
Tabela 3 – Relação do equivalente numérico (EqNum) com o nível de eficiência
EqNum Nível de eficiência
5 A
4 B
3 C
2 D
1 E
Fonte: (BRASIL, 2010).
O regulamento permite que a avaliação da edificação ocorra através de dois
métodos distintos: utilizando simulação computacional, com auxílio de softwares como
o EnergyPlus, ou através do método prescritivo, aplicado nesse trabalho, no qual são
utilizadas equações que variam de acordo com a zona bioclimática da edificação.
2.4.1 Pré-requisitos gerais
De acordo com o RTQ-R, para obtenção dos níveis de eficiência A ou B,
havendo mais de uma unidade habitacional autônoma no mesmo lote, a UH deve
possuir medição individualizada de eletricidade e de água. O não atendimento desse
pré-requisito não impede a classificação das UHs, mas estabelece o limite de
obtenção de nível C na avaliação da edificação.
2.4.2 Avaliação da envoltória
2.4.2.1 Pré-requisitos da envoltória
Os pré-requisitos da envoltória estão relacionados às características térmicas
das superfícies e às características físicas relativas à iluminação e ventilação natural.
O não atendimento destes pré-requisitos implica em obtenção máxima do nível C nos
equivalentes numéricos da envoltória de cada ambiente analisado.
30
Os pré-requisitos de transmitância térmica, capacidade térmica e absortância
solar devem ser atendidos de acordo com a zona bioclimática em que a edificação se
localiza, conforme valores estabelecidos no RTQ-R, a partir de índices da NBR 15.575
(ABNT, 2013a; ABNT, 2013b).
Nas zonas bioclimáticas 2 a 8, a UH deve possuir ventilação cruzada
proporcionada pelas aberturas externas da edificação. Deve ser observada a
existência de percentual de áreas mínimas de abertura para ventilação, a partir de
percentuais estabelecidos na NBR 15.575 (ABNT, 2013b).
O acesso à iluminação natural em ambientes de permanência prolongada, bem
como na maioria dos banheiros, deve ser garantido por uma ou mais aberturas para
o exterior. A soma das áreas de aberturas para iluminação natural de cada ambiente
deve corresponder a, no mínimo, 12,5% da área útil do ambiente.
2.4.2.2 Determinação da eficiência da envoltória
De acordo com Morishita (2011), o RTQ-R avalia a envoltória das edificações
sob três aspectos: eficiência para resfriamento, que corresponde ao desempenho em
dias quentes; eficiência para aquecimento, que corresponde ao desempenho em dias
frios; e eficiência para refrigeração, que corresponde ao desempenho quando
condicionada artificialmente.
O equivalente numérico da envoltória para resfriamento (EqNumEnvResfr) e o
equivalente numérico da envoltória para aquecimento (EqNumEnvA) são obtidos
através da ponderação dos equivalentes numéricos da envoltória dos ambientes
(EqNumEnvAmb) pelas áreas uteis dos mesmos.
O equivalente numérico da envoltória do ambiente para resfriamento
(EqNumEnvAmbResfr) é obtido através do indicador de graus-hora para resfriamento
(GHR) e o equivalente numérico da envoltória do ambiente para aquecimento
(EqNumEnvAmbA) é obtido através do consumo relativo de aquecimento (CA). Os
cálculos para determinação dos indicadores GHR e CA encontram-se no Anexo A e
Anexo B deste trabalho.
Por fim, o equivalente numérico da envoltória do ambiente quando
condicionados artificialmente (EqNumEnvRefrig) é obtido através do consumo relativo
31
para refrigeração (CR), mas apenas em caráter informativo, já que não influencia na
determinação da pontuação de desempenho da edificação.
Para a obtenção da classificação da envoltória da UH como um todo, deve-se
proceder a ponderação dos equivalentes numéricos de resfriamento e aquecimento
de acordo com a zona bioclimática da edificação (Tabela 4).
Tabela 4 – Distribuição de pesos de acordo com a zona bioclimática
Zona Bioclimática EqNumEnvResfr EqNumEnvA
ZB 1 0,08 0,92
ZB 2 0,44 0,56
ZB 3 0,64 0,36
ZB 4 0,68 0,32
ZB 5, 6, 7 e 8 1,00 0,00
Fonte: (MORISHITA, 2011).
Para a zona 2, por exemplo, multiplica-se o EqNumEnvResfr por 0,44 e o
EqNumEnvA por 0,56. A soma dos valores obtidos resultará no equivalente numérico
da envoltória da unidade habitacional. A Figura 9 ilustra a estrutura da determinação
do equivalente numérico da envoltória para uma zona bioclimática qualquer.
Figura 9 - Estrutura da determinação do equivalente numérico da envoltória
Fonte: Adaptação de Brasil (2010).
32
2.4.3 Avaliação do sistema de aquecimento de água
Na avaliação do sistema de aquecimento de água são considerados apenas as
instalações totalmente entregues pelo empreendedor, portanto, são desconsideradas
as esperas para futuras instalações (BRASIL, 2010).
Os sistemas de aquecimento de água avaliados pelo método prescritivo do
RTQ-R são: o sistema elétrico, a gás, solar e bomba de calor. Na existência de mais
de um sistema instalado, o equivalente numérico final de aquecimento de água
(EqNumAA) é obtido através da ponderação da eficiência obtida por cada sistema
pela respectiva demanda de água quente.
2.4.3.1 Pré-requisitos do sistema de aquecimento de água
Como pré-requisito para obtenção dos níveis A ou B, o projeto de instalação
predial de água quente deve comprovar que as tubulações metálicas do sistema
possuem isolamento térmico com espessura mínima conforme a Tabela 5.
Tabela 5 – Espessura mínima de isolamento para tubulações metálicas de água quente
Temperatura da água (ºC)
Condutividade térmica (W/m.K)
Diâmetro nominal da tubulação (mm)
< 40mm ≥ 40
T ≥ 38 0,032 a 0,040 1,0 cm 2,5 cm
Fonte: (BRASIL, 2010).
Nas tubulações não metálicas a espessura mínima do isolamento deve ser de
1,0 cm, para qualquer diâmetro nominal de tubulação, com condutividade térmica
entre 0,032 e 0,040 W/(m.K).
2.4.3.2 Determinação da eficiência do sistema de aquecimento solar
O nível de eficiência obtido para o sistema de aquecimento solar é resultado da
porcentagem equivalente à fração solar anual, de acordo com a Tabela 6. O cálculo
33
da fração solar ocorre através da razão entre energia útil mensal coletada (kWh/mês)
e a demanda de energia (kWh/mês), de acordo com a NBR 15.569: Sistema de
aquecimento solar de água em circuito direto – Projeto e instalação. (ABNT, 2008).
Tabela 6 – Classificação de eficiência para sistemas de aquecimento solar
Dimensionamento Classificação
Equivalente a fração solar anual mínima de 70% A
Equivalente a fração solar anual entre 60% e 69% B
Equivalente a fração solar anual entre 50% e 59% C
Equivalente a fração solar anual menor que 50% D
Fonte: (BRASIL, 2010).
2.4.3.3 Determinação da eficiência do sistema de aquecimento a gás
Para sistemas de aquecimento a gás natural (GN) ou gás liquefeito de petróleo
(GLP), o nível de eficiência é obtido de acordo com a classificação da Etiqueta
Nacional de Conservação de Energia (ENCE) do aparelho (BRASIL, 2010).
2.4.3.4 Determinação da eficiência do sistema de aquecimento elétrico
Para sistemas de aquecimento elétrico de passagem, nos quais estão incluídos
os chuveiros elétricos, o nível de eficiência é obtido de acordo com a potência (W) do
aparelho, sendo denominada a classificação E para equipamentos com potência
superior a 4.600 W e D para equipamento com potência inferior.
2.4.3.5 Determinação da eficiência do sistema de aquecimento por bombas de calor
Para sistemas que utilizam bombas de calor, o nível de eficiência é obtido de
acordo com o coeficiente de performance (COP) do equipamento (em unidades de
W/W), de acordo com a Tabela 7.
34
Tabela 7 – Nível de eficiência para bombas de calor.
COP (W/W) Classificação
≥ 3,0 A
Entre 2,0 e 3,0 B
< 2,0 C
Fonte: (BRASIL, 2010).
2.4.4 Bonificações
As bonificações são pontuações atribuídas a iniciativas que aumentem a
eficiência da edificação. A unidade habitacional pode receber até 1,00 ponto em sua
classificação geral através das bonificações.
2.4.4.1 Bonificação de ventilação natural
Recebem 0,12 pontos de bonificação as UHs que apresentarem a relação entre
a área efetiva de abertura para ventilação e a área da fachada (porosidade) superior
a 20% em no mínimo duas fachadas com orientações distintas. Em edifícios verticais,
o percentual pode ser reduzido em função do pavimento da edificação (Tabela 8).
Tabela 8 – Coeficiente de redução de porosidade
Pavimento Altura da abertura (m) Coeficiente de redução
3º 7,5 0,8
4º e 5º 10,5 a 13,5 0,7
6º, 7º e 8º 16,5 a 22,5 0,6
Superior ao 9º Superior a 25,5 0,5
Fonte: (BRASIL, 2010).
São atribuídos 0,16 pontos de bonificação às UHs que apresentarem, em todos
os ambientes de permanência prolongada, dispositivos especiais (como venezianas
35
móveis, peitoris ventilados, torres de vento e outros), que favoreçam o desempenho
da ventilação natural mas permitam o controle da luz natural, da incidência de chuvas
e dos raios solares e a manutenção da privacidade.
Recebem 0,06 pontos de bonificação as UHs que apresentarem, em todos os
ambientes de permanência prolongada, existência de aberturas externas cujo vão livre
tenha o centro geométrico localizado entre 0,40 e 0,70 m medidos a partir do piso.
Atribui-se 0,06 pontos de bonificação às UHs da zona bioclimática 8 que
apresentarem, em todos os ambientes de permanência prolongada, aberturas
intermediárias (portas ou rasgos) passíveis de fechamento com permeabilidade em
relação à circulação do ar, com abertura de, no mínimo, 30% da área da abertura da
mesma quando fechada.
2.4.4.2 Bonificação de iluminação natural
Recebem 0,10 pontos de bonificação as UHs que apresentarem, em cada
ambiente de permanência prolongada, cozinha e área de serviço, refletância do teto
acima de 60%.
São atribuídos 0,20 pontos de bonificação às UHs que apresentarem, na
maioria dos ambientes de permanência prolongada, cozinha e área de serviço,
profundidade máxima (P) inferior a 2,4 vezes a distância medida entre o piso e o topo
da abertura para iluminação (ha).
2.4.4.3 Bonificação de uso racional de água
A bonificação para uso racional de água é obtida através da combinação de
sistemas e equipamentos tais como: torneira com arejadores ou temporizadores,
chuveiros com regulador de pressão, sanitários com descarga de duplo acionamento,
mictórios com sensores, reuso de águas cinzas e aproveitamento de água pluvial para
descarga de bacias sanitárias, irrigação de jardins, limpeza de áreas externas e
fachadas.
36
2.4.4.4 Bonificação de condicionamento artificial de ar
Recebem até 0,20 pontos de bonificação as UHs que atingirem nível A de
eficiência quando condicionada artificialmente. A pontuação é atribuída
proporcionalmente ao número de ambientes de permanência prolongada que
possuem condicionadores de ar com nível A na ENCE.
2.4.4.5 Bonificação de iluminação artificial
Atribuem-se 0,10 pontos de bonificação às UHs que possuírem, em todos os
ambientes, 100% das fontes de iluminação artificial com eficiência superior a 75 lm/W
ou com Selo Procel. Caso 50% das fontes de iluminação artificial apresente eficiência
superior a 75 lm/W ou seja detentora do Selo Procel a edificação recebe 0,5 pontos.
2.4.4.6 Bonificação de ventiladores de teto
São atribuídos 0,10 pontos de bonificação às UHs das zonas bioclimáticas 2 a
8 que possuírem, em pelo menos dois terços dos ambientes de permanência
prolongada, ventiladores de teto com Selo Procel.
2.4.4.7 Bonificação de refrigeradores
Recebem 0,10 pontos de bonificação as UHs que tiverem instalados
refrigeradores com ENCE nível A ou Selo Procel e garantir as condições adequadas
de instalação conforme recomendações do fabricante, especificamente no que se
refere à distância mínima recomendada para ventilação da serpentina trocadora de
calor externa.
2.4.4.8 Bonificação de medição individualizada
São atribuídos 0,10 pontos de bonificação às UHs que possuem sistema central
de aquecimento de água com medição individualizada.
37
3 METODOLOGIA
O presente trabalho é uma pesquisa qualitativa, caracterizada por um estudo
de caso exploratório e descritivo. Visa-se avaliar a eficiência energética de uma
edificação multifamiliar na cidade de Santa Maria – RS. Para tal fim, aplicou-se o
procedimento de avaliação estabelecido no RTQ-R.
O início desse trabalho ocorreu a partir da revisão bibliográfica apresentada no
capítulo anterior, quando foi possível obter conhecimento mais aprofundado sobre o
tema abordado, e dessa maneira, embasar o desenvolvimento das etapas seguintes.
Para possibilitar a aplicação do método prescritivo do RTQ-R, primeiramente
segue a definição e a descrição do objeto de estudo. As informações do
empreendimento foram levantadas através do projeto arquitetônico, dos projetos
complementares e através da presença na obra, no período de março a julho de 2016.
Posteriormente, foram definidos os valores das características térmicas dos
materiais e das composições da envoltória da edificação, bem como as informações
referentes às características físicas das aberturas externas.
A determinação da zona bioclimática da edificação ocorreu através do software
ZBBR, desenvolvido pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). Para o
cálculo dos equivalentes numéricos de eficiência foi utilizada a planilha fornecida pelo
Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO), que automatiza
os resultados para cada ambiente analisado.
Porém, a planilha foi utilizada apenas até o momento que precede a análise
dos pré-requisitos, sendo os cálculos realizados manualmente a partir desta etapa,
visto que há um erro no algoritmo de cálculo para esses valores.
A ponderação dos resultados dos equivalentes numéricos de cada ambiente,
em todas as unidades habitacionais da edificação, resultou em uma classificação
quanto à eficiência energética de cada apartamento e do edifício como um todo.
A partir da apresentação dos resultados obtidos no estudo de caso, são
expostas a análise dos resultados, as conclusões do trabalho e indicadas sugestões
para futuras pesquisas.
38
4 OBJETO DE ESTUDO
4.1 LOCALIZAÇÃO
A edificação está situada na área central do município de Santa Maria – RS
(Figura 10). A cidade possui uma área de 1.781,757 km² e, por se localizar
geograficamente no centro do estado, é conhecida como o município coração do Rio
Grande do Sul. Segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) a população da cidade em 2015 era de 261.031 habitantes.
Figura 10 – Localização da edificação estudada
Fonte: Adaptação de Abreu (2006).
4.2 DESCRIÇÃO DA EDIFICAÇÃO
A edificação avaliada nesse trabalho refere-se a um edifício multifamiliar de uso
misto, comercial e residencial, com 16.091,08m² de área construída. O
empreendimento é constituído de torre única com 17 pavimentos, sendo 3 pavimentos
subsolos, pavimento térreo, pavimento mezanino, 10 pavimentos de apartamentos,
pavimento social e pavimento técnico. A fachada da edificação, bem como seus
pavimentos, pode ser observada na Figura 11.
39
Figura 11 – Fachada da edificação com seus respectivos pavimentos
Fonte: Do autor, 2016.
Nos subsolos da edificação encontram-se o acesso ao jardim dos fundos,
escadaria de acesso ao térreo, casa de máquinas do sistema de pressurização,
elevadores, reservatórios inferiores, depósito das lojas e vagas de garagem cobertas.
O pavimento térreo conta com escadaria de acesso ao subsolo, escadarias
pressurizadas para acesso aos pavimentos superiores, elevadores e vagas de
garagem cobertas. Possui ainda subestação de energia, medidores de consumo de
energia elétrica, hall de acesso, circulação e 3 áreas comerciais.
O pavimento mezanino configura a transição dos pavimentos inferiores para o
tipo, contêm vagas de garagem cobertas, escadarias, elevadores e a área de
mezanino das lojas com acesso público.
40
O pavimento tipo se repete nove vezes, sendo que cada andar possui 15
apartamentos. O décimo primeiro pavimento também é de apartamentos mas possui
uma unidade a menos, visto que há um loft duplex no 10º andar da edificação.
No pavimento social, o décimo segundo andar, está a área de uso comum do
edifício, onde encontram-se a piscina, terraços descobertos, espaço gourmet,
academia, sala de massagem, salão de festas, churrasqueira e capela.
No último pavimento, denominado pavimento técnico, encontram-se os
reservatórios superiores, casa de máquinas dos elevadores e sistema de sucção de
fumaça das chaminés das churrasqueiras.
4.3 UNIDADES HABITACIONAIS
Ao todo a edificação possui 149 unidades habitacionais, são 15 apartamentos
por pavimento com exceção do 11º andar, que conta com uma unidade a menos
devido ao loft duplex. No empreendimento existem 3 tipologias de apartamentos, suas
configurações ocorrem de acordo com a Tabela 9 e encontram-se ilustradas pela
Figura 12.
Tabela 9 – Tipologias das unidades habitacionais autônomas
Tipo Ambientes Área útil
Tipo 1 2 quartos (1 suíte)
Banheiro social Sala, cozinha e área de serviço.
57,23 m²
Tipo 2 2 quartos
Banheiro social Sala, cozinha e área de serviço.
42,42 m²
Tipo 3 1 quarto
Banheiro social Sala, cozinha e área de serviço.
27,29 m² a 33,34 m²
Fonte: Do autor, 2016.
41
Figura 12 – Tipologias das unidades habitacionais autônomas
Fonte: Do autor, 2016.
A Figura 13, abaixo, demonstra a sequência numérica das unidades
habitacionais autônomas (UHs) da edificação.
Figura 13 – Numeração das unidades habitacionais autônomas
Fonte: Do autor, 2016.
4.4 ENVOLTÓRIA
Nas paredes externas da edificação, na caixa de escada e no poço do elevador
foi utilizado o bloco de concreto celular autoclavado. Nas paredes internas e peitoris
de sacada foi utilizado o bloco estrutural cerâmico. As características de cada bloco,
bem como suas propriedades, estão indicadas na Tabela 10.
42
Tabela 10 – Propriedades dos blocos da envoltória
Bloco de concreto celular autoclavado Bloco estrutural cerâmico
15 cm x 30 cm x 60 cm 14 cm x 19 cm x 29 cm
: 500 kg/m³ : 1957 kg/m³
: 0,17 W/(m.K) : 1,05 W/(m.K)
c: 1 kJ/(kg.K) c: 0,92 kJ/(kg.K)
Fonte: Adaptação de ABNT (2005b).
Para a determinação das propriedades térmicas da composição das paredes,
o cálculo foi realizado de acordo com NBR 15.220-2:2005 - Desempenho térmico em
edificações – Parte 2: Métodos de cálculo da transmitância térmica, da capacidade
térmica, do atraso térmico e do fator solar de elementos e componentes de
edificações. Os cálculos destas propriedades encontram-se no Apêndice A, Apêndice
B e Apêndice C deste trabalho.
Por sua vez, para a determinação do índice de absortância da parede, o cálculo
foi realizado através do método proposto por Dornelles (2008). Os cálculos
encontram-se no Apêndice D deste trabalho. A Figura 14 resume os resultados
obtidos.
43
Figura 14 – Quadro das propriedades das paredes da edificação
Parede interna
U = 1,89 W/(m².K)
CT = 107,81 kJ/(m².k)
Parede externa com pintura clara
U = 1,10 W/(m².K)
CT = 151,69 kJ/(m².k)
α = 32,97%
Parede externa com revestimento marrom
U = 1,08 W/(m².K)
CT = 166,79 kJ/(m².k)
α = 65,3%
Fonte: Adaptação de ABNT (2005b).
44
A cobertura das unidades habitacionais é composta de placa de gesso distante
20 cm da laje que, por sua vez, é do tipo nervurada em duas direções, com enchimento
de poliestireno expandido (EPS). O bloco de EPS tem 20 cm de altura e acima desse
encontra-se uma camada de 5 cm de concreto.
No último pavimento, a cobertura voltada ao exterior contempla uma camada
extra de EPS sobre a laje, com existência de contrapiso e revestimento cerâmico,
conforme a Figura 15. Os cálculos de suas propriedades térmicas são demonstrados
no Apêndice E deste trabalho.
Figura 15 – Composição da cobertura da edificação voltada ao exterior
Fonte: Do autor, 2016.
4.5 ABERTURAS
Todas as janelas e porta-janelas são de alumínio com pintura eletrolítica na cor
branca e vidro liso incolor de 4 mm de espessura. De acordo com Lamberts, Dutra e
Pereira (2014), o valor da transmitância térmica de aberturas com estas
características é de 5,79 W/(m²K). As demais características das janelas instaladas
em cada ambiente, bem como as áreas consideradas para cálculo de ventilação e
iluminação, são apresentadas na Tabela 11.
45
Tabela 11 – Propriedades das aberturas das unidades habitacionais autônomas
Ambiente Imagem Descrição Áreas (m²)
Cozinha (final 01 e 06)
Janela de correr 4 folhas
2,50 m x 0,60 m
Área = 1,5 Iluminação = 1,2 Ventilação = 0,67
Dormitórios (final 01 a 06)
Janela veneziana 2 folhas
1,50 m x 1,20 m
Área = 1,8 Iluminação = 1,35 Ventilação = 0,72
Dormitórios (final 07 a 15)
Janela veneziana 2 folhas
1,20 m x 1,20 m
Área = 1,44 Iluminação = 1,08 Ventilação = 0,58
Sala de estar
Porta-janela 2 folhas
1,50 m x 2,20 m
Área = 3,3 Iluminação = 2,64 Ventilação = 1,48
Dormitório 1 (final 02 a 05)
Janela Veneziana 2 folhas
0,90 m x 1,70 m
Área = 1,53 Iluminação = 1,15
Ventilação = 0,61
Banheiro e
Cozinha (final 10, 11 e 12)
Janela Maxim-ar 0,60 m x 0,60 m
Área = 0,36 Iluminação = 0,29 Ventilação = 0,29
Fonte: Do autor, 2016.
46
5 AVALIAÇÃO DA EDIFICAÇÃO ATRAVÉS DO RTQ-R
Para determinação da eficiência energética da edificação, através do método
prescritivo do RTQ-R, foram avaliadas a eficiência da envoltória, do sistema de
aquecimento de água e foi verificada a obtenção de bonificações para cada unidade
habitacional autônom. Após esse processo foi possível obter uma classificação geral
do empreendimento.
Embora todas as UHs da do edifício tenham sido avaliadas através do mesmo
método, foi escolhido o apartamento 706 para demonstração. A planta baixa desse
apartamento pode ser vista no Anexo C deste trabalho.
5.1 DETERMINAÇÃO DA ZONA BIOCLIMÁTICA DA EDIFICAÇÃO
Para determinar com asserção a zona bioclimática da edificação foi necessário
utilizar o software ZBBR, versão 1.1 de 2004, desenvolvido pelo professor Maurício
Roriz da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). No software é inserida a
unidade federativa e a cidade do empreendimento. De acordo com a Figura 16,
conclui-se que Santa Maria – RS encontra-se na zona bioclimática 2.
Figura 16 – Captura de tela do software ZBBR
Fonte: Do autor, 2016.
47
5.2 VERIFICAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS GERAIS
De acordo com o RTQ-R para obtenção dos níveis de eficiência A ou B,
havendo mais de uma unidade habitacional autônoma no mesmo lote, estas devem
possuir medição individualizada de eletricidade e água. A edificação do estudo
contempla este pré-requisito, portanto está habilitada a receber nível A ou B de
eficiência energética.
5.3 AVALIAÇÃO DA ENVOLTÓRIA
5.3.1 Pré-requisitos da envoltória
5.3.1.1 Absortância solar, transmitância térmica e capacidade térmica
A Tabela 12 apresenta os pré-requisitos de absortância solar, transmitância
térmica e capacidade térmica dos componentes para a zona bioclimática 2. Caso
algum pré-requisito não seja atendido pela edificação permite-se a obtenção máxima
de nível C nos equivalentes numéricos da envoltória do ambiente para resfriamento
(EqNumEnvAmbResf), para aquecimento (EqNumEnvAmbA) e para refrigeração
(EqNumEnvAmbRefrig).
Tabela 12 – Pré-requisitos das paredes externas e coberturas
Zona Bioclimática
Componente Absortância
Solar (adimensional)
Transmitância térmica
[W/(m².K)]
Capacidade térmica
[kJ/(m².k)]
ZB 1 e ZB 2 Parede Sem exigência U ≤ 2,50 CT ≥ 130,00
Cobertura Sem exigência U ≤ 2,30 Sem exigência
Fonte: (BRASIL, 2010).
As paredes externas da edificação apresentam uma transmitância térmica (U)
de 1,10 W/(m².K) e capacidade térmica (CT) de 151,69 kJ/(m².k), portanto atende aos
pré-requisitos de características térmicas da envoltória.
48
5.3.1.2 Ventilação natural
Os ambientes de permanência prologada devem atender um percentual mínimo
de área de aberturas para ventilação. Caso contrário o ambiente avaliado recebe no
máximo nível C no equivalente numérico da envoltória do ambiente para resfriamento
(EqNumEnvAmbResfr).
Seguem, na Tabela 13, as áreas das aberturas do apartamento 706, bem como
a área de cada ambiente, excluída a área de circulação, para a verificação do
atendimento ao pré-requisito de abertura para ventilação.
Tabela 13 – Verificação do pré-requisito de ventilação natural
Ambiente Área de
piso Área de
ventilação Percentual de
ventilação Requisito Atende
Sala e Cozinha
28,86 m² 2,16 m² 7,35% 8,0% Não
Dormitório 8,70 m² 0,72 m² 8,28% 8,0% Sim
Suíte 10,14 m² 0,72 m² 7,10% 8,0% Não
Fonte: Do autor, 2016.
5.3.1.3 Iluminação natural
Para cumprir esse requisito, a soma das áreas de aberturas para iluminação
natural em cada ambiente de permanência prolongada deve ser maior que 12,5% da
área útil do ambiente, excluindo corredores. O não atendimento deste pré-requisito
implica em obtenção máxima de nível C no equivalente numérico da envoltória do
ambiente para resfriamento (EqNumEnvAmbResfr), para aquecimento
(EqNumEnvAmbA) e para refrigeração (EqNumEnvAmbRefrig).
Segue, na Tabela 14, as áreas das aberturas do apartamento 706, bem como
a área de cada ambiente, excluída a área de circulação, para a verificação do
atendimento ao pré-requisito de abertura para iluminação.
49
Tabela 14 – Verificação do pré-requisito iluminação natural
Ambiente Área de
piso Área de
iluminação Percentual de
iluminação Requisito Atende
Sala e Cozinha
28,86 m² 3,84 m² 13,30% 12,5% Sim
Dormitório 8,70 m² 1,35 m² 15,51% 12,5% Sim
Suíte 10,14 m² 1,35 m² 13,31% 12,5% Sim
Fonte: Do autor, 2016.
5.3.1.4 Ventilação cruzada e ventilação natural nos banheiros
Para atender ao pré-requisito de ventilação cruzada, a unidade habitacional
autônoma (UH) deve promover condições de escoamento de ar entre as aberturas
localizadas em pelo menos duas diferentes fachadas (opostas ou adjacentes). Para
tal, as aberturas da UH devem atender à proporção indicada na Equação 3. Caso não
possua ventilação cruzada, a UH atingirá no máximo nível C no equivalente numérico
da envoltória para resfriamento (EqNumEnvResfr).
A2
A1 ≥ 0,25
(3)
Onde,
A1: somatório das áreas efetivas de aberturas para ventilação localizadas nas
fachadas da orientação com maior área de abertura para ventilação (m²);
A2: somatório das áreas efetivas de aberturas para ventilação localizadas nas
fachadas das demais orientações (m²).
Segue, na Tabela 15, as áreas das aberturas para ventilação do apartamento
706, bem como a verificação do atendimento ao pré-requisito de ventilação cruzada.
50
Tabela 15 – Verificação do pré-requisito de ventilação cruzada
Fachada Área de abertura para
ventilação A2/A1 Atende
Norte (A1) 2,92 m² 0,33 Sim
Leste (A2) 0,96 m²
Fonte: Do autor, 2016.
É pré-requisito também, que a maioria dos banheiros do apartamento tenham
ventilação natural, caso contrário o equivalente numérico da envoltória pode atingir no
máximo o nível B. No apartamento 706 esse pré-requisito é atendido, uma vez que
nos dois banheiros há ventilação natural.
5.3.2 Determinação da eficiência da envoltória
Para o cálculo do desempenho da envoltória e obtenção do seu equivalente
numérico, como descrito na metodologia do trabalho, o INMETRO fornece uma
planilha, elaborada pelo Centro Brasileiro de Eficiência Energética em Edificações
junto com o LabEEE – UFSC, que automatiza o resultado das equações utilizadas no
método prescritivo.
Desta forma, a planilha (Figura 17) efetua automaticamente o cálculo e a
ponderação dos resultados do equivalente numérico para resfriamento
(EqNumEnvResfr), do equivalente numérico da envoltória para aquecimento
(EqNumEnvA) e do equivalente numérico da envoltória para refrigeração
(EqNumEnvRefrig).
51
Figura 17 – Captura de tela da planilha fornecida pelo INMETRO
Fonte: Do autor, 2016.
Nos tópicos a seguir serão apresentados os procedimentos adotados para a
obtenção dos valores lançados na planilha dos ambientes de permanência prolongada
da unidade habitacional autônoma (UH). Nota-se que nem todas as variáveis das
equações de cálculo são necessárias pois algumas são automaticamente
determinadas.
5.3.2.1 Situação de piso e cobertura
No apartamento analisado a cobertura não está exposta para o exterior,
estando totalmente coberta pela sobreposição de outro apartamento, portanto o valor
inserido para o índice de cobertura (cob) é 0 (zero). O apartamento também não está
52
em contato com o solo e tão pouco se situa sobre pilotis, desta forma preenche-se
também com 0 (zero) os itens referentes a situação de piso e cobertura.
5.3.2.2 Cobertura
Existem três variáveis relacionadas à cobertura da UH: transmitância térmica
da cobertura (Ucob), capacidade térmica da cobertura (CTcob) e absortância solar da
cobertura (αcob).
No caso do apartamento em análise não há nenhuma cobertura voltada ao
exterior, portanto, de acordo com o RTQ-R, adota-se o valor de 0 (zero) para Ucob, 1
(um) para CTcob e 0 (zero) para αcob.
5.3.2.3 Paredes externas
Nesta seção da planilha são inseridas as características térmicas das paredes,
preenchidas de acordo com os valores de transmitância térmica (Upar), capacidade
térmica (CTpar) e absortância solar (αpar).
As paredes externas da suíte da unidade habitacional analisada não são
idênticas, sendo necessário a ponderação dos resultados obtidos. As Tabelas 16, 17
e 18, a seguir, demonstram a ponderação das características térmicas das paredes
externas da suíte.
Tabela 16 – Ponderação da transmitância térmica das paredes externas da suíte
Ambiente Item Área (m²)
U [W/(m²K)]
Área ponderada
(m²)
U ponderada [W/(m²K)]
U final [W/(m²K)]
Suíte
Parede norte
5,09 1,10 0,33 0,36
1,09 Parede
leste
2,80 1,10 0,18 0,20
7,54 1,08 0,49 0,53
Fonte: Do autor, 2016.
53
Tabela 17 – Ponderação da capacidade térmica das paredes externas da suíte
Ambiente Item Área (m²)
CT [kJ/(m²K)]
Área ponderada
(m²)
CT ponderada [kJ /(m²K)]
CT final [kJ/(m²K)]
Suíte
Parede norte
5,09 151,69 0,33 50,01
159,05 Parede
leste
2,80 151,69 0,18 27,50
7,54 166,79 0,49 81,54
Fonte: Do autor, 2016.
Tabela 18 – Ponderação da absortância solar (α) das paredes externas da suíte
Ambiente Item Área (m²)
α (%) Área
ponderada (m²)
α ponderada
(%)
α final (%)
Suíte
Parede norte
5,09 32,97 0,33 10,68
48,77 Parede
leste
2,80 32,97 0,18 5,87
7,54 65,30 0,49 31,93
Fonte: Do autor, 2016.
É importante observar que, de acordo com o RTQ-R, o CTpar não se refere
apenas as paredes externas, e sim corresponde a “média ponderada da capacidade
térmica das paredes externas e internas do ambiente pelas respectivas áreas”.
(BRASIL, 2010).
Segue, na Tabela 19, o índice CTpar de cada ambiente de permanência
prolongada da UH.
54
Tabela 19 – Cálculo do índice CTpar dos ambientes de permanência prolongada
Ambiente Parede Área (m²)
CT
[kJ/(m²K)]
Área ponderada
(m²)
CT ponderada
[kJ/(m²K)]
CT final [kJ/(m²K)]
Sala e Cozinha
Externa 13,35 151,69 0,17 26,44 115,46
Interna 63,37 107,81 0,83 89,02
Quarto Externa 6,15 151,69 0,23 34,89
117,90 Interna 20,09 107,81 0,77 83,01
Suíte Externa 15,43 159,05 0,47 74,75
131,89 Interna 17,11 107,81 0,53 57,13
Fonte: Do autor, 2016.
Neste item há uma inconsistência no algoritmo de cálculo da planilha. A tabela
automaticamente seleciona o valor ponderado da capacidade térmica das paredes
internas e externas para verificar o atendimento ao pré-requisito de capacidade
térmica da envoltória, embora este refere-se apenas as paredes externas.
Na edificação avaliada, o valor da ponderação entre as paredes internas e
externas encontra-se abaixo do pré-requisito, desta forma a tabela avalia
equivocadamente a situação de não atendimento ao valor mínimo estabelecido.
Em razão dessa inconsistência, o índice máximo a ser obtido pelos
equivalentes numéricos para resfriamento (EqNumEnvAmbResfr), para aquecimento
(EqNumEnvAmbA) e para refrigeração (EqNumEnvAmbRefrig) é limitado a classificação
de nível C.
Com a finalidade de contornar essa situação, utilizou-se a planilha fornecida
pelo INMETRO até o momento anterior à aplicação dos pré-requisitos. Dessa forma,
para a obtenção da pontuação final de cada unidade habitacional autônoma, foi
necessário a realização manual dos cálculos.
55
5.3.2.4 Características construtivas
São variáveis binárias referentes a capacidade térmica das paredes externas,
internas e da cobertura dos ambientes. De acordo com o RTQ-R, é considerada
capacidade térmica alta (CTalta) valores acima de 250 kJ/(m²K). Se o ambiente possuir
fechamentos com capacidade térmica alta o valor deve ser 1 (um), caso contrário, o
valor deve ser 0 (zero).
A variável CTbaixa define se os fechamentos dos ambientes possuem
capacidade térmica baixa, considerando a média ponderada das capacidades
térmicas das paredes externas, internas e da cobertura. De acordo com RTQ-R, é
considerada capacidade térmica baixa valores abaixo de 50 kJ/(m²K). Se o ambiente
possuir fechamentos com capacidade térmica baixa o valor deve ser 1 (um), se não
possuir, o valor deve ser 0 (zero);
Na unidade habitacional modelo desta análise a capacidade térmica dos
fechamentos encontra-se no intervalo de 50 kJ/(m²K) a 250 kJ/(m²K), portanto adota-
se o valor 0 (zero) para ambas as variáveis.
5.3.2.5 Áreas de paredes externas
As áreas de paredes externas voltadas para o norte (APambN), sul (APambS), leste
(APambL) e oeste (APambO) foram calculadas para cada ambiente de permanência
prolongada da unidade habitacional autônoma, conforme a Tabela 20.
Tabela 20 – Áreas de paredes externas dos ambientes de permanência prolongada
Ambiente APambN (m²) APambS (m²) APambL (m²) APambO (m²)
Sala e cozinha 4,65 0,00 8,70 0,00
Quarto 6,15 0,00 0,00 0,00
Suíte 5,09 0,00 10,34 0,00
Fonte: Do autor, 2016.
56
5.3.2.6 Áreas de aberturas externas
As variáveis de área de abertura externa voltada para o norte (AAbN), sul
(AAbS), leste (AAbL) e oeste (AAbO), se referem à soma das áreas de abertura de um
ambiente voltada para a mesma direção. A Tabela 21, a seguir, apresenta os valores
calculados para as aberturas dos ambientes de permanência prolongada da unidade
habitacional em análise.
Tabela 21 – Áreas de aberturas externas dos ambientes de permanência prolongada
Ambiente AAbN (m²) AAbS (m²) AAbL (m²) AAbO (m²)
Sala e cozinha 3,30 0,00 1,50 0,00
Quarto 1,80 0,00 0,00 0,00
Suíte 1,80 0,00 0,0 0,00
Fonte: Do autor, 2016.
5.3.2.7 Características das aberturas
O percentual de abertura para ventilação (Fvent) é um valor decimal obtido
através do Anexo II do RTQ-R ou através de método de cálculo, caso o modelo
utilizado não se encontre previamente calculado no Anexo II.
Na unidade habitacional autônoma do modelo estudado as janelas dos quartos
são do tipo de correr com veneziana integrada, portanto recebem para o índice Fvent
o valor de 0,4. As janelas do ambiente que integra sala e cozinha são de correr, sendo
o valor Fvent 0,45.
A variável somb define a presença de dispositivos de proteção solar externos
às aberturas. De acordo com o RTQ-R, estes dispositivos de proteção podem ser
verticais ou horizontais, contínuos ou vazados, desde que sejam externos à abertura.
Nas janelas dos dormitórios, a veneziana integrada, quando fechada, cobre
totalmente a esquadria, deste modo adota-se 1 (um) como o valor do índice de
sombreamento. Já nas janelas do ambiente que integra sala e cozinha, sombreadas
por projeção de varanda e pelo próprio corpo do prédio, o cálculo do índice de
sombreamento foi realizado através do método proposto pelo Anexo I do RTQ-R.
57
No método prescritivo somente se pontua na variável somb quando há
recomendação de proteção. Quando não há ângulos recomendados, mas há
dispositivos de proteção no projeto, estes ângulos não são considerados necessários
e devem ser adotados como 0 (zero) para cálculo da equação.
Os ângulos de proteção necessários são baseados na cidade da edificação, na
orientação da abertura e na área da janela. No caso da unidade habitacional sob
análise, as aberturas do ambiente conjugado de sala e cozinha são orientadas a
noroeste e nordeste, respectivamente, com áreas de aberturas das janelas
consideradas pequenas, pois tem sua área inferior a 25% da área do piso. A Figura
18 ilustra o significado de cada ângulo de proteção solar.
Figura 18 – Ângulos β, ɣ e α de proteção solar
Fonte: (BRASIL, 2010).
Primeiramente calcula-se, através da Equação 4, o percentual de
sombreamento das aberturas (sombaberturas), resultante da relação entre os ângulos
recomendados e os ângulos verificados na análise.
𝑠𝑜𝑚𝑏𝑎𝑏𝑒𝑟𝑡𝑢𝑟𝑎 = (𝑎𝑝+ ɣ𝑒𝑝+ ɣ𝑑𝑝+ β𝑒𝑝 + β𝑑𝑝 )
(𝑎𝑟+ ɣ𝑒𝑟+ ɣ𝑑𝑟+ β𝑒𝑟 + β𝑑𝑟 ) (4)
Onde,
p: ângulos coletados no projeto
r: ângulos recomendados
58
Em seguida, de acordo com o RTQ-R, deve-se considerar que 0,75 de
sombabertura corresponde a um valor de somb igual a 0,5. Desta forma, o valor
resultante deve ser obtido através de regra de três. Ainda, os ângulos de projeto na
equação não devem ser superiores aos ângulos recomendados. Caso o ângulo de
projeto seja maior, deve-se considerar o valor máximo da recomendação.
Na Tabela 22, a seguir, verificam-se os ângulos recomendados e os ângulos
de projeto de sombreamento da abertura voltada a noroeste, bem como os valores
obtidos para sombabertura e somb.
Tabela 22 – Cálculo do valor somb para a abertura do ambiente sala e cozinha
Orientação Ângulo
recomendado Ângulo
verificado Ângulo
utilizado Sombabertura Somb
Noroeste
αr = 60º αp = 25º 25º
0,51 0,34
βdr = - βdp = - -
βer = 35º βep = 24º 24º
ɣdr = - ɣdp = - -
ɣer = - ɣdp = - -
Fonte: Do autor, 2016.
A seguir, na Tabela 23, segue a ponderação do valor somb do ambiente que
integra a sala e a cozinha considerando os valores de sombreamento de cada janela
do ambiente.
Tabela 23 – Ponderação do valor somb para a abertura do ambiente sala e cozinha
Orientação Somb Área de
iluminação (m²)
Área ponderada (m²)
Somb ponderado
Somb final
Noroeste 0,34 2,64 0,6875 0,24 0,24
Nordeste 0,00 1,20 0,3125 0,00
Fonte: Do autor, 2016.
59
Como não há ângulo recomendado para nordeste, adota-se o valor de somb
igual a 0 (zero). Os ângulos recomendados para as demais orientações, utilizado no
cálculo do sombreamento de outras UHs, encontra-se no Anexo D deste trabalho.
5.3.2.8 Características térmicas de isolamento
São variáveis binárias referentes ao isolamento das paredes e aberturas da
edificação. O item Uvid é referente a transmitância térmica do vidro das aberturas, 5,79
W/(m²K) nas aberturas da unidade habitacional autônoma analisada (LAMBERTS;
DUTRA; PEREIRA, 2014)
É considerada parede isolante (isol) aquela que apresenta transmitância
térmica (U) menor ou igual a 1,0 W/(m²K). Já para as aberturas, o item vid refere-se à
existência de vidro duplo no ambiente. Como na unidade habitacional autônoma
analisada a transmitância térmica é superior a 1,0 W/(m²K) e não há vidro duplo em
nenhum ambiente, preenche-se com 0 (zero) os dois itens.
5.3.2.9 Equivalente numérico da envoltória
Ao final do preenchimento da planilha são apresentados o indicador de graus-
hora para resfriamento (GHR), o consumo relativo para aquecimento (CA) e o consumo
relativo para refrigeração (CR) de cada ambiente de permanência prolongada. Os
resultados dos índices obtidos para a unidade habitacional autônoma analisada estão
apresentados Tabela 24.
Tabela 24 – Valores de GHR, CA e CR para a UH analisada
Ambiente GHR (ºC.h) CA (kWh/m².ano) CR (kWh/m².ano)
Sala e cozinha C A
Não se aplica 6447 9,301
Quarto C B E
5529 16,796 27,908
Suíte C B D
5960 16,803 20,960
Fonte: Do autor, 2016.
60
De acordo com o RTQ-R, o equivalente numérico desses níveis de eficiência é
5 para nível A, 4 para nível B, 3 para nível C, 2 para nível D e 1 para nível E. Dessa
forma, o próximo passo foi obter o equivalente numérico da envoltória para
resfriamento (EqNumEnvResfr) e o equivalente numérico da envoltória para
aquecimento (EqNumEnvA) da habitação como um todo.
Os equivalentes numéricos da envoltória (EqNumEnv) são obtidos através da
ponderação dos equivalentes numéricos da envoltória dos ambientes
(EqNumEnvAmb) por suas áreas úteis (Tabela 25 e 26).
Tabela 25 – Ponderação do EqNumEnvResfr
Ambiente Área (m²)
EqNumEnv AmbResfr
Área ponderada
(m²)
EqNumEnvAmbResfr
ponderado EqNum EnvResfr
Sala e cozinha
31,02 3 0,6121 1,8363
3 Quarto 8,80 3 0,1736 0,5208
Suíte 10,86 3 0,2143 0,6429
Fonte: Do autor, 2016.
Tabela 26 – Ponderação do EqNumEnvA
Ambiente Área (m²)
EqNumEnv AmbA
Área ponderada
(m²)
EqNumEnvAmbA
ponderado EqNum
EnvA
Sala e cozinha
31,02 5 0,6121 3,0605
4,61 Quarto 8,80 4 0,1736 0,6944
Suíte 10,86 4 0,2143 0,8572
Fonte: Do autor, 2016.
61
Por fim, para obter a classificação da envoltória da UH como um todo, deve-se
proceder a ponderação dos equivalentes numéricos de resfriamento e aquecimento
de acordo com a zona bioclimática da edificação. Para a zona bioclimática 2,
multiplica-se o EqNumEnvResfr por 0,44 e o EqNumEnvA por 0,56. A soma dos valores
obtidos resultará no equivalente numérico da envoltória da unidade habitacional, de
acordo com a Equação 5.
EqNumEnv = (0,44 × EqNumEnvResfr) + (0,56 × EqNumEnvA)
EqNumEnv = (0,44 × 3) + (0,56 × 4,61)
EqNumEnv = 3,90 (Nível B)
(5)
5.4 AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE AQUECIMENTO DE ÁGUA
O sistema de aquecimento de água nos apartamentos é composto de chuveiros
elétricos com potência prevista de 7.500 W. De acordo com o RTQ-R, sistemas de
aquecimento de água através de chuveiros elétricos com potência superior a 4.600 W
recebem a classificação de nível E, com equivalente numérico de aquecimento de
água (EqNumAA) igual a 1.
5.5 BONIFICAÇÕES
Foram avaliadas a presença de eventuais bonificações que podem aumentar o
nível de eficiência da edificação. As bonificações presentes no apartamento foram
somadas à sua pontuação total.
5.5.1 Bonificação de ventilação natural
Para receber 0,12 pontos de bonificação a UH analisada, localizada no 7º
pavimento, deve apresentar o valor da relação entre a área efetiva de abertura para
ventilação e a área da fachada (porosidade) superior a 12% em no mínimo duas
fachadas com orientações distintas. Apresenta-se o resultado obtido para a
porosidade de cada fachada na Tabela 27.
62
Tabela 27 – Porosidade das fachadas do apartamento 706
Orientação Área de ventilação
(m²) Área da fachada
(m²) Porosidade
(%) Atende
Norte 2,92 23,85 12,24 Sim
Sul 0,29 11,13 2,60 Não
Leste 0,96 25,17 3,81 Não
Oeste 0,00 0,00 0,00 Não
Fonte: Do autor, 2016.
Por atender ao requisito de porosidade apenas na fachada voltada para o norte,
a unidade habitacional não recebe a bonificação. Da mesma forma, o apartamento
analisado também não apresenta, em todos os ambientes de permanência
prolongada, dispositivos especiais que favoreçam o desempenho da ventilação
natural, tão pouco aberturas externas cujo vão livre tenha o centro geométrico
localizado entre 0,40 e 0,70 m medidos a partir do piso. Não recebendo, portanto,
nenhum ponto de bonificação referente a ventilação natural.
5.5.2 Bonificação de iluminação natural
Segundo Dornelles (2008), a cor branca apresenta refletância solar de 80%.
Dessa forma, como os tetos dos ambientes de permanência prolongada da edificação
são entregues pintados na cor branca, a UH recebe 0,10 pontos de bonificação por
apresentar refletância do teto superior a 60%.
Recebem também 0,20 pontos de bonificação as UHs que apresentarem, na
maioria dos ambientes de permanência prolongada, cozinha e área de serviço,
profundidade máxima igual ou inferior a 2,4 vezes a altura da abertura de iluminação
(ha). De acordo com a Tabela 28, abaixo, o apartamento analisado satisfaz esta
condição.
63
Tabela 28 – Profundidade do ambiente com relação a ha
Ambiente Profundidade (m) 2,4 x ha (m) Atende
Sala e cozinha 2,40 4,20 Sim
Quarto 2,85 4,80 Sim
Suíte 3,90 4,80 Sim
Fonte: Do autor, 2016.
5.5.3 Outras bonificações
A unidade habitacional autônoma (UH) não recebe outras bonificações, uma
vez que não possui equipamentos para racionamento de água, não apresenta sistema
de aquecimento de água compartilhado com outras UHs e não são entregues
instalados, ao fim da obra, ventiladores de teto, refrigeradores, aparelhos
condicionadores e lâmpadas.
5.6 CLASSIFICAÇÃO DA UH
A classificação do nível de eficiência das unidades habitacionais autônomas
(UHs) é função dos valores dos equivalentes numéricos (EqNumEnv e EqNumAA),
acrescido das bonificações. De acordo com o RTQ-R, o peso de ponderação (a) dos
equivalentes numéricos para obtenção da pontuação total (PTUH) utilizado para
avaliação de edificações localizadas na região sul é de 0,65. O cálculo segue de
acordo com a Equação 6.
PTUH = (a × EqNumEnv) + [(1 − a) × EqNumAA] + Bonificações
PTUH = (0,65 × 3,90) + (0,35 × 1) + 0,30
PTUH = 2,54 + 0,35 + 0,30
PTUH = 3,19 (Nível C)
(6)
64
5.7 AVALIAÇÃO DAS ÁREAS DE USO COMUM
A classificação de eficiência energética em áreas de uso comum é um item
independente da classificação das UHs, resultando, de forma independente, em outra
Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE) para o empreendimento.
Dessa forma o desempenho das áreas de uso comum não foi avaliado no presente
trabalho, pois este se limita a avaliação da porção privativa da edificação.
65
6 RESULTADOS
6.1 AVALIAÇÃO DA ENVOLTÓRIA
A envoltória do edifício obteve uma boa classificação de eficiência, pois 138
apartamentos, de um total de 149, obtiveram o nível B de classificação. As exceções
são as unidades com final 04 e o loft localizado no décimo pavimento. A Figura 19
ilustra a distribuição do nível de classificação da envoltória por tipo de unidade
habitacional.
Figura 19 – Classificação do EqNumEnv das UHs
Fonte: Do autor, 2016
O bom resultado deve-se, principalmente, à pequena área de paredes externas
das unidades do empreendimento e a inexistência de paredes para todas as
orientações em uma mesma UH. Devido a isso, os apartamentos obtiveram bons
índices de consumo relativo para aquecimento, que corresponde a 56% da
classificação da envoltória, e índices médios para o indicador graus-hora para
resfriamento, responsável por 44% da pontuação da envoltória.
Os apartamentos de final 04 apenas não obtiveram o nível B de classificação
pois um de seus ambientes não alcançou o pré-requisito de iluminação natural. O
mesmo ocorreu com as unidades de final 03, porém, nessas unidades outros fatores
mantiveram o nível B de classificação.
66
As Figuras 20 e 21 ilustram a distribuição da classificação das UH para
aquecimento e para resfriamento, através dos índices EqNumEnvA e EqNumEnvResfr.
Figura 20 – Classificação do EqNumEnvA das UHs
Fonte: Do autor, 2016
Figura 21 – Classificação do EqNumEnvResf das UHs
Fonte: Do autor, 2016
6.2 AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE AQUECIMENTO DE ÁGUA
O empreendimento é entregue com esperas para ligação de chuveiros elétricos
para aquecimento de água. De acordo com o RTQ-R, esse tipo de sistema, quando
com potência superior a 4.600 W, ou qualquer tipo de sistema não instalado
completamente, recebe automaticamente classificação nível E.
67
No cálculo da pontuação total, o sistema de aquecimento de água corresponde
a 35% do valor obtido. A edificação estudada obteve classificação E em todos as
unidades habitacionais nesse requisito (Figura 22), desse modo, teve sua pontuação
final consideravelmente diminuída.
Figura 22 – Classificação do EqNumAA das UHs
Fonte: Do autor, 2016
6.3 BONIFICAÇÕES
Na edificação estudada os apartamentos receberam no máximo 0,30 pontos de
bonificação, referentes à iluminação natural, já que os tetos das UHs são entregues
pintados na cor branca e boa parte dos apartamentos satisfez a condição de
profundidade máxima dos ambientes quando comparados com a altura da abertura
de entrada de luz.
6.4 CLASSIFICAÇÃO FINAL DAS ÁREAS DE USO PRIVATIVO
Após a ponderação da pontuação de cada ambiente das unidades
habitacionais pela sua área útil, obteve-se o nível C em todos os apartamentos.
Consequentemente, também foi obtido o nível C na classificação da edificação como
um todo, com uma pontuação final igual a 2,97 pontos (Figura 23). A Figura 24
demonstra a simulação da etiqueta nacional de conservação de energia para a
edificação multifamiliar objeto do estudo de caso.
68
Figura 23 – Quadro dos resultados da avaliação através do RTQ-R
Final UH
Envoltória para verão
Envoltória para inverno EqNumEnv
Aquecimento de água
Bonif Classificação
das Uhs (PTUH)
ENCE Resfriamento Aquecimento
01 2,39 D 4,61 A 3,63 B 1,00 E 0,3 3,01 C
2,97 C
02 2,23 D 4,53 A 3,52 B 1,00 E 0,3 2,94 C
03 3,00 C 4,30 B 3,73 B 1,00 E 0,3 3,07 C
04 2,47 D 4,30 B 3,49 C 1,00 E 0,3 2,92 C
05 2,23 D 4,53 A 3,86 B 1,00 E 0,3 3,16 C
06 3,00 C 4,61 A 3,90 B 1,00 E 0,3 3,19 C
07 2,00 D 4,69 A 3,50 B 1,00 E 0,1 2,73 C
08 3,00 C 4,69 A 3,94 B 1,00 E 0,1 3,01 C
09 3,00 C 4,69 A 3,94 B 1,00 E 0,1 3,01 C
10 2,34 D 4,66 A 3,64 B 1,00 E 0,3 3,02 C
Loft 3,00 C 3,00 C 3,00 C 1,00 E 0,3 2,60 C
11 3,00 C 4,00 B 3,56 B 1,00 E 0,1 2,76 C
12 2,34 D 4,66 A 3,64 B 1,00 E 0,3 3,02 C
13 2,31 D 4,69 A 3,64 B 1,00 E 0,1 2,82 C
14 2,31 D 4,69 A 3,64 B 1,00 E 0,1 2,82 C
15 2,00 D 4,69 A 3,50 B 1,00 E 0,1 2,73 C
Fonte: Do autor, 2016.
Figura 24 – Simulação da ENCE para a edificação objeto do estudo de caso
Fonte: Adaptação de Brasil (2013).
69
6.5 ALTERAÇÕES PROPOSTAS
Apenas com a alteração do sistema elétrico de aquecimento de água para o
aquecimento a gás com ENCE A, a edificação obteria o nível B de classificação, com
uma pontuação final de 4,37 pontos, muito próximo da obtenção do nível máximo na
avaliação, de acordo com a Figura 25.
Figura 25 – Quadro da avaliação com alteração no sistema de aquecimento de água
Final UH
Envoltória para verão
Envoltória para inverno EqNumEnv
Aquecimento de água
Bonif Classificação
das Uhs (PTUH)
ENCE Resfriamento Aquecimento
01 2,39 D 4,61 A 3,63 B 5,00 A 0,3 4,41 B
4,37 B
02 2,23 D 4,53 A 3,52 B 5,00 A 0,3 4,34 B
03 3,00 C 4,30 B 3,73 B 5,00 A 0,3 4,47 B
04 2,47 D 4,30 B 3,49 C 5,00 A 0,3 4,32 B
05 2,23 D 4,53 A 3,86 B 5,00 A 0,3 4,56 A
06 3,00 C 4,61 A 3,90 B 5,00 A 0,3 4,59 A
07 2,00 D 4,69 A 3,50 B 5,00 A 0,1 4,13 B
08 3,00 C 4,69 A 3,94 B 5,00 A 0,1 4,41 B
09 3,00 C 4,69 A 3,94 B 5,00 A 0,1 4,41 B
10 2,34 D 4,66 A 3,64 B 5,00 A 0,3 4,42 B
Loft 3,00 C 3,00 C 3,00 C 5,00 A 0,3 4,00 B
11 3,00 C 4,00 B 3,56 B 5,00 A 0,1 4,16 B
12 2,34 D 4,66 A 3,64 B 5,00 A 0,3 4,42 B
13 2,31 D 4,69 A 3,64 B 5,00 A 0,1 4,22 B
14 2,31 D 4,69 A 3,64 B 5,00 A 0,1 4,22 B
15 2,00 D 4,69 A 3,50 B 5,00 A 0,1 4,13 B
Fonte: Do autor, 2016.
A edificação também poderia, facilmente, adotar medidas para melhorar sua
classificação através das bonificações. A implementação de bacias sanitárias com
duplo acionamento e a entrega das unidades habitacionais com lâmpadas com Selo
Procel resultaria na obtenção de 0,14 pontos extras.
A obtenção desses pontos de bonificação, aliado a alteração do sistema de
aquecimento de água, resultaria na obtenção do nível A de classificação na ENCE,
com 4,51 pontos, de acordo com a Figura 26.
70
Figura 26 – Quadro da avaliação com alteração no sistema de aquecimento de água, bonificações de iluminação artificial e bacias com duplo acionamento.
Final UH
Envoltória para verão
Envoltória para inverno EqNumEnv
Aquecimento de água
Bonif Classificação
das Uhs (PTUH)
ENCE Resfriamento Aquecimento
01 2,39 D 4,61 A 3,63 B 5,00 A 0,44 4,55 A
4,51 A
02 2,23 D 4,53 A 3,52 B 5,00 A 0,44 4,48 B
03 3,00 C 4,30 B 3,73 B 5,00 A 0,44 4,61 A
04 2,47 D 4,30 B 3,49 C 5,00 A 0,44 4,46 B
05 2,23 D 4,53 A 3,86 B 5,00 A 0,44 4,70 A
06 3,00 C 4,61 A 3,90 B 5,00 A 0,44 4,73 A
07 2,00 D 4,69 A 3,50 B 5,00 A 0,24 4,27 B
08 3,00 C 4,69 A 3,94 B 5,00 A 0,24 4,55 A
09 3,00 C 4,69 A 3,94 B 5,00 A 0,24 4,55 A
10 2,34 D 4,66 A 3,64 B 5,00 A 0,44 4,56 A
Loft 3,00 C 3,00 C 3,00 C 5,00 A 0,44 4,30 B
11 3,00 C 4,00 B 3,56 B 5,00 A 0,24 4,14 B
12 2,34 D 4,66 A 3,64 B 5,00 A 0,44 4,56 A
13 2,31 D 4,69 A 3,64 B 5,00 A 0,44 4,36 B
14 2,31 D 4,69 A 3,64 B 5,00 A 0,44 4,36 B
15 2,00 D 4,69 A 3,50 B 5,00 A 0,44 4,27 B
Fonte: Do autor, 2016.
71
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve como objetivo aplicar o método prescritivo do RTQ-R na
avaliação da eficiência energética de uma edificação multifamiliar localizada na cidade
de Santa Maria – RS. Para tal fim, foi realizado o cálculo das propriedades térmicas
das composições de materiais utilizados no empreendimento e, posteriormente, a
sistemática foi aplicada à edificação, gerando resultados que permitiram a análise do
método e proposta de medidas que possam melhorar seu desempenho térmico.
Após o emprego do método, pode-se perceber que a envoltória da edificação
obteve um desempenho satisfatório, atingindo o nível B de classificação em mais de
90% dos apartamentos. Este resultado deve-se, principalmente, à pequena área de
paredes externas das unidades do empreendimento e a inexistência de paredes para
todas as orientações em uma mesma UH. Desta forma, não haveria impacto
significativo se os materiais de construção da edificação fossem alterados.
Mesmo com um bom resultado da envoltória, a avaliação global gerou uma
classificação de desempenho intermediária, com obtenção do nível C. Isto ocorreu,
pois no empreendimento é utilizado o sistema elétrico de aquecimento de água,
resultando na pior classificação de eficiência neste quesito, sendo esta responsável
por 35% da nota final na ENCE.
Portanto, como proposta de alteração para melhorar a qualificação de
desempenho da edificação, foi indicado a alteração do sistema elétrico de
aquecimento de água pelo sistema de aquecimento a gás. Apenas com esta alteração
a pontuação final das UHs seria de 4,37 pontos, muito próximo da obtenção do nível
A de classificação.
Com o objetivo de atingir o nível A de classificação na ENCE, foi indicada a
entrega das unidades habitacionais com lâmpadas com Selo Procel e a instalação de
equipamentos de racionamento de água, como bacias sanitárias com duplo
acionamento.
Os resultados obtidos corroboraram com a dissertação de Matos (2012),
quando este afirma que o pequeno número de paredes externas tem grande influência
positiva na classificação final da edificação, apontando a possibilidade de que o
método prescritivo do RTQ-R possa estimular esta solução, comprometendo a
ventilação natural.
72
Como sugestão de trabalhos futuros, seria interessante a aplicação do método
prescritivo e do método de simulação computacional sobre a mesma edificação. Uma
vez que a simulação computacional tem se mostrado um método mais assertivo e, na
bibliografia estudada, gera um índice levemente superior quando comparado ao
método prescritivo, principalmente no que se refere ao EqNumEnvResf.
73
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MORISHITA, C. Impacto do regulamento para eficiência energética em edificações no consumo de energia elétrica do setor residencial brasileiro. 2011. 232p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2011.
. PAPST, A. L. Uso de inércia térmica no clima subtropical estudo de caso em Florianópolis – SC. 1999. 165 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1999.
76
ROAF, S; CRICHTON, D; NICOL, F. Adapting Buildings and Cities for Climate Change: a 21st century survival guide. Oxford: Elsevier, 2005. 400 p.
ROMAN. H. et al. Normalização e certificação na construção habitacional. Porto Alegre: ANTAC, 2003. 3v. (Coleção Habitare).
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77
APÊNDICE A – CÁLCULO DAS PROPRIEDADES TÉRMICAS DAS PAREDES INTERNAS
Seções do bloco estrutural cerâmico
Fonte: (KAPPAUN, 2012).
Composição do sistema de parede interna
Fonte: Adaptação de Brasil (2010).
78
Propriedades dos materiais constituintes das paredes internas
Propriedades Bloco cerâmico
(14x19x29) Argamassa Gesso
(kg/m³) 1957,00 2000,00 1200,00 [W/(m.K)] 1,05 1,15 0,50 c [kJ/(kg.K)] 0,92 1,00 0,84
Fonte: (BRASIL, 2005b).
Cálculo da resistência térmica (RT) Seção A (gesso + cerâmica + gesso)
Aa = 0,002736 m²
Ra =egesso
λgesso+
ecerâmica
λcerâmica+
egesso
λgesso
Ra =0,02
0,5 +
0,14
1,15+
0,02
0,5= 0,2017 (m2. K)/W
Seção B (gesso + cerâmica + ar + gesso)
Ab = 0,00304 m²
Rb =egesso
λgesso+
ecerâmica
λcerâmica+ 2 . Rar1
+ 2 . Rar2 +
egesso
λgesso
Rb =0,02
0,5 +
0,054
1,05+ 2 . 0,14 + 2 . 0,16 +
0,02
0,5= 0,7314 (m2. K)/W
Seção C (gesso + cerâmica + gesso)
Ac = 0,0019 m²
Rc =egesso
λgesso+
ecerâmica
λcerâmica+
egesso
λgesso
Rc =0,02
0,5 +
0,14
1,15+
0,02
0,5= 0,2017 (m2. K)/W
Seção D (gesso + cerâmica + ar + gesso)
Ad = 0,00513 m²
79
Rd =egesso
λgesso+
ecerâmica
λcerâmica+ 2 . Rar1
+ Rar3+
egesso
λgesso
Rd =0,02
0,5 +
0,044
1,05+ 2 . 0,14 + 0,17 +
0,02
0,5= 0,5719 (m2. K)/W
Seção E (gesso + cerâmica + ar + gesso)
Ae = 0,0019 m²
Re =egesso
λgesso+
ecerâmica
λcerâmica+ Rar3
+egesso
λgesso
Re =0,02
0,5 +
0,076
1,05+ 0,17 +
0,02
0,5= 0,3224 (m2. K)/W
Seção F (gesso + cerâmica + ar + gesso)
Af = 0,004864 m²
Rf =egesso
λgesso+
ecerâmica
λcerâmica+ 3 . Rar2
+egesso
λgesso
Rf =0,02
0,5 +
0,04
1,05+ 3 . 0,16 +
0,02
0,5= 0,5990 (m2. K)/W
Seção G (gesso + cerâmica + ar + gesso)
Ag = 0,0019 m²
Rg =egesso
λgesso+
ecerâmica
λcerâmica+ Rar2
+egesso
λgesso
Rg =0,02
0,5 +
0,105
1,05+ 0,16 +
0,02
0,5= 0,34 (m2. K)/W
Seção H (gesso + argamassa de assentamento + gesso)
Ah = 0,0049 m²
Rh =egesso
λgesso+
eargamassa
λargamassa+
egesso
λgesso
Rh =0,02
0,5 +
0,14
1,15 +
0,02
0,5= 0,2017 (m2. K)/W
Parede
80
Rt =[2. Aa + 2. Ab + 4. Ac + 4. Ad + 2. Ae + 2. Af + Ag + Ah]
[(2.Aa
Ra+
2.Ab
Rb+
4.Ac
Rc+
4.Ad
Rd+
2.Ae
Re+
2.Af
Rf+
Ag
Rg+
Ah
Rh)]
Rt =[0,059928]
[0,167193]
Rt = 0,358436 (m2. K)/W
Resistência térmica total
RT = Rt + Rsi + Re
RT = 0,358436 + 0,13 + 0,04
RT = 0,528436 (m2. K)/W
Cálculo da transmitância térmica (U)
U =1
RT
U =1
0,528436
U = 1,892376 W/(m2. K)
Cálculo da capacidade térmica (CT)
Seção A
CTa = (e. c. ρ)gesso + (e. c. ρ)cerâmica + (e. c. ρ)gesso
CTa = (0,02 . 0,84 . 1200) + (0,14 . 0,92 . 1957) + (0,02 . 0,84 . 1200)
CTa = 292,38 kJ/(m2. K)
Seção B
CTb = (e. c. ρ)gesso + (e. c. ρ)cerâmica + (e. c. ρ)gesso
CTb = (0,02 . 0,84 . 1200) + (0,054 . 0,92 . 1957) + (0,02 . 0,84 . 1200)
CTb = 137,54 kJ/(m2. K)
Seção C
CTc = (e. c. ρ)gesso + (e. c. ρ)cerâmica + (e. c. ρ)gesso
CTc = (0,02 . 0,84 . 1200) + (0,14 . 0,92 . 1957) + (0,02 . 0,84 . 1200)
CTc = 292,38 kJ/(m2. K)
81
Seção D
CTd = (e. c. ρ)gesso + (e. c. ρ)cerâmica + (e. c. ρ)gesso
CTd = (0,02 . 0,84 . 1200) + (0,044 . 0,92 . 1957) + (0,02 . 0,84 . 1200)
CTd = 119,53 kJ/(m2. K)
Seção E
CTe = (e. c. ρ)gesso + (e. c. ρ)cerâmica + (e. c. ρ)gesso
CTe = (0,02 . 0,84 . 1200) + (0,076 . 0,92 . 1957) + (0,02 . 0,84 . 1200)
CTe = 177,15 kJ/(m2. K)
Seção F
CTf = (e. c. ρ)gesso + (e. c. ρ)cerâmica + (e. c. ρ)gesso
CTf = (0,02 . 0,84 . 1200) + (0,041 . 0,92 . 1957) + (0,02 . 0,84 . 1200)
CTf = 114,13 kJ/(m2. K)
Seção G
CTg = (e. c. ρ)gesso + (e. c. ρ)cerâmica + (e. c. ρ)gesso
CTg = (0,02 . 0,84 . 1200) + (0,105 . 0,92 . 1957) + (0,02 . 0,84 . 1200)
CTg = 229,36 kJ/(m2. K)
Seção H
CTh = (e. c. ρ)gesso + (e. c. ρ)argamassa + (e. c. ρ)gesso
CTh = (0,02 . 0,84 . 1200) + (0,14 . 1 . 2000) + (0,02 . 0,84 . 1200)
CTh = 320,32 kJ/(m2. K)
Capacidade térmica total
CTtotal =[2. Aa + 2. Ab + 4. Ac + 4. Ad + 2. Ae + 2. Af + Ag + Ah]
[(2.Aa
CTa+
2.Ab
CTb+
4.Ac
CTc+
4.Ad
CTd+
2.Ae
CTe+
2.Af
CTf+
Ag
CTg+
Ah
CTh)]
CTtotal =[0,059928]
[0,00055836]
CTtotal = 107,81 kJ/(m2. K)
82
APÊNDICE B – CÁLCULO DAS PROPRIEDADES TÉRMICAS DAS PAREDES
EXTERNAS COM PINTURA
Composição do sistema de parede externa com pintura
Fonte: Adaptação de Brasil (2010).
Propriedades dos materiais constituintes das paredes internas
Propriedades Bloco celular
(15x30x60) Argamassa Gesso
(kg/m³) 500,00 2000,00 1200,00
[W/(m.K)] 0,17 1,15 0,50
c [kJ/(kg.K)] 1,00 1,00 0,84
Fonte: (BRASIL, 2005b).
Cálculo da resistência térmica (RT) Seção A (argamassa de revestimento + argamassa de assentamento + gesso)
Aa = 0,013725 m²
Ra =eargamassa
λargamassa+
eargamassa
λargamassa+
egesso
λgesso
Ra =0,025
1,15 +
0,15
1,15+
0,02
0,5= 0,192174 (m2. K)/W
83
Seção B (argamassa de revestimento + bloco celular + gesso)
Ab = 0,18 m²
Rb =eargamassa
λargamassa+
ebloco
λbloco+
egesso
λgesso
R𝑏 =0,025
1,15 +
0,15
0,17+
0,02
0,5= 0,94409 (m2. K)/W
Parede
Rt =(Aa + Ab)
[(Aa
Ra) + (
Ab
Rb)]
Rt =(0,013725 + 0,18)
[(0,013725
0,192174) + (
0,18
0,94409)]
Rt = 0,7391856 (m2. K)/W
Resistência térmica total
RT = Rt + Rsi + Re
RT = 0,7391856 + 0,13 + 0,04
RT = 0,909185 (m2. K)/W
Cálculo da transmitância térmica (U)
U =1
RT
U =1
0,909185
U = 1,09988 W/(m2. K)
Cálculo da capacidade térmica (CT)
Seção A
CTa = (e. c. ρ)argamassa + (e. c. ρ)argamassa + (e. c. ρ)gesso
CTa = (0,025 . 1 . 2000) + (0,15 . 1 . 2000) + (0,02 . 0,84 . 1200)
CTa = 370,16 kJ/(m2. K)
Seção B
CTb = (e. c. ρ)argamassa + (e. c. ρ)bloco + (e. c. ρ)gesso
84
CTb = (0,025 . 1 . 2000) + (0,15 . 1 . 500) + (0,02 . 0,84 . 1200)
CT𝑏 = 145,16 kJ/(m2. K)
Capacidade térmica total
CTtotal =(Aa + Ab)
[(Aa
CTa+
Ab
CTb)]
CTtotal =(0,013725 + 0,18)
[(0,013725
370,16) + (
0,18
145,16)]
CTtotal = 151,6925 kJ/(m2. K)
85
APÊNDICE C – CÁLCULO DAS PROPRIEDADES TÉRMICAS DAS PAREDES
EXTERNAS COM REVESTIMENTO CERÂMICO
Composição do sistema de parede externa com revestimento cerâmico
Fonte: Adaptação de Brasil (2010).
Dados dos componentes da alvenaria externas
Propriedades Bloco celular
(15x30x60) Argamassa Gesso Cerâmica
(kg/m³) 500,00 2000,00 1200,00 1600,00
[W/(m.K)] 0,17 1,15 0,50 0,90
c [kJ/(kg.K)] 1,00 1,00 0,84 0,92
Cálculo da resistência térmica (RT) Seção A (cerâmica + argamassa + argamassa de assentamento + gesso)
Aa = 0,013725 m²
Ra =ecerâmica
λcerâmica+
eargamassa
λargamassa+
eargamassa
λargamassa+
egesso
λgesso
Ra =0,01
0,9 +
0,025
1,15 +
0,15
1,15+
0,02
0,5= 0,20328 (m2. K)/W
Seção B (cerâmica + argamassa de revestimento + bloco celular + gesso)
86
Ab = 0,18 m²
Rb =ecerâmica
λcerâmica+
eargamassa
λargamassa+
ebloco
λbloco+
egesso
λgesso
R𝑏 =0,01
0,9 +
0,025
1,15 +
0,15
0,17+
0,02
0,5= 0,955203 (m2. K)/W
Parede
Rt =(Aa + Ab)
[(Aa
Ra) + (
Ab
Rb)]
Rt =(0,013725 + 0,18)
[(0,013725
0,20328) + (
0,18
0,955203)]
Rt = 0,756858 (m2. K)/W
Resistência térmica total
RT = Rt + Rsi + Re
RT = 0,756858 + 0,13 + 0,04
RT = 0,926858 (m2. K)/W
Cálculo da transmitância térmica (U)
U =1
RT
U =1
0,926858
U = 1,078913 W/(m2. K)
Cálculo da capacidade térmica (CT)
Seção A
CTa = (e. c. ρ)cerâmica + (e. c. ρ)argamassa + (e. c. ρ)argamassa + (e. c. ρ)gesso
CTa = (0,01 . 0,92 . 1600) + (0,025 . 1 . 2000) + (0,15 . 1 . 2000) + (0,02 . 0,84 . 1200)
CTa = 384,88 kJ/(m2. K)
Seção B
CTb = (e. c. ρ)cerâmica + (e. c. ρ)argamassa + (e. c. ρ)bloco + (e. c. ρ)gesso
87
CTb = (0,01 . 0,92 . 1600) + (0,025 . 1 . 2000) + (0,15 . 1 . 500) + (0,02 . 0,84 . 1200)
CTb = 159,88 kJ/(m2. K)
Capacidade térmica total
CTtotal =(Aa + Ab)
[(Aa
CTa+
Ab
CTb)]
CTtotal =(0,013725 + 0,18)
[(0,013725
384,88) + (
0,18
159,88)]
CTtotal = 166,787939 kJ/(m2. K)
88
APÊNDICE D – CÁLCULO DA ABSORTÂNCIA DAS SUPERFÍCIES
Para determinar a absortância das superfícies o RTQ-R indica o uso do método
desenvolvido por Dornelles (2008). Esse método consiste em obter as absortâncias
através de correlações lineares entre os parâmetros cromáticos RGB (Red, Green,
Blue) e HSL (Hue, Saturation, Luminance) da cor analisada.
No presente trabalho os parâmetros RGB e HSL foram obtidos a partir do nome
da cor da tinta especificada no projeto arquitetônico: “Tomara que caia”, da marca
Suvinil.
Valores RGB e HSL da cor “Tomara que caia”
𝛼 = 155,5135 − 0,2240 𝑥 𝑅 − 0,3050 𝑥 𝐵 − 0,4369 𝑥 𝑆
𝛼 = 155,5135 − 0,2240 𝑥 222 − 0,3050 𝑥 217 − 0,4369 𝑥 17
𝛼 = 32,97
Sendo o valor decimal adotado para cálculo:
𝛼 = 0,33
89
APÊNDICE E – CÁLCULO DAS PROPRIEDADES TÉRMICAS DA COBERTURA
COM REVESTIMENTO CERÂMICO
Cobertura da edificação voltada ao exterior
Dados dos componentes das coberturas
Propriedades Cerâmica Argamassa Concreto EPS Gesso
acartonado
(kg/m³) 1600,00 2000,00 2200,00 35,00 1000,00
[W/(m.K)] 0,90 1,15 1,75 0,04 0,35
c [kJ/(kg.K)] 0,92 1,00 1,00 1,42 0,84 Fonte: (BRASIL, 2005b).
Cálculo da resistência térmica (RT) Seção A (gesso acartonado + ar + EPS + concreto EPS + argamassa + cerâmica)
Aa = 0,49 m²
Ra =egessoacartonado
λgessoacartonado+ Rar +
eEPS
λEPS+
econcreto
λconcreto+
eEPS
λEPS+
eargamassa
λargamassa+
ecerâmica
λcerâmica
Ra =0,012
0,35 + 0,21 +
0,20
0,04 +
0,05
1,75+
0,10
0,04+
0,03
1,15+
0,01
0,90= 7,8098 (m2. K)/W
Seção B (gesso acartonado + ar + concreto + argamassa + cerâmica)
Ab = 0,1824 m²
Rb =egessoacartonado
λgesso acartonado
+ Rar + econcreto
λconcreto
+eEPS
λEPS
+ eargamassa
λargamassa
+ ecerâmica
λcerâmica
R𝑏 =0,012
0,35 + 0,21 +
0,25
1,75+
0,03
1,15+
0,10
0,04+
0,01
0,90= 2,92432(m2. K)/W
90
Rt =(Aa + Ab)
[(Aa
Ra) + (
Ab
Rb)]
Rt =(0,49 + 0,1824)
[(0,49
7,8098) + (
0,1824
2,92432)]
Rt = 5,3743 (m2. K)/W
Resistência térmica total
RT = Rt + Rsi + Re
RT = 5,3743 + 0,17 + 0,04
RT = 5,58 (m2. K)/W
Cálculo da transmitância térmica (U)
U =1
RT
U =1
5,58
U = 0,18 W/(m2. K)
Cálculo da capacidade térmica (CT)
Seção A
CTa = (e. c. ρ)gessoacartonado + (e. c. ρ)EPS + (e. c. ρ)concreto + (e. c. ρ)EPS
+ (e. c. ρ)argamassa + (e. c. ρ)cerâmica
CTa = (0,012 . 0,84 . 1000) + (0,2 . 1,42 . 35) + (0,05 . 1 . 2200) + (0,1 . 1,42 . 35)
+ (0,03 . 1 . 2000) + (0,01 . 0,92 . 1600)
CTa = 209,71 kJ/(m2. K)
Seção B
CTb = (e. c. ρ)forro + (e. c. ρ)concreto + (e. c. ρ)EPS + (e. c. ρ)argamassa + (e. c. ρ)cerâmica
CTb = (0,012 . 0,84 . 1000) + (0,25 . 1 . 2200) + (0,1 . 1,42 . 35) + (0,03 . 1 . 2000)
+ (0,01 . 0,92 . 1600)
CTb = 639,77 kJ/(m2. K)
Capacidade térmica total
91
CTtotal =(Aa + Ab)
[(Aa
CTa+
Ab
CTb)]
CTtotal =(0,49 + 0,1824)
[(0,49
209,71) + (
0,1824
639,77)]
CTtotal = 256,4784 kJ/(m2. K)
92
ANEXO A – EQUAÇÃO DE CÁLCULO DO INDICADOR GRAUS-HORA (GHR) NA
ZONA BIOCLIMÁTICA 2
Constantes da equação do indicador graus-hora (GHR)
Equivalente numérico resultante
Fonte: (BRASIL, 2010).
93
ANEXO B – EQUAÇÃO DE CÁLCULO DO CONSUMO RELATIVO PARA
AQUECIMENTO (CA) NA ZONA BIOCLIMÁTICA 2
Constantes da equação do indicador de consumo relativo para aquecimento (CA)
Equivalente numérico resultante Fonte: (BRASIL, 2010).